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PERSONALIDADE cap. 16
* que irá cultivar na propriedade no próximo ano, acrescentando que é cil não se gastar mais do
que sc ganha... e "Ontem, vomitei", "Que dia é
• . ... e, se o deixarmos continuar, nunca mais se cala (Edmonds,
Characters of Theophrastus, 1929, pp. 48-49).
'Titores
romana. destes"
Resource)
apaixonado, tem seguramente outros atributos mais. Pensavam, por isso, que
o teatro e a literatura deviam evitar todas essas personagens de armazém e,
em vez disso, apresentarem apenas personagens completas, complexas,
como Hamlet, que essencialmente não são como ninguém mais. Estas
personagens completas são tão dificeis de descrever perfeitamente como
uma pessoa da vida real e, por isso, conseguem surpreender-nos (Forster,
1927). Mas outros críticos discordavam e achavam que, embora os tipos
simplificados não conseguissem talvez reproduzir qualquer indivíduo,
cumpriam um outro e igualmente importante objectivo: mostravam o que
têm em comum as pessoas de determinado tipo e não tanto o que as
distingue como indivíduos (Johnson, 1765).
Uma outra questão diz respeito à importância relativa das forças
externas ou internas na determinação do que a personagem faz. Alguns
críticos insistiam em que toda a acção dmmática vem, em última análise, de
dentro e expande-se fora da própria natureza essencial da personagem,
enquanto outros discordavam e destacavam o papel da situação exterior,
como no caso dos modernos dramas realistas, por exemplo Morte de um
Caixeiro Viajante, cujos heróis fazem o que fazem em virtude da sua
situação social e económica. Um outro problema, ainda, refere-se ao
conhecimento de si próprio da personagem, Originar-se-ão as suas acções a
partir dos objectivos de que está ciente ou será que reage a forças
inconscientes que ela mesma não reconhece? (Bentley, 1983).
914
PERSONALIDADE cap. 16
Personagens dos séculos XVI e XVII da Commedia dell'Arte de Itália. (A) Pantaleão, o velho mercador rico e avarento
que é invariavelment enganado pelos criados, filhos e pela jovem esposa.
(B) Polichinelo, um cómico astuto e turbulento. (Gentileza da Casa Goldoni, Veneza: fotografias de Paul Smit, Imago)
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
o da
de é
sub-
0111
as
tos
lio
Iridicadil por uma máscara.
A miíscar,l na figura é a de um ancião
ótico com poderes divinos. Antes dé
colocar a máscara, o actor que
oescnjpenha este papel tem de passar
09 por vários rituais de purificação, duma pessoa, em muitas situaçõ
porque, depois de a ter colocado, o dizer que o conhecimento do
actor "torna-se" o deus. (roto de indivíduo permitir-nos-á prediz
George Dineen/Photo em situações em que nunca tenh
Resedt•chel$)
Os testes de personalid
de suprir a informação que poss
são análogos da audição de u
ensaie um papel, lendo uma pá
um teste que procura determin
actor poderá representar esse
personalidade é um teste que p
forma longe da perfeita) se uma
Testes de Personalida
Como no caso da medid
desenvolvimento de testes de p
coisas práticas. O primeiro te
identificar recrutas emocionalm
Estados Unidos, durante a Prim
um "inventário de adaptação" c
relativas a vários sintomas ou
"Sonha acordado frequentemen
indivíduo apresentasse muitos
posterior exame psiquiátrico (
fazerem perguntas específicas e
chamados testes de personalida
de personalidade objectivos).
O pamlelo entre testes
termina, quando se passa para a
testes. Binet e os seus sucessore
as avaliações dos professores,
mais importante, a idade crono
validade são muito mais dificei
personalidade.
