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Obrigações especiais dos comerciantes

FIRMA

→ vocábulo proferido para designar o signo individualizador de comerciantes – arts. 37.º, 38.º, 40.º
RRNPC
Denominação: designa o sinal identificador de não comerciantes, e pode ser composta por nomes de
pessoas – art. 36.º, 42.º, 43.º RRNPC

Obrigação de adotar firma e respetiva composição → os comerciantes são obrigados a adotar firma – art.
18.º/1 CCom.

• Firmas dos comerciantes individuais – arts. 38.º/1 e 3; 40.º/1 e 2 RRNPC


• Firmas das sociedades comerciais – arts. 37.º RRNPC; 9.º/1/c), 10.º, 177.º, 200.º, 275.º e 467.º
CSC
Princípios:
→ Princípio da verdade – art. 32.º/1 RRNPC
→ Princípio da novidade e da exclusividade – art. 33.º/1 RRNPC; arts. 35.º/1 e 4, 37.º/2, 38.º/4, 40.º/3
RRNPC
→ Princípio da capacidade distintiva – art. 33.º/3 RRNPC e art. 10.º/4 CSC
→ Princípio da unidade – art. 38.º/1 RRNPC; art. 9.º/1/c) e 171.º/1 CSC
→ Princípio da licitude (residual) – art. 32.º/4/b), c) e d) RRNPC
Alteração de firmas:
Os comerciantes podem livremente alterar as firmas, desde que respeitados os princípios

• Art. 32.º/5 RRNPC


• Art. 44.º/1 e 4 RRNPC
• Art. 54.º/2 RRNPC e arts. 200.º/3 e 275.º/3 CSC
Transmissão de firmas:
➢ Transmissão entre vivos – art. 44.º/1 RRNPC; art. 44.º/4 RRNPC
➢ Transmissão mortis causa – art. 44.º/3 RRNPC
Tutela ao dto. à firma:

• Meios preventivos – arts. 54.º-56.º e 58.º RRNPC


• Meios repressivos – arts. 35.º/4 e 60.º RRNPC; art. 62.º RRNPC
Extinção do dto. à firma:
Se a atividade comercial cessa porque o comerciante falece:
a) Caso não tenha deixado estabelecimento comercial – a firma EXTINGUE-SE
b) Caso tenha deixado estabelecimento comercial:
i. É transmitido, mas sem a firma do autor da sucessão – EXTINGUE-SE
ii. É transmitido com a firma – EXTINGUE-SE, na medida em que se integra na firma do
adquirente
iii. Não é transmitido o estabelecimento, que é liquidado – EXTINGUE-SE
Se a atividade comercial porque o comerciante assim o decide:
a) A pessoa tinha estabelecimento mercantil e, transmite-se com a firma – EXTINGUE-SE, porque
incorporada na nova firma do adquirente
b) A pessoa não tinha estabelecimento ou tinha mas liquida-o ou transmite-o sem firma – o dto. à firma
perdura, a menos que o RNPC declare a sua perda – art. 61.º/1/b; 61.º/1/a) e 2 RRNPC.

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ESCRITURAÇÃO MERCANTIL

→ art. 18.º/2 CCom.


É o registo ordenado e sistemático em livros e documentos de factos relativos à atividade mercantil
dos comerciantes, tendo em vista a informação deles e de outros sujeitos
- Ver arts. 29.º - 44.º CCom.
INSCRIÇÕES NO REGISTO COMERCIAL
- art. 18.º/3 CCom.
- art. 1.º CRCom.
- art. 14.º/1 e 2 CRCom.
PRESTAÇÕES DE CONTAS

→ art. 18.º/4 (e art. 62.º) CCom.


O balanço é o documento onde se compara o ativo com o passivo para revelar o valor do capital próprio
ou situação líquida.

