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Dida¡tica e Metodologia Do Ens
Dida¡tica e Metodologia Do Ens
do Ensino da Música
Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. Lucas Zewe Uriarte
UR76d
ISBN 978-85-515-0334-8
CDD 780.7
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Didática e
Metodologia do Ensino da Música. O objetivo da disciplina é proporcionar
acesso, reflexão e encontro com as diferentes formas de pensar e realizar a
educação musical, seus processos de ensinar e aprender música por meio
de atividades que busquem ampliar nossa relação com os sons e suas
características, seja ela realizada em espaços escolares ou não escolares. O
material está organizado em três unidades, que serão apresentadas a seguir:
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO
MUSICAL.......................................................................................................................... 1
VII
TÓPICO 2 – ACESSO À VARIEDADE DE VERTENTES E METODOLOGIAS
DOS EDUCADORES MUSICAIS ................................................................................. 75
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 75
2 MURRAY SCHAFER............................................................................................................................. 77
2.1 EDUCAÇÃO SONORA: PROPOSTA DE ATIVAÇÃO DA AUDIÇÃO................................... 78
2.1.1 Ouvindo os sons e ativando a memória............................................................................... 79
3 KEITH SWANWICK............................................................................................................................. 82
4 HANS-JOACHIM KOELLREUTTER................................................................................................ 85
4.1 MODELOS DE IMPROVISAÇÃO.................................................................................................. 87
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 91
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 163
VIII
UNIDADE 1
DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA
ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
A música está tão presente em nosso cotidiano, que nem sempre paramos
para pensar nas influências que ela exerce sobre nós, ou na importância que ela tem
na nossa vida, apesar de termos, quase sempre, músicas que gostamos de ouvir,
cantores preferidos, bandas que seguimos pelas diferentes mídias. Muitos de nós
criamos ou executamos música mesmo não sendo músicos profissionais, tocamos
um instrumento, cantamos quando nos reunimos em uma roda de amigos, quando
frequentamos uma igreja, escolhemos músicas adequadas para diferentes ocasiões,
como casamentos, aniversários, encontros de amigos, entre outros. Muitas vezes,
escolhemos os lugares que frequentamos em virtude da música que toca nesse
ambiente, ou seja, em geral, nós respondemos à música com vitalidade e curiosidade.
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Dessa forma, parece oportuno dizer que todos nós temos uma trilha sonora
da nossa história de vida: músicas que nos remetem à infância, canções de ninar,
música de aniversário, músicas para o Natal e outras festas comemorativas, depois
as músicas das festas na adolescência, os compositores e cantores preferidos,
nossas seleções de músicas nos computadores e celulares: uma para cada momento
e estado de espírito. Como não fazer uso dessa constância da música em nossas
vidas, utilizando-a na escola como fonte inesgotável de saberes e sensações?
2 DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA
Para muitas pessoas, a música é entendida apenas como entretenimento
ou um produto que não necessita ser desenvolvido a partir de seus fundamentos
teóricos, o que acaba por esvaziar seu valor como área do conhecimento, isso
porque, na maioria das vezes, o trabalho com música no ambiente escolar
resume-se unicamente a ensaios para apresentações em datas comemorativas,
não priorizando o aprendizado da música.
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TÓPICO 1 | O QUE É EDUCAÇÃO MUSICAL?
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Importante salientar que mediar não é dizer o que o outro deve ouvir,
sentir ou fazer, mas aproximar o outro da arte. No caso do professor de música, o
mediador é aquele que apresenta o evento musical, para que dele o aluno possa
se aproximar, ouvir, perceber, aprender, avaliar e que também possa extrair suas
impressões pessoais.
6
TÓPICO 1 | O QUE É EDUCAÇÃO MUSICAL?
Ao observar essa citação de Beyer, fica claro que para futuros professores,
o fazer musical também é um pré-requisito importantíssimo para compreender
as teorias voltadas ao ensino de música, para que então seja possível adequá-
las às diferentes faixas etárias, escolher repertórios, materiais e espaços mais
adequados e capazes de estesiar os sentidos, reforçando a importância da
Educação Musical Escolar, e o quanto é gratificante trabalhar na nossa área de
opção com curiosidade, ousadia, mas também com segurança, que é alavancada
por todo o conhecimento adquirido ao longo do curso de graduação.
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/05/03/lei-inclui-artes-visuais-
danca-musica-e-teatro-no-curriculo-da-educacao-basica>. Acesso em: 14 jan. 2019.
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
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TÓPICO 1 | O QUE É EDUCAÇÃO MUSICAL?
nossa vida cotidiana, e isso é básico para que se possa compreender as experiências
vividas por outros homens” (DUARTE JR., 2012, p. 69). Segundo o autor, para que
o conhecimento realmente ocorra, deve haver uma articulação entre o que é vivido
(sentido) e o que é simbolizado (pensado), pois, quando a aprendizagem é vinculada
apenas à transmissão de conhecimentos verbais, “[...] que não se ligam de forma
alguma aos sentimentos dos indivíduos, não é garantia de que um processo de
real aprendizagem ocorra” (DUARTE JR., 2012, p. 70).
Como nos diz Mosé (2014, p. 124): “Sair de uma lógica da disputa para uma
lógica da escuta”. Precisamos entender essa lógica da escuta como uma oportunidade
de aprendizagem, de movimento emancipador, que é fundamental para a formação
estética e artística dos nossos alunos. A partir de experiências sensibilizadoras com a
Arte e a Música, os professores devem observar se estas foram capazes de interferir
na formação pessoal dos alunos, percebendo-se como mediadores culturais na escola.
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Arnaldo Antunes e Paulo Tatit nos indicam, na sua canção, que precisamos
ampliar nosso olhar sobre nós e sobre os outros, função de professor artista, que
quando amplia o seu olhar, amplia também o olhar dos seus alunos, processo
de mediação cultural. Quando reunimos mediação com cultura, o olhar sobre os
significados, as atuações e as possibilidades da música na escola multiplicam-se,
porque são colocados em atividade as sensações, percepções e diferentes meios
de expressão, com o objetivo de acompanhar o movimento da arte e ampliar o
nosso olhar sobre as coisas.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
FONTE: <https://st.depositphotos.com/2103661/2182/i/450/depositphotos_21826763-stock-
photo-two-colorful-caxixi-afro-brazilian.jpg>. Acesso em: 22 abr. 2019.
11
AUTOATIVIDADE
2 “Sair de uma lógica da disputa para uma lógica da escuta” (MOSÉ, 2014, p.