917
918
PERSONALIDADE
PERSONALIDADE
icopático
paciente tem uma nota alta na
Masculin
escala D (Depressão) mas uma idade-
nota baixa na escala Si feminilid
(Introversão Social). Isto ade
poderia levar o clínico a P
a
concluir que a depressão não r
se encontra a
n
ó
i
a
H
N
i
e
p
u
o
r
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I
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s
ã o
o v
D e
e r
s s
v ã
i o
o
30 70
p
90
s
Resultado padronizado
PERSONALIDADE
MMPI, mas só com grupos-critério normais c
não patológicos. Um dos mais conhecidos de
entre estes é o Inventário Psicológico da
Califórnia ou CPI.
CPI destina-sc, cm especial, a estudantes da
escola secundária c universitários. Examina
vários traços de personalidade como
ascendência, sociabilidade, responsabilidade,
sentido do bem-estar e outros.
Como exemplo do modo de constituição
das escalas destes e de outros traços,
considere-se o traço de ascendência. Pediu-se
a estudantes da escola secundária e
universitários que designassem, dentro dos
seus círculos sociais, as pessoas com maior e
menor ascendência.
personalidade tentam
medir certas
entidades
psicológicas, como
os traços, que se
presumem explicar o
comportamento
manifesto
PERSONA
O traço
- seja a
sociabil
idade,
o
desvio
psicopá
tico ou
qualqu
er outro
é, de
facto,
um
conceit
o
teórico
inventa
do pelo
psicólo
go,
num
esforço
para
compre
ender
não
apenas
um
conjunt
o de
observa
ções,
mas
muitas.
925
Por
exempl
o, os
actos
de abrir
a porta
aos
outros,
dar
present
es aos
amigos,
dar
dinheir
o aos
sem
abrigo,
oferece
r o
lugar
no
combói
o e
sorrir
para os
descon
hecidos
podem
scr
todos
conside
ra_
dos,
com
proprie
dade,
aspecto
s de
amizad
e.
P
ara
validar
um tal
conceit
o, há
quc
imagin
PERSONALIDADE • cap.
16
ar c
testar
hipótes
es
sobrc a
relação
entre o
traço
subjace
ntc c
diversa
s
manife
stações
do
compor
tament
o. Esta
é a
validaç
ão de
constru
ção ou
de
constru
to uma
perspec
tiva
discuti
da
anterior
mente,
no
contcxt
o do
exame
da
inteligê
ncia
(Cap.
15).
A
validaç
ão de
constru
ção ou
dc
927
constru
to
funda-
se
muitas
vezes
num
conjunt
o de
diversa
s
relaçõe
s entre
os
resulta
dos do
teste e
manife
staçõcs
do
compor
tament
o
muito
distinta
s. Um
exempl
o é
dado
pela
escala
de
desvio
psicopá
tico
(Pd) do
MMPI,
uma
escala
origina
riament
e
basead
a nos
itens
que
diferen
ciavam
PERSONALIDADE • cap.
16
um
grupo
dc
dclinqu
entes
dc
outros
grupos
(ver
Tabela
16. l).
Não é
muito
surprcc
ndente
que
estudan
tes
normai
s, isto
é, não
delinqu
entes,
da
secund
ária,
conside
ra dos
como
"menos
respons
áveis"
pelos
seus
colegas
,
tenham
notas
Pd
muito
mais
altas
do que
os
estudan
tes
tidos
929
como
"mais
respons
áveis".
Um
facto
semelh
ante é
o de
que
notas
Pd
altas
são
caracte
rísticas
dos
"Você
é
estudan
tes que
abando
nam a
escola.
Um
outro
grupo
de
dados
revela
leal,
solí
vel,
obedi
que as
pessoas
com
notas
altas
em Pd
tendem
a ser
relativa
mente
corajos
o,
agressi
PERSONALIDADE • cap.
16
vas e
não é
prováv
el que
sejam
consid
eradas
bem
educad
as. Um
tanto
mais
arredad
o situa-
se o
facto
de que
resulta
dos Pd
elevad
os são
també
m
caracte
rísticos
de
actores
profissi
onais e
de
psicólo
gos.
