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’22
Commedia Dell’ Arte
Nascida em meados do século XVI em Pádua, Itália, a Commedia Dell’Arte foi uma vertente
popular do teatro renascentista. Desenvolveu-se posteriormente em França na segunda
metade desse século e veio a alcançar um enorme reconhecimento e popularidade por
toda a Europa, até ao século XVIII. Tornou-se um género teatral antinaturalista que
persegue o principal propósito de instalar a boa disposição numa sala de espetáculos.
A Commedia Dell’ Arte descende dos festejos carnavalescos medievais, em honra de Baco -
o deus do vinho, da arte dos mimos romanos, dos cómicos solitários e dos bobos da Idade
Média, incorporando ainda vários elementos da comédia clássica, tanto no que diz respeito
à tipologia das personagens como no que se refere à construção das intrigas das peças. A
comédia atelana concorre igualmente para a sua tradição.
Como primeiro registo de companhia de Comédia Dell’ Arte, temos o exemplo da formação
da “Fraternal Companhia em Pádua, dos irmãos Andreini” em 1545.
Encontram-se dessa época registos do trabalho de pelo menos oito atores que se
preocuparam em se organizar nesta companhia, para juntos trabalharem e em equipa
criarem, com tarefas diferenciadas, mas com o objetivo comum da representação da
comédia.
Outro nome considerado como um dos percursores da Comédia Dell’ Arte é Angelo Beolco
(1502-1542), autor dos primeiros registos de comédia com nítidas personagens tipificadas.
A capacidade de escrever novas comédias floresceu assim e por volta do ano de 1580
muitos destes textos já eram publicados em livros. Estas estruturas em texto inspiravam a
preparação das suas performances. Frequentemente as histórias giravam em torno de
amores e desamores complicados, e de amores vividos com a forte oposição de alguém
próximo e poderoso.
Estes “guiões” eram normalmente afixados nos bastidores do palco e continham a
indicação das personagens que participavam em cada cena, e o tipo de situações que
aconteciam em cada uma. A partir daí, tudo o resto era por conta dos atores, com base no
seu improviso. O diretor/encenador destas companhias, que geralmente também era ator,
apresentava previamente estes guiões aos restantes elementos do grupo e assim se
preparavam para a encenação das suas apresentações. Estas pequenas companhias
geralmente tinham entre oito a doze atores que se estruturavam normalmente em torno
das personagens-tipo próprias da Comédia Dell’ Arte.
Principais características
- uso de máscaras (resgata a origem da meia-máscara na Grécia Antiga para explicar a sua
função. Lembremos que na Antiga Grécia, o formato da boca e o interior das máscaras era
construído de modo a funcionar como um megafone e, assim, facilitar a projeção vocal,
pois era preciso chegar milhares de espetadores. A meia máscara da commédia dell´arte
tem uma maior mobilidade expressiva e deixa livre a boca, permitindo assim uma
respiração mais cómoda e uma boa fonação (o que concorre para uma boa projeção de
voz)
- personagens tipo
As Máscaras e as Personagens
As máscaras utilizadas na Comédia Dell’ Arte eram diferentes das utilizadas no
teatro grego, pois não demonstravam qualquer tipo de emoção. Um dos
objetivos de usar este tipo de máscaras era permitir que o público
reconhecesse a personagem presente, deste o primeiro contacto visual. Estas
máscaras, que só preenchiam uma parte do rosto dos atores, deixavam a boca
e o queixo a descoberto. O uso de máscaras com estas características, permitia
destacar o movimento do corpo das personagens, através do qual se
demonstravam as emoções.
Cada personagem tipo, com traços de personalidade individualizados e bem
definidos, possuía uma máscara específica, que o público identificava de
imediato.
As personagens tipo, que são figuras grotescas da sociedade mercantil do
século XVI. As personagens da comédia italiana navegam permanentemente
entre dois polos contraditórios. Arlequim é, ao mesmo tempo, ingênuo e
malicioso, o Capitão é forte e medroso, o Doutor sabe tudo e não conhece
nada, Pantalone é, ao mesmo tempo, chefe da empresa, senhor de si e
totalmente louco no amor.
Os atores falavam dialetos diversos.
Havia três categorias distintas de personagens-tipo: os velhos, os servos e os
apaixonados.