124). De acordo com esta afirmação, analise as sentenças a seguir:
12
UNIDADE 1
TÓPICO 2
FORMAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA
DO EDUCADOR MUSICAL
1 INTRODUÇÃO
Falar sobre a formação político-pedagógica do educador musical não é tema
fácil, tendo em vista as diferentes formas como a música é observada por alunos e
professores, no âmbito da escola, da comunidade e da família. Dessa forma, apesar
das diferentes visões e funções que são dadas à música, não se pode esquecer que
o principal objetivo da educação musical é aproximar e ensinar música, e quando
falamos em ensinar música, a Figura 5 nos ajuda a pensar em diversas formas de
realizar essa tarefa: a música que se ouve por meio de diferentes fontes, a música
gravada, seja ela midiática ou não, e a música na sua forma escrita, a partitura.
Essa imagem nos dá o sentido pleno da formação que o educador musical deve
buscar para si, para bem desenvolver sua função político-pedagógica: perceber
que a música está ligada à vida cotidiana, carregando os significados adquiridos e
experimentados nas práticas musicais formais ou informais, o que significa que a
aula de música não pode estar fora do contexto musical dos alunos.
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Por outro lado, o ensino de música não pode ficar apenas com aquilo que
os alunos já conhecem e gostam, as aulas de música devem ampliar repertórios,
conhecimentos, formas de ouvir e, também, de escrever e executar músicas, e para isso,
a formação do educador musical tem que estar no foco das atenções. Licenciandos de
Música precisam se perceber como futuros professores de música, como pessoas que
irão mostrar caminhos sonoros dos mais variados, propiciar momentos de estesia, de
observação sobre o quanto os sons são capazes de nos envolver, mas também de nos
inquietar e instigar a querer sempre conhecer mais sobre eles.
Neste Tópico 2, nossa atenção irá voltar-se para dois temas específicos e
importantes: a necessária busca do educador musical em propiciar uma educação
musical com música, ou seja, precisamos fazer música, ouvir música, falar sobre
música, ler sobre música, criar sonoridades, agrupá-las e socializá-las. Depois que
essas ações já tiverem sido experimentadas e compreendidas pelos licenciandos,
a próxima etapa é a escola, momento em que iremos socializar e compartilhar
saberes e experiências sonoras com alunos de diferentes faixas etárias.
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TÓPICO 2 | FORMAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO EDUCADOR MUSICAL
Esta epígrafe foi retirada das páginas iniciais do livro A música na escola
(2012), lançado pelo Ministério da Cultura e Vale do Rio Doce, com o intuito de
promover discussões acerca da importância da música na escola, ou dito de outra
maneira, considerar não a importância da presença da música na escola, mas a
presença de educação musical, o que é bastante diferente, pois a música sempre
esteve na escola, como recreação, como lazer, o que nesse momento estamos
buscando é a presença do ensino de música na escola, a educação musical.
A música faz parte do nosso cotidiano, motivo que nos leva a buscar
conhecê-la melhor e estudá-la a fim de podermos usufruir de todas as suas
possibilidades de experiência e conhecimento em sala de aula, portanto, é
possível compreender que a educação musical visa valorizar os significados
sociais que lhe são atribuídos, bem como, apostar em uma aprendizagem efetiva
de seus conteúdos específicos. Para compreender melhor o que significa propiciar
uma educação com música, podemos pensar em quatro formas de realizá-la,
oportunizando meios de contato em tipos de inserções diferentes, por meio da
Execução, da Apreciação, da Descrição e da Criação.
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
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TÓPICO 2 | FORMAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO EDUCADOR MUSICAL
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Para que a arte/música seja significativa é preciso que o seu foco esteja
especialmente voltado para a criação (que conhecemos também por composição) e
na fruição (também chamada de percepção ou audição), e nisto está a sua resistência,
que pode ser percebida na cultura, no saber e na experiência. Esta resistência da
criação deve-se ao fato de que ela é sempre diferente, isso porque o aprendizado
surge pela investigação, pela curiosidade, interpretação e experiência.
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TÓPICO 2 | FORMAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO EDUCADOR MUSICAL
Tentando responder à questão que nos coloca Favaretto, sobre o que fazer
na sala de aula, trazendo todas as dicas dos textos apresentados nesse tópico 2: a
escuta exige uma audição atenta e concentrada; a valorização do processo e não
apenas do resultado nas atividades musicais desenvolvidas, percepção da audição
como um processo de escuta ativa, a manutenção de uma relação de diálogo da
cognição com a sensibilidade e, organização de aulas com foco na criação e fruição,
trazemos uma experiência interessante da profa. Maria Cecilia Torres publicada na
Revista MEB, que pode ser testada, reaproveitada, modificada, ou servir somente
como inspiração para outros trabalhos musicais na sala de aula.
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Para cada uma das músicas foi proposta uma questão diferente, por
exemplo, a de conhecer os timbres dos instrumentos desconhecidos,
identificar os instrumentos musicais e suas famílias, ou, no exemplo o
Baião, da Suíte Popular Brasileira para Conjunto de Percussão, de autoria
de Ney Rosauro com gravação do Grupo de Percussão da UFSM, ou a música
Yerakina, melodia tradicional da Grécia e apresentada no CD do grupo Terra Sonora
(1997). Trabalhamos também com a dinâmica das músicas e, ao final, os licenciandos
comentavam se escolheriam ou não e se selecionariam aquela peça para levar para
os seus alunos na sala de aula.
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TÓPICO 2 | FORMAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO EDUCADOR MUSICAL
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Como último exemplo deste CD, trazemos a música Asa Branca (Luiz
Gonzaga), com a proposta de que é um “clássico do Nordeste brasileiro” e que
seria bem trabalhada em sala de aula pelo seu ritmo de baião, de dança e com
um sentimento de alegria. Eles trazem a atividade para que cantem a música
e, posteriormente, insiram alguns instrumentos de percussão, a flauta doce e
o violão, além de pedir que façam a apreciação da gravação, identificando os
instrumentos: sanfona ou acordeão, triângulo, zabumba e blocos de madeira.
DICAS
Para saber mais sobre CDs para apreciação em sala de aula para o Ensino
Fundamental, sugerimos a leitura de:
BRITO, T. A. de. Quantas músicas tem a Música? Ou algo estranho no museu! São Paulo:
Peirópolis, 2009.
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TÓPICO 2 | FORMAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO EDUCADOR MUSICAL
Torres (2017, p. 29) apresenta uma das propostas organizadas pelo grupo
do CD Atividades musicais para o ensino médio, que juntou as músicas Trem das Onze
(Adoniran Barbosa), Deixa a vida me levar (Zeca Pagodinho) e É hoje (União da Ilha
do Governador), com a seguinte proposta: Os alunos deverão ouvir as músicas
para perceber o andamento. Para isso, o professor deverá destacar o ritmo binário
com a marcação do surdo no 2º tempo. Em seguida, deverão tocar e cantar as
músicas com algum tipo de marcação (pode ser algum instrumento de percussão
ou só com palmas), sendo Trem das Onze (andamento lento – bpm 70), Deixa a vida
me levar (andamento médio – bpm 90), É hoje (andamento rápido – bpm 120).
