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CEI-PGE/SP

1ª RODADA - 09/02/2018

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1ª RODADA - 09/02/2018
DURAÇÃO

09/02/2018 A 10/05/2018

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

540 QUESTÕES OBJETIVAS


total

12 QUESTÕES DISSERTATIVAS
total

6 PEÇAS OU PARECERES
total

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/SP
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2018
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

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1ª RODADA - 09/02/2018

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PROFESSORES

MARIANNA M. MOTTA LOSS. Coordenadora do CEI-PGE-SP. Professora de Legislação de


Seguridade Social. Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito. Especialista
em Direito Público e Direito Processual Civil.

DANIELE DE LUCENA ZANFORLIN. Procuradora da Fazenda Nacional. Pós-graduada em


Direito de Família e Sucessões pela FDR-UFPE. Bacharel em Direito pela FDR-UFPE.

IURI QUADROS. Advogado da União, aprovado em 11º lugar no último concurso da carreira,
obtendo a 2ª maior nota do Brasil na prova discursiva. Ex-assessor jurídico da Secretaria
de Estado de Transportes do Rio de Janeiro, aprovado nos concursos da Procuradoria-
Geral do Município de Canoas, Especialista em Regulação da Ancine (13º lugar), Advogado
da FINEP e Residência Jurídica da PGE/RJ. Bacharel em direito pela UFRJ.

MARIA HELENA MARTINS ROCHA PEDROSA. Professora de Direito Administrativo. Advogada


da União. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Ex-Defensora Pública
do Estado de Pernambuco. Aprovada nos concursos da AGU, DPU, DPE/PE e DPE/RN.

RAVI PEIXOTO. Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual pela
UERJ. Mestre em Direito pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado.
Aprovado nos concursos da PGM-JP, PGDF e PGM-Recife.

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WOLKER VOLANIN BICALHO. Procurador do Estado de São Paulo. Exerce suas atribuições
na Subprocuradoria Geral da Consultoria Geral. Coordenador e professor do curso
“Direito Previdenciário Público” na Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado de
São Paulo em 2015 (ESPGE). Mestrando em Direito do Trabalho e Previdência Social
pela Universidade de São Paulo (USP).

LUIS FILIPE CISCOTTO DE FILIPPO. Procurador da Fazenda Nacional (aprovado no concurso


2015/2016) e pós-graduando em direito tributário. Foi advogado e Tradutor Juramentado
de Italiano. Aprovado nos concursos para Advogado da União – 2015/2016 (3º Lugar) e
Procurador do Município de São Luís/2016, além de algumas procuradorias municipais no
Estado de Minas Gerais.

RAFAEL CARVALHO DE FASSIO. Procurador do Estado de São Paulo aprovado em 6º lugar


no último concurso da PGE, realizado em 2012. Atuou por três anos na Consultoria Jurídica
da Secretaria da Segurança Pública e, desde março de 2016, integra a equipe de assessores
da Subprocuradoria Geral do Estado da Consultoria, onde atuou na elaboração de petições
iniciais de ADI e manifestações da PGE/SP em processos do controle concentrado de
constitucionalidade. Graduação (2011) e Mestrado (2017) pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo.

GUILHERME MARTINS. Procurador do Estado de São Paulo (aprovado em 7º lugar). Exerce


suas atribuições na Agência Reguladora de Serviços Delegados de Transporte do Estado de
São Paulo (ARTESP). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). Mestrando em Direito e Desenvolvimento pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

RODRIGO LEVKOVICZ. Procurador do Estado de São Paulo (Assistência de Defesa do Meio


Ambiente), graduado pela PUC-SP, mestre em Interesses Difusos e Coletivos pela PUC-SP.
Especialista em Direito do Estado e em Direito Ambiental pela Escola Superior da Procuradoria
Geral do Estado de São Paulo. Conselheiro do CONSEMA, da Câmara de Compensação
Ambiental de São Paulo e ex-conselheiro do CONDEPHAAT.

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SUMÁRIO

PROFESSORES............................................................................................................................................3
APRESENTAÇÃO........................................................................................................................................6
CRONOGRAMA..........................................................................................................................................8
QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO............................................................9
DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................................................9
DIREITO PROCESSUAL CIVIL....................................................................................................15
DIREITO CIVIL............................................................................................................................... 20
DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................... 24
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO...................................................... 30
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................. 36
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................. 43
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.................................................. 49
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO................................ 55
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS........................................................................................... 61
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO....................................................... 62
DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................................................................... 62
DIREITO PROCESSUAL CIVIL................................................................................................... 80
DIREITO CIVIL............................................................................................................................... 97
DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................133
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO.....................................................158
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................ 181
DIREITO TRIBUTÁRIO...............................................................................................................204
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO................................................ 229
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO...............................261

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APRESENTAÇÃO

Prezados alunos, futuros Procuradores do Estado de São Paulo,

É com enorme satisfação que damos início a mais um curso de Rodadas de Questões para o
concurso de Procurador do Estado de São Paulo.

Neste curso, teremos 6 Rodadas de questões. A cada Rodada, vocês encontrarão 90 questões
objetivas, divididas em 9 disciplinas, cada qual contendo 10 questões, além de 1 peça ou
parecer e 2 questões discursivas.

Ao final do curso, vocês terão realizado 540 questões objetivas e lido seus respectivos
comentários, além de terem feito 6 peças ou pareceres e 12 questões discursivas.

Desse modo, para que vocês bem cumpram o objetivo ao qual se propuseram e, em razão
de que a publicação do edital para o concurso de Procurador do Estado de São Paulo se
aproxima, sugiro que vocês não negligenciem os estudos. Para isso, recomendo que realizem
as questões objetivas e discursivas no tempo sugerido – de 15 dias entre a liberação de uma
Rodada e outra, atentando ao prazo de envio das discursivas, bem como leiam atentamente
os comentários, inclusive – e principalmente – das assertivas incorretas, pois essa conjunção
de ideias e conhecimento fará com que vocês consigam sair do pensamento linear rumo ao
pensamento complexo de modo que tenham excelente aproveitamento na prova do concurso
ao qual serão submetidos.

Se possível, não deixem de ler eventuais artigos, dissertações ou teses elaborados por
membros integrantes da banca do concurso da PGE-SP, eis que já estão definidos (Drª Patricia
Ulson Pizarro Werner - Direito Constitucional; Drª Alessandra Obara Soares da Silva - Direito
Administrativo; Drª Juliana de Oliveira Duarte Ferreira - Direito de Pessoal e Previdenciário
Público; Dr. Lucas de Faria Rodrigues - Direito Ambiental; Dr. João Carlos Pietropaolo - Direito
Tributário; Drª Claudia Polto da Cunha - Direito Financeiro, Econômico e Empresarial Público;
Dr. Valter Farid Antonio Junior - Direito Civil; Dr. Marcelo José Magalhães Bonizzi - Direito
Processual Civil; Dr. Vinicius Teles Sanches - Direito do Trabalho e Processual do Trabalho).

Na medida do possível, nossos professores trarão nas questões matérias afeitas a cada um
dos membros designados a compor a banca, eis que, não raro, eles possuem predileção por
temas com os quais trabalham em suas atividades diárias. Portanto, atentem! A VUNESP
será a banca organizadora do concurso, porém o concurso terá suas questões realizadas por
comissão própria. Isso confere um viés especial à prova, eis que, provavelmente, veremos

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temas relativos ao cotidiano dos membros da banca nas questões trazidas, o que lhe trará
identidade e peculiaridade fugindo do geral e se debruçando sobre situações específicas do
Estado de SP, caso sigam a característica da última prova. Portanto, recomendo fortemente a
leitura das legislações do Estado de SP, conforme constam no último Edital, eis que possuem
grande probabilidade de virem a ser requisitadas.

Reitero que não basta a realização e correção das Rodadas, mas, sim, um estudo conjugado
de modo que vocês consigam, nesta reta final, realizar a leitura tanto da legislação, eis que
vocês serão cobrados a respeito de texto de lei – famosa “lei seca” –, quanto da doutrina, das
súmulas e da jurisprudência pertinente ao conteúdo estudado.

Quanto à organização do estudo, de antemão, sugiro que iniciem pelas matérias que vocês
não dominam seja porque nunca tiveram contato seja porque não possuem conhecimento.
Deixem para estudar, nos dias prévios à prova, conteúdos que vocês gostam ou têm facilidade,
pois, inevitavelmente, nesse período, vocês estarão mais cansados.

Ademais, não esgotem todas as suas forças no pré-prova, mas, sim, guardem energia suficiente
para realizar uma prova tranquilamente.

Caso vocês tenham dificuldade em se adequar ao tempo de prova, já comecem a treinar


a relação tempo versus nº de questões resolvidas quando da realização de cada uma das
Rodadas.

De nossa parte, posso adiantar que a cada Rodada estaremos nos esforçando para trazer um
material inédito e de qualidade ímpar, com correções de questões discursivas individualizadas
que auxiliarão vocês a corrigir eventuais equívocos que possuam no momento da escrita.
Ademais, todo nosso trabalho se pauta pelo conteúdo programático do último Edital e, em
alguns casos, já antevê eventuais assuntos que poderão vir a ser incluídos no Edital pendente
de publicação.

Ainda, uma vez publicado o Edital, abordaremos temas relevantes e novos que ele trará de
modo que o estudo de vocês seja, senão completo, o mais próximo da completude possível e
que vocês consigam estudar e revisar o maior número de pontos do Edital até a data da prova.

Fico à disposição para eventuais dúvidas e esclarecimentos pelo e-mail profcei.mariannamotta@


gmail.com.

Desejo que vocês se sintam tão satisfeitos com o curso quanto nós ficamos em elaborá-lo e
disponibilizá-lo a vocês.

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Abaixo, segue o cronograma esperado de nosso curso, o qual poderá sofrer modificação, caso
a data da prova seja anterior ao dia 10/5/2018.

Um forte abraço,

Marianna M. Motta Loss

CRONOGRAMA

Publicação rodada Publicação espelho

1ª. Rodada 09/02/18 01/03/18

2ª. Rodada 23/02/18 15/03/18

3ª. Rodada 09/03/18 29/03/18

4ª. Rodada 23/03/18 12/04/18

5ª. Rodada 06/04/18 26/04/18

6ª. Rodada 20/04/18 10/05/18

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO


ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a
nenhum material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Sobre a evolução histórica do constitucionalismo brasileiro, assinale a alternativa


correta:

A) A Carta de 1934, de cunho centralizador, atribuiu ao Presidente da República a


competência para expedir decretos-leis.

B) O federalismo, com reconhecimento de autonomia a União, Estados-Membros e


Municípios, foi uma inovação trazida pela Constituição de 1891.

C) O controle abstrato de constitucionalidade das leis surgiu no Brasil durante a


vigência da Constituição de 1946.

D) Não obstante o habeas corpus tenha sido previsto expressamente na


Constituição de 1824, o mandado de segurança só ganhou assento constitucional
na Constituição de 1891, a mesma que adotou a forma republicana de governo e
criou o Supremo Tribunal Federal.

E) A Constituição de 1891 foi a primeira a prever expressamente direitos e garantias


fundamentais.

2. Identifique, dentre as proposições abaixo, a alternativa incorreta:


A) A aprovação de uma proposta de emenda constitucional depende dos votos
favoráveis de 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, obtidos em
dois turnos de votação em cada uma delas.

B) A decretação de intervenção federal torna impossível uma eventual alteração


constitucional durante a sua vigência.

C) Mudanças na situação de fato pode conduzir à inconstitucionalidade de norma


anteriormente considerada válida.

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D) A jurisprudência do STF considera que os limites materiais ao poder de reforma


não equivalem à intangibilidade da disciplina dada ao tema pela redação originária
da Constituição, mas sim a proteção do núcleo essencial dos institutos protegidos
pelas cláusulas pétreas.

E) Não há óbice que impeça o Estado-membro de criar procedimento mais rigoroso


do que o previsto na Constituição Federal para a alteração da sua Constituição.

3. Sobre a disciplina constitucional dos direitos sociais, assinale a proposição incorreta:


A) A jurisprudência do STF entende que o “mínimo existencial” é um limite teórico
que impede a invocação, pelo Poder Público, da “reserva do possível” para furtar-
se ao cumprimento das prestações positivas necessárias à garantia da dignidade
da pessoa humana.

B) Os direitos sociais, assim como os demais direitos e garantias fundamentais,


tem sua aplicação imediata assegurada pela Constituição de 1988.

C) Os direitos sociais são caracterizados por exigir uma prestação estatal positiva
ao passo que os direitos individuais normalmente requerem um comportamento
negativo por parte do Estado.

D) O princípio da proibição de retrocesso, ou irreversibilidade dos direitos


fundamentais, aplica-se aos direitos sociais e resulta do sistema internacional de
proteção aos direitos humanos, que impõe a progressiva implementação efetiva
da proteção social por parte dos Estados.

E) O salário mínimo só pode ser utilizado como indexador de base de cálculo


de vantagens a servidores públicos e empregados nos casos expressamente
previstos em lei.

4. A nacionalidade é o vínculo jurídico de direito público interno entre uma pessoa e


um Estado. Tendo em vista a disciplina estabelecida pela Constituição de 1988 para a
nacionalidade brasileira, assinale a alternativa incorreta:
A) Maria, nascida em Buenos Aires, é filha de pai argentino e mãe brasileira e foi
registrada no Consulado Geral do Brasil naquela cidade. Por isso, é considerada
brasileira nata.

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B) A portaria de naturalização expedida pelo Ministro da Justiça tem caráter


declaratório, retroagindo seus efeitos à data do requerimento do interessado.

C) A presidência do Tribunal Superior Eleitoral só pode ser ocupada por brasileiro


nato.

D) Os cargos de oficial e de praça das Forças Armadas são privativos de brasileiros


natos.

E) A extradição de brasileiros natos não é admitida em nenhuma hipótese pelo


texto constitucional.

5. Considere o mapa fictício abaixo:

Fonte: Wikipédia
Identifique, entre as proposições a seguir, quais configuram requisitos para a criação de
novos Estados-membros na federação brasileira:
I. Consulta à população do território que pretende configurar o novo Estado.

II. Consulta à população do território que restar do Estado originário.

III. Aprovação por lei complementar federal.

IV. Aprovação por lei complementar estadual do Estado originário cujo território

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será subdividido.

A) Apenas I e II.

B) I, II e IV.

C) I, II e III.

D) I, III e IV.

E) Todas são corretas.

6. Assinale a alternativa correta sobre a organização do Estado brasileiro:


A) O Poder Executivo estadual poderá, mediante decreto, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões para integrar a organização,
o planejamento e execução de funções públicas de interesse comum.

B) Os Estados fronteiriços podem permitir, nos casos previstos em lei complementar,


que forças estrangeiras transitem pelo território nacional, cabendo à União
autorizar que nele permaneçam temporariamente.

C) No federalismo brasileiro as unidades federadas possuem capacidade de


autogoverno, auto-organização e autoadministração.

D) Por ser laico, o Estado brasileiro não pode estabelecer cultos religiosos ou
igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles
ou com seus representantes relações de dependência ou aliança, podendo,
todavia, colaborar, na forma da lei, com as religiões nacionalmente majoritárias
em atividades de interesse público.

E) Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de


seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser lei complementar.

7. O Estado de São Paulo entende ser inconstitucional uma lei municipal que proíbe, no
perímetro do Município “X”, a construção de quaisquer estabelecimentos prisionais,
federais ou estaduais. Para tanto, a competente Ação Direta de Inconstitucionalidade
poderá ser proposta perante o(a):
A) Supremo Tribunal Federal.

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B) Superior Tribunal de Justiça.

C) Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

D) Tribunal Regional Federal.

E) Supremo Tribunal Federal ou Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,


concorrentemente.

8. Assinale a proposição incorreta acerca das atribuições dos cargos de Governador e


Vice-Governador do Estado:
A) Se a Constituição de um Estado-membro exigir que a Assembleia Legislativa
conceda prévia licença ao Governador do Estado para ausentar-se do país em
qualquer hipótese, independentemente do prazo de afastamento, tal norma será
inconstitucional por infringência ao princípio da simetria.

B) No Estado de São Paulo, se a vacância dos cargos de Governador e Vice-


Governador do Estado ocorrer durante o último ano do mandato, o Presidente da
Assembleia Legislativa será chamado a exercer a função de Governador do Estado
pelo período restante.

C) Ocorrendo a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República


nos últimos dois anos do período presidencial, será feita eleição indireta para
ambos os cargos trinta dias depois da última vacância

D) A competência originária para processar e julgar o Governador de Estado por


crimes comuns pertence, por simetria, ao Tribunal de Justiça local.

E) As atribuições do Vice-Governador do Estado, além de auxiliar o Governador e


cumprir as missões especiais para as quais houver sido convocado pelo Chefe do
Poder Executivo, devem ser fixadas por meio de lei complementar estadual.

9. Identifique a alternativa correta sobre o sistema brasileiro de controle de


constitucionalidade:
A) Há inconstitucionalidade orgânica quando a lei, embora seu procedimento tenha
respeitado o processo legislativo, é produzida em desconformidade com as regras
de repartição de competências estabelecidas na Constituição

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B) A Ação Declaratória de Constitucionalidade foi introduzida em nosso


ordenamento jurídico com o advento da Constituição de 1988.

C) No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal


Federal não pode declarar a inconstitucionalidade de uma norma que não tenha
sido objeto do pedido sem antes determinar a emenda, pelo autor, da petição inicial.

D) Uma Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo


pode afastar a incidência de uma lei estadual no caso concreto, mas não pode
declarar expressamente a sua inconstitucionalidade em virtude da cláusula de
reserva de plenário.

E) As leis pré-constitucionais não podem ser objeto de Ação Direta de


Inconstitucionalidade, Ação Declaratória de Constitucionalidade nem Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental.

10. A respeito da disciplina constitucional sobre finanças públicas e orçamentos,


assinale a opção incorreta:
A) A União, os Estados e o Distrito Federal devem obrigatoriamente depositar
no Banco Central do Brasil as disponibilidades de caixa decorrentes de sua
movimentação financeira.

B) A Constituição da República veda ao Banco Central conceder, direta ou


indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade
que não seja instituição financeira.

C) Muito embora a Constituição da República vede a inclusão na Lei Orçamentária


Anual de dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, é
permitida a inclusão de dispositivo que autorize a contratação de operações de
crédito.

D) A Lei de Diretrizes Orçamentárias é de iniciativa do Poder Executivo e compreende


entre outros temas, as metas da administração pública federal e as despesas de
capital para o exercício financeiro subsequente.

E) A Constituição da República autoriza a perda do cargo de servidores estáveis


como medida para a redução de despesas de pessoal.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Analise as seguintes assertivas acerca da ação rescisória e assinale a incorreta.


A) Não cabe ação rescisória contra decisão interlocutória de mérito.

B) Havendo conflito entre duas coisas julgadas, prevalecerá a que se formou por
último, enquanto não desconstituída mediante ação rescisória.

C) Não se admite ação rescisória de decisões proferidas em harmonia com


a jurisprudência do STF, ainda que venha a ocorrer alteração posterior do seu
entendimento sobre a matéria.

D) A jurisprudência do STF não admite o sobrestamento de ação rescisória tendo


por base o argumento de eventual modificação de entendimento do tribunal.

E) A defensoria pública está dispensada do depósito prévio para o ajuizamento da


ação rescisória.

12. Sobre o tema da justiça gratuita, assinale a única assertiva correta.


A) O fato de a parte estar assistida pela Defensoria Pública gera o direito ao
benefício da justiça gratuita, devido ao fato de este ente representar apenas os
necessitados.

B) A concessão de gratuidade afasta a responsabilidade do beneficiário pelas


despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua
sucumbência.

C) Pessoa estrangeira residente no exterior não tem direito ao benefício da justiça


gratuita.

D) A concessão do benefício da justiça gratuita não retroage, tendo apenas efeitos


ex nunc.

E) Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver


deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o quíntuplo de seu valor a
título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou
federal e poderá ser inscrita em dívida ativa.

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13. Acerca da tutela da evidência, assinale a alternativa correta:


A) A tutela da evidência sempre tem a possibilidade de ser concedida liminarmente.

B) É cabível a tutela da evidência quando a petição inicial for instruída com prova
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova
capaz de gerar dúvida razoável.

C) A tutela da evidência é incompatível com os procedimentos especiais.

D) A tutela da evidência pode ser concedida quando as alegações de fato puderem


ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento
de casos repetitivos ou em súmula vinculante.

E) A tutela da evidência apenas pode ser requerida na petição inicial.

14. Em relação à temática da formação, suspensão e extinção do processo, assinale a


alternativa incorreta.
A) Será o suspenso o processo quando o advogado responsável pelo processo
constituir o único patrono da causa e tornar-se pai.

B) O deferimento de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade não


suspende o julgamento de processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato
normativo.

C) Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for despachada pelo juiz
ou quando distribuída, onde houve mais de uma vara.

D) Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato


delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo pelo prazo máximo de
um ano a contar da propositura da ação penal.

E) Suspende-se o processo quando se discutir em juízo questão decorrente de


acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo.

15. Uma relevante novidade no CPC/2015 foi a inserção da dinamização do ônus da


prova, instituto que já vinha sendo aplicado pela jurisprudência e defendido por parcela
considerável da doutrina. Acerca desse tema, assinale a alternativa incorreta.

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A) De acordo com o CPC, o momento mais adequado para a realização da


dinamização dos encargos probatórios será na decisão de saneamento e
organização do processo.

B) É cabível o agravo de instrumento em face da decisão que trate da dinamização


dos encargos probatórios.

C) A dinamização não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo


pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.

D) Independentemente do momento em que realizada a dinamização, sempre deve


ser permitido à parte se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

E) Ao contrário do que ocorre na inversão do ônus da prova, que é prevista no


CDC, a dinamização prevista no CPC é um instituto de mão-dupla.

16. Marcos estava andando de carro na cidade de Ribeirão Preto, quando foi atropelado
e teve de ser atendido em um hospital da rede pública do Estado de São Paulo, pois teve
fratura exposta na perna esquerda. Ocorre que houve um erro médico e amputaram a
perna direita do paciente.
Após a recuperação, Marcos voltou para a sua cidade natal, Vitória, capital do Espírito
Santo e resolveu ajuizar uma ação contra o Estado de São Paulo e contra o Médico por
erro médico. Destaque-se que esse Médico, no momento em que foi proposta a ação, já
havia se mudado para a cidade do Rio de Janeiro.
Tendo em vista essa situação assinale a resposta correta acerca da competência.
A) A ação deverá ser proposta em São Paulo.

B) A ação poderá ser proposta em Vitória, São Paulo, Ribeirão Preto ou no Rio de
Janeiro.

C) A ação poderá ser proposta em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

D) A ação poderá ser proposta apenas em Vitória e Ribeirão Preto.

E) A ação poderá ser proposta apenas no Rio de Janeiro.

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17. Sobre a apelação, assinale a alternativa correta:


A) Nos casos em que a apelação não possui o efeito suspensivo automático, a
parte pode promover a execução provisória após findo o prazo para a interposição
do recurso.

B) Não possui efeito suspensivo o capítulo da sentença que verse sobre os


alimentos.

C) Se a sentença for decretada nula pela ausência de fundamentação, o tribunal


deve devolver os autos para o primeiro grau para novo julgamento.

D) Cumpre ao tribunal de apelação, ao afastar o fundamento adotado pela sentença


apelada, examinar os demais fundamentos invocados pela parte para sustentar a
procedência ou a improcedência da demanda, independentemente de impugnação
pelas partes.

E) O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do em que a apelação


não possui o efeito suspensivo automático poderá ser formulado por requerimento
dirigido ao juiz, nos casos em que o recurso ainda não foi remetido ao tribunal.

18. Assinale a alternativa correta sobre os embargos de declaração, de acordo com a


legislação e o entendimento dos tribunais superiores:
A) Não configura omissão a ausência de manifestação no acórdão embargado a
respeito de pedido de aplicação de legislação superveniente ao caso concreto,
mesmo que tenha sido formulado pela parte na primeira oportunidade em que lhe
coube falar nos autos após a entrada em vigor da nova norma.

B) Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o


tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado
multa não excedente a um por cento sobre o valor atualizado da causa.

C) Os embargos de declaração opostos contra a decisão de presidente do tribunal


que não admite recurso extraordinário não suspendem ou interrompem o prazo
para interposição de agravo, por serem incabíveis.

D) Os embargos de declaração opostos em face de decisão unipessoal devem ser


julgados pelo órgão colegiado.

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E) A oposição de embargos de declaração tem aptidão de interromper o prazo para


o oferecimento da contestação e recursos.

19. Em relação à execução contra a fazenda pública, assinale a alternativa incorreta:


A) Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição
ou do precatório.

B) A execução de débito de Conselho de Fiscalização não se submete ao sistema


de precatório.

C) Em relação aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno


valor, que não seguem a mesma fila de pagamento dos precatórios, os respectivos
valores poderão ser fixados, por leis próprias, tendo valores distintos às entidades
de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo
igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.

D) É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista


prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial.

E) Caso o crédito principal ultrapasse o teto da requisição de pequeno valor


do respectivo ente, os honorários advocatícios devem necessariamente ser
executados por meio do regime de precatórios.

20. Sobre a homologação de sentença estrangeira e a concessão de exequatur à carta


rogatória, assinale a alternativa correta:
A) A homologação de sentença estrangeira sempre dependerá de requerimento
por meio de ação de homologação de decisão estrangeira.

B) A homologação é regulamentada pelo Regimento Interno do Superior Tribunal


de Justiça.

C) É passível de homologação decisão estrangeira sem natureza jurisdicional,


desde que, pela lei brasileira, ela tivesse natureza jurisdicional.

D) Na análise da carta rogatória que requeira execução de decisão estrangeira de


medida de urgência, a justiça brasileira poderá analisar a existência de urgência
ou não no caso concreto.

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E) Admite-se a homologação de sentença estrangeira mesmo que não tenha sido


juntada a original ou a cópia da sentença homologanda.

DIREITO CIVIL

21. A respeito da proteção ao bem de família, é correto afirmar que:


A) Não é possível a penhora de bem de família dado em hipoteca não registrada.

B) A impenhorabilidade do bem de família é oponível em qualquer processo de


execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo
se movido em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das
respectivas contribuições previdenciárias.

C) A Lei 8.009/90, que trata da impenhorabilidade do bem de família, aplica-se à


penhora realizada antes de sua vigência.

D) Os bens de família não podem ser objeto de medida de indisponibilidade prevista


na Lei de Improbidade Administrativa.

E) Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é possível que


a impenhorabilidade do bem de família atinja simultaneamente dois imóveis do
devedor – aquele onde ele mora com sua esposa e outro no qual vivem as filhas,
nascidas de relação extraconjugal.

22. A respeito dos defeitos do negócio jurídico previstos no Código Civil, assinale a
resposta correta:
A) A anulação do negócio por dolo exige a prova do prejuízo.

B) A impossibilidade inicial do objeto sempre invalida o negócio jurídico.

C) No dolo enantiomórfico não poderá haver a compensação parcial de condutas.

D) Para a configuração do estado de perigo, é necessário o dolo de aproveitamento.

E) Na simulação, dispensa-se que o ânimo de simular seja comum a ambas as


partes, bastando que o seja relativamente a uma delas.

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23. Sobre o tema da prescrição e decadência, indique a alternativa correta:


A) O prazo prescricional para cobrança de cotas condominiais é de três anos.

B) O prazo prescricional para as ações de repetição de indébito relativo às tarifas


de serviços de água e esgoto cobradas indevidamente é de cinco anos.

C) A interrupção do prazo prescricional operada contra o fiador não prejudica


o devedor afiançado, ainda que a relação seja reconhecida como de devedores
solidários.

D) A pretensão deduzida em demanda baseada na garantia da evicção submete-se


ao prazo prescricional de dois anos.

E) Prescreve em dez anos a pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto


de automóvel por mecânico que não tenha conhecimento técnico e formação
intelectual suficiente para ser qualificado como profissional liberal.

24. No âmbito da responsabilidade civil, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Nos procedimentos cirúrgicos estéticos, a responsabilidade do médico é
subjetiva com presunção de culpa.

B) A responsabilidade civil “effusi et dejects” não foi prevista no Código Civil.

C) A responsabilidade dos pais por seus filhos menores, é uma hipótese de


responsabilidade objetiva indireta ou impura.

D) Nos casos de responsabilidade civil derivada de incapacitação para o trabalho,


a vítima não tem o direito absoluto de que a indenização por danos materiais fixada
em forma de pensão seja arbitrada e paga de uma só vez.

E) A privação da liberdade por policial fora do exercício de suas funções e com


reconhecido excesso na conduta caracteriza dano moral in re ipsa.

25. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa


correta:
A) O aviso prévio não integra a base de cálculo da pensão alimentícia.

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B) A responsabilidade civil por danos decorrentes do direito de vizinhança é


subjetiva.

C) É vedada a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em


contratos bancários.

D) Acontecendo o suicídio nos dois primeiros anos de contrato, o beneficiário não


terá direito à indenização, salvo se o suicídio tenha ocorrido sem premeditação.

E) A convenção de condomínio poderá impedir, sempre que necessário, a presença


de animais nas respectivas unidades.

26. Em matéria de usucapião, assinale a afirmativa correta:


A) A sentença de usucapião possui natureza declaratória.

B) A citação válida em ação possessória é capaz de interromper a prescrição


aquisitiva para fins de usucapião.

C) A contestação apresentada na ação de usucapião é apta a interromper prazo da


prescrição aquisitiva.

D) A qualificação de posse como ad usucapionem pressupõe a prova da boa-fé.

E) Por não se admitir a posse dos bens incorpóreos, tais bens são insuscetíveis de
aquisição por usucapião.

27. Sobre a teoria da perda de uma chance, indique a alternativa correta:


A) A teoria da perda de uma chance não pode ser utilizada como critério para a
apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico.

B) O fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, ou para a


interposição de recursos, enseja sua automática responsabilização civil com base
na teoria da perda de uma chance.

C) O dano resultante da aplicação da teoria da perda de uma chance é considerado


dano emergente ou lucros cessantes.

D) De acordo com a teoria da perda de uma chance, aplicada pelo STJ, exige-se

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que o dano seja real, atual e certo, dentro de um juízo de probabilidade, e não mera
possibilidade.

E) A indenização decorrente da aplicação da teoria da perda de uma chance deve


corresponder ao valor integral do dano final experimentado pela vítima.

28. Em relação à União Estável, é CORRETO afirmar que:


A) Não é válida a fiança prestada durante união estável sem anuência do
companheiro.

B) É possível estipular contrato de união estável com efeitos retroativos.

C) O reconhecimento da união estável como entidade familiar, uma vez configurada


a convivência pública, contínua e duradoura, pressupõe a inexistência de
impedimentos para o casamento e a separação de fato, caso a pessoa seja casada,
não sendo suficiente, tão somente, que a união seja constituída com o objetivo de
constituição de família.

D) Na dissolução de união estável, não é possível a partilha dos direitos de


concessão de uso para moradia de imóvel público.

E) O STJ admite uniões estáveis paralelas ou plúrimas.

29. A respeito do instituto da cláusula penal no direito das obrigações, é INCORRETO


afirmar que:
A) Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das
arras com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non
bis in idem.

B) A cláusula penal não pode ter valor excedente ao da obrigação principal.

C) A cláusula penal moratória pode ser compensada com perdas e danos. De outro
lado, a cláusula penal compensatória não pode ser compensada com perdas e
danos.

D) A cláusula penal deve ser estipulada conjuntamente com a obrigação e pode


referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou
simplesmente à mora.

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E) A cláusula penal não é permitida para as hipóteses de renúncia ou revogação


do mandato.

30. Sobre condomínio em edifícios, assinale a alternativa CORRETA:


A) O direito de preferência previsto no art. 504 do CC aplica-se ao contrato de compra
e venda celebrado entre condôminos, e não àquele ajustado entre condôminos e
terceiros.

B) A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos


titulares de, no mínimo, um terço das frações ideais e torna-se, desde logo,
obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre
elas tenham posse ou detenção.

C) Os abrigos para veículos não poderão ser alienados ou alugados a pessoas


estranhas ao condomínio, mesmo havendo autorização expressa na convenção
de condomínio.

D) O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios
convencionados, se previstos na Convenção de Condomínio, e mais multa de até
três por cento sobre o débito.

E) Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração
da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária,
depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos.

DIREITO ADMINISTRATIVO

31. Maria, que possui um terreno na cidade de Registro/SP, celebrou um contrato com a
empresa Olá!, prestadora de serviço público de telecomunicações, de interesse coletivo,
para que esta empresa instalasse uma torre naquela área, de modo que a cobertura
da empresa pudesse chegar àquela localidade. Quatro meses depois, a empresa Olá!
permitiu, sem o consentimento de Maria, que a empresa Hello!, que também é prestadora
de serviço público de telecomunicações, utilizasse a estrutura montada para instalar
seus equipamentos, mediante pagamento de preço justo e razoável. Diante da situação
narrada, assinale a alternativa correta:
A) No caso, a instalação de equipamentos da empresa Hello! no terreno de Maria
fere seu direito à propriedade, na medida em que ela não consentiu com a operação.

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Assim, Maria pode pleitear indenização em face da empresa Hello!, ainda que não
haja redução do potencial de exploração econômica do bem imóvel.

B) A empresa Olá!, na hipótese descrita, não pode cobrar nenhum pagamento à


empresa Hello! pela utilização da torre instalada.

C) Tendo a empresa Hello! manifestado a intenção de utilizar-se da estrutura


montada pela empresa Olá!, esta não poderia, em hipótese alguma, negar o
compartilhamento.

D) A forma de intervenção do Estado na propriedade descrita no caso pode, em


tese, ser efetivada pelo Poder Público ou por delegatário, desde que haja, neste
último caso, autorização legal ou negocial.

E) A situação exposta no enunciado descreve hipótese de limitação administrativa.

32. A Empresa X venceu uma licitação na modalidade pregão, para prestar serviço de
limpeza à União. Dentro do prazo de validade da proposta, a vencedora foi convocada,
porém apresentou documentação falsa, o que foi prontamente percebido pelo servidor
responsável pela conferência do documento. Diante disso, além das providências penais
cabíveis, a empresa X ficou impedida de contratar com a União pelo período de cinco
anos, tendo sido inscrita no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas,
mantido pela Controladoria-Geral da União. Três anos após o ocorrido, a Empresa X
pretendia participar de licitação no Estado de São Paulo, mas verificou, junto ao Portal
da Transparência, que permanecia inscrita no Cadastro desabonador mencionado.
Por isso, adotou medida judicial contra a União, a fim de retirar seu nome do referido
Cadastro e, ainda, obter indenização por danos morais. Diante da situação narrada,
assinale a alternativa correta.

A) Há consenso doutrinário no sentido de que a sanção de “impedimento de licitar


e contratar” prevista na Lei nº 10.520/2002 é idêntica à “suspensão temporária”
prevista na Lei nº 8.666/1993.

B) A situação descrita é irregular, pois o prazo máximo para a fixação da penalidade


de “impedimento de licitar e contratar” prevista na Lei do Pregão é de dois anos.

C) O fato de a empresa X constar no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas

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e Suspensas gera dano moral in re ipsa, cuja indenização pode ser demandada à
União, responsável pela publicação.

D) A divulgação da empresa X no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e


Suspensas pela CGU não é determinante para que o Estado de São Paulo impeça
a sua participação em licitações.

E) Pela expressa dicção legal, na Lei nº 10.520/2002, o sancionamento só pode


corresponder a atos ilícitos praticados durante a execução contratual, mas não
durante o certame licitatório.

33. Sobre a ação civil pública por improbidade administrativa, indique o item correto:

A) De acordo com a atual jurisprudência do STJ, a sentença que concluir pela


improcedência da ação de improbidade administrativa sujeita-se ao reexame
necessário.

B) Para a decretação da medida cautelar de indisponibilidade de bens, na ação


de improbidade, é necessário haver indícios do cometimento de ato ímprobo que
cause lesão ao erário ou enriquecimento ilícito, bem como a demonstração do
periculum in mora concreto, ou seja, dos atos do sujeito ativo do ato de improbidade
tendentes à dilapidação de seu patrimônio.

C) A redação atual da Lei nº 8.429/1992, em atenção aos princípios processuais,


admite conciliação nas ações de improbidade.

D) Após o oferecimento de defesa prévia, a única hipótese de rejeição da pretensão


deduzida na ação de improbidade é a existência de prova que demonstre,
cabalmente, a inexistência de ato de improbidade.

E) O Ministério Público atuará, obrigatoriamente, como fiscal da lei em todas as


ações de improbidade administrativa, sob pena de nulidade.

34. Sobre os bens públicos dominicais, indique a alternativa incorreta.


A) Para parcela da doutrina, a administração dos bens dominicais submete-se a
regime jurídico de direito privado parcialmente derrogado pelo direito público.

B) A Constituição da República não admite usucapião de bens dominicais.

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C) A alienação ou a concessão de bens dominicais com área superior a 2.500


hectares depende de prévia aprovação do Congresso Nacional, exceto para fins
de reforma agrária.

D) A alienação de bens dominicais deve atender às exigências legais, a exemplo


da prévia avaliação.

E) Tratando-se de alienação de bens dominicais móveis, a modalidade de licitação


a ser utilizada é a concorrência.

35. Observadas as exigências legais, no âmbito da Administração Pública, admite-se


a arbitragem para dirimir conflitos oriundos dos contratos celebrados nos seguintes
casos, exceto:
A) Nas concessões comuns.

B) Na alienação de bens dominicais.

C) Nas parcerias público-privadas.

D) Na cessão de direitos patrimoniais indisponíveis.

E) No regime diferenciado de contratação.

36. Maria, servidora pública de autarquia estadual, pediu reclassificação a que teria
direito por força de clara disposição de lei, a qual lhe foi negada pelo dirigente máximo,
mediante ciência inequívoca, no dia 02.01.2018. Inconformada, Maria apresentou,
administrativamente, pedido de reconsideração, o qual foi indeferido, dando-se-lhe
ciência deste último indeferimento no dia 02.02.2018. Novamente irresignada, Maria
impetrou, perante o juízo de uma das varas da fazenda pública, mandado de segurança
com pedido de medida liminar em face do Governador do Estado de São Paulo no dia
20.05.2018, visando obter sua reclassificação, que considera direito líquido e certo.
Na petição inicial, requereu, além disso, a condenação do Estado no pagamento de
honorários de sucumbência. Ante o exposto, indique a alternativa correta:
A) No caso, o pedido de reconsideração apresentado por Maria tem o condão
de interromper o prazo para impetração do writ, razão por que não ocorreu a
decadência.

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B) A vara da fazenda pública, de acordo com as normas estaduais, possui


competência para processar e julgar o mandado de segurança contra ato do
Governador.

C) Existe vedação legal expressa à concessão de liminar em favor de Maria. Caso o


juízo a conceda, o ente público poderá interpor recurso de agravo de instrumento.

D) Caso a pretensão de Maria fosse viável e juridicamente possível, seria cabível a


condenação em honorários advocatícios.

E) O Governador do Estado possui legitimidade para figurar como autoridade


coatora.

37. No Município de São José dos Campos/SP, Maria construiu um shopping center sem
a apresentação do projeto arquitetônico no departamento competente na Prefeitura,
o que era exigido pela lei que instituiu o plano diretor municipal. Diante da situação
narrada, aponte a alternativa correta:
A) A Administração Pública municipal, no caso, realizou exigência que, apesar de
ter amparo legal, é inconstitucional, pois incompatível com o direito fundamental
à propriedade.

B) O plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 15 (quinze) mil habitantes.

C) No caso, apesar do atributo da autoexecutoriedade, o Município tem interesse


de agir em ação judicial que vise à demolição do prédio construído por Maria.

D) Todos os atos de polícia são dotados de autoexecutoriedade.

E) A autoexecutoriedade consiste na execução dos atos administrativos por meios


indiretos, o que poderá ser feito pela Administração Pública, no caso.

38. Sobre a remuneração dos servidores públicos, considere as seguintes assertivas,


indicando, em seguida, a alternativa que elenca apenas a(s) correta(s).
I. Em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição, o Poder Judiciário pode,
verificando ofensa ao princípio da isonomia, aumentar os vencimentos de categoria
de servidores públicos.

II. É inconstitucional a vinculação do reajuste de servidores públicos municipais a

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índices federais de correção monetária.

III. A garantia constitucional de salário mínimo, quando aplicada aos servidores,


refere-se ao vencimento básico do cargo.

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) Apenas I.

E) Apenas II.

39. Sobre o princípio da legalidade, indique a alternativa correta.


A) Para a parcela da doutrina que classifica os princípios em fundamentais, gerais
e setoriais, o princípio da legalidade enquadra-se como princípio setorial, mas
nunca como princípio geral.

B) Apesar das mudanças paradigmáticas trazidas pela constitucionalização do


direito administrativo, prevalece na doutrina clássica a ideia de vinculação negativa
da Administração em relação à lei.

C) A crise da concepção tradicional do princípio da legalidade liga-se, em parte, à


heterogeneidade dos interesses característica do Estado pluriclasse.

D) Em alguns países, como no Brasil, o princípio da legalidade confere ao


administrador público um campo de liberdade autônoma e amplamente flexível.

E) O princípio da moralidade visa combater os favoritismos na Administração


Pública, porém este propósito não é ínsito ao princípio da legalidade.

40. Sobre as empresas estatais, indique a alternativa que contém, precisamente, o(s)
item(ns) correto(s):
I. As sociedades de economia mista podem assumir qualquer forma societária
admitida em lei.

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II. Em regra, compete à justiça comum estadual julgar as causas em que é parte
sociedade de economia mista.

III. Nas empresas públicas, apenas as pessoas administrativas participam da


formação do capital.

A) I, apenas.

B) II, apenas.

C) III, apenas.

D) I e III.

E) II e III.

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

41. Para o Supremo Tribunal Federal, a contribuição para o Regime Próprio de Previdência
Social do servidor inativo e do pensionista, instituída pela Emenda Constitucional nº
41/2003, é:
A) Inconstitucional, uma vez que a instituição de contribuição para o aposentado
e pensionista desnatura a natureza jurídica da contribuição previdenciária, porque
simplesmente reduz o valor final da aposentadoria e da pensão, sem qualquer
contrapartida, em evidente violação ao princípio da irredutibilidade do valor do
benefício.

B) Inconstitucional, tendo em vista que a instituição de contribuição previdenciária


a servidores inativos e pensionistas vai de encontro à proteção do direito
adquirido, já que tais beneficiários cumpriram todos os requisitos para aquisição
da aposentadoria e da pensão antes da vigência da Emenda Constitucional nº
41/2003.

C) Inconstitucional, uma vez que a imposição de contribuição previdenciária sem


qualquer contrapartida possui caráter confiscatório e viola, portanto, o princípio
do não confisco atribuído a todos os tributos.

D) Constitucional, porque a contribuição previdenciária não possui natureza

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jurídica tributária, podendo incidir sobre os proventos de aposentadoria e de


pensão independentemente de seguir as regras do Direito Tributário.

E) Constitucional, tendo em vista que o Regime Próprio de Previdência Social


deve observar o princípio da solidariedade e do equilíbrio financeiro-atuarial,
o que legitima a instituição de contribuição para o aposentado e pensionista,
independentemente de qualquer contrapartida.

42. Após a Emenda Constitucional nº 20/1998, são vinculados ao Regime Próprio de


Previdência Social os seguintes servidores públicos:
A) Os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.

B) Os servidores estatutários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios, exceto os servidores das autarquias e fundações;

C) Os servidores titulares de cargos efetivos e os ocupantes de cargos


exclusivamente comissionados da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.

D) Os servidores titulares de cargos efetivos e os empregados públicos da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
fundações.

E) Os servidores titulares de cargos efetivos e os servidores temporários da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
fundações.

43. No que tange à aposentadoria do servidor público podemos afirmar que:


A) Os proventos da aposentadoria por invalidez permanente são calculados, em
regra, de forma integral.

B) Nos casos de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,


contagiosa ou incurável, na forma da lei, os proventos da aposentadoria por
invalidez permanente são calculados com base na última remuneração do servidor.

C) Aos servidores que ingressaram no serviço público até 31 de dezembro de 2003,

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os proventos da aposentadoria por invalidez permanente são calculados com base


na última remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria.

D) Os proventos da aposentadoria compulsória serão calculados de forma integral.

E) A aposentadoria compulsória do servidor público se dá, em todos os casos, aos


70 (setenta) anos de idade, tendo em vista sua incapacidade permanente para o
serviço público.

44. José, professor da rede estadual de ensino, desenvolveu exclusivamente funções de


magistério no ensino fundamental, exceto nos 5 (cinco) últimos anos, quando exerceu a
atividade de diretor de sua unidade escolar. Possui, atualmente, 55 (cinquenta e cinco)
anos de idade, 30 (trinta) anos de contribuição, 10 (dez) anos de efetivo exercício no
serviço público e 5 (cinco) anos no cargo em que pretende se aposentar.

Diante desse caso hipotético, José

A) Poderá se aposentar, tendo em vista que completou todos os requisitos


constitucionais para a aposentadoria especial de professor.

B) Não poderá se aposentar tendo em vista que o professor do ensino fundamental


foi excluído do rol dos beneficiários da aposentadoria especial pela Emenda
Constitucional nº 20/1998.

C) Não poderá se aposentar de forma especial, porque não preencheu o requisito


mínimo da idade exigido na Constituição Federal.

D) Não poderá se aposentar de forma especial, porque não preencheu o requisito


mínimo do tempo de contribuição exigido na Constituição Federal.

E) Não poderá se aposentar de forma especial, tendo em vista que, para o Supremo
Tribunal Federal, o tempo prestado fora da sala de aula não se computa para efeito
de aposentadoria especial de professores.

45. Cabe à São Paulo Previdência, EXCETO:


A) A administração, o gerenciamento e a operacionalização do Regime Próprio de
Previdência Social e o Regime Próprio de Previdência dos Militares do Estado de
São Paulo – RPPM.

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B) A concessão, pagamento e manutenção dos benefícios para os servidores dos


Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

C) A gestão dos fundos e recursos arrecadados.

D) A manutenção do cadastro individualizado dos servidores públicos ativos e


inativos.

E) A arrecadação e a cobrança das contribuições previdenciárias.

46. Para o Supremo Tribunal Federal, a alusão, no edital do concurso público, a parâmetros
do tamanho da tatuagem para admissão do candidato aos quadros da polícia militar do
Estado é:
A) Constitucional, tendo em vista que o edital do concurso estabeleceu parâmetros
objetivos para a admissão dos candidatos no cargo.

B) Constitucional, tenho em vista que a polícia militar é uma carreira cuja restrição
de tatuagens se justifica pela natureza das atribuições.

C) Inconstitucional, uma vez que os requisitos que restringem o acesso a concurso


público devem estar contidos em lei e não apenas no edital de concurso público.

D) Inconstitucional, tendo em vista que pelo princípio da igualdade previsto no art.


5º, caput, da Constituição Federal, não se permite qualquer restrição de acesso
aos candidatos do concurso público.

E) Constitucional, porque os candidatos não podem questionar as normas do


edital da polícia militar, uma vez que a carreira se baseia no binômio hierarquia e
disciplina.

47. Quanto ao concurso público, de acordo com a Constituição e com os Tribunais


Superiores, é INCORRETO afirmar que:
A) O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período.

B) A nomeação dos candidatos aprovados em concurso público é ato vinculado da


Administração.

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C) O candidato aprovado em concurso preterido pela não observância da ordem


de classificação ou da ordem dos concursos realizados, tem direito subjetivo a ser
nomeado.

D) O candidato aprovado dentro do número de vagas disponíveis no edital de


convocação do concurso tem direito subjetivo à nomeação.

E) A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em


concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza
e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração.

48. De acordo com a postura do Supremo Tribunal Federal, a greve dos servidores
públicos civis:
A) É possível após a edição de lei específica, uma vez que o Poder Judiciário
somente pode declarar a existência ou não de mora legislativa, diante do princípio
da separação dos Poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal.

B) Não é possível, uma vez que aos funcionários públicos é vedado, pela
Constituição Federal, exercer o direito de greve.

C) É possível, independentemente de limitação, tendo em vista que se trata de


norma de eficácia contida, que somente pode ser restringida por meio de lei
específica do ente político.

D) É possível, adotando-se, por analogia e no que couber, as leis que regulamentam


o direito de greve dos trabalhadores em geral.

E) A decisão do Supremo Tribunal Federal que normatiza o direito de greve impede


que o Poder Legislativo regulamente, futuramente, a mesma matéria.

49. De acordo com a Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo,
assinale a alternativa correta:
I - O Procurador Geral do Estado, responsável pela orientação jurídica e
administrativa da instituição, será nomeado pelo Governador, em comissão, entre
os Procuradores em atividade confirmados na carreira;

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II - O Procurador do Estado de São Paulo goza da garantia da inamovibilidade,


para o fiel exercício de suas funções, somente sendo possível sua remoção por
manifestação da maioria absoluta dos membros do Conselho da Procuradoria
Geral do Estado;

III - O Procurador do Estado de São Paulo possui autonomia funcional e


administrativa, para o fiel exercício de suas funções.

A) Somente a opção I está correta.

B) Estão corretas as opções I e II.

C) Estão corretas as opções I e III.

D) Estão corretas as opções I, II e III.

E) Somente a opção III está correta.

50. A respeito da estabilidade do servidor público civil, de acordo com a Constituição


Federal e com a posição dos Tribunais Superiores, é CORRETO afirma que:
A) É assegurada a estabilidade somente ao funcionário que, nomeado por concurso,
contar mais de 2 (dois) anos de efetivo exercício.

B) O funcionário estável só poderá ser demitido em virtude de sentença judicial ou


mediante processo administrativo, assegurada ampla defesa.

C) Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor em estágio


probatório ficará em disponibilidade.

D) O servidor em disponibilidade receberá remuneração integral até o seu


aproveitamento em outro cargo.

E) Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele


reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

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DIREITO AMBIENTAL

51. A autonomia do Direito Ambiental em relação aos outros ramos do Direito é


materializada por meio de princípios jurídicos que lhe são próprios. Sobre essa temática,
assinale a alternativa INCORRETA:
A) O princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado, traduz direito de
3ª geração/dimensão, formal e materialmente constitucional, de aplicabilidade
direta e imediata, protegido por cláusula pétrea, a despeito de não se inserir no
rol exemplificativo dos direitos e garantias fundamentais, previsto no artigo 5° da
Constituição Federal.

B) A propriedade urbana cumpre sua função sócio-ambiental quando seu exercício


se amolda às exigências de ordenação da cidade expressas no plano diretor; a
propriedade rural, por sua vez, cumpre sua função sócio-ambiental quando seu
exercício oportuniza a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis
de modo a preservar o meio ambiente e com a observância das disposições que
regulam as relações de trabalho.

C) O princípio da prevenção, expressamente adotado pela Constituição Federal,


“proteger e preservar”, é o caminho mais seguro para a manutenção do equilíbrio
ecológico no planeta, uma vez que o dano ambiental é, em geral, irreversível e
irreparável. Dentre suas erradicações, pode-se destacar a educação ambiental, a
obrigatoriedade do estudo prévio de impacto ambiental para a instalação de obra
ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, a
necessidade de definição de espaços especialmente protegidos, o manejo ecológico,
o zoneamento ambiental, os incentivos fiscais em razão da adoção de tecnologias
limpas, a imposição de sanção pecuniária e criminal para o poluidor, etc.

D) O princípio da precaução, expressamente adotado na Constituição Federal e


na lei de crimes ambientais, funda-se na aplicação do adágio in dubio pro natura
diante da incerteza cientifica, o que impõe a tomada de medidas acautelatórias
para determinadas atividades, ainda que não haja certeza científica sobre suas
consequências danosas.

E) O princípio do usuário-pagador decorre da necessidade de se valorar


economicamente os recursos naturais, evitando-se que o chamado custo zero

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propicie sua utilização de forma excessiva.

52. A Constituição Federal de 1988 trata como patrimônio nacional a Floresta Amazônica
brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.
Em relação à Mata Atlântica, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A Constituição do Estado de São Paulo estabelece que a Mata Atlântica, ao lado


da Serra do Mar, da Zona Costeira, do Complexo Estuarino Lagunar entre Iguape e
Cananéia, dos Vales dos Rios Paraíba, Ribeira, Tietê e Paranapanema e as unidades
de conservação do Estado são espaços territoriais especialmente protegidos e
sua utilização far-se-á na forma da lei, dependendo de prévia autorização e dentro
de condições que assegurem a preservação do meio ambiente.

B) São vedados o corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária em


estágio médio e avançado de regeneração quando a área proteger o entorno de
Unidades de Conservação.

C) Compete ao IBGE a delimitação em mapa das formações florestais nativas e


ecossistemas associados que integram o Bioma Mata Atlântica no qual se incluem: a
Floresta Ombrófila Densa; a Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata
de Araucárias; a Floresta Ombrófila Aberta; a Floresta Estacional Semidecidual;
e a Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de
restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.

D) A vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de


regeneração do Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação nos casos
de desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou não
licenciada, ressalvadas as hipóteses de caso fortuito ou força maior, como, por
exemplo, os incêndios naturais.

E) O Bioma da Mata Atlântica goza de proteção penal específica, cujo tipo


incriminador comina pena de detenção para aquele que destruir ou danificar
vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração,
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção.

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53. Em relação a distribuição das competências em matéria ambiental, conforme definido


na Constituição Federal, assinale a alternativa INCORRETA:
A) A Constituição Federal estabeleceu competência legislativa privativa da União
em relação às seguintes matérias: águas, populações indígenas, jazidas, minas
e outros recursos minerais, e competência legislativa concorrente entre a União,
os Estados-Membros, Distrito Federal e os Municípios em relação à proteção do
patrimônio paisagístico, responsabilidade por dano ao meio ambiente e defesa do
solo e dos recursos naturais.

B) No âmbito da competência legislativa concorrente, o Estado-Membro está


autorizado a exercer sua competência suplementar para legislar sobre florestas,
caça, pesca, fauna, conservação da natureza, proteção do meio ambiente e controle
da poluição e, neste caso, se houver a superveniência de lei federal de caráter
geral, a lei estadual ficará com sua eficácia suspensa.

C) No julgamento da ADI nº 350/SP, o Supremo tribunal Federal assentou a


constitucionalidade formal do artigo 204 da Constituição do Estado de São Paulo,
segundo o qual “fica proibida a caça, sob qualquer pretexto, em todo o Estado”,
reconhecendo-se o legítimo exercício da competência legislativa suplementar do
Estado-Membro em disciplinar essa questão segundo suas peculiaridades, mas,
também, conferiu-lhe interpretação conforme para permitir o abate controlado de
animais para fins científicos ou por motivo de saúde pública.

D) Um município sobre o qual se sobreponha um Parque Estadual pode tomar


medidas administrativas com o objetivo de impedir corte ilegal de vegetação dentro
da área do Parque, ainda que referida unidade de conservação seja de propriedade
do ente estadual.

E) Os Estados-Membros poderão legislar acerca de pontos específicos tratados


dentre as competências privativas da União pela Constituição Federal de 1988,
desde que haja lei complementar federal delegando a disciplina de respectivas
matérias.

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54. A Lei n. 9.985/00, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação


(SNUC), previu a obrigação de o empreendedor apoiar a implantação e a manutenção
das unidades de conservação. Considerando a legislação vigente, assinale a alternativa
INCORRETA:

A) Não serão incluídos no cálculo da compensação ambiental os investimentos


referentes aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de
licenciamento ambiental para mitigação de impactos.

B) Constitui condicionante da Licença Prévia - LP a obrigação de o empreendedor


assumir com o Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria do Meio Ambiente,
com a interveniência da CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a
obrigação de cumprir a compensação ambiental, mediante a subscrição do Termo
de Compromisso de Compensação Ambiental - TCCA.

C) o Termo de Compromisso de Compensação Ambiental - TCCA subscrito


terá força de título executivo extrajudicial, e seu descumprimento ensejará sua
remessa à Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo para execução judicial das
obrigações dele decorrentes, sem prejuízo da imposição autônoma das demais
sanções administrativas e penais aplicáveis à espécie.

D) o cumprimento da compensação ambiental objeto do Termo de Compromisso


de Compensação Ambiental - TCCA constitui condição de validade da Licença de
Implantação - LI do empreendimento, atividade ou obra objeto do EIA/RIMA.

E) No Estado de São Paulo, a critério da Secretaria do Meio Ambiente, quando os


recursos forem destinados a unidades de conservação da natureza instituídas ou a
serem criadas no Estado de São Paulo, o empreendedor se desonerará da obrigação
mediante a comprovação do depósito do valor da compensação ambiental na
conta do Fundo Especial de Despesa para a Preservação da Biodiversidade e dos
Recursos Naturais - FPBRN, ou do depósito do valor da compensação ambiental
em conta poupança de titularidade do empreendedor.

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55. Dentre os tipos de unidade de conservação de proteção integral criados pelo SNUC,
assinale a alternativa que indica qual não necessita ser integralmente de dominialidade
pública, a depender da anuência dos proprietários das áreas sobrepostas:

A) Reserva Particular do Patrimônio Natural.

B) Parque Nacional.

C) Monumento Natural.

D) Reserva de Fauna.

E) Reserva Biológica.

56. No que toca às construções irregulares erigidas em próprios estaduais ou em áreas


ambientalmente protegidas, assinale a alternativa INCORRETA:
A) Construções com ocupação consolidada, havendo a oposição dos moradores,
só poderão ser demolidas mediante a aplicação de respectiva pena administrativa,
após regular procedimento administrativo, assegurado o direito de defesa ao
ocupante.

B) Se a construção estiver acabada, só será possível sua demolição imediata, sem


a necessidade de prévio procedimento administrativo ou de autorização judicial,
caso esteja com evidentes sinais de abandono ou em ruínas.

C) Se a construção estiver sendo utilizada exclusivamente como rancho de caça,


cativeiro de pessoas, ou outra finalidade criminosa, e estiver situada em próprio
estadual ou Unidade de Conservação de dominialidade pública, admite-se sua
demolição, mediante prévio procedimento administrativo, assegurada a ampla
defesa e o contraditório.

D) Se a construção estiver inacabada, é lícito ao agente estatal proceder sua


imediata demolição, sem a necessidade de prévio procedimento administrativo ou
de autorização judicial.

E) Construções com ocupação consolidada, havendo a oposição dos moradores,


ainda que haja prévio procedimento administrativo com a imposição de pena de
demolição, só poderão ser demolidas mediante autorização judicial.

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57. Em relação à área preservação permanente, assinale a opção INCORRETA:


A) A área de preservação permanente caracteriza-se como área protegida, coberta
ou não por vegetação nativa.

B) A obrigação de recompor a vegetação de área de preservação permanente


indevidamente suprimida, dada sua natureza real, transmite-se ao proprietário, ao
possuidor ou ao ocupante da área, a qualquer título, ainda que não tenha praticado
a supressão.

C) Uma das inovações trazidas pelo código Florestal de 2012 consiste na


possibilidade de sempre se computar as áreas de preservação permanente no
cálculo do percentual da área de Reserva Legal do imóvel.

D) Não será exigida área de preservação permanente no entorno de reservatórios


artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos
d’água naturais.

E) A restinga só constitui área de preservação permanente quando tiver como


função ser fixadora de dunas ou estabilizadora de mangue.

58. Em relação à responsabilidade civil por dano ambiental, assinale a alternativa


INCORRETA:
A) No caso de omissão do dever legal de fiscalizar, a responsabilidade civil do
Estado será solidária de execução subsidiária, desde que a omissão tenha sido
causa relevante na causação do resultado.

B) Segundo a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, a ação


que visa à reparação de um dano ambiental é imprescritível.

C) De acordo com a doutrina e jurisprudência majoritárias a responsabilidade civil


ambiental é regida pela teoria do risco integral, segunda a qual a demonstração de
caso fortuito ou de força maior tem o condão de romper o nexo de causalidade e,
portanto, desonerar o empreendedor da responsabilidade pela reparação do dano
ambiental.

D) Dentre as formas as possíveis de reparação do dano ambiental, há que se


buscar prioritariamente, e nessa ordem, a reparação in natura, a compensação

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ecológica e, por fim, caso as formas anteriores não sejam possíveis de serem
implementadas, a indenização pecuniária.

E) Em que pese a doutrina ser majoritariamente a favor da indenização por dano


moral coletivo, face o princípio da reparação in integrum do dano ambiental, o
Superior Tribunal de Justiça possui entendimento divergente quanto a essa
possibilidade.

59. Assinale a alternativa CORRETA em relação à Política Nacional de Recursos Hídricos,


instituída pela Lei 9.433/97:
A) A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas, mas em situações de escassez o uso prioritário se dá, exclusivamente, para
o consumo humano.

B) Não dependem de outorga a extração de água de aquífero subterrâneo, desde


que voltados para o consumo final dos respectivos moradores da área sobreposta
à captação.

C) Os valores cobrados pelo uso dos recursos hídricos serão aplicados


prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e poderão ser
destinados em até 7% do valor arrecadado no financiamento de estudos, programas,
projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos.

D) A outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por no máximo 35


anos, não podendo ser renovada.

E) Só se admite a outorga para o lançamento em corpo d’água de esgotos e demais


resíduos líquidos ou gasosos, desse que devidamente tratados ou não, com o fim
de sua diluição, transporte ou disposição final.

60. Em relação aos conceitos jurídicos relativos ao meio ambiente, julgue os seguintes
itens:

I. Do ponto de vista jurídico, é possível extrair três aspectos do meio ambiente, o


natural ou físico, o cultural e o artificial.

II. Qualquer poluição constitui degradação ambiental, mas nem toda degradação

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ambiental pode ser considerada como poluição.

III. A água constitui um bem público e, portanto, de propriedade dominical da


União, dos Estados-Membros ou do Distrito Federal, conforme o caso.

IV. O meio ambiente constitui um macrobem, isto é, mais do que os elementos


corpóreos que o formam (florestas, rios, etc), manifesta-se pelas relações e
interações que condicionam a vida em todas as suas formas.

Assinale a alternativa correta:

A) Apenas os itens I e II estão corretos.

B) Apenas os itens II e III estão corretos.

C) Os itens I, II e III estão incorretos.

D) Apenas os itens I, II e IV estão corretos.

E) Todos os itens estão corretos.

DIREITO TRIBUTÁRIO

61. Partindo do suposto de que o tributo tem a finalidade precípua de suprir os cofres
públicos com os recursos necessários para o atendimento das atividades estatais, ao
passo em que o Direito Tributário de efetivar o controle deste poder de tributar, analise
as proposições abaixo:
A) Os princípios constitucionais tributários figuram como nortes à delimitação
do poder de tributar, sendo empregados pela Constituição Federal para fazer a
repartição da força tributante entre os entes da federação. As normas jurídicas de
competência tributária, por seu turno, albergam comandos principiológicos que
servem de verdadeiras garantias constitucionais do contribuinte contra a força
tributária do Estado.

B) Não há afronta ao princípio da legalidade se medida provisória do Governador


do Estado de São Paulo disciplinar, para fins de incidência do ICMS, o local das
operações relativas à circulação de mercadorias.