Sinais distintivos de empresas e de produtos


LOGÓTIPOS
São signos susceptíveis de representação objetiva e autónoma para distinguir “entidade” ou sujeito
e, eventualmente, estabelecimento(s) deste.
- arts. 281.º, 282.º e 295.º CPI
Composição: art. 281.º/1 CPI

• Nominativos
• Figurativos
• Mistos
Princípios:

→ Princípio da capacidade distintiva – art. 281.º/2 CPI; art. 288.º/1, als. b) e c) e 2 CPI
→ Princípio da verdade – não é registável um logótipo deceptivo ou enganoso (ex.: art. 288.º/3/d),
n.º5/a)/b); art. 289.º/1/g)
→ Princípio da novidade – art. 289.º/1/a) e b) CPI – vale aqui o princípio da especialidade, mas há
excepções – art. 289.º/2 → art. 235.º e art. 290.º → art. 236.º CPI
→ Princípio da licitude (residual) – art. 288.º/3/a), b), c) e e); art. 288.º/4 e 5/c); art. 289.º/1/c) e d);
art. 289.º/3/a) CPI
Conteúdo e extensão do dto. sobre o logótipo:
O dto. de propriedade sobre o logótipo, constitui-se pelo registo do mesmo. O registo dura por dez anos,
mas é indefinidamente renovável por iguais períodos – art. 291.º CPI
- art. 281.º/2 CPI
- 293.º/1 CPI
O titular pode:
• Reclarmar contra o pedido de registo feito por outrem – art. 17.º CPI
• Requerer a anulação do registo – art. 297.º CPI
• Tem direito de exigir judicialmente que os 3.ºs deixem de usar – art. 293.º CPI

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• E o indemnizem – art. 347.º CPI
• Gozando também de tutela criminal e contra-ordenacional – arts. 323.º e 336.º CPI
Transmissão: art. 295.º/1; art. 295.º/2
Extinção do direito sobre o logótipo – arts. 296.º (nulidade), 297.º (anulabilidade), 298.º (caducidade) e 37.º
(renúncia).
MARCAS
Sinais susceptíveis de representação objetiva, clara e autónoma destinados sobretudo a distinguir
certos produtos de outros produtos idênticos ou afins
Composição – art. 208.º CPI

• Nominativas
• Figurativas
• Constituídas por letras, númertos ou cores
• Mistas
• Sonoras ou auditivas
• Tridimensional ou de forma
• Simples
• Complexas
Tendo em conta a natureza das atividades a que se ligam, fala-se de marcas de: - art. 211.º/a), b), c) e e)
CPI

• Indústria
• Comércio
• Agricultura
• Serviços
As marcas podem pertencer a:

• Empresários
• Não empresários
- art. 211.º/d) CPI
Regime de proteção – as marcas podem ser:

• Registadas – art. 210.º/1 CPI


• Não registadas, de facto ou livres – art. 213.º CPI
• Marcas notórias e de prestígio – arts. 234.º e 235.º CPI
Funções das marcas:

• Função distintiva
• Função atrativa ou publicitárias das marca de prestígio – art. 235.º CPI
• Função de garantia de qualidade direta e autonomamente tutelada pelo direito – Coutinho de Abreu
Princípios:

→ Capacidade distintiva – arts. 208.º e 209.º/1/a) e c) CPI


Não são marcas os sinais:
• Específicos
• Descritivos
• Genéricos
Também não podem ser marcas, por falta de capacidade distintiva, os signos constituídos
exclusivamente por sinais que se tenham tornado de uso comum para designar certos bens.

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Não satisfazem as condições do art. 208.º, o constado do art. 209.º/1/d) CPI.
Quando estrangeiras, as denominações não podem valer como marcas se elas forem
conhecidas do público português ou dos círculos de clientes interessados.
Por sua vez, se as denominações pertencerem a línguas exóticas ou mortas e muito pouco
conhecidas, então já poderão ser marcas.
Excepcionalmente – art. 231.º/2 CPI
Relativamente às marcas tridimensionais – art. 208.º CPI – nem todas as formas dos produtos ou
das embalagens são susceptíveis de constituir marcas.
Não satisfazem as condições para serem marcas, o constante do art. 209.º/1/b). Ou seja, as formas
natural, funcional ou esteticamente necessárias.