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Souza (2000, p. 17) nos diz que “a tarefa básica da música na educação é
fazer contato, promover experiências com possibilidades de expressão musical
e introduzir os conteúdos e as diversas funções da música na sociedade” [...]. A
autora afirma que compreender como nos relacionamos com música em diferentes
espaços, em quais situações, de que forma, com que objetivo, expectativas e
interesses é de fundamental importância no fazer musical. Nessa perspectiva,
será possível construir práticas pedagógico-musicais significativas que possam
ser ampliadas e aprofundadas.
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Teca Alencar de Brito, educadora musical, ao ser perguntada sobre por que
a música deveria estar na escola, responde afirmando que “Somos seres musicais
e o exercício com essa forma de arte vai nos tornar indivíduos mais inteiros. [...] a
música deve estar presente na escola como uma potência de criação, abrindo um
espaço para o sensível” (BRITO, 2012, p. 27).
A autora também nos diz que devemos olhar para a educação musical com
consciência das condições de tempo e espaço, para tanto, ela deve ser contemporânea,
mas de forma a conseguir articular as características do passado e do presente, bem
como acolhedora e respeitosa com as particularidades culturais dos seus grupos.
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TÓPICO 2 | FORMAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO EDUCADOR MUSICAL
É nesta perspectiva que buscamos saber o que foi dito e escrito sobre a
música na escola ao longo deste tempo, apontando algumas possibilidades
e desafios que foram surgindo. Para Hannah Arendt (2001, p. 247), o papel do
professor é ensinar: “[...] Iniciação deliberada e sistemática nas linguagens,
procedimentos e valores referentes tanto à sua área de conhecimento quanto à
cultura e aos valores da escola”. E nesse caso, quem é o professor de música?
Qual deve ser a sua formação?
É diferente na metodologia,
mas é igual no compromisso!
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Kater (2012) nos mostra outra face da música na escola básica que
deve nos encantar, porque no conjunto, as expressões “espaço físico”, “espaço
expressivo” e “espaço relacional” se harmonizam na interação com o educador,
que assume aqui também o papel de orientador, problematizador, instigador,
facilitador do conhecimento, quando traz para a sala as falas de outras culturas,
abre espaço para a voz aos alunos, da comunidade escolar e familiar, permitindo
uma valorização dos mesmos no sentido de melhorar a autoestima, mas também
no exercício da sociabilidade.
• É necessário propiciar uma Educação Musical com Música, o que significa acessar
e valorizar os atributos da música, apostando numa aprendizagem que se faz
por diferentes inserções: execução, apreciação, descrição e criação. Isso acontece
quando, no processo educativo, o professor busca uma formação pela música,
o que substitui a formação com música e, aos alunos, são propostas estratégias
dinâmicas de aprendizado individual que favorecem sua identidade, sem deixar
de lado as práticas coletivas, com foco no diálogo e nas relações sociais.
29
AUTOATIVIDADE
30
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A música está presente no cotidiano das pessoas, e cada grupo familiar e
social relaciona-se com ela de diferentes maneiras, o que faz com que seja cada
vez mais instigante o seu estudo, porque todos temos histórias a contar que
envolvem música.
31
UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
“No Xingu vive a nação indígena Suyá, e nela, a arte de contar histórias
é considerada muito especial. A narração tem cadências musicais, timbres de
vozes distintos, pausas expressivas: quase não há diferença entre cantar e narrar”
(PRIETO; PUCCI, 2008, p. 9).
Algo semelhante acontece com o rap, gênero musical que faz sucesso no
mundo de hoje. O rapper fala do seu bairro, do cotidiano, dos problemas que
precisa enfrentar. Tudo isso é apresentado no livro De todos os cantos do mundo por
meio de rimas, observando que a fala do rapper também é musical. “Quando ele
recita sua poesia, se torna uma espécie de líder, pois diz o que a comunidade em
que vive deseja expressar. Em diferentes tempos ou lugares, quem canta conversa
com os animais, com os espíritos, com os amigos, consigo mesmo” (PRIETO;
PUCCI, 2008, p. 9-10).
32
TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
DICAS
Função de comunicação
Aqui se refere ao fato de a música comunicar algo, não é certo
para quem essa comunicação é dirigida, ou como, ou o quê. Para
Merriam, a música não é uma linguagem universal, mas, sim,
moldada nos termos da cultura da qual ela faz parte. Nos textos
musicais ela emprega e comunica informações diretamente àqueles que entendem
a linguagem que está sendo expressa. Ela transmite emoção, ou algo similar à
emoção para aqueles que entendem o seu idioma (HUMMES, 2004, p. 19).
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TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
Para acessar o texto completo de Julia Maria Hummes Por que é importante
o ensino de música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola,
disponível na Revista da ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical, use o link:
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/
article/view/343.
Hummes (2013, p. 28) nos diz que “A escola é uma parte importante da
sociedade, onde os jovens têm a oportunidade de focalizar o mundo em que vivem, de
estabelecer relações entre vários conhecimentos, inclusive os conhecimentos musicais”.
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TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
Função de controle
A música ocupa os espaços entre as atividades do cotidiano
escolar, organizando o ritual do dia a dia da escola. Desse modo, a
música serve como uma forma de controle estabelecido pela escola
(TOURINHO, 1993).
Função utilitarista
A música é usada como ferramenta que auxilia em outras atividades,
como o ensino de idiomas, de matemática, o desenvolvimento
psicomotor, o divertimento e prazer das crianças ou divulgação da
escola (BEYER, 2001).
Funções periféricas
A música desempenha um papel secundário, estando presente em
eventos cívicos, nos ensaios da banda marcial ou mesmo como
música de fundo para aliviar as tensões dos alunos (SOUZA, 2000).
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
Função de autoexpressão
A música é usada para que os alunos expressem livremente seus
pensamentos em um momento de relaxamento (HUMMES, 2004).
Função de entretenimento
A música está presente nas datas comemorativas, festas escolares
ou espetáculos que entretêm os membros da comunidade escolar,
alegrando, divertindo e descontraindo as pessoas (HUMMES, 2004).
NOTA
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TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
39
UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Nada é mais eficaz e definitivo do que a própria música, com seu poder
de impactar, arrebatar, emocionar, arrepiar, acordar os sentidos, fazer o corpo
pular feito pipoca e o pensamento flutuar como pluma. Basta uma canção para
um universo musical se abrir.
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TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
Nos bastidores…
Aula de música não é aula de sons. Aula de música é aula de música, com
música e por meio da música. Muitos programas de ensino adotam como princípio
organizador os conhecidos parâmetros do som (especialmente altura e duração).