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C) Instituída, em outubro de 2017, hipótese de isenção incondicionada de ICMS às


mochilas escolares, a revogação desse benefício, de acordo com o entendimento
mais recente do STF, deverá observar o princípio da anterioridade tributária, eis
que importa em aumento indireto de imposto. A isenção onerosa, por outro lado,
não comporta revogação para aqueles que fazem jus ao direito adquirido.

D) A seletividade, forma de concretização do postulado da capacidade contributiva,


é característica essencial do ICMS e do IPI, eis que a CF/88 estabelece expressamente
que ambos serão seletivos.

E) A despeito da importância constitucional conferida à seletividade do ICMS, certo


é que tal princípio cede força em face da vedação ao confisco, que aparece como
óbice constitucional à excessiva tributação de produtos e serviços.

62. A respeito do redirecionamento da execução fiscal para o sócio gerente, assinale a


alternativa incorreta:
A) A responsabilidade do sócio gerente pelos atos praticados com excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, não se configura na hipótese
em que verificada a inadimplência tributária. Diferente, contudo, é a hipótese em
que demonstrada pela Fazenda Pública intensa distribuição de dividendos aos
sócios, a despeito do não pagamento dos tributos.

B) Com o Novo CPC, a devolução da carta citatória pelos correios é suficiente para
caracterizar os indícios de dissolução irregular requeridos pela Súmula nº 435 do
STJ, autorizando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio gerente.

C) Imagine duas execuções fiscais com responsabilização do sócio gerente. No


processo A, o sócio já contava com seu nome na CDA, é objeto de penhora online e
pretende alegar a sua ilegitimidade passiva. No processo B, o sócio, que não figura
na CDA, sofre, também, a penhora online, e pretende alegar a sua ilegitimidade
ativa, já que o redirecionamento da execução fiscal não observou o procedimento
previsto na Súmula 435 do STJ. Estando o valor cobrado garantido pela penhora
online em ambos os casos, é possível que a defesa dos sócios, em qualquer das
demandas, seja feita por embargos à execução fiscal, mas só o processo B pode
ser objeto de exceção de pré-executividade.

D) A falta de atualização dos cadastros empresariais não é considerada infração à

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lei apta a justificar o redirecionamento da execução fiscal para o sócio que tenha
se retirado da sociedade muito antes do fato gerador do tributo cobrado no feito
executivo.

E) A dissolução irregular de uma sociedade permite o redirecionamento da


execução fiscal para o sócio gerente da pessoa jurídica executada inclusive nos
casos de dívida ativa não-tributária, ainda que não se verifique dolo.

63. A respeito da competência do Senado quanto aos impostos estaduais, responda:

I. Estabelece alíquotas máximas do IPVA;

II. Estabelece as alíquotas do ICMS aplicáveis às operações e prestações


interestaduais, através de Resolução que poderá ser de iniciativa do Presidente
da República, de um terço do Senado ou dos Estados em convênio. A aprovação
depende da maioria absoluta da Casa;

III. Estabelecer alíquotas máximas do ITCMD;

IV. Estabelecer as alíquotas do ICMS aplicáveis nas exportações, competência


que foi tacitamente revogada pela EC nº 42/2003;

V. Facultativamente estabelecer as alíquotas mínimas e máximas de ICMS nas


operações e prestações internas.

A) I e V estão corretas.

B) II e IV estão erradas.

C) I, II e III estão corretas.

D) I e II estão erradas.

E) Todas estão corretas.

64. A respeito do ITCMD responda a partir das situações abaixo narradas:


I. Flávio, com domicílio em Roma, pretende doar para uma prima domiciliada na
cidade de Santo André-SP, um bem incorpóreo de sua propriedade.

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II. José, cujo inventário foi processado fora do país, era proprietário de salas
comerciais localizadas no bairro Itaim Bibi da capital paulista, as quais seriam
partilhadas entre seus herdeiros, todos americanos com domicílio em Recife-PE.

A) No caso de Flávio, não haverá o fato gerador do ITCMD, eis que o ato de
transferência ocorreu no exterior e o bem é incorpóreo, não podendo se falar em
tributação para nenhum estado brasileiro.

B) Tendo em vista a condição de estrangeiros dos herdeiros de José, o ITCMD não


incidirá nesse caso, pois herdeiros estrangeiros não podem ser contribuintes do
ITCMD.

C) Se os imóveis do Itaim Bibi não ultrapassem o valor de 5.000 Unidades Fiscais


do Estado de São Paulo – UFESPs, haverá isenção do ITCMD.

D) Na hipótese de doação de bem incorpóreo (Flávio), apenas haverá a incidência


do ITCMD para o Estado de São Paulo quando o donatário residir no Estado de São
Paulo.

E) Apesar de domiciliado em Recife-PE, o ITCMD incidirá sobre as salas comerciais


do Itaim Bibi para o Estado de São Paulo, haja vista a localização das mesmas.

65. A respeito da prescrição, responda:


A) Na hipótese de revogação da moratória em caso de flagrante simulação da
satisfação das condições pelo beneficiado, não haverá aproveitamento do lapso
temporal decorrido entre a concessão do benefício e sua revogação para fins de
prescrição do direito de cobrança do crédito tributário.

B) A prescrição é estabelecida como critério para imputação do pagamento do


crédito tributário, caso em que se observará a ordem decrescente dos prazos de
prescrição.

C) A despeito da positivação da vedação à decisão surpresa, é possível, na execução


fiscal, o reconhecimento de ofício da prescrição ocorrida antes da propositura da
ação, sendo desnecessária a oitiva prévia da Fazenda Pública.

D) A inscrição em dívida ativa suspende, para todos os efeitos de direito, a

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prescrição do crédito tributário pelo prazo de 180 dias.

E) O protesto extrajudicial da CDA é causa interruptiva da prescrição.

66. A respeito do IPVA no Estado de São Paulo, assinale a alternativa correta:


A) Do produto da arrecadação do IPVA, 45% constitui receita do município onde
estiver domiciliado o proprietário do veículo.

B) Após a inscrição em dívida ativa do IPVA, os acréscimos moratórios


corresponderão a uma vez o valor do imposto.

C) O IPVA é objeto de lançamento por declaração.

D) Os veículos com mais de 20 anos de fabricação, veículo único de pessoa


com deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autista, e, ainda, os
veículos utilizados como taxi são isentos do IPVA.

E) É reduzida pela metade a alíquota de veículos automotores destinados à locação,


de propriedade de empresas locadoras.

67. A respeito da denúncia espontânea, assinale a alternativa correta:


A) Ainda que formalmente comunicado o contribuinte do procedimento
administrativo de fiscalização do tributo, mas não concluído, poderá o devedor
tributário apresentar denúncia espontânea.

B) A denúncia do valor de tributo omitido seguida de adesão a parcelamento são


suficientes para a configuração da denúncia espontânea.

C) Não resta caracterizada a denúncia espontânea nos casos de tributos declarados,


porém pagos a destempo pelo contribuinte, ainda que o pagamento seja integral.

D) O descumprimento de obrigações acessórias, por poder gerar uma obrigação


principal, também é passível de denúncia espontânea.

E) A responsabilidade excluída pela denúncia espontânea é apenas da multa de


ofício, não alcançando as moratórias.

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68. Quanto à obrigação tributária:


A) Em um empréstimo compulsório de competência do Estado de São Paulo, ao
contrário dos impostos, o fato gerador não define a sua natureza jurídica.

B) O princípio constitucional da irretroatividade tributária tem sua aplicação


balizada a partir do fenômeno da subsunção.

C) A relevância da natureza do objeto dos atos praticados e dos seus efeitos afasta
a interpretação objetiva do fato gerador.

D) A capacidade tributária passiva independe da pessoa jurídica estar regularmente


constituída, razão pela qual a sociedade em conta de participação pode ser
contribuinte.

E) O IPVA possui um fato gerador periódico ou complexivo.

69. A respeito do tratamento da Dívida Ativa:


A) A declaração de tributo sujeito a lançamento por homologação torna
desnecessário para o Fisco qualquer ato posterior para constituição do crédito
tributário, podendo a sua cobrança judicial acontecer em ato contínuo.

B) A inscrição em Dívida Ativa é parâmetro temporal para presunção de fraude à


execução fiscal, presunção esta sujeita à prova em sentido contrário.

C) A indicação do livro e da folha de inscrição é requisito essencial da CDA,


importando em nulidade absoluta a sua falta.

D) É imprescindível que conste o nome do corresponsável na CDA.

E) Não é requisito essencial do termo de inscrição em Dívida Ativa a indicação do


período de apuração das infrações.

70. A pessoa jurídica X foi citada em 13/11/2017 (segunda-feira) para responder à


execução fiscal ajuizada pelo Estado de São Paulo, em curso na capital. O executado,
em 16/11/2017, apresentou à penhora imóvel de sua propriedade que garantiu parte da
execução, não havendo outros bens para serem penhorados. Houve a intimação do
executado, a respeito da penhora, em 21/11/2017 (terça-feira), com juntada do mandado
cumprido apenas em 27/11/2017 (segunda-feira). A executada pretende apresentar defesa

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1ª RODADA - 09/02/2018

na execução fiscal, alegando erro na constituição do crédito tributário, o que demandaria


perícia judicial para comprovação. Sobre o tema, assinale a resposta correta:
A) O caso em análise comporta a apresentação de exceção de pré-executividade.

B) Ultrapassado o prazo de 30 dias após a penhora não caberá mais exceção de


pré-executividade.

C) Os embargos à execução fiscal opostos até 30/01/2018 deverão ser processados.

D) A penhora realizada nos autos não permite a defesa mediante embargos à


execução fiscal.

E) A presunção de liquidez e certeza do crédito tributário não admite pedido de


prova pericial se não estiver fundamentado em indício de prova documental.

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

71. NÃO se submete à competência da justiça do trabalho:


A) Ação de execução por quantia certa, proposta por empregador em face de seu
ex-empregado, na qual sejam cobrados valores relativos a contrato de mútuo
celebrado entre as partes para o então trabalhador adquirir veículo automotor
particular destinado ao exercício das atividades laborais.

B) Ação ajuizada por aprovados em concurso público para provimento de cargos


de uma Empresa Pública Estadual, devido à contratação de terceirizados em
detrimento da convocação dos candidatos aprovados no certame.

C) Processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais


decorrentes de acidente de trabalho que ainda não possuíam sentença de mérito
em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

D) Mandado de Segurança impetrado em face de ato de superintendente regional


do trabalho que denega a concessão de seguro desemprego.

E) Processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do


direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

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72. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito das Comissões de conciliação prévia.


A) A jurisprudência do TST estende às Comissões de conciliação prévia a atribuição
de homologar rescisão de contratos de trabalho, tarefa originalmente conferida
pela CLT aos sindicatos e que constitui condição para a validade das rescisões de
contratos individuais de trabalho.

B) Os acordos celebrados perante comissões de conciliação prévia apenas não


abrangerão parcelas expressamente ressalvadas, ostentando, via de regra, eficácia
liberatória geral.

C) O termo de conciliação ostenta natureza jurídica de título executivo extrajudicial,


pois sua formação se aperfeiçoa perante órgão que não integra a estrutura da
justiça do trabalho.

D) A submissão do conflito à Comissão de Conciliação prévia suspende o prazo


para a propositura da reclamação.

E) Os membros da comissão de conciliação prévia representantes dos empregados


gozam de estabilidade provisória, razão pela qual, salvo na hipótese de cometimento
de falta grave, não poderão ser demitidos até um ano após o final do mandato.
A aludida estabilidade provisória não se aplica aos membros da comissão de
conciliação prévia representantes dos empregadores.

73. Assinale a assertiva que contém transcrição de Súmula do Tribunal Superior do


Trabalho inequivocamente revogada pela Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017).
A) A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção
do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança
de regime.

B) Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o


empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-
lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira.

C) A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal,


só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

D) Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as

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variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos,


observado o limite máximo de dez minutos diários.

E) A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao


empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza
salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também
em atividades particulares.

74. Assinale a opção correta acerca da exceção de incompetência relativa no processo


do trabalho.
A) Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto,
por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na
primeira audiência ou sessão que se seguir.

B) Por aplicação subsidiária do CPC, a exceção de incompetência relativa deve ser


apresentada em conjunto com a contestação.

C) Por aplicação subsidiária do art. 146,§2º do CPC, a exceção de incompetência


relativa não mais se reveste de efeito suspensivo no processo do trabalho.

D) Face ao princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias no


processo do trabalho, apenas é cabível mandado de segurança em face da decisão
que julga exceção de incompetência relativa.

E) O juízo indicado pelo excipiente como competente poderá praticar atos


processuais antes mesmo do julgamento definitivo da exceção de incompetência
relativa.

75. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho,


exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
A) Enquadramento do grau de insalubridade e prorrogação de jornada em locais
insalubres.

B) Participação nos lucros ou resultados da empresa.

C) Número de dias de férias devidas ao empregado.

D) Adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE).

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E) Intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas


superiores a seis horas.

76. Assinale a alternativa correta.

A) O empregador pode designar preposto para comparecer à audiência, desde que


o indicado como preposto seja empregado da empresa e tenha conhecimento dos
fatos discutidos na reclamação. A exigência de que o preposto seja empregado da
empresa não se aplica à pequena ou microempresa e ao empregador doméstico.

B) Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão


aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados.

C) Segundo entendimento do TST, a revelia não se aplica à fazenda pública no


processo do trabalho, face à indisponibilidade do interesse público.

D) Oferecida a contestação, o reclamante não poderá, sem consentimento do


reclamado, desistir da ação. Tal regra é excepcionada em caso de apresentação
eletrônica da contestação.

E) A jurisprudência entende que o valor da causa é requisito da petição inicial


trabalhista, sem que haja, no entanto, previsão expressa da legislação trabalhista
em tal sentido.

77. Assinale a alternativa correta acerca da aplicação intertemporal da lei nº 13.467/17


(Reforma Trabalhista), considerando o início de sua vigência em 11.11.2017:
A) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, é
aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é aplicável aos contratos em
curso, desde que haja acordo ou convenção coletiva nesse sentido.

B) A lei nº 13.467/17 é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, não é


aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é integralmente aplicável aos
contratos em curso.

C) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017,


é aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é aplicável aos contratos
em curso, naquilo que favorecer ao empregado, pois o art. 468 da CLT prescreve

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que “Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas


condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia.”

D) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, é


aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e não é aplicável aos contratos
em curso.

E) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, é


aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é integralmente aplicável aos
contratos em curso.

78. Assinale a alternativa correta acerca da reparação por danos extrapatrimoniais na


justiça do trabalho:

A) A etnia, a idade, a nacionalidade, a honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de


ação, a autoestima, o gênero, a orientação sexual, a saúde, o lazer e a integridade
física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa natural.

B) Eventual transação das partes em relação a danos emergentes e lucros


cessantes abrangerá, também, eventual pretensão de ressarcimento por danos
extrapatrimoniais relativas aos mesmos fatos.

C) A Reforma trabalhista tabelou o valor da indenização por danos morais, de


acordo com a gravidade do dano, abrangendo desde infrações leves até morte do
empregado, utilizando como parâmetro para fixação da indenização o salário do
empregado.

D) A situação econômica do empregado é irrelevante para definir a extensão do


dano extrapatrimonial experimentado.

E) Caso o empregador pratique nova infração trabalhista, ainda que mediante


conduta diversa da causadora do dano anterior, no interstício de até 2 anos após o
trânsito em julgado da sentença, estará caracterizada reincidência, a qual permitirá
ao juiz dobrar o valor da indenização.

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79. Sobre o cabimento de arbitragem na justiça do trabalho:


A) A arbitragem não é cabível na justiça trabalhista, porque os direitos discutidos
são indisponíveis.

B) A arbitragem é cabível somente em relação aos dissídios coletivos na justiça do


trabalho, não se aplicando aos dissídios individuais.

C) A arbitragem é cabível no processo do trabalho para dissídios coletivos e, nos


dissídios individuais, quando veiculada por meio de compromisso arbitral, tendo
em vista a nulidade de cláusula compromissória em contrato de adesão.

D) A arbitragem é cabível no processo do trabalho para dissídios coletivos e, nos


dissídios individuais, quando veiculada por meio de cláusula compromissória,
desde que estabelecida por iniciativa do empregado.

E) A arbitragem é cabível no processo do trabalho para dissídios coletivos e, nos


dissídios individuais, quando veiculada por cláusula compromissória, somente
para empregados que tenham salário superior ao dobro do limite máximo de
benefícios do RGPS.

80. A Lei nº 13.467/2017 inseriu procedimento de jurisdição voluntária na CLT, tendo por
objeto a homologação de acordo extrajudicial na seara trabalhista. Assinale a alternativa
correta acerca do referido procedimento:
A) A deflagração do processo de homologação de acordo extrajudicial interrompe
o prazo para pagamento das verbas rescisórias.

B) À luz do disposto na CLT, é obrigatória a presença de, no mínimo, dois advogados


para validade do procedimento de homologação de acordo extrajudicial.

C) O processo de homologação de acordo extrajudicial é deflagrado por petição


do empregador, designando-se advogado com regular registro na OAB para
acompanhar o procedimento.

D) A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional


da ação em relação a quaisquer pretensões advindas do contrato de trabalho.

E) O prazo prescricional retomará seu curso a contar do dia útil seguinte à prolação

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da decisão que negar a homologação do acordo.

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

81. O Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER/SP), autarquia titular


da malha viária estadual, tem a receber nos próximos anos R$ 200 milhões relativos
ao pagamento de outorgas para exploração das rodovias estaduais das respectivas
concessionárias que exploram as vias. Pretende o DER/SP ceder o crédito para a
Companhia Paulista de Parcerias (CPP), empresa pública que tem como finalidade,
entre outras, apoiar a implementação de parcerias público-privadas, podendo para tanto
prestar garantias em prol do poder concedente. O objetivo do DER/SP com a operação
é monetizar imediatamente o ativo para que possa atender suas demais necessidades.
À CPP interessa gerir os créditos futuros para que a receita possa ser utilizada em
garantia de parcerias futuras. Nessa situação, a operação pretendida:
A) Poderia ser efetuada mediante lei autorizativa.

B) Poderia ser efetuada caso o DER/SP promovesse prévia licitação para ceder o
crédito e a CPP fosse vitoriosa do certame.

C) Poderia ser efetuada com a prévia concordância das concessionárias devedoras.

D) Poderia ser efetuada caso a cessão fosse na modalidade onerosa e ocorresse


em condições equitativas para as partes.

E) Caracteriza-se como operação de crédito, conforme definição da Lei de


Responsabilidade Fiscal, estando sujeita aos requisitos que rege a matéria para
concretizar-se.

82. Acerca da aplicação da lei de recuperação judicial para concessionárias de serviços


públicos, assinale a alternativa correta:
A) É possível o ajuizamento de pedido de recuperação judicial por concessionária
de serviço público, sendo vedado, contudo, a inclusão do poder concedente no rol
de credores da sociedade em recuperação judicial em virtude do inadimplemento
de multas administrativas aplicadas.

B) O pedido de recuperação judicial por parte de concessionária de serviço


público, apesar de possível, acarreta a caducidade da concessão, ante a prestação

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inadequada do serviço e a perda das condições econômicas para manter a


adequada prestação do serviço concedido.

C) A instauração de pedido de recuperação judicial por concessionária de serviço


público depende da prévia concordância do poder concedente.

D) O regime de recuperação judicial não se aplica para concessionárias de serviço


público, dado que não é possível a repactuação de obrigações previstas em contrato
administrativo através da aprovação de um plano de recuperação judicial.

E) A aplicação do regime de recuperação judicial a contratos de parceria, como os


regimes de concessão e parceria público-privada, foi vedado pela Lei nº 13.448/16.

83. Acerca do Novo Regime Fiscal instituído pela Emenda Constitucional n. 95/2016, assinale
a alternativa incorreta:
A) Suponha que o Poder Executivo Federal deseje efetuar despesas de capital em
um determinado exercício em patamar que ultrapasse o gasto com despesas da
mesma categoria do exercício anterior, já corrigidas pelo IPCA, e também que as
despesas correntes, por sua vez, não ultrapassem aquelas do exercício anterior,
também corrigidas pelo IPCA. Nessa situação, não haverá violação ao limite de
despesas previsto no artigo 107 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
já que o limite foi instituído para conter gastos correntes e não despesas voltadas a
investimentos.

B) No exercício fiscal de 2019 o Poder Executivo ainda poderá compensar com redução
equivalente em sua despesa primária excesso de despesas primárias em relação ao
limite de gastos em que incorrerem os demais poderes.

C) Eventual despesa com aumento de capital da União no Banco do Brasil ou na


Petrobras não se inclui na base de cálculo e nos limites estabelecidos no Novo Regime
Fiscal.

D) O limite de despesas foi instituído de maneira individualizada para os órgãos


que compõem os poderes da União, além do Ministério Público da União, Conselho
Nacional do Ministério Público e Defensoria Pública da União. Assim, a menos que a
lei de diretrizes orçamentárias preveja critérios de compensação entre órgãos de um
mesmo poder, não pode, por exemplo, o Superior Tribunal de Justiça descumprir de

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forma individualizada o limite de gastos, ainda que o Poder Judiciário Federal como
um todo não ultrapasse o limite.

E) Descumprido o teto de gastos por determinado órgão, inexiste vedação para a


realização de concurso público para reposição de servidores que pediram exoneração
do cargo no referido órgão.

84. Suponha que uma nova linha de trem será construída pelo poder público estadual através
de um contrato de parceria público-privada e, como consequência, sua implantação trará
uma valorização aos imóveis localizados próximos às estações. Nesse cenário, assinale
a alternativa que descreve corretamente a utilização de um mecanismo que capture a
valorização imobiliária decorrente do projeto:

A) A contribuição de melhoria poderia ser instituída para fazer face ao custo da obra, de
modo que o poder público utilize o tributo arrecadado para pagar as contraprestações
públicas devidas ao concessionário. Para determinação da contribuição que cada
beneficiário deverá pagar, o custo da obra deve ser dividido pelos proprietários dos
imóveis beneficiados pela construção.

B) A contribuição de melhoria poderia ser instituída para fazer face ao custo da


obra, contudo, por sua base de cálculo estar atrelada à valorização individual dos
imóveis, a cobrança somente poderia ser feita no momento da alienação dos imóveis
beneficiados.

C) As desapropriações necessárias à obra não precisam ficar necessariamente


limitadas aos imóveis nos quais o empreendimento será implantado; é possível
desapropriar igualmente as zonas que se valorizarem extraordinariamente para
posterior revenda.

D) Caso a obra faça parte de uma operação urbana consorciada, o Estado poderá
emitir certificados de potencial adicional de construção, a serem alienados pelo
concessionária, de forma a permitir que os respectivos adquirentes os utilizem na
construção de áreas que superem os padrões estabelecidos pela legislação de uso e
ocupação do solo.

E) Segundo entendimento do STJ, com uma valorização geral dos imóveis


desapropriados, é possível abater, do cálculo da indenização, a valorização

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experimentada pela área remanescente não desapropriada.

85. Sobre o uso da arbitragem e mecanismos alternativos de resolução de litígios no setor


público, considere as seguintes assertivas:
I – Com o fim de atrair investidores internacionais, pode o poder público comprometer-
se a dirimir controvérsias por meio de arbitragem internacional realizada no exterior.

II – Dado que o regime de direito privado é aplicável apenas às empresas públicas


e sociedades de economia mista no âmbito da organização estatal, as autarquias
não podem se valer da arbitragem nos seus contratos como meio de resolução de
disputas.

III – A fim de evitar conflitos de interesses, nos casos em que um advogado público
tiver oficiado na defesa de um órgão público, não deve ser responsável pela mediação
em câmara de mediação da administração pública.

A) Apenas II.

B) II e III.

C) I e III.

D) Apenas III.

E) Nenhuma das alternativas.

86. Acerca da prática de condutas anticoncorrenciais em licitações públicas, assinale a


alternativa correta:
A) A permissão para formação de consórcios, por parte do edital de licitação, inibe
que seja caracterizada conduta anticompetitiva vedada pela legislação antitruste, ante
o permissivo para a união de sociedades distintas no certame.

B) A formação de consórcio com o intuito de dividir o mercado ou suprimir propostas,


por empresas que, de outra forma, teriam capacidade técnica ou financeira para,
isoladamente, prestarem o serviço e/ou fornecerem o produto licitado, caracteriza
infração à ordem econômica.

C) Quanto mais concentrado o mercado, mais dificuldades terão as empresas

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integrantes do mercado para coordenar um comportamento colusivo.

D) A frequência de interações entre os participantes é fator que dificulta a formação


de um cartel.

E) A limitação do número de itens que cada participante pode ganhar não pode ser
inserida em um edital de licitação, por restringir a participação no certame.

87. Com relação aos indicadores fiscais do setor público, assinale a alternativa correta:

A) Ente da federação que ultrapassar o limite da dívida consolidada não poderá obter
crédito para refinanciar a própria dívida.

B) Inexiste obrigatoriedade legal para fixação de metas de resultado nominal e primário,


os quais são divulgados pelo poder público apenas como forma de exteriorizar à
sociedade a política fiscal adotada.

C) A Dívida Bruta do Governo Geral não inclui o resultado dos Estados.

D) Caso o país apresente superávit primário, então não haverá necessidade de


financiamento de setor público.

E) Caso o país apresente crescimento econômico com crescimento real da arrecadação


e o limite de gastos instituído no Novo Regime Fiscal seja observado, então haverá
uma diminuição relativa do deficit primário (ou aumento do superavit primário) do
setor público em relação ao produto interno bruto.

88. Considere as seguintes fontes de financiamento disponíveis para as empresas a seguir:


I) Empresa A: financiamento dos próprios acionistas, no montante de 100 milhões
com taxa de 16% ao ano; e financiamento em linha subsidiada de banco público de
300 milhões e taxa de 10% ao ano;

II) Empresa B: captação de 400 milhões via emissão de debêntures com taxa de
remuneração de 12% ao ano.

Nesse cenário:

A) O custo de capital da empresa A é maior do que da empresa B.

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B) O custo de capital de ambas as empresas é igual.

C) O custo de capital da empresa B é maior do que da empresa A.

D) Um projeto que apresentasse retorno de 13% ao ano não despertaria o interesse


para fins de investimento pelos acionistas da empresa A.

E) A redução da linha de financiamento da empresa A para 200 milhões diminuiria seu


custo de capital.
89. São requisitos para a aplicação da doutrina da facilidade ou instalação essencial
(essential facility), exceto:

A) O controle da facilidade por um monopolista, oligopolista ou detentor de posição


dominante no mercado.

B) A impossibilidade do competidor duplicar a facilidade a um custo razoável.

C) A negativa do uso da facilidade para o competidor ou imposição de severas


dificuldades para o seu uso.

D) A possibilidade de se permitir o uso da facilidade.

E) A gratuidade na permissão do uso da facilidade.


90. Sobre os estágios de execução da despesa pública, assinale a alternativa correta:

A) Em um contrato executado por 15 (quinze) meses, com pagamento mensal, o


empenho é realizado a cada mês.

B) O empenho deve corresponder exatamente à despesa futura, não podendo ser feito
por estimativa.

C) Desde que previsto no cronograma de pagamentos contratuais, é admitido o


pagamento de sinal ao contratado, para início da execução contratual.

D) A nota de empenho deve necessariamente ser acompanhada de instrumento


contratual.

E) Quando da liquidação, e não do pagamento, deve o servidor certificar-se que a


obrigação foi adequadamente cumprida.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 C 31 D 61 C
2 E 32 D 62 B
3 E 33 A 63 D
4 D 34 E 64 E
5 C 35 D 65 A
6 C 36 C 66 E
7 C 37 C 67 C
8 D 38 E 68 B
9 A 39 C 69 E
10 A 40 E 70 C
11 A 41 E 71 D
12 D 42 A 72 A
13 D 43 C 73 B
14 C 44 A 74 E
15 B 45 B 75 C
16 B 46 C 76 B
17 D 47 B 77 E
18 C 48 D 78 A
19 E 49 A 79 E
20 C 50 E 80 B
21 C 51 D 81 D
22 D 52 D 82 A
23 E 53 B 83 A
24 B 54 E 84 C
25 A 55 C 85 D
26 A 56 A 86 B
27 D 57 C 87 E
28 C 58 C 88 C
29 D 59 D 89 E
30 E 60 C 90 E

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: RAFAEL CARVALHO DE FASSIO


E-mail: profcei.rafaelfassio@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

Caros alunos, é com grande satisfação que damos início às rodadas do CEI PGE-SP na
disciplina Direito Constitucional! As questões a seguir foram elaboradas com base no edital de
2012 e privilegiando os temas de maior incidência nos concursos mais recentes da PGE. Há
questões fáceis, médias e difíceis, como em todo concurso público. Caso fique em dúvida em
alguma alternativa, tome nota e, na hora da correção, consulte os nossos comentários – eles
servirão como um guia para que você entenda o porquê de cada resposta. Por isso, evite ficar
restrito à alternativa que você assinalou. Sobre indicações bibliográficas, há diversos bons
manuais de Direito Constitucional disponíveis no mercado. Eu, particularmente, gosto muito
das obras dos professores Bernardo Gonçalves Fernandes, André Ramos Tavares e José
Afonso da Silva (que, inclusive, é Procurador do Estado aposentado!). O mais importante é
que você encontre um livro com linguagem agradável e – o mais importante – que favoreça
o seu entendimento. Fico aqui na esperança de sermos futuros colegas na PGE-SP e espero
que o material elaborado possa ser útil para a sua aprovação! Bons estudos!

1. Sobre a evolução histórica do constitucionalismo brasileiro, assinale a alternativa


correta:

A) A Carta de 1934, de cunho centralizador, atribuiu ao Presidente da República a


competência para expedir decretos-leis.

B) O federalismo, com reconhecimento de autonomia a União, Estados-Membros e


Municípios, foi uma inovação trazida pela Constituição de 1891.

C) O controle abstrato de constitucionalidade das leis surgiu no Brasil durante a


vigência da Constituição de 1946.

D) Não obstante o habeas corpus tenha sido previsto expressamente na


Constituição de 1824, o mandado de segurança só ganhou assento constitucional
na Constituição de 1891, a mesma que adotou a forma republicana de governo e

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criou o Supremo Tribunal Federal.

E) A Constituição de 1891 foi a primeira a prever expressamente direitos e garantias


fundamentais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A evolução histórica do constitucionalismo brasileiro.

A) INCORRETA: A autorização para que o Presidente da República legislasse diretamente por


meio de decretos-leis não foi dada pela Constituição de 1934, mas sim durante o Estado Novo
pela Carta de 1937, conhecida como “polaca” em virtude da marcada influência da Lei Maior
polonesa na sua elaboração.

B) INCORRETA: O federalismo, enquanto forma de Estado, realmente foi adotado pela


Constituição de 1891, pondo fim ao modelo de Estado unitário vigente na época do império.
Entretanto, é importante lembrar que os Municípios só tiveram garantida a autonomia e o
status de ente federado com a Constituição de 1988, que lhes atribuiu receitas e competências
próprias, tornando a federação brasileira uma das poucas no mundo a adotar um modelo
tripartite.

C) CORRETA: Com efeito, foi durante a vigência da Constituição de 1946 que, por intermédio
da Emenda Constitucional nº 16, de 26 de novembro de 1965, surgiu a chamada “representação
de inconstitucionalidade” que tornou possível, pela primeira vez, o exame in abstracto de
normas pelo Supremo Tribunal Federal. Por esse motivo, o instituto é hoje considerado como
o predecessor da moderna Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI).

D) INCORRETA: Não obstante a Constituição de 1891 realmente tenha criado o STF e adotado
a república como forma de governo, a alternativa está incorreta. O habeas corpus, embora
tenha sido introduzido no ordenamento jurídico pátrio pelo Código de Processo Criminal do
Império, em 1832, só se tornou garantia constitucional em 1891 (art. 72, § 22). O elástico
cabimento do writ que, na ausência de outros remédios constitucionais, passou a ser aceito
pelo Poder Judiciário para tutelar pretensões muito mais amplas do que o direito de “ir e
vir”, deu origem à chamada “doutrina brasileira do habeas corpus”, distorção que viria a ser
corrigida com o advento do mandado de segurança pela Constituição de 1934 (art. 113, 33),
que criou também, pela primeira vez, a ação popular (art. 113, 38).

E) INCORRETA: Na verdade, a Constituição do Império de 1824 já trazia diversos direitos


fundamentais (v. art. 179, por exemplo), motivo pelo qual a Constituição de 1891 não pode ser

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considerada pioneira neste sentido.

GABARITO: C

2. Identifique, dentre as proposições abaixo, a alternativa incorreta:


A) A aprovação de uma proposta de emenda constitucional depende dos votos
favoráveis de 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, obtidos em
dois turnos de votação em cada uma delas.

B) A decretação de intervenção federal torna impossível uma eventual alteração


constitucional durante a sua vigência.

C) Mudanças na situação de fato pode conduzir à inconstitucionalidade de norma


anteriormente considerada válida.

D) A jurisprudência do STF considera que os limites materiais ao poder de reforma


não equivalem à intangibilidade da disciplina dada ao tema pela redação originária
da Constituição, mas sim a proteção do núcleo essencial dos institutos protegidos
pelas cláusulas pétreas.

E) Não há óbice que impeça o Estado-membro de criar procedimento mais rigoroso


do que o previsto na Constituição Federal para a alteração da sua Constituição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Formação da Constituição e Poder Constituinte

A) CORRETA: A alternativa corresponde fielmente ao disposto no artigo 60, § 2º, da Constituição


de 1988.

B) CORRETA: O artigo 60, § 1º, da Constituição dispõe sobre as limitações circunstanciais


ao poder de reforma e expressamente afirma que a Lei Maior não poderá ser emendada na
vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

C) CORRETA: Como a interpretação das normas constitucionais é um fenômeno dinâmico,


alterações nas circunstâncias fáticas podem alterar o sentido de um enunciado normativo
ao longo do tempo. É o que ocorre, por exemplo, nos casos de mutação constitucional em
que a norma – como resultado de um processo hermenêutico – se modifica sem que haja

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correspondente alteração no texto. Um exemplo bastante conhecido é o caso do artigo 52,


inciso X, da Constituição, que tem sido interpretado por parte da doutrina no sentido de que a
resolução emitida pelo Senado Federal para suspender a execução, no todo ou em parte, de
norma declarada inconstitucional no controle difuso serviria apenas para conferir publicidade
à decisão do STF.

D) CORRETA: A respeito, confira-se o excerto da decisão da Corte na ADI 2024: “A ‘forma


federativa de Estado’ - elevado a princípio intangível por todas as Constituições da República
- não pode ser conceituada a partir de um modelo ideal e apriorístico de Federação, mas, sim,
daquele que o constituinte originário concretamente adotou e, como o adotou, erigiu em limite
material imposto às futuras emendas à Constituição; de resto as limitações materiais ao poder
constituinte de reforma, que o art. 60, § 4º, da Lei Fundamental enumera, não significam a
intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a proteção
do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege” (ADI 2024,
Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 27.10.1999).

E) INCORRETA: O STF entende que o procedimento de reforma constitucional é formado


por normas de repetição obrigatória que, mesmo na elaboração das Constituições Estaduais,
vinculam o poder constituinte decorrente. Veja-se, por exemplo, o seguinte julgado: “Processo
de reforma da Constituição Estadual - Necessária observância dos requisitos estabelecidos na
CF (art. 60, § 1° a § 5°) - Impossibilidade constitucional de o Estado-membro, em divergência
com o modelo inscrito na Lei Fundamental da República, condicionar a reforma da Constituição
Estadual à aprovação da respectiva proposta por 4/5 (quatro quintos) da totalidade dos
membros integrantes da Assembleia Legislativa – (...)- Subordinação jurídica do poder
constituinte decorrente às limitações que o órgão investido de funções constituintes primárias
ou originárias estabeleceu no texto da Constituição da República (...)” (ADI 486, Plenário, Rel.
Min. Celso de. Mello, julgado em 03.04.1997)

GABARITO: E

3. Sobre a disciplina constitucional dos direitos sociais, assinale a proposição incorreta:


A) A jurisprudência do STF entende que o “mínimo existencial” é um limite teórico
que impede a invocação, pelo Poder Público, da “reserva do possível” para furtar-
se ao cumprimento das prestações positivas necessárias à garantia da dignidade
da pessoa humana.

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B) Os direitos sociais, assim como os demais direitos e garantias fundamentais,


tem sua aplicação imediata assegurada pela Constituição de 1988.

C) Os direitos sociais são caracterizados por exigir uma prestação estatal positiva
ao passo que os direitos individuais normalmente requerem um comportamento
negativo por parte do Estado.

D) O princípio da proibição de retrocesso, ou irreversibilidade dos direitos


fundamentais, aplica-se aos direitos sociais e resulta do sistema internacional de
proteção aos direitos humanos, que impõe a progressiva implementação efetiva
da proteção social por parte dos Estados.

E) O salário mínimo só pode ser utilizado como indexador de base de cálculo


de vantagens a servidores públicos e empregados nos casos expressamente
previstos em lei.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Direitos sociais.

A) CORRETA: Segundo o STF, a “(...) cláusula da reserva do possível – que não pode ser
invocada, pelo Poder Público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a
implementação de políticas públicas definidas na própria Constituição – encontra insuperável
limitação na garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto
de nosso ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade
da pessoa humana. (...) A noção de ‘mínimo existencial’, que resulta, por implicitude, de
determinados preceitos constitucionais (CF, art. 1°, III e art. 3°, III), compreende um complexo
de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir condições adequadas de
existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de liberdade
e, também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição de
direitos sociais básicos, tais como o direito à educação, o direito à proteção integral da criança
e do adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, o direito à moradia, o direito
à alimentação e o direito à segurança” (ARE 639.337, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
21.06.2011).

B) CORRETA: Os direitos sociais são direitos humanos de segunda geração – ainda que
venham a ser enunciados por meio de normas programáticas, o artigo 5º, § 1º, da Constituição

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afirma que as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais gozam de aplicação


imediata, ainda que possivelmente não integral. Afinal, vale lembrar que as omissões
inconstitucionais podem ser sanadas por meio de Mandado de Injunção (MI) e Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), que veremos posteriormente.

C) CORRETA: Os direitos sociais são caracterizados por exigir uma prestação estatal comissiva.
Configuram-se como direitos humanos de segunda geração, realizáveis por meio de políticas
públicas estatais, e normalmente descritos em normas programáticas. Já os direitos individuais
classicamente demandam do Estado uma prestação negativa, limitando o poder político para
que o indivíduo possa exercer plenamente algumas das suas liberdades.

D) CORRETA: A noção de vedação do retrocesso, também conhecida como irreversibilidade


dos direitos fundamentais ou “efeito cliquet”, significa que, uma vez que um direito fundamental
seja reconhecido pela Constituição, tal direito não pode mais deixar de existir, ou ser formalmente
suprimido, naquela sociedade ou Estado. A doutrina afirma que a proibição de retrocesso
decorre também do Sistema Internacional de Direitos Humanos, que desde o segundo pós-
guerra tem produzido convenções e tratados de direitos humanos que tem sido considerados
impositivos e obrigatórios entre as fontes de Direito Internacional (“hard law”). No que se refere
aos direitos sociais, especificamente, merece destaque a Convenção da ONU sobre Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais de 1966, promulgado no Brasil pelo Decreto nº 591/1992.

E) INCORRETA: Nos termos da súmula vinculante nº 4, o salário mínimo só pode ser utilizado
como indexador nos casos expressamente previstos na Constituição, e não em lei ordinária.

GABARITO: E

4. A nacionalidade é o vínculo jurídico de direito público interno entre uma pessoa e


um Estado. Tendo em vista a disciplina estabelecida pela Constituição de 1988 para a
nacionalidade brasileira, assinale a alternativa incorreta:
A) Maria, nascida em Buenos Aires, é filha de pai argentino e mãe brasileira e foi
registrada no Consulado Geral do Brasil naquela cidade. Por isso, é considerada
brasileira nata.

B) A portaria de naturalização expedida pelo Ministro da Justiça tem caráter


declaratório, retroagindo seus efeitos à data do requerimento do interessado.

C) A presidência do Tribunal Superior Eleitoral só pode ser ocupada por brasileiro

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nato.

D) Os cargos de oficial e de praça das Forças Armadas são privativos de brasileiros


natos.

E) A extradição de brasileiros natos não é admitida em nenhuma hipótese pelo


texto constitucional.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Direitos de nacionalidade.

A) CORRETA: Maria é considerada brasileira nata, pois, nos termos do art. 12, I, “c”, da
Constituição da República, são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro (no caso, na
Argentina) de pai ou mãe brasileira, desde que sejam registrados na repartição consular
brasileira competente.

B) CORRETA: O requerimento mencionado no artigo 12, II, “b” da Constituição é o marco


inicial para o início dos efeitos da aquisição da nacionalidade brasileira via naturalização, uma
vez que o STF já reconheceu que a portaria ministerial possui caráter meramente declaratório
e, por isso, retroage seus efeitos à data do requerimento do interessado (RE 264.848, Rel. Min.
Ayres Britto, julgado em 29.6.2005).

C) CORRETA: Muito embora não conste expressamente do rol do artigo 12, § 3º, vale lembrar
que o Presidente e o Vice-Presidente do TSE são eleitos exclusivamente dentre Ministros
do Supremo Tribunal Federal (art. 119, parágrafo único, da Constituição).

DICAS
Presidente e Vice-Presidente da
Cargos privativos de BRASILEIROS

República; Lembre-se da linha sucessória (art.


80, CF). Todos que podem ocupar
Presidente da Câmara dos Deputados;
a presidência também devem ser
Presidente do Senado Federal;
brasileiros natos.
Ministro do Supremo Tribunal Federal;

Membros da carreira diplomática; São as únicas carreiras de Estado em


Oficiais das Forças Armadas; que a vedação se aplica.

Único Ministro de Estado entre as


vedações– faz sentido, ante o papel
NATOS

Ministro da Defesa
de destaque que ocupa perante as
Forças Armadas.

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D) INCORRETA: é privativo de brasileiro nato o cargo de oficial das Forças Armadas, mas não
o de praça, nos termos do art. 12, § 3º, VI, da Lei Maior.

E) CORRETA: A extradição é a entrega de alguém a um Estado estrangeiro, para nele


ser julgado e cumprir pena. Difere da deportação, que é a retirada do território nacional de
estrangeiros que estejam em situação irregular no país. A expulsão é a retirada do estrangeiro
que aqui pratique atividade nociva aos interesses nacionais. Note-se que o inciso “LI” do artigo
5º veda a extradição de brasileiros natos, mas admite a extradição de brasileiros naturalizados
em dois casos: (a) crime anterior à naturalização e (b) envolvimento a qualquer tempo em
tráfico ilícito de drogas e entorpecentes, nos termos do mesmo artigo 5º, “LI”, da Lei Maior.

GABARITO: D

5. Considere o mapa fictício abaixo:

Fonte: Wikipédia
Identifique, entre as proposições a seguir, quais configuram requisitos para a criação de
novos Estados-membros na federação brasileira:
I. Consulta à população do território que pretende configurar o novo Estado.

II. Consulta à população do território que restar do Estado originário.

III. Aprovação por lei complementar federal.

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IV. Aprovação por lei complementar estadual do Estado originário cujo território
será subdividido.

A) Apenas I e II.

B) I, II e IV.

C) I, II e III.

D) I, III e IV.

E) Todas são corretas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: “Estados federados: natureza jurídica, competências, autonomia,


capacidade de auto-organização e seus limites; Constituição Estadual e seus ele-
mentos; Constituição do Estado de São Paulo”.

I e II) CORRETAS: A consulta à população do território que pretende se autonomizar é um


requisito para a criação de novos Estados (art. 18, § 3°, da Constituição). Os artigos 4º e 7º da
Lei nº 9.709/1998 regulam o plebiscito de que trata esse dispositivo, afirmando expressamente
que a população diretamente interessada deve ser entendida como a população tanto da área
desmembrada do estado-membro como a da área remanescente: Essa regra foi expressamente
reafirmada pelo STF no julgamento da ADI 2650/DF: “A expressão ‘população diretamente
interessada’ constante do § 3° do art. 78 da CF(...) deve ser entendida como a população tanto
da área desmembrada do Estado-membro como da área remanescente” (Rel. Min. Dias Toffoli,
julgada em 24.8.2011).

III) CORRETA: A aprovação de lei complementar federal é requisito para a reconfiguração de


Estados, nos termos do art. 18, § 3°, da Lei Maior.

IV) INCORRETA: Não é necessária a edição de lei complementar estadual porque, em relação
ao tema, a Constituição privilegia mecanismo de democracia direta (plebiscito) em detrimento
da democracia indireta, manifestada pela Assembleia Legislativa do Estado originário cujo
território se pretende subdividir.

GABARITO: C

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6. Assinale a alternativa correta sobre a organização do Estado brasileiro:


A) O Poder Executivo estadual poderá, mediante decreto, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões para integrar a organização,
o planejamento e execução de funções públicas de interesse comum.

B) Os Estados fronteiriços podem permitir, nos casos previstos em lei complementar,


que forças estrangeiras transitem pelo território nacional, cabendo à União
autorizar que nele permaneçam temporariamente.

C) No federalismo brasileiro as unidades federadas possuem capacidade de


autogoverno, auto-organização e autoadministração.

D) Por ser laico, o Estado brasileiro não pode estabelecer cultos religiosos ou
igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles
ou com seus representantes relações de dependência ou aliança, podendo,
todavia, colaborar, na forma da lei, com as religiões nacionalmente majoritárias
em atividades de interesse público.

E) Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de


seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser lei complementar.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Organização política do Estado: a) Estado Federal: conceito, for-


mação, evolução e características; b) Federação brasileira: componentes, reparti-
ção de competências e intervenções federal e estadual.

A) INCORRETA: Os Estados poderão, mediante lei complementar – e não por ato


administrativo do Poder Executivo – instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (art. 25,
§ 3°). A cooperação entre entes é uma projeção da ideia de federação cooperativa, que se
manifesta nesses três instrumentos.

B) INCORRETA: A União é pessoa jurídica de direito público interno que exerce a soberania
sob o ponto de vista do direito internacional. Por este motivo é que lhe compete assegurar a
defesa nacional e permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras

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transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente (art. 21, IV). Os
Estados não têm, portanto, competência para tanto, ainda que estejam situados nas fronteiras.

C) CORRETA: O federalismo brasileiro pressupõe a autonomia das unidades federadas. A


maior parte da doutrina, ao se referir à autonomia, menciona uma “tríplice capacidade”, a
qual se encontra reproduzida na alternativa: (1) auto-organização, é a capacidade de editar
sua lei fundamental e normas dele derivadas, compondo um ordenamento parcial ou ainda
um corpo normativo próprio; (2) autogoverno, é a capacidade de eleger e escolher os seus
próprios governantes; e (3) autoadministração, que é organizar e manter o aparelho estatal,
operacionalizando as outras duas capacidades.

D) INCORRETA: A laicidade impede o Estado brasileiro de manifestar sua predileção em relação


a nenhuma religião, ainda que majoritariamente adotada pela população. Em decorrência
disso, o artigo 19, I, da Lei Maior, estabelece que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-
lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.

E) INCORRETA: Está incorreto, pois, de acordo com o artigo 144, § 8°, da Constituição, os
Municípios poderão constituir guardas municipais conforme dispuser a lei ordinária (e não
complementar). Sobre as guardas, vale notar que o STF já entendeu “(...) constitucional a
atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para
imposição de sanções administrativas legalmente previstas”. (RE 658.570, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 06.08.2015).

GABARITO: C

7. O Estado de São Paulo entende ser inconstitucional uma lei municipal que proíbe, no
perímetro do Município “X”, a construção de quaisquer estabelecimentos prisionais,
federais ou estaduais. Para tanto, a competente Ação Direta de Inconstitucionalidade
poderá ser proposta perante o(a):
A) Supremo Tribunal Federal.

B) Superior Tribunal de Justiça.

C) Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

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D) Tribunal Regional Federal.

E) Supremo Tribunal Federal ou Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,


concorrentemente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Controle de constitucionalidade: a supremacia da Constituição;


vício e sanção de inconstitucionalidade; origens e evolução histórica do controle;
modalidades de controle; efeitos subjetivos e temporais da declaração de incons-
titucionalidade e de constitucionalidade.

A) INCORRETA: O STF não tem competência para analisar ADI proposta em face de lei
municipal, nos exatos termos do artigo 102, I, “a”, da Constituição. É importante lembrar que,
no sistema brasileiro, o controle abstrato compete somente ao STF (tendo como parâmetro a
Constituição Federal) e aos Tribunais de Justiça (tendo como parâmetro as respectivas Cartas
estaduais).

B) INCORRETA: O STJ não dispõe de competências para realizar o controle concentrado,


principal e abstrato de constitucionalidade. Como Tribunal, seus órgãos fracionários devem
respeitar a cláusula de reserva de plenário, prevista no artigo 97 da Lei Maior e na súmula
vinculante nº 10 do STF, caso pretendam reconhecer a inconstitucionalidade incidental de
dispositivo no controle difuso, diante do caso concreto.

C) CORRETA: Em complemento ao que já se disse no comentário à alternativa ‘A’, o manejo


de Ação Direta de Inconstitucionalidade perante lei municipal só é possível perante o respectivo
Tribunal de Justiça, tendo como parâmetro as normas da Constituição Estadual (artigo 125, § 2º)

D) INCORRETA: Assim como o STJ, o TRF só atua no controle difuso, devendo igualmente
observância à cláusula de reserva de plenário.

E) INCORRETA: A ADI não é admissível em face de legislação municipal, como já se disse supra.
Contudo, em uma questão aberta, o candidato poderia eventualmente sustentar o cabimento
de ADPF perante o STF para levar à Corte a norma que se pretende reconhecer incompatível
com a Constituição da República. É importante, contudo, ressaltar que há entendimento
jurisprudencial reconhecendo que, cabendo ADI estadual em face da lei municipal, a ADPF
não seria cabível em virtude do princípio da subsidiariedade: “A possibilidade de instauração,
no âmbito do Estado-membro, de processo objetivo de fiscalização normativa abstrata de leis
municipais contestadas em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º) torna inadmissível,

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por efeito da incidência do princípio da subsidiariedade (Lei nº 9.882/99, art. 4º, § 1º), o acesso
imediato à arguição de descumprimento de preceito fundamental. É que, nesse processo de
controle abstrato de normas locais, permite-se, ao Tribunal de Justiça estadual, a concessão,
até mesmo “in limine”, de provimento cautelar neutralizador da suposta lesividade do diploma
legislativo impugnado, a evidenciar a existência, no plano local, de instrumento processual
de caráter objetivo apto a sanar, de modo pronto e eficaz, a situação de lesividade, atual
ou potencial, alegadamente provocada por leis ou atos normativos editados pelo Município”
(ADPF 100 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 15/12/2008). Contudo, essa posição
é bastante questionável, já que os legitimados ativos da ADI estadual não são os mesmos
legitimados ativos da ADPF (um Governador não pode mover ADI estadual em outro Estado,
por exemplo).

GABARITO: C

8. Assinale a proposição incorreta acerca das atribuições dos cargos de Governador e


Vice-Governador do Estado:
A) Se a Constituição de um Estado-membro exigir que a Assembleia Legislativa
conceda prévia licença ao Governador do Estado para ausentar-se do país em
qualquer hipótese, independentemente do prazo de afastamento, tal norma será
inconstitucional por infringência ao princípio da simetria.

B) No Estado de São Paulo, se a vacância dos cargos de Governador e Vice-


Governador do Estado ocorrer durante o último ano do mandato, o Presidente da
Assembleia Legislativa será chamado a exercer a função de Governador do Estado
pelo período restante.

C) Ocorrendo a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República


nos últimos dois anos do período presidencial, será feita eleição indireta para
ambos os cargos trinta dias depois da última vacância

D) A competência originária para processar e julgar o Governador de Estado por


crimes comuns pertence, por simetria, ao Tribunal de Justiça local.

E) As atribuições do Vice-Governador do Estado, além de auxiliar o Governador e


cumprir as missões especiais para as quais houver sido convocado pelo Chefe do
Poder Executivo, devem ser fixadas por meio de lei complementar estadual.

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Ponto do edital: “Poder Executivo: a) sistemas de governo: presidencialismo e par-


lamentarismo e suas características; b) Presidente da República, Governadores e
Prefeitos: eleição, reeleição, perda do mandato, impedimento, substituição, suces-
são, vacância, responsabilidade e atribuições; c) Ministros de Estado, Conselho da
República e Conselho de Defesa Nacional”.

A) CORRETA: O prazo de 15 (quinze) dias corridos do art. 83 da Constituição é considerado


norma de repetição obrigatória nas Constituições estaduais e nas Leis Orgânicas Municipais.
Segundo a jurisprudência do STF, “Afronta os princípios constitucionais da harmonia e
independência entre os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige
prévia licença da Assembleia Legislativa para que o governador e o vice-governador possam
ausentar-se do País por qualquer prazo. Espécie de autorização que, segundo o modelo federal,
somente se justifica quando o afastamento exceder a quinze dias. Aplicação do princípio da
simetria.” (ADI 738, Rel. Min. Maurício Correa. julgada em 2002).

B) CORRETA: A alternativa está correta porque o modelo previsto nos artigos 40 e 41 da


Constituição do Estado de São Paulo destoa daquele aplicável à União por força do artigo
81 da Lei Maior. Sobre o tema, o STF já decidiu que os Estados-membros podem disciplinar
de modo próprio o procedimento de escolha do novo Chefe do Poder Executivo Estadual
em caso de dupla vacância: “O Estado-membro dispõe de competência para disciplinar o
processo de escolha, por sua Assembleia Legislativa, do Governador e do Vice-Governador
do Estado, nas hipóteses em que se verificar a dupla vacância desses cargos nos últimos dois
anos do período governamental. Essa competência legislativa do Estado-membro decorre da
capacidade de autogoverno que lhe outorgou a própria Constituição da República”. (ADI 1.057
MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 20.4.1994; e Rcl 7.759-MC, Rel. Min. Celso de Mello,
decisão monocrática, julgado em 26.2.2009). O artigo 41 da Carta Paulista de 1989 afirma que
“Vagando os cargos de Governador e Vice-Governador, far-se-á eleição noventa dias depois
de aberta a última vaga” e o § 1º, por sua vez, afirma que “Ocorrendo a vacância no último ano
do período governamental, aplica-se o disposto no artigo anterior”, o qual estabelece que “(...)
serão sucessivamente chamados ao exercício da Governança o Presidente da Assembleia
Legislativa e o Presidente do Tribunal de Justiça”. Note-se inclusive que, à diferença do modelo
federal (que preconiza eleição indireta pelo Congresso Nacional se a vacância ocorrer nos dois
últimos anos do mandato) o dispositivo estadual não faz alusão à eleição “pela Assembleia
Legislativa”, o que sugere a realização de pleito direto na hipótese de dupla vacância na Chefia

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do Poder Executivo Estadual durante os três primeiros anos do período governamental.

C) CORRETA: A alternativa, como já se explanou nos comentários à alternativa “B”, está


correta porque corresponde fielmente ao artigo 81, § 1º, da Lei Maior federal.

D) INCORRETA: Às vezes a aplicação do princípio da simetria pode causar confusão, como no


caso da alternativa “D”. Nos termos do art. 105, I, “a”, da Constituição, compete ao Superior
Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, nos crimes comuns, os Governadores
dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores
dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.

E) CORRETA: A alternativa corresponde ao disposto no parágrafo único do artigo 79 (“O


Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais”),
o qual se encontra fielmente reproduzido no artigo 38, parágrafo único, da Constituição
Paulista de 1989 (“O Vice-Governador, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
por lei complementar, auxiliará o Governador, sempre que por ele convocado para missões
especiais”).

GABARITO: D

9. Identifique a alternativa correta sobre o sistema brasileiro de controle de


constitucionalidade:
A) Há inconstitucionalidade orgânica quando a lei, embora seu procedimento tenha
respeitado o processo legislativo, é produzida em desconformidade com as regras
de repartição de competências estabelecidas na Constituição

B) A Ação Declaratória de Constitucionalidade foi introduzida em nosso


ordenamento jurídico com o advento da Constituição de 1988.

C) No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal


Federal não pode declarar a inconstitucionalidade de uma norma que não tenha
sido objeto do pedido sem antes determinar a emenda, pelo autor, da petição inicial.

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D) Uma Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo


pode afastar a incidência de uma lei estadual no caso concreto, mas não pode
declarar expressamente a sua inconstitucionalidade em virtude da cláusula de
reserva de plenário.

E) As leis pré-constitucionais não podem ser objeto de Ação Direta de


Inconstitucionalidade, Ação Declaratória de Constitucionalidade nem Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Controle de constitucionalidade: a supremacia da Constituição;


vício e sanção de inconstitucionalidade; origens e evolução histórica do controle;
modalidades de controle; efeitos subjetivos e temporais da declaração de incons-
titucionalidade e de constitucionalidade.

A) CORRETA: Elival da Silva Ramos – Professor Titular de Direito Constitucional da USP e


atual Procurador-Geral do Estado – é um especialista no tema controle de constitucionalidade
e, em sua obra, defende doutrinariamente que a natureza do vício de inconstitucionalidade
pode dar origem a três categorias. A inconstitucionalidade material diz respeito a vício no
conteúdo do ato, que contraria o conteúdo da Constituição. A inconstitucionalidade formal
decorre de vício no procedimento de elaboração do ato normativo, com desrespeito às normas
do processo legislativo. Por fim, a inconstitucionalidade orgânica surge do desrespeito às
regras de repartição de competências estabelecidas na Constituição – o vício não provém
de defeito do procedimento, mas da entidade, da pessoa política que legisla sem dispor de
competência para tanto (RAMOS, Elival da Silva. A inconstitucionalidade das leis: vício e
sanção. São Paulo, Saraiva, 1994, pp. 63-67).

B) INCORRETA: Na verdade, a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) foi introduzida


em nosso ordenamento jurídico pela Emenda Constitucional nº 3/1993, alguns anos após a
promulgação da Constituição de 1988.

C) INCORRETA: O sistema brasileiro de controle de constitucionalidade admite a


inconstitucionalidade por arrastamento, que consiste na possibilidade de que o STF
declare a inconstitucionalidade da norma objeto do pedido da ADI e também de outro ato
normativo em virtude de correlação, conexão ou interdependência. Trata-se de uma mitigação
ao princípio processual da congruência ou adstrição ao pedido. Assim definiu o STF, na ADI

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2995, julgada em 2006 e relatada pelo Ministro Celso de Mello: “Por entender caracterizada
a ofensa ao art. 22, XX, da CF, que confere à União a competência privativa para legislar
sobre sistemas de consórcios e sorteios, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido
formulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República, para declarar
a inconstitucionalidade da Lei 12.343/2003 e, por arrastamento, do Decreto 24.446/2002,
ambos do Estado de Pernambuco, que dispõem sobre o serviço de loterias no âmbito da
referida unidade federativa”.

D) INCORRETA: Nos termos da Súmula Vinculante nº 10, viola a cláusula de reserva de


plenário prevista no artigo 97 da Lei Maior a decisão de órgão fracionário de tribunal que,
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder
público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. Logo, a Câmara de Direito Público do TJ/
SP não pode simplesmente “afastar a incidência” do dispositivo legal sem suscitar o incidente
de constitucionalidade para levar a questão ao Órgão Especial.

E) INCORRETA: Diferentemente da ADI e da ADC, a ADPF, prevista no art. 102, § 1°, da Lei
Maior, pode realizar juízo de recepção constitucional para analisar a compatibilidade do
direito infraconstitucional anterior com a Constituição vigente (art. 1°, parágrafo único, inciso
I, da Lei nº 9.882/1999). A ADPF também é a única ação do controle abstrato que admite, em
seu objeto, o exame de lei ou ato normativo municipal em face da Constituição da República
(art. 1°, parágrafo único, I, da Lei no 9.882/1999).

GABARITO: A

10. A respeito da disciplina constitucional sobre finanças públicas e orçamentos,


assinale a opção incorreta:
A) A União, os Estados e o Distrito Federal devem obrigatoriamente depositar
no Banco Central do Brasil as disponibilidades de caixa decorrentes de sua
movimentação financeira.

B) A Constituição da República veda ao Banco Central conceder, direta ou


indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade
que não seja instituição financeira.

C) Muito embora a Constituição da República vede a inclusão na Lei Orçamentária


Anual de dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, é permitida
a inclusão de dispositivo que autorize a contratação de operações de crédito.

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D) A Lei de Diretrizes Orçamentárias é de iniciativa do Poder Executivo e compreende


entre outros temas, as metas da administração pública federal e as despesas de
capital para o exercício financeiro subsequente.

E) A Constituição da República autoriza a perda do cargo de servidores estáveis


como medida para a redução de despesas de pessoal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Finanças públicas: a) normas gerais; b) orçamentos: princípios,


elaboração, gestão, fiscalização e controle da execução orçamentária.

A) INCORRETA: De acordo com o art. 164, § 3°, da Lei Maior, as disponibilidades de caixa da
União serão depositadas no Banco Central ao passo que as dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e dos órgãos ou entidades por eles controladas devem ser depositadas em
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

B) CORRETA: Com efeito, a Constituição veda que o Banco Central conceda, direta ou
indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional ou a qualquer órgão ou entidade que não
seja instituição financeira (art. 164, § 1°). Essa disposição busca evitar abusos da chamada
“conta-movimento”, comuns nas décadas de 1960 e 1970. “A conta era um mecanismo pelo
qual, diariamente, o Banco do Brasil nivelava suas aplicações e recursos. Se tivesse déficit – o
que era mais frequente – ou superávit, essa conta era automaticamente creditada ou debitava
(...) Na prática, portanto, isso representava um ‘direito de saque’ do Banco do Brasil contra o
Banco Central” (ALÉM, Ana Cláudia. GIAMBIAGI, Fábio. Finanças Públicas: teoria e prática no
Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 90).

C) CORRETA: A afirmação está correta e corresponde ao § 8º do artigo 165: “A lei orçamentária


anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se
incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação
de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei”. Vale
lembrar que as chamadas “operações ARO” são operações de crédito que Antecipam Receitas
Orçamentárias, empréstimos contraídos pelo Poder Público perante instituições financeiras
para atender insuficiências de caixa durante o exercício que serão cobertas mediante receitas
próprias que chegarão aos cofres públicos por meio da arrecadação.

D) CORRETA: Vale lembrar que, além das metas, a LDO também deve conter as orientações
para a elaboração da Lei Orçamentária Anual, a LOA (art. 165, § 2°, da CF).

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E) CORRETA: Segundo o art. 169 da Constituição, as despesas com pessoal ativo e


inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os
limites estabelecidos em lei complementar. Esses limites foram estabelecidos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, a LRF (Lei Complementar nº 101/2000). Para o cumprimento desses
limites, o § 3º do art. 169 prevê a adoção de diversas providências, tais como a redução
de pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança (inciso
I) e a exoneração dos servidores não estáveis (inciso II). Caso tais medidas não sejam
insuficientes, o § 4º do mesmo artigo autoriza que servidores estáveis percam o cargo, desde
que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o
órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. Portanto, é correto afirmar que
a Lei Maior autoriza, como medida para redução de despesas de pessoal, perda do cargo de
servidores que gozem de estabilidade.