→ Verdade – art. 231.º/3/d)


→ Licitude (residual) – art. 231.º/3/a), b), c), e) a h), 4, 5/c); art. 231.º/6; art. 232.º/1/c), d) e g) e 2/a)
CPI
→ Novidade e especialidade – vigora aqui o princípio da especialidade – art. 232.º/1/a) e b) CPI
São afins ou semelhantes os produtos:

• Com natureza ou características próximas e finalidades idênticas


• De natureza marcadamente diversa mas com finalidades idênticas ou semelhantes
• Não intermutáveis ou susbtituíveis que o público destinatário crê razoavelmente terem a mesma
origem, por serem economicamente complementares
As semelhanças ou parecenças entre as marcas podem ser de

• Natureza gráfica, figurativa ou fonética – art. 238.º/1/c) CPI


• Ordem sonora
• Ideográficas ou conceptuais
Um dos requisitos do conceito de imitação ou de usurpação de marca está constado no art. 238.º/1/c) CPI
No juízo sobre a similitude, devem as marcas ser apreciadas global ou sinteticamente, embora não
se exclua a análise e ponderação das concretas semelhanças e diferenças.
Para que uma marca seja considerada não nova e insusceptível de registo, não basta ser idêntica ou
semelhante a amrca anteriormente registada por outrem para produtos afins ou idênticos. É ainda necessário
que tal identidade ou semelhança possa induzir em confusão o consumidor.
O risco de confusão deve ser entendido em sentido lato, de modo a abarcar tanto:
i. o risco de confusão em sentido estrito – os consumidores são induzidos a tomar uma marca por
outra e, consequentemente, um produto por outro;
ii. o risco de associação – os consumidores, distinguindo embora os sinais, ligam um ao outro e, em
consequência, um produto ao outro.

Depende de vários fatores:


i. do tipo dos consumidores
ii. do grau de semelhança entre as marcas e entre os produtos assinalados
iii. da força e notoriedade da marca registada
Conteúdo e extensão do dto. sobre a marca:
- art. 210.º/1 – art. 4.º/1 CPI
O processo normal de registo, é regulado pelos arts. 222.º e ss.
• Pode naturalmente o titular de uma (lícita) marca registada usá-la para assinalar os produtos
respectivos, utilizá-la na publicidade, transmiti-la e cedê-la em licença de exploração (arts. 30.º, 31.º,
256.º e 258.º), etc.

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• Pode reclamar contra pedido de registo feito por outrem de marca idêntica ou semelhante (arts. 226.º
e 229.º)
• Requerer judicialmente providências cautelares contra violações do seu direito (art. 345.º)
• Pedir junto do INPI a declaração de nulidade ou a anulação do registo de marcas alheias (art. 262.º)
• Pedir judicialmente indemnizações por perdas e danos (art. 347.º)
• É ainda protegido criminalmente (arts. 320.º, 321.º e 326.º)
• Art. 249.º/1/a) e b)
Limitações aos dtos. conferidos pelo registo – art. 254.º; art. 253.º/1; 253.º/2 CPI
Proteção das marcas de facto, livres ou não registadas:
- art. 213.º CPI
- arts. 231.º/6 e 259.º CPI
- arts. 232.º/1/h) e 311.º/a) CPI
- arts. 234.º/1/a) e b) e 2 CPI
Arts. 235.º, 260.º/1 e 2, 320.º/h) e 321.º CPI
Transmissões – arts. 29.º/1/a) e 2, 30.º e 256.º CPI
Licenças – arts. 29.º/1/b) e 2, 31.º e 258.º CPI
Extinção do registo das marcas ou de dtos. dele derivados:
• Nulidade – art. 259.º CPI
• Anulação – art. 260.º CPI
• Caducidade – arts. 268.º e 269.º CPI
• Renuncia – art. 37.º CPI
DENOMINAÇÕES DE ORIGEM E INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS
Denominação de origem – art. 299.º/1; art. 299.º/2 CPI
→ Identificam produtos cuja qualidade global ou características devem essencialmente ao meio
geográfico
Indicação geográfica – art. 299.º/3 CPI
→ Designam produtos que, podendo embora ser produzidos com idêntica qualidade global noutras
zonas geográficas, devem a sua fama a certas características à área territorial delimitada de que
deriva o nome-indicação geográfica.
Marcas vs. Denominações de origem e Indicações geográficas
→ As possibilidades de constituição das marcas (art. 208.º CPI) são muito mais vastas do que as
respeitantes àqueles sinais. As marcas pertencem a sujeitos determinados, enquanto as
denominações de origem e indicaçõesgeográficas são propriedade comum dos residentes ou
estabelecidos, de modo efetivo e sério, na localidade, região ou território demarcados – art. 299.º/4
CPI.
Proteção – art. 299.º/1 a 3; art. 302.º; art. 306.º/1/a), 2 e 3; art. 306.º/4 CPI
As denominações de origem e indicações gegráficas não registadas também gozam de alguma proteção –
art. 304.º, in fine CPI
Extinção:
• Nulidade – art. 307.º CPI
• Anulabilidade – art. 308.º CPI
• Caducidade – art. 309.º CPI