Neles, os conteúdos das séries consecutivas são demarcados pelos níveis de leitura
e solfejo praticados: semínima, depois o padrão de duas colcheias, o de quatro
semicolcheias, e assim por diante. Ou ainda, no caso do ensino de instrumento:
duas notas, três notas, cinco notas… A princípio, do ponto de vista lógico não há
nada de errado com tal organização. Mas não posso dizer o mesmo com relação
à sua validade musical e psicológica. Minha preocupação é que essa concepção
de ensino legitime uma prática musical baseada na execução e no reconhecimento
de padrões rítmicos, melódicos e harmônicos. A questão não é quantas notas ou
ritmos se saibam, mas o que se faz com eles e o que deles se compreende. Saber ler
ritmos e melodias não significa apropriar-se deles musicalmente. Esse modelo, que
considero inadequado, só será superado a partir do entendimento de que durações
e alturas, para se tornarem música, precisam ser imbuídos de significado, realizados
em um andamento fluente, com fraseado, agógica, caráter e estilo.
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
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TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
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UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
De volta à cena
44
TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
45
UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
46
TÓPICO 3 | AS FUNÇÕES DA MÚSICA NOS DIVERSOS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS E EDUCACIONAIS
47
UNIDADE 1 | DELIMITAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL
48
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• As funções da música nos indicam que por meio da música as relações pessoais
se efetivam, especialmente na escola onde ela é quase sempre utilizada de
forma coletiva, o que oportuniza o envolvimento social do grupo. Por meio da
música são também desenvolvidos os aspectos cognitivo e afetivo-emocional.
49
AUTOATIVIDADE
50
UNIDADE 2
AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO
MUSICAL E MANIFESTAÇÕES
MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
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UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O ensino de música, por muito tempo, esteve centrado nos conteúdos e
no professor, sem levar em consideração o aluno como elemento fundamental do
processo de ensino e aprendizagem. No início do século XX, alguns educadores
começaram a estudar outras formas de ensinar, contestando alguns valores
tradicionais, o que também ocorreu com a pedagogia da música.
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UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
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TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
FONTE: <http://media-1.web.britannica.com/eb-media/95/10695-004-CFF88498.jpg>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
55
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
Ao invés de palmas, pode-se usar timbres diferentes para cada grupo, por
exemplo: tambor para o Grupo 1, apito para o Grupo 2 e palma para o Grupo 3. O
exemplo foca na diferenciação dos timbres que comandará o movimento corporal.
56
TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
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UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
FIGURA 4 – O PASSO
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UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
DICAS
60
TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
62
TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
E para finalizar esta série, as letras das canções que serão executadas,
acompanhadas pelos instrumentos indicados. A melodia das canções será definida pelo
grupo de executantes, e na sequência, o professor poderá estimular a Improvisação,
utilizando outros instrumentos, alterando a divisão rítmica, estimulando seus alunos
a pensarem em outras possibilidades a partir dessa referência.
63
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
64
TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
Agora veremos a partitura bate com as mãos para conhecer sua melodia,
cantar e usar percussão corporal:
65
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
66
TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
PERCUSSÃO
ALTURA PEQUENA PERCUSSÃO
CORPORAL
Agudo Clavas, Guizos, Pratos de
Estalar os dedos (D)
(soprano) Mão, Triângulo etc.
Médio / Agudo Agogô, Pau-de-chuva,
Bater mãos/palmas (M)
(contralto) Ovinhos, Tamborim etc.
Médio / Grave Blocos de Madeira, Bater as mãos nas coxas e
(tenor) Tambor etc. joelhos (J)
Grave Bumbo, Surdo, Zabumba
Bater os pés no chão (P)
(baixo) etc.
FONTE: Bourscheidt (2007, p. 13)
DICAS
67
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
Trabalhava com o solfejo, que é o canto das notas musicais, para depois
trazer a letra: “Na prática, antes de solicitar que os alunos cantem os exercícios
dos livros, o professor deve sempre cantar as alturas a serem utilizadas. [...] O
professor é o modelo musical para os alunos, que participam das atividades
imitando-o” (SILVA, 2011, p. 78).
68
TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
L L
S S S S
M M M M M
R R
FONTE: Silva (2011, p. 81)
69
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
DICAS
Acesse o link para ouvir a música e conhecer um jogo de mãos que pode ser
utilizado para acompanhar a canção: https://www.youtube.com/watch?v=gR2KGaKtrNo.
70
TÓPICO 1 | IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES MUSICAIS DO SÉCULO XX
FONTE: <https://www.google.com.br/search?q=guia+prático+villa+lobos>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
71
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
72
AUTOATIVIDADE
73
74
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
O ensino de música, por muito tempo, esteve centrado nos conteúdos e
no professor, sem levar em consideração o aluno como elemento fundamental do
processo de ensino e aprendizagem. No início do século XX, alguns educadores
começaram a estudar outras formas de ensinar, contestando alguns valores
tradicionais, o que também ocorreu com a pedagogia da música.
75
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
76
TÓPICO 2 | ACESSO À VARIEDADE DE VERTENTES E METODOLOGIAS DOS EDUCADORES MUSICAIS
2 MURRAY SCHAFER
O autor também sugere que cabe aos professores indicar aos seus alunos
maneiras de ouvir melhor, o que é importante nas experiências educacionais
com as diferentes faixas etárias, porque às mensagens verbais e auditivas cabe
a realização de um intercâmbio no espaço escolar, ouvir e responder, apreciar,
detectar, perguntar... são ações que dependem diretamente de uma boa audição,
e “muitos professores detectam crescente deficiência nas habilidades auditivas de
seus alunos. Isso é sério; nada é tão básico quanto a educação dos sentidos e, entre
eles, a escuta é um dos mais importantes” (SCHAFER, 2009, p. 13).
77
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
78
TÓPICO 2 | ACESSO À VARIEDADE DE VERTENTES E METODOLOGIAS DOS EDUCADORES MUSICAIS
Schafer (2009) indica ainda que não bastam leis de controle de ruídos (como
as que temos atualmente em relação aos horários em que são permitidos ruídos
mais altos, como músicas em festas, ou ruídos provocados por trabalhadores da
construção civil), entre outras restrições que nossa legislação indica com relação
aos ruídos. O autor esclarece que o que importa é o nível de consciência da
população com relação à poluição sonora, o que ainda é pouco desenvolvido.
Uma sociedade que ouve bem é capaz de decidir quais sons quer estimular
e quais deseja diminuir na sua paisagem sonora. Pesquisas desenvolvidas em
vários países atestam que a sociedade “[...] está perdendo a capacidade de
escuta e, por isso, não consegue se prevenir dos excessos de ruído, pois não tem
consciência da permanência constante dele no ambiente e dos danos que causa”
(FONTERRADA, 2009, p. 8).
