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MARIA ISABEL
(CONDESSA DE IGUASSÚ)
A FILHA BASTARDA DE D. PEDRO I
GUILHERME PERES
A MARQUESA DE SANTOS
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CASA DA MARQUESA DE SANTOS NO RIO DE JANEIRO
MARIA ISABEL
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TESTAMENTO
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MARIA ISABEL NA MATURIDADE E AINDA JOVEM
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criadagem farfalhavam suas roupas e vaidades ao ritmo das valsas
vienenses e leques de seda rendados.
Neste ambiente de esplendor, Pedro Caldeira Brant
aproximou-se de Maria Isabel. O doce sorriso da menina moça
encantou o já encanecido viúvo que se desmanchava em gentilezas
ao fazer-lhe a corte, iniciando ali um discreto namoro.
Não passando despercebido aos olhos atentos de Domitila, a
marquesa questionou a filha toda aquela intimidade. Mostrando-se
contrária ao início daquele amor, fazia referência ao pai de seu
pretendente, o marques de Barbacena como um de seus maiores
inimigos a liderar o coro das críticas a sua pessoa, incitando o
imperador para seu segundo casamento e censurando a vida
promíscua a que estava entregue.
O CASAMENTO
O ressentimento da marquesa, porém cedeu aos caprichos da
filha, afinal, ele trazia o título de conde de Iguassu. O casamento
realizou-se no Rio de Janeiro, no dia 2 de setembro de 1848, com a
marquesa e amigos presentes ao ato religioso. Os dotes oferecidos à
Maria Isabel por sua mãe somavam uma pequena fortuna em jóias,
apólices e mais oito contos de réis em moedas.
Retirando-se para Iguassú, onde o conde tinha sua
propriedade com engenhos, portos e escravos denominada Brejo,
Pedro Caldeira procurou cerca-la de toda atenção. Durou pouco,
entretanto a lua de mel. Maria Isabel era “irascível, brigona e gênio
tempestivo” estava frequentemente nervosa e por várias vezes
ameaçara deixar o lar.
As despesas se avolumavam com os gastos constantes da
condessa, que não acompanhavam a habilidade comercial do conde
em repor o dinheiro. Apesar disso “nasceram quatro filhos; Pedro
de Alcântara, que viveu até 1868; Maria Isabel, que morreu sem
descendência; Maria Teresa, que se casou com o inglês Charles
Collins, e Isabel, que se casou com o Dr. Antônio Dias Pais Leme”,
diz Carlos Maul em “A Marquesa de Santos”.
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TEATRO SÃO PEDRO, PALCO DE DIVERSÕES DESDE O PRIMEIRO IMPÉRIO.
VIDA MUNDANA
Freqüentadora assídua dos grandes recitais dos cantores
líricos italianos no Teatro São Pedro, Maria Isabel era vista
regularmente desembarcando dos carros que chegavam para os
espetáculos. Participando do “ruge-ruge dos balões de seda e
tafetás; o namoro a distancia entre frisas e camarotes ou deles para
as cadeiras; exaltações dos partidários de seus artistas preferidos;
versos e flores atirados ao palco”.
As oferendas a eles entregues alcançavam valores
impressionantes. Em 1852, A. Stoltz, cantora lírica “que não
percebia menos 28:000$000, quatro vezes o que ganhava um
ministro, recebia em seu “benefício” uma coroa de ouro, brilhantes
e esmeraldas que lhe foi presenteada pela viscondessa de Abrantes,
um colar de pérolas no valor de 4.000$000 que lhe mandou a
imperatriz, um broche de brilhantes de 1.000$000 que lhe deu a
senhora Bregaro, e mais pulseiras,alfinetes, brincos...numa festa
cuja renda em dinheiro subiu a mais de 16.000$000”.
Publicada na revista “Estudos Brasileiros” em 1952, Marques
dos Santos descreve: “essa coroa oferecida pela sociedade
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fluminense era representada por 44 senhoras, entre as quais as
viscondessas de Abrantes, de Monte Alegre, de Paraná, e a
condessa de Iguassú”. Ao final de um espetáculo “cantando o dueto
da Favorita, a senhora viscondessa de Abrantes, reclinando-se
sobre o parapeito do seu camarote, estendeu os braços para a
artista” lhe presenteando o mimo pousado sobre uma almofada. “As
flores e as coroas cruzavam-se no ar antes de cair a seus pés”, diz
Charles Expilly, visitante francês no Rio de Janeiro citado por
Wanderley Pinto em “Salões e Damas do Segundo Reinado”.
A SEPARAÇÃO
OS CALDEIRA BRANT
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Felisberto Brant (pai) estudou em Lisboa no Colégio dos
Nobres, matriculando-se na Academia Real da Marinha onde
assumiu o posto de capitão de mar e guerra. Serviu em Angola
prestando serviços de combate contra corsários que assolavam a
costa angolense. Voltando ao Brasil em 1808 na viagem com D.
João, fixou-se na Bahia sendo promovido a brigadeiro quando ali
fundou o Arsenal de Guerra, recebendo em 1818 o posto de
marechal de campo.
Retirou-se para o Rio de Janeiro em 1822 tomando assento
como deputado à Assembléia Constituinte em 1823. “Dissolvida a
Constituinte, partiu novamente para a Europa em 1824 investido no
cargo de plenipotenciário do governo brasileiro para tratar do
reconhecimento da independência e negociar um empréstimo de três
milhões de libras” destinadas a atender “despesas urgentes”.
