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Universidade Federal Rural da Amazônia

Curso: Ciências Biológicas

Aluno: Danton Arthur Moreira da Silva

Introdução

Na sociedade contemporânea, a prática da pesca sustentável é


amplamente discutida por órgãos responsáveis e por comunidades pesqueiras.
Tendo em vista que a pesca industrial de grande escala é responsável pela
prática da pesca de "fauna acompanhante", como são chamados os animais
capturados que não são alvos da pescaria (Jaconis; da Costa, 2021). O maior
problema desta prática é que a fauna acompanhante não é devolvida para a
natureza e, consequentemente, ocasiona sua morte. Práticas de pesca
sustentável ajudariam a minimizar essa problemática.

Diante dessa perspectiva, a parceria entre pescadores artesanais


e pesquisadores é de suma importância, pois a conexão e experiência que os
mesmos têm com a região permitem amplo conhecimento da fauna local
(Jaconis; da Costa, 2021). Um dos grandes desafios enfrentados pelos
pesquisadores é convencer os pescadores a devolver algumas espécies de
peixes ameaçados de volta ao mar ou rio, considerando que necessitam da
pesca para sua sobrevivência. O papel que representa a pesca artesanal para
a seguridade alimentar e mitigação da pobreza foi reconhecido no dia 13 de
junho de 2014, na 31ª sessão do Comitê de Pesca (Pedrosa; Lessa, 2018).

Tendo em vista que as unidades de conservação constituem


locais de uso sustentável destinados à proteção da natureza e das populações
tradicionais que habitam nelas (Prost; Cerqueira, 2010; 2013). Entende-se que
a sustentabilidade deve caminhar lado a lado com os povos tradicionais das
regiões pesqueiras, todavia estamos diante de um enorme desafio que é
convencer o povo nativo da importância da pesca sustentável (Garcia, 2020).
No entanto, podemos utilizar meios inovadores para facilitar a prática da pesca
sustentável de forma que não prejudique o bem-estar econômico dos
pescadores e nem ameace a fauna local.
Dessa forma, visando a pesca artesanal sustentável e de baixo
custo, está em fase de desenvolvimento uma estrutura utilizada em forma de
barragem para a captura de peixes. Inserida pouco abaixo do nível do rio para
não atrapalhar a piracema de espécies, com pequenas frestas que possibilitam
a passagem de peixes inaptos ainda para a pesca e predando os animais
maduros. Constituída de madeira reaproveitada, a qual se torna promissora do
ponto de vista econômico e ambiental. Dado que, não seria necessário
desmatamento direto para a construção da estrutura, a madeira por ser uma
matéria-prima natural, não libera toxinas no meio ambiente, por ser inserida nos
rios um pouco abaixo de seu nível, não é prejudicial a subida de espécies para
a reprodução, e no sentido contrário, devido às suas frestas, possibilita o
possível segmento reprodutivo de peixes que ainda não chegaram à
maturidade reprodutiva, as quais em métodos comuns de pesca, seriam
possivelmente predados e não devolvidos à natureza.

Desde o século XX, a abordagem econômica tem sido a mais


predominante em torno do bem-estar, constituída na ordem social orientada
pelas forças do mercado e pelo crescimento econômico (Muñoz, 2018), a ideia
de desenvolvimento econômico estende-se à dimensão humana de
desenvolvimento (Gouch; Mcgregor; Camfield, 2007).
Nesse contexto, o conceito de desenvolvimento recaiu aos países
do Sul global como alternativa para alcançar o bem-estar dos indivíduos, tendo
como principais premissas: o progresso social, o bem-estar social e o
crescimento econômico (Muñoz, 2018). Assim, impossibilitando o
desenvolvimento sustentável sem a pesquisa sobre como as comunidades
locais seriam afetadas economicamente. O nível de renda das pessoas é um
parâmetro fundamental na formulação de políticas públicas, considerando-os
como parte de um conjunto maior de dimensões e particularidades que
englobam a vida de variadas sociedades e indivíduos (Giacomelli; Marin;
Feistel, 2017).

Para a criação dessa prática de pesca, de forma que não afete


economicamente a população tradicional, seriam necessárias várias pesquisas
sobre a forma como é feita a pesca local, e também sobre a diversidade de
peixes do ambiente, de modo que tudo seja calculado e aplicado para não
haver consequências negativas tanto para a fauna e flora, quanto para os seres
humanos residentes no local.

Referências
PEDROZA, Beatriz; LESSA, Rosangela. O social como prioridade na pesca
artesanal: diretrizes internacionais para a pesca artesanal sustentável. Arq.
Ciên. Mar, Fortaleza, 2017

JACONIS, Milena; COSTA, Rogério. Pesca sustentável: a importância da


pesquisa científica. Aprendendo Ciência, v. 10, n. 1 p. 14-20, 2021.

CERQUEIRA, Israel; PROST, Catherine. Pesca artesanal em áreas protegidas:


territórios conjugados pêche artisanale em aires protegées: territoires
conjugués. 2010-2013.

GARCIA, Isabela. O bem-estar na pesca artesanal: possibilidades e


desafios para abordagens emancipatórias. Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 2020.

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