79
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
O autor indica que paisagem nos remete à imagem, mas temos que ficar
atentos para os sons de cada paisagem, e nesse momento, a curiosidade, a memória
e as tentativas de execução desses sons serão atividades muito recompensadoras,
observadas sob os aspectos que são foco neste material didático: técnico e humano,
sensível e simbólico, individual e coletivo.
Vamos experimentar?
FONTE: <https://pt.depositphotos.com/27317019/stock-illustration-cityscape-cartoon.html>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
80
TÓPICO 2 | ACESSO À VARIEDADE DE VERTENTES E METODOLOGIAS DOS EDUCADORES MUSICAIS
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-premium/pessoas-da-cidade-andando>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
81
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
3 KEITH SWANWICK
Professor emérito do Instituto de Educação da Universidade de Londres,
Swanwick foi o primeiro professor titular de Educação Musical e diretor de
Pesquisa em Educação Musical na Europa. Estudou trombone, piano, órgão,
composição e regência, possui vasta experiência como regente e já atuou como
músico de orquestra e organista em igrejas. Foi editor do Jornal Britânico de
Educação Musical com John Paynter; primeiro presidente da Associação Britânica
de Educação Musical e Artes.
82
TÓPICO 2 | ACESSO À VARIEDADE DE VERTENTES E METODOLOGIAS DOS EDUCADORES MUSICAIS
Ao ampliar esse modelo, ele inclui a relação com a música e com executante.
Dessa perspectiva surge o seu modelo de atividades musicais – CLASP, traduzido
para o português como (T)EC(L)A, no qual o autor defende que a música deve
ser vivenciada diretamente através dos parâmetros de execução, composição e
apreciação musical, complementados pela técnica e pela literatura (FRANÇA;
SWANWICK, 2002).
83
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
Sobre a Técnica e Literatura, o autor nos diz que a técnica está relacionada
às instruções que devemos fornecer aos alunos antes de iniciarem uma execução
musical, o que pode ser compreendido como um aquecimento vocal, exercícios
voltados para as tonalidades, para a dinâmica, ou ainda, sobre as regras de um
jogo, por exemplo. A Literatura tem a função de indicar, ao aluno ou executante,
o período da peça, seu compositor, o gênero musical, características de um
determinado instrumento ou grupo musical. São informações que ajudam o
músico a melhorar sua performance.
84
TÓPICO 2 | ACESSO À VARIEDADE DE VERTENTES E METODOLOGIAS DOS EDUCADORES MUSICAIS
4 HANS-JOACHIM KOELLREUTTER
Nasceu na Alemanha em 1915 e veio para o Brasil em 1937, onde
naturalizou-se e passou grande parte de sua vida. Flautista, regente e compositor,
foi quem introduziu o dodecafonismo no Brasil. Trabalhou como professor no
Rio de Janeiro e fundou a Escola Live de Música em São Paulo, e a Escola de
Música da Bahia (hoje incorporada à Universidade Federal da Bahia).
85
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
FIGURA 24 – KOELLREUTTER
86
TÓPICO 2 | ACESSO À VARIEDADE DE VERTENTES E METODOLOGIAS DOS EDUCADORES MUSICAIS
87
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
Determinar com o grupo a forma: quem toca primeiro, quem toca junto,
quando começa e termina.
• Execução: Apresentar o elemento não métrico no ato de dar corda nos relógios
(com pente, espiral, reco-reco). Executar o tempo métrico, lembrando que
deve haver polimetria, ou seja, os sons deverão ser executados em métricas
diferentes, produzindo “tic-tac” em tempos diferentes com timbres diversos.
88
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
89
AUTOATIVIDADE
Pré-figurativo Pós-figurativo
90
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Vamos pensar um pouco sobre o que é cultura: um produto do ser
humano, envolvendo todo o seu conhecimento, passível de ser aprendido, e que
diferencia o homem de outros animais. O ser humano tem um relacionamento
diferenciado com a natureza porque tem “a seu dispor duas notáveis propriedades:
a possibilidade da comunicação oral e a capacidade de fabricar instrumentos,
capazes de tornar mais eficiente o seu aparato biológico” (LARAIA, 2013, p.
29-30). Em outras palavras, “[o homem] é o único ser possuidor de cultura”
(LARAIA, 2013, p. 30).
91
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
O século XIX foi marcado pelo surgimento das Ciências Humanas, como
a Psicologia, a Sociologia e a Antropologia. Na época, os cientistas buscavam
seus resultados com base em experimentos e testes de laboratório. No caso da
Antropologia e da Musicologia Comparada, esses dados experimentais eram
somados aos dados relacionados a outras culturas do mundo, obtidos através
dos relatos de viajantes e missionários.
92
TÓPICO 3 | MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO MUSICAL
93
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
FONTE: <http://povosindigenasdobrasil.blogspot.com/2014/10/a-musica-indigena.html>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
94
TÓPICO 3 | MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO MUSICAL
95
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
96
TÓPICO 3 | MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Instrumentos_musicais_tradicionais_portugueses>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
97
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
Outras terras, outros sons é uma obra escrita por Almeida e Pucci (2015), e
nela as autoras apresentam atividades e temas de reflexão, abordando conceitos
fundamentais, associados à produção musical multicultural, com partituras e
CD, acrescidas de arranjos e novas possibilidades de realização. Tudo voltado à
prática da audição e percepção, contextualização e pesquisa, ao exercício musical
criativo com voz e instrumentos.
Além das cantoras, conta com um grupo instrumental acústico que apresenta
uma multiplicidade de timbres: acordeom, violoncelo, flauta, violino e sax soprano,
baixo, além dos instrumentos de percussão, como as tablas indianas, derbak árabe,
djembés africanos, berimbau, vibrafone, pandeirões do Maranhão e marimba.
98
TÓPICO 3 | MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
99
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
100
TÓPICO 3 | MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO MUSICAL
101
UNIDADE 2 | AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO MUSICAL E MANIFESTAÇÕES MUSICAIS DE DIFERENTES ORIGENS
LEITURA COMPLEMENTAR
102
TÓPICO 3 | MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO MUSICAL
apenas por seus estilos diferentes, mas também por outras convenções sociais:
as pessoas que tomam parte deles, seus valores, suas compreensões e práticas
compartilhadas, modos de produção e distribuição, e a organização social de
suas atividades musicais” (FINNEGAN, 1989, p. 31).
Para o professor, há pelo menos duas vertentes centrais para lidar com
a diversidade musical: a primeira está relacionada ao universo musical trazido
pelos alunos, o que caracteriza a diversidade de músicas da escola.