GABARITO: A

PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


E-mail: profcei.ravipeixoto@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Analise as seguintes assertivas acerca da ação rescisória e assinale a incorreta.


A) Não cabe ação rescisória contra decisão interlocutória de mérito.

B) Havendo conflito entre duas coisas julgadas, prevalecerá a que se formou por
último, enquanto não desconstituída mediante ação rescisória.

C) Não se admite ação rescisória de decisões proferidas em harmonia com


a jurisprudência do STF, ainda que venha a ocorrer alteração posterior do seu
entendimento sobre a matéria.

D) A jurisprudência do STF não admite o sobrestamento de ação rescisória tendo


por base o argumento de eventual modificação de entendimento do tribunal.

E) A defensoria pública está dispensada do depósito prévio para o ajuizamento da


ação rescisória.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15. Coisa julgada. Limites. Eficácia. Formas de impugnação e des-
constituição.

A) INCORRETA: Note que o CPC alterou a redação do art. 485 do CPC/1973 para afirmar,
no caput, do art. 966, que “A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida
quando”. Em outros termos, não só a sentença de mérito pode ser alvo de ação rescisória,
mas também a decisão interlocutória de mérito, a exemplo da mencionada no art. 356
do CPC. Essa conclusão é idêntica a que chegou o enunciado n. 336 do FPPC “Cabe ação
rescisória contra decisão interlocutória de mérito”.

B) CORRETA: Trata-se de reprodução de entendimento do STJ: Havendo conflito entre duas


coisas julgadas, prevalecerá a que se formou por último, enquanto não desconstituída
mediante ação rescisória. (STJ, 2ª T., REsp 1.524.123-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 26/5/2015, DJe 30/6/2015, info. 565)

C) CORRETA: Essa assertiva reproduz entendimento do STF, segundo o qual, “Não cabimento
de ação rescisória de decisões proferidas em harmonia com a jurisprudência do STF, ainda
que viesse a ocorrer alteração posterior do seu entendimento sobre a matéria. Em especial
caso fundada exclusivamente em possível e eventual alteração na jurisprudência do STF
sobre o tema (STF, Tribunal Pleno, AR 2.199/SC, rel. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min.
Gilmar Mendes, 23/04/2015, info. 782). No mesmo sentido: STF, Tribunal Pleno, AR 2572 AgR,
Relator Ministro Dias Toffoli, j. 24.2.2017, DJe de 21.3.2017.

D) CORRETA: De acordo com o STF, “É inviável o sobrestamento da ação rescisória com a


finalidade de aguardar eventual modificação da jurisprudência no âmbito do STF, sob pena
de maltrato à segurança jurídica e burla ao prazo decadencial de ajuizamento da ação”. (STF,
Tribunal Pleno, AR 2.098 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 1/7/2016, DJE de 26/9/2016). Portanto,
correta a assertiva.

E) CORRETA: Impõe-se, como regra, o depósito de 5% sobre o valor da causa para o ajuizamento
da ação rescisória (art. 968, II). No entanto, de acordo com o seu § 1º, que aumentou os entes
dispensados de tal depósito, dentre eles a defensoria, “ Não se aplica o disposto no inciso
II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias
e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham
obtido o benefício de gratuidade da justiça”.

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GABARITO: A

12. Sobre o tema da justiça gratuita, assinale a única assertiva correta.


A) O fato de a parte estar assistida pela Defensoria Pública gera o direito ao
benefício da justiça gratuita, devido ao fato de este ente representar apenas os
necessitados.

B) A concessão de gratuidade afasta a responsabilidade do beneficiário pelas


despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua
sucumbência.

C) Pessoa estrangeira residente no exterior não tem direito ao benefício da justiça


gratuita.

D) A concessão do benefício da justiça gratuita não retroage, tendo apenas efeitos


ex nunc.

E) Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver


deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o quíntuplo de seu valor a
título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou
federal e poderá ser inscrita em dívida ativa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Despesas, custas e multas processuais. Magistrado, Ministério


Público, como fiscal da lei e auxiliares da Justiça. Responsabilidades.

A) INCORRETA: A assertiva vai em sentido contrário ao entendimento do STJ, segundo o


qual, “O patrocínio da causa pela Defensoria Pública não significa, automaticamente,
a concessão da assistência judiciária gratuita, sendo necessário o preenchimento dos
requisitos previstos em lei. (STJ, 2ª T., AgInt no AREsp 1052390/RS, Rel. Min. Francisco Falcão,
j. 08/08/2017, DJe 17/08/2017). No mesmo sentido: STJ, 4ª T., AgRg no REsp 1.555.758/PR,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 03/08/2017, DJe 09/08/2017; STJ, 3ª T., AgInt no AREsp
1012133/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21/03/2017, DJe 31/03/2017”.

B) INCORRETA: A assertiva está em sentido contrário ao da legislação, eis que, de acordo


com o art. 98, § 2º, do CPC, “A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do

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beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua


sucumbência”. O que o benefício faz é gerar uma suspensão de tal dívida, nos termos do art.
98, § 3º: “Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão
sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos
5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário”.

C) INCORRETA: A assertiva vai em sentido contrário ao entendimento do STJ: “caput do


artigo 98 do CPC/2015 ampliou o rol dos sujeitos que podem ser beneficiados pela concessão
da assistência judiciária, em relação ao disposto no revogado artigo 2º da Lei 1.060/50.
Portanto, não há qualquer impeditivo legal à pessoa estrangeira residente no exterior de
postular a assistência judiciária gratuita e ter seu pedido apreciado pelo juízo. (STJ, 4ª T., REsp
1.225.854/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 25/10/2016, DJe 04/11/2016). Inclusive o caput do art.
98 é bastante eloquente no ponto ao afirmar que “A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e
os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.

D) CORRETA: Trata-se da reprodução do entendimento do STJ, segundo o qual, “A


jurisprudência desta Corte Superior firmou o entendimento de que o benefício da
assistência judiciária gratuita, conquanto possa ser requerido a qualquer tempo, tem
efeitos ex nunc, ou seja, não retroage para alcançar encargos processuais anteriores. Logo,
não há que se falar em restituição de valores pagos a título de custas e despesas processuais
face o posterior deferimento da benesse. (STJ, 4ª T., AgInt no AREsp 909.951/SP, Rel. Min.
Marco Buzzi, j. 22/11/2016, DJe 01/12/2016).

E) INCORRETA: A assertiva troca o valor máximo da multa a título de má-fé, pois a lei se refere
ao décuplo: “Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver
deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa,
que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita
em dívida ativa” (art. 100, parágrafo único, CPC).

GABARITO: D

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13. Acerca da tutela da evidência, assinale a alternativa correta:


A) A tutela da evidência sempre tem a possibilidade de ser concedida liminarmente.

B) É cabível a tutela da evidência quando a petição inicial for instruída com prova
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova
capaz de gerar dúvida razoável.

C) A tutela da evidência é incompatível com os procedimentos especiais.

D) A tutela da evidência pode ser concedida quando as alegações de fato puderem


ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento
de casos repetitivos ou em súmula vinculante.

E) A tutela da evidência apenas pode ser requerida na petição inicial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Tutelas de urgência. Fundamento. Conceito e finalidade. Moda-


lidades. Tutelas de urgência e a Fazenda Pública. Tutela de urgência nos Tribunais.

A) INCORRETA: Ao contrário do que aponta a assertiva, a tutela da evidência apenas pode


ser concedida de forma liminar com base nos incisos II e III (art. 311, parágrafo único).
São as seguintes hipóteses: a) as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
vinculante e b) se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do
contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado,
sob cominação de multa.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 311, IV, a tutela da evidência será concedida quando “a
petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito
do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável”. Note-se a exigência
da prova documental, que não foi mencionada pela assertiva.

C) INCORRETA: Inexiste qualquer vedação a priori para a concessão da tutela da evidência nos
procedimentos especiais. Inclusive o enunciado n. 422 do FPPC chegou a mesma conclusão,
ao afirmar que “a tutela da evidência é compatível com os procedimentos especiais”.

D) CORRETA: De acordo com o art. 311, II, a tutela da evidência pode ser concedida quando

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“as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese
firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante”. Note-se que ela só cabe
quando baseada em casos repetitivos ou em súmula vinculante, não havendo coincidência
com os provimentos do art. 927.

E) INCORRETA: Inexiste qualquer exigência de que a tutela da evidência seja requerida na


petição inicial, podendo ser requerida em qualquer momento. Inclusive, o enunciado n. 496 do
FPPC ressalta que “Preenchidos os pressupostos de lei, o requerimento de tutela provisória
incidental pode ser formulado a qualquer tempo, não se submetendo à preclusão temporal”.

GABARITO: D

14. Em relação à temática da formação, suspensão e extinção do processo, assinale a


alternativa incorreta.
A) Será o suspenso o processo quando o advogado responsável pelo processo
constituir o único patrono da causa e tornar-se pai.

B) O deferimento de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade não


suspende o julgamento de processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato
normativo.

C) Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for despachada pelo juiz
ou quando distribuída, onde houve mais de uma vara.

D) Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato


delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo pelo prazo máximo de
um ano a contar da propositura da ação penal.

E) Suspende-se o processo quando se discutir em juízo questão decorrente de


acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Processo. Relação jurídica processual. Pressupostos proces-


suais de existência, validade e negativos. Atos processuais das partes, do ma-
gistrado e dos auxiliares da Justiça. Forma, tempo e lugar dos atos processuais.
Prazos processuais. Preclusão. Nulidades processuais. Comunicação dos atos

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processuais. Formação, suspensão e extinção do processo.

A) CORRETA: Trata-se de uma novidade inserida pela Lei 13.363/2016, fazendo com que o
processo seja suspenso “quando o advogado responsável pelo processo constituir o único
patrono da causa e tornar-se pai” (art. 313, X, CPC).

B) CORRETA: Esse é o posicionamento do STJ, segundo o qual, “O deferimento de medida


cautelar em ação direta de inconstitucionalidade não suspende o julgamento de processos que
envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo” (STJ, 1ª Seção, REsp 1.111.099 PR, Rel.
Min. Hamilton Carvalhido, j. 25/08/2010, DJe 05/10/2010, recurso repetitivo).

C) INCORRETA: A assertiva reproduz o conteúdo do art. 263 do CPC/1973. O momento em


que se considera proposta a ação foi simplificado no CPC/2015, pois, de acordo com o art.
312, “Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a
propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que
for validamente citado”.

D) CORRETA: De acordo com o art. 315, caput, do CPC, “Se o conhecimento do mérito
depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do
processo até que se pronuncie a justiça criminal”. O § 2º, aponta que “Proposta a ação penal,
o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual aplicar-se-á
o disposto na parte final do § 1º.

E) CORRETA: De acordo com o art. 313, VII, do CPC, “Suspende-se o processo (...)
“quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de
competência do Tribunal Marítimo”.

GABARITO: C

15. Uma relevante novidade no CPC/2015 foi a inserção da dinamização do ônus da


prova, instituto que já vinha sendo aplicado pela jurisprudência e defendido por parcela
considerável da doutrina. Acerca desse tema, assinale a alternativa incorreta.
A) De acordo com o CPC, o momento mais adequado para a realização da
dinamização dos encargos probatórios será na decisão de saneamento e
organização do processo.

B) É cabível o agravo de instrumento em face da decisão que trate da dinamização


dos encargos probatórios.

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C) A dinamização não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo


pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.

D) Independentemente do momento em que realizada a dinamização, sempre deve


ser permitido à parte se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

E) Ao contrário do que ocorre na inversão do ônus da prova, que é prevista no


CDC, a dinamização prevista no CPC é um instituto de mão-dupla.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11.1. Procedimento ordinário. Fases. Petição inicial. Citação. Efei-
tos. Despacho inicial. Condutas do réu. Providências preliminares. Julgamento
conforme o estado do processo. Provas. Teoria geral das provas. Provas em es-
pécie. Audiência de instrução e julgamento. Sentença. Tutela específica e meios
assecuratórios do resultado.

A) CORRETA, eis que, de acordo com o art. 357, III, do CPC, “Não ocorrendo nenhuma das
hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
processo: (...) III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373”.

B) INCORRETA: Ocorre que, de acordo com art. 1.015, XI, do CPC, “Cabe agravo de
instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: (...) XI - redistribuição do
ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º”. Note-se que será cabível o agravo de instrumento
apenas da decisão que dinamiza o ônus da prova, mas não da decisão que a rejeita. No
segundo caso, a decisão apenas será recorrida com base nos arts. 1.009, §§ 1º e 2º: “§ 1º
As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar
agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. § 2º Se
as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado
para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas”.

C) CORRETA: De acordo com o art. 373, § 2º, do CPC, “A decisão prevista no § 1º (que trata
da dinamização) deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo
pela parte seja impossível ou excessivamente difícil”. Portanto, a dinamização não pode ser
utilizada quando a prova seja duplamente diabólica, ou seja, quando seja igualmente difícil sua
produção por ambas as partes.

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D) CORRETA: De acordo com o art. 373, § 1º, do CPC, “Nos casos previstos em lei ou diante
de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de
cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato
contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do
ônus que lhe foi atribuído”. Houve basicamente reprodução da parte final do texto normativo.

E) CORRETA: Note-se que, de acordo com o art. 6º, VIII, do CDC, “São direitos básicos do
consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. Nesse caso,
a inversão ocorre apenas do consumidor para a empresa. No entanto, se for observado, no art.
373, § 1º, do CPC, quando é mencionada a dinamização, apenas se afirma que “poderá o juiz
atribuir o ônus da prova de modo diverso”, em outros termos, a dinamização pode ocorrer do
réu para o autor ou do autor para o réu, o que não pode ocorrer no caso do CDC.

GABARITO: B

16. Marcos estava andando de carro na cidade de Ribeirão Preto, quando foi atropelado
e teve de ser atendido em um hospital da rede pública do Estado de São Paulo, pois teve
fratura exposta na perna esquerda. Ocorre que houve um erro médico e amputaram a
perna direita do paciente.
Após a recuperação, Marcos voltou para a sua cidade natal, Vitória, capital do Espírito
Santo e resolveu ajuizar uma ação contra o Estado de São Paulo e contra o Médico por
erro médico. Destaque-se que esse Médico, no momento em que foi proposta a ação, já
havia se mudado para a cidade do Rio de Janeiro.
Tendo em vista essa situação assinale a resposta correta acerca da competência.
A) A ação deverá ser proposta em São Paulo.

B) A ação poderá ser proposta em Vitória, São Paulo, Ribeirão Preto ou no Rio de
Janeiro.

C) A ação poderá ser proposta em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

D) A ação poderá ser proposta apenas em Vitória e Ribeirão Preto.

E) A ação poderá ser proposta apenas no Rio de Janeiro.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Jurisdição. Características. Organização judiciária. Competên-


cia. Critérios de determinação. Causas modificativas. Conexão, continência e pre-
venção.

A questão envolve mais de um tema sobre a competência. Veja-se que, do ponto de vista do
Estado de São Paulo, tem-se a aplicação do art. 52, parágrafo único, do CPC, que traz uma
novidade em relação ao CPC/1973, eis que, de acordo com o texto normativo, “Se Estado ou
o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor,
no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital
do respectivo ente federado”. Em outros termos, se o Estado for o réu, o autor pode escolher
entre ajuizar a ação em: i) no seu domicílio; ii) no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda; iii) no de situação da coisa; ou iv) na capital do respectivo ente federado.

A questão ainda levava em conta um outro dispositivo, qual seja, o art. 46, § 4º, do CPC,
segundo o qual “Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados
no foro de qualquer deles, à escolha do autor”, afinal, o médico também foi inserido no polo
passivo.

Portanto, o autor poderia escolher em ajuizar a ação tanto em Vitória, que seria o seu domicílio,
quanto em São Paulo, capital do ente federado, Ribeirão Preto, que seria o foro de ocorrência
do fato e ainda Rio de Janeiro, devido ao domicílio do médico, o segundo réu.

A) INCORRETA: Veja-se que, de acordo com a legislação, será possível a Marcos ajuizar
a ação tanto em Vitória, que seria o seu domicílio, quanto em São Paulo, capital do ente
federado, Ribeirão Preto, que seria o foro de ocorrência do fato e ainda Rio de Janeiro, devido
ao domicílio do médico, o segundo réu. Portanto, ao apontar que cabe apenas o ajuizamento
da ação em São Paulo, a assertiva está incorreta.

B) CORRETA: Veja-se que, de acordo com a legislação, será possível a Marcos ajuizar a ação
tanto em Vitória, que seria o seu domicílio, quanto em São Paulo, capital do ente federado,
Ribeirão Preto, que seria o foro de ocorrência do fato e ainda Rio de Janeiro, devido ao domicílio
do médico, o segundo réu. Portanto, correta a assertiva.

C) INCORRETA: Veja-se que, de acordo com a legislação, será possível a Marcos ajuizar
a ação tanto em Vitória, que seria o seu domicílio, quanto em São Paulo, capital do ente
federado, Ribeirão Preto, que seria o foro de ocorrência do fato e ainda Rio de Janeiro, devido

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ao domicílio do médico, o segundo réu. Portanto, incorreta a alternativa, ao apontar que cabe
apenas o ajuizamento da ação em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

D) INCORRETA: Veja-se que, de acordo com a legislação, será possível a Marcos ajuizar
a ação tanto em Vitória, que seria o seu domicílio, quanto em São Paulo, capital do ente
federado, Ribeirão Preto, que seria o foro de ocorrência do fato e ainda Rio de Janeiro, devido
ao domicílio do médico, o segundo réu. Portanto, incorreta a alternativa, ao apontar que cabe
apenas o ajuizamento da ação em Vitório ou em Ribeirão Preto.

E) INCORRETA: Veja-se que, de acordo com a legislação, será possível a Marcos ajuizar
a ação tanto em Vitória, que seria o seu domicílio, quanto em São Paulo, capital do ente
federado, Ribeirão Preto, que seria o foro de ocorrência do fato e ainda Rio de Janeiro, devido
ao domicílio do médico, o segundo réu. Portanto, incorreta a alternativa, ao apontar que cabe
apenas o ajuizamento da ação no Rio de Janeiro.

GABARITO: B

17. Sobre a apelação, assinale a alternativa correta:


A) Nos casos em que a apelação não possui o efeito suspensivo automático, a
parte pode promover a execução provisória após findo o prazo para a interposição
do recurso.

B) Não possui efeito suspensivo o capítulo da sentença que verse sobre os


alimentos.

C) Se a sentença for decretada nula pela ausência de fundamentação, o tribunal


deve devolver os autos para o primeiro grau para novo julgamento.

D) Cumpre ao tribunal de apelação, ao afastar o fundamento adotado pela sentença


apelada, examinar os demais fundamentos invocados pela parte para sustentar a
procedência ou a improcedência da demanda, independentemente de impugnação
pelas partes.

E) O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do em que a apelação


não possui o efeito suspensivo automático poderá ser formulado por requerimento
dirigido ao juiz, nos casos em que o recurso ainda não foi remetido ao tribunal.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Recursos. Teoria geral. Recursos em espécie. Outros meios de
impugnação das decisões judiciais. Duplo grau obrigatório.

A) INCORRETA: Nos casos em que a apelação não tem o efeito suspensivo ope legis, ao
contrário do indicado na assertiva, “o apelado poderá promover o pedido de cumprimento
provisório depois de publicada a sentença” (art. 1.012, § 2º, CPC), não precisando esperar
findar o prazo recursal.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 1.012, § 1º, III, do CPC, “§ 1º Além de outras hipóteses
previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença
que: (...) II - condena a pagar alimentos;”. Em outros termos, se a decisão de alimentos for no
sentido de excluir o seu pagamento, haverá efeito suspensivo, o que só não ocorre quando a
decisão é para determinar seu pagamento.

C) INCORRETA: O CPC/2015 reforçou a teoria da causa madura, permitindo o julgamento do


mérito no segundo grau mesmo em algumas hipóteses de nulidade da sentença e um desses
casos é quando há vício na fundamentação, nos termos do art. 1.013, § 3º, IV, do CPC: “§
3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde
logo o mérito quando: IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação”.

D) CORRETA: Trata-se de reprodução de entendimento do STJ, segundo o qual, “Cumpre ao


tribunal de apelação, ao afastar o fundamento adotado pela sentença apelada, examinar os
demais fundamentos invocados pela parte para sustentar a procedência ou a improcedência
da demanda. O exame desses demais fundamentos independe de recurso próprio ou de
pedido específico formulado em contrarrazões”. (STJ, 2ª T., AgRg no AREsp 104.252/SE,
Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 21/06/2016, DJe 28/06/2016).

Note-se que essa lógica pode ser extraída dos §§ 1º e 2º do art. 1.013, que tratam da
profundidade do efeito devolutivo da apelação: “§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e
julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que
não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 2º Quando o
pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação
devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais”.

E) INCORRETA: Não cabe ao juiz de primeiro grau analisar pedido de concessão de efeito
suspensivo da apelação, mesmo que esta ainda não tenha sido remetida ao tribunal. De

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acordo com o art. 1.012, § 3º, do CPC, “§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas
hipóteses do § 1º Poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I - tribunal, no período
compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator
designado para seu exame prevento para julgá-la; II - relator, se já distribuída a apelação”.
No caso da assertiva, o pedido de efeito suspensivo deveria ser dirigido ao tribunal e não ao
juiz do primeiro grau.

GABARITO: D

18. Assinale a alternativa correta sobre os embargos de declaração, de acordo com a


legislação e o entendimento dos tribunais superiores:
A) Não configura omissão a ausência de manifestação no acórdão embargado a
respeito de pedido de aplicação de legislação superveniente ao caso concreto,
mesmo que tenha sido formulado pela parte na primeira oportunidade em que lhe
coube falar nos autos após a entrada em vigor da nova norma.

B) Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o


tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado
multa não excedente a um por cento sobre o valor atualizado da causa.

C) Os embargos de declaração opostos contra a decisão de presidente do tribunal


que não admite recurso extraordinário não suspendem ou interrompem o prazo
para interposição de agravo, por serem incabíveis.

D) Os embargos de declaração opostos em face de decisão unipessoal devem ser


julgados pelo órgão colegiado.

E) A oposição de embargos de declaração tem aptidão de interromper o prazo para


o oferecimento da contestação e recursos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Recursos. Teoria geral. Recursos em espécie. Outros meios de
impugnação das decisões judiciais. Duplo grau obrigatório.

A) INCORRETA: A assertiva aponta em sentido diametralmente oposto ao que vem sendo


entendido pelo STJ: “Configura omissão a ausência de manifestação no acórdão embargado

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a respeito de pedido de aplicação de legislação superveniente ao caso concreto, pedido esse


formulado pela parte na primeira oportunidade em que lhe coube falar nos autos após a entrada
em vigor da nova norma. (STJ, 5ª T., EDcl nos EDcl no REsp 998.428/PR, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, j. 09/08/2016, DJe 17/08/2016).

B) INCORRETA: O único erro da assertiva está na porcentagem da multa, que é de dois e não
de um por cento sobre o valor atualizada da causa, nos termos do art. 1.026, § 2º: “Quando
manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão
fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois
por cento sobre o valor atualizado da causa”.

C) CORRETA: Trata-se da reprodução de recente entendimento do STF: Os embargos


de declaração opostos contra a decisão de presidente do tribunal que não admite recurso
extraordinário não suspendem ou interrompem o prazo para interposição de agravo, por
serem incabíveis. (STF, 1ª T., ARE 688776 ED/RS Rel. Min. Dias Toffoli, j. 28.11.2017, info
n. 886). Note-se que essa decisão atenta frontalmente o art. 1.022, caput, do CPC, segundo o
qual “Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial”, no entanto, deve ser
considerada correta para efeitos de concurso público.

D) INCORRETA: A legislação vai em sentido oposto ao da assertiva, eis que, de acordo com
o art. 1.024, § 2º, do CPC, “Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão
de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão
embargada decidi-los-á monocraticamente”.

E) INCORRETA: De acordo com o STJ, “A oposição de embargos de declaração não tem


aptidão de interromper o prazo para o oferecimento da contestação (STJ, 3ª T., REsp
1.542.510/MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27/09/2016, DJe 07/10/2016). O que ela gera é a
interrupção do prazo apenas dos recursos, nos termos do caput do art. 1.026 do CPC: “Os
embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a
interposição de recurso”.

GABARITO: C

19. Em relação à execução contra a fazenda pública, assinale a alternativa incorreta:


A) Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição
ou do precatório.

B) A execução de débito de Conselho de Fiscalização não se submete ao sistema

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de precatório.

C) Em relação aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno


valor, que não seguem a mesma fila de pagamento dos precatórios, os respectivos
valores poderão ser fixados, por leis próprias, tendo valores distintos às entidades
de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo
igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.

D) É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista


prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial.

E) Caso o crédito principal ultrapasse o teto da requisição de pequeno valor


do respectivo ente, os honorários advocatícios devem necessariamente ser
executados por meio do regime de precatórios.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 20. Execução contra a Fazenda Pública. Procedimento. Embargos.


Pagamento de obrigações de pequeno valor e precatórios. Sequestro. Intervenção
Federal.

A) CORRETA: Esse é justamente o entendimento recente do STF, que decidiu que “Incidem
juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório”. (STF,
Tribunal Pleno, RE 579.431, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 19/04/2017, regime de repercussão
geral, DJe 30/06/2017).

B) CORRETA: Por mais que os Conselhos de Fiscalização sejam entes públicos, de acordo
com o STF “A execução de débito de Conselho de Fiscalização não se submete ao sistema de
precatório”. (STF, Tribunal Pleno, RE 938.837, Rel. Min. Edson Fachin, Rel. p/ Acórdão: Min.
Marco Aurélio, j. 19/04/2017, regime de repercussão geral, DJe 25/09/2017).

Como destacado pelo Ministro Marco Aurélio, esse posicionamento decorre do fato de tais
entes não terem orçamento ou receberem aportes da União e, por isso, não estão submetidos
às regras constitucionais do capítulo de finanças públicas (artigos 163 a 169 da Constituição),
o que inviabiliza sua submissão ao regime de precatórios. O ministro ainda salientou que a
inexistência de orçamento inviabiliza o cumprimento de uma série de regras dos precatórios,
como a exigência de dotações orçamentárias específicas para este fim ou a consignação
direta de créditos ao Poder Judiciário.

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C) CORRETA: De acordo com o art. 100, § 3º, da CF, “O disposto no caput deste artigo
relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações
definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em
virtude de sentença judicial transitada em julgado”. Esse texto é complementado pelo § 4º,
segundo o qual, “Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias,
valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de
previdência social”.

D) CORRETA: De fato, de acordo com o STF, “É aplicável o regime dos precatórios às


sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza
não concorrencial”. (STF, Tribunal Pleno, ADPF 387/PI, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 23/03/2017,
info. 858).

E) INCORRETA: Ocorre justamente o contrário, pois, de acordo com o STJ, “Não há


impedimento constitucional, ou mesmo legal, para que os honorários advocatícios,
quando não excederem ao valor limite, possam ser executados mediante RPV, ainda
que o crédito dito ‘principal’ observe o regime dos precatórios”. (STJ, 1ª Seção, REsp
1.347.736 RS, Rel. Min. Castro Meira, Rel. p/ Acórdão Min. Herman Benjamin, j. 09/10/2013,
DJe15/04/2014, recurso repetitivo). Veja-se que os honorários não precisam seguir o mesmo
destino do crédito principal, sendo, de certa forma, autônomos, inclusive porque seu titular é
diverso, no caso, o advogado da parte.

GABARITO: E

20. Sobre a homologação de sentença estrangeira e a concessão de exequatur à carta


rogatória, assinale a alternativa correta:
A) A homologação de sentença estrangeira sempre dependerá de requerimento
por meio de ação de homologação de decisão estrangeira.

B) A homologação é regulamentada pelo Regimento Interno do Superior Tribunal


de Justiça.

C) É passível de homologação decisão estrangeira sem natureza jurisdicional,


desde que, pela lei brasileira, ela tivesse natureza jurisdicional.

D) Na análise da carta rogatória que requeira execução de decisão estrangeira de

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medida de urgência, a justiça brasileira poderá analisar a existência de urgência


ou não no caso concreto.

E) Admite-se a homologação de sentença estrangeira mesmo que não tenha sido


juntada a original ou a cópia da sentença homologanda.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17. Homologação de sentença estrangeira. Cabimento. Procedi-


mento.

A) INCORRETA: Nos termos do art. 960, caput, do CPC, “A homologação de decisão estrangeira
será requerida por ação de homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial
em sentido contrário prevista em tratado”. Destaque para a parte final, ou seja, é possível
a dispensa da referida ação, desde que haja disposição especial em sentido contrário
prevista em tratado.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 960, § 2º, “A homologação obedecerá ao que dispuserem
os tratados em vigor no Brasil e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça”. A
assertiva falha ao não mencionar a possibilidade de regulação pelos tratados.

C) CORRETA: Trata-se do conteúdo do art. 961, § 1º, segundo o qual, “É passível de


homologação a decisão judicial definitiva, bem como a decisão não judicial que, pela lei
brasileira, teria natureza jurisdicional”.

D) INCORRETA: De acordo com o art. 962, § 3º, do CPC, ocorre exatamente o contrário, pois
“O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente à autoridade jurisdicional
prolatora da decisão estrangeira”.

E) INCORRETA: De acordo com o STJ, “É documento indispensável ao exame do pleito de


homologação de sentença estrangeira a juntada de original ou cópia da sentença homologanda,
consoante disciplina do art. 216-C do RISTJ. (STJ, Corte Especial, SEC 7.204/EX, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, j. 15/02/2017, DJe 21/02/2017).

GABARITO: C

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PROFESSOR: LUIS FILIPE CISCOTTO


E-mail: profcei.luisciscotto@gmail.com

DIREITO CIVIL

21. A respeito da proteção ao bem de família, é correto afirmar que:


A) Não é possível a penhora de bem de família dado em hipoteca não registrada.

B) A impenhorabilidade do bem de família é oponível em qualquer processo de


execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo
se movido em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das
respectivas contribuições previdenciárias.

C) A Lei 8.009/90, que trata da impenhorabilidade do bem de família, aplica-se à


penhora realizada antes de sua vigência.

D) Os bens de família não podem ser objeto de medida de indisponibilidade prevista


na Lei de Improbidade Administrativa.

E) Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é possível que


a impenhorabilidade do bem de família atinja simultaneamente dois imóveis do
devedor – aquele onde ele mora com sua esposa e outro no qual vivem as filhas,
nascidas de relação extraconjugal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Proteção ao bem de família – Lei 8.009/90*.

*Caros alunos, primeiramente, parabéns pela aquisição do curso. Como ex-aluno CEI posso
afirmar, com toda certeza, que a feitura das questões e leitura das atas de correção serão de
enorme valia para a preparação de todos. Façam as questões objetivas sem qualquer tipo de
consulta e não tenham medo de errar, pois agora é a hora para isso e os comentários estão
aí para ajudar. Ademais, é necessário ter um panorama honesto de quais temas constituem
nossos pontos fracos, para ali reforçarmos a preparação de última hora. Pensando nisso, esta
rodada foi elaborada de forma a explorar, de forma horizontalizada, vários temas de direito civil

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1ª RODADA - 09/02/2018

muito recorrentes em provas de procuradorias. Aproveitem para já traçar um diagnóstico do


nível de preparação na matéria. Sem maiores delongas, vamos ao curso!

Quanto a esta primeira questão, em que pese o tema não constar do último edital da PGE/SP,
considero-o de extrema relevância para os concursos de procuradorias, sendo o tratamento
da matéria indissociável de qualquer atuação fazendária que envolva processo de execução.
Desta forma, e tendo em vista que a matéria é reiteradamente cobrada em concursos de alto
nível, optei por elaborar uma questão a respeito. Vejamos os comentários:

A) INCORRETA: De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, ao imóvel


dado em garantia hipotecária não se aplica a impenhorabilidade do bem de família na hipótese
de dívida constituída em favor da entidade familiar. Isso significa que, nos termos do art. 3°
da Lei n. 8.009/90, o imóvel poderá ser penhorado, ainda que se trate de bem de família, se
ele foi dado como hipoteca (garantia real) de uma dívida em favor da entidade familiar e esta,
posteriormente, não foi paga:

Lei n. 8.009/90, Art. 3º. A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de


execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se
movido:

V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo
casal ou pela entidade familiar;

Não é necessário que a hipoteca seja registrada no cartório de Registro de Imóveis. “A ausência
de registro da hipoteca em cartório de registro de imóveis não afasta a exceção à regra de
impenhorabilidade prevista no art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90.” (Nesse sentido: STJ, REsp
1.455.554-RN, 3ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/6/2016).

Assim, ainda que a hipoteca não tenha sido registrada, esse fato não poderá ser utilizado
como argumento pelo devedor para evitar a penhora do bem de família.

B) INCORRETA: A Lei Complementar 150 de 2015 revogou o inciso I do art. 3° da Lei n.


8.009/90 que previa a possibilidade de penhora do bem de família para o pagamento de dívidas
de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias.

Portanto, atualmente, o bem de família não pode mais ser penhorado para pagamento de
dívidas de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias.

Como exemplo, colha-se o caso de um empregador doméstico que está sendo executado
por dívidas trabalhistas relacionadas a ex-empregados domésticos ou dívidas referentes às

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contribuições previdenciárias decorrentes deste vínculo. Nessa hipótese, não é mais possível
penhorar o bem de família.

C) CORRETA: Trata-se da transcrição literal da Súmula 205 do STJ, muito exigida em provas:
Súmula 205, STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.

D) INCORRETA: De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, os bens de família podem


ser objeto da medida de indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade Administrativa, uma
vez que há apenas a limitação de eventual alienação do bem, e não a sua supressão da esfera
patrimonial do devedor. Vejamos algumas decisões do Tribunal nesse sentido:

“A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, nas demandas por improbidade


administrativa, a decretação de indisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único,
da LIA não depende da individualização dos bens pelo Parquet, podendo recair
sobre aqueles adquiridos antes ou depois dos fatos descritos na inicial, bem como
sobre bens de família.” (STJ, REsp 1287422/SE, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 22/08/2013).

“O caráter de bem de família de imóvel não tem a força de obstar a determinação de


sua indisponibilidade nos autos de ação civil pública, pois tal medida não implica em
expropriação do bem.” (STJ, REsp 1204794/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda
Turma, julgado em 16/05/2013).

CUIDADO: Entretanto, é preciso ter atenção especial, pois, embora o STJ permita que a
indisponibilidade de bens possa recair sobre o bem de família, o mesmo tribunal não aceita
que os bens impenhoráveis sejam alvo da medida de indisponibilidade:

“1. As verbas salariais, por serem absolutamente impenhoráveis, também não podem
ser objeto da medida de indisponibilidade na Ação de Improbidade Administrativa,
pois, sendo impenhoráveis, não poderão assegurar uma futura execução. 2. O uso
que o empregado ou o trabalhador faz do seu salário, aplicando-o em qualquer fundo
de investimento ou mesmo numa poupança voluntária, na verdade, é uma defesa
contra a inflação e uma cautela contra os infortúnios, de maneira que a aplicação
dessas verbas não acarreta a perda de sua natureza salarial, nem a garantia de
impenhorabilidade. 3. Recurso especial provido.” (STJ, REsp 1164037 RS. Data de
publicação: 09/05/2014).

“As verbas absolutamente impenhoráveis não podem ser objeto da medida de


indisponibilidade na ação de improbidade administrativa. Isso porque, sendo elas

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impenhoráveis, não poderão assegurar uma futura execução.” (STJ. 1ª Turma. REsp
1164037/RS, Rel. p/ Ac. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/02/2014).

E) INCORRETA: A 3ª turma do Superior Tribunal de Justiça determinou que a impenhorabilidade


do bem de família atinja simultaneamente dois imóveis do devedor – aquele onde ele mora
com sua esposa e outro no qual vivem as filhas, nascidas de relação extraconjugal. A Corte
Especial ampliou, assim, o conceito de entidade familiar para proteção de bem de família.

Nos dizeres do Tribunal: “Firme em tal pensamento, esta Corte passou a abrigar também o
imóvel de viúva sem filhos, de irmãos solteiros e até de pessoas separadas judicialmente,
permitindo, neste caso, a pluralidade de bens protegidos pela lei 8.009/90”. Para o relator do
acórdão, o ministro Villas Bôas Cueva, jurisprudência do STJ vem há tempos entendendo que
a impenhorabilidade prevista na lei 8.009/90 não se destina a proteger a família em sentido
estrito, mas, sim, a resguardar o direito fundamental à moradia, com base no princípio da
dignidade da pessoa humana. “O conceito de entidade familiar deve ser entendido à luz das
alterações sociais que atingiram o direito de família. Somente assim é que poderá haver sentido
real na aplicação da lei 8.009/90”.

GABARITO: C

22. A respeito dos defeitos do negócio jurídico previstos no Código Civil, assinale a
resposta correta:
A) A anulação do negócio por dolo exige a prova do prejuízo.

B) A impossibilidade inicial do objeto sempre invalida o negócio jurídico.

C) No dolo enantiomórfico não poderá haver a compensação parcial de condutas.

D) Para a configuração do estado de perigo, é necessário o dolo de aproveitamento.

E) Na simulação, dispensa-se que o ânimo de simular seja comum a ambas as


partes, bastando que o seja relativamente a uma delas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Defeitos do negócio jurídico.

A) INCORRETA: De acordo com a definição dada por Clóvis Beviláqua, “o dolo é o artifício

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ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato jurídico, que o
prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro”. Assim, o dolo tem em vista aproveitar
de um individuo. A prática do dolo é ato ilícito, nos termos do art. 186 do Código Civil. Para que
se configure o dolo, são necessários dois requisitos. O primeiro é a intenção de prejudicar por
parte de quem o pratica. O segundo diz respeito aos artifícios fraudulentos utilizado pela parte
que age com dolo. Nesse sentido, para que o negócio jurídico seja anulado por dolo, não se
exige a prova do prejuízo, sendo necessário, apenas, que o dolo seja a causa determinante
para realização do negócio, e, sem ele, o negócio jamais seria celebrado.

B) INCORRETA: Nos termos do art. 106 do Código Civil, a impossibilidade inicial do objeto não
invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele
estiver subordinado.

C) INCORRETA: Em primeiro lugar, deve-se compreender o significado do termo dolo


enantiomórfico. Trata-se da situação em que ambas as partes agem dolosamente, uma visando
prejudicar a outra mediante o emprego de artifícios ardilosos. Em regra, nenhuma das partes
pode pedir a anulação do negócio, nem mesmo pleitear perdas e danos, persistindo o negócio
válido, nos termos do art. 150 do Código Civil: “Se ambas as partes procederem com dolo,
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização”.

Entretanto, caso ambos os negociantes, agindo dolosamente, causem prejuízos de valores


diferentes, pode-se ocorrer a denominada compensação parcial das condutas, situação em
que o prejudicado em quantia maior pode pleitear perdas e danos da outra parte.

D) CORRETA: O estado de perigo é espécie de defeito do negócio jurídico previsto no artigo


156 do Código Civil, configurando-se “quando alguém, premido da necessidade de salvar-se,
ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente desproporcional”. Para a configuração do estado de perigo, é necessário o
chamado dolo de aproveitamento, que nada mais é do que o conhecimento da situação de
necessidade pela parte beneficiada do negócio que se está celebrando. Em outras palavras,
no estado de perigo, é preciso que a situação seja conhecida pela outra parte. Diferentemente
ocorre na lesão, em que não há a presença deste elemento subjetivo. Nos termos do art.
157 do Código Civil, “ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta”. Repare que o texto do artigo 157 do CC/02 não exige o conhecimento da situação
pela outra parte. Conclui-se que o dolo de aproveitamento não se aplica à lesão, mas somente
ao estado de perigo. Enunciado 150, da III Jornada de Direito Civil do CJF: A lesão de que trata
o art. 157 do Código Civil não exige dolo de aproveitamento.

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E) INCORRETA: Em decisão divulgada no informativo n° 585, o STJ reiterou o entendimento


no sentido de ser necessário o requisito da comunhão de vontades das partes para produção
da simulação, que não se verifica se a vontade de simular for restrita a uma delas, vejamos:
“Ora, no caso em apreço, não se está diante de nenhum dos requisitos elencados acima que
caracterizam a simulação. A simulação pressupõe um acordo entre os declarantes para a
realização de um determinado negócio jurídico a fim de infringir a lei ou prejudicar terceiros
de forma deliberada. Isto é, há verdadeiro conluio entre os contraentes do negócio jurídico
celebrado, o que não ocorreu na espécie. Ora, se não houve a participação (manifestação de
vontade) de um dos envolvidos no negócio jurídico, visto que sua assinatura foi falsificada,
não há como se falar em existência de conluio entre as partes para fraudar terceiros. No caso,
o sócio prejudicado não participou do negócio referente à cessão das cotas da sociedade
empresária a terceiros, só tendo ciência da falsificação de sua assinatura muito tempo depois,
razão pela qual se revela equivocado aplicar o art. 167 do CC. Diante do exposto, verifica-
se a ocorrência de nulidade absoluta, consubstanciada na alteração contratual da sociedade
empresária mediante a falsificação da assinatura do sócio prejudicado, sendo impossível a
convalidação do ato pelas partes mediante escritura pública, tampouco reconhecer que houve
renovação do negócio jurídico de forma válida, além de não ser a hipótese de conversão
substancial (art. 170 do CC), nem de subsistência de negócio dissimulado (art. 167 do CC).”
STJ, REsp 1.368.960-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/6/2016, DJe 10/6/2016.

GABARITO: D

23. Sobre o tema da prescrição e decadência, indique a alternativa correta:


A) O prazo prescricional para cobrança de cotas condominiais é de três anos.

B) O prazo prescricional para as ações de repetição de indébito relativo às tarifas


de serviços de água e esgoto cobradas indevidamente é de cinco anos.

C) A interrupção do prazo prescricional operada contra o fiador não prejudica


o devedor afiançado, ainda que a relação seja reconhecida como de devedores
solidários.

D) A pretensão deduzida em demanda baseada na garantia da evicção submete-se


ao prazo prescricional de dois anos.

E) Prescreve em dez anos a pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto

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de automóvel por mecânico que não tenha conhecimento técnico e formação


intelectual suficiente para ser qualificado como profissional liberal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Prescrição e Decadência.

A) INCORRETA: De acordo com o entendimento do STJ, na vigência do Código Civil de


2002, é quinquenal o prazo prescricional para que o condomínio geral ou edilício (vertical ou
horizontal) exercite a pretensão de cobrança de taxa condominial ordinária ou extraordinária,
constante em instrumento público ou particular, a contar do dia seguinte ao vencimento da
prestação. Nesse sentido: STJ. 2ª Seção. REsp 1.483.930-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 596).

Portanto, a cobrança de cota condominial enquadra-se na previsão do art. 206, § 5º, I, do


CC/02:

Art. 206. Prescreve:

(...)

§ 5º Em cinco anos:

I – a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público


ou particular;

As cotas condominiais são líquidas desde o momento em que seu valor é definido na assembleia
geral de condôminos.

B) INCORRETA: Sobre o prazo prescricional da ação de repetição de indébito de tarifas de


água e esgoto, o STJ editou uma súmula:

Súmula 412-STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto


sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.

Como não existe um dispositivo específico no Código Civil tratando sobre o tema, aplica-se
o prazo de 10 anos, conforme o art. 205 do CC: Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos,
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Observação: Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/1916, o prazo prescricional é de 20 anos


(art. 177 CC/1916).

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Atenção: Se o fato ocorreu na vigência do CC/1916, mas a ação somente foi proposta quando
vigorava o Código Civil de 2002, deve-se analisar a situação particular para verificar se, quando
entrou em vigor o CC/2002, já havia se passado mais da metade do prazo prescricional, de
acordo com a regra de direito intertemporal prevista no art. 2.028 do CC/02: Art. 2.028. Serão os
da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em
vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.

C) INCORRETA: De fato, a interrupção da prescrição em desfavor do fiador não se estende


ao devedor, já que o principal não acompanha o destino do acessório e, por consequência, a
prescrição continua correndo em favor deste. Entretanto, o STJ conferiu interpretação restritiva
a esse dispositivo, e entendeu que, excepcionalmente, a interrupção em face do fiador poderá,
sim, acabar prejudicando o devedor principal, nas hipóteses em que a referida relação for
reconhecida como de devedores solidários. Vejamos a decisão:

“A interrupção do prazo prescricional operada contra o fiador não prejudica


o devedor afiançado, salvo nas hipóteses em que a relação seja reconhecida como
de devedores solidários.

A prescrição é a perda da pretensão inerente ao direito subjetivo, em razão da


passagem do tempo. Sobre o tema, a legislação civil dispõe sobre diversas causas
interruptivas desta (art. 202 do CC/02) e que acarretam o início da recontagem por
inteiro do prazo prescricional. A norma estabelece, ainda, o caráter pessoal do ato
interruptivo, pois somente aproveitará a quem a promover ou prejudicará aquele
contra quem for dirigida, nos termos do art. 204, caput, do CC/02. Outrossim, de
acordo com o disposto no § 3º do citado normativo legal, excepcionalmente, “a
interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador”.

Nessa ordem de ideias, há que se definir se a conclusão inversa também pode ser tida como
verdadeira, isto é, se o ato interruptivo da prescrição, resultante da citação do fiador no âmbito
da execução de título extrajudicial, se estende ao devedor principal.

Com efeito, verifica-se que, em regra, a interrupção operada contra o fiador não prejudica o
devedor afiançado, haja vista que o principal não acompanha o destino do acessório e, por
conseguinte, a prescrição continua correndo em favor deste. Não se pode olvidar, ademais,
que, como disposição excepcional, a referida norma deve ser interpretada restritivamente,
e, como o legislador previu, de forma específica, apenas a interrupção em uma direção –
a interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador – não seria de boa
hermenêutica estender a exceção em seu caminho inverso.

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De outro turno, e apesar de a regra geral apontar para uma responsabilidade de natureza
subsidiária do fiador – que apenas será responsabilizado caso o devedor principal não tenha
patrimônio suficiente para garantir a execução – excepcionalmente, a interrupção em face do
fiador poderá, sim, acabar prejudicando o devedor principal, nas hipóteses em que a referida
relação for reconhecida como de devedores solidários.

Sendo assim, caso renuncie ao benefício ou se obrigue como principal pagador ou devedor
solidário, a sua obrigação, que era subsidiária, passará a ser solidária, e, a partir de então,
deverá ser norteada pela sistemática estabelecida nos arts. 275 a 285 da lei civil. Por fim,
apesar de afastada a exceção do § 3° do art. 204, verifica-se que haverá a subsunção do fato
com a previsão do § 1°, segundo a qual “a interrupção efetuada contra o devedor solidário
envolve os demais e seus herdeiros”. (Nesse sentido: STJ, Resp 1.276.778, Informativo n.
602).

D) INCORRETA: A pretensão deduzida em demanda baseada na garantia da evicção submete-


se ao prazo prescricional de três anos (STJ. 3ª Turma. REsp 1.577.229-MG, Informativo n°
593). Ademais, de acordo com a Corte Especial, para que o evicto possa exercer os direitos
resultantes da evicção (ou seja, para que possa cobrar a indenização), não é necessário o
trânsito em julgado da decisão. (STJ. 4a Turma. REsp 1.332.112-GO, Rel. Min. Luís Felipe
Salomão, julgado em 21/3/2013).

Para o STJ, a garantia por evicção está relacionada com a “responsabilidade negocial” do
alienante, que tem a obrigação de indenizar o adquirente evicto pelo fato de não ter transmitido
a propriedade do bem isenta de vícios. Dessa forma, trata-se de uma ação de reparação
civil decorrente de inadimplemento contratual (o alienante descumpre uma das obrigações do
contrato, qual seja a de transmitir a propriedade isenta de vícios).

Aplica-se, assim, o prazo prescricional previsto no art. 206, § 3º, V, do CC:

Art. 206. Prescreve:

(...)

§ 3º Em três anos:

V - a pretensão de reparação civil;

Observação: Este dispositivo tem incidência tanto na responsabilidade civil extracontratual


como contratual.

E) CORRETA: Nos termos da jurisprudência do STJ, o mecânico que não possui conhecimento

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técnico e formação intelectual suficiente não pode ser qualificado como “profissional liberal”.
Logo, não se aplica o art. 206, § 5º, II, do CC, que prevê o prazo prescricional de cinco anos
para a pretensão de profissionais liberais.

No caso da pretensão envolvendo o mecânico sem conhecimento técnico e formação intelectual


aplica-se o prazo prescricional de 10 anos, previsto no art. 205 do Código Civil: Art. 205. A
prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Vejamos a decisão:

“Prescreve em 10 anos (art. 205 do CC) a pretensão de cobrar dívida decorrente


de conserto de automóvel por mecânico que não tenha conhecimento técnico e
formação intelectual suficiente para ser qualificado como profissional liberal. Isso
porque não há como se enquadrar o referido mecânico na categoria de profissional
liberal, cuja pretensão de cobrança de serviço é regida pelo prazo prescricional de
5 anos (art. 206, § 5º, II, do CC).

(...)

Dessa forma, guardadas as peculiaridades de cada atividade, podem-se apontar


as características comuns das profissões liberais: (i) prestação de serviço técnico
ou científico especializados; (ii) formação técnica especializada, normalmente, em
nível universitário; (iii) vínculo de confiança com o cliente (intuitu personae); (iv)
ausência de vínculo de subordinação com o cliente ou com terceiro; e (v) exercício
permanente da profissão. Na hipótese, o mecânico não apresenta a necessária
formação técnica especializada para que incida o prazo prescricional quinquenal;
desse modo, aplica-se a regra geral da prescrição decenal.” STJ, REsp 1.546.114-
ES, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 17/11/2015, DJe 23/11/2015.

GABARITO: E

24. No âmbito da responsabilidade civil, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Nos procedimentos cirúrgicos estéticos, a responsabilidade do médico é
subjetiva com presunção de culpa.

B) A responsabilidade civil “effusi et dejects” não foi prevista no Código Civil.

C) A responsabilidade dos pais por seus filhos menores, é uma hipótese de

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responsabilidade objetiva indireta ou impura.

D) Nos casos de responsabilidade civil derivada de incapacitação para o trabalho,


a vítima não tem o direito absoluto de que a indenização por danos materiais fixada
em forma de pensão seja arbitrada e paga de uma só vez.

E) A privação da liberdade por policial fora do exercício de suas funções e com


reconhecido excesso na conduta caracteriza dano moral in re ipsa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Responsabilidade Civil.

A) CORRETA: De acordo com a jurisprudência do STJ, nos procedimentos cirúrgicos


estéticos, a responsabilidade do médico é subjetiva com presunção de culpa. Ou seja, embora
a obrigação seja de resultado, a responsabilidade do médico no caso de cirurgia meramente
estética permanece sendo SUBJETIVA, no entanto, com inversão do ônus da prova, cabendo
ao médico comprovar que os danos suportados pelo paciente advieram de fatores externos e
alheios à sua atuação profissional. Trata-se, portanto, de responsabilidade subjetiva com culpa
presumida. NÃO é caso de responsabilidade objetiva. Aplica-se, na hipótese, o § 3º do art. 14
do CDC: Art. 14 (...) § 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa. “Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto
a obrigação seja de resultado, não se vislumbra responsabilidade objetiva pelo insucesso da
cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o que importa a inversão do ônus da prova,
cabendo ao profissional elidi-la (eliminá-la) de modo a exonerar-se da responsabilidade
contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico.” (STJ, AREsp 328.110).

B) INCORRETA: A responsabilidade civil “effusi et dejects” consiste na reparação por ato ilícito
oriundo de responsabilidade civil de coisa lançada ou caída de prédio ou de ruína de edifício
ou construção. Essa responsabilidade abrange duas hipóteses, ambas previstas no Código
Civil: art. 937 (ruína de edifício ou construção) e art. 938 (coisas caídas ou arremessadas de
prédio). Segundo Carlos Roberto Gonçalves, a responsabilidade “effusi et dejects” é puramente
objetiva: “A responsabilidade, no caso, é puramente objetiva. Não se cogita da culpa. Já no
direito romano, a actio effuis et dejectis se destinava a definir a responsabilidade em face do
dano causado por uma coisa lançada de uma habitação para o exterior. Não se indagava se
foi lançada propositadamente à rua ou se caiu acidentalmente. Se havia despejado uma coisa
líquida (effusum) ou lançado um objeto (dejectum) de um edifício sobre um lugar destinado

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à passagem pública, concedia contra o “habitator, independentemente de culpa”, uma ação,


variável em seu objeto de acordo com as hipóteses (GONÇALVES, 2013, p. 242).” Portanto,
nessa modalidade de reparação ou de responsabilidade civil “effusi et dejects”, não se discute
a culpa. Responsabilidade civil “effusi et dejects” prevista no Código Civil: Art. 937. O
dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Art. 938. Aquele que habitar
prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem
lançadas em lugar indevido.

C) CORRETA: Nos termos do artigo 932, inciso I, do Código Civil, os pais respondem
objetivamente pelos danos causados a terceiros por seus filhos menores, que se encontrem
sob sua autoridade e em sua companhia. É necessário, entretanto, que se prove a culpa
dos filhos no ato ilícito, para que sobrevenha a responsabilidade objetiva dos pais, sendo
esta responsabilidade denominada objetiva impura ou objetiva indireta. Assim, de acordo
com Flávio Tartuce, enuncia o art. 933 do CC que a responsabilidade das pessoas antes
elencadas independe de culpa, tendo sido adotada a teoria do risco-criado. Nesse sentido,
as pessoas arroladas, ainda que não haja culpa de sua parte (responsabilidade objetiva),
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Mas, para que essas pessoas
respondam, é necessário provar a culpa daqueles pelos quais são responsáveis. Por isso a
responsabilidade é denominada objetiva indireta ou objetiva impura, conforme a doutrina de
Álvaro Villaça Azevedo. CC, Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os
pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; Art. 933. As
pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua
parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

D) CORRETA: O art. 950, § único, do CC prevê que a vítima que sofrer uma ofensa que resulte
em lesão pode exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. Se a vítima pedir
para receber a indenização de uma só vez, o magistrado não deve, necessariamente, acatar
o pedido. Nos termos decididos pelo STJ, nos casos de responsabilidade civil derivada de
incapacitação para o trabalho (art. 950 do CC), a vítima não tem o direito absoluto de que a
indenização por danos materiais fixada em forma de pensão seja arbitrada e paga de uma só
vez. É preciso ponderar que, se por um lado é necessário satisfazer o crédito do beneficiário,
por outro não se pode exigir o pagamento de uma só vez se isso puder levar o devedor à
ruína. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.349.968-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 14/4/2015 (Informativo n° 561). Julgado correlato: “Os credores de indenização por
dano morte fixada na forma de pensão mensal não têm o direito de exigir que o causador do
ilícito pague de uma só vez todo o valor correspondente. Isso porque a faculdade de “exigir

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que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez” (parágrafo único do art. 950 do CC)
é estabelecida para a hipótese do caput do dispositivo, que se refere apenas a defeito que
diminua a capacidade laborativa da vítima, não se estendendo aos casos de falecimento.
Precedentes citados: REsp 1.230.007-MG, Segunda Turma, DJe 28/2/2011; REsp 1.045.775-
ES, Terceira Turma, DJe 4/8/2009.” REsp 1.393.577-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 20/2/2014.

E) CORRETA: Em julgado recente, a Corte Especial entendeu que a privação da liberdade por
policial fora do exercício de suas funções e com reconhecido excesso na conduta caracteriza
dano moral “in re ipsa”. Vejamos a decisão: “O contexto delineado pelo Tribunal de origem
revela que, ao largo do debate acerca da prática de eventual crime de desacato, houve
uma atuação arbitrária por policial ao algemar pessoa idosa, no interior do condomínio onde
moram, em meio a uma discussão, o que lhe causou severas lesões corporais, caracterizando-
se, assim, a ofensa a sua liberdade pessoal e, consequentemente, a sua dignidade. Com
efeito, por se tratar de medida extremamente gravosa, a prisão, quando não decorrente de
sentença penal condenatória transitada em julgado, é autorizada pelo Estado no flagrante
delito ou em hipóteses excepcionais, mediante ordem escrita e fundamentada do juiz, na qual
fiquem demonstradas a sua necessidade e a adequação às circunstâncias que a justificam.
Nesse sentido, o respeito pela condição fundamental de liberdade é consectário natural do
postulado da dignidade da pessoa humana, que, por sua vez, como um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil, constitui, segundo a doutrina, verdadeira “cláusula geral de
tutela e promoção da pessoa humana, tomada como valor máximo pelo ordenamento”. Não
por outro motivo, a ordem jurídica brasileira qualifica a prisão ilegal como crime, e, na esfera
cível, como ato ofensivo à liberdade pessoal (art. 954, parágrafo único, II, do CC/02). Sob essa
ótica, porque constitui grave violação da integridade física e psíquica do indivíduo, e, portanto,
ofensa a sua dignidade enquanto ser humano, a privação indevida da liberdade, sobretudo por
preposto do Estado e fora do exercício das funções, caracteriza dano moral “in re ipsa.” (STJ,
3ª Turma. REsp 1.675.015-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/9/2017. Informativo n°
612).

GABARITO: B

25. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa


correta:
A) O aviso prévio não integra a base de cálculo da pensão alimentícia.

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B) A responsabilidade civil por danos decorrentes do direito de vizinhança é


subjetiva.

C) É vedada a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em


contratos bancários.

D) Acontecendo o suicídio nos dois primeiros anos de contrato, o beneficiário não


terá direito à indenização, salvo se o suicídio tenha ocorrido sem premeditação.

E) A convenção de condomínio poderá impedir, sempre que necessário, a presença


de animais nas respectivas unidades.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Jurisprudência dos Tribunais Superiores.

A) CORRETA: Desde que não haja disposição transacional ou judicial em sentido contrário, o
aviso prévio não deve integrar a base de cálculo da pensão alimentícia.

Para a melhor doutrina, o aviso prévio é o “pagamento que vai ser efetuado pelo empregador
ao empregado pela prestação de serviços durante o restante do contrato de trabalho, ou a
indenização substitutiva pelo não cumprimento do aviso prévio por qualquer das partes”.
Essa parcela pode ter cunho indenizatório (art. 487, § 1º, da CLT) – quando o empregado é
dispensado do labor durante o período do aviso prévio – ou salarial (art. 488 da CLT) – quando
destinada a remunerar o trabalhador pela continuação dos serviços no referido lapso temporal.

Não obstante essa natureza dúplice, trata-se, em qualquer das hipóteses, de verba rescisória,
e, por conseguinte, de caráter excepcional –, razão pela qual se mostra infensa à incidência
da pensão alimentícia, desde que não haja disposição transacional ou judicial em sentido
contrário.

“A aplicação de solução diversa, levando em consideração tão somente a natureza


jurídica imediata desse estipêndio (remuneratória) e olvidando a sua natureza
mediata (verba rescisória), consistiria em verdadeira iniquidade, com foco restrito
no fato de determinado empregado não ter sido dispensado do cumprimento dos
deveres laborais. Ademais, a jurisprudência do STJ é uníssona no sentido de que
a verba indenizatória não se inclui na base de cálculo da pensão alimentícia.”
(STJ, REsp 807.783-PB, Quarta Turma, DJe 8/5/2006; e REsp 277.459-PR, Quarta

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1ª RODADA - 09/02/2018

Turma, DJe 2/4/2001). REsp 1.332.808-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 18/12/2014.

B) INCORRETA: Conforme entendimento uníssono do Superior Tribunal de Justiça e demais


Tribunais de Justiça, a responsabilidade pelos danos causados no direito de vizinhança é
OBJETIVA:

“AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - NEGATIVA


DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - AUSÊNCIA DE OMISSÃO DO ACÓRDÃO
RECORRIDO - DIREITO DE VIZINHANÇA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA -
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - TESE DE CONSERVAÇÃO
DE MARCO DIVISÓRIO ATRIBUÍDA AOS CONFINANTES - ART. 1.297, § 1º DO
CPC - INAPLICABILIDADE - PRESUNÇÃO RELATIVA - COMPROVADO NOS
AUTOS QUE O MURO DIVISÓRIO DOS IMÓVEIS ESTAVA SOB OS CUIDADOS
DOS RECORRENTES - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ - DECISÃO AGRAVADA
MANTIDA. 1. - Não se viabiliza o Especial pela indicada ausência de prestação
jurisdicional quando, embora rejeitados os embargos de declaração, verifica-se que
a matéria em exame foi devidamente enfrentada pelo colegiado de origem, que
sobre ela emitiu pronunciamento de forma fundamentada e sem omissões, ainda
que em sentido contrário à pretensão do Recorrente. A jurisprudência desta Casa
é pacífica ao proclamar que, se os fundamentos adotados bastam para justificar
o concluído na decisão, o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os
argumentos utilizados pela parte. 2. - No caso concreto, a Corte de origem afastou
a aplicação, no caso dos autos, do artigo 1.297, § 1º, do Código Civil , pois restou
comprovado que o muro divisório dos imóveis dos litigantes, estava sob o cuidado
dos Recorrentes, consignando, ainda, que a regra insculpida em referido dispositivo
legal é meramente relativa, podendo ser ilidida por prova em contrário, como ocorreu
na espécie. 3. - Assim, no caso dos autos, a convicção a que chegou o Tribunal a
quo, decorreu da análise do conjunto fático-probatório constante dos autos, sendo
vedado nova análise, a teor do que preconiza a Súmula 7 deste Superior Tribunal de
Justiça: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso Especial.”
4. - Agravo Regimental improvido. Nesse sentido: STJ, AgRg no AREsp 399367 ES
2013/0321159-1.

INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS. DIREITO DE VIZINHANÇA. MURO


DIVISÓRIO. RACHADURAS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DEVER DE
INDENIZAR. CONSTRUTOR. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA AFASTADA. “A

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responsabilidade do proprietário do prédio é objetiva, devendo responder pelos


danos causados ao imóvel vizinho, caso demonstradas a sua ocorrência e o nexo
causal, não havendo se falar em prova da culpa. O construtor somente responde,
solidariamente, se restar caracterizada a sua culpa, porquanto age em nome e
por ordem do proprietário do imóvel.” (TJMG; AC 1.0024.03.100333-8⁄001; Belo
Horizonte; Nona Câmara Cível; Rel. Des. Tarcisio Martins Costa; Julg. 17⁄07⁄2007;
DJMG 28⁄07⁄2007).

DIREITO DE VIZINHANÇA. AVARIAS DETECTADAS NO IMÓVEL DA AUTORA.


IRREGULARIDADES ESTRUTURAIS OU FALTA DE MANUTENÇÃO DO IMÓVEL
VIZINHO. RESPONSABILIDADE CONFIGURADA. RECONHECIMENTO. “Vigora
nas relações de vizinhança o princípio da responsabilidade objetiva, emergindo o
dever de indenizar desde que provados os danos e o nexo de causalidade. Recurso
improvido.” (TJSP; APL 992.09.048061-8; Ac. 4720669; São José do Rio Preto;
Trigésima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Orlando Pistoresi; Julg. 15⁄09⁄2010;
DJESP 07⁄10⁄2010).