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Negócios sobre as empresas
TRESPASSE
→ Objeto de trespasse é um estabelecimento, que não tem de ser comercial
→ Traduz uma transmissão com carácter definitivo, é transmissão de propriedade de
estabelecimento, efetuada através de negócios variados
→ Para alguns efeitos, o trespasse traduz-se em negócios necessariamente onerosos
→ É um negócio inter vivos – art. 1112.º/1 CC
É, em suma, transmissão da propriedade de um estabelecimento por negócio entre vivos, exigindo-
se, para tanto, a redução a escrito.
Forma: o art. 1112.º/3 CC deve ser interpretado extensivamente no sentido da exigência de escrito para o
trespasse
• A transmissão de firma, que não pode ser feita sem a transmissão do estabelecimento, exige
escrito – art. 44.º/1 e 4 RRNPC. Também o exige a transmissão de marca ou de logótipo – arts.
30.º/4, 256.º/2 e 295.º/2 CPI.
• Por outro lado, a transmissão da posição de arrendatário do trespassante deve ser celebrada
por escrito e comunicada ao senhorio – art. 1112.º/3 CC. Esta comunicação precisará
normalmente de ser acompanha de cópia ou exemplar do contrato de trespasse. Pressupõe isto
escrito, enformando tal contrato.
Âmbitos de entrega:
→ Âmbito mínimo de entrega - Compreende os elementos necessários e suficientes para a
transmissão de um concreto estabelecimento
→ Âmbito natural de entrega - Dele fazem parte os elementos que se transmitem naturalmente
com o estabelecimento trespassado, i.e., os meios transmitidos ex silentio, independentemente
de estipulação ad hoc. Incluem-se os logótipos (art. 295.º CPI) e as marcas (art. 256.º/2 CPI), as
máquinas, utensílios, mobiliário, matérias-primas, mercadorias, inventos patenteados, os
prédios (?), as prestações laborais a que os trabalhadores se haviam obrigado perante o
trespassante (art. 285.º/1 Ctrab.), a posição de arrendatário (art. 1112.º/1, a), CCiv.) e o saber-
fazer.
→ Âmbito convencional de entrega - Nele se incluem os elementos empresariais que apenas se
transmitem por força de estipulação ou convenção entre trespassante e trespassário. Nele se
integram a firma (art. 44.º/1 RRNPC), assim como o logótipo e a marca quando neles figure o
nome individual, firma ou denominação do titular do estabelecimento (art. 30.º/3 CPI), os
créditos (art. 577.º, ss. CCiv.), as posições contratuais (arts. 424.º, ss. CCiv.) e os débitos (595.º
CCiv.) do trespassante ligados à exploração da empresa mas cujos objectos não sejam meios
do estabelecimento
Obrigação implícita de não concorrência: o trespassante de estabelecimento fica em princípio obrigado
a, num certo espaço e tempo, não concorrer com o trespassário → obrigação que pode ser afastada
por estipulação contratual.
RATIO → dever de alienante entregar a coisa alienada e assegurar o gozo pacífico dela
LIMITES → limites objetivos, espaciais e temporais
→ Limites objetivos - os sujeitos passivos da obrigação não ficam proibidos de exercer qualquer
actividade económica. Não podem é (re)iniciar o exercício de modo sistemático ou
profissional de uma actividade concorrente com a exercida através do estabelecimento
trespassado, de uma actividade económica no todo ou em parte igual ou sucedânea.
→ Limites espaciais - A obrigação de não concorrência vale apenas nos lugares delimitados pelo
raio de acção do estabelecimento trespassado.
→ Limites temporais - A obrigação de não concorrência vale somente durante o tempo suficiente
para se consolidarem os valores de organização e/ou de exploração do estabelecimento
transmitido na esfera de um adquirente-empresário razoavelmente diligente
Meios de resposta diante o seu incuprimento:
• Exigir indemnização por perdas e danos (art. 798.º CCiv.)
• Resolver o contrato de trespasse (art. 801.º/2 CCiv.)