104
TÓPICO 3 | MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO MUSICAL
O reconhecimento à diversidade nos fez perceber que não existe uma única
música e/ou sistema musical e que, portanto, não podemos ter uma educação
musical restritiva e unilateral. Essa perspectiva nos conduz a novos direcionamentos
pedagógicos e nos leva a caminhos abrangentes, reconhecendo a variedade de músicas
e suas diversas possibilidades educacionais. Em face dos rumos das músicas do mundo
na atualidade, nos vemos diante do desafio de estabelecer direcionamentos coerentes
para o ensino de música na escola. Ensino este que precisa ser abrangente e diversificado,
contemplando, principalmente, propostas e ações educativas contextualizadas com
contextos escolares das múltiplas realidades socioculturais do país.
FONTE: QUEIROZ, L. R. S. Diversidade musical e ensino de música. In: Educação musical escolar
– Programa Salto para o Futuro. Ano XXI, Boletim 08, junho 2011. P.17-23.
105
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Das artes, a música é a mais abstrata, mas a de maior sentido coletivo, especialmente
se pensada no âmbito escolar. Sendo assim, o tópico favorece a coletividade por
meio de informações e repertórios que identificam diferentes culturas, nesse caso,
a africana. O livro Outras Terras, Outros Sons tem o objetivo de difundir e socializar
informações, mas também de sensibilizar pessoas com relação à sua história
cultural, que envolve de forma muito presente a música africana.
• Ouvir e cantar canções de outros povos nos coloca de maneira curiosa com
relação às diferenças, especialmente no caso da música indígena, que é tão
pouco difundida no Brasil. Os materiais de Marlui Miranda e de Tugni e
Queiroz têm elementos muito interessantes, permitindo que nos deixemos
encantar de tal maneira, que possamos nos destituir de atitudes e impressões
preconcebidas, e muitas vezes preconceituosas.
106
AUTOATIVIDADE
Nome do jogo:________________________________________________
Regras: ______________________________________________________
_____________________________________________________________
Metodologia: ________________________________________________
_____________________________________________________________
Repertório: ___________________________________________________
Instrumentos musicais: ________________________________________
Avaliação: ____________________________________________________
107
108
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
109
110
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Provavelmente, a música teve seu início quando o homem percebeu que
batendo um objeto no outro, ele conseguia produzir sons e que esse resultado não
era apenas barulho, mas poderia ser uma forma de decifrar os sons dos objetos,
depois os sons produzidos pelos animais que dele se aproximavam ou que ele
ouvia de longe, também os sons da natureza, como o vento, a chuva e os trovões.
E, o homem também percebeu que isso não era simplesmente barulho, mas uma
forma de comunicação.
Atualmente, a música está presente no dia a dia das pessoas que ouvem,
mas nem todos sabem o que é música. Para compreender o que é música, é preciso
acessar conhecimentos específicos, como por exemplo, saber o que é som, e som
é uma vibração produzida nos corpos (de pessoas, de objetos, de instrumentos
musicais), e essas vibrações podem ser regulares ou irregulares.
111
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
112
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
Por fim, esta unidade tem como ponto forte conhecer o caminho
percorrido pela música na história de diferentes culturas, incluindo a brasileira.
Como chegamos à atual legislação e como devemos agir como Educadores
Musicais na Educação Básica é outro item extremamente importante na formação
de acadêmicos de um curso de Licenciatura em Música, assim como, espera-
se que cada um possa encerrar a disciplina tendo construído uma justificativa
pessoal para o ensino de música na Educação Básica bastante consistente, na
qual você acredita e investe, porque só assim conseguirá que os outros também
compreendam e valorizem a nossa área de conhecimento.
113
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
FONTE: O autor
114
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
FIGURA 3 – SISTRO
FIGURA 4 – HARPA
115
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
A música na Roma Antiga teve uma grande influência grega nas artes
e tudo leva a crer que com a música não tenha sido diferente. Através das artes
visuais podemos identificar o predomínio de instrumentos gregos como: sopro,
cordas e percussão. Além dos gregos, os romanos incorporaram canções e os
instrumentos de outros povos como dos egípcios, sírios e espanhóis. Mesmo sendo
escassos os registros escritos das práticas musicais, as artes visuais demonstram
que a música estava muito presente no cotidiano da vida romana, podemos citar:
nas residências particulares, nos ritos religiosos, como distinção de classes sociais,
nos teatros e festivais, bem como nas grandes manifestações militares.
Guido D’arezzo (aprox. 992-1050) foi um monge italiano e criador das tão
conhecidas notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá e si), tiradas de um hino sagrado
para São João Batista. No século IX surgiu a primeira pauta musical, espaço
específico para escrever música, composto de cinco linhas e quatro espaços.
Comenius (1592-1670) foi um pensador cujas ideias impulsionaram a educação
em geral, muito marcantes para a Educação Musical: para ele a formação deveria
ser iniciada pelos sentidos e pela ação do sujeito. Exigia para suas aulas a clareza,
a proximidade com o real e a atenção para com a psique dos jovens. A criança
pequena deveria ser iniciada no canto para este desenvolvimento.
116
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
Jean Jaques Rousseau foi um filósofo social e escritor suíço que se dedicava
e amava a música. Segundo Freitas (2008, p. 54) o filósofo acreditava que “a
música era a voz da natureza” e que era um potente meio de comunicação. Desta
maneira, ela expõe nossas paixões sem estar ligada ao luxo e a corrupção. Segundo
Rousseau: “Os sons, na melodia, não agem em nós apenas como sons, mas como
sinais de nossas afeições e nossos sentimentos” (FREITAS, 2008, p. 54). Para ele, a
música seria a única arte autêntica, simples e natural. Suas ideias influenciaram a
mudança educacional no século XVIII: a educação deveria corresponder à mente
da criança e não serem vistos como adultos em miniatura.
“O padre José de Anchieta foi o religioso que mais utilizou da música para
catequização. Com o tempo, indígenas e escravos tornaram-se exímios músicos,
atuando como mestres de capela ou charameleiros” (CASTAGNA, 1994, p. 8).
Os jesuítas foram os primeiros fundadores de escolas de música instrumental
no Brasil, lecionando flauta, violino, órgão e cravo, uma vez que esses eram os
instrumentos mais adequados para acompanhamentos nas celebrações religiosas.
A vinda da família Real portuguesa para o Brasil foi muito importante para
o desenvolvimento educacional e cultural do nosso país. D. João VI sempre foi um
amante da música, antes de migrar para o Brasil frequentava concertos musicais e
óperas em Portugal, na Capela Real e em Mafra. Quando chegou ao Brasil, o país
sofreu mudanças culturais referentes à música, especialmente com a introdução da
música erudita num país acostumado com a sonoridade da música popular.