C) INCORRETA: É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em


contratos BANCÁRIOS.

A Medida Provisória n.º 1.963-17, editada em 31 de março de 2000, permitiu às instituições


financeiras a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.

Assim, de fato, é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em


contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da Medida
Provisória 1.963-17/2000 (atual MP 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada.

Ademais, o próprio STJ já confirmou essa possibilidade: Nos contratos celebrados por
instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, posteriormente à edição da MP nº
1.963-17/00 (reeditada sob o nº 2.170-36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde
que expressamente pactuada. (STJ. 3ª Turma, REsp 894.385/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
27.03.2007, DJ 16.04.2007)

Nesse sentido, os bancos podem fazer a capitalização de juros com periodicidade inferior a um
ano, desde que expressamente pactuada. A capitalização dos juros em periodicidade inferior à
anual deve vir pactuada de forma expressa e clara.

A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal


é suficiente para que a capitalização esteja expressamente pactuada. Ou seja, basta que o

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contrato preveja que a taxa de juros anual será superior a 12 vezes a taxa mensal para que o
contratante possa deduzir que os juros são capitalizados.

Desse modo, os bancos não precisam dizer expressamente no contrato que estão adotando a
“capitalização de juros”, bastando explicitar com clareza as taxas cobradas.

A cláusula com o termo “capitalização de juros” será necessária apenas para que, após vencida
a prestação sem o devido pagamento, o valor dos juros não pagos seja incorporado ao capital
para o efeito de incidência de novos juros.

A tese fixada pelo STJ foi a seguinte: É permitida a capitalização de juros com periodicidade
inferior a um ano em contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de março de 2000, data
da publicação da MP 1.963-17/2000 (atual MP 2.170-36/2001), desde que expressamente
pactuada (STJ. 2ª Seção. REsp 973.827/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 08/08/2012).

Em resumo:

Regra: é proibida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano (art. 4º do


Decreto 22.626/33 - Lei de Usura).

Exceção: as instituições financeiras podem exigir a capitalização de juros com periodicidade


inferior a 1 ano (ex: capitalização mensal de juros). Isso foi autorizado pela MP n.º 1.963-
17/2000.

Portanto, um banco tem autorização legal para cobrar juros com capitalização inferior a um
ano, desde que o contrato assinado preveja expressamente.

Súmula 539-STJ: É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à


anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada como MP 2.170-36/01),
desde que expressamente pactuada.

A capitalização de juros, seja qual for a sua periodicidade, somente será considerada válida se
estiver expressamente pactuada no contrato.

Art. 591 do CC: Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos


juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o
art. 406, permitida a capitalização anual.

“A cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida quando

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houver expressa pactuação. Isso significa que a capitalização de juros, seja qual for
a sua periodicidade (anual, semestral, mensal), somente será considerada válida se
estiver expressamente pactuada no contrato. A pactuação da capitalização dos juros
é sempre exigida, inclusive para a periodicidade anual. O art. 591 do Código Civil
permite a capitalização anual, mas não determina a sua aplicação automaticamente.
Não é possível a incidência da capitalização sem previsão no contrato.” STJ. 2ª
Seção. REsp 1.388.972-SC, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 8/2/2017 (recurso
repetitivo) (Info 599).

D) INCORRETA: De acordo com a jurisprudência do STJ, ocorrendo o suicídio nos dois


primeiros anos de contrato, o beneficiário não terá direito à indenização, quer tenha sido o
suicídio premeditado, quer tenha ocorrido sem premeditação.

Podemos resumir o que foi decidido pela Corte Especial da seguinte forma:

a) Se o suicídio ocorreu ANTES dos DOIS primeiros anos do contrato: O beneficiário NÃO
terá direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois anos de
vigência inicial do contrato ou nos dois primeiros anos depois de o contrato ter sido reiniciado
(recondução) depois de um tempo suspenso (art. 798 do CC).

Atenção: o beneficiário não terá direito à indenização, mas receberá o valor da reserva técnica
já formada, ou seja, terá direito à quantia que o segurado pagou a título de prêmio para a
seguradora.

A seguradora será obrigada a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já formada


mesmo que fique provado que o segurado premeditou o suicídio

b) Se o suicídio ocorreu DEPOIS dos dois primeiros anos do contrato - Será devida a
indenização, ainda que exista cláusula expressa em contrário.

Ademais, é nula a cláusula contratual que exclua a indenização da seguradora em caso de


suicídio ocorrido depois dos dois primeiros anos do contrato (art. 798, parágrafo único). Assim,
se o suicídio ocorre depois dos dois primeiros anos, é devida a indenização ainda que exista
cláusula expressa dizendo que a seguradora não deve indenizar.

“A redação do art. 798 do CC é muito clara e direta: se o suicídio ocorrer dentro


dos dois primeiros anos do contrato, a seguradora não está obrigada a indenizar
o beneficiário. Em outras palavras, durante os dois primeiros anos de vigência do
contrato de seguro de vida, o suicídio é risco não coberto por força de lei.

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O legislador estabeleceu um critério objetivo para regular a matéria, sendo, portanto, irrelevante
a discussão a respeito da premeditação da morte. O art. 798 adotou critério objetivo temporal
para determinar a cobertura relativa ao suicídio do segurado, afastando o critério subjetivo da
premeditação.

Acontecendo o suicídio nos dois primeiros anos de contrato, o beneficiário não terá direito à
indenização, quer tenha sido o suicídio premeditado, quer tenha ocorrido sem premeditação.
Essa escolha do legislador teve como objetivo conferir maior segurança jurídica evitando
discussões sobre o elemento subjetivo, ou seja, a respeito da intenção do segurado. Esse é
o entendimento do STJ.” STJ, 2ª Seção. AgRg nos EDcl nos EREsp 1076942⁄PR, Rel. para
acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 27⁄5⁄2015.

E) INCORRETA: De fato, a convenção de condomínio poderá impedir animais nas unidades,


entretanto, somente quando causarem incômodo ou risco à segurança e saúde dos condôminos.

Em oportunidade de posicionar-se sobre referidos conflitos, o STJ entendeu que:

“I – Ao condômino, assiste legitimidade para postular em juízo a nulidade de


deliberação, tomada em assembleia-geral, que contrarie a lei, a convenção ou o
regimento interno do condomínio.

II- A exegese conferida pelas instâncias ordinárias às referidas normas internas não
se mostra passível de análise em se tratando de recurso especial (Enunciado 5 da
Súmula/STJ).

III – Fixado, com base em interpretação levada a efeito, que somente animais
que causem incômodo ou risco à segurança e saúde dos condôminos é que não
podem ser mantidos nos apartamentos. Descabe, na instância extraordinária, rever
conclusão, lastreada no exame da prova, que conclui pela permanência do pequeno
cão. (STJ –Resp 10.250; 4.a T.; DJU 26.04.1993; p. 7.212; unânime).”

Portanto, como se observa, o STJ assentou entendimento segundo o qual, independentemente


de proibição em convenção condominial, regulamento interno ou deliberação de Assembleia-
Geral de Condôminos, a expulsão do animal de estimação do condomínio apenas é possível em
três hipóteses: se causar incômodo, risco à segurança ou risco à saúde de outros moradores.

Para que se chegue a uma solução justa que beneficie a todos os moradores, é preciso verificar
o caso concreto para buscar um equilíbrio entre os direitos de todos os envolvidos.

GABARITO: A

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26. Em matéria de usucapião, assinale a afirmativa correta:


A) A sentença de usucapião possui natureza declaratória.

B) A citação válida em ação possessória é capaz de interromper a prescrição


aquisitiva para fins de usucapião.

C) A contestação apresentada na ação de usucapião é apta a interromper prazo da


prescrição aquisitiva.

D) A qualificação de posse como ad usucapionem pressupõe a prova da boa-fé.

E) Por não se admitir a posse dos bens incorpóreos, tais bens são insuscetíveis de
aquisição por usucapião.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Propriedade móvel, imóvel e resolúvel: aquisição e perda.

A) CORRETA: Nos termos da jurisprudência do STJ, a sentença de usucapião possui natureza


DECLARATÓRIA e não constitutiva.

“A sentença proferida no processo de usucapião (art. 941 do CPC) possui


natureza meramente declaratória (e não constitutiva), pois apenas reconhece, com
oponibilidade erga omnes, um direito já existente com a posse ad usucapionem,
exalando, por isso mesmo, efeitos ex tunc. O efeito retroativo da sentença se dá
desde a consumação da prescrição aquisitiva.

O registro da sentença de usucapião no cartório extrajudicial não é essencial para


a consolidação da propriedade imobiliária, porquanto, ao contrário do que ocorre
com as aquisições derivadas de imóveis, o ato registral, em tais casos, não possui
caráter constitutivo. Assim, a sentença oriunda do processo de usucapião é tão
somente título para registro (arts. 945 do CPC; 550 do CC/1916;1.241, parágrafo
único, do CC/2002) - e não título constitutivo do direito do usucapiente, buscando
este, com a demanda, atribuir segurança jurídica e efeitos de coisa julgada com a
declaração formal de sua condição.

O registro da usucapião no cartório de imóveis serve não para constituir, mas para
dar publicidade à aquisição originária (alertando terceiros), bem como para permitir o

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exercício do ius disponendi (direito de dispor), além de regularizar o próprio registro


cartorial.” (Nesse sentido: STJ - REsp 118360 SP 1997/0007988-0).

B) INCORRETA: Sabe-se que as espécies de usucapião previstas no Código Civil possuem


diversos requisitos, não obstante, todas elas exigem para sua consumação que o agente passe
um determinado tempo na posse do imóvel, sem oposição de outras pessoas.

Esse lapso temporal necessário para a aquisição da propriedade imóvel é aquilo que a doutrina
denomina de “Prescrição Aquisitiva”.

Ademais, o artigo 1.244 do Código Civil estabelece que se aplicam a usucapião as mesmas
hipóteses que suspendem ou interrompem a prescrição do devedor (Art. 202, I, do CC).

Nesse sentido, a citação válida ou, o despacho do juiz que determina a citação, em ação
possessória, seria suficiente para interromper a prescrição aquisitiva, impedindo o possuidor
de adquirir a propriedade do bem por meio da usucapião.

Contudo, desempenhando uma interpretação sistemática, a doutrina e a jurisprudência,


entendem que a interrupção ou não da prescrição aquisitiva está relacionada à sorte da
demanda.

Com isso, prevalece o entendimento de que a posse “ad usucapionem” não perde seu caráter
de pacífica e inconteste nos casos que a demanda possessória ajuizada por quem se julga
proprietário do bem for julgada improcedente ou extinta sem o julgamento do mérito. Em outras
palavras, somente haverá a interrupção da prescrição aquisitiva, impedindo-se, assim, o agente
de adquirir o bem mediante usucapião, nos casos em que a demanda possessória for julgada
PROCEDENTE. (Nesse sentido: STJ, AgRg no Resp 944.661/MG e Resp 1.088.082/RJ).

C) INCORRETA: De acordo com a jurisprudência do STJ, a contestação apresentada na ação


de usucapião não é apta a interromper o prazo da prescrição aquisitiva e nem consubstancia
resistência ao afastamento da mansidão da posse. (STJ - AgRg no AREsp 180559 RS
2012/0101704-0 - Data de publicação: 03/02/2014).

D) INCORRETA: A posse “ad usucapionem” não pressupõe a prova de boa-fé, ou seja, é a


posse que se prolonga no tempo, por determinado espaço estabelecido na lei. Ao final de certo
período, associado a outros requisitos, essa posse contínua e de forma ininterrupta, pode dar
origem ao usucapião, gerando ao possuidor o direito de propriedade.

CC. Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição,
possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de

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título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual
servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o


possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado
obras ou serviços de caráter produtivo.

Assim, com essas características, a lei defere a aquisição do domínio pela usucapião
extraordinária, independentemente de título e boa-fé (CC, art. 1.238).

E) INCORRETA: Consoante a súmula 193 do STJ, o direito de uso de linha telefônica pode ser
adquirido por usucapião: Súmula 193: O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido
por usucapião.

Atenção: Essa afirmativa, entretanto, gera divergências em sede doutrinária, pois, apesar de
a doutrina clássica entender impassíveis de posse os bens incorpóreos, numerosos autores
defendem a possiblidade, incluindo, por exemplo, Sílvio Venosa. Outros julgados dos quais se
extrai esse entendimento: STJ, REsp 1.412.529, REsp 769.731.

GABARITO: A

27. Sobre a teoria da perda de uma chance, indique a alternativa correta:


A) A teoria da perda de uma chance não pode ser utilizada como critério para a
apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico.

B) O fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, ou para a


interposição de recursos, enseja sua automática responsabilização civil com base
na teoria da perda de uma chance.

C) O dano resultante da aplicação da teoria da perda de uma chance é considerado


dano emergente ou lucros cessantes.

D) De acordo com a teoria da perda de uma chance, aplicada pelo STJ, exige-se
que o dano seja real, atual e certo, dentro de um juízo de probabilidade, e não mera
possibilidade.

E) A indenização decorrente da aplicação da teoria da perda de uma chance deve


corresponder ao valor integral do dano final experimentado pela vítima.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: Responsabilidade Civil.

A) INCORRETA: Para o STJ, a teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério
para a apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em que o
erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a falecer
em razão da doença tratada de maneira inadequada pelo médico:

“A teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para a apuração
de responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em que o erro
tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a
falecer em razão da doença tratada de maneira inadequada pelo médico.

De início, pode-se argumentar ser impossível a aplicação da teoria da perda de uma


chance na seara médica, tendo em vista a suposta ausência de nexo causal entre
a conduta (o erro do médico) e o dano (lesão gerada pela perda da vida), uma vez
que o prejuízo causado pelo óbito da paciente teve como causa direta e imediata a
própria doença, e não o erro médico. Assim, alega-se que a referida teoria estaria
em confronto claro com a regra insculpida no art. 403 do CC, que veda a indenização
de danos indiretamente gerados pela conduta do réu.

Deve-se notar, contudo, que a responsabilidade civil pela perda da chance não
atua, nem mesmo na seara médica, no campo da mitigação do nexo causal. A
perda da chance, em verdade, consubstancia uma modalidade autônoma de
indenização, passível de ser invocada nas hipóteses em que não se puder apurar a
responsabilidade direta do agente pelo dano final.

Nessas situações, o agente não responde pelo resultado para o qual sua conduta
pode ter contribuído, mas apenas pela chance de que ele privou a paciente. A chance
em si – desde que seja concreta, real, com alto grau de probabilidade de obter um
benefício ou de evitar um prejuízo – é considerada um bem autônomo e perfeitamente
reparável. De tal modo, é direto o nexo causal entre a conduta (o erro médico) e o dano
(lesão gerada pela perda de bem jurídico autônomo: a chance). Inexistindo, portanto,
afronta à regra inserida no art. 403 do CC, mostra-se aplicável a teoria da perda de
uma chance aos casos em que o erro médico tenha reduzido chances concretas e
reais que poderiam ter sido postas à disposição da paciente”. Nesse sentido: STJ,
REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.

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B) INCORRETA: Segundo o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, o só fato


de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, ou para a interposição de recursos, não
ensejará sua automática responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance:

“Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas


como negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem não
experimentada, as demandas que invocam a teoria da “perda de uma chance” devem
ser solucionadas a partir de uma detida análise acerca das reais possibilidades de
êxito do processo, eventualmente perdidas em razão da desídia do causídico.

Vale dizer, não é o só fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação,
como no caso em apreço, ou para a interposição de recursos, que enseja sua
automática responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance.

É absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade - que se supõe


real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa.” (STJ. 4ª Turma, REsp 1190180/RS,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2010).

Portanto, é perfeitamente possível a aplicação da teoria da perda de uma chance aos


profissionais da advocacia, por condutas apontadas como negligentes, desde que haja uma
ponderação acerca da probabilidade, que se supõe real, de a parte se sagrar vitoriosa.

C) INCORRETA: O dano resultante da aplicação da teoria da perda de uma chance não é


considerado dano emergente ou lucros cessantes, mas sim uma terceira categoria: “Com
efeito, a teoria da perda de uma chance visa à responsabilização do agente causador não de
um dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário entre um e
outro, precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito
provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado.” (STJ. 4ª Turma, REsp 1190180/
RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2010).

D) CORRETA: A teoria da perda de uma chance, aplicada pelo STJ, “exige que o dano seja
REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um juízo de probabilidade, e não mera possibilidade,
porquanto o dano potencial ou incerto, no espectro da responsabilidade civil, em regra, não é
indenizável” (REsp 1.104.665-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 9/6/2009).

Na hipótese de perda da chance, o objeto da reparação é a perda da possibilidade


de obter um ganho como provável, sendo que “há que se fazer a distinção entre o
resultado perdido e a possibilidade de consegui-lo. A chance de vitória terá sempre
valor menor que a vitória futura, o que refletirá no montante da indenização.” (FILHO,

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Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Atlas, 2010).

E) INCORRETA: Na teoria da perda de uma chance não se paga como indenização o valor
do resultado final que poderia ter sido obtido, mas sim uma quantia a ser arbitrada pelo juiz,
levando em consideração o caso concreto (REsp 821.004/MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira
Turma, julgado em 19/08/2010).

DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. FIXAÇÃO DO VALOR DA


INDENIZAÇÃO PELA PERDA DE UMA CHANCE.

Não é possível a fixação da indenização pela perda de uma chance no valor


integral correspondente ao dano final experimentado pela vítima, mesmo
na hipótese em que a teoria da perda de uma chance tenha sido utilizada
como critério para a apuração de responsabilidade civil ocasionada por
erro médico. Isso porque o valor da indenização pela perda de uma chance
somente poderá representar uma proporção do dano final experimentado pela
vítima. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.

GABARITO: D

28. Em relação à União Estável, é CORRETO afirmar que:


A) Não é válida a fiança prestada durante união estável sem anuência do
companheiro.

B) É possível estipular contrato de união estável com efeitos retroativos.

C) O reconhecimento da união estável como entidade familiar, uma vez configurada


a convivência pública, contínua e duradoura, pressupõe a inexistência de
impedimentos para o casamento e a separação de fato, caso a pessoa seja casada,
não sendo suficiente, tão somente, que a união seja constituída com o objetivo de
constituição de família.

D) Na dissolução de união estável, não é possível a partilha dos direitos de


concessão de uso para moradia de imóvel público.

E) O STJ admite uniões estáveis paralelas ou plúrimas.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: União Estável.

A) INCORRETA: É válida a fiança prestada durante união estável sem anuência do companheiro,
conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça.

O STJ considerou que não é nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em
união estável, sem a outorga uxória, mesmo que tenha havido a celebração de escritura pública
entre os consortes. A outorga uxória apenas é necessária em relação ao casamento, quanto à
união estável não é exigida.

“DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. DIREITO DE FAMÍLIA. CONTRATO


DE LOCAÇÃO. FIANÇA. FIADORA QUE CONVIVIA EM UNIÃO ESTÁVEL.
INEXISTÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. DISPENSA. VALIDADE DA GARANTIA.
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA N. 332⁄STJ.

1. Mostra-se de extrema relevância para a construção de uma jurisprudência


consistente acerca da disciplina do casamento e da união estável saber, diante
das naturais diferenças entre os dois institutos, quais os limites e possibilidades de
tratamento jurídico diferenciado entre eles.

(...)

3. Assim, o casamento, tido por entidade familiar, não se difere em nenhum aspecto da
união estável - também uma entidade familiar -, porquanto não há famílias timbradas
como de “segunda classe” pela Constituição Federal de 1988, diferentemente do que
ocorria nos diplomas constitucionais e legais superados. Apenas quando se analisa
o casamento como ato jurídico formal e solene é que as diferenças entre este e
a união estável se fazem visíveis, e somente em razão dessas diferenças entre
casamento - ato jurídico - e união estável é que o tratamento legal ou jurisprudencial
diferenciado se justifica.

4. A exigência de outorga uxória a determinados negócios jurídicos transita


exatamente por este aspecto em que o tratamento diferenciado entre casamento
e união estável é justificável. É por intermédio do ato jurídico cartorário e solene
do casamento que se presume a publicidade do estado civil dos contratantes, de
modo que, em sendo eles conviventes em união estável, hão de ser dispensadas as
vênias conjugais para a concessão de fiança.

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5. Desse modo, não é nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente
em união estável sem a outorga uxória do outro companheiro. Não incidência da
Súmula n. 332⁄STJ à união estável.

6. Recurso especial provido.” STJ, Resp 1299894/DF.

B) INCORRETA: Não é válida a cláusula que estipula efeitos retroativos ao contrato de união
estável: “Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união
estável, a fim de eleger o regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua
assinatura”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 2/6/2015
(Info 563). Assim, o contrato de união estável é válido, mas somente gera efeitos para o futuro,
ou seja, o STJ não admitiu a atribuição de efeitos pretéritos.

C) CORRETA: De acordo com o artigo 1.723, § 1º, do Código Civil “A união estável não
se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521 (que trata das hipóteses de
impedimentos para o casamento); não se aplicando a incidência do inciso VI (impedimento
decorrente de vínculo matrimonial anterior) no caso de a pessoa casada se achar separada de
fato ou judicialmente”.

Assim, a união estável pressupõe a inexistência de impedimentos para o casamento. No


entanto, caso a pessoa casada esteja separada de fato ou judicialmente, a união estável
poderá se constituir normalmente.

Aplicam-se os mesmos IMPEDIMENTOS do casamento à união estável, exceto o previsto no


inciso VI do art. 1.521 se a pessoa se achar separada de fato ou judicialmente.

Código Civil. Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre
o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família.

§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521;


não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar
separada de fato ou judicialmente.

Art. 1.521. Não podem casar:

VI - as pessoas casadas;

D) INCORRETA: Trata-se de recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, decidindo que,


na dissolução de união estável, é possível a partilha dos direitos de concessão de uso para
moradia de imóvel público:

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“A discussão dos autos está em definir sobre a possibilidade de partilha dos direitos
à concessão de uso em imóvel público, decorrente de programa habitacional voltado
à população de baixa renda.

Inicialmente, cumpre salientar que os entes governamentais têm se valido do


instituto da concessão de uso como meio de concretização da política habitacional
e de regularização fundiária, conferindo a posse de imóveis públicos para a moradia
da população carente. Especificamente com relação à concessão de uso especial
para fins de moradia, sua previsão legal deu-se, inicialmente, pelo Estatuto da
Cidade (Lei n. 10.257/01, art. 4°, V, h), como espécie do gênero concessão de uso,
em um mecanismo voltado a conferir efetividade à função social das cidades e da
propriedade urbana, regularizando áreas públicas ocupadas por possuidores e suas
famílias. No entanto, em razão do veto presidencial de diversos outros dispositivos,
sua regulamentação só veio a ser efetivada pela MP n. 2.220/2001.

Trata-se de hipótese, cuja natureza contratual foi afastada pela doutrina, por ser uma
atividade vinculada, voltada a reconhecer ao ocupante, preenchidos os requisitos,
o direito subjetivo à concessão para moradia. No caso analisado, a concessão feita
pelo Estado voltou-se a atender a morada da família, havendo, inclusive, expedição
de instrumento em favor do casal, para a regularização do uso e da posse do imóvel.  

Nesse ponto, fato é, que a concessão permitiu à família o direito privativo ao uso do
bem. Diante desse contexto, é plenamente possível a meação dos direitos sobre o
imóvel em comento. Apesar de não haver a transferência de domínio, a concessão
também se caracteriza como direito real, oponível erga omnes, notadamente com
a inclusão do inciso XI ao art. 1.225 do Código Civil. Com efeito, a concessão de
uso de bens destinados a programas habitacionais, apesar de não se alterar a
titularidade do imóvel e ser concedida, em regra, de forma graciosa, possui, de fato,
expressão econômica.

Dessa forma, não há como afastar a repercussão patrimonial do direito em questão


para fins de meação, até porque, mesmo que intitulada de gratuita, a onerosidade da
concessão é reconhecida por conferir, segundo a doutrina, “ao particular o direito ao
desfrute do valor de uso em situação desigual em relação aos demais particulares,
fazendo natural que haja uma carga econômica a recair sobre o beneficiário”. STJ,
REsp 1.494.302-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
13/6/2017, DJe 15/8/2017.

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E) INCORRETA: As uniões estáveis paralelas ou plúrimas (simultâneas ou ao mesmo


tempo) ocorrem quando uma pessoa mantém diversas uniões paralelas, ou seja, vive
vários relacionamentos simultaneamente, todos eles de forma contínua e duradoura.
Há divergência na doutrina quanto ao assunto, havendo três correntes:

Primeira corrente: a exclusividade não é requisito para configuração da união estável,


portanto, seria possível o reconhecimento das uniões estáveis plúrimas. Nesse sentido: Maria
Berenice Dias.

Segunda corrente: o primeiro relacionamento será tratado como união estável e o segundo
receberá a mesma disciplina do casamento putativo. Nesse sentido: Flávio Tartuce.

Terceira corrente: estabelece que nenhum dos relacionamentos será reconhecido como união
estável, uma vez que a relação deve ser exclusiva por força do princípio da monogamia. Nesse
sentido: Maria Helena Diniz.

A terceira corrente corresponde ao entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça, que


aplica o dever de lealdade e de fidelidade às uniões estáveis, não admitindo uniões estáveis
paralelas ou plúrimas (simultâneas ou ao mesmo tempo). STJ, REsp 912.926/RS, 4.a Turma,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 22.02.2011, DJe 07.06.2011).

Portanto, o entendimento do STJ é no sentido de não reconhecer a união simultânea nos


relacionamentos amorosos. Alinha-se, portanto, à terceira corrente valorizando a monogamia
e o próprio dever de lealdade que vem previsto no art. 1.724 do Código Civil.

GABARITO: C

29. A respeito do instituto da cláusula penal no direito das obrigações, é INCORRETO


afirmar que:
A) Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das
arras com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non
bis in idem.

B) A cláusula penal não pode ter valor excedente ao da obrigação principal.

C) A cláusula penal moratória pode ser compensada com perdas e danos. De outro
lado, a cláusula penal compensatória não pode ser compensada com perdas e
danos.

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D) A cláusula penal deve ser estipulada conjuntamente com a obrigação e pode


referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou
simplesmente à mora.

E) A cláusula penal não é permitida para as hipóteses de renúncia ou revogação


do mandato.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Obrigações: Cláusula penal.

A) CORRETA: Trata-se de recente decisão do STJ, divulgada no informativo n° 613, na qual,


havendo inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a cláusula
penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem:

“Cinge-se a controvérsia acerca da impossibilidade de cumulação da cláusula penal


compensatória com a retenção das arras. Inicialmente, cumpre salientar que a cláusula penal
constitui pacto acessório, de natureza pessoal, por meio do qual as partes contratantes, com
o objetivo de estimular o integral cumprimento da avença, determinam previamente uma
penalidade a ser imposta ao devedor na hipótese de inexecução total ou parcial da obrigação,
ou de cumprimento desta em tempo e modo diverso do pactuado.

Nos termos do art. 409 do Código Civil de 2002, a cláusula penal, também chamada de pena
convencional ou simplesmente multa contratual, pode ser classificada em duas espécies:

(i) a cláusula penal compensatória, que se refere à inexecução da obrigação, no todo ou em


parte; e

(ii) a cláusula penal moratória, que se destina a evitar retardamento no cumprimento da


obrigação, ou o seu cumprimento de forma diversa da convencionada, quando a obrigação
ainda for possível e útil ao credor.

Quando ajustada entre as partes, a cláusula penal compensatória incide na hipótese de


inadimplemento da obrigação (total ou parcial), razão pela qual, além de servir como punição
à parte que deu causa ao rompimento do contrato, funciona como fixação prévia de perdas e
danos. Ou seja, representa um valor previamente estipulado pelas partes a título de indenização
pela inexecução contratual.

De outro turno, as arras se relacionam à quantia ou bem entregue por um dos contratantes ao
outro, por ocasião da celebração do contrato, como sinal de garantia do negócio. De acordo

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com os arts. 417 a 420 do Código Civil de 2002, a função indenizatória das arras se faz presente
não apenas quando há o lícito arrependimento do negócio (art. 420), mas principalmente
quando ocorre a inexecução do contrato. Isso porque, de acordo com o disposto no art.
418, mesmo que as arras tenham sido entregues com vistas a reforçar o vínculo contratual,
tornando-o irretratável, elas atuarão como indenização prefixada em favor da parte “inocente”
pelo inadimplemento do contrato, a qual poderá reter a quantia ou bem, se os tiver recebido,
ou, se for quem os deu, poderá exigir a respectiva devolução, mais o equivalente.

Outrossim, de acordo com o que determina o art. 419 do CC/02, a parte prejudicada pelo
inadimplemento culposo pode exigir indenização suplementar, provando maior prejuízo,
“valendo as arras como taxa mínima”, ou, ainda, pode requerer a execução do acordado com
perdas e danos, se isso for possível, “valendo as arras como o mínimo da indenização”.

Nesse contexto, evidenciado que, na hipótese de inadimplemento do contrato, as arras


apresentam natureza indenizatória, desempenhando papel semelhante ao da cláusula penal
compensatória, é imperiosa a conclusão no sentido da impossibilidade de cumulação de
ambos os institutos, em face do princípio geral da proibição do non bis in idem (proibição da
dupla condenação a mesmo título).” (Nesse sentido: STJ, REsp 1617652, Terceira Turma,
Informativo n° 613).

B) CORRETA: De acordo com o artigo 412 do Código Civil, o valor da cominação imposta
na cláusula penal NÃO pode exceder o da obrigação principal: CC/02 - Art. 412. O valor da
cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.

C) CORRETA: A cláusula penal moratória pode ser compensada com perdas e danos. De
outro lado, a cláusula penal compensatória não pode ser compensada com perdas e danos.
Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.335.617 SP.

Vale lembrar que a cláusula penal pode prever cominação igual à obrigação principal, devendo
ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação tiver sido cumprida em parte.

Código Civil, Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode
exceder o da obrigação principal.

Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for
manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

Em resumo:

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a) Cláusula penal COMPENSATÓRIA: é estipulada para o total inadimplemento (absoluto),


e o credor tem a alternativa de exigir o valor da multa OU o desempenho da prestação (a
noiva que aceita o vestido depois, mas aí não poderá exigir a multa); CC: Art. 410. Quando se
estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-
se-á em alternativa a benefício do credor.

b) Cláusula penal MORATÓRIA: é estipulada para evitar o retardamento culposo no


cumprimento da obrigação (atraso ou descumprimento de alguma cláusula prevista). Não
há alternativa, neste o credor pode exigir a prestação E a multa. CC: Art. 411. Quando se
estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula
determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com
o desempenho da obrigação principal.

Por fim, nada impede que se estipulem, em um mesmo acordo, cláusula penal compensatória
(vinculado ao total inadimplemento) e moratória (atrelada à mora no cumprimento determinadas
cláusulas).

D) INCORRETA: Muita atenção com a cobrança da letra da lei em provas objetivas. De acordo
com o Código Civil, a cláusula penal pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação ou
em ato posterior:

Código Civil, Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação,
ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de
alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.

E) CORRETA: Conforme a jurisprudência pacífica do STJ, a cláusula penal não é permitida


para as hipóteses de renúncia ou revogação do mandato (ex: o cliente é multado por revogar
o mandato e constituir outro advogado).

“A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial nº 1.346.171-


PR, cujo Relator foi o Ministro Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
11/10/2016, DJe 7/11/2016, entendeu que não é possível a estipulação de multa
no contrato de honorários para as hipóteses de renúncia ou revogação unilateral
do mandato do advogado, independentemente de motivação, respeitado o direito
de recebimento dos honorários proporcionais ao serviço prestado. É direito do
advogado renunciar ou da parte revogar o mandato a qualquer momento e sem
necessidade de declinar as razões.”

Ademais, a relação entre advogado e cliente é pautada pela confiança, fidúcia, sendo um

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contrato personalíssimo (intuitu personae).

Nessa perspectiva, no entender da Corte Especial, a cláusula penal em contratos advocatícios:

a) é lícita para situações de mora e/ou inadimplemento (ex: multa pelo atraso no pagamento
dos honorários).

b) não é permitida para as hipóteses de renúncia ou revogação do mandato.

Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.346.171-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
11/10/2016 (Informativo n° 593).

GABARITO: D

30. Sobre condomínio em edifícios, assinale a alternativa CORRETA:


A) O direito de preferência previsto no art. 504 do CC aplica-se ao contrato de compra
e venda celebrado entre condôminos, e não àquele ajustado entre condôminos e
terceiros.

B) A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos


titulares de, no mínimo, um terço das frações ideais e torna-se, desde logo,
obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre
elas tenham posse ou detenção.

C) Os abrigos para veículos não poderão ser alienados ou alugados a pessoas


estranhas ao condomínio, mesmo havendo autorização expressa na convenção
de condomínio.

D) O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios
convencionados, se previstos na Convenção de Condomínio, e mais multa de até
três por cento sobre o débito.

E) Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração
da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária,
depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Condomínio em edificações.

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A) INCORRETA: A princípio, deve-se ressaltar que o enunciado trata do artigo 504 do Código
Civil e este possui aplicação somente ao condomínio tradicional e não ao edilício. Entretanto,
para evitar qualquer tipo de pegadinha em provas, o tema foi abordado na presente questão.

No mais, o direito de preferência tratado no enunciado existe tão somente na venda entre um
condômino e terceiro e NÃO entre condôminos, o que torna a alternativa incorreta.

De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o direito de preferência previsto no art. 504
do CC aplica-se ao contrato de compra e venda celebrado entre condômino e terceiro, e não
àquele ajustado entre condôminos.

Nos termos do artigo 504 do código civil, não pode um condômino em coisa indivisível vender
a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não
se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida
a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Nesse
sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.137.176-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 16/2/2016
(Info 577).

Assim, a literalidade do art. 504 demonstra que o direito de preferência deve ser observado
somente nos casos em que o contrato de compra e venda seja celebrado entre o condômino e
um estranho. Não se aplica, portanto, às hipóteses de venda entre condôminos.

O objetivo da lei foi o de estimular que a propriedade permaneça somente com os titulares
originários, evitando desentendimentos com a entrada de um estranho no grupo.

CC - Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a
estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não
se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de
decadência.

Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias


de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem
iguais, haverão a parte vendida os coproprietários, que a quiserem, depositando
previamente o preço.

Por fim, “a regra do art. 504 do CC aplica-se somente ao condomínio tradicional e não ao
condomínio edilício. Um condômino em prédio de apartamentos não precisa dar preferência
aos demais proprietários. Mas se a unidade pertencer também a outras pessoas, estas devem
ser notificadas para exercer a preferência legal, pois instaurou-se, nesse caso, um condomínio

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tradicional dentro do horizontal” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil. Vol. 3. São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 242).

B) INCORRETA: Nos termos do art. 1.333 do CC/02, a convenção que constitui o condomínio
edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais:

Código Civil. Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve
ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-
se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para
quantos sobre elas tenham posse ou detenção.

C) INCORRETA: Trata-se da exceção prevista no art. 1.331, § 1°, do CC/02. Os abrigos para
veículos não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo
autorização expressa na convenção de condomínio:

Código Civil. Art. 1331, § 1º: As partes suscetíveis de utilização independente,


tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas
frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade
exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários,
exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a
pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de
condomínio.

D) INCORRETA: A multa prevista no CC/02 no caso de o condômino não pagar a sua contribuição
é de até dois por cento sobre débito. Mais uma vez é preciso dominar a literalidade da lei, já
que as bancas de concurso adoram modificar apenas números ou quóruns previstos em lei.

Código Civil. Art. 1.336, § 1º. O condômino que não pagar a sua contribuição ficará
sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por
cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito.

Outras multas previstas no Código Civil:

Art. 1337. O condômino, ou possuidor que não cumpre reiteradamente com os


seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos
condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até o
quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais.

Art. 1337, § único: O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento
antissocial, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou

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possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do


valor da contribuição.

E) CORRETA: Trata-se da redação do artigo 1.351 do Código Civil.

Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos
a alteração da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade
imobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos.

Aprovação dos votos dos condôminos:

a) 2/3: alteração da convenção;

b) Unanimidade: mudança da destinação do edifício ou da unidade imobiliária.

Outros quóruns importantes previstos no Código Civil:

Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende:

I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos condôminos;

II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.

Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembleia dos condôminos,


na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as
contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe
o substituto e alterar o regimento interno.

§ 1º Se o síndico não convocar a assembleia, um quarto dos condôminos poderá


fazê-lo.

§ 2º Se a assembleia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer


condômino.

Art. 1.352. Salvo quando exigido quórum especial, as deliberações da assembleia


serão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos
presentes que representem pelo menos metade das frações ideais.

Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas


outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da
convenção de constituição do condomínio.

Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembleia poderá deliberar por maioria

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dos votos dos presentes, salvo quando exigido quórum especial.

Art. 1.354. A assembleia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem
convocados para a reunião.

Art. 1.355. Assembleias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou


por um quarto dos condôminos.

Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três


membros, eleitos pela assembleia, por prazo não superior a dois anos, ao qual
compete dar parecer sobre as contas do síndico.

GABARITO: E

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

Queridos alunos, futuros Procuradores do Estado de São Paulo,

Que alegria começar este curso com vocês! Sejam todos muito bem-vindos ao nosso ambiente
de debate virtual.

Desejo a todos vocês um excelente proveito na resolução das questões e na elaboração das
peças. Estamos todos muito envolvidos e na torcida pela aprovação de vocês.

Sei que muitos já vêm de vários outros concursos, de anos de estudo; outros acabam de sair
da faculdade. Em todo caso, o conselho é o mesmo: persistam e tenham coragem. Às vezes
o caminho é demorado, mas, por mais clichê que seja, deve-se ir um passinho de cada vez.

Compartilho com vocês um pequeno trecho que descobri de um discurso feito por Churchill,
durante a Segunda Guerra Mundial, referindo-se à característica dos britânicos que lhe
parecia, naquele momento, ser definitiva para vencer a guerra: “quando eles [os britânicos]
muito lentamente fazem a sua cabeça de que a coisa precisa ser feita e o trabalho finalizado,
então, mesmo que demore meses - mesmo demore anos - eles o fazem”1.

1 O parágrafo inteiro, no original é: “but we must learn to be equally good at what is short and sharp and
what is long and tough. It is generally said that the British are often better at the last. They do not expect to move

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É este tipo de persistência serena que eu desejo a todos vocês.

Sejam iluminados por Deus.

Sigam firmes e contem conosco!

31. Maria, que possui um terreno na cidade de Registro/SP, celebrou um contrato com a
empresa Olá!, prestadora de serviço público de telecomunicações, de interesse coletivo,
para que esta empresa instalasse uma torre naquela área, de modo que a cobertura
da empresa pudesse chegar àquela localidade. Quatro meses depois, a empresa Olá!
permitiu, sem o consentimento de Maria, que a empresa Hello!, que também é prestadora
de serviço público de telecomunicações, utilizasse a estrutura montada para instalar
seus equipamentos, mediante pagamento de preço justo e razoável. Diante da situação
narrada, assinale a alternativa correta:
A) No caso, a instalação de equipamentos da empresa Hello! no terreno de Maria
fere seu direito à propriedade, na medida em que ela não consentiu com a operação.
Assim, Maria pode pleitear indenização em face da empresa Hello!, ainda que não
haja redução do potencial de exploração econômica do bem imóvel.

B) A empresa Olá!, na hipótese descrita, não pode cobrar nenhum pagamento à


empresa Hello! pela utilização da torre instalada.

C) Tendo a empresa Hello! manifestado a intenção de utilizar-se da estrutura


montada pela empresa Olá!, esta não poderia, em hipótese alguma, negar o
compartilhamento.

D) A forma de intervenção do Estado na propriedade descrita no caso pode, em


tese, ser efetivada pelo Poder Público ou por delegatário, desde que haja, neste
último caso, autorização legal ou negocial.

E) A situação exposta no enunciado descreve hipótese de limitação administrativa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 14. Intervenção do Estado sobre a propriedade privada.

from crisis to crisis; they do not always expect that each day will bring up some noble chance of war; but when they
very slowly make up their minds that the thing has to be done and the job put through and finished, then, even if it
takes months—if it takes years—they do it.”

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A) INCORRETA: A situação trazida nesta questão baseou-se em recente julgado do


Superior Tribunal de Justiça, veiculado no Informativo nº 614, cujo destaque foi o seguinte:
“o compartilhamento de infraestrutura de estação rádio base de telefonia celular por
prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo caracteriza servidão
administrativa, não ensejando direito à indenização ao locador da área utilizada para
instalação dos equipamentos.” (REsp 1.309.158-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 26/09/2017, DJe 20/10/2017).

O entendimento firmado pelo STJ, na referida decisão, fundamentou-se no disposto no artigo


73 da Lei Geral de Telecomunicações, que dispõe o seguinte:

Art. 73. As prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo


terão direito à utilização de postes, dutos, condutos e servidões pertencentes ou
controlados por prestadora de serviços de telecomunicações ou de outros serviços
de interesse público, de forma não discriminatória e a preços e condições justos e
razoáveis.

Parágrafo único. Caberá ao órgão regulador do cessionário dos meios a serem


utilizados definir as condições para adequado atendimento do disposto no caput.

Assim, na situação descrita, ocorre uma servidão administrativa, pois a relação entre a empresa
Olá! e a empresa Hello! rege-se, dentre outros, pelo dispositivo transcrito, não se caracterizando
relação de sublocação. Assim, o consentimento de Maria, no caso, é dispensável e ela não tem
direito de obter indenização da empresa Hello!

Ela apenas teria direito à indenização se houvesse redução do potencial de exploração


econômica do bem imóvel.

Como veremos em seguida, por tratar-se, de acordo com o entendimento do STJ, de intervenção
do Estado na propriedade, relativiza-se o caráter exclusivo deste direito.

B) INCORRETA: Para eliminar esta alternativa, seria suficiente conhecer o dispositivo da


Lei Geral de Telecomunicações transcrito na letra “a”, que estabelece a necessidade de
estabelecimento, por parte do cessionário, de “preços e condições justos e razoáveis”. Assim,
não há nenhuma vedação à cobrança.

C) INCORRETA: Pessoal, estou sempre repetindo isso, então quem já foi meu aluno vai ler de
novo essas duas linhas. Cuidado com as assertivas que contêm “em nenhuma hipótese”/”em
nenhuma ocasião”/”sempre”, etc., pois, geralmente, elas trazem informações equivocadas.

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No presente caso, como vimos, o compartilhamento da estrutura entre empresas de


telecomunicações é a regra. Nesse sentido, o artigo 14 da Lei nº 13.116/2015 estabelece que “é
obrigatório o compartilhamento da capacidade excedente da infraestrutura de suporte,
exceto quando houver justificado motivo técnico.” Esse dispositivo é regulamentado pela
Resolução nº 683/2017 da ANATEL, que prevê hipóteses em que o compartilhamento não é
obrigatório.

D) CORRETA: Como se viu, a forma de intervenção na propriedade trazida na questão é


a servidão administrativa. Rafael Oliveira ensina que “a servidão administrativa pode ser
instituída pelo Poder Público ou por seus delegatários. Neste último caso, os delegatários
dependem de autorização legal ou negocial para promover os atos necessários à
efetivação da servidão e serão responsáveis pelas respectivas e eventuais indenizações.”
(OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Método,
2017, p.581).

E) INCORRETA: Pode-se diferenciar a limitação da servidão administrativa da seguinte


maneira: enquanto a limitação administrativa interfere no caráter absoluto da propriedade,
a servidão interfere no caráter exclusivo. De fato, quando o Poder Público (ou o delegatário,
devidamente autorizado, legal ou negocialmente) estabelece uma servidão, é possível a
utilização de propriedade particular para atender interesse público. Por outro lado, na limitação,
são impostas, pelo Estado, por meio de atos normativos, restrições aos proprietários, a fim de
atender a função social da propriedade. Um exemplo de limitação administrativa é a proibição
que existe, em minha cidade de João Pessoa, de que se construam prédios com mais de
quatro andares à beira-mar, para que não fique prejudicada a ventilação da cidade. Assim, no
caso, trata-se de servidão administrativa.

GABARITO: D

32. A Empresa X venceu uma licitação na modalidade pregão, para prestar serviço de
limpeza à União. Dentro do prazo de validade da proposta, a vencedora foi convocada,
porém apresentou documentação falsa, o que foi prontamente percebido pelo servidor
responsável pela conferência do documento. Diante disso, além das providências penais
cabíveis, a empresa X ficou impedida de contratar com a União pelo período de cinco
anos, tendo sido inscrita no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas,
mantido pela Controladoria-Geral da União. Três anos após o ocorrido, a Empresa X
pretendia participar de licitação no Estado de São Paulo, mas verificou, junto ao Portal
da Transparência, que permanecia inscrita no Cadastro desabonador mencionado.

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Por isso, adotou medida judicial contra a União, a fim de retirar seu nome do referido
Cadastro e, ainda, obter indenização por danos morais. Diante da situação narrada,
assinale a alternativa correta.

A) Há consenso doutrinário no sentido de que a sanção de “impedimento de licitar


e contratar” prevista na Lei nº 10.520/2002 é idêntica à “suspensão temporária”
prevista na Lei nº 8.666/1993.

B) A situação descrita é irregular, pois o prazo máximo para a fixação da penalidade


de “impedimento de licitar e contratar” prevista na Lei do Pregão é de dois anos.

C) O fato de a empresa X constar no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas


e Suspensas gera dano moral in re ipsa, cuja indenização pode ser demandada à
União, responsável pela publicação.

D) A divulgação da empresa X no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e


Suspensas pela CGU não é determinante para que o Estado de São Paulo impeça
a sua participação em licitações.

E) Pela expressa dicção legal, na Lei nº 10.520/2002, o sancionamento só pode


corresponder a atos ilícitos praticados durante a execução contratual, mas não
durante o certame licitatório.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 9. Licitação e contrato administrativo. 18. Responsabilidade ex-


tracontratual do Estado.

A) INCORRETA: Ao contrário do que afirma a alternativa, “há consenso de que a sanção


‘impedimento de licitar e contratar’ é uma sanção diversa das previstas pela Lei nº 8.666/93.
É comum, inclusive, nos editais relacionados às licitações realizadas mediante a modalidade
licitatória denominada pregão, a apresentação cumulada das regras de sancionamento
administrativo previstas na Lei nº 8.666/93 e na Lei nº 10.520/02”. (TORRES, Ronny Charles
Lopes de. Leis de Licitações Públicas Comentadas. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 951).

Inclusive, vale salientar que o prazo máximo previsto para cada uma das sanções é diferente.
Enquanto o “impedimento de licitar e contratar” previsto no artigo 7º da Lei do Pregão pode
durar até cinco anos, a “suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de

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contratar com a Administração” do artigo 87, inciso III, da Lei nº 8.666/93 dura, no máximo,
dois anos.

B) INCORRETA: Como acabo de afirmar, o prazo máximo previsto pelo artigo 7º da Lei nº
10.520/2002 é de cinco anos. Esta era uma alternativa que poderia ser facilmente eliminada
pela recordação do dispositivo legal, como costuma ocorrer em provas objetivas. Assim,
procurem não deixar de lado a leitura do texto da lei. Este artigo 7º já transcrevo para vocês,
pois nos servirá, ainda, nos comentários seguintes:

Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não


celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar documentação falsa exigida
para o certame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto, não mantiver a
proposta, falhar ou fraudar na execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo
ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de
cadastramento de fornecedores a que se refere o inciso XIV do art. 4º desta Lei,
pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no
contrato e das demais cominações legais.

C) INCORRETA: Recentemente, o STJ decidiu, em Mandado de Segurança impetrado em


situação similar à descrita no enunciado, que “a inclusão do nome da impetrante no Portal
da Transparência e no Cadastro de Empresas Inidôneas e Suspensas-CEIS, apenas
viabiliza o acesso às informações, não sendo suficiente para causar, de per si, qualquer
dano, pois o impedimento de contratar e licitar decorre da própria punição e não da
publicidade.” (MS 21.750-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado
em 25/10/2017, DJe 07/11/2017, veiculado no Informativo nº 615). Na oportunidade, o Relator,
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, consignou que, caso a empresa se sinta indevidamente
excluída de outro certame não abrangido pela penalidade, deverá buscar a via do Poder
Judiciário contra quem a excluir indevidamente, não havendo nenhum dano a ser reparado
pela simples publicação de uma informação verdadeira.

D) CORRETA: No julgado mencionado acima, o STJ decidiu, no destaque, que “a divulgação


do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS pela CGU tem mero
caráter informativo, não sendo determinante para que os entes federativos impeçam a
participação, em licitações, das empresas ali constantes.”

Esse foi, inclusive, o fundamento que o Ministro Relator utilizou para enfatizar a ausência de
dano pela simples divulgação.

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E) INCORRETA: Para eliminar esta alternativa, também bastaria conhecer o artigo 7º da Lei
nº 10.520/2002, acima transcrito. É curioso ressaltar que a Lei do Pregão inovou tanto na
descrição das condutas puníveis quanto na ampliação do sujeito passivo, e que, além disso,
permitiu o sancionamento por atos cometidos no curso do certame licitatório. Nesse sentido,
aliás, Ronny Charles Lopes de Torres salienta: “necessário perceber que, diferentemente do
disposto pelo artigo 87 da Lei nº 8.666/93, na Lei do Pregão o sancionamento é admissível
em razão de atos ilícitos praticados tanto no certame licitatório como no transcorrer da
execução contratual” (Op. Cit., p. 966). Aliás, esse sancionamento para o comportamento
inidôneo na fase de habilitação é necessário e justificado ante a característica de inversão de
fases dessa modalidade licitatória.

GABARITO: D

33. Sobre a ação civil pública por improbidade administrativa, indique o item correto:

A) De acordo com a atual jurisprudência do STJ, a sentença que concluir pela


improcedência da ação de improbidade administrativa sujeita-se ao reexame
necessário.

B) Para a decretação da medida cautelar de indisponibilidade de bens, na ação


de improbidade, é necessário haver indícios do cometimento de ato ímprobo que
cause lesão ao erário ou enriquecimento ilícito, bem como a demonstração do
periculum in mora concreto, ou seja, dos atos do sujeito ativo do ato de improbidade
tendentes à dilapidação de seu patrimônio.

C) A redação atual da Lei nº 8.429/1992, em atenção aos princípios processuais,


admite conciliação nas ações de improbidade.

D) Após o oferecimento de defesa prévia, a única hipótese de rejeição da pretensão


deduzida na ação de improbidade é a existência de prova que demonstre,
cabalmente, a inexistência de ato de improbidade.

E) O Ministério Público atuará, obrigatoriamente, como fiscal da lei em todas as


ações de improbidade administrativa, sob pena de nulidade.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 6. Improbidade Administrativa.

A) CORRETA: Pacificando as decisões antagônicas da primeira e da segunda turma, a


primeira seção do STJ firmou o entendimento, veiculado no Informativo nº 607, segundo o qual
“a sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade
administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária
do art. 475 do CPC/73 e por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei
n. 4.717/65.” (EREsp 1.220.667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado
em 24/5/2017, DJe 30/6/2017). É interessante conhecer e guardar esse entendimento, pois,
anteriormente, prevaleciam as decisões da Corte Cidadã no sentido da inaplicabilidade do
reexame nas ações de improbidade.

Além disso, o julgado mencionado se baseou no fato de que, “por aplicação analógica da
primeira parte do art. 19 da Lei n. 4.717/65, as sentenças de improcedência de ação civil
pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário”.

B) INCORRETA: O artigo 7º, caput, da Lei nº 8.429/1992, dispõe que “quando o ato de
improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para
a indisponibilidade dos bens do indiciado.” Interpretando o referido dispositivo, o STJ decidiu
que “para a decretação da referida medida, embora se exija a demonstração de fumus boni
iuris - consistente em fundados indícios da prática de atos de improbidade -, é desnecessária
a prova de periculum in mora concreto - ou seja, de que os réus estariam dilapidando
efetivamente seu patrimônio ou de que eles estariam na iminência de fazê-lo (colocando
em risco eventual ressarcimento ao erário). O requisito do periculum in mora estaria
implícito no referido art. 7º, parágrafo único, da Lei 8.429/1992, que visa assegurar “o integral
ressarcimento” de eventual prejuízo ao erário, o que, inclusive, atende à determinação contida
no art. 37, § 4º, da CF” (REsp 1.366.721-BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para
acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 26/2/2014, veiculado no Informativo nº 547).

Dessa forma, havendo indícios significativos do cometimento de ato de improbidade que cause
lesão ao erário ou enriquecimento ilícito, é possível a decretação da indisponibilidade de bens,
desde que seja realizada mediante decisão judicial especificamente fundamentada.

C) INCORRETA: Ao contrário do que afirma a assertiva, o artigo 17, § 1º, da Lei nº 8.429/1992
dispõe que “é vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.”
Contudo, é interessante notar a ponderação doutrinária no sentido de que, “não obstante o
caráter peremptório da regra, na tutela coletiva não só é possível, como frequente, a transação,

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como se pode notar pela quantidade razoável de TACs (termos de ajustamento de conduta)
celebrados pelos legitimados a defender o direito coletivo lato sensu. O que deve ficar claro é
que, nessas soluções de conflito por autocomposição, não é o direito material em si o objeto
da transação, mas sim a forma de seu exercício. Significa que serão objetos da transação
apenas a forma, o modo e os prazos de cumprimento de obrigações que tutelem o direito
material, que nunca será em si mesmo o objeto da transação” (OLIVEIRA, Rafael Carvalho
Rezende. Op. Cit., p. 876). Para a prova, vocês, futuros Procuradores do Estado de São Paulo,
devem conhecer tanto a dicção legal quanto a interessante posição doutrinária (que pode, por
exemplo, ser relevante em uma prova discursiva).

D) INCORRETA: De fato, a demonstração de que inexistiu o ato de improbidade apontado


na petição inicial é uma das hipóteses que admite a rejeição da pretensão deduzida pelo
legitimado ativo. Contudo, não é a única. Eis aí o erro da assertiva. Com efeito, o STJ tem
entendimento no sentido de que “após o oferecimento de defesa prévia prevista no §
7º do art. 17 da Lei 8.429/1992 - que ocorre antes do recebimento da petição inicial -,
somente é possível a pronta rejeição da pretensão deduzida na ação de improbidade
administrativa se houver prova hábil a evidenciar, de plano, a inexistência de ato de
improbidade, a improcedência da ação ou a inadequação da via eleita.” (REsp 1.192.758-
MG, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina,
julgado em 4/9/2014, veiculado no Informativo nº 547).

Como se sabe, o rito da ação de improbidade prescreve que, antes de recebida a petição
inicial, o juiz notifique o réu para apresentar defesa prévia. Dessa defesa prévia, pode resultar o
indeferimento da petição inicial. É, aliás, o próprio artigo 17, § 8º, da Lei nº 8.429 que prevê que
“recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a
ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
inadequação da via eleita.”

As hipóteses de rejeição são restritas, pois, de acordo com o STJ, nessa fase processual,
vigora o princípio in dubio pro societate.

E) INCORRETA: Como alertei antes, cuidado com os absolutos! De acordo com a Lei de
Improbidade Administrativa, o Ministério Público atuará como fiscal da lei quando não for
autor da ação. É o que dispõe o artigo 17, § 4º, do referido diploma normativo: “O Ministério
Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal
da lei, sob pena de nulidade.”

Acerca da intervenção do Parquet nas ações de improbidade ajuizadas por outros legitimados,

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Rafael Oliveira ensina (Op. Cit., pp. 850-851) que “nesse caso, se o autor desistir da ação,
o Ministério Público poderá assumir o polo ativo (sucessão processual), tendo em vista a
aplicação analógica (microssistema das ações coletivas) do art. 9º da Lei 4.717/1965 (LAP) e
no art. 5º, § 3º, da Lei 7.347/1985 (LACP)”.

GABARITO: A

34. Sobre os bens públicos dominicais, indique a alternativa incorreta.


A) Para parcela da doutrina, a administração dos bens dominicais submete-se a
regime jurídico de direito privado parcialmente derrogado pelo direito público.

B) A Constituição da República não admite usucapião de bens dominicais.

C) A alienação ou a concessão de bens dominicais com área superior a 2.500


hectares depende de prévia aprovação do Congresso Nacional, exceto para fins
de reforma agrária.

D) A alienação de bens dominicais deve atender às exigências legais, a exemplo


da prévia avaliação.

E) Tratando-se de alienação de bens dominicais móveis, a modalidade de licitação


a ser utilizada é a concorrência.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15. Bens públicos.

Pessoal, antes de adentrar nos comentários específicos da questão, vamos lembrar juntos
que, seguindo a classificação proposta pelo Código Civil, em seu artigo 99, os bens públicos
podem ser divididos em: a) bens de uso comum do povo; b) bens de uso especial; e c) bens
dominicais. Ao longo do curso, exploraremos tópicos referentes a todos os tipos de bens
públicos. Nesta questão, contudo, vamos falar, especificamente, sobre os bens dominicais.
Vamos lá!

A) CORRETA (portanto, não é a resposta): Como dispõe o artigo 99, inciso III, do Código
Civil, os bens dominicais são aqueles “que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.” A

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principal característica que destaca os bens dominicais dos bens de uso comum do povo e dos
bens de uso especial é a sua desafetação, ou seja, a ausência de vinculação a uma utilização
pública imediata. O entendimento clássico era no sentido de que os bens dominicais teriam
uma função patrimonial, submetendo-se, assim, a regime de direito privado. Mediatamente,
contudo, é certo que a finalidade da boa administração dos bens dominicais há de ser
a persecução do interesse público. Por isso, Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende que a
administração correta dos bens dominicais poderia ser equiparada a um “serviço público sob
regime de gestão privada”. Para a autora, “o duplo aspecto dos bens dominicais justifica a
sua submissão a regime jurídico de direito privado parcialmente derrogado pelo direito
público” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Forense, 2017,
p. 851).

B) CORRETA (portanto, não é a resposta): Para a Constituição da República, os bens


públicos, de qualquer natureza, são imprescritíveis. É o que dispõe o artigo 183, § 3º,
em relação às áreas urbanas, segundo o qual “os imóveis públicos não serão adquiridos
por usucapião”. O mesmo texto é repetido, em relação aos imóveis rurais, pelo artigo 191,
parágrafo único, do Texto Constitucional. Nesta temática, vale conhecer a decisão do STJ
veiculada no Informativo nº 594 que reafirmou que “o imóvel da Caixa Econômica Federal
vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação deve ser tratado como bem público, sendo,
pois, imprescritível.” (REsp 1.448.026-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado
em 17/11/2016, DJe 21/11/2016).

C) CORRETA (portanto, não é a resposta): Para saber que esta era uma das assertivas
corretas, bastaria conhecer o disposto no artigo 188, §§ 1º e 2º, da Constituição da República,
pelos quais, respectivamente, “a alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica,
ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional”
e “excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de
terras públicas para fins de reforma agrária.”

Uma parte significativa da disciplina dos bens públicos se encontra na Constituição da


República, portanto, é imprescindível a leitura atenta dos referidos dispositivos constitucionais.

D) CORRETA (portanto, não é a resposta): Enquanto os bens públicos de uso comum do


povo e os de uso especial são inalienáveis, em razão da afetação, os bens dominicais podem
ser alienados, desde que sejam observados os requisitos legais. É o que dispõe o artigo
101 do Código Civil: “os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas
as exigências da lei.” De seu turno, a Lei nº 8.666/1993 exige, em seu artigo 17, a prévia

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avaliação e demonstração do interesse público, além de, ressalvados os casos que excepciona
(além disso, v. comentários da letra “e” infra), prévia licitação na modalidade concorrência.
Para alienação de bens imóveis, exige-se, ainda, autorização legislativa.

E) INCORRETA (portanto, é a resposta): Maria Sylvia Zanella Di Pietro (Op. Cit., p. 857)
explica que “para os bens imóveis, a forma de licitação adotada é a concorrência (arts. 17, I e
23, § 3º), ressalvada a hipótese prevista no artigo 19; ela é, no entanto, dispensável nos casos
previstos no artigo 17, inciso I, da Lei nº 8.666 (...) Às hipóteses previstas nesse dispositivo,
pode-se acrescentar outra em que a licitação é incompatível com a própria natureza do instituto:
a retrocessão”.

Por outro lado, tratando-se de bens móveis, aplica-se a regra contida no artigo 22, § 5º, da
Lei nº 8.666/1993, de acordo com o qual “leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no
art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.” Portanto, a
alternativa está incorreta, pois, tratando-se de alienação de bens móveis, a modalidade de
licitação tecnicamente apropriada é o leilão.

GABARITO: E

35. Observadas as exigências legais, no âmbito da Administração Pública, admite-se


a arbitragem para dirimir conflitos oriundos dos contratos celebrados nos seguintes
casos, exceto:
A) Nas concessões comuns.

B) Na alienação de bens dominicais.

C) Nas parcerias público-privadas.

D) Na cessão de direitos patrimoniais indisponíveis.

E) No regime diferenciado de contratação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Arbitragem.

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ALERTA: (para o pessoal que já está na luta dos concursos há muito tempo, que estuda pelos
cadernos antigos e às vezes se esquece de atualizar – se não é o seu caso, pode passar direto
para as alternativas!)

Prestem redobrada atenção nas modificações trazidas à Lei da Arbitragem pela Lei nº
13.129/2015, pois o artigo 1º, § 1º, da Lei da Arbitragem, dirimindo a dúvida doutrinária que
havia anteriormente, estabeleceu que “a administração pública direta e indireta poderá utilizar-
se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimonais disponíveis”. Na verdade,
é importante conhecer todos os dispositivos que mencionarei a seguir, mas, conhecendo este,
já seria suficiente para responder à questão corretamente.

Além disso, o artigo 2º, § 3º, da Lei da Arbitragem passou a prever que “a arbitragem que
envolva administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade”.
Ou seja, não se admite a arbitragem de equidade, quando a Administração Pública estiver
envolvida.

Agora, vamos seguir.

A) CORRETA (portanto, não é a resposta): Como se sabe, a arbitragem é um mecanismo


privado de resolução de conflitos. Por isso, por muito tempo, entendeu-se (o TCU, inclusive)
que, em razão da inafastabilidade da jurisdição e da supremacia do interesse público
sobre o privado, seria inadmissível o juízo arbitral em contratos administrativos. Contudo,
primeiramente as leis esparsas que vamos mencionar nestes comentários e, depois, a própria
lei de arbitragem, como indicamos acima, passaram a prever a possibilidade de arbitragem
nos contratos administrativos, desde que, é claro, sejam seguidas as exigências legais.

Nesse sentido, a Lei nº 8.987/95, com alteração realizada em 2005, passou a contar com o artigo
23-A, que dispõe que “o contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos
privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive
a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no
9.307, de 23 de setembro de 1996.”