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• Intentar acção de cumprimento (art. 817.º CCiv.) e requerer sanção pecuniária compulsória
(art. 829.º-A CCiv.)
• Exigir que o novo estabelecimento do obrigado seja encerrado (art. 829.º/1 CCiv.)
TRESPASSE DE ESTABELECIMENTO EM PRÉDIO ARRENDADO
O trespassante arrendatário pode ceder a sua posição de arrendatário ao trespassário sem
necessidade de autorização do senhorio – art. 1112.º/1/a) CC – existindo ainda embora o dever de
comunicação (n.º3)
A necessidade de autorização do senhorio conduziria muitas vezes à quebra daquela defesa, pelo que se
protegem os interesses:
i. Do trespassante em transmitir, sem entraves do senhorio, estabelecimento instalado em prédio
arrendado
ii. Do trespassário em adquirir empresas o mais possível valiosas e funcionais
iii. O interesse económico-geral na continuidade e desenvolvimento das empresas
Não há trespasse – art. 1112.º/2/a); art. 1112.º/2/b) CC
- art. 1112.º/5 CC
- o senhorio pode não só resolver o contrato de arrendamento, mas também responsabilizar
civilmente o trespassante e o trespassário – art. 1083.º/2/c) CC
- o prazo de comunicação são 15 DIAS – art. 1038.º/g) CC
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO
→Contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo temporário de um
estabelecimento, mediante retribuição
- art. 1109.º/1 CC
- art. 1110.º/1 CC
As partes estipulam livremente a duração do contrato. Se nada estipularem, o contrato considera-se
celebrado com prazo certo – 5 ANOS – art. 1110.º/2 CC. Ao ser assim, renova-se automaticamente e
por períodos sucessivos de igual duração – art. 1110.º/3 CC.
Se o prazo for inferior a 5 anos, o locador de estabelecimento não pode opor-se à renovação ou
renovações sucessivas até que a duração do contrato prefaça os cinco anos – art. 1110.º/4 CC.
Quando o contrato de locação de estabelecimento seja celebrado com prazo certo, na falta de regime
convencional para a denúncia, vale (por remissão do art. 1110.º/1 CCiv.) o art. 1098.º/3 a 6, excepto se o
prazo for o supletivo (cinco anos), caso em que o locatário não pode denunciar o contrato com
antecedência inferior a um ano (art. 1110.º/2 CCiv.).
Se o contrato for celebrado por duração indeterminada, o regime supletivo da denúncia pelo locatário
de estabelecimento é o constante o art. 1110.º; por sua vez, o locador de estabelecimento apenas poderá
denunciar o contrato mediante comunicação ao locatário com antecedência não inferior a cinco anos
sobre a data em que pretenda a cessação (art. 1110.º-A/1, remetendo para o art. 1101.º, al. c); v. ainda o
art. 1104.º).
Obras de conservação – art. 1111.º CC
Pertencendo ao “locador” do estabelecimento o prédio onde ele funciona, não há locação de
estabelecimento se não forem incluídos os elementos do âmbito mínimo – art. 1112.º/2; arts. 1038.º/f),
1049.º, 1083.º/2 e 1109.º/2 CC
A locação de estabelecimento NÃO CADUCA por morte do locatário – art. 1113.º CC
Outros preceitos aplicáveis: arts. 1031.º (obrigações do locador); 1032.º-1035.º (vícios do estabelecimento
locado e outros vícios); 1036.º (reparações ou outras despesas urgentes); 1037.º (actos que impedem ou
diminuem o gozo do estabelecimento); 1038.º (obrigações do locatário); 1039.º -1042.º (retribuição a pagar
pelo locatário); 1043.º-1046.º/1 (restituição do estabelecimento locado e benfeitorias); 1047.º-1050.º
(resolução do contrato); 1051.º-1052.º (caducidade do contrato); 1057.º, 1058.º e 1059.º/2 (transmissão da
posição contratual).
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Âmbitos de entrega:
• Mínimo (necessário ou essencial)
• Natural
• Convencional
Obrigação de não concorrência:
• Enquanto durar a locação de estabelecimento, o locador (e, eventualmente, outras pessoas) está
obrigado a não concorrer num determinado espaço com o locatário – arts. 1031.º, b), e 1037.º/1
CCiv.
• Também o locatário, na vigência do contrato, não pode iniciar o exercício de uma actividade
concorrente com a exercida através da empresa locada e no espaço delimitado pelo raio de
acção desta, sem o consentimento do locador (cfr. art. 1043.º CCiv. – “dever de manutenção e
restituição da coisa”).
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO E ARRENDAMENTO
A transferência do gozo do prédio não carece de autorização do senhorio, mas deve ser -lhe
comunicada no prazo de um mês (art. 1109.º/2 CCiv). Faltando a comunicação nesse prazo, a cedência
do gozo do prédio é ineficaz em relação ao senhorio, que poderá (salvo se tiver reconhecido o
beneficiário da cedência como tal – art. 1049.º CCiv.) resolver o contrato de arrendamento: art. 1083.º/2,
e), CCiv. Mas a falta de comunicação tem de, pela sua gravidade ou consequências, tornar inexigível
ao senhorio a sua manutenção.