Também vieram muitos músicos que residiam em Lisboa, porém quem ocupou
o cargo de organista da Capela Real foi um brasileiro, o padre José Maurício. Outro
músico erudito que teve destaque no período Joanino foi Marcos Antônio Fonseca
Portugal, músico mais importante desse período. Além disso, D. João VI ordenou a
construção do Teatro Real de São João, inaugurado em 1813. Mas não era somente
a música erudita que se ouvia pelos cantos do Rio de Janeiro, a música popular do
Brasil foi desenvolvida desde os primeiros anos da colonização, principalmente com
os batuques dos africanos e a música religiosa (MORAES, 2010).
117
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
FONTE: <http://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/files/space/1991/file/231456/conservatorio-bf8866
565ba6e1a2391cc3b602104985.jpg>. Acesso em: 28 jun. 2019.
118
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
A palavra “povo” foi muito utilizada neste período, assim como “cultura”.
Aqui, a cultura e a música devem refletir a nação em todos os seus momentos em
busca de uma identidade baseada nas características de seu povo.
119
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
120
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
121
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
E
IMPORTANT
Koellreutter lutava para criar uma nova forma de música no Brasil mais ampla e
que fossem revistos os conceitos educacionais tradicionais, suas aulas e conferências eram
inovadoras, pelas informações que trazia e pelas técnicas no ensino da música. Considerava
o ambiente musical brasileiro provinciano e por isso propôs as primeiras Oficinas de Música
no Brasil, com o objetivo de acessar músicos de diversas partes do Brasil. As propostas do
movimento Música Viva foram expressas através de documentos como: jornais, rádios e
manifestos, além da produção artística como gravações e concertos. Seus discípulos dizem
que Koellreutter os ajudou a raciocinar em termos musicais.
122
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
123
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
Lei nº 11.769/08: as escolas públicas e privadas de todo o Brasil têm até 2011
para incluir o ensino de Música em sua matriz curricular. A exigência surgiu com
a Lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música
deverá ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. “O objetivo não é
formar músicos, mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração dos
alunos”, diz Clélia Craveiro, presidente da Câmara de Educação Básica do CNE
(Conselho Nacional de Educação).
124
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
DILMA ROUSSEFF
Aloizio Mercadante
João Luiz Silva Ferreira
(Publicação no DOU nº 83, de 03.05.2016, Seção 1, página 01)
125
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
126
TÓPICO 1 | A MÚSICA E O SEU ENSINO NO BRASIL
127
RESUMO DO TÓPICO 1
128
AUTOATIVIDADE
2 Entre as habilidades para música nos anos iniciais indicadas pela BNCC
encontramos: “Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no próprio
corpo (palmas, voz, percussão corporal), sons produzidos pela natureza e
em objetos cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música
e as características de instrumentos musicais variados”. No quadro a seguir
crie um jogo envolvendo as fontes sonoras indicadas, lembrando de explicar
como deve ser executado o jogo e quais são as suas regras.
129
130
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar por que devemos estudar música? Por que
você optou por cursar uma Licenciatura em Música? Como foi o seu aprendizado
musical até aqui? Essas são perguntas de muitas respostas, diríamos ainda, que
são perguntas de respostas que não se esgotam, porque à medida que vamos
avançando nas leituras, nos envolvendo com as práticas musicais, certamente
nosso referencial vai também ser ampliado, e nossas respostas poderão ser mais
consistentes e convincentes.
O trabalho com o canto envolve a voz, que por sua vez precisa de uma
respiração concentrada para que a emissão seja clara, confortável, encantadora,
e, quando for o caso, assustadora, ou ainda engraçada. Ao se produzir sons com
objetos estamos inventando uma linguagem própria, dirigindo a educação no rumo
da experiência e da descoberta e não apenas da observação como vemos acontecer
em muitas escolas, nas quais a aula de música é um tempo destinado a ouvir
música. Ouvir como? Que música é essa? Quais os instrumentos que conseguimos
distinguir? A música é lenta ou rápida? Não esqueça que ela pode ser moderada.
Esses são momentos de música viva, nos quais os sons saem do aparelho e melhor
ainda quando saem do instrumento tocado por você, futuro professor de música,
encantando os ouvintes, contando coisas engraçadas, outras vezes tenebrosas, e
ainda, fazendo lembrar momentos como a infância, a família, a escola e os amigos.
131
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
132
TÓPICO 2 | PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS E PRÁTICOS
133
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
134
TÓPICO 2 | PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS E PRÁTICOS
FONTE: O autor
Essas propostas devem ser trabalhadas nas aulas de música, usando seus
termos específicos, pois “a estruturação do discurso musical, como em qualquer
outra linguagem, depende de conceitos, abstrações e generalizações” (MARTINS,
1995, p. 31). Agudo, grave, forte, piano, escala, acorde, tonalidade e frase são
alguns dos muitos conceitos em torno dos quais se organiza o mundo dos sons.
Assim, para desenvolver uma compreensão dos conceitos musicais é necessário
utilizar e ensinar esses conceitos musicais.
Para que isso aconteça de forma mais eficaz, outro ponto importante a
ser pensado, por professores de música, é como lidar com as dificuldades, erros,
incertezas e inseguranças dos alunos, especialmente aqueles que se encontram
nos primeiros estágios de desenvolvimento musical. Percebe-se que não bastam
correções convencionais ou exercícios mecânicos de repetição, porque o erro ou
dificuldade só pode ser eliminado a partir de uma compreensão clara da estrutura
musical, ou seja, não basta que ele saiba que está errado, ele precisa saber como é
o certo e como deverá agir para acertar.
135
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
Outra questão que deve ser pensada, é que em todo e qualquer contexto
de ensino-aprendizagem de música, a integração dos elementos musicais seja
observada, pois nos dias atuais a concepção de ensino de música deve envolver
teoria e prática, o ritmo deve ser tratado de forma totalmente vinculada à
melodia, a prática auditiva vai dialogar com a escrita musical – sua forma de
representação, assim como, devemos utilizar tanto o registro sonoro tradicional
como o contemporâneo, dando opções aos alunos, ampliando suas formas de
comunicação por meio dos sons.
136
TÓPICO 2 | PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS E PRÁTICOS
FONTE: <https://www.editora.ufpr.br/DynamicItems/Catalog/3e0530df-984f-460f-877d-
b1255c167177capa_jpg_W270.jpg>. Acesso em: 28 jun. 2019.
“Bate a mão”, assim é uma das canções que estão no livro, com o objetivo
de trabalhar a melodia cantada e a rítmica corporal.
FIGURA 10 – PARTITURA
137
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
As peças e jogos desse livro trazem indicações quanto à faixa etária, com
peças para Educação Infantil, Anos Iniciais e Ensino Fundamental. O livro também
acompanha um CD com as canções gravadas por crianças, o que é muito interessante,
porque as partituras estão escritas e gravadas na altura adequada à idade indicada.