B) CORRETA (portanto, não é a resposta): Os bens dominicais podem ser alienados e


enquadram-se, em certo sentido, no conceito de direitos patrimonais disponíveis, pois “podem
ser objeto de negociação pelo poder público, por meio de institutos regidos pelo direito
privado, como compra e venda, locação, permuta e doação” (DI PIETRO, Op. Cit., p.
1054). Neste ponto, é importante ressaltar o alerta que nos faz Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
no sentido de que não se pode confundir o princípio da indisponibilidade do interesse público
com o conceito de patrimônio indisponível. A referida autora explica com precisão que “é correto

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afirmar que o interesse público é indisponível. Mas isto não significa que todos os direitos
patrimoniais, no âmbito do direito público, sejam indisponíveis. Por vezes, a disponibilidade de
um patrimônio público pode ser de mais interesse da coletividade do que a sua preservação”
(Op. Cit., p. 1055).

C) CORRETA (portanto, não é a resposta): O artigo 11, inciso III, da Lei nº 11.079/2004
também prevê, expressamente, que o instrumento convocatório poderá prever “o
emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a
ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro
de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao contrato”. Lembro a vocês
que, diante da previsão geral contida na Lei de Arbitragem, seria possível o emprego dessa
forma de resolução de conflito, ainda que não houvesse previsão nas leis específicas que
estamos estudando, porém, a previsão contida nessas leis (especificamente a das PPP) foi
determinante na guinada de entendimento do TCU pela admissão da arbitragem, a qual se
baseou na existência de previsão legal.

D) INCORRETA (portanto, é a resposta): Como vimos à exaustão, a administração pública


só pode utilizar-se da arbitragem para dirimir os conflitos relativos a direitos patrimoniais
disponíveis. Assim, a alternativa encontra-se em flagrante contraposição ao que dispõe o
artigo 1º, § 1º, da Lei da Arbitragem. São indisponíveis, no sentido que adotamos no item “b”,
os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial.

E) CORRETA (portanto, não é a resposta): O artigo 44-A da Lei nº 12.462/2011, à semelhança


do que ocorre nas Leis nº 8.987/1995 e 11.079/2004, prevê que “nos contratos regidos por
esta Lei, poderá ser admitido o emprego dos mecanismos privados de resolução de
disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos
termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996, e a mediação, para dirimir conflitos
decorrentes da sua execução ou a ela relacionados.” Como se vê, este dispositivo foi além
e previu, também, a possibilidade de mediação, na esteira da tendência de tentar-se resolver
os conflitos sem a necessária intermediação do Poder Judiciário.

GABARITO: D

36. Maria, servidora pública de autarquia estadual, pediu reclassificação a que teria
direito por força de clara disposição de lei, a qual lhe foi negada pelo dirigente máximo,
mediante ciência inequívoca, no dia 02.01.2018. Inconformada, Maria apresentou,
administrativamente, pedido de reconsideração, o qual foi indeferido, dando-se-lhe

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ciência deste último indeferimento no dia 02.02.2018. Novamente irresignada, Maria


impetrou, perante o juízo de uma das varas da fazenda pública, mandado de segurança
com pedido de medida liminar em face do Governador do Estado de São Paulo no dia
20.05.2018, visando obter sua reclassificação, que considera direito líquido e certo.
Na petição inicial, requereu, além disso, a condenação do Estado no pagamento de
honorários de sucumbência. Ante o exposto, indique a alternativa correta:
A) No caso, o pedido de reconsideração apresentado por Maria tem o condão
de interromper o prazo para impetração do writ, razão por que não ocorreu a
decadência.

B) A vara da fazenda pública, de acordo com as normas estaduais, possui


competência para processar e julgar o mandado de segurança contra ato do
Governador.

C) Existe vedação legal expressa à concessão de liminar em favor de Maria. Caso o


juízo a conceda, o ente público poderá interpor recurso de agravo de instrumento.

D) Caso a pretensão de Maria fosse viável e juridicamente possível, seria cabível a


condenação em honorários advocatícios.

E) O Governador do Estado possui legitimidade para figurar como autoridade


coatora.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19. (...) Mandado de segurança individual.

A) INCORRETA: A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que o prazo de decadência do


direito de impetrar Mandado de Segurança inicia-se com a ciência inequívoca do ato coator.
Além disso, já se decidiu, entendimento este que consta na Jurisprudência em Teses nº 91, que
“o prazo decadencial para impetração de mandado de segurança não se suspende nem
se interrompe com a interposição de pedido de reconsideração na via administrativa
ou de recurso administrativo desprovido de efeito suspensivo.” (nesse sentido: AgInt
no RMS 050056/MS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, Julgado em
15/12/2016,DJE 01/02/2017; AgRg nos EDcl no RMS 037365/SC, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA,Julgado em 01/12/2016,DJE 16/12/2016).

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Assim, no caso apresentado, já se verificou a decadência do direito à impetração de Mandado


de Segurança.

B) INCORRETA: Pessoal, quanto à competência em Mandado de Segurança, adianto-lhes


que, na próxima rodada, trataremos com tranquilidade da teoria da encampação. Por ora,
inseri esta alternativa para alertar-lhes sobre a necessidade de conhecer a competência
originária do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, contida no artigo 74 da Constituição
Estadual. Nesse sentido, o artigo 74, inciso III, elenca dentre as causas de competência
originária da referida corte “os mandados de segurança e os “habeas data” contra atos
do Governador, da Mesa e da Presidência da Assembléia, do próprio Tribunal ou de algum
de seus membros, dos Presidentes dos Tribunais de Contas do Estado e do Município de São
Paulo, do Procurador-Geral de Justiça, do Prefeito e do Presidente da Câmara Municipal da
Capital”. Portanto, neste caso, o juízo da vara da fazenda pública não tem competência para
processar e julgar mandado de segurança impetrado contra o Governador do Estado.

C) CORRETA: A alternativa reflete, perfeitamente, o que dispõe o artigo 7º, § 2º, do Lei nº
12.016, segundo o qual “não será concedida medida liminar que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes
do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de
aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.” O § 1º do
mesmo dispositivo dispõe que, em caso de deferimento ou indeferimento da liminar, cabe
agravo de instrumento. No mesmo sentido, o STJ já tinha entendimento no sentido de que
“cabe agravo de instrumento da decisão de primeiro grau de jurisdição em liminar em mandado
de segurança.” (REsp 1.101.740-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/11/2009).

D) INCORRETA: O artigo 25 da Lei nº 12.016 dispõe, expressamente, que “não cabem, no


processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação
ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso
de litigância de má-fé.” Nessa linha, o STJ tem reiteradamente decidido que “é indevida a
condenação em honorários advocatícios no processo de mandado de segurança, de
acordo com o art. 25 da Lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009. Essa previsão legal, por
conseguinte, afasta a previsão de arbitramento de honorários advocatícios recursais do art.
85, § 11, do CPC/2015.” (AgInt no RMS 52.179/MA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 01/08/2017).

E) INCORRETA: Na situação descrita, o Governador do Estado não participou da prática


do ato supostamente ilegal e, além disso, não tem ingerência direta na prática dos atos dos
dirigentes de autarquias. De fato, as autarquias têm personalidade jurídica própria. Na mesma

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edição da Jurisprudência em Teses, está consignado o entendimento do STJ no sentido de


que “as autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade
jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão vinculadas, razão pela qual
seus dirigentes têm legitimidade passiva para figurar como autoridades coatoras em
ação mandamental.” (nesse sentido: REsp 1132423/SP,Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, Julgado em 11/05/2010,DJE 21/06/2010)

GABARITO: C

37. No Município de São José dos Campos/SP, Maria construiu um shopping center sem
a apresentação do projeto arquitetônico no departamento competente na Prefeitura,
o que era exigido pela lei que instituiu o plano diretor municipal. Diante da situação
narrada, aponte a alternativa correta:
A) A Administração Pública municipal, no caso, realizou exigência que, apesar de
ter amparo legal, é inconstitucional, pois incompatível com o direito fundamental
à propriedade.

B) O plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 15 (quinze) mil habitantes.

C) No caso, apesar do atributo da autoexecutoriedade, o Município tem interesse


de agir em ação judicial que vise à demolição do prédio construído por Maria.

D) Todos os atos de polícia são dotados de autoexecutoriedade.

E) A autoexecutoriedade consiste na execução dos atos administrativos por meios


indiretos, o que poderá ser feito pela Administração Pública, no caso.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Poder de polícia.

A) INCORRETA: O direito fundamental à propriedade, previsto constitucionalmente, no artigo


5º, inciso XXII, vem seguido pela necessidade de que a propriedade atenda à sua função social
(inciso XXIII). Ainda mais especificamente, na própria Constituição (art. 182, § 2º), encontramos
disposição que ressalta o equívoco da assertiva: “a propriedade urbana cumpre sua função
social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor.”

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B) INCORRETA: De acordo com o artigo 182, § 1º, da Constituição da República, “o plano diretor,
aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é
o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.” Assim, é possível
que uma cidade com 15 (quinze) mil habitantes possua plano diretor. Contudo, não existe
obrigatoriedade, que só ocorre para cidades com mais de 20 (vinte) mil habitantes. Essa era
uma questão simples, que exigia, apenas, o conhecimento deste dispositivo constitucional.

C) CORRETA: O STJ tem jurisprudência firme no sentido de que “a autoexecutoriedade


afeita à pessoa política não retira desta a pretensão em valer-se de decisão judicial que
lhe assegure a providência fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas pela
Administração no exercício do poder de polícia são suficientes.” (REsp 1651622/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/03/2017, DJe 18/04/2017).
Há, inclusive, um enunciado na Jurisprudência em Teses nº 82 que afirma que “a administração
pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em que ela poderia atuar com
base em seu poder de polícia, em razão da inafastabilidade do controle jurisdicional.” De fato,
não se pode, em um Estado que consagrou a inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXV),
permitir que violações legais sejam perpetradas, apenas porque a Administração Pública tem
a prerrogativa de exercer o poder de polícia. Como afirmou o Ministro Herman Benjamim, no
julgado apontado acima, nem sempre as medidas tomadas no exercício do poder de polícia
são suficientes para coibir o ato ilícito. O que a autoexecutoriedade permite afastar, como
veremos a seguir, é o controle jurisdicional prévio.

D) INCORRETA: De acordo com a doutrina majoritária, a autoexecutoriedade,


consistente na execução da vontade administrativa por meios diretos, decorre de lei ou
de uma situação de urgência e, dessa forma, não é atributo de todos os atos de polícia.
Sobre a autoexecutoriedade, dada a sua excepcionalidade, é interessante lembrar, também,
que, estando o ato de poder de polícia revestido desse atributo, estará afastado o controle
jurisdicional prévio.

E) INCORRETA: Como acabamos de afirmar, na verdade, a autoexecutoriedade é a execução


da vontade administrativa por meios diretos. A questão apenas fez uma confusão na definição
deste atributo. É preciso atenção!

GABARITO: C

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38. Sobre a remuneração dos servidores públicos, considere as seguintes assertivas,


indicando, em seguida, a alternativa que elenca apenas a(s) correta(s).
I. Em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição, o Poder Judiciário pode,
verificando ofensa ao princípio da isonomia, aumentar os vencimentos de categoria
de servidores públicos.

II. É inconstitucional a vinculação do reajuste de servidores públicos municipais a


índices federais de correção monetária.

III. A garantia constitucional de salário mínimo, quando aplicada aos servidores,


refere-se ao vencimento básico do cargo.

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) Apenas I.

E) Apenas II.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Princípios da Administração Pública.

Pessoal, vocês precisam saber o conteúdo de todas as súmulas vinculantes. Nesta questão,
nós cobramos algumas, para alertá-los disso. Para o examinador, uma questão baseada em
súmula vinculante é tão à prova de recurso quanto uma questão baseada em letra de lei.

Vamos aos comentários!

I. Incorreta. A assertiva viola, frontalmente, o que dispõe a Súmula Vinculante nº 37, segundo a
qual “não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos
de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.” Se o Poder Judiciário aumentar
vencimentos de servidores públicos, estará agindo fora de sua função constitucional e atuando
como verdadeiro legislador positivo, o que é condenado fartamente pela jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal.

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II. Correta. A alternativa reproduz parte do teor da Súmula Vinculante nº 42, que dispõe que
“é inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais
ou municipais a índices federais de correção monetária.” O Supremo considera que essa
vinculação seria ofensiva ao artigo 37, inciso XIII, do Texto Constitucional, que dispõe que
“é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito
de remuneração de pessoal do serviço público”, além de ferir a autonomia dos demais entes
federativos.

III. Incorreta. A Súmula Vinculante nº 16 estabelece que “os artigos 7º, IV, e 39, § 3º
(redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida
pelo servidor público.” Esses dispositivos referem-se ao salário mínimo. Assim, o Supremo
entende que a garantia do salário mínimo diz respeito ao total da remuneração do servidor,
que engloba o vencimento básico e as demais vantagens pecuniárias. Se um servidor público
ocupar um cargo cujo vencimento seja inferior ao salário mínimo, ele receberá um abono,
para “completar” o salário e não receber remuneração inferior ao salário mínimo. Contudo,
se este mesmo servidor fizer jus a alguma gratificação, a base de cálculo para a gratificação
será o valor do vencimento básico, excluído o abono (que só serve mesmo para impedir que
o servidor receba menos que o salário mínimo). É o que dispõe a Súmula Vinculante nº 15:
“o cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário mínimo.”

Há, ainda, duas súmulas vinculantes sobre salário mínimo, que transcrevo para conhecimento/
revisão de vocês:

Súmula Vinculante nº 04: “salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de
empregado, nem ser substituído por decisão judicial.”

Súmula Vinculante nº 06: “não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior


ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.”

A) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

B) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que as alternativas I e III estão corretas, o
que destoa dos comentários feitos acima.

C) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa III está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

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D) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

E) CORRETA: Este é o gabarito, pois afirma que apenas a alternativa II está correta, o que
corresponde aos comentários feitos acima.

GABARITO: E

39. Sobre o princípio da legalidade, indique a alternativa correta.


A) Para a parcela da doutrina que classifica os princípios em fundamentais, gerais
e setoriais, o princípio da legalidade enquadra-se como princípio setorial, mas
nunca como princípio geral.

B) Apesar das mudanças paradigmáticas trazidas pela constitucionalização do


direito administrativo, prevalece na doutrina clássica a ideia de vinculação negativa
da Administração em relação à lei.

C) A crise da concepção tradicional do princípio da legalidade liga-se, em parte, à


heterogeneidade dos interesses característica do Estado pluriclasse.

D) Em alguns países, como no Brasil, o princípio da legalidade confere ao


administrador público um campo de liberdade autônoma e amplamente flexível.

E) O princípio da moralidade visa combater os favoritismos na Administração


Pública, porém este propósito não é ínsito ao princípio da legalidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Princípios da Administração Pública.

A) INCORRETA: Rafael Oliveira explica que “a partir da amplitude da aplicação no sistema


normativo, os princípios podem ser divididos em três categorias: a) princípios fundamentais:
são aqueles que representam as decisões políticas estruturais do Estado, servindo de matriz
para todas as demais normas constitucionais (ex.: princípios republicano, federativo, da
separação de poderes); b) princípios gerais: são, em regra, importantes especificações dos
princípios fundamentais, possuindo, no entanto, menor grau de abstração e irradiando-se
sobre todo o ordenamento jurídico (ex.: princípios da isonomia e da legalidade); c) princípios

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setoriais ou especiais: são aqueles que se aplicam a determinado tema, capítulo ou título
da Constituição (ex.: princípios da Administração Pública previstos no art. 37 da CRFB:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência)” (Op. Cit., p. 35). Assim, o
erro da questão está em afirmar que a legalidade só pode ser princípio setorial, quando, em
realidade, além de princípio especial, é também princípio geral da Administração Pública.

B) INCORRETA: O erro da alternativa está na afirmação de que prevalece a noção de


vinculação negativa, quando, na verdade, como ensina Rafael Oliveira, “atualmente, tem
prevalecido, na doutrina clássica e na praxe jurídica brasileira, a ideia da vinculação
positiva da Administração à lei”. (Op. Cit., p. 36). Nesse sentido é a conhecida lição de Hely
Lopes Meirelles, para quem enquanto o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. Explicando a diferença entre as
ideias de vinculação positiva e negativa, Rafael Oliveira explica: “o princípio da supremacia da
lei relaciona-se com a doutrina da negative Bindung (vinculação negativa), segundo a qual a
lei representaria uma limitação para a atuação do administrador, de modo que, na ausência da
lei, poderia ele atuar com maior liberdade para atender ao interesse público. Já o princípio da
reserva da lei encontra-se inserido na doutrina da positive Bindung (vinculação positiva), que
condiciona a validade da atuação dos agentes públicos à prévia autorização legal.”

No mesmo sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que “a função administrativa se
subordina à legislativa não apenas porque a lei pode estabelecer proibições e vedações à
Administração, mas também porque esta só pode fazer aquilo que a lei antecipadamente
autoriza”. (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros, 2010, p. 101).

É certo que essa noção clássica de vinculação positiva, fruto do lugar e dos contornos que a
Constituição conferiu ao princípio da legalidade e que ainda prevalece, tem sido mitigada pela
constitucionalização do direito administrativo. É o que defende, por exemplo, Juan Alfonso
Santamaría Pastor, que, segundo Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 37), afirma que “a vinculação
positiva da lei seria exigida apenas para as atuações administrativas ablativas, quer dizer,
naqueles casos que restringem ou extinguem direitos fundamentais”.

C) CORRETA: A noção de Estado pluriclasse já há muito tem sido debatida no âmbito


do direito administrativo. Exemplo é o artigo escrito para a revista do Senado Federal por
Diogo de Figueiredo Moreira Neto, em 1993, intitulado “Administração Pública no Estado
Contemporâneo”, em que o autor debate o fato de que a sociedade atual é composta por
pessoas que lutam por interesses diversos, os quais nem sempre se alinham a determinada
classe estanque (como ocorria, por exemplo, em dado momento histórico, com nobreza,

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burguesia e campesinato). O autor afirma, nesse sentido, que “com efeito, o Direito, que, nas
sociedades de classe, custodiava os interesses do estamento hegemônico, ou, no máximo, em
fase mais recente, que refletia o equilíbrio político entre duas, no máximo três, classes de maior
expressão, perdeu, nas sociedades pluralistas, esse papel, para garantir quaisquer interesses,
desde que fossem recolhidos pela ordem jurídica como valiosos. Em outros termos: a fria
interpretação dogmática que prestigiava a exegese gramatical e lógica, perdeu expressão para
a interpretação finalística, que perquire os fins da norma e sustenta os seus valores sociais.
No quadro do Estado Pluriclasse, a sociedade política perde a exclusividade da representação
hegemônica que detinha e passa a repartir o poder com a sociedade civil, que, teoricamente,
como ‘povo’, deveria ser a própria origem de qualquer poder, mas que, na verdade, funcionava
apenas como órgão de legitimação periódica dos governantes. Dilarga-se, com isso, o conceito
juspolítico de povo, para corresponder, no máximo de amplitude possível, ao próprio conceito
de sociedade.”2

Nessa linha, Rafael Oliveira afirma que a crise da concepção tradicional da legalidade
advém da junção de diversos fatores: “a) advento da ‘sociedade técnica; b) crescente
‘inflação legislativa’; c) desprestígio da democracia representativa; e d) heterogeneidade
dos interesses (“Estado pluriclasse”). (Op. Cit., p. 37).

D) INCORRETA: No Brasil, como vimos, prevalecem contornos rígidos para o princípio da


legalidade, em razão da positivação de quase todos os institutos de direito administrativo e
das disposições constitucionais referentes ao princípio da legalidade. Como contraponto,
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (Op. Cit., p. 30) dá o exemplo da França, afirmando que “é
curioso que, embora o direito francês considerasse o princípio da legalidade como uma das
bases do Direito Administrativo, na prática, afastou-se desse postulado, na medida em que a
jurisprudência adotada pela jurisdição administrativa transformou-se, aos poucos, na principal
fonte do Direito Administrativo. No direito francês, falar em princípio da legalidade significa
falar na força obrigatória das decisões do Conselho de Estado, órgão de cúpula da jurisdição
administrativa.” A autora prossegue dizendo que, no Brasil, as bases do direito administrativo
só podem ser alteradas pela via legislativo. Assim, na verdade, ao contrário do que dispôs
a assertiva, o perfil do princípio da legalidade, no Brasil, não confere ampla flexibilidade ao
administrador público. Nesse sentido, ainda, Celso Antônio Bandeira de Mello (Op. Cit., p.
101) afirma que “o princípio da legalidade, como é óbvio, tem, em cada país, o perfil que
lhe haja atribuído o respectivo Direito Constitucional. Assim, em alguns será estrito, ao
passo que em outros possuirá certa flexibilidade, da qual resulta, para a Administração,

2 Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/176099>

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um campo de liberdade autônoma, que seria juridicamente inimaginável ante nossas


Constituições”.

E) INCORRETA: A maior parte da doutrina afirma que o direito administrativo surgiu com a
noção de Estado de Direito, ou seja, com a ideia de que a Administração Pública, assim como
os cidadãos, deve submeter-se aos ditames legais. Celso Antônio Bandeira de Mello (Op.
Cit., p. 100) afirma que “para avaliar corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o
sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele é a tradução jurídica de um propósito
político: o de submeter os exercentes do poder em concreto – o administrativo – a um
quadro normativo que embargue favoritismos, perseguições ou desmandos. Pretende-
se através da norma geral, abstrata e por isso mesmo impessoal, a lei, editada, pois,
pelo Poder Legislativo – que é o colégio representativo de todas as tendências (inclusive
minoritárias) do corpo social –, garantir que a atuação do Executivo nada mais seja
senão a concretização desta vontade geral”.

GABARITO: C

40. Sobre as empresas estatais, indique a alternativa que contém, precisamente, o(s)
item(ns) correto(s):
I. As sociedades de economia mista podem assumir qualquer forma societária
admitida em lei.

II. Em regra, compete à justiça comum estadual julgar as causas em que é parte
sociedade de economia mista.

III. Nas empresas públicas, apenas as pessoas administrativas participam da


formação do capital.

A) I, apenas.

B) II, apenas.

C) III, apenas.

D) I e III.

E) II e III.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Administração Indireta

I. Incorreta. Como se sabe, dentre as entidades da Administração Pública Indireta (autarquias,


fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista), apenas as empresas
públicas e sociedades de economia mista são empresas. Denominadas genericamente de
“empresas estatais” (juntamente com as suas subsidiárias e demais sociedades controladas
pelo Estado), essas entidades têm sua criação autorizada por lei específica de iniciativa do
Chefe do Poder Executivo (art. 37, XIX, c/c art. 61, § 1º, II, “b” e “e”, da Constituição), mas sua
personalidade jurídica somente começa com a inscrição dos atos constitutivos no respectivo
Registro (art. 45 do Código Civil). Uma das diferenças entre empresas públicas e sociedades
de economia mista é a forma acionária sob a qual podem ser constituídas: enquanto as
empresas públicas podem assumir qualquer forma societária admitida, inclusive a sociedade
unipessoal, como é o caso da Caixa Econômica Federal (art. 5º, II, do Decreto-lei nº 200/67),
as sociedades de economia mista são necessariamente sociedades anônimas (art. 5º,
III, do Decreto-lei nº 200/67).

II. Correta. O foro competente para as causas que envolvam empresas públicas e sociedades
de economia mista é outra diferença entre essas entidades. Nos termos do art. 109, I, da
Constituição, compete à Justiça Federal de 1ª instância julgar “as causas em que a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras,
rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas
à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;”. As demais empresas públicas, ou seja, as
estaduais, distritais e municipais, são julgadas perante a Justiça Estadual. As sociedades de
economia mista, por outro lado, independentemente da esfera federativa, são julgadas
na Justiça Estadual, pois foram deixadas de fora das hipóteses, constitucionalmente
previstas, de competência da Justiça Federal. Nesse sentido, o enunciado nº 556, da Súmula
do STF: “É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de
economia mista”. ATENÇÃO À EXCEÇÃO: as sociedades de economia mista federais serão
processadas e julgadas perante a Justiça Federal se a União intervier como assistente ou
opoente, conforme o enunciado nº 517 da Súmula do STF: “As sociedades de economia mista
só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente”. Por
fim, também serão julgados pela Justiça Federal os mandados de segurança contra ato de
dirigente de sociedade de economia mista federal, quando investido em função administrativa
(art. 109, VIII, da Constituição).

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III. Correta. Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 121) ensina que “nas empresas públicas, apenas
as pessoas administrativas participam da formação do capital. Qualquer pessoa
administrativa, pública ou privada, pode participar da formação do capital da empresa pública.
(...) É possível, por exemplo, que uma sociedade de economia mista, mesmo que possua
parcela do seu capital com caráter privado, participe do capital de empresa pública”. Por outro
lado, nas sociedades de economia mista o capital é público e privado, desde que o controle
acionário continue com o Estado.

A) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

B) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que apenas a alternativa II está correta, o
que destoa dos comentários feitos acima.

C) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que apenas a alternativa III está correta, o
que destoa dos comentários feitos acima.

D) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

E) CORRETA: Este é o gabarito, pois afirma que as alternativas II e III estão corretas, o que
decorre dos comentários feitos acima.

GABARITO: E

PROFESSOR: WOLKER BICALHO


E-mail: profcei.wolkerbicalho@gmail.com

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

41. Para o Supremo Tribunal Federal, a contribuição para o Regime Próprio de Previdência
Social do servidor inativo e do pensionista, instituída pela Emenda Constitucional nº
41/2003, é:
A) Inconstitucional, uma vez que a instituição de contribuição para o aposentado
e pensionista desnatura a natureza jurídica da contribuição previdenciária, porque
simplesmente reduz o valor final da aposentadoria e da pensão, sem qualquer
contrapartida, em evidente violação ao princípio da irredutibilidade do valor do benefício.

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B) Inconstitucional, tendo em vista que a instituição de contribuição previdenciária


a servidores inativos e pensionistas vai de encontro à proteção do direito
adquirido, já que tais beneficiários cumpriram todos os requisitos para aquisição
da aposentadoria e da pensão antes da vigência da Emenda Constitucional nº
41/2003.

C) Inconstitucional, uma vez que a imposição de contribuição previdenciária sem


qualquer contrapartida possui caráter confiscatório e viola, portanto, o princípio
do não confisco atribuído a todos os tributos.

D) Constitucional, porque a contribuição previdenciária não possui natureza


jurídica tributária, podendo incidir sobre os proventos de aposentadoria e de
pensão independentemente de seguir as regras do Direito Tributário.

E) Constitucional, tendo em vista que o Regime Próprio de Previdência Social


deve observar o princípio da solidariedade e do equilíbrio financeiro-atuarial,
o que legitima a instituição de contribuição para o aposentado e pensionista,
independentemente de qualquer contrapartida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A reforma da previdência do setor público no Brasil

A) O Supremo Tribunal Federal, nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 3.105 e 3.128,


declarou constitucional a instituição de contribuição previdenciária aos servidores inativos e
pensionistas do Regime Próprio de Previdência Social, afirmando que não descaracteriza a
natureza jurídica do tributo, cujo valor está vinculado ao pagamento de benefícios previdenciários
dos servidores públicos. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

B) O Supremo Tribunal Federal, nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 3.105 e 3.128,


decidiu que não há direito adquirido em relação à não tributação sobre os valores referentes
às aposentadorias e pensões dos servidores públicos e dependentes, uma vez que não há
qualquer direito subjetivo de não ser tributado. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

C) Não há efeito confiscatório na imposição de contribuição previdenciária aos servidores


inativos e pensionistas pelo simples fato de não existir qualquer contrapartida, uma vez que a
carga tributária é baixa e o valor bruto benefício continua o mesmo. Portanto, esta assertiva
está INCORRETA.

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D) Para o Supremo Tribunal Federal, conforme Recurso Extraordinário nº 148754/1993, Recurso


Extraordinário nº 138284-6/1992, Recurso Extraordinário nº 150764-1/1992, a contribuição
previdenciária possui natureza jurídica tributária, logo esta assertiva está INCORRETA. A
Suprema Corte já consagrou que os tributos não se limitam aos impostos, taxas e contribuições
de melhoria, mas abrangem outras espécies tributárias como, por exemplo, as contribuições
sociais e os empréstimos compulsórios (RE nº 148754/1993).

E) O Supremo Tribunal Federal, nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 3.105 e 3.128,


declarou constitucional a instituição de contribuição previdenciária aos servidores inativos
e pensionistas do Regime Próprio de Previdência Social, tendo em vista que a Emenda
Constitucional nº 41/2003 previu expressamente a natureza solidária do Regime Próprio de
Previdência Social dos servidores públicos, garantindo um equilíbrio financeiro-atuarial ao
sistema previdenciário. Desse modo, esta é a assertiva CORRETA.

GABARITO: E

42. Após a Emenda Constitucional nº 20/1998, são vinculados ao Regime Próprio de


Previdência Social os seguintes servidores públicos:
A) Os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.

B) Os servidores estatutários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios, exceto os servidores das autarquias e fundações;

C) Os servidores titulares de cargos efetivos e os ocupantes de cargos


exclusivamente comissionados da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.

D) Os servidores titulares de cargos efetivos e os empregados públicos da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
fundações.

E) Os servidores titulares de cargos efetivos e os servidores temporários da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
fundações.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: A reforma da previdência do setor público no Brasil

A) O caput do artigo 40 da Magna Carta foi alterado pela Emenda Constitucional nº 20/1998,
para estabelecer que somente aqueles servidores titulares de cargos efetivos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações,
seriam vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social. O art. 1º, I, da Lei Complementar
estadual nº 1.010/07, dispõe que são segurados do Regime Próprio de Previdência Social “os
titulares de cargos efetivos, assim considerados os servidores cujas atribuições, deveres e
responsabilidades específicas estejam definidas em estatutos ou normas estatutárias e que
tenham sido aprovados por meio de concurso público de provas ou de provas e títulos ou de
provas de seleção equivalentes”. Portanto, tal assertiva está CORRETA.

A Emenda Constitucional nº 20/1998, conforme leciona Maria Sylvia Zanella Di Pietro, criou um
sistema híbrido de filiação previdenciária dos servidores públicos na atual Constituição Federal,
sendo os ocupantes de cargos efetivos vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social
(art. 40) e os servidores ocupantes, exclusivamente, de cargo em comissão, os empregados
públicos e os temporários vinculados ao Regime Geral de Previdência Social (art. 195 e 201).

(Fonte: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2010,
p. 560.)

B) A assertiva esta INCORRETA, porque vários servidores estatutários não possuem vínculo
efetivo com os entes federados, por exemplo: os servidores ocupantes de cargos exclusivamente
comissionados e os temporários.

No Estado de São Paulo há um porém. Havia nos quadros os servidores temporários contratados
pela Lei 500/74, que eram recontratados durantes anos a fio. Tais servidores portanto, sob o
título de servidores temporários, desenvolviam um papel permanente e seguiam um vinculo
estatutário bem semelhante ao dos servidores efetivos.

Desse modo o art. 2º, § 2º, da Lei Complementar estadual 1.010/2007 prevê que, por terem
sido admitidos para o exercício de função permanente, inclusive de natureza técnica, são
titulares de cargos efetivos os servidores ativos e inativos que até a data de promulgação desta
lei complementar, tenham sido admitidos com fundamento nos incisos I e II do art. 1º da Lei nº
500/74, in verbis:

Artigo 1º da Lei nº 500/74 - Além dos funcionários públicos poderá haver na

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Administração estadual servidores admitidos em caráter temporário:

I - para o exercício de função-atividade correspondente à função de serviço público


de natureza permanente;

II - para o desempenho de função-atividade de natureza técnica, mediante contrato


bilateral, por prazo certo e determinado; ou trabalhos rurais, todos de natureza
transitória [...];

C) Os demais servidores públicos, após a Emenda Constitucional nº 20/1998, nos termos do §


13 do art. 40 da Constituição Federal, estariam automaticamente excluídos do Regime Próprio
de Previdência Social e filiados ao Regime Geral de Previdência Social.

Art. 40 - Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados,


do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

[...]

§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado


em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou
de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social.”. (negritos
nosso)

Diante disso, esta assertiva está INCORRETA.

D) Pelos mesmos fundamentos da letra C, a assertiva está INCORRETA.

E) Pelos mesmos fundamentos da letra C, a assertiva está INCORRETA.

GABARITO: A

43. No que tange à aposentadoria do servidor público podemos afirmar que:


A) Os proventos da aposentadoria por invalidez permanente são calculados, em
regra, de forma integral.

B) Nos casos de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,


contagiosa ou incurável, na forma da lei, os proventos da aposentadoria por
invalidez permanente são calculados com base na última remuneração do servidor.

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C) Aos servidores que ingressaram no serviço público até 31 de dezembro de 2003,


os proventos da aposentadoria por invalidez permanente são calculados com base
na última remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria.

D) Os proventos da aposentadoria compulsória serão calculados de forma integral.

E) A aposentadoria compulsória do servidor público se dá, em todos os casos, aos


70 (setenta) anos de idade, tendo em vista sua incapacidade permanente para o
serviço público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Aposentadorias, pensões. Regras permanentes e transitórias.

A) A aposentadoria por invalidez permanente, em regra, nos termos do art. 40, § 1º, I, e
§ 3º, da Constituição Federal e art. 1º, caput, da Lei federal 10.887/2004, é calculada de
forma proporcional ao tempo de contribuição multiplicado pela média aritmética simples das
maiores remunerações, utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes
de previdência a que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o
período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da contribuição,
se posterior àquela competência. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

B) A aposentadoria por invalidez permanente decorrente de acidente em serviço, moléstia


profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei, nos termos do art.
40, § 1º, I, in fine, e § 3º, da Constituição Federal e art. 1º, caput, da Lei federal 10.887/2004,
será calculada de forma integral, correspondente à 100% (cem por cento) da média aritmética
simples das maiores remunerações, utilizadas como base para as contribuições do servidor
aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento)
de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da
contribuição, se posterior àquela competência. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

C) Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 70/2012, criou-se uma terceira hipótese


de cálculo dos proventos da aposentadoria por invalidez dos servidores públicos, baseada na
integralidade. Desse modo, os servidores que ingressaram no serviço público até a data de
publicação da Emenda Constitucional nº 41/2003 (31.12.2003) e se aposentem por invalidez
permanente, terão os proventos calculados com base na remuneração do cargo efetivo em
que se der a aposentadoria, na forma da lei, não sendo aplicáveis as disposições constantes
dos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da Constituição Federal. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

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D) A aposentadoria compulsória, nos termos do art. 40, § 1º, II, e § 3º, da Constituição Federal
e art. 1º, caput, da Lei federal 10.887/2004, é calculada de forma proporcional ao tempo de
contribuição multiplicado pela média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas
como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado,
correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo desde a competência
julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência. Portanto,
esta assertiva esta INCORRETA.

E) Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 88/2015, o servidor será compulsoriamente


aposentado com proventos proporcionais ao tempo de contribuição aos 70 (setenta) anos de
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar. Ademais,
incluiu-se o art. 100 no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para estabelecer que,
até a promulgação desta lei complementar, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos
Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente,
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

GABARITO: C

44. José, professor da rede estadual de ensino, desenvolveu exclusivamente funções de


magistério no ensino fundamental, exceto nos 5 (cinco) últimos anos, quando exerceu a
atividade de diretor de sua unidade escolar. Possui, atualmente, 55 (cinquenta e cinco)
anos de idade, 30 (trinta) anos de contribuição, 10 (dez) anos de efetivo exercício no
serviço público e 5 (cinco) anos no cargo em que pretende se aposentar.

Diante desse caso hipotético, José

A) Poderá se aposentar, tendo em vista que completou todos os requisitos


constitucionais para a aposentadoria especial de professor.

B) Não poderá se aposentar tendo em vista que o professor do ensino fundamental


foi excluído do rol dos beneficiários da aposentadoria especial pela Emenda
Constitucional nº 20/1998.

C) Não poderá se aposentar de forma especial, porque não preencheu o requisito


mínimo da idade exigido na Constituição Federal.

D) Não poderá se aposentar de forma especial, porque não preencheu o requisito

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mínimo do tempo de contribuição exigido na Constituição Federal.

E) Não poderá se aposentar de forma especial, tendo em vista que, para o Supremo
Tribunal Federal, o tempo prestado fora da sala de aula não se computa para efeito
de aposentadoria especial de professores.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Aposentadorias, pensões. Regras permanentes e transitórias

A) A aposentadoria especial do professor, prevista no art. 40, § 5º, da Constituição Federal,


garante, aos professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, redução de 5
(cinco) anos nos requisitos de idade e tempo de contribuição previstos no art. 40, § 1º, III, “a”,
da Lex Maior. Desse modo, para o professor do sexo masculino (José) há necessidade de
comprovação de 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, 30 (trinta) anos de contribuição, 10
anos de efetivo exercício no serviço público, 5 anos no cargo em que se der a aposentadoria,
além de efetivo exercício nas funções de magistério na educação infantil, ensino fundamental
ou médio.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3772,


decidiu que “a função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula,
abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais
e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade
escolar. [...] As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram
a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por
professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as
desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, §
8º, da Constituição Federal”. Diante disso, a assertiva está CORRETA.

B) A Emenda Constitucional nº 20/1998 excluiu do rol dos beneficiários da aposentadoria


especial de professores os que exercem a função de magistério no ensino superior, não
alterando o regramento em relação aos professores do nível infantil, fundamental e médio.
Diante disso, a assertiva está INCORRETA.

C) Nos termos do art. 40, § 5º, da Constituição Federal, o requisito de idade reduz em 5 (cinco)
anos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Desse modo o professor

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deve comprovar 55 (cinquenta e cinco) anos e a professora 50 (cinquenta) anos de idade.


Diante disso, a assertiva está INCORRETA.

D) Nos termos do art. 40, § 5º, da Constituição Federal, o requisito de tempo de contribuição
reduz em 5 (cinco) anos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
Desse modo o professor deve comprovar 30 (trinta) anos e a professora 25 (vinte e cinco) anos
de tempo de contribuição. Diante disso, a assertiva está INCORRETA.

E) O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula nº 726, com a seguinte redação: “Para efeito
de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora
da sala de aula.”. Contudo, houve jurisprudência posterior ao enunciado que deve ser levada
em consideração quando da análise de casos semelhantes e que relativizam o teor da Súmula
726. Como dito na explicação da letra A, a Suprema Corte interpretou que algumas funções,
mesmo fora da sala de aula, poderão ser computadas para efeito de aposentadoria especial
do professor, nos termos do art. 40, § 5º, da Constituição Federal, por exemplo, a função de
diretor de unidade escolar que é desempenhada por professor de carreira em estabelecimento
de ensino básico (Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3772). Diante disso, a assertiva está
INCORRETA.

GABARITO: A

45. Cabe à São Paulo Previdência, EXCETO:


A) A administração, o gerenciamento e a operacionalização do Regime Próprio de
Previdência Social e o Regime Próprio de Previdência dos Militares do Estado de
São Paulo – RPPM.

B) A concessão, pagamento e manutenção dos benefícios para os servidores dos


Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

C) A gestão dos fundos e recursos arrecadados.

D) A manutenção do cadastro individualizado dos servidores públicos ativos e


inativos.

E) A arrecadação e a cobrança das contribuições previdenciárias.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: Entidade gestora do regime próprio de previdência do servidor


público.

A) Com a Emenda Constitucional nº 41/2003, a Constituição Federal passou a proibir “[...] a


existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares
de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente
estatal”, ressalvado o regime de previdência dos militares (art. 40, § 20).

Para melhoria da gestão da coisa pública, o Regime Próprio de Previdência Social deve ser
gerido, portanto, por uma unidade única e, no Estado de São Paulo, a Lei Complementar
Estadual nº 1.010/07, criou São Paulo Previdência – SPPREV, autarquia sob regime especial,
para essa finalidade.

Além da atribuição de gerir o Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos titulares de
cargos efetivos, a SPPREV tem a incumbência de administrar o Regime Próprio de Previdência
dos Militares do Estado de São Paulo (art. 1º da Lei Complementar Estadual nº 1.010/07).

No art. 3º da Lei Complementar Estadual nº 1.010/07 há previsão expressa das atribuições


da autarquia, sendo que o inciso I dispõe sobre a administração, o gerenciamento e a
operacionalização dos regimes previdenciários dos servidores públicos e dos militares.

Portanto a resposta está CORRETA.

B) A unificação de gerenciamento de todos os benefícios do Regime Próprio de Previdência


Social pela SPPREV, porém, ainda não está completa. O art. 3º, § 2º, da Lei Complementar
Estadual nº 1.010/07 estabelece que o “ato de concessão dos benefícios para o membro ou
servidor do Poder Judiciário, da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Contas do Estado,
do Ministério Público, da Defensoria Pública e das Universidades será assinado pelo chefe
do respectivo Poder, entidade autônoma ou órgão autônomo, que o remeterá, em seguida, à
SPPREV para formalização, pagamento e manutenção”.

Nesses casos a SPPREV funciona como órgão pagador e gestor, sem qualquer poder decisório
sobre o ato de concessão dos benefícios previdenciários. Entretanto, apesar da realidade
estrutural e normativa ser ainda distante, o ideal é que a autarquia previdenciária conceda
e gerencie todos os benefícios de todos os beneficiários do Regime Próprio de Previdência
Social, conforme previsto no art. 3º, II, da Lei Complementar Estadual nº 1.010/07. Portanto a
resposta está INCORRETA.

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C) As demais atribuições estão nos demais incisos do art. 3º da Lei Complementar Estadual
nº 1.010/07. No inciso IV há previsão expressa da gestão dos fundos e recursos arrecadados.
A previsão do fundo específico com finalidade previdenciária está nos arts. 31 a 34, deste
diploma normativo. Portanto, a assertiva está CORRETA.

D) No inciso V há previsão de que a SPPREV tem a competência para “a manutenção


permanente do cadastro individualizado dos servidores públicos ativos e inativos, dos militares
do serviço ativo, dos agregados ou licenciados, da reserva remunerada ou reformado, e
respectivos dependentes, e dos pensionistas”. Portanto, a assertiva está CORRETA.

E) No inciso V há previsão de que a SPPREV tem a competência para “a arrecadação e


cobrança dos recursos e contribuições necessários ao custeio dos regimes” previdenciários
dos servidores públicos e dos militares. Portanto, a assertiva está CORRETA.

GABARITO: B

46. Para o Supremo Tribunal Federal, a alusão, no edital do concurso público, a parâmetros
do tamanho da tatuagem para admissão do candidato aos quadros da polícia militar do
Estado é:
A) Constitucional, tendo em vista que o edital do concurso estabeleceu parâmetros
objetivos para a admissão dos candidatos no cargo.

B) Constitucional, tenho em vista que a polícia militar é uma carreira cuja restrição
de tatuagens se justifica pela natureza das atribuições.

C) Inconstitucional, uma vez que os requisitos que restringem o acesso a concurso


público devem estar contidos em lei e não apenas no edital de concurso público.

D) Inconstitucional, tendo em vista que pelo princípio da igualdade previsto no art.


5º, caput, da Constituição Federal, não se permite qualquer restrição de acesso
aos candidatos do concurso público.

E) Constitucional, porque os candidatos não podem questionar as normas do


edital da polícia militar, uma vez que a carreira se baseia no binômio hierarquia e
disciplina.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: Provimento, exercício, vacância e contagem de tempo

A) Apesar de o edital do concurso público ter estabelecido critérios objetivos para a restrição
aos candidatos para os quadros da polícia militar do Estado, é cediço que o art. 37, I, da
Constituição Federal prevê, expressamente, que “os cargos, empregos e funções públicas são
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei”. Desse modo, para
o Supremo Tribunal Federal é inconstitucional a restrição contida em editais, regulamentos e
portarias que não tenham amparo legal (Precedentes: RE 898450/2016; RE 593198 AgR/2013;
ARE 715061 AgR/2013; RE 558833 AgR/2009; RE 398567 AgR/2006). Portanto, a assertiva
está INCORRETA.

B) O Supremo Tribunal Federal permite que haja restrições a determinadas carreiras, desde
que sejam compatíveis com a função exercida e proporcionais. A Suprema Corte, no RE
898450/2016, com repercussão geral reconhecida, asseverou que o legislador não pode criar
barreiras legais arbitrárias e desproporcionais para o acesso às funções públicas, ou seja,
os “requisitos legalmente previstos para o desempenho de uma função pública devem ser
compatíveis com a natureza e atribuições do cargo”. (No mesmo sentido: ARE 678112/2013).

Essa análise, no caso, nem se aplica, tendo em vista que não houve qualquer lei estabelecendo
restrições, mas somente o edital do concurso público. Portanto, a assertiva está INCORRETA.

C) Tendo em vista a explicação da letra A e B, bem como o art. 37, I, da Constituição Federal
prevê, expressamente, que “os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei”. Assim somente a lei poderá
estabelecer restrições ao acesso ao cargo público, desde que proporcionais e compatíveis
com o desempenho das funções. Portanto, a assertiva está CORRETA.

D) Apesar de o art. 5º, caput, da Constituição Federal estabelecer que “todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, tal comando legal deve ser interpretado de
forma razoável de modo a evitar um tratamento desigual não justificado constitucionalmente.
Ao Estado é legítimo estabelecer desigualdades onde estas não restarem arbitrárias ou sem
nenhum fundamento racional, por exemplo: concurso público somente para mulheres para
concorrer ao cargo de agente em penitenciária feminina.

No caso em tela, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “os editais de concurso publico não
podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão
de conteúdo que viole valores constitucionais”, por exemplo: símbolos ou inscrições alusivas a
ideologias que exteriorizem valores excessivamente ofensivos à dignidade dos seres humanos,

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ao desempenho da função pública pretendida, incitação à violência iminente, ameaças reais


ou representem obscenidades, mas não por critérios estéticos (RE 898450/2016).

Cabe recordar, nesse ponto, o teor da Súmula 683 do Supremo Tribunal Federal, que permite a
discriminação razoável: “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.” . Portanto, a assertiva está INCORRETA.

E) A Polícia Militar, apesar de ser uma carreira baseia no binômio hierarquia e disciplina, não
poderá se sobrepor à Constituição Federal e, portanto, suas decisões e atos são passíveis de
debates judiciais, nos termos do art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Portanto, a assertiva
está INCORRETA.

GABARITO: C

47. Quanto ao concurso público, de acordo com a Constituição e com os Tribunais


Superiores, é INCORRETO afirmar que:
A) O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período.

B) A nomeação dos candidatos aprovados em concurso público é ato vinculado da


Administração.

C) O candidato aprovado em concurso preterido pela não observância da ordem


de classificação ou da ordem dos concursos realizados, tem direito subjetivo a ser
nomeado.

D) O candidato aprovado dentro do número de vagas disponíveis no edital de


convocação do concurso tem direito subjetivo à nomeação.

E) A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em


concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza
e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: Provimento, exercício, vacância e contagem de tempo

A) CORRETA: O art. 37, III, da Constituição Federal estabelece que a Administração Pública
poderá estabelecer, como prazo máximo para a validade do concurso, o período de 2 (dois)
anos. Podendo prorrogar o concurso por igual período ao previsto no edital, sendo, portanto, o
máximo possível mais 2 (dois) anos.

B) INCORRETA: Dentro do período de vigência do concurso, poderá a Administração Pública,


nomear os candidatos aprovados na ordem de classificação e na ordem dos concursos
realizados, nos termos art. 37, IV, da Constituição Federal. Todavia a nomeação, em regra,
é ato discricionário da Administração, dentro de um juízo de conveniência e oportunidade.
Desse modo, a aprovação em concurso público não gera, em princípio, direito à nomeação,
constituindo mera expectativa de direito.

De acordo com o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de


Inconstitucionalidade nº 2931/RJ, “o direito do candidato aprovado em concurso público de
provas, ou de provas e títulos, ostenta duas dimensões: 1) o implícito direito de ser recrutado
segundo a ordem decrescente de classificação de todos os aprovados (concurso é sistema de
mérito pessoal) e durante o prazo de validade do respectivo edital de convocação (que é de
2 anos, prorrogável, apenas uma vez, por igual período); 2) o explícito direito de precedência
que os candidatos aprovados em concurso anterior têm sobre os candidatos aprovados em
concurso imediatamente posterior, contanto que não-escoado daquele primeiro certame, ou
seja, desde que ainda vigente o prazo inicial ou o prazo de prorrogação da primeira competição
pública de provas, ou de provas e títulos. Mas ambos os direitos, acrescente-se, de existência
condicionada ao querer discricionário da administração estatal quanto à conveniência e
oportunidade do chamamento daqueles candidatos tidos por aprovados”.

C) CORRETA: Diante do exposto no letra B, o candidato aprovado em concurso preterido


pela não observância da ordem de classificação ou da ordem dos concursos realizados, tem
direito subjetivo a ser nomeado, conforme disciplinado na Súmula nº 15 do Supremo Tribunal
Federal, in verbis: “Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito
à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.”. No mesmo
sentido o julgado do Recurso Extraordinário nº 837311/2015.

D) CORRETA: Apesar de a Súmula nº 15 do Supremo Tribunal Federal ser explícita quanto ao


direito subjetivo de ser nomeado nos casos de inobservância da ordem de classificação, houve
julgados posteriores ao enunciado que trouxeram novos elementos importantes para o tema.
No Recurso Extraordinário nº 598099/2011, com repercussão geral reconhecida, a Suprema

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Corte decidiu que, “uma vez publicado o edital do concurso com número específico de vagas,
o ato da Administração que declara os candidatos aprovados no certame cria um dever de
nomeação para a própria Administração e, portanto, um direito à nomeação titularizado pelo
candidato aprovado dentro desse número de vagas”. Pode, neste caso, a Administração
Pública escolher o momento no qual se realizará a nomeação dentro do prazo de validade do
concurso.

“Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação por


parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada
das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de
uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do
edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada
por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital;
c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser
extremamente graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo
impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a
solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve
ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar
tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para
lidar com a situação excepcional e imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear
candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser devidamente motivada e,
dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário.”. (RE nº 598099/2011).

E) CORRETA: Os cargos públicos efetivos e os empregos públicos, de acordo com o art. 37,
II, da Constituição Federal serão precedidos de concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou da função. O preenchimento
dos cargos em comissão, declarados em lei de livre nomeação e exoneração, será realizado
por meio de ato da autoridade competente.

GABARITO: B

48. De acordo com a postura do Supremo Tribunal Federal, a greve dos servidores
públicos civis:
A) É possível após a edição de lei específica, uma vez que o Poder Judiciário
somente pode declarar a existência ou não de mora legislativa, diante do princípio
da separação dos Poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal.

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B) Não é possível, uma vez que aos funcionários públicos é vedado, pela
Constituição Federal, exercer o direito de greve.

C) É possível, independentemente de limitação, tendo em vista que se trata de


norma de eficácia contida, que somente pode ser restringida por meio de lei
específica do ente político.

D) É possível, adotando-se, por analogia e no que couber, as leis que regulamentam


o direito de greve dos trabalhadores em geral.

E) A decisão do Supremo Tribunal Federal que normatiza o direito de greve impede


que o Poder Legislativo regulamente, futuramente, a mesma matéria.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Servidores Públicos.

A) O Supremo Tribunal Federal, anteriormente, tinha o entendimento de que, nas decisões


referentes aos mandados de injunção, o Poder Judiciário somente poderia declarar a omissão
legislativa, sem contudo ser diretamente satisfeito por este poder (posição não concretista).
Todavia, houve evolução da orientação jurisprudencial e, a partir de uma série de precedentes,
a Suprema Corte passou a admitir soluções “normativas” para tornar a decisão judicial efetiva
(posição concretista – MI nº 562/2003, MI nº 679/2002, MI nº 543/2002).

Com o direito de greve dos servidores civis não foi diferente. A mera declaração da existência
de mora legislativa (MI nº 485/2002; MI nº 585/2002) foi suplantada pelo entendimento de que
havia a possibilidade de aplicação, por analogia e até edição de lei específica. Isso porque, o
direito de greve dos servidores civis por um longo período ficou sem receber o devido tratamento
legislativo, o que legitima o Supremo Tribunal Federal, até que haja manifestação do Poder
Legislativo, adote medidas “normativas” como alternativa para a omissão inconstitucional, sem
configurar ofensa ao princípio da separação dos Poderes, previsto no art. 2º da Constituição
Federal. Diante disso a alternativa está INCORRETA.

B) A Constituição Federal, no art. 37, VII, assevera que o direito de greve dos servidores civis
será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Cabe lembrar que antes da
Emenda Constitucional nº 19/1998, havia necessidade de lei complementar, mas foi alterado
para exigir somente lei ordinária. Diante disso a alternativa está INCORRETA.

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C) As normas constitucionais, segundo José Afonso da Silva, podem ser divididas, quanto
à eficácia, em: plenas, contidas e limitadas. As de eficácia plena e aplicabilidade imediata
são aquelas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma
integrativa infraconstitucional. As de eficácia contida e aplicabilidade imediata estejam aptas
a produzir todos os seus efeitos quando da promulgação da Constituição Federal, contudo
poderá a norma infraconstitucional reduzir a sua abrangência. A norma de eficácia limitada
e aplicabilidade mediata, por sua vez, não produz todos os efeitos quando da promulgação
da Constituição Federal, necessitando de lei integrativa infraconstitucional. O art. 37, VII, da
Constituição Federal que disciplina acerca do direito de greve dos servidores públicos civis
estão inseridas nesta última categoria e, portanto, dependem de forma a ser estabelecida em
lei. Diante disso a alternativa está INCORRETA.

D) O Supremo Tribunal Federal decidiu, por meio do Mandado de Injunção nº 708-DF, que
os servidores podem exercer o direito de greve, conforme aplicação analógica das Leis nº
7.701/88 e 7.783/89, no que couber, que discorre a respeito da greve dos servidores em geral.
Diante disso a alternativa está CORRETA.

E) A evolução constitucional a respeito do tema do mandado de injunção pelo Supremo Tribunal


Federal ainda garante ao Poder Legislativo a última palavra a respeito da normatização a
respeito da greve dos servidores públicos. Desse modo, caso haja promulgação de lei posterior
à decisão do Supremo Tribunal Federal, que confira novos contornos acerca da matéria, esta
restará prejudicada. Diante disso a alternativa está INCORRETA.

GABARITO: D

49. De acordo com a Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo,
assinale a alternativa correta:
I - O Procurador Geral do Estado, responsável pela orientação jurídica e
administrativa da instituição, será nomeado pelo Governador, em comissão, entre
os Procuradores em atividade confirmados na carreira;

II - O Procurador do Estado de São Paulo goza da garantia da inamovibilidade,


para o fiel exercício de suas funções, somente sendo possível sua remoção por
manifestação da maioria absoluta dos membros do Conselho da Procuradoria
Geral do Estado;

III - O Procurador do Estado de São Paulo possui autonomia funcional e

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administrativa, para o fiel exercício de suas funções.

A) Somente a opção I está correta.

B) Estão corretas as opções I e II.

C) Estão corretas as opções I e III.

D) Estão corretas as opções I, II e III.

E) Somente a opção III está correta.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Advocacia Pública. Lei Orgânica da Procuradoria.

A) CORRETA:

I - O art. 100, parágrafo único, da Constituição Estadual, seguido do art. 6º da Lei Complementar
1.270/2015 (Nova Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado), optou, que no Estado de São
Paulo, o Procurador Geral do Estado, responsável pela orientação jurídica e administrativa da
instituição, será nomeado pelo Governador, em comissão, entre os Procuradores em atividade
confirmados na carreira e terá tratamento, prerrogativas e representação de Secretário de
Estado, devendo apresentar declaração pública de bens, no ato da posse e da exoneração.

Essa opção constitucional, que veda a escolha de membros fora da carreira para exercerem o
cargo de Procurador Geral do Estado, mesmo que em comissão, já foi analisada pelo Supremo
Tribunal Federal. Por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2581/2008, a Suprema
Corte entendeu que preceito da Carta estadual prevendo a escolha do Procurador-Geral do
Estado entre os integrantes da carreira está em harmonia com o comando da Constituição
Federal.

Todavia, não se pode olvidar que a Suprema Corte também tem julgados no sentido de que
o cargo de Procurador Geral do Estado é de livre nomeação e exoneração pelo Governador
do Estado, que pode escolher o Procurador Geral entre membros da carreira ou não (ADI
291/2010). Por todo o exposto, a opção I está CORRETA.

II - A garantia constitucional da inamovibilidade é garantida apenas aos Magistrados, Membros


do Ministério Público e da Defensoria Pública, não se estendendo para os Procuradores do

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Estado (art. 93, VIII; art. 95, II; art. 128, § 5º, “b” e art. 134, parágrafo único da Constituição
Federal). O Supremo Tribunal Federal, nesse sentido, já asseverou que é inconstitucional a
atribuição, por normas infraconstitucionais, da garantia da inamovibilidade aos membros da
Procuradoria Geral do Estado (ADI nº 291/2010).

A Lei Orgânica do Estado de São Paulo, porém, prevê uma certa inamovibilidade em relação
aos órgãos de execução dos integrantes da carreira, ao dispor acerca das prerrogativas e
das garantias dos Procuradores do Estado. De acordo com o art. 118, XIII, “são prerrogativas
e garantias do Procurador do Estado, além das previstas em lei, notadamente a que dispõe
sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB: [...] ter garantida a
inamovibilidade em relação ao órgão de execução em que estiver classificado, ressalvadas as
hipóteses de remoção, nos termos dos artigos 103 e 104 desta lei complementar.”

Artigo 103 - A classificação dos integrantes da carreira de Procurador do Estado


somente poderá ser alterada:

I - por iniciativa do Procurador do Estado nos seguintes casos:

a) concurso de remoção;

b) permuta, a critério do Procurador Geral, ouvidos os Subprocuradores Gerais;

c) união de cônjuges ou companheiros, inclusive na hipótese de união estável


homoafetiva;

II - em razão do interesse público, mediante deliberação motivada de 2/3 (dois


terços) dos membros do Conselho, nos seguintes casos:

a) de ofício;

b) compulsoriamente, após a conclusão de procedimento disciplinar.

§ 1º - É vedada a inscrição em concurso de remoção de Procurador do Estado


afastado da carreira.

§ 2º - A remoção por concurso consiste em procedimento realizado pelo Conselho


da Procuradoria Geral do Estado, no qual se assegure a divulgação das vagas a
serem preenchidas e a possibilidade de escolha pelos interessados, observado o
critério de antiguidade, nos termos do edital de abertura do certame.

§ 3º - A abertura do concurso a que se refere o § 2° deste artigo será deliberada


pelo Conselho da Procuradoria Geral do Estado, mediante proposta do Procurador

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Geral, da qual constará a relação de vagas, podendo haver a reserva de até ¼ (um
quarto) destas para provimento por futuros integrantes da carreira aprovados no
respectivo concurso de ingresso.

§ 4º - A remoção por permuta não será admitida se o Procurador do Estado interessado


estiver afastado da carreira ou não possa assumir as funções no novo órgão de
classificação no prazo de 30 (trinta) dias, salvo as hipóteses de afastamento legal
pelo período de até 6 (seis) meses.

§ 5º - A remoção a que se refere a alínea “c” do inciso I deste artigo dependerá da


existência de vaga e da conveniência do serviço, não sendo admitida se demonstrado
prejuízo para o órgão de classificação.

Artigo 104 - A classificação de integrantes da Área da Consultoria Geral na


Procuradoria Administrativa se dará sem observância do disposto no artigo 103
desta lei complementar, após oitiva do Subprocurador Geral da Área da Consultoria
Geral e da manifestação do Procurador do Estado interessado.

Parágrafo único - A classificação de integrantes das demais áreas de atuação na


Procuradoria Administrativa observará o disposto no artigo 103, inciso II, “a”, desta
lei complementar.

A remoção de ofício e compulsória, conforme visto acima, será deliberada pelo Conselho da
Procuradoria Geral do Estado (art. 15 da Lei Complementar nº 1270/2015), por deliberação
motivada de 2/3 dos seus membros (art. 103, II, da Lei Complementar nº 1270/2015). Por todo
o exposto, a opção II está INCORRETA.

III - A autonomia funcional, administrativa é garantida aos Membros do Ministério Público (art.
127, § 2º, da Constituição Federal) e à Defensoria Pública (art. 134, § 2º, da Constituição
Federal). A Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo nada dispôs a respeito
da autonomia funcional e administrativa dos Procuradores do Estado de São Paulo, até
porque o Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 291/2010, já
asseverou que as atribuições dos Procuradores do Estado não guardam pertinência com as
dos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, que têm deveres e atribuições
próprios, inconfundíveis com as de agentes sujeitos ao princípio hierárquico. Mesmo sentido,
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 217/2002.

Não se pode olvidar, contudo, que a Lei Orgânica do Estado de São Paulo, no art. 118, I, dispõe

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como prerrogativa e garantia dos Procuradores do Estado: “não ser constrangido, por qualquer
modo ou forma, a agir em desconformidade com a sua consciência ético-profissional”, que,
todavia, não pressupõe a existência de autonomia administrativa e funcional para a carreira.
Por todo o exposto, a opção III está INCORRETA.

Assim, somente a opção I é correta, e as respostas para a questão guardam a seguinte


conformidade: A) CORRETA; B) INCORRETA; C) INCORRETA; D) INCORRETA; E)
INCORRETA.

GABARITO: A

50. A respeito da estabilidade do servidor público civil, de acordo com a Constituição


Federal e com a posição dos Tribunais Superiores, é CORRETO afirma que:
A) É assegurada a estabilidade somente ao funcionário que, nomeado por concurso,
contar mais de 2 (dois) anos de efetivo exercício.

B) O funcionário estável só poderá ser demitido em virtude de sentença judicial ou


mediante processo administrativo, assegurada ampla defesa.

C) Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor em estágio


probatório ficará em disponibilidade.

D) O servidor em disponibilidade receberá remuneração integral até o seu


aproveitamento em outro cargo.

E) Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele


reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Estabilidade e efetividade.

A) INCORRETA: A Emenda Constitucional nº 19/1998, conhecida como Reforma Administrativa,


iniciada no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ampliou a idade para que o
servidor público se torne estável de 2 (dois) para 3 (três) anos, ao modificar o caput do art. 41

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da Constituição Federal.

Em que pese tal alteração ter sido feita em 1998 (há quase vinte anos) o Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis do Estado, Lei estadual nº 10.261/1968, não teve a redação
alterada e dispõe que “é assegurada a estabilidade somente ao funcionário que, nomeado por
concurso, contar mais de 2 (dois) anos de efetivo exercício” (art. 217), redação que não mais
se coaduna com as normas constitucionais. Desse modo, o aluno deve tomar muito cuidado ao
ler as leis estaduais para verificar se o texto se coaduna com as normas constitucionais. Diante
disso a alternativa está INCORRETA.

B) A Emenda Constitucional nº 19/1998, além de aumentar o tempo de efetivo exercício para


que o servidor público possa se tornar estável, previu mais duas hipóteses de perda do cargo,
além da sentença judicial transitada em julgado e do processo administrativo, a saber: 1)
mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar,
assegurada a ampla defesa, conforme estabelece o art. 41, § 1º, III, da Constituição Federal; e
2) se não for cumprido o limite de despesa de pessoal, estabelecido em lei complementar, nos
termos do art. 169, § 4º, da Constituição Federal. Neste caso, o servidor que perder o cargo na
forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração
por ano de serviço, conforme art. 169, § 5º, da Magna Carta.