TÍTULOS DE CRÉDITO
É o papel que incorpora em si um dto. de crédito e legitima o credor a exigir a prestação mediante a
sua apresentação ao devedor.
É um ato comercial, embora a sua comercialidade seja formal, ou seja, é mercantil por força da mera
forma.
São 5 as características usualmente apontadas aos títulos de crédito:
• Literalidade – arts. 10.º e 17.º LULL e 22.º LUCh
• Autonomia – arts. 17.º LULL e 22.º LUCh; art. 17.º LULL, igualmente aplicável à livrança – art. 77.º;
art. 16.º, igualmente aplicável à livrança – art. 77.º; art. 21.º LUCh
• Incorporação - O título documenta o direito que se pretende exercer. Ele incorpora o direito
cartular, o que significa que é necessário o título (a sua existência física) para o exercício do
correspondente direito e para a sua circulação e transmissão.
• Legitimação
➢ Legitimação ativa – art. 16.º LULL
➢ Legitimação passiva – art. 40.º LULL
• Circulabilidade - Os títulos de crédito destinam-se a circular (ainda que possam não circular, por
opção dos seus titulares, ou possa ser limitada a circulação). Não basta que determinado título
circule para que seja considerado título de crédito. É necessário que seja destinado à
circulação, como acontece com as letras, livranças e cheques.
LETRA DE CÂMBIO
A letra é uma ordem de pagamento (art. 1.º/2 LULL) – surge aqui a figura do sacador, o sujeito que dá a
ordem. Esta ordem tem de ser dirigida a alguém – o sacado – art. 1.º/3 LULL. A letra será normalmente
entregue a terceiro, que dela tirará vantagem – tomador – beneficiário da letra.
A letra é um ato estritamente formal. É um ato escrito, pois exige-se a incorporação num documento.
Conteúdo:
• A palavra “letra”
• O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada (dito doutro modo, o saque) (sem
qualquer condição, sob pena de o documento não poder ser qualificado como letra)