Cibas,
Ad
Mais
afastad
a ainda
acha-se
a
descob
erta de
que os
caça-
dores
que,
York
Mi
931
num
acident
e de
caça,
alvejar
am
alguém
"por
descui
do" ,
têm
notas
Pd
mais
altas
do que
os
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caçado
res.
A
parente
mente,
muitos
destes
dados
não
parccc
m
relacio
nados
entrc
si, mas
estão-
no de
facto,
se
forem
compr
eendid
os
como
difcren
tes
manite
stações
do
mesmo
PERSONALIDADE • cap.
16
traço
subjac
ente da
person
alidade
, o
desvio
psicop
ático.
Na sua
forma
limite,
este
traço
caracte
riza-sc
por
laços
sociais
c
emocio
nais
superfi
ciais,
displic
ência
para
com os
costum
es c
conven
ções
sociais
,
incapa
cidade
de
prestar
atençã
o aos
perigos
potenci
ais e
de se
preocu
par
com as
933
conseq
uência
s dos
próprio
s actos
- em
resumo
, uma
atitude
que
signifi
ca
"Quero
lá
saber"
(Cronb
ach e
Meehl,
1955).
Numa
forma
menos
extrem
a, este
traço
equival
e a
uma
compet
ência
para
ver e
interag
ir com
os
outros
estrate
gicame
nte e
com
certo
grau
de
distanc
iament
o. (Isto
é
presum
PERSONALIDADE • cap.
16
ivelme
nte o
que
está na
base
dos
dados
obtidos
com
actores
e
psicólo
gos.)
A
s
correla
ções
acabad
as de
referir
são
todas
bastant
e
pequen
as.
Nenhu
m
destes
padrõe
s - ser
consid
erado
como
irrespo
nsável,
ter
acident
es de
caça e
outros
- tem
uma
correla
ção
suficie
ntemen
935
te forte
com a
escala
Pd, a
ponto
de
propor
cionar
um
critério
isolado
de
validade
preditiva.
Mas,
quando
considerad
os cm
conforma
m uma
rede de
relações
que
parecem,
efectivame
nte,
grande
validade
ao
construto
subjacente
. Nesta
perspectiv
a, o as
correlaçõe
s isoladas
não serem
muito
fortes
deixa dc
ser "Se o
fossem,
teríamos a
mesma
pessoa a
PERSONALIDADE • cap.
16
abandonar
a ter mau
feitio, a
tornar-se
um actor
na
Broadway
e a alvejar
companhei
ro
caçador...
A
estrutura
da
personalid
ade,
mesmo se
medida,
limita-se a
revelar
uma
propensão
mais do
que
determina
nte"
(Cronbach
, 1970a, p.
555). O
modo
como
propensão
se
manifestar
á
dependerá
das
circunstân
cias
específiqu
e a pessoa
se
encontrar.
pERSONALIDADE • cap. 16
937
ções de rem
mente
PERSONALIDADE • cap.
16
efeit
os de
Bal•num.
O
confirmar
se um teste
de
personalida
de uma
actuação
digna de
nota ou se
está em
conformida
de com
construto
teórico são
critérios
regulares
de
avaliação
da sua
valihá um
critério,
pouco
usado, que
é o da
aceitação
pela pessoa
da
interpretaç
ão do teste.
Pois,
quando a
caracteriza
ção
suficientem
ente ampla
para poder
aplicar-se a
qualquer
um, muitos
estaremos
perfeitame
nte prontos
para aceitá-
la. Este
939
fenómeno
efeito de
Barnum,
segundo
P.T
Barnum do
Circo
Barnum
que
cunhou o
dito "Os
trouxas
nunca
terão fim"
primeira
demonstraç
ão do
efeito dc
Barnum foi
efectuada
Bertram
Forer que
solicitou
aos
estudantes,
numa das
suas aulas,
respondess
em a um
teste de
personalida
de (Forer,
19/19).