Importante ressaltar que a Emenda Constitucional nº 51/2006, ao modificar o art. 198 da


Constituição Federal, trouxe mais uma forma de o servidor público perder o cargo além das
fixadas no art. 41, §§ 1º e 4º, e art. 169, § 4º, da Magna Carta. Tal emenda dispõe que: “o
agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo
em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício”.

Em que pese a alterações constitucionais, por meio das Emendas Constitucionais nº


19/1998 e 51/2006, novamente a Lei estadual nº 10.261/1968, mesmo após todos esses
anos, não se coadunou com as novas normas da Lex Maior e previu, no art. 218, caput, que
“o funcionário estável só poderá ser demitido em virtude de sentença judicial ou mediante
processo administrativo, assegurada ampla defesa”, devendo o aluno ficar atento para tais
ausências de diálogo entre os dispositivos constitucionais e legais. Diante disso a alternativa
está INCORRETA.

C) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, “o estágio probatório não protege o funcionário
contra a extinção do cargo” (Súmula 22). Desse modo, o servidor em estágio probatório não
pode ser posto em disponibilidade remunerada, com proventos proporcionais ao tempo de
serviço, mas sim exonerado ex officio do cargo que ocupa, ainda que aprovado no concurso

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público. No mesmo sentido: RE 247984/2010 e RE 414035/2010. Ademais, de acordo com


a Suprema Corte, “a extinção do cargo e a declaração de sua desnecessidade decorrem de
juízo de conveniência e oportunidade formulado pela Administração pública, prescindindo da
edição de lei ordinária que as discipline.” (MS 21213-DF/1996). Diante disso, a alternativa está
INCORRETA.

D) O texto original da Constituição da República estabelecia apenas que a disponibilidade


seria remunerada, abrindo espaço para interpretações divergentes quanto ao montante a ser
recebido pelo servidor: integral ou proporcional.

Contudo, com a promulgação da Emenda Constitucional nº 19/1998, essa discussão teve fim,
pois o art. 41, § 3º, da Lex Maior passou a prever expressamente que “extinto o cargo ou
declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.”. Diante
disso, a alternativa está INCORRETA.

E) Após a Reforma Administrativa, promovida pela Emenda Constitucional nº 19/1998 a


Constituição Federal passou a prever expressamente que se houver invalidação da sentença
judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
estável, será reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. Diante
disso, a alternativa está CORRETA. Não se pode olvidar que o Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis do Estado, Lei estadual nº 10.261/1968, dispõe, no art. 31, caput e § 1º, que “a
reintegração será feita no cargo anteriormente ocupado e, se este houver sido transformado,
no cargo resultante [...] se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será exonerado, ou,
se ocupava outro cargo, a este será reconduzido, sem direito a indenização”, lembrando que,
se o servidor reconduzido for estável não poderá ser perder o cargo, salvo nas hipóteses
constitucionalmente tratadas na letra B.

GABARITO: E

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PROFESSOR: RODRIGO LEVKOVICZ


E-mail: profcei.rodrigolevkovicz@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

51. A autonomia do Direito Ambiental em relação aos outros ramos do Direito é


materializada por meio de princípios jurídicos que lhe são próprios. Sobre essa temática,
assinale a alternativa INCORRETA:
A) O princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado, traduz direito de
3ª geração/dimensão, formal e materialmente constitucional, de aplicabilidade
direta e imediata, protegido por cláusula pétrea, a despeito de não se inserir no
rol exemplificativo dos direitos e garantias fundamentais, previsto no artigo 5° da
Constituição Federal.

B) A propriedade urbana cumpre sua função sócio-ambiental quando seu exercício


se amolda às exigências de ordenação da cidade expressas no plano diretor; a
propriedade rural, por sua vez, cumpre sua função sócio-ambiental quando seu
exercício oportuniza a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis
de modo a preservar o meio ambiente e com a observância das disposições que
regulam as relações de trabalho.

C) O princípio da prevenção, expressamente adotado pela Constituição Federal,


“proteger e preservar”, é o caminho mais seguro para a manutenção do equilíbrio
ecológico no planeta, uma vez que o dano ambiental é, em geral, irreversível e
irreparável. Dentre suas erradicações, pode-se destacar a educação ambiental, a
obrigatoriedade do estudo prévio de impacto ambiental para a instalação de obra
ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental,
a necessidade de definição de espaços especialmente protegidos, o manejo
ecológico, o zoneamento ambiental, os incentivos fiscais em razão da adoção de
tecnologias limpas, a imposição de sanção pecuniária e criminal para o poluidor,
etc.

D) O princípio da precaução, expressamente adotado na Constituição Federal e


na lei de crimes ambientais, funda-se na aplicação do adágio in dubio pro natura

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diante da incerteza cientifica, o que impõe a tomada de medidas acautelatórias


para determinadas atividades, ainda que não haja certeza científica sobre suas
consequências danosas.

E) O princípio do usuário-pagador decorre da necessidade de se valorar


economicamente os recursos naturais, evitando-se que o chamado custo zero
propicie sua utilização de forma excessiva.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. A proteção do meio ambiente na Constituição Federal e na Cons-


tituição do Estado de São Paulo: Disposições gerais. Competência em matéria am-
biental. Função social da propriedade. Da ordem econômica.

ALTERNATIVA A - CORRETA

Em razão do princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado, o meio ambiente passou


a ser tratado como um bem jurídico autônomo, abandonando-se uma visão fragmentária e
utilitarista dos elementos naturais que o compõem. Estabelece que a proteção dada pelo
ordenamento jurídico não mais está fundamentada em razão da utilidade econômica dos
recursos naturais, enquanto insumos dentro do processo produtivo, mas pelo seu valor imaterial.

ALTERNATIVA B – CORRETA

Em razão do princípio da função sócio-ambiental da propriedade, o ordenamento jurídico


abandonou a óptica individualista que reinava quando da edição do Código Civil de 1916. O
proprietário deixou de ser o senhor absoluto do bem, devendo exercer seu direito, para além
do próprio interesse, de acordo com o interesse da coletividade. Com base neste princípio a
jurisprudência consolidou o entendimento segundo o qual os deveres associados às APPs e
à Reserva Legal têm natureza de obrigação propter rem, transmitindo-se ao novo titular do
domínio ou da posse, independentemente de quem praticou a degradação ambiental.

ALTERNATIVA C – CORRETA

A prevenção constitui a principal meta do direito ambiental, mormente porque o dano ambiental
é ordinariamente irreversível e irreparável. Foi expressamente adotado no artigo 225, “caput”,
da Constituição Federal, por meio da locução “proteger e preservar”. Não se confunde com
o princípio da precaução, pois ainda que ambos os princípios pretendam evitar a ocorrência
do dano ambiental, no princípio da prevenção trabalha-se com a certeza científica de que

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determinada conduta importará na causação de um resultado danoso, enquanto que na


precaução impera a incerteza científica sobre a ocorrência deste resultado, que se apresenta
como probabilidade, mas que não guarda certeza de consumação.

ALTERNATIVA D - INCORRETA

A alternativa está incorreta porque o princípio da precaução não se encontra previsto


expressamente na Constituição Federal. Esta é uma “pegadinha” comum em concursos!

O princípio da precaução impõe que sejam tomadas medidas acautelatórias para determinadas
atividades, ainda que não haja certeza científica sobre os possíveis danos que delas possam
advir. Funda-se, basicamente, na aplicação do adágio in dubio pro natura, diante da incerteza
cientifica. Consta da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(1992 e do tipo penal definido pelo artigo 54, § 3º, da Lei de Crimes Ambientais. Há, em linhas
gerais, três concepções a respeito do conteúdo, extensão e acepção deste princípio. Para uma
linha de pensamento mais radical, não se admite o risco, sua mera probabilidade já é suficiente
para paralisar ou impedir o início da atividade. Exige-se, ainda, que o empreendedor comprove
que sua atividade não causará o dano que se supôs, invertendo-se o ônus de probatório.
Outra linha de pensamento, minimalista, exige que os riscos sejam sérios e irreversíveis, não
admite a moratória da atividade e não conduz à inversão do ônus da prova. Por fim, uma
corrente de pensamento intermediário, requer um risco científico crível, isto é, atestado por
parte significativa da doutrina científica.

ALTERNATIVA E – CORRETA

O princípio do usuário-pagador é a outra face do poluidor-pagador, sua complementação.


Estabelece que os preços dos produtos e serviços devem refletir todos os custos sociais
do uso e esgotamento dos recursos naturais utilizados no processo produtivo. No plano
infraconstitucional foi veiculado de maneira explicita, no artigo 5°, inciso IV, da Lei da Política
Nacional de Recursos Hídricos, que estabelece a possibilidade de cobrança pelo uso de
recursos hídricos. O Supremo Tribunal Federal, por meio do voto do Min. Carlos Aires Britto,
asseverou que a compensação ambiental prevista no artigo 36 da Lei 9985/2000 “densifica o
princípio do usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção da responsabilidade
social (partilhada, insista-se) pelos custos ambientais derivados da atividade”.

GABARITO: D

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52. A Constituição Federal de 1988 trata como patrimônio nacional a Floresta Amazônica
brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.
Em relação à Mata Atlântica, assinale a alternativa INCORRETA:
A) A Constituição do Estado de São Paulo estabelece que a Mata Atlântica, ao lado
da Serra do Mar, da Zona Costeira, do Complexo Estuarino Lagunar entre Iguape e
Cananéia, dos Vales dos Rios Paraíba, Ribeira, Tietê e Paranapanema e as unidades
de conservação do Estado são espaços territoriais especialmente protegidos e
sua utilização far-se-á na forma da lei, dependendo de prévia autorização e dentro
de condições que assegurem a preservação do meio ambiente.

B) São vedados o corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária em


estágio médio e avançado de regeneração quando a área proteger o entorno de
Unidades de Conservação.

C) Compete ao IBGE a delimitação em mapa das formações florestais nativas e


ecossistemas associados que integram o Bioma Mata Atlântica no qual se incluem: a
Floresta Ombrófila Densa; a Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata
de Araucárias; a Floresta Ombrófila Aberta; a Floresta Estacional Semidecidual;
e a Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de
restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.

D) A vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de


regeneração do Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação nos casos
de desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou não
licenciada, ressalvadas as hipóteses de caso fortuito ou força maior, como, por
exemplo, os incêndios naturais.

E) O Bioma da Mata Atlântica goza de proteção penal específica, cujo tipo


incriminador comina pena de detenção para aquele que destruir ou danificar
vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração,
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção.

COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 1

ALTERNATIVA A – CORRETA

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Recomendamos a leitura do Capítulo IV, Secção I, da Constituição do Estado de São Paulo,


cujo artigo 196 estabelece:

Art. 196. A Mata Atlântica, a Serra do Mar, a Zona Costeira, o Complexo Estuarino
Lagunar entre Iguape e Cananéia, os Vales dos Rios Paraíba, Ribeira, Tietê e
Paranapanema e as unidades de conservação do Estado são espaços territoriais
especialmente protegidos e sua utilização far-se-á na forma da lei, dependendo de
prévia autorização e dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente.

A Constituição Federal, por sua vez, elenca a Mata Atlântica à condição de patrimônio nacional:

Art. 225, CF:

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal


Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-
se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

A Lei 11.428/06, que deu diretrizes para valorizar a noção de patrimônio nacional, acrescentou
a o termo “bioma” à locução Mata Atlântica. Bioma “é um ecossistema de larga escala que
cobre grande área de continente, em que prevalece um tipo de vegetação e habita certo tipo
de clima ou determinado segmento de um gradiente de clima”.3

ALTERNATIVA B – CORRETA

Conforme se infere da Resolução Conama n° 10/93, “vegetação primária” ou floresta de


vegetação primária é aquela que não sofreu nenhum tipo de degradação, seja por ação antrópica
ou natural, e que, portanto, não precisa ser regenerada. Ao revés, “vegetação secundária” é
aquela que sofreu algum tipo de degradação e por isso necessita ser regenerada. A depender
do grau de regeneração, a vegetação secundária é classificada em inicial, média ou avançada.
A resolução n.° 388/07 do CONAMA convalidou as resoluções anteriores que davam as
características fisionômicas de cada tipo de vegetação e respectivo estágio sucessional
(inicial, médio e avançado, no caso da vegetação secundária), para os fins do artigo 4º da Lei
11.248/064. As características fisionômicas da vegetação para o Estado de São Paulo foram

3 Marilza C. Marino, João S. Furtado e Yara s. de Vuono (coords), Glossário de Termos Usuais em Ecologia,
São Paulo, Academia de Ciências do Estado de São Paulo, 1980, p. 18.

4 Art. 4º A definição de vegetação primária e de vegetação secundária nos estágios avançado, médio e
inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica, nas hipóteses de vegetação nativa localizada, será de iniciativa

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definidas pela Resolução CONAMA n° 1/94, convalidada pela resolução 388/07, ambas do
CONAMA. O regime jurídico geral do bioma da Mata Atlântica proíbe o corte ou a supressão
de vegetação primária ou secundária em estágio avançado e médio de regeneração quando
proteger o entorno das unidades de conservação (artigo 11 da Lei 11.248/06).

ALTERNATIVA C – CORRETA

As delimitações do Bioma da Mata Atlântica foram relegadas aos mapas do IBGE. Isso
inviabiliza que os institutos oficiais dos Estados e Municípios possam diminuir sua área. Houve
clara deferência ao prestígio científico desse instituto, cuja delimitação goza de observância
obrigatória.

ALTERNATIVA D – INCORRETA

O artigo 5° da Lei n° 11.428/06 não estabelece qualquer exceção no que toca ao status da
vegetação atingida - A vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de
regeneração do Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação nos casos de incêndio,
desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou não licenciada. Isso
é muito importante, tendo em vista a necessidade de se preservar tão importante bioma que
apesar de tão degradado, uma vez que os remanescentes primários e em estágio médio/
avançado de regeneração estão reduzidos a apenas cerca de 7% da cobertura florestal original,
constitui um dos mais representativos em termos de biodiversidade do mundo. Referida previsão
normativa também tem o condão desestimular a prática de condutas simuladas, pois é comum
que proprietários de áreas bem preservadas tentem se desvencilhar das normas protetivas
incentivando a invasão e o consequente desmatamento de seus terrenos por terceiros, fato
que não os escudará da obrigação de recompor a área.

ALTERNATIVA E – CORRETA

Segundo o artigo 38-A na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98):

Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio


avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

do Conselho Nacional do Meio Ambiente.

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GABARITO: D

53. Em relação a distribuição das competências em matéria ambiental, conforme definido


na Constituição Federal, assinale a alternativa INCORRETA:
A) A Constituição Federal estabeleceu competência legislativa privativa da União
em relação às seguintes matérias: águas, populações indígenas, jazidas, minas
e outros recursos minerais, e competência legislativa concorrente entre a União,
os Estados-Membros, Distrito Federal e os Municípios em relação à proteção do
patrimônio paisagístico, responsabilidade por dano ao meio ambiente e defesa do
solo e dos recursos naturais.

B) No âmbito da competência legislativa concorrente, o Estado-Membro está


autorizado a exercer sua competência suplementar para legislar sobre florestas,
caça, pesca, fauna, conservação da natureza, proteção do meio ambiente e controle
da poluição e, neste caso, se houver a superveniência de lei federal de caráter
geral, a lei estadual ficará com sua eficácia suspensa.

C) No julgamento da ADI nº 350/SP, o Supremo tribunal Federal assentou a


constitucionalidade formal do artigo 204 da Constituição do Estado de São Paulo,
segundo o qual “fica proibida a caça, sob qualquer pretexto, em todo o Estado”,
reconhecendo-se o legítimo exercício da competência legislativa suplementar do
Estado-Membro em disciplinar essa questão segundo suas peculiaridades, mas,
também, conferiu-lhe interpretação conforme para permitir o abate controlado de
animais para fins científicos ou por motivo de saúde pública.

D) Um município sobre o qual se sobreponha um Parque Estadual pode tomar


medidas administrativas com o objetivo de impedir corte ilegal de vegetação dentro
da área do Parque, ainda que referida unidade de conservação seja de propriedade
do ente estadual.

E) Os Estados-Membros poderão legislar acerca de pontos específicos tratados


dentre as competências privativas da União pela Constituição Federal de 1988,
desde que haja lei complementar federal delegando a disciplina de respectivas
matérias.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. A proteção do meio ambiente na Constituição Federal e na Cons-


tituição do Estado de São Paulo: Disposições gerais. Competência em matéria am-
biental. Função social da propriedade. Da ordem econômica.

ALTERNATIVA A – CORRETA

Muito embora diversas matérias atinentes ao meio ambiente estejam previstas no rol do artigo
24 da Constituição Federal, que prevê a competência legislativa concorrente da União, dos
Estados-Membros e do Distrito Federal, as matérias elencadas na alternativa em comento
estão reservadas à competência legislativa privativa da União, ou seja, não admitem a
concomitância entre um texto normativo federal e estadual (ou distrital). Em linhas gerais, a
competência legislativa privativa só admite delegação aos Estados para tratarem de matéria
específica mediante a edição de lei complementar autorizativa, em que pese nem sempre se
admita tal delegação, como nos casos previstos nos artigos 51 e 52 da CF.

ALERNATIVA B – INCORRETA

No exercício da competência legislativa concorrente, o papel da União cinge-se a elaborar


normas gerais, de caráter nacional, que podem ser suplementadas pelos Estados Membros
e pelo Distrito Federal em razão de suas peculiaridades. Neste caso, ambas as legislações,
nacional e estadual, permanecem íntegras e vigentes. A alternativa está incorreta porque a
suspensão da eficácia da lei estadual jamais se dará pelo exercício da competência suplementar,
mas, sim, pelo exercício da competência plena, cujo pressuposto é a falta de legislação federal
de caráter nacional (artigo 25, §§ 1°, 2°, 3° e 4°, CF).

ALTERNATIVA C – CORRETA

Na ADI 350/SP, o Supremo Tribunal Federal assentou que a Lei 5.197/67, recepcionada pela
CF/88, estabeleceu, como princípio geral, por meio do seu artigo 1°, a vedação da caça,
autorizando sua prática, excepcionalmente, se as peculiaridades regionais comportarem
seu exercício, o que se daria, nos termos da lei, mediante regulamento do Poder Público
Federal. Neste último ponto, o STF, atento ao regime de repartição de competências dos entes
federativos e ao fato de a Constituição Federal estabelecer a competência suplementar dos
Estados-Membros e do Distrito Federal, deu interpretação conforme ao § 1° do artigo 1° da
Lei 5.197/67, de modo a substituir a expressão “regulamento do Poder Público Federal” para
“a devida permissão em ato regulamentador do poder público competente”, neste caso, o

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Estadual.

ALTERNATIVA D – CORRETA

O fato de um Parque Estadual ser de domínio do Estado de São Paulo não afasta a competência
comum, de cunho administrativo, prevista no artigo 23 da Constituição Federal, que estabelece
o dever dos Municípios em preservar as florestas, a fauna e a flora.

ALTERNATIVA E – CORRETA

Conforme pudemos explicitar para a alternativa (A), a competência legislativa privativa


admite delegação aos Estados para tratarem de matéria específica mediante a edição de
lei complementar autorizativa. Em que pese referida competência nem sempre admita tal
delegação, como nos casos previstos nos artigos 51 e 52 da CF, é correto afirmar que referida
exceção não se aplica as matérias de viés ambiental.

GABARITO: B

54. A Lei n. 9.985/00, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação


(SNUC), previu a obrigação de o empreendedor apoiar a implantação e a manutenção
das unidades de conservação. Considerando a legislação vigente, assinale a alternativa
INCORRETA:
A) Não serão incluídos no cálculo da compensação ambiental os investimentos
referentes aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de
licenciamento ambiental para mitigação de impactos.

B) Constitui condicionante da Licença Prévia - LP a obrigação de o empreendedor


assumir com o Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria do Meio Ambiente,
com a interveniência da CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a
obrigação de cumprir a compensação ambiental, mediante a subscrição do Termo
de Compromisso de Compensação Ambiental - TCCA.

C) o Termo de Compromisso de Compensação Ambiental - TCCA subscrito


terá força de título executivo extrajudicial, e seu descumprimento ensejará sua
remessa à Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo para execução judicial das
obrigações dele decorrentes, sem prejuízo da imposição autônoma das demais
sanções administrativas e penais aplicáveis à espécie.

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D) o cumprimento da compensação ambiental objeto do Termo de Compromisso


de Compensação Ambiental - TCCA constitui condição de validade da Licença de
Implantação - LI do empreendimento, atividade ou obra objeto do EIA/RIMA.

E) No Estado de São Paulo, a critério da Secretaria do Meio Ambiente, quando os


recursos forem destinados a unidades de conservação da natureza instituídas ou a
serem criadas no Estado de São Paulo, o empreendedor se desonerará da obrigação
mediante a comprovação do depósito do valor da compensação ambiental na
conta do Fundo Especial de Despesa para a Preservação da Biodiversidade e dos
Recursos Naturais - FPBRN, ou do depósito do valor da compensação ambiental
em conta poupança de titularidade do empreendedor.

COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 7

ALTERNATIVA A – CORRETA

Trata-se de texto expresso no §° 3° do artigo 31 do Decreto Federal n.° 4.240/02, que assenta
a possibilidade de cobrança dos valores atinentes à compensação ambiental, sem qualquer
abatimento, ainda que o empreendedor tenha custeado medidas mitigatórias para viabilizar
o licenciamento de sua atividade. Sobre a compensação ambiental prevista no SNUC, é
importante ter em mente a controvérsia doutrinária acerca da natureza jurídica do instituto,
podendo-se identificar, em linhas gerais, três correntes: natureza jurídica reparatória, natureza
jurídica tributária e, por fim, uma forma de compartilhamento entre o Poder Público e os
empreendedores por atividades com significativo impacto ambiental.

ALTERNATIVA B – CORRETA

O aluno deve ficar atento às disposições específicas sobre compensação ambiental no Estado
de São Paulo, razão pela qual a leitura do Decreto Estadual n° 60.070/14 é recomendada.
A alternativa encontra-se prevista no artigo 3° do Decreto Estadual referido e constitui uma
das condicionantes para a expedição da licença prévia, primeira fase do licenciamento
ambiental, seguida das licenças de instalação e operação, sucessivamente, segundo a qual o
empreendedor, para as obras ou atividades de significativos impactos ambientais e, portanto,
sujeitas à EIA-RIMA, deve firmar Termo de Compensação Ambiental, comprometendo-se a
implementar a compensação ambiental.

ALTERNATIVA C - CORRETA

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A alternativa encampa texto expresso no § 2° do artigo 3° do Decreto Estadual n° 60.070/14,


mas é de pouca ocorrência prática na medida em que o cumprimento do TCA é exigido como
condição para a expedição da licença de instalação. Sem isso, o empreendedor não consegue
realizar as obras, instalar as estruturas, necessárias à futura operação do empreendimento.
Todavia, não há como negar sua importância para salvaguardar o pagamento da compensação.

ALTERNATIVA D – CORRETA

A alternativa encampa o texto do artigo 4° do Decreto Estadual n° 60.070/14 que prevê a


necessidade de cumprimento da obrigação assumida no TCA como condição válida para a
concessão da licença de instalação. Sem isso, o órgão licenciador não poderá dar continuidade
ao licenciamento ambiental e o empreendedor estará impedido de executar as obras ou
atividades necessárias à instalação do empreendimento, ainda que tenha cumprido as demais
condicionantes previstas para a concessão a licença prévia.

ALTERNATIVA E – INCORRETA

O artigo 36 do SNUC trata genericamente do tema ao dispor sobre a obrigação de o empreendedor


apoiar a implantação e a manutenção das unidades de conservação sem especificar o modo
por meio do qual isso de daria. No Estado de São Paulo, a critério do empreendedor e não
da Secretaria do Meio Ambiente, e aqui está o erro da assertiva, poder-se-á escolher entre
o depósito da quantia no Fundo Especial de Despesa para a Preservação da Biodiversidade
e dos Recursos Naturais – FPBRN ou em conta poupança de titularidade do empreendedor.

GABARITO: E

55. Dentre os tipos de unidade de conservação de proteção integral criados pelo SNUC,
assinale a alternativa que indica qual não necessita ser integralmente de dominialidade
pública, a depender da anuência dos proprietários das áreas sobrepostas:

A) Reserva Particular do Patrimônio Natural.

B) Parque Nacional.

C) Monumento Natural.

D) Reserva de Fauna.

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E) Reserva Biológica.

COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 7

O SNUC prevê a necessidade de que alguns tipos de unidades de conservação sejam de


dominialidade pública impondo a obrigação de o Poder Público desapropriar as áreas particulares
inseridas no espaço territorial especialmente protegido. Isso decorre das limitações ambientais
impostas à propriedade particular, especialmente em razão da impossibilidade de ocupação
antrópica dessas áreas, bem como da finalidade pública que lhes é imposta, o que retira do
proprietário suas prerrogativas de usar, gozar e dispor da coisa (artigo 1.228 do Código Civil).
Muitas vezes, no entanto, ou porque é o próprio proprietário que cria a unidade de conservação
(reserva particular do patrimônio natural), ou porque as limitações ambientais impostas não
afetam as prerrogativas do direito de propriedade que ainda pode ser legitimamente exercida,
não há a necessidade de desapropriação, fato que permite que áreas particulares componham
o território especialmente protegido. Em situações intermediárias, a despeito das limitações
ambientais inviabilizarem o exercício pleno do direito da propriedade, a lei permite que os
proprietários das áreas que compõe referidas unidades de conservação aquiesçam com sua
criação, afastando-se a necessidade de desapropriação na medida em que o proprietário pode
usar de sua área do modo que bem entender, desde que atendida sua função sócio-ambiental.

Recomenda-se a memorização da tabela abaixo que consolida tais informações:

Unidades de Dominialidade Dominialidade Dominialidade


Proteção Integral pública privada Pública ou privada
ESTAÇÃO
X
ECOLÓGICA
RESERVA
X
BIOLÓGICA
PARQUE
X
NACIONAL
MONUMENTO
X
NATURAL
REFÚGIO DA VIDA
X
SILVESTRE

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FLORESTA
X
NACIONAL
Unidades de
desenvolvimento
sustentável
Área de Proteção
X
Ambiental
Área de Relevante
X
Interesse Ecológico
Reserva Extrativista X
Reserva de Fauna X
Reserva de
Desenvolvimento X
Sustentável
Reserva Particular
do Patrimônio X
Natural

GABARITO: C

56. No que toca às construções irregulares erigidas em próprios estaduais ou em áreas


ambientalmente protegidas, assinale a alternativa INCORRETA:
A) Construções com ocupação consolidada, havendo a oposição dos moradores,
só poderão ser demolidas mediante a aplicação de respectiva pena administrativa,
após regular procedimento administrativo, assegurado o direito de defesa ao
ocupante.

B) Se a construção estiver acabada, só será possível sua demolição imediata, sem


a necessidade de prévio procedimento administrativo ou de autorização judicial,
caso esteja com evidentes sinais de abandono ou em ruínas.

C) Se a construção estiver sendo utilizada exclusivamente como rancho de caça,


cativeiro de pessoas, ou outra finalidade criminosa, e estiver situada em próprio
estadual ou Unidade de Conservação de dominialidade pública, admite-se sua

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demolição, mediante prévio procedimento administrativo, assegurada a ampla


defesa e o contraditório.

D) Se a construção estiver inacabada, é lícito ao agente estatal proceder sua


imediata demolição, sem a necessidade de prévio procedimento administrativo ou
de autorização judicial.

E) Construções com ocupação consolidada, havendo a oposição dos moradores,


ainda que haja prévio procedimento administrativo com a imposição de pena de
demolição, só poderão ser demolidas mediante autorização judicial.

COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 13

ALTERNATIVA A – INCORRETA

Ainda que tenha sido assegurada ao interessado a ampla defesa em regular procedimento
administrativo que impôs a pena de demolição, a garantia constitucional da inviolabilidade
do domicílio (artigo 5°, XI, CF - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial), impõe a necessidade de
ordem judicial para penetrar no imóvel privado e remover as pessoas e bens que se situem em
seu interior para, após, executar a pena administrativa de demolição.

ALTERNATIVA B – CORRETA

Neste caso, a construção não está protegida pela garantia constitucional da inviolabilidade
do domicílio, mormente porque abandonada ou em ruínas (o que pressupões mais do que
o abandono) e não seria razoável se exigir prévio processo administrativo na medida em
que a construção abandonada constitui res nulius e a aquela em ruínas coloca em risco a
incolumidade de terceiros, o que exige pronta atuação dos órgãos administrativos.

ALTERNATIVA C- CORRETA

Se a construção estiver sendo utilizada exclusivamente para fins ilícitos, a garantia constitucional
da inviolabilidade do domicílio não a socorre. Neste caso, prevalece a auto-executoriedade
do ato administrativo, de modo que a demolição pode ser realizada, independentemente de
autorização judicial, desde que o procedimento administrativo tenha comunicado sanção

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respectiva, assegurada previamente, a ampla defesa e o contraditório.

ALTERNATIVA D – CORRETA

Como a ocupação irregular de área especialmente protegida ou sua ocupação em desacordo


com as normas legais ou regulamentares pertinentes caracteriza os crimes previstos nos artigos
60 e 64 da Lei 9.605/98, a intervenção direta e imediata do agente público está legitimada
na medida em que impede a consumação de um crime ambiental e nada tem a ver com a
auto-executoriedade da sanção administrativa de demolição ou da necessidade de se garantir
prévia em ampla defesa. Aqui o agente atua de modo a impedir a consumação e um delito.

ALTERNATIVA E – CORRETA

Os motivos que justificam a incorreção da alternativa A são os mesmos que podem ser objetados
para justificar a correção da alternativa E.

GABARITO: A

57. Em relação à área preservação permanente, assinale a opção INCORRETA:


A) A área de preservação permanente caracteriza-se como área protegida, coberta
ou não por vegetação nativa.

B) A obrigação de recompor a vegetação de área de preservação permanente


indevidamente suprimida, dada sua natureza real, transmite-se ao proprietário, ao
possuidor ou ao ocupante da área, a qualquer título, ainda que não tenha praticado
a supressão.

C) Uma das inovações trazidas pelo código Florestal de 2012 consiste na


possibilidade de sempre se computar as áreas de preservação permanente no
cálculo do percentual da área de Reserva Legal do imóvel.

D) Não será exigida área de preservação permanente no entorno de reservatórios


artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos
d’água naturais.

E) A restinga só constitui área de preservação permanente quando tiver como


função ser fixadora de dunas ou estabilizadora de mangue.

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COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 8

ALTERNATIVA A – CORRETA

A área de preservação permanente, como o próprio texto diz, é uma área, e não mais floresta
como era exigido na redação original do Código Florestal de 1965. A área é protegida em vista
de sua função ambiental de preservação, de facilitação, de proteção e de asseguramento do
equilíbrio ecológico do meio ambiente e o fato de não estar coberta por vegetação não ilide a
sua proteção legal.

ALTERNATIVA B – CORRETA

Conforme reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: “a jurisprudência desta


Corte está firmada no sentido de que os deveres associados às APPs e à Reserva Legal têm
natureza de obrigação propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou posse, independente
do fato de ter sido ou não o proprietário o autor da degradação ambiental. Casos em que
não há falar em culpa ou nexo causal como determinantes do dever de recuperar a área
de preservação permanente”. (STJ, AgRg no AREsp 327687/SP, Rel. Min Humberto Martins,
segunda turma, j. 15/08/2013).

ALTERNATIVA C – INCORRETA

A área de preservação permanente só poderá ser computada no cálculo do percentual e reserva


legal, desde que (i) não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, (ii)
a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação e (iii) o proprietário
ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural – CAR.

ALTERNATIVA D – CORRETA

A inexistência de área de preservação permanente para o entorno de reservatórios artificiais


de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais constitui
uma inovação do Código Florestal de 2012 e é objeto de questionamento perante o Supremo
Tribunal Federal nas ações diretas de inconstitucionalidade e constitucionalidade que estão
sob a relatoria do Ministro Luiz Fux (ADIs 4901, 4902, 4903 e 4937 e ADC 42).

ALTERNATIVA E – CORRETA

Sobre esse tema é imperioso destacar a controvérsia judicial que está em curso na medida
em que a CETESB deixou de aplicar a resolução CONAMA n° 303/02, sob o argumento de

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sua revogação em razão do novo Código Florestal, na medida em que este alterou o texto
do código anterior para consignar que outras áreas poderiam ser declaradas de preservação
permanente por ato do chefe do poder executivo e não mais ato do poder público, o que afastaria
referida resolução do CONAMA (ato do poder público). Referido entendimento foi suspenso,
liminarmente, no bojo da ação civil pública n° 0003010-38.2012.403.6135, que reconheceu a
manutenção da competência do CONAMA em deliberar sobre normas e padrões compatíveis
com o meio ambiente, e, portanto, a validade e eficácia de sua alínea “a”, inciso IX, artigo 3°,
que estabelece como APP a restinga em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir
da linha de preamar máxima.

GABARITO: C

58. Em relação à responsabilidade civil por dano ambiental, assinale a alternativa


INCORRETA:
A) No caso de omissão do dever legal de fiscalizar, a responsabilidade civil do
Estado será solidária de execução subsidiária, desde que a omissão tenha sido
causa relevante na causação do resultado.

B) Segundo a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, a ação


que visa à reparação de um dano ambiental é imprescritível.

C) De acordo com a doutrina e jurisprudência majoritárias a responsabilidade civil


ambiental é regida pela teoria do risco integral, segunda a qual a demonstração de
caso fortuito ou de força maior tem o condão de romper o nexo de causalidade e,
portanto, desonerar o empreendedor da responsabilidade pela reparação do dano
ambiental.

D) Dentre as formas as possíveis de reparação do dano ambiental, há que se


buscar prioritariamente, e nessa ordem, a reparação in natura, a compensação
ecológica e, por fim, caso as formas anteriores não sejam possíveis de serem
implementadas, a indenização pecuniária.

E) Em que pese a doutrina ser majoritariamente a favor da indenização por dano


moral coletivo, face o princípio da reparação in integrum do dano ambiental, o
Superior Tribunal de Justiça possui entendimento divergente quanto a essa
possibilidade.

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COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 13

ALTERNATIVA A - CORRETA

Conforme acentuou o Superior Tribunal de Justiça, em diversas oportunidades: “[...] no caso


de omissão de dever de controle e fiscalização, a responsabilidade ambiental solidária da
Administração é de execução subsidiária (ou com ordem de preferência).
A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o título
executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o
degradador original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial
exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive
técnica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito
de regresso (art. 934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art.
50 do Código Civil)”. (stj, REsp n. 1.071.741, Min. Herman Benjamin,2ª Turma; AgRgREsp n.
1.001.780, Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma)

ALTERNATIVA B – CORRETA

O Superior Tribunal de Justiça, em que pese encampar a prescritibilidade da ação e cobrança


de multa ambiental em 05 anos, tem firme jurisprudência assentando a imprescritibilidade da
pretensão de reparação do dano ambiental:

[...] Todas as questões suscitadas pela parte foram apreciadas pelo acórdão
recorrido que concluiu pela inexistência de autorização ambiental para a construção
do restaurante em área de preservação permanente, bem como que seriam inócuas
as alegações de que à época da construção do restaurante, há mais de 25 anos, já
inexistia vegetação natural, o que não caracteriza a suposta contrariedade ao artigo
535 do CPC. 2. O aresto impugnado perfilha o mesmo entendimento desta Corte, o
qual considera que as infrações ao meio ambiente são de caráter continuado e que
as ações de pretensão de cessação de danos ambientais é imprescritível . (REsp
1223.092⁄SC, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 6.12.2012, DJe de
4.2.2013.). [...] 3. O Tribunal a quo entendeu que: “Não se pode aplicar entendimento
adotado em ação de direitos patrimoniais em ação que visa à proteção do meio
ambiente, cujos efeitos danosos se perpetuam no tempo, atingindo às gerações
presentes e futuras.” Esta Corte tem entendimento no mesmo sentido, de que,
tratando-se de direito difuso - proteção ao meio ambiente -, a ação de reparação

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é imprescritível. Precedentes. Agravo regimental improvido “ (AgRg no REsp


1150479⁄RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 4.10.2011,
DJe de 14.10.2011.)

ALTERNATIVA C – INCORRETA

A responsabilidade administrativa ambiental é regida pela teoria do risco integral, não se


admitindo a aplicação das excludentes de responsabilidade “de modo que, aquele que explora
a atividade econômica coloca-se na posição de garantidor da preservação ambiental, e os
danos que digam respeito à atividade estarão sempre vinculados a ela, por isso descabe a
invocação, pelo responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil e,
portanto, irrelevante a discussão acerca da ausência de responsabilidade por culpa exclusiva
de terceiro ou pela ocorrência de força maior”. (STJ, EDcl no REsp 1.346.430/PR, Rel. Min Luis
Felipe Salomão, QUARTA TURMA, dj. 05/02/13, DJe 14/02/13).

ALTERNATIVA D – CORRETA

A reparação do dano ambiental é regida pelo princípio do poluidor pagador e da reparação


in integrum, que estabelecem a possibilidade de condenação, cumulativa e simultânea, em
obrigações de fazer, não fazer e indenizar. Isso se dá pelo caráter multifacetário do dano
ambiental que enseja a responsabilização do degradador por todos os efeitos decorrentes
da conduta lesiva que vão desde recuperar o meio ambiente pelo dano perpetrado, indenizar
os prejuízos sofridos pelas vítimas e pela biota afetada e pagar pelos serviços ambientais
retirados da natureza. No que toca à reparação do dano em si, a jurisprudência estabelece a
necessidade de se buscar, prioritariamente, a reparação in natura, ou seja, o retorno ao status
quo ante, e apenas no caso de isso não ser possível a compensação do dano ambiental e a
sua indenização, sucessivamente.

ALTERNATIVA E – CORRETA

Não obstante a doutrina majoritária ser favorável à possibilidade de indenização pelo dano
moral coletivo, a jurisprudência do STJ é dividida em relação ao tema. Com efeito, enquanto a
segunda turma desse tribunal superior tem firmado o entendimento reconhecendo a indenização
pelo dano moral coletivo (Resp. n° 1367923/RJ, Resp. n.° 1.180.078/MG, Resp. n° 1.198.727/
MG), a primeira turma tem se posicionado pela sua inadmissibilidade, sob o argumento de que
a ideia de transindividualidade do bem ambiental se afasta do necessário vinculo de natureza
individual, de dor, de sofrimento psíquico que fundamenta e justifica sua indenização.

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GABARITO: C

59. Assinale a alternativa CORRETA em relação à Política Nacional de Recursos Hídricos,


instituída pela Lei 9.433/97:
A) A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas, mas em situações de escassez o uso prioritário se dá, exclusivamente, para
o consumo humano.

B) Não dependem de outorga a extração de água de aquífero subterrâneo, desde


que voltados para o consumo final dos respectivos moradores da área sobreposta
à captação.

C) Os valores cobrados pelo uso dos recursos hídricos serão aplicados


prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e poderão ser
destinados em até 7% do valor arrecadado no financiamento de estudos, programas,
projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos.

D) A outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por no máximo 35


anos, não podendo ser renovada.

E) Só se admite a outorga para o lançamento em corpo d’água de esgotos e demais


resíduos líquidos ou gasosos, desse que devidamente tratados ou não, com o fim
de sua diluição, transporte ou disposição final.

COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 10

ALERNATIVA A – INCORRETA

A política nacional de recursos hídricos, Lei 9.433/97, assegura o uso múltiplo da água que
deve ser perseguido quando da edição do plano de recursos hídricos (art.7º, VIII, da Lei
9.433/97), mas estabelece sua prioridade, no caso de escassez, para o consumo humano
e para a dessedentação dos animais. No Estado de São Paulo, em razão da crise hídrica
vivenciada nos idos de 2014 – 2015, o CONSEMA, por meio da deliberação normativa n° 1/2015,
estabeleceu procedimento especial para o licenciamento ambiental para empreendimentos,
obras e atividades de abastecimento público de água em período de criticidade hídrica.

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ALTERNATIVA B – INCORRETA

O regime de outorga dos recursos hídricos visa garantir o controle quantitativo e qualitativo
dos usos das águas e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Não se exige licitação
para a outorga dos recursos hídricos, o que não se confunde com a prestação e serviço público
que objetive seu fornecimento à população em geral, esta sim sujeita à licitação. A ausência de
outorga, quando obrigatória, sujeita o infrator às penas de advertência, multa, embargo provisório
e embargo definitivo. A lei, no entanto, excepciona a exigência de outorga para usos pouco
significativos, instituindo verdadeiro direito subjetivo para o usuário nas seguintes hipóteses: (i)
para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio
rural, (ii) para as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes e (iii) para
as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes (§ 1°, art. 14).

ALTERNATIVA C – INCORRETA

O artigo 22 da Lei n. 9.433/97 só estabelece referida limitação para o pagamento de despesas


de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A doutrina elogia a opção do legislador
que privilegia a aplicação dos recursos para o cumprimento daquilo que foi estabelecido no
Plano de Recursos Hídricos, no qual se incluem as metas de racionalização de uso, aumento
da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis, em detrimento do
custeio da máquina administrativa.

ALTERNATIVA D – INCORRETA

Sem dúvidas a outorga tem um valor econômico para quem a recebe, pois assegura o acesso
a um bem escasso e de grande valia para o processo produtivo e para o consumo humano.
Atento a isso, a legislação estabeleceu aprazo razoável de duração da outorga, 35 anos,
permitindo-se sua renovação, o que confere maior segurança e estabilidade às relações
jurídicas e comerciais que tem interface com o uso da água. No Estado de São Paulo,
excetuadas as hipóteses contidas no inciso III, do artigo 20 da CF (lagos e rios de propriedade
da União), compete ao Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, nos termos do
decreto estadual n 41.258/96, conceder a outorga de usos dos recursos hídricos.

ALTERNATIVA E - CORRETA

Muito embora a Lei 11.455/07, que estabelece as diretrizes gerais para o saneamento básico,
estabeleça como princípio a integralidade no cumprimento de todas as etapas relativas aos
serviços que regula, dentre eles o tratamento integral de todos os efluentes, enquanto isso

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ainda não se verifica, admite-se o lançamento de efluentes não tratados em cursos d´água,
mediante respectiva outorga. Isso, contudo, só pode ser realizado se a qualidade do curso
d’água receptor for de classificação compatível com o efluente que nele será despejado. É
importante destacar que: Os atos de outorga não eximem o usuário da responsabilidade
pelo cumprimento das exigências da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental -
CETESB, no campo de suas atribuições, bem como das que venham a ser feitas por outros
órgãos e entidades aos quais esteja afeta a matéria (art. 5°, Decreto estadual n. 41.258/96).

GABARITO: E

60. Em relação aos conceitos jurídicos relativos ao meio ambiente, julgue os seguintes
itens:

I. Do ponto de vista jurídico, é possível extrair três aspectos do meio ambiente, o


natural ou físico, o cultural e o artificial.

II. Qualquer poluição constitui degradação ambiental, mas nem toda degradação
ambiental pode ser considerada como poluição.

III. A água constitui um bem público e, portanto, de propriedade dominical da


União, dos Estados-Membros ou do Distrito Federal, conforme o caso.

IV. O meio ambiente constitui um macrobem, isto é, mais do que os elementos


corpóreos que o formam (florestas, rios, etc), manifesta-se pelas relações e
interações que condicionam a vida em todas as suas formas.

Assinale a alternativa correta:

A) Apenas os itens I e II estão corretos.

B) Apenas os itens II e III estão corretos

C) Os itens I, II e III estão incorretos

D) Apenas os itens I, II e IV estão corretos

E) Todos os itens estão corretos

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COMENTÁRIO

PONTO DO EDITAL: 1

Item I – CORRETO

O conceito jurídico de meio ambiente abrange três aspectos: o artificial, constituído pelo
espaço urbano formado pelos conjunto de edificações e equipamentos públicos, cuja disciplina
recai, prioritariamente, ao direito urbanístico; o cultural, formado pelo patrimônio histórico,
arqueológico, turístico, paisagístico, em regra, originado por obra do ser humano (vide, por
exemplo, o tombamento da Serra do Mar, que atribuiu valor cultural a um bem natural); e
o natural ou físico, constituído pelo água, solo ar atmosférico, fauna, flora, etc, e por toda a
interação desses com os seres vivos.

Item II – CORRETO

A degradação ambiental traduz conceito mais amplo na medida em que constitui qualquer
alteração adversa das características do meio ambiente (art. 3°, II, Lei 6.938/81), ao passo
que poluição é um modo mais pernicioso de degradação ambiental resultante de atividades
de atividades que direta ou indiretamente (i) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar
da população, (ii) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, (iii) afetem
desfavoravelmente a biota, (iv) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente
ou (v) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Item III – INCORRETO

O fato de a água constituir um bem público não transforma a União e os Estados-Membros


ou o Distrito Federal em proprietário dominial. Em verdade, o Código Civil estabelece sua
condição e bem de uso comum do povo, característica reforçada pela Política Nacional de
Recursos Hídricos, que acentua o papel do Poder Público como gestor desse bem para a
manutenção do equilíbrio ecológico do planeta, tanto é que o pressuposto de qualquer outorga
é a manutenção de seu uso múltiplo e a impossibilidade de seu esgotamento.

Item IV – CORRETO

A lei 6.938/81 considerou o meio ambiente como o conjunto de relações e interações que
condiciona a vida em todas as suas formas. Ao tratar o tema dessa maneira, o legislador
não apontou os elementos corpóreos que compõem o meio ambiente dentro de sua definição
jurídica elevando-o, portanto, à condição e um bem incorpóreo e imaterial. O texto constitucional,

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por sua vez, inseriu o meio ambiente como res communes omnium (coisa comum a todos),
apartando o meio ambiente do conceito de um bem público estrito senso. Não por outro motivo,
HERMAN BENJAMIM ensina que o meio ambiente “enxergado como verdadeiro universitas
corporalis, é imaterial – não se confundindo com esta ou aquela coisa material (floresta, rio,
mar, sítio histórico, espécie protegida, etc.) que o forma, manifestando-se, ao revés, como o
complexo de bens agregados que compõem a realidade ambiental. Assim, o meio ambiente é
bem, mas, como entidade, onde se destacam vários bens materiais em que se firma, ganhando,
proeminência, na sua identificação, muito mais o valor relativo à composição, característica ou
utilidade da coisa do que a própria coisa”.

GABARITO: D

PROFESSORA: DANIELE ZANFORLIN


E-mail: profcei.danizanforlin@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

Prezados alunos,

A prova de Direito Tributário da PGE-SP de 2012 foi marcada por duas características principais:
(1) cobrou a legislação tributária estadual (3 questões de 10), e (2) tem uma conotação bem
prática, exigindo que o aluno concatene os conceitos doutrinários e legais com casos práticos.

A despeito disso, a prova anterior, de 2009, trouxe questões mais teóricas, cobrando inclusive
a matéria tributária na Constituição, o que não foi objeto de cobrança na prova de 2012.

Assim, as rodadas observarão questões nestes estilos, tentando preparar o aluno para as duas
situações, sempre com a cobrança da legislação estadual. Ademais, traremos os julgados
mais relevantes do STJ e STF, que sempre são objeto de cobrança nos certames.

61. Partindo do suposto de que o tributo tem a finalidade precípua de suprir os cofres
públicos com os recursos necessários para o atendimento das atividades estatais, ao
passo em que o Direito Tributário de efetivar o controle deste poder de tributar, analise
as proposições abaixo:
A) Os princípios constitucionais tributários figuram como nortes à delimitação
do poder de tributar, sendo empregados pela Constituição Federal para fazer a

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repartição da força tributante entre os entes da federação. As normas jurídicas de


competência tributária, por seu turno, albergam comandos principiológicos que
servem de verdadeiras garantias constitucionais do contribuinte contra a força
tributária do Estado.

B) Não há afronta ao princípio da legalidade se medida provisória do Governador


do Estado de São Paulo disciplinar, para fins de incidência do ICMS, o local das
operações relativas à circulação de mercadorias.

C) Instituída, em outubro de 2017, hipótese de isenção incondicionada de ICMS às


mochilas escolares, a revogação desse benefício, de acordo com o entendimento
mais recente do STF, deverá observar o princípio da anterioridade tributária, eis
que importa em aumento indireto de imposto. A isenção onerosa, por outro lado,
não comporta revogação para aqueles que fazem jus ao direito adquirido.

D) A seletividade, forma de concretização do postulado da capacidade contributiva,


é característica essencial do ICMS e do IPI, eis que a CF/88 estabelece expressamente
que ambos serão seletivos.

E) A despeito da importância constitucional conferida à seletividade do ICMS, certo


é que tal princípio cede força em face da vedação ao confisco, que aparece como
óbice constitucional à excessiva tributação de produtos e serviços.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Sistema constitucional tributário. Princípios constitucionais tri-


butários. Competência tributária. Imunidades.

A) INCORRETA: os conceitos foram trocados. As normas jurídicas de competência tributária


são aquelas que se destinam a, mediante a repartição de competências, delimitar o poder de
tributar. Todos os entes políticos em nosso ordenamento possuem, portanto, poder tributário,
que é manifestação do ius imperium do Estado. Contudo, tal poder é exercido na medida da
competência tributária delimitada pela Constituição através das normas jurídicas.

Os princípios constitucionais tributários, por seu turno, estabelecem garantias constitucionais


do contribuinte contra a força tributária do Estado, limitando o poder de tributar.

A alternativa está, portanto, incorreta.

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B) INCORRETA: Sabe-se que é defeso à medida provisória tratar de matéria reservada à lei
complementar (art. 62, § 1º, III, da CF/88). Destarte, os tributos adstritos à ação normativa da
lei complementar não poderão ser instituídos ou majorados por medida provisória. Quanto
ao tema especificamente tratado na assertiva, está sob reserva de lei complementar fixar o
local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços (art.
155, § 2º, XII, “d”). Ademais, trata-se de competência da UNIÃO, e não dos Estados, a qual foi
exercida pelo art. 11 da LC nº 87/1996.

A alternativa está, portanto, incorreta.

C) CORRETA: O Supremo, tradicionalmente, compreendia que a isenção importava em


dispensa legal do pagamento do tributo, sem afastar, contudo, a ocorrência do fato gerador e
o surgimento da obrigação tributária. Revogada a isenção, portanto, não haveria criação de
tributo, afastando a aplicação do princípio da anterioridade. Este entendimento foi cristalizado
na Súmula 615 do STF, segundo a qual o princípio da anualidade não se aplica à revogação
de isenção do ICMS.

Em setembro de 2014, contudo, a Primeira Turma do Supremo julgou o RE 564.225/RS,


onde compreendeu que a revogação de benefício fiscal promoveu aumento indireto do ICMS,
demandando a observância do princípio da anterioridade, geral e nonagesimal. Foi ressaltada,
igualmente, a necessidade de defesa da previsibilidade entre agente ativo e passivo.

A matéria não está pacificada, defendendo a doutrina a necessidade de atualização do


entendimento sumulado do STF. Observe, contudo, que a redação da questão, exigindo o
entendimento mais recente, blindou a resposta, que deveria ser afirmativa. Trata-se de uma
forma possível de cobrança de questões polêmicas.

A isenção onerosa, por seu turno, é aquela que não pode, para quem fez jus ao seu gozo,
ser revogada (interpretação a contrario sensu do art. 178-A do CTN). Note-se que, a norma
legal em si pode sim ser revogada, evitando que novos contribuintes incluam-se na hipótese
isentiva.

De acordo com a doutrina, a isenção que não permite a sua revogação é aquela concedida sob
determinadas condições e por prazo certo.

D) INCORRETA: a seletividade é forma de concretização do postulado da capacidade


contributiva, prestigiando a utilidade social do bem. Atua na razão direta da superfluidade do
bem: tanto maior será a alíquota, quanto menor for a importância do bem (razão inversa da
essencialidade ou imprescindibilidade do bem).

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Note-se, contudo, que, de acordo com o art. 153, § 3º, I, da CF/88, o IPI será seletivo, ao passo
em que o art. 155, § 2º, III, da CF/88, poderá ser seletivo.

O erro da assertiva, portanto, reside em dizer que a CF/88 expressamente estabeleceu que
ambos os impostos serão seletivos, quando admitiu apenas como possibilidade quanto ao
ICMS.

A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: o princípio da vedação ao efeito confiscatório deriva da capacidade contributiva,


traduzindo a necessidade de haver uma aptidão para suportar a carga tributária sem que haja
perecimento da riqueza tributável que a lastreia.

O entendimento corriqueiro, contudo, é de que tal princípio não se aplica aos impostos seletivos
(ICMS e IPI). Isto porque a seletividade é a técnica de incidência de alíquotas, calcada também
na capacidade contributiva, cuja variação ocorre em função da essencialidade do bem. Os
produtos de primeira necessidade, portanto, terão baixa tributação, ao passo em que se mostra
justificável eventual excesso no que tange à tributação dos produtos supérfluos.

A doutrina aponta, ainda, que a vedação ao efeito confiscatório não se aplica quanto aos
impostos extrafiscais, bem como aos casos de progressividade extrafiscal (IPTU e ITR).

A alternativa está incorreta.

GABARITO: C

62. A respeito do redirecionamento da execução fiscal para o sócio gerente, assinale a


alternativa incorreta:
A) A responsabilidade do sócio gerente pelos atos praticados com excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, não se configura na hipótese
em que verificada a inadimplência tributária. Diferente, contudo, é a hipótese em
que demonstrada pela Fazenda Pública intensa distribuição de dividendos aos
sócios, a despeito do não pagamento dos tributos.

B) Com o Novo CPC, a devolução da carta citatória pelos correios é suficiente para
caracterizar os indícios de dissolução irregular requeridos pela Súmula nº 435 do
STJ, autorizando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio gerente.

C) Imagine duas execuções fiscais com responsabilização do sócio gerente. No

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processo A, o sócio já contava com seu nome na CDA, é objeto de penhora online e
pretende alegar a sua ilegitimidade passiva. No processo B, o sócio, que não figura
na CDA, sofre, também, a penhora online, e pretende alegar a sua ilegitimidade
ativa, já que o redirecionamento da execução fiscal não observou o procedimento
previsto na Súmula 435 do STJ. Estando o valor cobrado garantido pela penhora
online em ambos os casos, é possível que a defesa dos sócios, em qualquer das
demandas, seja feita por embargos à execução fiscal, mas só o processo B pode
ser objeto de exceção de pré-executividade.

D) A falta de atualização dos cadastros empresariais não é considerada infração à


lei apta a justificar o redirecionamento da execução fiscal para o sócio que tenha
se retirado da sociedade muito antes do fato gerador do tributo cobrado no feito
executivo.

E) A dissolução irregular de uma sociedade permite o redirecionamento da


execução fiscal para o sócio gerente da pessoa jurídica executada inclusive nos
casos de dívida ativa não-tributária, ainda que não se verifique dolo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Lançamento e suas modalidades. Revisão do lançamento. Sus-


pensão, extinção e exclusão. Garantias e privilégios. Preferências e cobrança em
falência. Responsabilidade dos sócios em sociedades por quotas de responsabili-
dade limitada. Alienação de bens em fraude à Fazenda Pública.

A) CORRETA: É entendimento sumulado do STJ (Súmula 430) que o mero inadimplemento


da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do
sócio-gerente. Isto decorre do fato de que nem sempre a inadimplência tributária caracteriza-
se como dolosa, ou mesmo culposa, sendo, na verdade, decorrência de reais dificuldades
financeiras. Observe-se que, segundo a doutrina, a responsabilização decorrente do art. 135
do CTN é subjetiva e não objetiva.

Situação distinta, contudo, é aquela em que a Fazenda Pública consegue comprovar nos autos
a realização de algum ato concreto pela pessoa jurídica que denote inexistência de situação
de crise, como é o caso da distribuição de dividendos, a despeito do não pagamento do crédito
tributário.

Trata-se de argumentação em construção pelas Fazendas Públicas, cuja cobrança em prova

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seria mais factível em uma questão aberta, mas que optamos por trazer na questão fechada
para melhor preparar o aluno.

A alternativa está correta.

B) INCORRETA: De acordo com a interpretação decorrente do art. 247 do CPC/2015, a citação


pelos correios é a regra geral, excetuados os casos previstos na norma em questão.

A Súmula 435 do STJ estabelece a presunção iuris tantum de dissolução irregular da empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes,
admitindo o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

A despeito da preferência legal conferida pelo CPC para a citação por AR, certo é que mantém-
se o entendimento do STJ no sentido de que a simples devolução de carta citatória pelos
correios NÃO é suficiente para ensejar a presunção de dissolução irregular da sociedade, haja
vista a inexistência de fé pública para a informação lançada pelo carteiro.

A alternativa está incorreta.

C) CORRETA: A exceção ou objeção de pré-executividade é um meio de defesa incidental em


que o executado, munido de prova documental e sem a necessidade de dilação probatória,
provoca o julgador para arguir questão de ordem pública ou nulidades absolutas. Temas,
portanto, que possam ser conhecidos de ofício e sobre os quais haja prova de direito líquido
e certo.

Regra geral, considera-se não ser possível discutir a ilegitimidade passiva das partes por
meio de exceção de pré-executividade, posto que demandaria ampla cognição do material
probatório, o que é possível, apenas, em sede de embargos à execução fiscal, eis que, como
dito, a exceção de pré-executividade demanda prova pré-constituída. Anote-se, desde já, que
nas duas hipóteses previstas na assertiva seria possível a utilização dos embargos à execução,
já que garantido o débito.

Se verificado no caso concreto, contudo, que a questão da ilegitimidade foi líquida e certa,
passível apenas de prova documental, abre-se a via estreita da exceção de pré-executividade
(vide RESp 602249/MG).

No caso da assertiva, no processo A o sócio já constava da CDA como corresponsável, o que


faz incidir sobre a sua legitimidade passiva a presunção de veracidade e legalidade do crédito
público (considera-se que, ao menos em tese, houve algum procedimento administrativo que
ensejou a responsabilização do sócio-gerente). A questão foi decidida pelo STJ no REsp

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1110925/SP, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos. Neste caso, apenas poderá
ser utilizado os embargos à execução fiscal.

No caso do processo B, contudo, o sócio redirecionado não tinha seu nome na CDA e sua
pretensão é calcada no fato da inexistência de indícios de dissolução irregular reclamada pela
Súmula 435 do STJ, fato que pode ser analisado objetivamente a partir dos próprios autos. É,
pois, nulidade absoluta passível de ser alegada em sede de exceção de pré-executividade ou
pelos embargos à execução fiscal.

A assertiva está correta.

D) CORRETA: de acordo com o entendimento sedimentado do STJ é obrigação dos gestores


das empresas manter atualizados os respectivos cadastros junto aos órgãos de registros
públicos e ao Fisco, especialmente no que tange aos atos relativos à mudança de endereço
dos estabelecimentos e, especialmente, os referentes à dissolução da sociedade (caso típico
de redirecionamento).

O sócio que se retirou da sociedade muito antes do fato gerador cobrado na CDA executada,
contudo, não pode ser responsabilizado, eis a falta de liame subjetivo entre a cobrança e seus
atos de gestão.

E) CORRETA: a respeito da dívida ativa não-tributária, reside forte celeuma a respeito da


aplicação, ou não, das normas do CTN, o que é utilizado como argumento pela defesa em
sede tributária para não aplicação de institutos como o redirecionamento da execução fiscal.

O STJ decidiu em sede de recurso repetitivo (RESp 1.371.128-RS, Informativo 547), contudo,
a possibilidade de, verificada a dissolução irregular, redirecionamento da execução fiscal para
o sócio-gerente da pessoa jurídica executada, mesmo em se tratando de dívida ativa não
tributária, afastada a necessidade de provar a existência de dolo por parte do sócio. Aplica-se,
portanto, a Súmula 435 do STJ.

De acordo com o STJ, o art. 135, III, do CTN é substituído, no âmbito não tributário, pela
previsão contida nos arts. 10, do Decreto 3.708/19, e art. 158 da Lei nº 6.404/76, não havendo
em nenhum dos casos a exigência de dolo.

GABARITO: B

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63. A respeito da competência do Senado quanto aos impostos estaduais, responda:


I. Estabelece alíquotas máximas do IPVA;

II. Estabelece as alíquotas do ICMS aplicáveis às operações e prestações


interestaduais, através de Resolução que poderá ser de iniciativa do Presidente
da República, de um terço do Senado ou dos Estados em convênio. A aprovação
depende da maioria absoluta da Casa;

III. Estabelecer alíquotas máximas do ITCMD;

IV. Estabelecer as alíquotas do ICMS aplicáveis nas exportações, competência


que foi tacitamente revogada pela EC nº 42/2003;

V. Facultativamente estabelecer as alíquotas mínimas e máximas de ICMS nas


operações e prestações internas.

A) I e V estão corretas.

B) II e IV estão erradas.

C) I, II e III estão corretas.

D) I e II estão erradas.

E) Todas estão corretas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: sistema constitucional tributário. Princípios constitucionais tribu-


tários. Competência tributária. Imunidades.

I) INCORRETA: Haja vista a importância da atuação do Senado dentro dos impostos estaduais,
com vistas a buscar alguma uniformidade na diversidade e minoração dos efeitos de uma
guerra fiscal, foi cobrado na questão conhecimentos a respeito da competência do Senado
no estabelecimento de alíquotas máximas e mínimas quanto aos impostos estaduais, cuja
resposta pode ser obtida na Constituição Federal.

A hipótese I está incorreta, eis que o Senado estabelece as alíquotas mínimas do IPVA (art.

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155, § 6º, I, CF/88), evitando que um Estado possa reduzir demasiadamente suas alíquotas, a
fim de incrementar abusivamente a arrecadação do imposto.

A assertiva está incorreta.

II) INCORRETA: O Senado, de fato, possui competência para estabelecer as alíquotas de


ICMS aplicáveis às operações e prestações interestaduais (art. 155, § 2º, IV, CF/88), haja vista
que será a alíquota em questão aplicável em todo território nacional. A iniciativa, contudo, é
apenas do Presidente da República ou de um terço dos senadores.

A assertiva está incorreta.

III) CORRETA: a assertiva está correta, conforme art. 155, § 1º, IV, da CF/88. O fundamento,
neste caso, é minimizar os efeitos predatórios da vontade arrecadatório dos estados-membros.

A assertiva está correta.

IV) CORRETA: de fato, o art. 155, § 2º, IV, estabelece a competência do Senado para
estabelecer as alíquotas do ICMS aplicáveis nas exportações. Ocorre que, com a exclusão
da incidência do ICMS sobre todas as exportações de mercadorias para o exterior pela EC nº
42/2003, a doutrina entende que houve a revogação tácita dessa competência.

A assertiva está correta.

V) CORRETA: trata-se da competência prevista no art. 155, § 2º, V, a e b, da CF/88.

No caso do estabelecimento das alíquotas mínimas, o meio adequado é resolução de iniciativa


de um terço e aprovada pela maioria absoluta dos Senadores. O objetivo é evitar guerra fiscal
entre os estados-membros.