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• O sacado, i.e., o nome daquele que deve pagar. Repare-se que ele só fica obrigado
cambiariamente se aceitar (arts. 21.º-29.º). Com o aceite, ele toma então a posição de principal
obrigado (art. 28.º).
• O vencimento (arts. 1.º/4, e 33.º e s.; cfr. art. 2.º, 2.º parág. ) (na falta, a letra entende-se pagável à
vista, i.e., na data em que o portador a apresentar a pagamento, dentro dos limites do art. 34.º)
• O lugar do pagamento (arts. 1.º/5, 4.º; cfr. art. 2.º, 3.º parág.) (na falta, o lugar de pagamento é o
local indicado ao lado do nome do sacado)
• O tomador, i.e., o beneficiário (art. 1.º/6)
• A data e lugar da emissão (art. 1.º/7; cfr., quanto ao último, o art. 2.º, 4.º parág.) (na falta de local
de emissão, considera-se que foi emitida no local indicado ao lado do nome do sacador)
• A assinatura do sacador (arts. 1.º/8, 2.º e 9.º)
Elemento claramente essencial, pois é a assinatura que cria a vinculação cambiária e sem ela
não há sequer a aparência de letra (cfr. também o art. 8.º).
LETRA EM BRANCO
- Art. 10.º LULL - uma letra pode ser passada incompleta, pode ser sacada e/ou aceite sem que tenha
sido completamente preenchida, ficando em branco algumas das estipulações cambiárias, mas
havendo sempre um acordo de preenchimento entre sacador e tomador.
SAQUE
Consiste numa ordem de pagamento unilateral – art. 1.º/2 LULL
Divergências no valor sacado – art. 6.º LULL
Responsabilidade do sacador – art. 9.º LULL
Condições para que haja saque:
• Convenção de cheque – art. 3.º/2.ª parte LULL
• Provisão – art. 3.º/1.ª parte LULL; art. 40.º LULL; art. 8.º/1 RJCH; art. 11.º/1/a) RJCH
ACEITE
→ Lugar da apresentação ao aceite (art. 21.º): A letra é apresentada ao aceite no domicílio do
sacado.
→ Prazo para a apresentação ao aceite (arts. 21.º e 23.º)
→ Estipulações relativas ao aceite (art. 22.º)
→ Como se exprime o aceite (art. 25.º): O aceite exprime-se pela palavra “aceite” ou qualquer outra
palavra equivalente e assinado pelo sacado, valendo como aceite a simples assinatura do
sacado na parte anterior da letra.
Aceite parcial – art. 26.º; art. 43.º/1 LULL
Anulação do aceite – art. 29.º; art. 43.º/1 LULL
Recusa do aceite – art. 44.º; art. 43.º LULL
ENDOSSO
Existe endossos puros e simples – art. 12.º/1.º§ LULL
E o próprio endosso parcial é nulo – art. 12.º/2.º§ LULL
Com o endosso dá-se uma transmissão de direitos – a transmissão com autonomia – arts. 16.º e 17.º
LULL
Efeitos do endosso
• Efeito translativo (art. 14.º/1.º § - o endosso transmite todos os direitos emergentes da letra)
• Efeito de garantia (art. 15.º - o endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da
aceitação como do pagamento da letra)
• Efeito de legitimação (art. 16.º - aliás, estritamente associado ao efeito translativo; o endosso
representa o elemento necessário para legitimar o novo titular)

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AVAL
É garantia típica dos títulos de crédito. No respeitante ao seu conteúdo, o aval pode garantir, no todo
ou em parte, a obrigação avalizada (art. 30.º/1.º §). Isto não vai contra a literalidade, porque da própria
letra resulta a extensão da garantia.
Aparentemente, há uma identidade na obrigação do avalista e da pessoa por ele afiançada. O art.
32.º/1.º § diz-nos que ele é responsável “da mesma maneira que esta”. Mas há mais do que isso. O
avalista responde ainda que a obrigação que garantiu seja nula por razão que não seja de vício de
forma (art. 32.º/2.º §) (assim se distanciando da fiança – art. 632.º CCiv.). O avalista que paga a letra
ganha uma posição de credor cambiário (art. 32.º/3.º §).
VENCIMENTO
Em princípio, o portador só pode exercer os seus direitos de acção contra os obrigados cambiários
se o pagamento não for efectuado no vencimento - art. 43.º LULL
Modalidades de vencimento (taxativas) - art. 33.º:
• À vista - art. 34.º
• A certo termo de vista - art. 35.º
• A certo termo de data - art. 36.º
• Em data fixada - art. 37º
PAGAMENTO
O desenlace normal da letra dá-se com o pagamento.
É admitido o pagamento:
• Parcial - art. 39.º/2.º e 3.º § LULL
• Total - art. 39.º/1.º § LULL
O pagamento da letra desobriga o devedor. Mas surgem de novo os limites da aparência cambiária:
salvo se da sua parte tiver havido fraude ou falta grave - art. 40.º/3.º § LULL.
Antecipação da apresentação a pagamento – art. 43.º LULL
Responsabilidade solidária dos signatários – art. 47.º LULL
PROTESTO
Ato formal destinado a servir de comprovação à qual pode o portador ficar dependente no exercício
dos seus direitos – art. 44.º - art.46.º/1.º§ LULL
Pode ser protesto:
• Por falta de aceite
• Por falta de pagamento
O efeito do protesto é o da manuntenção dos direitos contra os outros obrigados cambiários.
- art. 46.º LULL – cláusula que dispensa o protesto
RESPONSABILIDADE POR VIA DE REGRESSO
Obrigado principal é o aceitante.
Mas todos os signatários da letra ficam obrigados, em termos de regresso, para com os
intervenientes posteriores. A responsabilidade destes é todavia subsidiária: só respondem quando o
portador não conseguir satisfazer-se junto do devedor (cfr. arts. 47.º-49.º).