Este pedia-
lhes que
fizessem
uma lista
das
ocupações
livres,
caracpesso
ais, desejos
secretos e
ambições
da pessoa
que
gostaser.
Forcr
PERSONALIDADE • cap.
16
prometeu
que, uma
semana
depois,
lhes daria
uma
descrição
da sua
personalida
de, com
base nos
resultados
do
Cumprindo
a sua
palavra,
deu a cada
estudante o
que parecia
ser
interpretaç
ão
personaliza
da: um
relato de
personalida
de
dactilocom
o nome do
indivíduo
escrito no
cimo da
folha.
Asseguos
estudantes
quanto à
estrita
privacidad
e, ninguém
a não ser
Forer e o
próprio
teriam
conhecime
nto do
conteúdo
do relato. a
941
leitura dos
relatos, os
estudantes
foram
convidados
a cotar do
teste na
descrição
da sua
personalida
de, através
de uma 0
(má) a 5
(perfeita).
Uma vez
que a
cotação
média foi
de 4.3, que
pensaram
que o teste
tinha
funcionado
bem. Só
que uma
coisa
incorrecta:
com
desconheci
mento dos
indivíduos,
tinha dado
a cada um
deles o
mesmo
relato de
personalida
de. como
puderam
quase
todos os
estudantes
ter
considerad
o o uma
boa
descrição
da sua
PERSONALIDADE • cap.
16
personalida
de única?
Podemos
como que
aconteceu,
se
considerar
mos o tipo
de
afirmações
que
compilou
para vez inseguro, assustado ou apreensivo com o seu ajustamento sexual e
compor o assim por diante Nestas circunstâncias, não é realmente surpreen_
relato dente que os indivíduos considerassem que o teste funcionou de facto
(Tabela bemJ . Numerosos estudos posteriores confirmaram os dados gerais de
16.2). Forer (por exemplo, Snyder, Shenkel e Lowery, 1977; Dickson e
Como a tabela Kelly, 1985). A moral é clara. O simples facto de a pessoa pensar que
mostra, a as
inter_ pretação de um teste se lhe ajusta não é garantia da validade
afirmações queteste.
do
constituíam as
descripersonalidad
Tabela 16.2 ESBOÇO DE PERSONALIDADE SUSCEPTÍVEL DE PRODUZIR UM
EFEITO DE BARNUM
e eram
1. V. tem uma grande necessidade de que os outros gostem de si e o
admirem.
suficientemente ZN. tem tendência para ser crítico de si próprio.
vagas para se 3. V. está cheio de capacidades que não tem aproveitado em seu
aplicapraticamente proveito.
a todos 4. Embora tenha algumas fraquezas de personalidade, V. é geralmente
os
indivíduos. Acapaz de as compensar.
5. O seu ajustamento sexual trouxellhe alguns problemas.
maioria deles deve
segurater sentido6. Disciplinado e auto-controlado por fora, V. tende a ser ansioso e
desejo de serinseguro por dentro.
estimado 7. V. verificou que era uma ingenuidade ser demasiado franco ao
pelos
outros, ter sidorevelar-se aos outros.
alguma 922 8. Umas vezes, V. é extrovertido, afável, sociável, e outras vczcs é
introvertido, desconfiado, reservado.
FONTE:Adaptado de Forer, 1949.
I
Curiosamente, a maioria das afirmações contidas nas descrições for am
tiradas dum livro de astrologia duma tabacaria. Ao fim e ao cabo, os
astrólogos e leitores da palma da mão e das folhas de chá estão sob o domínio
do efeito de Barnum há milhares de anos, antes do aparecimento daquele
efeito.
PERSONALIDADE • cap. 16 persuadidos de que as camadas mais profundas da personalidade de
qualquer indivíduo contêm desejos recalcados e conflitos
inconscientes que não são acessíveis pelos meios usuais. No seu
modo de ver, essas camadas mais profundas não são acessíveis
mediante perguntas directas como as contidas no MMPI, CPI e testes
semelhantes.