Já a alíquota máxima poderá ser estabelecida mediante resolução de iniciativa da maioria


absoluta e aprovada por dois terços dos membros da Casa. O objetivo é limitar a apropriação
dos estados sobre a propriedade dos contribuintes, estabelecendo limite que o Senado
compreenderá como razoável.

A assertiva está correta.

GABARITO: D

64. A respeito do ITCMD responda a partir das situações abaixo narradas:


I. Flávio, com domicílio em Roma, pretende doar para uma prima domiciliada na

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cidade de Santo André-SP, um bem incorpóreo de sua propriedade.

II. José, cujo inventário foi processado fora do país, era proprietário de salas
comerciais localizadas no bairro Itaim Bibi da capital paulista, as quais seriam
partilhadas entre seus herdeiros, todos americanos com domicílio em Recife-PE.

A) No caso de Flávio, não haverá o fato gerador do ITCMD, eis que o ato de
transferência ocorreu no exterior e o bem é incorpóreo, não podendo se falar em
tributação para nenhum estado brasileiro.

B) Tendo em vista a condição de estrangeiros dos herdeiros de José, o ITCMD não


incidirá nesse caso, pois herdeiros estrangeiros não podem ser contribuintes do
ITCMD.

C) Se os imóveis do Itaim Bibi não ultrapassem o valor de 5.000 Unidades Fiscais


do Estado de São Paulo – UFESPs, haverá isenção do ITCMD.

D) Na hipótese de doação de bem incorpóreo (Flávio), apenas haverá a incidência


do ITCMD para o Estado de São Paulo quando o donatário residir no Estado de São
Paulo.

E) Apesar de domiciliado em Recife-PE, o ITCMD incidirá sobre as salas comerciais


do Itaim Bibi para o Estado de São Paulo, haja vista a localização das mesmas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: ITCMD – imposto sobre a transmissão causa mortis e doação de


quaisquer bens ou direitos.

Conforme a prova de 2012, o concurso da PGE-SP cobra de forma acentuada a legislação


local, razão pela qual encorajamos fortemente os alunos a terem algum contato com tais regras.
No certamente anterior foram 3 de 10 questões de tributário que exigiam conhecimentos de
legislação local. Tentaremos sempre cobrar tais conhecimentos durante as rodadas.

A questão em análise cobrou o conhecimento do art. 4º da Lei estadual 10.705/2000, que tutela
os casos de incidência do ITCMD sobre bem corpóreo e incorpóreo, nas hipóteses em que o
doador residir ou tiver domicílio no exterior e, no caso de morte, quando o de cujus possuía
bens, era residente ou teve seu inventário processado fora do país.

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Artigo 4º - O imposto é devido nas hipóteses abaixo especificadas, sempre que o doador
residir ou tiver domicílio no exterior, e, no caso de morte, se o “de cujus” possuía bens, era
residente ou teve seu inventário processado fora do país:

I - sendo corpóreo o bem transmitido:

a) quando se encontrar no território do Estado;

b) quando se encontrar no exterior e o herdeiro, legatário ou donatário tiver domicilio neste


Estado;

II - sendo incorpóreo o bem transmitido:

a) quando o ato de sua transferência ou liquidação ocorrer neste Estado;

b) quando o ato referido na alínea anterior ocorrer no exterior e o herdeiro, legatário ou donatário
tiver domicílio neste Estado.

A) INCORRETA: a hipótese I trata da doação de bem incorpóreo de doador que reside no


exterior. Nesse caso (ou mesmo quando se tratar de herança), se incorpóreo o bem haverá
fato gerador do ITCMD de competência do Estado de São Paulo quando o ato de transferência
ou liquidação ocorrer neste Estado ou, ocorrendo no exterior, o herdeiro, legatário ou donatário
tiver domicílio neste Estado.

In casu, o doador reside no exterior e pretende doar bem incorpóreo. Não há informação do
local do ato de transferência, mas o donatário reside em Santo André/SP, razão pela qual
aplica-se o art. 4º, II, b, da lei em análise.

Alternativa incorreta.

B) INCORRETA: a assertiva afirma que herdeiros estrangeiros não podem ser contribuintes do
ITCMD, afastando, destarte, a incidência do tributo. O art. 7º da Lei estadual, contudo, dispõe
que serão contribuintes do imposto, na hipótese de herança, o herdeiro ou o legatário, sem
qualquer ressalva à eventual condição de estrangeiro dos mesmos.

Observe, a título de informação extra, que o parágrafo único do citado art. 7º estabelece que
se o donatário não for residente ou domiciliado no Estado de SP, o doador será o contribuinte
do tributo.

Alternativa incorreta.

C) INCORRETA: de acordo com o art. 6º, I, a, da Lei 10.705/2000, o imóvel de residência,

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urbano ou rural, cujo valor não ultrapassar 5.000 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo –
UFESPs e os familiares nele residam e não tenham outro imóvel haverá isenção do ITCMD.

No caso em análise, contudo, trata-se da transferência causa mortis de salas comerciais, que
não se amoldam, portanto, na isenção prevista na norma para imóveis residenciais.

Alternativa incorreta.

D) INCORRETA: conforme inciso II do art. 4º, se a hipótese for de transferência, por doação ou
causa mortis, de bem incorpóreo de doador que resida ou tenha domicílio no exterior ou de de
cujus possuía bens, era residente ou teve seu inventário processo fora do país, ocorrerá o fato
gerador do ITCMD para o Estado de SP quando: (a) o ato de sua transferência ou liquidação
ocorrer em SP; ou, (b) acontecendo o ato no exterior, o herdeiro, legatário ou donatário tiver
domicílio em SP.

A alternativa está incorreta, eis que limitou a ocorrência do fato gerador aos casos em que o
donatário resida no estado de SP.

E) CORRETA: para os casos de transmissão de bem corpóreo, residido ou domiciliado o


doador no exterior ou quando o de cujus possuía bens, era residente ou teve seu inventário
processado fora do país, o imposto será devido ao estado de SP quando: (1) o bem se encontrar
no território do Estado; ou, (2) estando o bem no exterior, o herdeiro, legatário ou donatário
tiver domicílio no estado de SP.

A alternativa está correta, eis que os bens encontram-se na capital do estado de SP.

GABARITO: E

65. A respeito da prescrição, responda:


A) Na hipótese de revogação da moratória em caso de flagrante simulação da
satisfação das condições pelo beneficiado, não haverá aproveitamento do lapso
temporal decorrido entre a concessão do benefício e sua revogação para fins de
prescrição do direito de cobrança do crédito tributário.

B) A prescrição é estabelecida como critério para imputação do pagamento do


crédito tributário, caso em que se observará a ordem decrescente dos prazos de
prescrição.

C) A despeito da positivação da vedação à decisão surpresa, é possível, na execução

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fiscal, o reconhecimento de ofício da prescrição ocorrida antes da propositura da


ação, sendo desnecessária a oitiva prévia da Fazenda Pública.

D) A inscrição em dívida ativa suspende, para todos os efeitos de direito, a


prescrição do crédito tributário pelo prazo de 180 dias.

E) O protesto extrajudicial da CDA é causa interruptiva da prescrição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Crédito tributário. Lançamento e suas modalidades. Revisão do


lançamento. Suspensão, extinção e exclusão. Garantias e privilégios. Preferências
e cobrança em falência. Responsabilidade dos sócios em sociedades por quotas
de responsabilidade limitada.

A) CORRETA: A moratória é hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário


através da qual o ente tributante concede dilação de prazo para pagamento do tributo, a ser
concedida direta e genericamente por lei (quando de caráter geral, art. 152, I, do CTN) ou por
ato administrativo declaratório do cumprimento dos requisitos previstos em lei (quando de
caráter individual, nos termos do art. 152, II, do CTN).

O art. 155 do CTN é expresso ao afirmar que a concessão da moratória não importa em
direito adquirido, podendo ser revogada de ofício sempre que verificado que o beneficiado
não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os
requisitos para concessão do favor.

Revogada a moratória o crédito será cobrado acrescido dos juros de mora: (a) com imposição
da penalidade cabível, se verificado dolo ou simulação do beneficiado ou de terceiro em
proveito daquele; e, (b) sem imposição de penalidade nos demais casos.

O parágrafo único do art. 155 estabelece, ainda, que verificado dolo ou simulação, o tempo
decorrido entre a concessão da moratória e a sua revogação não será computado para efeito de
prescrição do direito à cobrança do crédito, razão pela qual está correta a assertiva. Se não for
verificado dolo ou simulação, contudo, a cobrança do crédito acrescido dos juros de mora (sem
imposição de penalidade) só poderá ocorrer se a cobrança for anterior ao aperfeiçoamento do
prazo prescricional do direito de cobrança.

A alternativa está correta.

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B) INCORRETA: A imputação ao pagamento ocorre quando verificado que o mesmo sujeito


passivo possui em face do mesmo ente tributante mais de um débito e oferece a pagamento
montante insuficiente para quitação de toda a dívida. Neste caso, o CTN atribuiu à autoridade
administrativa a prerrogativa de, nos termos da legislação vigente, dispor sobre quais débitos
serão quitados. Nos termos do art. 163, III, do CTN, a imputação ao pagamento ocorrerá na
ordem crescente (e não decrescente) dos prazos de prescrição, imputando-se, primeiramente,
naquele crédito tributário com menor prazo prescricional, evitando-se a extinção do mesmo
pela prescrição.

A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: Trata-se de tema sobre o qual ainda não houve manifestação expressa do
STJ. Com efeito, a Súmula 409 do STJ dispõe que “em execução fiscal, a prescrição ocorrida
antes da propositura da ação pode ser decretada de ofício”.

O art. 10 do CPC/2015, contudo, positivou o princípio da vedação à decisão surpresa, segundo


o qual o juiz deverá oportunizar às partes falar a respeito de determinada matéria que não
tenha sido objeto de discussão nos autos, mesmo que sobre ela deva decidir de ofício.

A previsão legal orienta, portanto, à necessidade de ouvir a Fazenda Pública a respeito do


possível reconhecimento da prescrição, ante a possibilidade de apresentação de eventuais
óbices ao aperfeiçoamento da prescrição. Esta, inclusive, é a prática do Judiciário, que intima
a Fazenda Pública a respeito da possibilidade de reconhecimento da prescrição.

Note-se, portanto, que a prescrição poderá ser reconhecida de ofício, isto é, sem que o tema
tenha sido arguido pelo Executado, o que não retira do Judiciário o dever de ouvir o Exequente
previamente à extinção da dívida.

Sobre o tema saliente-se o quanto decidido a respeito pela Quarta Turma do STJ no RESp
1.280.825, de relatoria da Min. Isabel Gallotti: “Os fatos da causa devem ser submetidos ao
contraditório, não o ordenamento jurídico, o qual é de conhecimento presumido não só do
juiz (iura novit curia), mas de todos os sujeitos ao império da lei, conforme presunção jure
et de jure (artigo 3º da LINDB)”. A despeito da competência da Quarta Turma residir sobre o
Direito Privado, é interessante notar entendimento da Corte a respeito da aplicação do art. 10
do CPC/2015 quanto aos fatos da causa (o que demanda a oitiva da Fazenda a respeito de
eventuais causas de suspensão da prescrição, por exemplo), mas não quanto ao ordenamento
jurídico (o reconhecimento em si da prescrição é dever de ofício do Judiciário).

A alternativa está incorreta.

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D) INCORRETA: O inadimplemento da obrigação tributária determina, após a constituição


do crédito tributário, a sua inscrição em dívida ativa, procedimento pelo qual se confere
exequibilidade à relação jurídico-tributária. De acordo com o art. 2º, § 3º, da Lei de Execução
Fiscal, a inscrição em dívida ativa suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por
180 dias ou até a distribuição da execução fiscal, caso ocorra primeiro. Tal causa de suspensão
da prescrição, contudo, se aplica apenas para os créditos não tributários.

Com efeito, o CTN, que trata dos créditos tributários, foi recepcionado como lei complementar
e não prevê a inscrição em dívida ativa como hipótese de suspensão da prescrição, conforme
rol do art. 174, parágrafo único. A posição dominante, não obstante posicionamento contrário
da Fazenda Nacional, compreende que a Lei de Execução Fiscal não poderia, portanto, ter
modificado o tratamento do crédito tributário, estabelecendo nova hipótese de suspensão do
prazo prescricional, razão pela qual ele se aplica apenas ao crédito não tributário.

A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: de fato, os Tribunais Superiores compreenderam pela legalidade e


constitucionalidade do protesto extrajudicial da CDA, previsto no parágrafo único do art.
1º da Lei nº 9.492/1997. Nestes termos vide a ADI 5135 (Informativo 846 do STF) e RESp
1.126.515/STJ. A despeito disto, o instituto em questão não tem o condão de interromper o
prazo prescricional do crédito tributário, posto que o art. 174, II, do CTN fala expressamente (e
tão somente) em interrupção da prescrição pelo protesto judicial.

A alternativa está incorreta.

GABARITO: A

66. A respeito do IPVA no Estado de São Paulo, assinale a alternativa correta:


A) Do produto da arrecadação do IPVA, 45% constitui receita do município onde
estiver domiciliado o proprietário do veículo.

B) Após a inscrição em dívida ativa do IPVA, os acréscimos moratórios


corresponderão a uma vez o valor do imposto.

C) O IPVA é objeto de lançamento por declaração.

D) Os veículos com mais de 20 anos de fabricação, veículo único de pessoa


com deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autista, e, ainda, os

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veículos utilizados como taxi são isentos do IPVA.

E) É reduzida pela metade a alíquota de veículos automotores destinados à locação,


de propriedade de empresas locadoras.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. IPVA – imposto sobre a propriedade de veículos automotores.

A) INCORRETA: De acordo com o art. 40 da Lei Estadual nº 13.296/2008, do produto da


arrecadação do IPVA, descontadas outras destinações instituídas por lei federal, 50% (cinquenta
por cento) constituirá receita do município em que estiver domiciliado o proprietário do veículo.

A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 27 da Lei Estadual nº 13.296/2008, não recolhido o


IPVA no prazo, incidirá acréscimos moratórios correspondentes a 0,33% por dia de atraso,
limitado a 20% calculado sobre o valor do imposto. Inscrito o IPVA em dívida ativa, contudo, os
acréscimos moratórios corresponderão a 40% do valor do imposto. Trata-se de nova redação
conferida ao parágrafo único do art. 27 da Lei em exame, pela Lei 16.498 de 18/07/2017, cujos
efeitos produzir-se-ão a partir da sua regulamentação. A redação anterior do dispositivo previa
que tais acréscimos moratórios seriam de uma vez o valor do imposto.

A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: nos termos dos arts. 17 e 18 da Lei Estadual, o lançamento do IPVA é feito
pela modalidade de lançamento por homologação, conforme expressamente estipulado no
citado art. 17. Apenas se verificado que o contribuinte ou responsável deixou de recolher o
imposto, no todo ou em parte, no prazo legal, é que haverá o lançamento de ofício.

A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: o art. 13 da Lei do IPVA estabelece os casos de isenção do imposto em


exame. Entre eles, verifiquem-se os incisos III, IV e VIII:

Artigo 13 - É isenta do IPVA a propriedade:

III - de um único veículo, de propriedade de pessoa com deficiência física, visual, mental
severa ou profunda, ou autista; (NR)

- Inciso III com redação dada pela Lei nº 16.498, de 18/07/2017, produzindo efeitos a partir de

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sua regulamentação.

IV - de um único veículo utilizado no transporte público de passageiros na categoria aluguel


(táxi), de propriedade de motorista profissional autônomo, por ele utilizado em sua atividade
profissional;

VIII - de veículo com mais de 20 (vinte) anos de fabricação.

O erro consiste no fato de que o veículo utilizado para táxi só será isento quando for o único
veículo utilizado no transporte público de passageiros na categoria de aluguel (taxi) de
propriedade de motorista profissional autônomo, por ele utilizado em sua atividade profissional.

A alternativa está incorreta.

E) CORRETA: trata-se da redação do art. 9º, § 1º, da Lei do IPVA:

Artigo 9º - A alíquota do imposto, aplicada sobre a base de cálculo atribuída ao veículo, será
de:

§ 1º - A alíquota dos veículos automotores a que se refere o inciso IV deste artigo, destinados à
locação, de propriedade de empresas locadoras, ou cuja posse estas detenham em decorrência
de contrato de arrendamento mercantil, desde que registrados neste Estado, será reduzida em
50% (cinqüenta por cento).

A alternativa está correta.

GABARITO: E

67. A respeito da denúncia espontânea, assinale a alternativa correta:


A) Ainda que formalmente comunicado o contribuinte do procedimento
administrativo de fiscalização do tributo, mas não concluído, poderá o devedor
tributário apresentar denúncia espontânea.

B) A denúncia do valor de tributo omitido seguida de adesão a parcelamento são


suficientes para a configuração da denúncia espontânea.

C) Não resta caracterizada a denúncia espontânea nos casos de tributos declarados,


porém pagos a destempo pelo contribuinte, ainda que o pagamento seja integral.

D) O descumprimento de obrigações acessórias, por poder gerar uma obrigação

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principal, também é passível de denúncia espontânea.

E) A responsabilidade excluída pela denúncia espontânea é apenas da multa de


ofício, não alcançando as moratórias.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Sujeição passiva tributária: contribuinte; responsável e subs-


tituto tributário. Responsabilidade pelo tributo e responsabilidade por infrações.
Denúncia espontânea.

A) INCORRETA: a denúncia espontânea de infrações é medida através da qual o contribuinte,


comunicando a ocorrência de fato gerador nas circunstâncias previstas no art. 138 do CTN,
tem afastada a responsabilidade pela infração. A configuração da espontaneidade, contudo,
depende, na dicção de Ricardo Alexandre, da confissão ser realizada antes que o Fisco
tome qualquer providência tendente a lançar o tributo. Não se exige, pois, a conclusão do
procedimento tendente a lançar o tributo, mas a formal comunicação do início de procedimento
administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração.

A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: o benefício da denúncia espontânea, além de exigir que seja realizado antes
do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados
com a infração, tem como requisito essencial que seja acompanhado, se for a hipótese, do
pagamento do tributo devido e dos juros de mora (ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa), conforme art. 138 do CTN.

O STJ compreende que o parcelamento não se equipara ao pagamento, eis que este é forma
de extinção imediata do crédito tributário, ao passo em que aquele é meio de adimplemento
desmembrado da obrigação, tendo por efeito imediato a suspensão da exigibilidade do crédito
tributário. A extinção da obrigação é apenas efeito mediato, a ser atingido após o adimplemento
total do parcelamento (neste sentido é o tema 101 dos Recursos Repetitivos do STJ, RESp
1.102.577/DF).

A alternativa está incorreta.

C) CORRETA: a alternativa espelha a redação do tema 61 dos Recursos Repetitivos, objeto da


Súmula 360 do STJ: “o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a
lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo”.

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A alternativa está correta.

D) INCORRETA: de acordo com o STJ, a denúncia espontânea não se aplica ao caso de


descumprimento de obrigações acessórias autônomas (meramente formais). A respeito do
tema vide, exemplificativamente, o RESp 1.618.348/MG: “2. O STJ possui entendimento de
que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar multa administrativa pela apreensão
de equipamento não autorizado, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às
obrigações acessórias autônomas. Precedente: AgRg no REsp 1.466.966/RS, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 11/5/2015.”

A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: De acordo com o entendimento do STJ, não há distinção no CTN entre as


multas moratórias e punitivas, de forma que ambas são excluídas pela denúncia espontânea.
Sobre o tema vide RESp 957.036/SP e EDcl no AgInt no AREsp 915431/SP.

A alternativa está incorreta.

GABARITO: C

68. Quanto à obrigação tributária:


A) Em um empréstimo compulsório de competência do Estado de São Paulo, ao
contrário dos impostos, o fato gerador não define a sua natureza jurídica.

B) O princípio constitucional da irretroatividade tributária tem sua aplicação


balizada a partir do fenômeno da subsunção.

C) A relevância da natureza do objeto dos atos praticados e dos seus efeitos afasta
a interpretação objetiva do fato gerador.

D) A capacidade tributária passiva independe da pessoa jurídica estar regularmente


constituída, razão pela qual a sociedade em conta de participação pode ser
contribuinte.

E) O IPVA possui um fato gerador periódico ou complexivo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Obrigação tributária. Classificação. Hipótese de incidência (fato

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gerador).

A) INCORRETA: O fato gerador é a concretização da hipótese de incidência, resultado da


subsunção entre a previsão contida na norma e o fato jurídico, decorrendo dele o nascimento
do liame jurídico obrigacional. De acordo com o art. 4º do CTN, “a natureza específica do
tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação”. Tal regra, contudo, se aplica
apenas às taxas, aos impostos e às contribuições de melhoria.

Os empréstimos compulsórios e as contribuições, por outro lado, não são definidos pelo seu
fato gerador, mas pela finalidade para a qual foram instituídos.

O erro da alternativa reside no fato de que o empréstimo compulsório é tributo de competência


exclusiva da União (conforme caput do art. 148 da CF/88), que não pode ser delegada para
os Estados.

A alternativa está incorreta.

B) CORRETA: a subsunção do fato à norma (hipótese de incidência), do qual decorre o fato


gerador do tributo e o nascimento da relação jurídica obrigacional, estabelece, dentro da linha
do tempo da incidência tributária, o marco a partir do qual será fixada a lei a ser aplicada no
momento da cobrança do tributo, aplicação, portanto, do princípio da irretroatividade tributária
(art. 150, III, “a”, da CF/88).

Em sentido análogo é o art. 143 do CTN: Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando
o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão
em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.

A alternativa correta.

C) INCORRETA: ao contrário do quanto exposto na alternativa, são irrelevantes, para a


configuração/ocorrência do fato gerador, a natureza do objeto dos atos praticados e os efeitos
desses atos (art. 118 do CTN). Disto decorre o princípio da interpretação objetiva do fato
gerador, na esteira do postulado da pecunia non olet, o qual admite, por exemplo, a tributação
de atos nulos e ilícitos.

A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: de acordo com o art. 126, III, do CTN, a capacidade tributária passiva
independente de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure
uma unidade econômica ou profissional.

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Assim, ainda que irregular a constituição de determinada pessoa jurídica, ocorrendo o fato
gerador haverá a imposição do tributo, o qual será exigido dos sócios da pessoa jurídica em
formação.

A sociedade em conta de participação, contudo, não é pessoa jurídica, nem mantém relações
jurídicas com terceiros, o que faz com que não possua capacidade tributária passiva. Atingir-
se-ão, portanto, os sócios, que são os credores e devedores de terceiros.

A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: a respeito da classificação dos fatos geradores, vejamos:

a) fato gerador instantâneo ou simples: aquele cujo aspecto material ocorre em um momento
único. Ocorre na grande maioria dos tributos.

b) fato gerador contínuo ou continuado: aquele cujo aspecto material retrata uma situação
jurídica, que permanece no tempo, de modo que o legislador escolhe um momento (fazendo-
se um corte temporal) para se considerar ocorrido o fato gerador. Ocorre com os três impostos
sobre a propriedade: IPVA, IPTU e ITR.

c) fato gerador periódico ou complexivo: aquele cujo aspecto material ocorre em um lapso de
tempo determinado, sendo caracterizado pela soma algébrica de “n” fatos isolados que ao final
do período devem ser globalmente considerados. Ex: ocorre com o IR.

O IPVA, portanto, está sujeito ao fato gerador contínuo ou continuado, razão pela qual a
alternativa está incorreta.

GABARITO: B

69. A respeito do tratamento da Dívida Ativa:


A) A declaração de tributo sujeito a lançamento por homologação torna
desnecessário para o Fisco qualquer ato posterior para constituição do crédito
tributário, podendo a sua cobrança judicial acontecer em ato contínuo.

B) A inscrição em Dívida Ativa é parâmetro temporal para presunção de fraude à


execução fiscal, presunção esta sujeita à prova em sentido contrário.

C) A indicação do livro e da folha de inscrição é requisito essencial da CDA,


importando em nulidade absoluta a sua falta.

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D) É imprescindível que conste o nome do corresponsável na CDA.

E) Não é requisito essencial do termo de inscrição em Dívida Ativa a indicação do


período de apuração das infrações.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Dívida ativa. Inscrição do crédito tributário.

A) INCORRETA: com a ocorrência do fato gerador surge a necessidade de constituição do


crédito tributário, o que se dá através do lançamento. Constituído o crédito e não pago abre-
se lugar para a cobrança do mesmo pelo Fisco, seja administrativa, seja judicialmente. Essa
cobrança, contudo, deve ser precedida da inscrição do crédito em dívida ativa, que representa
o crédito público, ou seja, os valores que a Fazenda Pública tem para receber de terceiros. Tal
procedimento tem o objetivo de conferir exequibilidade à relação jurídico-tributária, permitindo
a sua cobrança judicial e extrajudicial.

Assim, a despeito da entrega da declaração pelo contribuinte constituir o crédito tributário


sujeito a lançamento por homologação, dispensada qualquer outra providência por parte do
Fisco para constituição deste crédito (Súmula 436 do STJ), a cobrança judicial do crédito
dependerá de prévia inscrição do mesmo em dívida ativa, fazendo nascer o título executivo
extrajudicial.

A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: nos termos do art. 2º, § 3º, da LEF, a inscrição do crédito em dívida ativa é
ato de controle administrativo de legalidade, que apura a liquidez e certeza da dívida para a
constituição do título executivo extrajudicial com a expedição da certidão do termo de inscrição.

Inscrito o crédito em dívida ativa, inicia-se a presunção de fraude prevista no caput do art. 185
do CTN: Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,
por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente
inscrito como dívida ativa. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)

Essa presunção, contudo, é absoluta (juris et de jure), não admitindo prova em sentido contrário.

A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: o termo de inscrição em dívida ativa é documento que formaliza a inclusão do


crédito tributário no cadastro da dívida ativa. A certidão de dívida ativa, portanto, é lastreada pelo

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termo de inscrição que lhe precede. O art. 202 do CTN estabelece os requisitos obrigatórios
do termo de inscrição em dívida ativa, entre eles a indicação do livro e da folha de inscrição:

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade


competente, indicará obrigatoriamente:

I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre


que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;

II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;

III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei


em que seja fundado;

IV - a data em que foi inscrita;

V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.

Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do
livro e da folha da inscrição.

Atualmente, contudo, as inscrições em dívida ativa não ocorrem de forma manual ou mecânica,
mas são armazenados em sistemas eletrônicos. A falta da indicação de tais dados, portanto,
não importam em nulidade absoluta, eis que não gera prejuízo para o executado promover a
sua defesa.

Neste sentido vide EDcl no AREsp 213903 / RS e AgRg no REsp 1172355 / SC.

A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: o nome do contribuinte devedor é, evidentemente, indispensável para a


validade da CDA e do seu termo de inscrição. O nome dos corresponsáveis, contudo, não
é indispensável, haja vista a possibilidade de responsabilização em momento ulterior em
redirecionamento da execução fiscal, o qual exige, por parte do Fisco, a comprovação dos
requisitos para tanto.

Saliente-se, contudo, que, no caso da CDA já trazer o nome dos responsáveis, inverte-se o
ônus da prova, cabendo a eles a comprovação de que não há hipótese de redirecionamento.

A alternativa está incorreta.

E) CORRETA: “Não é requisito essencial do termo da inscrição da dívida ativa a indicação do


período de apuração das infrações, por inexistência de previsão legal” (REsp 361.977/SC).

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A alternativa está correta.

GABARITO: E

70. A pessoa jurídica X foi citada em 13/11/2017 (segunda-feira) para responder à


execução fiscal ajuizada pelo Estado de São Paulo, em curso na capital. O executado,
em 16/11/2017, apresentou à penhora imóvel de sua propriedade que garantiu parte da
execução, não havendo outros bens para serem penhorados. Houve a intimação do
executado, a respeito da penhora, em 21/11/2017 (terça-feira), com juntada do mandado
cumprido apenas em 27/11/2017 (segunda-feira). A executada pretende apresentar defesa
na execução fiscal, alegando erro na constituição do crédito tributário, o que demandaria
perícia judicial para comprovação. Sobre o tema, assinale a resposta correta:
A) O caso em análise comporta a apresentação de exceção de pré-executividade.

B) Ultrapassado o prazo de 30 dias após a penhora não caberá mais exceção de


pré-executividade.

C) Os embargos à execução fiscal opostos até 30/01/2018 deverão ser processados.

D) A penhora realizada nos autos não permite a defesa mediante embargos à


execução fiscal.

E) A presunção de liquidez e certeza do crédito tributário não admite pedido de


prova pericial se não estiver fundamentado em indício de prova documental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Processo judicial tributário: execução fiscal; ação anulatória de
débito fiscal; ação de repetição de indébito; ação de consignação em pagamento;
ação declaratória; medida cautelar fiscal; mandado de segurança.

A) INCORRETA: conforme já elucidado na questão de número 62, a exceção de pré-


executividade não comporta dilação probatória. No caso, o comando da questão informou que
o executado pretendia alegar erro na constituição do crédito tributário, a demandar perícia
judicial para sua comprovação, razão pela qual não cabe a defesa mediante exceção de pré-
executividade, mas apenas embargos à execução fiscal.

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A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: a interposição de exceção de pré-executividade não se submete a prazo, eis


que objetiva apresentar defesa em face de nulidade ou matéria de ordem pública, temas que
não estão afetos à preclusão.

A alternativa está incorreta.

C) CORRETA: os embargos à execução fiscal tem natureza de ação autônoma constitutivo-


negativa e figuram como a defesa por excelência na Execução Fiscal. Dispõe o art. 16, da
Lei nº 6.830/80, que o prazo para o oferecimento dos embargos à execução fiscal será de
trinta dias, contados do depósito, da juntada da prova da fiança bancária ou da intimação da
penhora.

Assim, oferecido bem a penhora pelo Executado, deverá o mesmo ser intimado da formalização
da penhora, a partir de quando iniciar-se-á a contagem do prazo de 30 dias para apresentação
de embargos à execução. Note-se, ainda, que a legislação fala em intimação da penhora e não
juntada aos autos do mandado cumprido.

No caso em exame, portanto, a intimação da penhora ocorreu em 21/11/2017, começando no


dia 22/11/2017 o prazo de 30 dias úteis (aplicação subsidiaria do art. 219 do NCPC, conforme
art. 1º da LEF).

Assim, o dia final para os embargos à execução fiscal é 06 de fevereiro, eis que foram feriados o
dia 08/12, recesso forense do TJSP de 20/12 a 06/01/2018, suspensão dos prazos processuais
pelo CPC de 07 a 20/01/2018 e feriado na cidade de São Paulo em 25/01/2018.

D) INCORRETA: a despeito do § 1º do art. 16 da LEF dispor não ser admissível embargos do


executado antes de garantida a execução, é entendimento corrente na jurisprudência que essa
penhora não precisa garantir a integralidade dos débitos, eis que a Fazenda poderá sempre
se valer do reforço de penhora previsto no art. 15, II, da LEF. A respeito, vejamos julgado
elucidativo do TJSP:

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL – ICMS – Indeferimento da inicial e extinção


do processo diante da ausência de garantia do juízo – Tem-se admitido, numa
interpretação mais liberal da regra do artigo 16, § 1º, da Lei de Execução Fiscal,
que o executado possa opor embargos à execução ainda que a segurança do
juízo não seja integral, mesmo porque sempre possível se mostra o reforço
ou a complementação da penhora (art.15, II, da LEF) – Ocorre que, no caso, a
penhora corresponde a parcela ínfima do valor do débito (11%), revelando-se

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acertada, sob este viés, a rejeição liminar dos Embargos – Recurso improvido, com
observação. (TJSP; Apelação 0018123-33.2013.8.26.0344; Relator (a): Luiz Sergio
Fernandes de Souza; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Público; Foro de Marília
- Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento: 18/12/2017; Data de Registro:
19/12/2017) .

E) INCORRETA: a presunção de liquidez e certeza da CDA decorre do procedimento


administrativo previsto em lei para conferir-lhe caráter de título executivo extrajudicial e da
própria atuação administrativa da Fazenda (Nacional, Estadual ou Municipal) a partir dos
dados fornecidos pelo próprio contribuinte.

A presunção de certeza diz respeito a sua existência regular, com origem e desenvolvimento
conhecidos a partir do fundamento legal. A liquidez, por seu turno, relaciona-se ao valor exigido
do devedor, pressupondo que o título executivo ostente elementos capazes de permitir o cálculo
do montante integral do débito, incluindo principal, juros, multa e demais encargos.

A presunção em questão, prevista nos arts. 3º da LEF e 204, parágrafo único, do CTN, é, todavia,
relativa, cabendo, pois, prova em contrário pelo executado, a fim de provar a inexigibilidade
total ou parcial do título em cobrança.

Os dispositivos em análise exigem, apenas, prova inequívoca para ilidir a presunção da CDA,
não exigindo início de prova documental para deferimento de prova pericial pelo Juízo.

A alternativa está incorreta.

GABARITO: C

PROFESSOR: IURI QUADROS


E-mail: profcei.iuriquadros@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

Futuros procuradores,

Bem vindos ao nosso curso e, antes de iniciarmos as questões, preciso passar duas
informações básicas acerca da metodologia a ser empregada nas rodadas de trabalho
e processo do trabalho.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 229


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Em primeiro lugar, nossa prioridade será abordar todos os pontos relevantes da Reforma
trabalhista e da MP 808/2017, o que não é pouca coisa. Justamente por isso, e essa é a
segunda informação relevante, utilizaremos as alternativas erradas para explicar muitos
pontos relevantes. Portanto, peço que leiam atentamente os comentários a todas as
assertivas, pois, na maior parte das questões, haverá pontos relevantes comentados
mesmo nas assertivas erradas.

Agora vamos trabalhar, e permaneço à disposição para dúvidas no e-mail profcei.


iuriquadros@gmail.com. Abraço!

71. NÃO se submete à competência da justiça do trabalho:


A) Ação de execução por quantia certa, proposta por empregador em face de seu
ex-empregado, na qual sejam cobrados valores relativos a contrato de mútuo
celebrado entre as partes para o então trabalhador adquirir veículo automotor
particular destinado ao exercício das atividades laborais.

B) Ação ajuizada por aprovados em concurso público para provimento de cargos


de uma Empresa Pública Estadual, devido à contratação de terceirizados em
detrimento da convocação dos candidatos aprovados no certame.

C) Processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais


decorrentes de acidente de trabalho que ainda não possuíam sentença de mérito
em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

D) Mandado de Segurança impetrado em face de ato de superintendente regional


do trabalho que denega a concessão de seguro desemprego.

E) Processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do


direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Competência da Justiça do trabalho.

A) INCORRETA: O STJ já definiu que a competência da justiça do trabalho não se restringe


a questões constantes do contrato de trabalho. Ao revés, a competência da justiça trabalhista
também abrange contratos acessórios ao contrato de trabalho, ou seja, contratos que tenham
sido celebrados entre empregado e empregador em decorrência da relação de trabalho

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 230


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entabulada entre as partes. No caso concreto submetido ao STJ, veiculado no informativo


nº 520 (CC 124.894-SP), o empregado pediu dinheiro emprestado ao empregador (contrato
de mútuo) para comprar um automóvel que seria utilizado por ele no exercício de suas
atividades laborais. O empregado saiu da empresa e não pagou o mútuo, razão pela qual o
empregador ajuizou ação de execução para cobrar o valor devido. “DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DE AÇÃO ENVOLVENDO CONTRATO DE
MÚTUO REALIZADO EM DECORRÊNCIA DE RELAÇÃO DE TRABALHO. Compete à Justiça
do Trabalho processar e julgar ação de execução por quantia certa, proposta por empregador
em face de seu ex-empregado, na qual sejam cobrados valores relativos a contrato de mútuo
celebrado entre as partes para o então trabalhador adquirir veículo automotor particular
destinado ao exercício das atividades laborais. (...)Na hipótese descrita, a execução possui
como causa de pedir um contrato de mútuo firmado dentro da própria relação de trabalho e
em função dela. Dessa forma, cuidando-se de lide envolvendo pacto acessório ao contrato de
trabalho, é manifesta a competência da Justiça Trabalhista.”

B) INCORRETA: Em julgado veiculado no informativo nº 763, o STF decidiu que a competência


é da JUSTIÇA DO TRABALHO, porque, nessa hipótese, o objeto da demanda não é o concurso
público propriamente dito, mas sim a pretensão de assinatura do contrato de trabalho, ou
seja, o sujeito já ostenta ao menos a expectativa de assinar o contrato de trabalho e se
tornar empregado público. O STF entendeu, portanto, que a demanda do candidato versa
sobre a fase pré-contratual (expressão utilizada no julgado), e que a justiça do trabalho tem
competência para julgar questões afetas às fases pré-contratual, contratual e pós-contratual.
Cabe destacar que, caso o candidato pretendesse impugnar judicialmente aspecto relativo ao
concurso público propriamente dito, a competência seria da justiça comum (Ex: Ação judicial
que pretende anular uma questão do concurso), porque o concurso público é um procedimento
de cunho administrativo, submetido à competência da justiça comum. A questão também foi
abordada no informativo nº 143 do TST, cuja ementa segue abaixo: “Ação rescisória. Art. 485,
II, do CPC de 1973. Competência da Justiça do Trabalho. Aprovação em concurso público.
Preterição. Contratação de terceirizados. Fase pré-contratual. Art. 114, I, da CF. A pretensão
de rescisão de julgados com fundamento no art. 485, II, do CPC de 1973 apenas se viabiliza
quando a incompetência da Justiça do Trabalho é evidenciada de forma fácil e objetiva. Não
é o que ocorre na hipótese em que a lide envolve a legalidade da preterição de advogados
aprovados em concurso público e concomitante terceirização de serviços jurídicos por empresa
pública. À luz do art. 114, I, da CF, a Justiça do Trabalho é competente para processar e
julgar pleitos relacionados a fatos ocorridos antes do nascimento do vínculo, durante ou após
a sua cessação, pois a competência se estabelece em razão de o pacto laboral ser causa
próxima ou remota do dissenso instaurado. Assim, não afastam a natureza trabalhista da

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 231


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demanda o fato de a fase pré-contratual do certame ser antecedente à efetiva formalização


da relação empregatícia e de o concurso público ter natureza administrativa. Sob esse
entendimento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu e negou provimento ao recurso ordinário,
mantendo, portanto, a decisão do Regional que julgou improcedente o pleito rescisório. TST-
RO-206-59.2013.5.10.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 30.8.2016”.

C) INCORRETA: O inciso VI do art. 114 da CRFB/88, que dispõe acerca da competência


da justiça do trabalho para julgamento de ações indenizatórias decorrentes da relação de
trabalho, foi inserido pela EC nº 45/04 na CRFB/88 e, antes dessa inovação, havia discussão
para saber se ações de indenização por danos morais e patrimoniais seriam de competência
da justiça do trabalho com base no art. 114,I. Pois bem, o STF entendia que, antes da EC
nº 45/04, a competência NÃO era da justiça do trabalho, mas passou a ser após a previsão
expressa constante do art. 114,VI. Por isso, o STF adotou como parâmetro temporal para
definir a competência a existência, ou não, de sentença de mérito em 1º grau à época da
promulgação da EC nº45/04, que inseriu o art. 114,VI na CRFB/88. Em suma, caso a ação em
curso já contasse com sentença de mérito na justiça estadual quando da promulgação da EC,
em 2004, a competência permaneceria na justiça estadual, não haveria, portanto, declínio de
competência. Ao revés, caso a ação tramitasse no juízo estadual, mas ainda não houvesse
sido sentenciada quando do advento da EC, aquela demanda submeter-se-ia à competência
da justiça do trabalho e, portanto, deveria haver declínio de competência. Tudo isso é objeto
da SV nº 22 do STF: “Súmula Vinculante nº 22 - A Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de
acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que
ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional nº 45/04.”

D) CORRETA: o TST firmou entendimento no sentido de que a justiça do trabalho NÃO TEM
competência para processar e julgar mandado de segurança impetrado em face de ato de
autoridade coatora que denega a concessão de seguro-desemprego. Segundo o TST, a
concessão do benefício constitui matéria de natureza estritamente administrativa, razão pela
qual não se submete à jurisdição trabalhista e, portanto, não se enquadra no disposto no art.
114,IV da CRFB/88. (Info 135. Maio/2016) Incompetência da Justiça do Trabalho. Mandado
de segurança. Ato do Superintendente Regional do Trabalho. Seguro-desemprego. Não
concessão. Matéria de natureza administrativa. A Justiça do Trabalho é incompetente para
processar e julgar mandado de segurança contra ato do Superintendente Regional do Trabalho
que obstou a concessão de seguro-desemprego. No caso, a pretensão ao pagamento de
parcelas do benefício em questão tem natureza administrativa, pois não decorre de vínculo de
emprego com o Estado, nem se caracteriza como obrigação atribuída ao empregador. Assim,

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não se trata de matéria sujeita à jurisdição da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, IV,
da CF.

E) INCORRETA: o art. 114, II da CRRFB/88 inclui demandas que vão além do simples dissídio
coletivo de greve, alcançando toda e qualquer demanda advinda do exercício desse direito.
Então, além do dissídio coletivo de greve, podemos destacar as seguintes espécies de ação: 1
– tutelas inibitórias oriundas do exercício do direito de greve; 2 - tutelas ressarcitórias oriundas
do exercício do direito de greve; 3 - tutelas possessórias oriundas do exercício do direito de
greve.

Exemplos:

1 – tutela inibitória  O nome já está a indicar. Se o sujeito quiser inibir determinado ato da
greve, por exemplo, ele pode ajuizar uma ação cautelar, e essa ação cautelar é de competência
da justiça do trabalho, porque é oriunda do exercício do direito de greve, visa a inibir o exercício
desse direito em alguma medida.

2 – tutela ressarcitória  O exemplo mais simples de todos. Basta imaginar uma greve deflagrada
por um sindicato em que os grevistas destroem todo o maquinário do empregador. Nesse caso,
o empregador vai ajuizar uma ação indenizatória em face do sindicato e, evidentemente, por
se tratar de danos advindos do exercício do direito de greve, a competência para processar e
julgar essa ação indenizatória será da justiça do trabalho.

3 – tutela possessória  Suponhamos que os bancários resolvem fazer greve e, simplesmente,


ocupam as agências daquele banco impedindo inclusive o acesso dos correntistas aos caixas
eletrônicos. Isso é uma ocupação ilegal, um verdadeiro esbulho possessório, razão pela qual
o banco poderá ajuizar uma ação de reintegração de posse, a qual será de competência da
justiça do trabalho, porquanto originária de o exercício do direito de greve.

Vale dizer que a competência da justiça do trabalho em relação às ações possessórias oriundas
do direito de greve está expressamente prevista na súmula vinculante nº 23 do STF, transcrita
a seguir: ”Súmula Vinculante 23.A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar
ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores
da iniciativa privada.”

GABARITO: D

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72. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito das Comissões de conciliação prévia.


A) A jurisprudência do TST estende às Comissões de conciliação prévia a atribuição
de homologar rescisão de contratos de trabalho, tarefa originalmente conferida
pela CLT aos sindicatos e que constitui condição para a validade das rescisões de
contratos individuais de trabalho.

B) Os acordos celebrados perante comissões de conciliação prévia apenas não


abrangerão parcelas expressamente ressalvadas, ostentando, via de regra, eficácia
liberatória geral.

C) O termo de conciliação ostenta natureza jurídica de título executivo extrajudicial,


pois sua formação se aperfeiçoa perante órgão que não integra a estrutura da
justiça do trabalho.

D) A submissão do conflito à Comissão de Conciliação prévia suspende o prazo


para a propositura da reclamação.

E) Os membros da comissão de conciliação prévia representantes dos empregados


gozam de estabilidade provisória, razão pela qual, salvo na hipótese de cometimento
de falta grave, não poderão ser demitidos até um ano após o final do mandato.
A aludida estabilidade provisória não se aplica aos membros da comissão de
conciliação prévia representantes dos empregadores.

COMENTÁRIO

Ponto do edital:10. Comissões de Conciliação Prévia

A) INCORRETA: Há dois erros na assertiva. Em primeiro lugar, o art. 477,§1º da CLT foi
revogado pela Reforma trabalhista. Esse dispositivo nos dizia que, quando o empregado
estivesse em determinado emprego por mais de 1 ano, se o empregador quisesse rescindir
seu contrato de trabalho, essa rescisão teria de ser feita com assistência do sindicato, ou
seja, o contrato era rescindido com supervisão do sindicato, justamente para que o sindicato
fiscalizasse se as verbas rescisórias haviam sido pagas corretamente. Esse dispositivo foi
revogado pela reforma trabalhista, de modo que, hoje, não é mais condição de validade para
a rescisão a homologação por sindicato ou Ministério do Trabalho e emprego. Em segundo
lugar, o TST decidiu em reiteradas oportunidades que a Comissão de Conciliação Prévia NÃO
TEM atribuição para homologar rescisão de contrato de trabalho, isso era competência do

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sindicato, na forma do já citado art. 477,§1º da CLT, o qual, repita-se, está revogado. Confira
trecho de julgado sobre o tema: “Do contexto fático narrado no acórdão regional, é possível
concluir que, no caso, a Comissão de Conciliação Prévia foi utilizada pelo reclamado como
mero órgão homologador da quitação das parcelas rescisórias e suas diferenças, procedimento
que caracteriza desvio de finalidade desse valioso instituto de solução extrajudicial das lides
trabalhistas. Registra-se que a própria Portaria do Ministério do Trabalho - Portaria GM/MTE nº
329, de 14/08/2002, baixada com o propósito - de se traçarem instruções dirigidas às Comissões
de Conciliação Prévia com vistas a garantir a legalidade, a efetividade e a transparência de
seus atos, bem como resguardar os direitos sociais e trabalhistas previstos na Constituição
Federal, na CLT e legislação esparsa -, estabeleceu, em seu art. 3º, não ser possível a utilização
da Comissão como órgão de assistência e homologação de rescisão contratual. (TST - RR:
54001920035020063 5400-19.2003.5.02.0063, Relator: José Roberto Freire Pimenta, Data de
Julgamento: 22/05/2013, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/05/2013)”.

B) CORRETA: A questão versa sobre a extensão do acordo firmado perante a Comissão. É


dizer, caso empregado e empregador firmem um acordo perante CCP, o que estará abarcado
por esse acordo? Surgiram duas correntes acerca da eficácia liberatória do termo de conciliação
firmado perante Comissão de Conciliação Prévia, disciplinada no art. 625-E, p.u. da CLT:

“Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo
empregador ou seu proposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia
às partes. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)

Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia


liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. (Incluído
pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)”

- Interpretação literal – Entende que eficácia liberatória deve ser compreendida na acepção
literal da palavra. Em outros termos, se não houver ressalva expressa acerca da parcela
específica que ainda restaria pendente de quitação, o acordo celebrado na CCJ abrange todo
e qualquer direito, inclusive aqueles que não constarem diretamente do termo de conciliação.

- Interpretação teleológica – Entende que a eficácia liberatória geral refere-se apenas aos
valores e parcelas discriminados no termo de conciliação, devido ao princípio da proteção e da
irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas. Essa corrente fundamenta sua posição, ainda, no
art 9º da CLT, segundo o qual: “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo
de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.
Ora, o dispositivo é claro, qualquer ato extrajudicial que vise a afastar/desvirtuar/fraudar a

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aplicação dos preceitos da CLT é nulo de pleno direito, razão pela qual um acordo que induz o
empregado a erro deveria se enquadrar nesse regramento.

O TST adota a interpretação literal! Confira, abaixo, alguns julgados sobre o tema:

“Comissão de Conciliação Prévia. Eficácia liberatória do termo de acordo. Quitação


ampla do contrato de trabalho. A decisão recorrida revela sintonia com a jurisprudência
desta Corte, segundo a qual o acordo firmado na Comissão de Conciliação Prévia
(CCP) possui eficácia liberatória geral quando não há ressalva de parcelas, nos
termos do art. 625-E da CLT. O quadro fático delineado pelo TRT demonstra que
não foi comprovado vício de vontade do reclamante ou indução a erro capaz de
anular o ajuste. Ademais, não houve registro por parte do Regional da existência
de nenhuma ressalva no termo de acordo firmado pelo reclamante na CCP. Nesse
contexto, não há como afastar a validade do acordo, o qual possui eficácia liberatória
geral e inviabiliza a pretensão veiculada pelo reclamante. Agravo de instrumento
conhecido e não provido” (TST, 8.ª T., AIRR 10354-83.2013.5.18.0008, Rel. Min.
Dora Maria da Costa, DEJT 22.03.2016).

C) CORRETA: Assertiva perfeita. Conforme o já transcrito art. 625-E, p.u. da CLT, o termo de
conciliação pode ser executado na justiça do trabalho, sem necessidade de prévio processo de
conhecimento. O dispositivo confere expressamente eficácia de título executivo extrajudicial
ao Termo de conciliação, justamente porque as comissões de conciliação prévia não integram
a estrutura do poder judiciário, razão pela qual não se afiguraria possível atribuir ao termo
firmado perante a CCP natureza de título judicial.

D) CORRETA: Assertiva correta. Coloquei essa assertiva no material porque já vi cair em provas
diversas vezes. Lembrar que se trata de SUSPENSÃO de prazo, e não INTERRUPÇÃO. Tente
utilizar o mnemônico: “A Submissão à CCP suspende o prazo”, tudo se inicia com a letra “S”.
Conforme o art. 625-G da CLT: “O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da
Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa
frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F. (Incluído pela Lei
nº 9.958, de 12.1.2000)”

E) CORRETA: Assertiva perfeita. Atente para a parte final da questão. A estabilidade provisória
para membros de CCP é aplicável apenas aos representantes dos empregados, representante
do empregador não dispõe de tal prerrogativa!! (art. 652-B,§1º).

“§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da


Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do

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mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei. (Incluído pela Lei nº
9.958, de 12.1.2000)”

GABARITO: A

73. Assinale a assertiva que contém transcrição de Súmula do Tribunal Superior do


Trabalho inequivocamente revogada pela Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017).
A) A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção
do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança
de regime.

B) Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o


empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-
lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira.

C) A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal,


só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

D) Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as


variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos,
observado o limite máximo de dez minutos diários.

E) A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao


empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza
salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também
em atividades particulares.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remunera-


ção e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. FGTS.
Piso salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. Força maior. Irredutibilidade do salário. 8. Organi-
zação sindical. Associação, enquadramento e contribuição sindical. 14. A Fazenda
Pública perante a Justiça do Trabalho. 15. Súmulas e orientações jurisprudenciais.

A) INCORRETA: A assertiva é transcrição da súmula 382 do TST, que despenca em provas de

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procuradoria. Essa súmula é muito didática, aduz que, se houver mudança no regime jurídico
de um empregado, e esse empregado deixar de ser celetista para ser estatutário, isso extingue
o contrato de trabalho. Assim, se o empregado pretender ajuizar reclamação que tenha por
objeto qualquer questão oriunda do contrato de trabalho, a partir dessa extinção, operada
pela mudança de regime, começa a correr o prazo prescricional de dois anos previsto no art.
da CRFB/88. Exemplo: sujeito trabalhava em uma empresa pública e essa empresa pública
foi transformada em autarquia (aconteceu com a Guarda Municipal do Rio de Janeiro). Esse
sujeito deixa de ser celetista e passa a ser estatutário, porque a autarquia segue regime jurídico
de direito público. Caso ele queira ajuizar ação para cobrar salários não pagos à época em que
era celetista, o prazo de dois anos se inicia da data em que a empresa pública se transformou
em autarquia, porque nessa data restou extinto o contrato de trabalho.

B) CORRETA: Enunciado da Súmula nº 372,I do TST. Esse item está revogado pelo novel art.
468,§2º da CLT, transcrito abaixo:

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta
ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia.

§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que


o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando
o exercício de função de confiança. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não
assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação
correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de
exercício da respectiva função. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

O atual artigo 468, §1º não traz qualquer novidade, já se entendia que o empregador poderia, a
qualquer tempo, retirar um empregado de função de confiança. Sem embargo, a súmula 372,I
garantia que, caso o empregado ocupasse a função de confiança por 10 anos, mesmo que o
empregador o revertesse ao cargo efetivo, destituindo da função de confiança, a gratificação
pelo exercício da função estaria incorporada ao seu salário. Isso acabou, atualmente, o
sujeito pode ocupar função de confiança pelo tempo que for, caso seja destituído, não haverá
incorporação salarial da gratificação, ou seja, ele perde a gratificação.

C) INCORRETA: Essa foi pegadinha do professor, apenas coloquei para te mostrar como o
examinador pode cobrar uma questão como essa. Essa súmula permanece válida, e, além de

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tudo, é uma súmula vinculante do STF (SV nº 40 – A contribuição confederativa de que trata o
art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo). Portanto,
não é súmula do TST. O examinador pode fazer pegadinhas desse tipo em qualquer questão,
cobrar no enunciado alternativa que contenha súmula do TST e, em determinada assertiva,
colocar uma súmula de outro Tribunal Superior, ou até mesmo texto de letra de lei.

D) INCORRETA: Assertiva contém a literalidade do art. 58, §1º da CLT, que também constitui
a primeira parte da súmula nº 366 do TST, transcrita abaixo:

“Súmula nº 366 do TST

CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM


E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO (nova redação) - Res. 197/2015 - DEJT
divulgado em 14, 15 e 18.05.2015

Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações


de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o
limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada
como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado
tempo à disposição do empregador, não importando as atividades desenvolvidas
pelo empregado ao longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene
pessoal, etc).”

Então, em primeiro lugar, a assertiva está incorreta porque não é literalidade de súmula, trata
apenas de texto de novo dispositivo da CLT, que foi retirado de uma parte da súmula nº 366.
Em segundo lugar, cabe destacar que a segunda parte da súmula nº 366 também foi revogada
pela reforma trabalhista. A segunda parte da súmula afirma que, caso ultrapassado o limite de
cinco minutos, a totalidade do tempo que excedesse à jornada regular seria computado como
hora extra, independentemente da atividade exercida pelo empregado durante esse período
excedente. Isso está revogado porque o art. 4º,§2º listou um rol exemplificativo de atividades
que não são mais consideradas pela CLT como tempo à disposição do empregador. É ler e
conferir:

“Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja


à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição
especial expressamente consignada.

(...)

§ 2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado

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como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse
o limite de cinco minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação, quando o
empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança
nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer
nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras:
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

I - práticas religiosas; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

II - descanso; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

III - lazer; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

IV - estudo; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

V - alimentação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

VI - atividades de relacionamento social; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)


(Vigência)

VII - higiene pessoal; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a


troca na empresa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

Note que o dispositivo representa diametral oposição à segunda parte da súmula, de modo
que os incisos inclusive trazem atividades nela previstas, como, higiene pessoal e troca de
uniforme. Assim, essa súmula será, no mínimo, alterada pelo TST, porque não há como manter
a atual redação.

E) INCORRETA: Traz a literalidade da súmula nº 367 do TST. A súmula permanece válida, não
se afigurando incompatível com o disposto no art. 458, caput da CLT, transcrito abaixo:

Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os


efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações “in natura”
que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao
empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou
drogas nocivas. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Esse dispositivo não foi alterado pela Reforma, trata-se de redação originária da CLT, que
versa sobre o salário in natura, ou seja, salário em utilidades, e não em dinheiro. A questão é
que, no dispositivo legal, as utilidades citadas são concedidas por liberalidade da empresa, é,

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efetivamente, uma forma de pagamento, de remuneração do empregado, que apenas não é


pecuniária. Ao revés, na súmula nº 367, o empregador fornece utilidade que são indispensáveis
para a realização do trabalho, não constituindo simples liberalidade, trata-se de utilidades sem
as quais o empregador não conseguiria exercer o ofício para o qual foi contratado. Nesses
casos, as utilidades citadas na súmula não ostentarão natureza salarial, sendo que, no caso de
veículo fornecido pelo empregador indispensável à prestação do serviço, a natureza salarial é
afastada ainda que o veículo fornecido pelo empregador seja utilizado pelo empregado também
em atividades particulares.

GABARITO: B

74. Assinale a opção correta acerca da exceção de incompetência relativa no processo


do trabalho.
A) Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto,
por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na
primeira audiência ou sessão que se seguir.

B) Por aplicação subsidiária do CPC, a exceção de incompetência relativa deve ser


apresentada em conjunto com a contestação.

C) Por aplicação subsidiária do art. 146,§2º do CPC, a exceção de incompetência


relativa não mais se reveste de efeito suspensivo no processo do trabalho.

D) Face ao princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias no


processo do trabalho, apenas é cabível mandado de segurança em face da decisão
que julga exceção de incompetência relativa.

E) O juízo indicado pelo excipiente como competente poderá praticar atos


processuais antes mesmo do julgamento definitivo da exceção de incompetência
relativa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos.

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A) INCORRETA: Essa era a redação do antigo art. 800 da CLT, único dispositivo que
disciplinava a exceção de incompetência relativa no processo do trabalho, anteriormente à
reforma trabalhista. Todavia, conforme explicarei no decorrer dos comentários acerca das
demais alternativas, vocês verificarão que ele foi bastante modificado, ganhando, inclusive
4 parágrafos que detalham o tema, os quais serão explorados a seguir, juntamente com a
nova redação do caput do art. 800 da CLT. De qualquer modo, recomendo que vocês façam
um estudo comparativo entre a legislação antes e após a reforma a fim de evitar cair nessas
armadilhas relacionadas a questões que se limitam a reproduzir artigos já revogados, induzindo
vocês a erro.

B) INCORRETA: Antes da Reforma, entendia-se que, de fato, a exceção de incompetência


deveria ser oposta junto com a contestação, por aplicação subsidiária do CPC c/c artigo 795 da
CLT. Porém, esse entendimento não mais persiste, porque a Reforma trabalhista modificou o art.
800, caput, que, agora, prevê expressamente que a exceção de incompetência territorial deve
ser oposta no prazo de 5 dias contados da notificação citação) do reclamado, necessariamente
antes da audiência. Como no processo do trabalho a contestação é apresentada justamente
na audiência inaugural, a assertiva está incorreta, porque a exceção de incompetência será
oposta antes mesmo da audiência e, por conseguinte, antes mesmo da contestação.

Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a


contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta
exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo.

C) INCORRETA: O art. 800, §1º, dispositivo também inserido pela reforma, afirma expressamente
que a exceção de incompetência relativa suspende imediatamente o processo, de modo que
nem mesmo a audiência inaugural (art. 843 da CLT) se realizará. Portanto, o reclamado opõe
a exceção e a marcha processual é completamente interrompida para julgamento da referida
exceção.

“§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência


a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção.”

D) INCORRETA: Assertiva contém dois erros. Em primeiro lugar, no caso da exceção de


incompetência, em regra, de fato, não caberá recurso de imediato, mas também não caberá
impetração de mandado de segurança enquanto sucedâneo recursal. Isso porque o art. 799,§2º
da CLT afirma expressamente que a exceção será enfrentada pelo tribunal por ocasião da
apreciação do Recurso interposto em face da sentença.

“§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a

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estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes


alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. (Redação dada pelo
Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946)”

A sistemática da CLT não dá espaço, portanto, para manejo de mandado de segurança. Em


segundo lugar, há uma hipótese em que a decisão que julga a exceção de incompetência
relativa é recorrível de imediato, decorrente da Súmula nº 214,”c” do TST c/c o já citado art.
799,§2º da CLT:

“Súmula nº 214 do TST

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) - Res.


127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões


interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: (...)
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante
o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.”

O art. 799,§2º, já transcrito acima, nos diz que, se uma das partes opuser exceção de
suspeição ou incompetência do juízo, não caberá recurso da decisão proferida para resolver
tais incidentes, salvo se a decisão proferida na exceção de suspeição/incompetência resultar
em extinção do feito perante aquele Tribunal (terminativa do feito).

É exatamente por isso que o TST consagrou a exceção que estamos comentando. Imaginemos
que eu ajuízo uma ação no Rio de Janeiro (TRT 1ª Região) para cobrar salários não pagos,
porém, o juízo competente para julgar minha ação seja uma vara do trabalho localizada em São
Paulo (TRT 2ª Região). Pois bem, se o meu empregador opuser uma exceção de incompetência
no juízo do RJ, e essa exceção for acolhida, meu processo será “extinto” perante o TRT da 1ª
Região, porque terá de ser remetido a uma vara do trabalho de São Paulo, que se submete à
jurisdição do TRT da 2ª Região.

Assim, como o acolhimento da exceção de incompetência resultaria em remessa dos autos


a TRT diverso (do TRT da 1ª Região para o TRT da 2ª Região), nesse caso, essa decisão do
juiz desafiaria interposição de Recurso Ordinário ao TRT da 1ª Região, para que ele, TRT da
1ª Região, decidisse acerca do juízo competente.

E) CORRETA: O juízo apontado como competente pelo excipiente poderá praticar atos
instrutórios relativos ao julgamento da exceção de incompetência, nos termos do art. 800,§3º

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da CLT, também inserido pela Reforma:

§ 3º Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência,


garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta
precatória, no juízo que este houver indicado como competente.

Como se vê, o juízo apontado como competente já presidirá, ainda que na qualidade de
juízo deprecado, eventual oitiva de testemunhas necessária para julgamento da exceção de
incompetência trabalhista. Esse dispositivo é muito bom para cair em prova, pode ser cobrado
de diversas formas.

GABARITO: E

75. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho,


exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
A) Enquadramento do grau de insalubridade e prorrogação de jornada em locais
insalubres.

B) Participação nos lucros ou resultados da empresa.

C) Número de dias de férias devidas ao empregado.

D) Adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE).

E) Intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas


superiores a seis horas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Convenção coletiva de trabalho. Acordo coletivo de trabalho.

COMENTÁRIO IMPORTANTE SOBRE A QUESTÃO (Síntese de um dos pontos mais


importantes da reforma trabalhista): A reforma trabalhista tem como principal ponto o direito
coletivo do trabalho, a prevalência de normas coletivas sobre a lei, em algumas hipóteses.
Esse tema vai cair na PGE/SP, não consigo vislumbrar que, num universo de 10 questões
objetivas e duas discursivas, ele não seja cobrado. Por isso, vou trazer uma questão sobre
esse tema por rodada, porque é minha principal aposta. Outro ponto importante, diz respeito
ao enorme potencial de exploração desse tema para formulação de questões envolvendo

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letra de lei. Nesse ínterim, cabe destacar que aproximadamente 70% da sua prova (se não
mais) conterá questões versando sobre letra de lei, algumas demandando maior exercício da
memória (famosa decoreba), outras menos, portanto, é impositivo buscar dispositivos da CLT
que possam ser explorados.