138
TÓPICO 2 | PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS E PRÁTICOS
AUTOATIVIDADE
139
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
FIGURA – SCRAPBOOK
140
TÓPICO 2 | PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS E PRÁTICOS
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_Nnmh0dh5lnc/TIF5aapuaDI/AAAAAAAAAE0/
Ozd7GpPwvz4/s200/03_PED+-+Lenga+la+Lenga.jpg>. Acesso em: 14 jun. 2016.
Você sabe o que é lenga-lenga? É um texto com frases curtas que rimam,
com muitas repetições, que podem ser cantados, falados, acompanhados de
ritmos corporais ou de instrumentos alternativos como é o caso de "Macaca Sofia"
que deve ser cantada com acompanhamento de copos plásticos.
141
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
142
RESUMO DO TÓPICO 2
143
AUTOATIVIDADE
144
UNIDADE 3
TÓPICO 3
AVALIAÇÃO EM MÚSICA
1 INTRODUÇÃO
Se a avaliação é um tema bastante discutido em educação, avaliar em
artes é ainda mais polêmico. Afinal, o que avaliar? Quais são os procedimentos e
critérios para avaliar a aprendizagem de alguém que faz música? Como avaliar
o que um aluno sente enquanto toca, compõe ou aprecia música? Atualmente,
poucas obras brasileiras abordam o tema com tamanha abrangência: avaliação
da apreciação, execução e composição musical na escola fundamental, no
coral infantil, nos cursos superiores de música, na aula particular, de recursos
tecnológicos, entre outros. Por isso, neste tópico serão feitas reflexões acerca de
como e por que avaliar em música; algumas funções da avaliação, de que formas
ela se apresenta e como a prática de avaliar o desenvolvimento musical dos
alunos pode contribuir para consolidar as ações e concepções musicais tanto do
educador como do educando.
145
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
2 O QUE É AVALIAÇÃO?
A avaliação é um instrumento significativo para a orientação do processo
educacional, pois verifica a efetivação da aprendizagem pelo aluno e, ao mesmo
tempo, fornece uma orientação do trabalho para o professor. Luckesi (2005) e
Perrenoud (1999) complementam esse pensamento, esclarecendo que a avaliação é um
processo que se relaciona à gestão da aprendizagem dos alunos porque proporciona
a organização do trabalho escolar e a regulação e reestruturação do ensino.
146
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO EM MÚSICA
Isso porque a música lida com as emoções e sentimentos das pessoas, por
isso muitos professores consideram a avaliação em música muito subjetiva. O
que você, futuro professor de música, pensa sobre isso? Sabemos que a avaliação
do desempenho musical do aluno é complexa, então os elementos avaliados
devem estar em conexão com os temas trabalhados e expectativas estabelecidas
pelo professor. Luckesi (2005) nos diz que que cada ação do educador deve ser
marcada por uma decisão clara e explícita sobre os procedimentos utilizados e
suas finalidades, o que deixará mais claro ao aluno quais são os propósitos da
avaliação a que se submeterá.
147
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41KtV%2BPRFLL._SX342_
BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 14 jun. 2019.
148
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO EM MÚSICA
Outro aspecto a ser levado em conta no que se refere à avaliação é que toda
avaliação das diferentes linguagens artísticas pode ser realizada por duas formas:
a informal e a formal. Na informal, o aluno manifesta os conteúdos escolares que
foram aprendidos, e o docente, os que foram ensinados; e na formal, o docente
seleciona os conteúdos trabalhados e verifica se houve ou não aprendizagem pelo
aluno. Para tal, utiliza-se de diversos instrumentos de avaliação, tais como: ficha de
registro e de observação, dramatização, autoavaliação, relatos, vivências, sínteses etc.
149
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
E como vamos saber o que o aluno aprendeu? Como ele expressa essa
aprendizagem? Para chegarmos nessas respostas, torna-se necessário que os
critérios de avaliação sejam estabelecidos para que haja clareza quanto aos con
teúdos que o aluno apreendeu ou não, e aqueles que está a caminho de apreender.
O mais importante é que o foco esteja no processo e não no resultado da prática
pedagógica musical. Quando valorizamos o processo, o aluno expõe os diferentes
níveis de apropriação e aprofundamento que efetivou ou não, demonstrando o
que pode vir a realizar.
150
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO EM MÚSICA
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UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
Seguindo essa lógica, uma avaliação musical que agrupa ações adequadas
ao um trabalho musical completo, não apenas voltado para a execução
instrumental, mas também para a apreciação e criação. Esse tipo de avaliação
serve para verificar a capacidade do indivíduo em lidar com o material musical
durante a atuação prática, tendo em vista o nível técnico do aluno. Também é
possível averiguar o desempenho musical, a interpretação do aluno, como forma
de autoavaliação, de treinamento para apresentações públicas e como incentivo
à produção musical.
E
IMPORTANT
152
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO EM MÚSICA
LEITURA COMPLEMENTAR
153
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
Outro ponto a considerar é que essas questões não podem ser dissociadas
de outras relacionadas às condições de trabalho que envolvem o exercício
profissional nas instituições públicas de ensino. No geral, as escolas apresentam
uma série de lacunas infra estruturais, como carência de equipamentos e recursos
didáticos para as aulas de música, além do número insuficiente de profissionais
disponíveis na rede para ministrar aulas de música em todas as escolas estaduais,
levando o sistema de ensino a um ciclo vicioso: a cada ano letivo, encontram-se
numa mesma sala de aula alunos advindos das séries anteriores que estudaram
música na disciplina Arte e alunos sem conhecimento musical escolar prévio,
deixando a turma muito heterogênea.
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TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO EM MÚSICA
1º momento:
155
UNIDADE 3 | A MÚSICA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
2º momento:
3º momento:
4º momento:
Uso da bula para registro e execução da peça:
• Seção (A) - 2x palmas; 2x ombros; 2x coxa; 2x pés, repetir a sequência duas vezes.
• Seção (B) - 2x pés; 2x coxa; 2x ombros; 2x palmas, faz contraste a (A). Repeti-la.
• Seção (A) - 2x palmas; 2x ombros; 2x coxa; 2x pés, repetir a sequência duas vezes.
• Seção (C) - 2x beijos; 2x ombros; 2x coxa; 2x estalos de dedos. Corresponder à
composição, variação e improvisação do grupo.
156
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO EM MÚSICA
Considerações finais
157
RESUMO DO TÓPICO 3
• Existem diferentes formas e funções para a avaliação, entre elas está a percepção
e acompanhamento do desenvolvimento musical dos alunos, que pode
contribuir para consolidar as ações e concepções musicais tanto do educador
como do educando.
158
AUTOATIVIDADE
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160
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