Mas como penetrar abaixo da superficie para descobrir o que o
próprio sujeito não conhece? Os grandes representantes da
abordagem projectiva defendem que a habilidade consiste em iludir
as defesas do examinando contra as pulsões e ideias ameaçadoras
com a apresentação de estímulos que são essencialmente
inestruturados ou ambíguos. Em seu entender, o examinando não
pode deixar de atribuir uma estrutura sua ao tentar descrever esses
estímulos; pensavam que, ao proceder assim, o examinando revelaria
algumas facetas mais profundas da personalidade. O material do teste
é, pois, considerado como uma espécie de pantalha onde o indivíduo
"projecta" os sentimentos, desejos, conflitos e ideias interiores.
É notável o número e variedade das técnicas projectivas. Umas
requerem que o sujeito apresente associações verbais ou complete
frases incompletas, outras que desenhem uma pessoa ou copiem
desenhos; outras ainda solicitam ao indivíduo que formule três
desejos. Iremos considerar apenas as duas mais frequentemente
usadas - a técnica dos borrões de tinta de Rorscbach e o Teste de
Apercepção Temática.
o
g ISO ida
a
d
o
e lm iví-
dc concerto) e vê-se a si próprio como parte dele (os dedos da sua PERSO própria mão). Ao contrário, o administrativo
centra-se na diferença entre o rapaz e o seu falecido e bem sucedido pai que ele podc não ser capaz dc ombrcar (muito
conhecido, muito bom músico), pelo que cle apenas sonha com o sucesso c compreensão futuros (Henry, 1973).
As interpretações deste tipo são bastantc sedutoras. Mas será que as facetas da personalidade
sugeridas pela interpretação do teste encontram-se realmente ali? Serão estas interpretações igualmente
perspicazes, quando o examinador não dispõe do beneficio do conhe_ cimento do que se passou antes,
quando não conhece as ocorrências relevantes da história da vida do indivíduo?
Hoje, existem para cima de onze mil artigos dedicados explicitamente ao Rorschach e ao TAT.
Considerado todo este esforço, o resultado é desconcertante. Segundo alguns especialistas, estas técnicas
têm uma validade limitada; segundo outros, não têm nenhuma (Holt, 1978; Kleinmuntz, 1982; Rorer,
1990; Kicine, 1995).
Validade e TAT. O TAT não teve mais sorte do que o Rorschach nos
estudos de validade que avaliam a sua capacidade para predizer
diagnósticos psiquiátricos. Num desses estudos, aplicou-se o TAT a mais
de uma centena de ex-militares do sexo masculino, uns em hospitais outros
na universidade. Os resultados do TAT não revelaram diferença entre
normais e doentes, sem falar entre diferentes grupos psiquiátricos (Eron,
1950).
Embora o TAT possa ter pouco interesse como instrumento de
diagnóstico de classificação psiquiátrica, o teste parece ter realmente alguma
validade, com objectivos mais delimitados. Múltiplos estudos mostraram que
o TAT pode ser um bom indicador da presença de certos motivos, se bem que
talvez não de todos. Um grupo de investigadores trabalhou com indivíduos
privados de alimento, durante diferentes espaços de tempo. Quando se lhes
apresentaram quadros tipo TAT, alguns dos quais sugeriam comida ou o acto
de comer, os indivíduos com fome contaram mais histórias cujos enredos se
referiam à fome ou à busca de comida do que um grupo de controlo de
indivíduos saciados (Atkinson e McClelIand, 1948). Têm-se obtido
resultados similares com diversos outros motivos que incluem a agressão, a
estimulação sexual, a necessidade de realização e outros. O sucesso destes
esforços representa um tipo de validade de construção do TAT como modelo
de avaliação pelo menos de alguns motivos.