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PRESCRIÇÃO
O direito de acção do portador contra o aceitante prescreve no prazo de 3 anos a contar do seu
vencimento (art. 70.º/1.º §).
O direito de acção do portador contra endossantes e sacador prescreve no prazo de 1 ano a contar
da data do protesto feito em tempo útil ou da data do vencimento que a letra continha a cláusula
“sem despesas” (art. 70.º/2.º §).
O direito de acção dos endossantes uns contra os outros prescreve no prazo de 6 meses a contar
do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi accionado (art. 70.º/3.º §).
LIVRANÇA
A livrança é uma promessa de pagamento. O emitente faz a promessa pura e simples de pagar uma
quantia determinada (art. 75.º/2). Consequentemente, não há aceite: a criação da livrança incorpora já
o compromisso de pagar em última análise.
Aparece-nos aqui o PROMITENTE – aquele que promete pagar; e o BENEFICIÁRIO – aquele a quem ou
à ordem de quem será paga a quantia
Conteúdo:
• A palavra “livrança” (art. 75.º/1)
• A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada (art. 75.º/2) (sem qualquer
condição, sob pena de o documento não poder ser qualificado como livrança)
• A época do pagamento (art. 75.º/3)
• A indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento (art. 75.º/4)
• O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (art. 75.º/5)
• A indicação da data em que e do lugar onde a livrança é passada (art. 75.º/6)
• A assinatura de quem passa a livrança (subscritor) (art. 75.º/7)
Cfr. também o art. 76.º (consequência da falta dos requisitos)
Regime jurídico: Aplicam-se, com as necessárias adaptações, as normas relativas às letras (art.
77.º)
CHEQUE
Trata-se de um instrumento de pagamento que equivale ao dinheiro mas que se destina a susbtituir
este.
O cheque é um meio de pagamento enquanto a letra é um instrumento de crédito.
O cheque é uma ordem de pagamento, enquanto a livrança é uma promessa de pagamento.
Conteúdo:
• A palavra “cheque” (art. 1.º/1) - LUCh
• O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada (art. 1.º/2). Esta ordem de
pagamento é necessariamente sobre um banqueiro (art. 3.º)
• O nome de quem deve pagar (sacado) (art. 1.º/3)
• A indicação do lugar em que o pagamento se deve efectuar (art. 1.º/4)
• A indicação da data em que e do lugar onde o cheque é passado (art. 1.º/5)
• A assinatura de quem passa o cheque (sacador) (art. 1.º/6)
Cfr. também o art. 2.º (falta de algum dos requisitos)
POSIÇÃO CARTULAR DO SACADO
- art. 3.º LUCh
- Garantia mínima do cheque é dada pela assinatura do sacador
CIRCULAÇÃO
O cheque é encarado como um documento destinado à circulação, ou susceptível de circulação. Com
ou sem cláusula expressa à ordem é transmissível por via de endosso (art. 14.º/1.º §).
A sua autonomia é claramente estabelecida nos arts. 10.º, 21.º e 22.º.
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PROIBIÇÃO DO ACEITE
- art. 4.º LUCh
O banco NÃO É um obrigado cartular. Temos um sacado que não se pode vincular cambiariamente –
arts. 15.º/3.º§ e 25.º/2.º§ LUCh
OBRIGAÇÃO DE PAGAR O SACADO
Obrigatoriedade de pagamento pelo sacado – art. 8.º LUCh
- arts. 9.º e 6.º/2 RJCh
- art. 10.º RJCh
RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO INDEVIDO
O banco pode, sem culpa, pagar indevidamente. Se o banco pagou mal naturalmente, a situação do
depositante não pode ser afetada, continuando a poder exigir àquele a totalidade do que lhe confiou.
CRIME DE EMISSÃO DE CHEQUE SEM PROVISÃO
- art. 11.º RJCh
- art. 11.º/5 RJCh
- art. 11.º-A/1 RJCh
- art. 11.º-A/4 RJCh
- art. 12.º/1 RJCh
CHEQUE DE EMISSÃO DE CHEQUE SEM PROVISÃO
Tribunal competente – art. 13.º LUCh – é competente o tribunal da comarca onde se situa o
estabelecimento da instituição de crédito em que o cheque for inicialmente entregue para
pagamento.
Dever de colaboração na investigação – art. 13.º-A LUCh

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