Em 1826, os deputados encarregados de examinar as contas
do governo, descobriram que Caldeira Brant “a título de retribuição
pelos serviços prestados, recebeu polpuda comissão de 2% do total
do empréstimo”, cujo escândalo se alastrou por toda a Corte “sob a
acusação de conduta antipatriótica”.
Em 1828 pediu reforma do serviço militar no posto de
marechal do exército. No mesmo ano embarcou para a Europa com
credencial de embaixador, para tratar do segundo casamento de D.
Pedro I com D. Amélia de Leuchtemherg.
Como embaixador credenciado na Inglaterra, foi envolvido
por outro rumoroso caso de empréstimo com a “Casa Rothschild, no
valor de 400 mil libras. Operação negociada ainda mais misteriosa
do que as do empréstimo de 1824 -1825. Dinheiro que nem chegou
ao Brasil, posto que serviu para amortizar os encargos daquela
primeira dívida.”
Sobre o “caso Barbacena”, Octavio Tarquinio de Sousa em
sua magnífica coleção: “História dos Fundadores do Império do
Brasil” no volume IV, resgata a honra do visconde dando voz ao
acusado através da correspondência trocada com o imperador,
desfazendo o peso de sua culpa, interpretadas de maneira
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estereotipada pela historiografia, tanto tradicional como
contemporânea.
Encarregado de acompanhar D. Maria II à Europa, e tratar do
segundo casamento de D. Pedro, Barbacena fez grandes despesas:
aquisição de carruagens, baixelas, viagens, demonstrações de
riqueza etc. “de tudo prestara contas Barbacena, e recebera dois
alvarás de quitação do imperador, um de 1º de dezembro de 1829 e
outro de 14 de abril de 1830”.
Insinuações vindas em cartas do velho continente destinadas
ao imperador colocavam em dúvida a honestidade do visconde, que
além das contas, entregara os livros de escrituração, motivo de
dúvidas das despesas. “Terá sido talvez em novas leituras desses
livros que D. Pedro entrou a descrer na exação do marquês”
Segundo a contabilidade, o imperador era devedor do
Tesouro e sua preocupação em ressarcir o Estado era ponto de
honra. Desconfiado, D. Pedro decidiu refazer todas as contas “e
examinar todos os comprovantes... e para isso passou a perseguir
Barbacena com cartas e pedidos de informação”.
Miguel Calmon ocupava no Gabinete de José Clemente a
pasta da Fazenda “e voltara ao governo por instâncias de
Barbacena”, motivos também dos ataques de D. Pedro, a ponto de
pedir sua demissão diante de evasivas referente aos gastos do seu
protetor.
Sentindo-se ameaçado, Barbacena, segundo Octavio
Tarquínio, escreveu a D. Pedro em 15 de dezembro de 1830, “a
carta mais franca, altiva e profética que jamais terá recebido um
rei”. Recordando seu passado de servidor probo e leal, o marques
declara que “em semelhantes circunstâncias Senhor, necessário é
salvar a minha vida, retirando-me para o engenho de Gericinó,
onde estarei em guarda... mas não posso encetar a minha viagem
sem suplicar a V.M.I. que pondere no abismo em que se lança... a
catástrofe que praza a Deus não seja geral, aparecerá em poucos
meses; talvez não chegue a seis”.
Suas previsões foram precisas: “ao cabo de três meses e vinte
e três dias, realizava-se o vaticínio com abdicação do imperador”.
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Aliados na conspiração, os nomes de Francisco Gomes da Silva e
José clemente Pereira eram citados na missiva como os culpados
pelas intrigas, citando as mazelas com o dinheiro do Estado
envolvendo de seu nome.
Agraciado com os títulos de visconde e marques de
Barbacena, das Ordens de: Pedro I; de Cristo; do Cruzeiro e da
Rosa, além de “outras do estrangeiro”, faleceu no Rio de Janeiro
em 13 de junho de 1841, sendo sepultado na igreja de São Francisco
de Paula. Seus restos mortais foram transferidos mais tarde para um
mausoléu de mármore no cemitério de São Francisco Xavier, por
sua filha a viscondessa de Santo Amaro.
DESCENDENTES
O Sr. Gilmar Barros em carta a este cronista, relata que o
título de primeira condessa de Iguassú para D. Cecília Rosa de
Araújo Vahya, foi outorgado por sua Majestade Imperial no dia 2 de
dezembro de 1840. Nesta mesma data seus pais receberam
respectivamente os títulos de conde e condessa do Sarapuhy. Seu
pai, Sr. Bento Antônio Vahya, era Guarda-roupa do Imperador. No
Almanaque Laemmert de 1850, encontramos o nome desta condessa
como sendo “fazendeira em Merity”.
“A família Caldeira Brant, mesmo sem origem nobre,
enobreceu durante o primeiro e o segundo Impérios, por que
prestou relevantes serviços nos Ministérios, Governos de
províncias, Forças Armadas, Senado e principalmente no Corpo
Diplomático do Império do Brasil” diz o Sr. Gilmar Barros.
Entretanto, no Dicionário do Brasil Imperial, organizado por
Ronaldo Vainfas, fomos encontrar referências de sua origem de
nobres Flamengos.
A mais grave mácula na honra da família Caldeira Brant,
ocorreu em 1830. Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira e
Horta (pai) foi demitido da Pasta da Fazenda sob a acusação de
improbidade administrativa, ou seja: corrupção.
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ENGENHO DO BREJO
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CANAL DO BREJO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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