928
,
Os sete anões psicólogos que estudam o tema da personalidade têm objectivos
como tipos de personagens. que estão para além dessas aplicações, por mais socialmente úteis que
Sabichão, Dorminhoco, Miudinho,
Constipado, Resmungão, Felizardo e
possam ser. Querem compreender os tipos dc diferenças que os testes de
Bonacheirão. (De Branca de Neve de personalidade põem a descoberto, encontrar uma base teórica segundo a
Walt Disney; gentileza da Kobal qual descrever tais diferenças e revelar como acontecem. Na tentativa de
Collection) responder a estas perguntas, recorrem a várias teorias da personalidade.
forma ou outra, se obtiveram. A maioria das teorias da personalidade, que até hoje se
Aplicar c cotar um Rorschach desenvolveram, não são realmente teorias no sentido convencional. Não
e/ou urn TAT exige muito tempo; são suficientemente específicas para permitirem predições precisas que
sendo assim, estes testes devem nos ajudem a escolher entre elas. Afinal, não são mais do que orientações
fornecer razoável aumento de diferentes segundo as quais o tema da personalidade é tratado.
informação. Os dados Começaremos com a perspectiva dos traços que tenta descrever as
disponíveis, porém, suge_ rem diferenças entre indivíduos usando um conjunto padrão de atributos.
que tal não acontcce. Vários A perspectiva dos traços constitui, antes de mais, uma tentativa para
estudos mostraram que, quando ser descritiva. Tenta encontrar uma maneira de caracterizar as pessoas pela
se pediu a psicólogos clínicos referência a alguns traços básicos subjacentes. Mas, exactamente, que
que tirassem conclusões sobre traços poderão ser tidos como básicos? Os teatros cómicos dos tempos
característi_ cas pessoais de clássicos e da Renascença - e a moderna teoria dos traços - significam não
indivíduos, eles foram quase tão só que determinada pessoa tem uma personalidade característica, mas que
exactos, com base ape_ nas na esta personalidade pode ser incluída numa categoria, juntamente com as
história do caso, como dispondo de outras que são de algum modo equivalentes. Mas quais as categorias
de outros dados extraídos dos segundo as quais as pessoas deverão ser agrupadas? Os primeiros
protocolos do Rorschach e do dramaturgos (e muitos autores de filmes) escolhiam alguns atributos que
TAT (Kostlan, 1954;Winch e eram fáceis de caracterizar e caricaturar - o silêncio da boca cerrada do
More, 1956). herói do oeste que só fala com a pistola, a castidade virtuosa da eterna
heroína, a cobardia do soldado fanfarrão (que nas mãos de Shakespeare
transcende este tipo e torna-se Falstaff)). Mas serão estes os traços de
A PERSPECTIVA DOS TRAÇOS personalidade que são realmente primários na descrição da personalidade
humana?
Os testes de personalidade A procura de uma resposta, por parte dos teóricos dos traços, é um
têm um objectivo muito prático. pouco como uma tentativa de encontrar alguns princípios gerais que estão
Pretendem ser uma ajuda no na base das numerosas máscaras, digamos, dum palco da Renascença
diagnóstico e no italiana. À primeira vista, estas máscaras são bastante
aconselhamento. Mas os
929
/ou una cer um pERSONALIDADE • cap. 16
1, suge- ndo se
tterístipersonagens usuais nos filmes do se ape-de
Hollywood. (A) O herói
oeste
10s dos (interpretado por William S. Hart) e
uma mulher aflita em Wild Bill Hickock, e (B) o
herói (interpretado por Roy Rogers) e o bandido
(interpretado por George Hayes) em
Young Buffalo Bill. (Gentileza
ático. de Movie Stills Archives) diferentes, tão diferentes como as pessoas que encontramos na vida
1as os PERSONALIDADE cap. 16 real. Haverá uma maneira de classificar tais máscaras segundo um
CIÁSSIFICAÇÃO ATRAVÉS DA LINGUAGEM
que pequeno número de dimensões básicas? Dito de outro modo, podere-
oas