Vamos à questão elaborada. Talvez o ponto da Reforma que mais suscitou críticas tenha
sido a significativa mitigação ao princípio da norma mais favorável ao trabalhador, perpetrada
mediante autorização legal para que acordos e convenções coletivas - ainda que menos
benéficos ao obreiro - prevaleçam em detrimento da lei. Sem embargo, há limites à referida
prevalência, ou seja, a própria CLT trouxe hipóteses infensas à negociação coletiva, hipóteses
que não podem sequer constituir objeto de acordo ou convenção coletiva. A CLT estruturou
o tema da seguinte maneira: no art. 611-A da CLT, traz as hipóteses em que o acordo ou
convenção coletiva eventualmente existentes prevalecerão sobre a lei. No art. 611-B, por sua
vez, traz questões infensas à negociação coletiva, ou seja, casos que não podem ser objeto de
negociação coletiva. Os dois dispositivos são enormes, transcrevê-los ocuparia muito espaço
de nosso material. Porém, peço encarecidamente que você leia esses dispositivos à exaustão,
até ficar saturado, porque isso tem enorme potencial de cobrança em provas. Na questão
acima formulada, adotei uma das possíveis formas de cobrança da sistemática. Coloquei o
caput do art. 611-B da CLT no enunciado, razão pela qual a resposta correta será a literalidade
de um dos incisos do art. 611-B, mas coloquei, em quatro alternativas, incisos do art. 611-A da
CLT, ou seja, misturei os dois dispositivos e escolhi, estrategicamente, os casos que considero
mais “perigosos’.

A) INCORRETA: Art. 611-A,XII. O principal critério para definir se uma questão pode, ou
não, ser objeto de acordo ou convenção coletiva é seu status constitucional. Caso o direito
esteja plasmado no art. 7º da CRFB/88, indubitavelmente não poderá constituir objeto de
acordou/convenção coletiva. Por isso selecionei esse inciso do art. 611-A. O adicional de
insalubridade consta do art. 7º,XXVIII da CRFB/88, o que quer significar que, em relação
ao direito à percepção do adicional, não há espaço para disposição em norma coletiva, nem
acordo nem convenção coletivos podem retirar esse direito. Tanto é assim que os referidos
adicionais também constam do art. 611-B, XIII da CLT. Porém, o art. 611-A,XII autoriza que
convenção e acordo coletivos disponham acerca dos critérios de enquadramento do grau de
insalubridade (mínimo – adicional de 10%, médio – adicional de 20% e máximo – adicional
de 40%) e prorrogação de jornada em locais insalubres, isso pode ser veiculado em norma
coletiva, razão pela qual a assertiva está incorreta.

B) INCORRETA: Essa assertiva é igualmente perigosa, porque o art. 7º,XI garante a

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participação do empregado nos lucros da empresa, o que poderia te induzir a acreditar que
tal direito é infenso à negociação coletiva. Porém, assim como na assertiva acima, o que o
empregador não pode fazer é suprimir esse direito mediante acordo ou convenção coletiva,
mas pode dispor sobre formas de pagamento, percentual, periodicidade de pagamento e etc,
em normas coletivas, ou seja, a instrumentalização do direito pode ser prevista em norma
coletiva. Assertiva errada (art. 611-A, XV).

C) CORRETA: As férias remuneradas estão previstas no art. 7º XVII da CRFB/88 e, portanto,


são infensas à negociação coletiva (art. 611-B, XI da CLT). Isso porque o número de dias de
férias é regulamentado no art. 130 da CLT, sendo impositivo reconhecer que alterar o período
de gozo das férias é interferir no próprio direito de férias estabelecido na CRFB/88, e não em
questões meramente adjacentes ao aludido direito. Assim, de fato, o número de dias de férias
devido não pode ser objeto de negociação coletiva. Gabarito.

D) INCORRETA: Essa assertiva foi colocada para você não confundir o art. 611-A, IV com o
art. 611-B, II. Em suma, acordo e convenção coletiva podem dispor sobre adesão ao seguro-
emprego, mas não podem dispor acerca de seguro desemprego, porque seguro-desemprego
também é direito previsto no art. 7º da CRFB/88 (art. 7º, II).

E) INCORRETA: De todas as assertivas expostas nesta questão, essa seria a mais simples.
Todavia, não menos importante. A própria CRFB/88, em seu art. 7º, admite que a duração
do trabalho é tema que pode ser objeto de negociação coletiva, mesmo antes da Reforma
trabalhista:

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de
1943)

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de


revezamento, salvo negociação coletiva;

Desta feita, não haveria qualquer razão para que o intervalo intrajornada fosse infenso à
negociação coletiva, o que justifica a previsão do tema no art. 611-A, III da CLT.

GABARITO: C

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76. Assinale a alternativa correta.


A) O empregador pode designar preposto para comparecer à audiência, desde que
o indicado como preposto seja empregado da empresa e tenha conhecimento dos
fatos discutidos na reclamação. A exigência de que o preposto seja empregado da
empresa não se aplica à pequena ou microempresa e ao empregador doméstico.

B) Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão


aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados.

C) Segundo entendimento do TST, a revelia não se aplica à fazenda pública no


processo do trabalho, face à indisponibilidade do interesse público.

D) Oferecida a contestação, o reclamante não poderá, sem consentimento do


reclamado, desistir da ação. Tal regra é excepcionada em caso de apresentação
eletrônica da contestação.

E) A jurisprudência entende que o valor da causa é requisito da petição inicial


trabalhista, sem que haja, no entanto, previsão expressa da legislação trabalhista
em tal sentido.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos.

A) INCORRETA: O art. 843,§1º da CLT prescreve que o empregador pode se fazer representar
por preposto na audiência, desde que este preposto tenha conhecimento dos fatos que serão
discutidos em juízo, isso já constava da CLT “antiga” e permanece válido com a Reforma
Trabalhista. Porém, o TST firmou entendimento, plasmado na Súmula 377, no sentido de que,
além de conhecer os fatos postos em juízo, o preposto teria de ser necessariamente empregado
da empresa, salvo nas hipóteses de micro/pequena empresa e empregador doméstico.

“Súmula nº 377 do TST

PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova redação) -


Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05.05.2008

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Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno


empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado.
Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de
14 de dezembro de 2006.”

Porém, essa é mais uma súmula expressamente revogada pela Reforma Trabalhista, face ao
disposto no novel §3º do art. 843.

Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e


o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes
salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando
os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria.
(Redação dada pela Lei nº 6.667, de 3.7.1979)

§ 1º - É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer


outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.

(...)

§ 3º O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não precisa ser empregado da


parte reclamada. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Note que estamos utilizando as alternativas erradas para destrinchar a Reforma, vamos cobrir
todos os pontos objetos de alteração dessa forma no decorrer do curso.

B) CORRETA: Essa disposição também me parece importantíssima, simplesmente porque


altera o conceito de revelia no processo do trabalho. A revelia no processo civil sempre foi
conceituada como ausência de contestação, enquanto, no processo do trabalho, correspondia
à falta de comparecimento do reclamado à audiência inaugural. Então, pouco importava
se o advogado do reclamado comparecia à audiência munido da contestação, isso era
completamente irrelevante para fins de configuração da revelia, conforme disposto na Súmula
nº 122 do TST:

Súmula nº 122 do TST

REVELIA. ATESTADO MÉDICO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 74 da


SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda


que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia

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mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente,


a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da
audiência. (primeira parte - ex-OJ nº 74 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996; segunda
parte - ex-Súmula nº 122 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

Essa súmula também restou contrariada pela Reforma Trabalhista, porque o art. 844,§5º
prescreve que, caso o advogado da parte compareça munido de contestação, a contestação
e todos os documentos apresentados serão recebidos pelo juiz, ou seja, a defesa será
considerada, se afigurando impossível aplicar o efeito material da revelia, de presunção
da veracidade dos atos alegados. Por isso, é possível dizer que o §5º do art. 844 da CCLT
modificou o conceito de revelia no processo do trabalho.

§ 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão


aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)

C) INCORRETA: Essa questão é batida, mas cai tanto que resolvi abordar superficialmente.
O TST entende que a revelia se aplica sim à fazenda pública, conforme dispõe a OJ nº OJ nº
152 da SDI-1 do TST:

152. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. (ART.


844 DA CLT) (inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005

Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.

Porém, em eventual prova discursiva de procuradoria, você deve sustentar que, mesmo que
se configure a revelia, o efeito material da revelia não se opera, porque o interesse público
é indisponível. Essa afirmativa é reforçada pela Reforma trabalhista, pois o art. 843,§4º,III,
acrescentado pela Reforma, aduz expressamente que o efeito material da Revelia não se
opera quando se estiver diante de direito indisponível.

“§ 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se:   (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)

(...)

II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

D) INCORRETA: A CLT não dispunha acerca do momento processual limite para que se
afigurasse possível desistir da contestação independentemente do consentimento do réu.
Porém, aplicava-se subsidiariamente o CPC para definir o momento de apresentação de

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contestação em audiência como limite. Isso foi reforçado pela Reforma que acrescentou à CLT
o art. 841,§3º da CLT:

§ 3º Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá,


sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.   (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)

Porém, não há exceção para processo eletrônico. Ao revés, no processo eletrônico a


contestação tem de ser apresentada antes da audiência, ou seja, se o reclamante pretender
desistir da reclamação em audiência, em se tratando de processo eletrônico, provavelmente
essa desistência dependerá de concordância do reclamado, porque a contestação deve ser
apresentada até a audiência, sob pena de intempestividade (art. 847, p.u. da CLT).

Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo
judicial eletrônico até a audiência.   (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

E) INCORRETA: Havia controvérsia para definir se o valor da causa era requisito da petição
inicial trabalhista, porque não estava previsto como tal na CLT. Entretanto, o TST já entendia
que o valor da causa era obrigatório, porque o valor da causa definirá o procedimento aplicável
no processo do trabalho (ordinário, sumário ou sumaríssimo), reconhecendo-se inclusive ao
juiz a possibilidade de atribuir/corrigir de ofício o valor da causa. Com a reforma trabalhista,
a discussão perdeu sentido, pois o art. 840,§1º da CLT prevê expressamente que o valor da
causa é requisito da petição inicial trabalhista.

“Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação


das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que
deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura
do reclamante ou de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de
2017)”

GABARITO: B

77. Assinale a alternativa correta acerca da aplicação intertemporal da lei nº 13.467/17


(Reforma Trabalhista), considerando o início de sua vigência em 11.11.2017:
A) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, é
aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é aplicável aos contratos em

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curso, desde que haja acordo ou convenção coletiva nesse sentido.

B) A lei nº 13.467/17 é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, não é


aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é integralmente aplicável aos
contratos em curso.

C) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017,


é aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é aplicável aos contratos
em curso, naquilo que favorecer ao empregado, pois o art. 468 da CLT prescreve
que “Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia.”

D) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, é


aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e não é aplicável aos contratos
em curso.

E) A lei nº 13.467/17 não é aplicável aos contratos extintos antes de 11.11.2017, é


aplicável aos contratos celebrados após 11.11.2017 e é integralmente aplicável aos
contratos em curso.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Não havia ponto correspondente em 2012, porque a CLT vigia des-
de 1943. No entanto, com a extensa reforma operada em 2017, seria uma temerida-
de não abordar direito intertemporal em nenhuma questão do curso.

COMENTÁRIO GENÉRICO SOBRE A QUESTÃO: A questão perpassa por definir a eficácia


temporal da Reforma trabalhista. Essa questão tem grande potencial para cair em provas, pois
gerou controvérsia doutrinária e somente restou equacionada através da MP nº 808/2017, que
modificou dispositivos da Reforma e também será analisada através de questões do nosso
curso (essa é a primeira delas diretamente ligada à MP).

Eficácia Retroativa  A Reforma trabalhista NÃO TEM eficácia retroativa, porque não se aplica
a contratos de trabalho já extintos na data de sua vigência, em respeito às garantias do ato
jurídico perfeito e do direito adquirido (art.5º,XXXVI da CRFB/88).

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Eficácia Prospectiva  A Reforma trabalhista TEM eficácia prospectiva, porque se aplica a


contratos de trabalho celebrados após a data de sua vigência. Isso é evidente, é decorrência
do tempus regit actum e a ausência de tal eficácia retiraria qualquer utilidade da lei.

Eficácia imediata  A celeuma residia em definir se a lei nº 13.467/17 teria eficácia imediata
nos contratos em curso, ou seja, se poderia ser aplicada a contratos de trabalho celebrados
antes de sua vigência, mas que ainda estivessem em vigor (e não extintos) por ocasião do
início da vigência da lei nº 13..467/17. Surgiram duas principais correntes acerca do tema:

1ª corrente  Aplicação integral da Lei aos contratos em curso, porque, via de regra, a lei
produz efeitos em relação a atos vigentes sob sua égide.

2ª corrente  Aplicação da Lei restrita aos aspectos que beneficiassem os obreiros, em


respeito ao princípio da inalterabilidade contratual lesiva, plasmado no art. 468 da CLT.

A controvérsia foi encerrada pelo art. 2º da MMP nº 808/2017, transcrito abaixo:

“Art. 2º O disposto na Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, se aplica, na integralidade,


aos contratos de trabalho vigentes.”

Portanto, à luz da exposição supra, você consegue resolver essa questão, bem como eventual
discursiva sobre o tema.

A) INCORRETA: Contraria o art. 2º da MP nº 808/2017, pois a aplicação imediata e integral


aos contratos vigentes não está condicionada à existência de norma coletiva nesse sentido.

B) INCORRETA: Contraria o art. 2º da MP nº 808/2017, pois nega a aplicação prospectiva e


admite a aplicação retroativa.

C) INCORRETA: Contraria o art. 2º da MP nº 808/2017, pois a aplicação imediata e integral


aos contratos vigentes não está subordinada ao princípio da inalterabilidade contratual lesiva.

D) INCORRETA: Contraria o art. 2º da MP nº 808/2017, pois nega a aplicação imediata e


integral da reforma aos contratos vigentes.

E) CORRETA: Única assertiva consentânea com o art. 2º da MP nº 808/2017, consagrando a


eficácia imediata e aplicação integral da Reforma aos contratos de trabalho em curso.

GABARITO: E

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78. Assinale a alternativa correta acerca da reparação por danos extrapatrimoniais na


justiça do trabalho:
A) A etnia, a idade, a nacionalidade, a honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de
ação, a autoestima, o gênero, a orientação sexual, a saúde, o lazer e a integridade
física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa natural.

B) Eventual transação das partes em relação a danos emergentes e lucros


cessantes abrangerá, também, eventual pretensão de ressarcimento por danos
extrapatrimoniais relativas aos mesmos fatos.

C) A Reforma trabalhista tabelou o valor da indenização por danos morais, de


acordo com a gravidade do dano, abrangendo desde infrações leves até morte do
empregado, utilizando como parâmetro para fixação da indenização o salário do
empregado.

D) A situação econômica do empregado é irrelevante para definir a extensão do


dano extrapatrimonial experimentado.

E) Caso o empregador pratique nova infração trabalhista, ainda que mediante


conduta diversa da causadora do dano anterior, no interstício de até 2 anos após o
trânsito em julgado da sentença, estará caracterizada reincidência, a qual permitirá
ao juiz dobrar o valor da indenização.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Normas gerais de tutela do trabalho. Identificação profissional.


Duração do trabalho. Salário mínimo. Férias. Segurança e medicina do trabalho.

A) CORRETA: A Reforma acrescentou uma seção inteira ao capítulo de medicina e segurança


do trabalho da CLT (que está no nosso edital) dispondo acerca de danos extrapatrimoniais na
seara trabalhista. Assim, me parece fundamental estudar essa seção e, nessa questão, vamos
abordar os pontos mais relevantes do tema. A assertiva A é nosso gabarito, e optei por abordá-
la no estilo “decoreba” porque os bens juridicamente tutelados foram ampliados pela MP nº
808/2017. A redação originária da Reforma abrangia o seguintes bens jurídicos:

“Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima,


a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente

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tutelados inerentes à pessoa física.”

A MP nº 808 ampliou esse rol, acrescentando 4 bens juridicamente tutelados ao dispositivo, e


alterou o termo “sexualidade” para “orientação sexual”.

Art. 223-C. A etnia, a idade, a nacionalidade, a honra, a imagem, a intimidade, a


liberdade de ação, a autoestima, o gênero, a orientação sexual, a saúde, o lazer
e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa
natural. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)

Portanto, a abordagem “decoreba” foi proposital, acredito que essa alteração pode cair em
prova. Para te ajudar, lembre que há, atualmente, 13 bens jurídicos no art. 223-C, e foram
acrescentados pela MP nº 808 os bens jurídicos “Etnia”, “idade”, “nacionalidade”, “gênero” e
“”orientação sexual”. Também tome cuidado porque esses bens jurídicos se aplicam apenas
à pessoa física! Parece banal, mas o examinador pode perfeitamente colocar todos os bens
jurídicos tutelados e, no final, trocar apenas o termo “Pessoa natural” por “pessoa jurídica”,
transformado assertiva certa em errada.

B) INCORRETA: O art. 223-F disciplina a cumulação de danos morais a patrimoniais:

“Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente
com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 1º Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os


valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos
de natureza extrapatrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 2º A composição das perdas e danos, assim compreendidos os lucros cessantes


e os danos emergentes, não interfere na avaliação dos danos extrapatrimoniais.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

O que nos interessa, para essa questão específica, é o §2º, que prevê justamente que a
composição em relação aos danos materiais (perdas e danos) não abrange os danos
extrapatrimoniais (morais).

C) INCORRETA: De fato, o 223-G,§1º tabelou o valor da indenização por danos morais,


prevendo faixas de arbitramento de acordo com a gravidade do dano. Há, porém, dois erros na
assertiva que podem ser explorados em concursos, a saber:

1 – O tabelamento não se aplica quando houver morte do empregado, trata-se da única lesão

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expressamente excluída pela CLT, conforme exposto abaixo:

§ 5º Os parâmetros estabelecidos no § 1º não se aplicam aos danos extrapatrimoniais


decorrentes de morte. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)

2 – O parâmetro utilizado para fixação da indenização no art. 223-G,§1º não é o salário do


empregado, mas sim o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,
que, hoje, está em R$ 5.531,31.

§ 1º Ao julgar procedente o pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um


dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: (Redação
dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)

I - para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social;  (Redação dada pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)

II - para ofensa de natureza média - até cinco vezes o valor do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social;  (Redação dada pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)

III - para ofensa de natureza grave - até vinte vezes o valor do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social; ou  (Redação dada pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)

IV - para ofensa de natureza gravíssima - até cinquenta vezes o valor do limite


máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 808, de 2017)

D) INCORRETA: O art. 223-G, caput traz os critérios que devem nortear o juiz na apreciação
do dano extrapatrimonial e, dentre eles, contempla a situação econômica do empregado e do
empregador:

“Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)

(...)

XI - a situação social e econômica das partes envolvidas;   (Incluído pela Lei nº


13.467, de 2017)”

Gostaria de chamar a atenção para outros 4 critérios que considero menos “intuitivos” e que,

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portanto, podem ser cobrados e induzir os candidatos e erro. São eles:

“VIII - a ocorrência de retratação espontânea;   (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;   (Incluído pela Lei nº 13.467, de


2017)

X - o perdão, tácito ou expresso; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

XII - o grau de publicidade da ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

E) INCORRETA: Assertiva mais relevante de todas, em minha opinião. Os §§3º e 4º do art.


223-G disciplinam a reincidência para fins de dano extrapatrimonial

§ 3º Na reincidência de quaisquer das partes, o juízo poderá elevar ao dobro o valor


da indenização.  (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)

§ 4º Para fins do disposto no § 3º, a reincidência ocorrerá se ofensa idêntica


ocorrer no prazo de até dois anos, contado do trânsito em julgado da decisão
condenatória. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)

Note que, de fato, a reincidência faculta (termo “poderá”) ao juiz dobrar o valor da indenização
pelo dano experimentado. O importante, aqui, é o conceito de reincidência firmado pelo §4º,
terreno muito fértil para pegadinhas de prova. Vamos destacar dois aspectos do conceito:

1 – Só se configura reincidência caso a nova conduta ofensiva ocorra no prazo de até 2 anos
contados do trânsito em julgado da decisão condenatória anterior. Se ultrapassado esse prazo,
não haverá reincidência.

2 – Somente haverá reincidência caso a ofensa seja idêntica à anterior!!! Portanto, se houver
duas condutas distintas que acarretem dano moral, não haverá reincidência, segundo o
conceito da CLT. O bem jurídico tutelado é um excelente parâmetro para definir se a conduta
é idêntica. Assim, caso a primeira conduta vilipendie a orientação sexual do empregado, e a
segunda conduta ofenda sua etnia, haverá condutas distintas, não se cogitando de ocorrência
de reincidência. Essa é uma conclusão legalista, porque a Reforma é muito recente, temos de
aguardar a interpretação do TST sobre o tema.

GABARITO: A

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79. Sobre o cabimento de arbitragem na justiça do trabalho:


A) A arbitragem não é cabível na justiça trabalhista, porque os direitos discutidos
são indisponíveis.

B) A arbitragem é cabível somente em relação aos dissídios coletivos na justiça do


trabalho, não se aplicando aos dissídios individuais.

C) A arbitragem é cabível no processo do trabalho para dissídios coletivos e, nos


dissídios individuais, quando veiculada por meio de compromisso arbitral, tendo
em vista a nulidade de cláusula compromissória em contrato de adesão.

D) A arbitragem é cabível no processo do trabalho para dissídios coletivos e, nos


dissídios individuais, quando veiculada por meio de cláusula compromissória,
desde que estabelecida por iniciativa do empregado.

E) A arbitragem é cabível no processo do trabalho para dissídios coletivos e, nos


dissídios individuais, quando veiculada por cláusula compromissória, somente
para empregados que tenham salário superior ao dobro do limite máximo de
benefícios do RGPS.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remunera-


ção e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. FGTS.
Piso salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. Força maior. Irredutibilidade do salário.

COMENTÁRIOS GENÉRICOS SOBRE A QUESTÃO: O objetivo dessa questão é te preparar


para qualquer questão envolvendo cabimento de arbitragem no processo do trabalho,
abrangendo, inclusive, eventuais questões discursivas acerca do tema. Sempre houve grande
celeuma na doutrina acerca do cabimento da arbitragem no processo do trabalho, sobretudo
em relação aos dissídios individuais. Isso porque, para os dissídios coletivos, a arbitragem era
pacificamente admitida com base no art. 114,§§1º e 2º da CRFB/88:

“§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem,


é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza

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econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as


disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”

Em relação aos dissídios individuais, se formaram diversas correntes doutrinárias, com


destaque para três principais:

1ª Corrente  A arbitragem não é admitida nos dissídios individuais, porque os direitos


trabalhistas são indisponíveis.

2ª Corrente  A arbitragem somente seria admitida nos dissídios individuais para direitos
disponíveis previstos na CLT. Essa corrente partia do pressuposto que direitos estritamente
patrimoniais, ainda que oriundos de relação de trabalho, seriam disponíveis, remanescendo a
indisponibilidade apenas para as demais questões (por exemplo, normas ligadas à saúde e
medicina do trabalho)

3ª Corrente  Além de restringir o cabimento aos direitos trabalhistas disponíveis, essa


corrente entendia que a arbitragem teria de ser veiculada mediante compromisso arbitral,
porque o contrato de trabalho seria um contrato de adesão, de modo que se afiguraria nulo o
estabelecimento de cláusula compromissória no referido contrato.

Esse tema, da forma como abordei até agora, já foi cobrado em prova de segunda fase de
procuradoria e, considerando que a Reforma Trabalhista encerrou toda essa celeuma no art.
507-A, optei por comentar o tema. Vamos às assertivas:

A) INCORRETA: Conforme exposto, essa assertiva estaria errada até mesmo antes da
Reforma, porque, nos dissídios coletivos, a própria CRFB/88 previa utilização de arbitragem.

B) INCORRETA: Essa assertiva veicula a primeira corrente exposta acima, mas, hoje, está
equivocada, por conta do novel art. 507-A da CLT, que será comentado na assertiva E.

C) INCORRETA: Essa assertiva veicula a terceira corrente exposta acima, mas, hoje, está
equivocada, por conta do novel art. 507-A da CLT, que será comentado na assertiva E.

D) INCORRETA: Essa assertiva é a mais próxima do comando inserto no art. 507-A da CLT,
porém, há duas condições para admitir a arbitragem nos dissídios individuais. Vamos comentar
na assertiva abaixo.

E) CORRETA: Assertiva se amolda ao novel art. 507-A da CLT, constante de capítulo integrante
do título “do contrato individual de trabalho”, abarcado pelo edital da PGE/SP.

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Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a
duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem,
desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa,
nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017)

O dispositivo encerra a discussão doutrinária, prevendo que a arbitragem é cabível nos dissídios
individuais, mediante utilização de cláusula compromissória, desde que:

1 – A remuneração versada no contrato seja SUPERIOR (Não pode ser igual) a 2 vezes o
limite máximo estabelecido para benefícios do RGPS. Esse dispositivo é objeto de muitas
críticas doutrinárias, pois subordina a indisponibilidade do direito à remuneração de seu titular,
presumindo que o empregado melhor remunerado é mais instruído e, portanto, teria maior
“capacidade” para dispor de seus direitos. O problema é que a indisponibilidade é predicado
que recai sobre o direito, e não sobre seu titular, há, portanto, evidente distorção no dispositivo.

2 – A cláusula seja pactuada por iniciativa do empregado ou por iniciativa do empregador


com concordância expressa do empregado. Por isso a letra D está errada, porque não
necessariamente a cláusula precisa derivar de iniciativa do empregado.

GABARITO: E

80. A Lei nº 13.467/2017 inseriu procedimento de jurisdição voluntária na CLT, tendo por
objeto a homologação de acordo extrajudicial na seara trabalhista. Assinale a alternativa
correta acerca do referido procedimento:
A) A deflagração do processo de homologação de acordo extrajudicial interrompe
o prazo para pagamento das verbas rescisórias.

B) À luz do disposto na CLT, é obrigatória a presença de, no mínimo, dois advogados


para validade do procedimento de homologação de acordo extrajudicial.

C) O processo de homologação de acordo extrajudicial é deflagrado por petição


do empregador, designando-se advogado com regular registro na OAB para
acompanhar o procedimento.

D) A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional


da ação em relação a quaisquer pretensões advindas do contrato de trabalho.

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E) O prazo prescricional retomará seu curso a contar do dia útil seguinte à prolação
da decisão que negar a homologação do acordo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos.

COMENTÁRIO GENÉRICO SOBRE A QUESTÃO: Esse tema já foi explorado em uma das
únicas provas recentes que contava com a incidência da reforma trabalhista. A CLT prevê
(arts. 855-B a 855-E), agora, um procedimento de jurisdição voluntária para homologação de
acordos extrajudiciais, procedimento que contém peculiaridades que podem ser exploradas
em provas.

A) INCORRETA: O procedimento de homologação de verbas rescisórias não tem qualquer


repercussão em relação ao pagamento das verbas rescisórias, ou seja, das verbas devidas
em decorrência da extinção do contrato de trabalho do empregado. Com efeito, além de não
suspender nem interromper o prazo de 10 dias, caso o pagamento das verbas se dê fora do
decêndio, a instauração do procedimento de homologação não afasta as multas previstas no
art. 477,§8º da CLT.

Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido no § 6º do


art. 477 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista no § 8º art.
477 desta Consolidação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

B) CORRETA: É preciso conjugar duas informações para chegar ao gabarito. Em primeiro


lugar, o art. 855-B, caput, prevê que é obrigatória no procedimento de homologação extrajudicial
a assistência de ambas as partes por advogado. O art. 855-B,§1º, por sua vez, afirma que é
vedada a representação das partes por advogado comum, ou seja, o mesmo advogado não
pode representar ambas as partes. Desta feita, o procedimento apenas será válido caso haja,
de fato, a presença de no mínimo dois advogados, um representando o empregado e outro
representando o empregador.

“Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por


petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado.  
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum.   (Incluído

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pela Lei nº 13.467, de 2017)”

C) INCORRETA: Conforme art. 855-B da CLT, transcrito acima, o processo de homologação de


acordo extrajudicial somente pode ser instaurado por petição conjunta e, conforme já exposto,
a presença de apenas um advogado é insuficiente para validar o procedimento.

D) INCORRETA: O art. 855-E da CLT, de fato, prevê que a deflagração do processo de


homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional para ajuizamento de
eventual reclamação, porém, a suspensão apenas alcança os pedidos abrangidos pela petição
de acordo, sem se estender às demais questões advindas do contrato de trabalho.

E) INCORRETA: O prazo prescricional só voltará a fluir pelo que restou (por se tratar de
suspensão, e não interrupção) no dia útil seguinte ao trânsito em julgado da decisão que negar
a homologação do acordo. É dizer, a mera prolação de decisão não tem o condão de retomar
a contagem do prazo prescricional.

GABARITO: B

PROFESSOR: GUILHERME MARTINS


E-mail: profcei.guilhermepellegrini@gmail.com

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

81. O Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER/SP), autarquia titular


da malha viária estadual, tem a receber nos próximos anos R$ 200 milhões relativos
ao pagamento de outorgas para exploração das rodovias estaduais das respectivas
concessionárias que exploram as vias. Pretende o DER/SP ceder o crédito para a
Companhia Paulista de Parcerias (CPP), empresa pública que tem como finalidade,
entre outras, apoiar a implementação de parcerias público-privadas, podendo para tanto
prestar garantias em prol do poder concedente. O objetivo do DER/SP com a operação
é monetizar imediatamente o ativo para que possa atender suas demais necessidades.
À CPP interessa gerir os créditos futuros para que a receita possa ser utilizada em
garantia de parcerias futuras. Nessa situação, a operação pretendida:
A) Poderia ser efetuada mediante lei autorizativa.

B) Poderia ser efetuada caso o DER/SP promovesse prévia licitação para ceder o

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crédito e a CPP fosse vitoriosa do certame.

C) Poderia ser efetuada com a prévia concordância das concessionárias devedoras.

D) Poderia ser efetuada caso a cessão fosse na modalidade onerosa e ocorresse


em condições equitativas para as partes.

E) Caracteriza-se como operação de crédito, conforme definição da Lei de


Responsabilidade Fiscal, estando sujeita aos requisitos que rege a matéria para
concretizar-se.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. (...) Lei de Responsabilidade Fiscal e 3. (...) Alienação de bens.

A questão é feita em cima de um caso real que foi objeto de parecer da Procuradora Claudia
Polto da Cunha, que será a examinadora do concurso na disciplina de Direito Econômico,
Financeiro e Empresarial Público. Obviamente é sempre difícil prever o que vai cair numa prova,
ainda mais na PGE-SP em que as questões são elaboradas pelos próprios examinadores e
não pela banca organizadora. Porém, procurarei no curso inserir questões baseadas em casos
nos quais a examinadora atuou para maximizar as chances de vocês encontrarem na prova
um assunto com qual já se encontram familiarizados. Espero também que com essas questões
vocês possam conhecer mais a linha de pensamento da examinadora. Sugiro em especial aos
candidatos um estudo cuidadoso das questões econômico-financeiras que envolvem contratos
de longo prazo (o que certamente iremos explorar aqui), vez que a examinadora atuou na CPP
e domina a matéria (é possível ver as atribuições da CPP na Lei Estadual nº 11.688/04).

Boa sorte a todos e sejam bem-vindos a mais um curso CEI!

O caso trata de uma cessão de crédito, a qual, logicamente deve possuir os requisitos gerais
do Código Civil para a validade do negócio jurídico: capacidade das partes, objeto lícito,
possível, determinado e forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104). Lembrem-se também
que, conforme entendimento doutrinário, qualquer crédito pode ser objeto de cessão, desde
que a isso não se oponha a lei, a natureza da obrigação ou a convenção com o devedor.
Alguns créditos que não podem ser cedidos são aqueles oriundos de direitos personalíssimos,
vinculados a fins assistenciais, alimentícios ou sem valor patrimonial.

O crédito em exame não possui nenhuma dessas características. Cabe observar também que

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tanto o DER/SP quanto a CPP são pessoas jurídicas de direito público. Podem, assim, decidir
por si próprias os negócios jurídicos que irão realizar. Ademais, os créditos não estão afetados
a qualquer finalidade, representam simplesmente um direito patrimonial do DER/SP.

Feita essa introdução, vejamos as alternativas:

A) INCORRETA: Os créditos em questão são bens móveis, então não há necessidade


de autorização legislativa específica para a alienação, como exige o artigo 17, I, da Lei nº
8.666/93 para alienação destinada a órgãos da administração direta e entidades autárquicas
e fundacionais.

B) INCORRETA: No caso, a situação foi tida como caso de inexigibilidade de licitação. Não é
possível inserir a hipótese como dispensa de licitação pois não há enquadramento no rol taxativo
do artigo 24. Tampouco, porém, foi verificada a imprescindibilidade de licitação, já que alguns
elementos apontavam para a inviabilidade de competição. A Procuradora Claudia Polto da Cunha
observou no caso que “a cessão de crédito (...) não constitui uma alienação pura e simples -
onde o procedimento licitatório seria o meio adequado para assegurar a obtenção da proposta
mais vantajosa para a Administração – mas sim uma operação que atende, simultaneamente,
a diversos interesses e finalidades públicas perseguidas pelas partes envolvidas, não sendo
passível de compartilhamento, ao menos nos moldes aventados, com particulares alheios à
Administração (...). Outra circunstância a ser considerada é a de que a cessão em exame
importará a substituição do DER na titularidade de direitos patrimoniais atrelados a contratos
de concessão rodoviária. Com efeito, na hipótese de cessão desses direitos creditórios a um
particular, não se poderia exigir do mesmo qualquer tipo de atuação afinada com os objetivos
de política pública subjacentes ao cumprimento dos contratos de concessão correspondentes.
Não seria possível, por exemplo, a previsão de compartilhamento de informações e avaliação
conjunta dos efeitos de medidas de reequilíbrio econômico-financeiro (...)”.

C) INCORRETA: a cessão de crédito não necessita como regra da concordância do devedor,


a menos que tal esteja com ele convencionado ou a isso se oponha a natureza da obrigação
ou a lei (art. 286 do Código Civil).

D) CORRETA: A alternativa está correta. Apesar do negócio cogitado ser possível, ele deve
ocorrer em condições vantajosas para ambas as partes, já que se tratam de pessoas jurídicas
distintas. Não se poderia cogitar, assim, da aquisição dos créditos por valor acima do mercado
(o que seria um meio transverso da CPP transferir recursos ao DER) ou da aquisição por valor
menor do que sua avaliação, pois nesse caso a operação seria desvirtuada. Como observou a
examinadora em seu parecer, “o negócio em questão deve contemplar condições equitativas

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para as partes, sem enriquecimento de uma em detrimento da outra”.

E) INCORRETA: A operação não representa uma tomada de crédito. Pela definição do artigo 29
da Lei de Responsabilidade Fiscal, operação de crédito é o compromisso financeiro assumido
em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de
bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços,
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos
financeiros. No caso, o DER/SP não assumiu qualquer compromisso financeiro futuro perante
a CPP; está, em verdade, alienando seu ativo. Outrossim, sequer houve responsabilidade do
DER pela solvência das concessionárias (o que é a regra em cessão de crédito pelo artigo 296
do Código Civil).

GABARITO: D

82. Acerca da aplicação da lei de recuperação judicial para concessionárias de serviços


públicos, assinale a alternativa correta:
A) É possível o ajuizamento de pedido de recuperação judicial por concessionária
de serviço público, sendo vedado, contudo, a inclusão do poder concedente no rol
de credores da sociedade em recuperação judicial em virtude do inadimplemento
de multas administrativas aplicadas.

B) O pedido de recuperação judicial por parte de concessionária de serviço


público, apesar de possível, acarreta a caducidade da concessão, ante a prestação
inadequada do serviço e a perda das condições econômicas para manter a
adequada prestação do serviço concedido.

C) A instauração de pedido de recuperação judicial por concessionária de serviço


público depende da prévia concordância do poder concedente.

D) O regime de recuperação judicial não se aplica para concessionárias de serviço


público, dado que não é possível a repactuação de obrigações previstas em
contrato administrativo através da aprovação de um plano de recuperação judicial.

E) A aplicação do regime de recuperação judicial a contratos de parceria, como os


regimes de concessão e parceria público-privada, foi vedado pela Lei nº 13.448/16.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 20. Falência e recuperação de empresas (Lei nº 11.101/2005). Re-


cuperação judicial e extrajudicial. Aprovação do plano de recuperação judicial.
Classificação de créditos e tratamento aplicável ao crédito tributário. Principais
atribuições da assembleia geral de credores, do administrador judicial e do comitê
de credores. Hipóteses de decretação de falência.

O cabimento da recuperação judicial para concessionária de serviços públicos é tema discutido


desde o advento da lei de recuperações judiciais.

Na esfera federal, algumas legislações específicas vedam a utilização da recuperação judicial,


como é o caso da Lei nº 12.767/12 (veda no artigo 18 a recuperação judicial para concessionárias
de serviços públicos de energia elétrica) e Lei nº 13.448/17 (veda no artigo 14, § 4º, a utilização
do regime de recuperação judicial para projetos do Programa de Parcerias de Investimentos
qualificados para fins de relicitação).

Contudo, salvo vedação específica, a utilização da recuperação judicial por concessionárias


de serviço público vem sendo admitida. Tivemos nos últimos anos o caso paradigmático da
Oi. Ademais, no Estado de São Paulo uma concessionária que explora rodovias, a SPMAR,
também solicitou recuperação judicial.

A Lei nº 11.101/05 apenas aborda as concessionárias de serviços públicos no artigo 195, ao


mencionar que a falência das concessionárias de serviços públicos implicará na extinção da
concessão, da mesma forma como prevê a lei de concessões no artigo 35, VI.

Assim, se a Lei nº 11.101/05 trata da falência para concessionárias de serviço público, o


entendimento prevalecente foi de que a recuperação judicial foi permitida.

Isto posto, vejamos as especificidades das alternativas.

A) CORRETA: apesar de ser admitido o uso da recuperação judicial por concessionárias de


serviços públicos, remanesce o debate acerca da possibilidade dos créditos devidos ao poder
concedente serem inclusos no plano de recuperação. Em casos de concessões, em geral os
créditos devidos ao poder concedente correspondem a multas administrativas aplicadas por
descumprimento contratual. O caso que mais repercutiu na mídia a respeito foi o da Oi, que
incluiu multas de grande monta aplicadas pela ANATEL no rol dos créditos quirografários.

Apesar do Poder Judiciário ainda não possuir um posicionamento definitivo sobre a questão,

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a tese a ser defendida em provas para a advocacia pública é de que débitos com o poder
concedente, ainda que sem origem tributária, não devem fazer parte do plano de recuperação
judicial.

Isso porque multas administrativas, possuindo liquidez e certeza, podem ser inscritas em Dívida
Ativa e cobradas através de execução fiscal, sendo que a Lei de Execução Fiscal prevê que a
cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública “não é sujeita a concurso de credores ou
habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento” (art. 29).

B) INCORRETA: o pedido de recuperação judicial em si não acarreta a caducidade da concessão.


Eventual caducidade é decretada apenas em caso de eventual falência da sociedade, o que
pode ocorrer, por exemplo, nas hipóteses do artigo 73 da Lei nº 11.101/05, o qual trata da
convolação da recuperação judicial em falência.

Vale ressaltar, porém, que eventual pedido de recuperação judicial não inibe que o poder
concedente instaure processo para apurar eventual caducidade da concessão, caso presente
alguma causa prevista no artigo 38, § 1º, da Lei nº 8.987/95.

C) INCORRETA: não há previsão de concordância prévia do poder concedente para o pedido


de recuperação judicial. Ademais, se previsão semelhante fosse estipulada contratualmente,
provavelmente seria tida como nula pelo Poder Judiciário por violação ao artigo 5º, inciso
XXXV, da Constituição Federal, entendimento que já vem sendo adotado para disposições
semelhantes contidas em contratos firmados com financiadores privados.

D) INCORRETA: conforme salientado na introdução do assunto, é possível a utilização do


regime de recuperação judicial por concessionária de serviço público.

E) INCORRETA: importe notar que a Lei nº 13.448/17 vedou a recuperação judicial apenas
para contratos de parceria qualificados para fins de relicitação, conforme regramento trazido
na própria lei. Contratos de concessão que não se inserirem em tal regime não entram na
vedação, como é o caso dos contratos do Estado de São Paulo.

GABARITO: A

83. Acerca do Novo Regime Fiscal instituído pela Emenda Constitucional n. 95/2016,
assinale a alternativa incorreta:
A) Suponha que o Poder Executivo Federal deseje efetuar despesas de capital
em um determinado exercício em patamar que ultrapasse o gasto com despesas

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da mesma categoria do exercício anterior, já corrigidas pelo IPCA, e também


que as despesas correntes, por sua vez, não ultrapassem aquelas do exercício
anterior, também corrigidas pelo IPCA. Nessa situação, não haverá violação ao
limite de despesas previsto no artigo 107 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, já que o limite foi instituído para conter gastos correntes e não
despesas voltadas a investimentos.

B) No exercício fiscal de 2019 o Poder Executivo ainda poderá compensar com


redução equivalente em sua despesa primária excesso de despesas primárias em
relação ao limite de gastos em que incorrerem os demais poderes.

C) Eventual despesa com aumento de capital da União no Banco do Brasil ou na


Petrobras não se inclui na base de cálculo e nos limites estabelecidos no Novo
Regime Fiscal.

D) O limite de despesas foi instituído de maneira individualizada para os órgãos


que compõem os poderes da União, além do Ministério Público da União, Conselho
Nacional do Ministério Público e Defensoria Pública da União. Assim, a menos que
a lei de diretrizes orçamentárias preveja critérios de compensação entre órgãos de
um mesmo poder, não pode, por exemplo, o Superior Tribunal de Justiça descumprir
de forma individualizada o limite de gastos, ainda que o Poder Judiciário Federal
como um todo não ultrapasse o limite.

E) Descumprido o teto de gastos por determinado órgão, inexiste vedação para


a realização de concurso público para reposição de servidores que pediram
exoneração do cargo no referido órgão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: a PEC do chamado “Teto de Gastos” foi publicada posteriormente


ao último edital, sendo provavelmente tema constante do próximo edital. Trata-se
de uma novidade que impactará sensivelmente as regras fiscais nacionais, razão
pela qual optamos por abordá-la.

A questão trata da chamada PEC do “Teto de Gastos”, instituída pela Emenda Constitucional
nº 95/2016.

Pela sistemática do teto de gastos, todo ano (exercício financeiro), a despesa primária de cada

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um dos poderes na esfera federal (Executivo, Judiciário e Legislativo) e também do Ministério


Público da União e Defensoria Pública da União não deve superar as despesas do exercício
anterior, corrigidas pela variação do IPCA dos doze meses anteriores (contados de julho a
junho do exercício anterior a que se refere a lei orçamentárias). Os Estados e Municípios não
estão abarcados pelo regime.

Assim, a despesa primária do exercício de 2018 da União não deve superar a despesa primária
do exercício de 2017, corrigida pela variação do IPCA de julho de 2016 a junho de 2017.
Tal regramento consta do artigo 107, caput e § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.

O teto não abrange todas as despesas primárias, incluindo assim tanto as despesas correntes
quanto as despesas de capital. Por essa razão a alternativa A se encontra incorreta, devendo
ser aquela assinalada.

Outrossim, vale observar que o limite se aplica tanto às despesas totais de cada poder quanto
a cada órgão. Assim, por exemplo, no âmbito do Poder Judiciário, o limite deve ser respeitado
de maneira individualizada pelos seguintes órgãos: Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça, da Justiça do Trabalho, da Justiça Federal,
da Justiça Militar da União, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Distrito Federal e Territórios,
no âmbito do Poder Judiciário. Assim, a alternativa D se encontra correta. No entanto, pode a
lei de diretrizes orçamentárias prever a compensação entre os órgãos de cada poder, desde
que a soma da despesa dos órgãos que compõem o poder não ultrapasso o teto (art. 107, §
9º, ADCT).

Nos três primeiros exercícios de vigência do teto pode o poder executivo compensar, com
redução equivalente na sua despesa, o excesso de despesas em outros poderes (art. 107, §
7º, ADCT). Logo, em 2019 essa regra ainda estará válida, de modo que a alternativa B está
correta.

Apenas não se incluem na base de cálculo e nos limites previstos, para o cálculo do teto
de despesas: (i) as transferências constitucionais obrigatórias; (ii) as despesas com a polícia
civil, militar e corpo de bombeiros do Distrito Federal; (iii) as complementações necessárias
ao fundo nacional da educação básica; (iv) os créditos extraordinários; (v) as despesas não
recorrentes da Justiça Eleitoral para realização de eleições e (vi) as despesas com aumento
de capital de empresas estatais não dependentes (art. 107, § 6º, ADCT). Dado que o Banco
do Brasil e a Petrobras classificam-se como empresas estatais não dependentes (pois não
recebem recursos do ente controlador para pagamento de despesas com pessoal, custeio ou

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de capital), é possível que eventual aumento de participação acionária dessas empresas não
seja computado no limite de gastos. Por tal razão, a alternativa C também está correta.

Sobre as punições em virtude do descumprimento do Teto de Gastos, o artigo 109 do ADCT


traz as seguintes vedações para o Poder Executivo ou para o órgão que descumprir o limite:

I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajuste ou adequação


de remuneração de membros de Poder ou de órgão, de servidores e empregados
públicos e militares, exceto dos derivados de sentença judicial transitada em julgado
ou de determinação legal decorrente de atos anteriores à entrada em vigor desta
Emenda Constitucional;

II - criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições


de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas
decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios;

V - realização de concurso público, exceto para as reposições de vacâncias previstas


no inciso IV;

VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de


representação ou benefícios de qualquer natureza em favor de membros de Poder,
do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de servidores e empregados
públicos e militares;

VII - criação de despesa obrigatória; e

VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da


variação da inflação, observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso
IV do caput do art. 7º da Constituição Federal.

Em relação a concursos públicos, é possível a realização, desde que voltados para a reposição
de vacâncias. Assim, dado que a exoneração é uma hipótese de vacância, a alternativa E
também está correta.

GABARITO: A

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84. Suponha que uma nova linha de trem será construída pelo poder público estadual
através de um contrato de parceria público-privada e, como consequência, sua
implantação trará uma valorização aos imóveis localizados próximos às estações. Nesse
cenário, assinale a alternativa que descreve corretamente a utilização de um mecanismo
que capture a valorização imobiliária decorrente do projeto:
A) A contribuição de melhoria poderia ser instituída para fazer face ao custo da
obra, de modo que o poder público utilize o tributo arrecadado para pagar as
contraprestações públicas devidas ao concessionário. Para determinação da
contribuição que cada beneficiário deverá pagar, o custo da obra deve ser dividido
pelos proprietários dos imóveis beneficiados pela construção.

B) A contribuição de melhoria poderia ser instituída para fazer face ao custo da


obra, contudo, por sua base de cálculo estar atrelada à valorização individual
dos imóveis, a cobrança somente poderia ser feita no momento da alienação dos
imóveis beneficiados.

C) As desapropriações necessárias à obra não precisam ficar necessariamente


limitadas aos imóveis nos quais o empreendimento será implantado; é possível
desapropriar igualmente as zonas que se valorizarem extraordinariamente para
posterior revenda.

D) Caso a obra faça parte de uma operação urbana consorciada, o Estado poderá
emitir certificados de potencial adicional de construção, a serem alienados pelo
concessionária, de forma a permitir que os respectivos adquirentes os utilizem
na construção de áreas que superem os padrões estabelecidos pela legislação de
uso e ocupação do solo.

E) Segundo entendimento do STJ, com uma valorização geral dos imóveis


desapropriados, é possível abater, do cálculo da indenização, a valorização
experimentada pela área remanescente não desapropriada.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12. Alternativas de captação de recursos pelo concessionário para


financiar investimentos em concessão.

A) INCORRETA: a contribuição de melhoria vem prevista nos artigos 81 e 82 do CTN,

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podendo ser instituída “para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária”. Constitui-se, assim, de um mecanismo para capturar valorização imobiliária dos
imóveis beneficiados. Contudo, o uso da contribuição de melhoria foi questionado com muito
sucesso nos tribunais, pois as principais experiências brasileiras desrespeitaram premissas
que o judiciário acabou acolhendo, quais sejam: (i) a base de cálculo não pode corresponder
ao custo da obra, devendo ter por base a valorização imobiliária decorrente da obra (confiram
no âmbito do STF o RE nº 114.069 e o AI nº 694.836); e (ii) a comprovação da valorização
imobiliária compete à própria administração tributária (Cf. STJ/AgRg no AREsp nº 539760). No
caso específico, não seria possível que o custo da obra fosse simplesmente repartido entre os
proprietários beneficiados via contribuição de melhoria; a base de cálculo deveria corresponder
à valorização imobiliária dos imóveis próximos às estações.

B) INCORRETA: Conforme alternativa A, a base de cálculo da contribuição de melhoria deve


corresponder à valorização imobiliária dos imóveis, seguindo jurisprudência pacífica dos
tribunais superiores nesse sentido. Isso não significa, contudo, que a valorização apenas
ocorra no momento da venda do bem. Com a conclusão da obra (ou antes mesmo disso) o
valor dos imóveis beneficiados já sofre um incremento, o que permite a instituição da exação
antes da alienação dos bens.

C) CORRETA: a chamada desapropriação por zona, apesar de não comumente utilizada,


está prevista no artigo 4º do Decreto-lei nº 3.365/41: “a desapropriação poderá abranger a
área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se
valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer
caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as
indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda”. Ou seja, conforme
previsão legal, seria possível que a desapropriação não se limitasse à região em que as linhas
seriam construídas, abrangendo também as zonas beneficiadas pela obra, para posterior
revenda, desde que a declaração de utilidade pública contivesse tal discriminação.

D) INCORRETA: outro mecanismo que permite a captação de valorização imobiliária em


decorrência de projetos é através da emissão dos chamados CEPAC’s (certificados de potencial
adicional de construção). A previsão está contida no Estatuto da Cidade. No caso de operações
urbanas consorciadas (que são o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder
Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e
investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas
estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental – art. 32, § 1º, da Lei nº 10.257/01)
pode o Município emitir uma quantidade determinada de certificados de potencial adicional de

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construção, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no pagamento das obras
necessárias à própria operação (art. 34 da Lei nº 10.257/01). A resposta está incorreta pois se
trata de um mecanismo municipal, que deve ser usado em consonância com a lei específica
que aprovar a operação urbana.

E) INCORRETA: O Superior Tribunal de Justiça possui interessante julgado que sistematiza as


opções descritas na questão. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO. PRESCRIÇÃO


AQUISITIVADE PARTE DO IMÓVEL. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL.
DECRETO ESTADUAL Nº 4.471/94. JUROS COMPENSATÓRIOS. TERMO
INICIAL. VALORIZAÇÃO DA ÁREA REMANESCENTE. ABATIMENTO. ART. 27 DO
DECRETO-LEI 3.365/41.

(...)

3. Na desapropriação, direta ou indireta, quando há valorização da área remanescente


não desapropriada em decorrência de obra ou serviço público, dispõe o Estado de
três instrumentos legais para evitar que a mais valia, decorrente da iniciativa estatal,
locuplete sem justa causa o patrimônio de um ou de poucos: a desapropriação
por zona ou extensiva, a cobrança de contribuição de melhoria e o abatimento
proporcional, na indenização a ser paga, da valorização trazida ao imóvel.

4. A valorização imobiliária decorrente da obra ou serviço público pode ser geral,


quando beneficia indistintamente um grupo considerável de administrados, ou
especial, que ocorre quando o benefício se restringe a um ou alguns particulares
identificados ou, pelo menos, identificáveis.

5. A mais valia geral subdivide-se em ordinária e extraordinária. A primeira tem


lugar quando todos os imóveis lindeiros à obra pública se valorizam em proporção
semelhante. A segunda, diferentemente, toma parte quando algum ou alguns
imóveis se valorizam mais que outros, atingidos pela mais valia ordinária.

6. Na hipótese de valorização geral ordinária, dispõe o Poder Público da contribuição


de melhoria como instrumento legal apto a “diluir”, entre os proprietários beneficiados
com a obra, o custo de sua realização.

7. No caso de valorização geral extraordinária, pode o Estado valer-se da


desapropriação por zona ou extensiva, prevista no art. 4º do Decreto-Lei 3.365/41.
Havendo valorização exorbitante de uma área, pode o Estado incluí-la no plano

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de desapropriação e, com a revenda futura dos imóveis ali abrangidos, socializar


o benefício a toda coletividade, evitando que apenas um ou alguns proprietários
venham a ser beneficiados com a extraordinária mais valia.

8. Por fim, tratando-se de valorização específica, e somente nessa hipótese, poderá


o Estado abater, do valor a ser indenizado, a valorização experimentada pela área
remanescente, não desapropriada, nos termos do art. 27 do Decreto-Lei 3.365/41.

Ou seja, segundo a classificação do STJ, o abatimento do valor da indenização da área


desapropriada, em virtude da valorização da área remanescente, somente pode se dar no
caso de valorização específica, e não valorização geral como apontou a alternativa.

GABARITO: C

85. Sobre o uso da arbitragem e mecanismos alternativos de resolução de litígios no


setor público, considere as seguintes assertivas:
I – Com o fim de atrair investidores internacionais, pode o poder público
comprometer-se a dirimir controvérsias por meio de arbitragem internacional
realizada no exterior.

II – Dado que o regime de direito privado é aplicável apenas às empresas públicas


e sociedades de economia mista no âmbito da organização estatal, as autarquias
não podem se valer da arbitragem nos seus contratos como meio de resolução de
disputas.

III – A fim de evitar conflitos de interesses, nos casos em que um advogado público
tiver oficiado na defesa de um órgão público, não deve ser responsável pela
mediação em câmara de mediação da administração pública.

A) Apenas II.

B) II e III.

C) I e III.

D) Apenas III.

E) Nenhuma das alternativas.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. (...) Utilização de mecanismos alternativos de solução de dispu-


tas. Arbitragem institucional e ad hoc.

Apesar da lei de concessões e, mais recentemente, a Lei nº 13.129/2015 deixarem claro a


possibilidade de utilização da arbitragem nos contratos públicos, há previsão expressa de
que, sendo parte a administração pública, a arbitragem deve ser realizada no Brasil e em
língua portuguesa (art. 23-A da Lei nº 8.987/95, também repetido pelo artigo 31, § 3º, da Lei
nº 13.448/17).

Outrossim, o uso da arbitragem não é restrito aos entes estatais que estejam sob regime de
direito privado. Pode a administração direta e indireta utilizar-se da arbitragem, desde que o
litígio diga respeito a direitos patrimoniais disponíveis.

Por fim, a Lei nº 13.140/15 prevê no artigo 32 que a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no
âmbito dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com competência para (i)
dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; (ii) avaliar a admissibilidade
dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre
particular e pessoa jurídica de direito público; e (iii) promover, quando couber, a celebração
de termo de ajustamento de conduta. Ou seja, quando devidamente instalada, a câmara do
Estado de São Paulo passará a funcionar no âmbito da PGE-SP. Ocorre que, caso um membro
da carreira esteja atuando na defesa de um órgão público em caso submetido à câmara,
a doutrina recomenda que outro membro conduza a conciliação, a fim de evitar conflito de
interesses.

Assim, somente a assertiva III encontra-se correta.

GABARITO: D

86. Acerca da prática de condutas anticoncorrenciais em licitações públicas, assinale a


alternativa correta:
A) A permissão para formação de consórcios, por parte do edital de licitação, inibe
que seja caracterizada conduta anticompetitiva vedada pela legislação antitruste,
ante o permissivo para a união de sociedades distintas no certame.

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B) A formação de consórcio com o intuito de dividir o mercado ou suprimir propostas,


por empresas que, de outra forma, teriam capacidade técnica ou financeira para,
isoladamente, prestarem o serviço e/ou fornecerem o produto licitado, caracteriza
infração à ordem econômica.

C) Quanto mais concentrado o mercado, mais dificuldades terão as empresas


integrantes do mercado para coordenar um comportamento colusivo.

D) A frequência de interações entre os participantes é fator que dificulta a formação


de um cartel.

E) A limitação do número de itens que cada participante pode ganhar não pode ser
inserida em um edital de licitação, por restringir a participação no certame.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Legislação antitruste. Abuso de poder econômico e dominação


dos mercados. Estrutura básica do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
Aspectos gerais sobre controle dos atos de concentração e punição de condutas
anticoncorrenciais.

A) INCORRETA: As estratégias para formar acordos colusivos em licitações públicas não


seguem um padrão único, podendo assumir variadas formas, inclusive mediante a utilização
de institutos formalmente legais, tais como o consórcio. Vejamos, por exemplo, o que o CADE
pontuou no caso da Lava-Jato (Inquérito Administrativo nº 08700.009125/2014-23):

“A título de exemplo as estratégias de divisão do mercado e supressão de propostas


podem ser implementadas por intermédio da formação de consórcios nas licitações:
empresas que teriam capacidade técnica e financeira para, isoladamente, prestarem
o serviço e/ou fornecerem o produto licitado, decidem formar consórcio. Assim,
tais consórcios “de fachada” reduzem a competitividade do certame – haja vistas
que potenciais concorrentes suprimem suas propostas individuais, pois passam
a ser parte integrante do consórcio – e alocam as parcelas do objeto licitado às
consorciadas, o que constitui, ao fim e ao cabo, na partilha do mercado entre tais
empresas.

Tal entendimento não significa que o disposto no artigo 33 da Lei nº 8.666/93 –


que traz autorização legal para constituição de consórcios em licitações públicas –

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implica necessariamente uma inequívoca ameaça à competitividade nos certames.


Apenas se quer, aqui, enfatizar que tal instituto – uma espécie de associação entre
empresas – contém potenciais riscos para a dinâmica concorrencial das licitações
públicas”.

A afirmativa se encontra errada, portanto, já que o consórcio pode ser um instrumento para a
prática de conduta anticompetitiva se for um meio para que empresas que pudessem concorrer
entre si se locupletem indevidamente. Para o consórcio ser aceito como lícito, assim, é essencial
que sua formação traga um ganho de eficiência para os participantes.

B) CORRETA: alternativa correta, pelos fundamentos expostos acima. Vale lembrar que as
infrações contra a ordem econômica estão previstas no artigo 36 da Lei nº 12.529/11.

C e D) INCORRETAS: em geral a formação de carteis é facilitada pelo maior contato entre


seus membros e pela dificuldade de competidores externos minarem a atuação do cartel. Por
isso, características facilitadoras do conluio comumente citadas são as seguintes: (i) grau de
concentração do mercado (quanto mais concentrado mais fácil a formação do cartel); (ii) barreiras
à entrada (quanto mais difícil entrar no mercado mais difícil é atrapalhar o funcionamento
do cartel); (iii) transparência da atuação dos membros do cartel (quanto mais os membros
puderem se monitorar mais fácil garantir a perpetuação do acordo); (iv) existência de contatos
frequentes entre as empresas (quanto mais contato mais fácil chegar num consenso).

E) INCORRETA: como forma de garantir a competição futura entre os diversos contratados,


e evitar uma concentração indevida do mercado em um único agente, é possível inserir uma
limitação ao número máximo de itens que um mesmo licitante pode ganhar. Vide, por exemplo,
as últimas concessões para exploração de aeroportos federais, nos quais não era possível que
um mesmo competidor ganhasse todos os aeroportos em disputa.

GABARITO: B

87. Com relação aos indicadores fiscais do setor público, assinale a alternativa correta:

A) Ente da federação que ultrapassar o limite da dívida consolidada não poderá


obter crédito para refinanciar a própria dívida.

B) Inexiste obrigatoriedade legal para fixação de metas de resultado nominal e


primário, os quais são divulgados pelo poder público apenas como forma de
exteriorizar à sociedade a política fiscal adotada.

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C) A Dívida Bruta do Governo Geral não inclui o resultado dos Estados.

D) Caso o país apresente superávit primário, então não haverá necessidade de


financiamento de setor público.

E) Caso o país apresente crescimento econômico com crescimento real da


arrecadação e o limite de gastos instituído no Novo Regime Fiscal seja observado,
então haverá uma diminuição relativa do deficit primário (ou aumento do superavit
primário) do setor público em relação ao produto interno bruto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. (...) Conceito de gestão fiscal responsável e equilíbrio orçamen-


tário. (...) Indicadores de solvência do setor público. Política monetária e fiscal.

A) INCORRETA: o limite global para o montante da dívida consolidada da União, Estados e


Municípios é estabelecido pelo Senado Federal, conforme previsão do inciso VI do artigo 52
da Constituição Federal. A Lei de Responsabilidade Fiscal, por sua vez, prevê que, caso a
dívida consolidada de um ente da Federação ultrapasse “o respectivo limite ao final de um
quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo
o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro” (art. 31). Enquanto
perdurar o excesso estará proibida a realização de operação crédito interna ou externa,
inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da
dívida mobiliária (art. 31, § 1º, I, LRF). Ou seja, a vedação a novas operações de crédito não
abrange o refinanciamento da dívida já existente.

B) INCORRETA: o artigo 4º, § 1º, da LRF prevê que integrará o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, no qual serão estabelecidas metas anuais, em
valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário
e montante da dívida pública. Assim, apesar do valor da meta ser ponto afeto à política fiscal
de cada governo, é obrigatória a previsão de uma meta no Anexo de Metas Fiscais da LDO.

C) INCORRETA: Neste ponto, vale lembrar que indicadores fiscais são medidas de evolução
das finanças do setor público que permitem avaliar o desempenho fiscal de um país ao longo
do tempo. Os principais indicadores são o resultado nominal, resultado primário, a dívida bruta
e a dívida líquida.

O resultado nominal é o conceito fiscal mais amplo e representa a diferença entre o fluxo

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agregado de receitas totais (inclusive de aplicações financeiras) e de despesas totais (inclusive


despesas com juros), num determinado período. Ou seja, é basicamente a diferença entre
tudo que o governo arrecada e gasta, incluindo os gastos com juros.

O resultado primário corresponde ao resultado nominal excluída a parcela referente aos juros.
É a diferença entre a receita e a despesa, sem computar na despesa os gastos com juros.

Dessa forma, o resultado primário evidencia o esforço fiscal feito pelo setor público para o
pagamento da dívida.

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), indicador fiscal muito utilizado para efeitos de
comparação internacional, abrange o total das dívidas de responsabilidade dos governos
federal, estaduais e municipais (incluindo administração direta e indireta e INSS) junto ao setor
privado, ao setor público financeiro, ao Banco Central e ao resto do mundo.

A Dívida Líquida do Governo Geral (DLGG) é o balanço entre o total de créditos e débitos dos
governos federal, estaduais e municipais.

D) INCORRETA: como explicado acima, o resultado primário não inclui o pagamento de


juros. Assim, mesmo que haja superávit primário, é possível que, adicionado o pagamento
de juros, o setor público encerre o exercício em déficit nominal. Havendo déficit, permanece a
necessidade de financiamento.

E) CORRETA: a alternativa está correta, sendo essa a principal função da instituição do


teto de gastos. Reparem que, em caso de crescimento econômico com crescimento real da
arrecadação, a receita arrecadada pelo setor público supera a do exercício anterior corrigida
monetariamente. Como há um crescimento real da receita e a despesa fica limitada à variação
da inflação, então o resultado primário, ao menos em termos relativos ao produto interno bruto,
apresenta necessariamente uma melhora, o que ao longo do tempo conduz à diminuição da
Dívida Bruta do Governo Geral quando comparada ao PIB.

GABARITO: E

88. Considere as seguintes fontes de financiamento disponíveis para as empresas a


seguir:
I) Empresa A: financiamento dos próprios acionistas, no montante de 100 milhões
com taxa de 16% ao ano; e financiamento em linha subsidiada de banco público de
300 milhões e taxa de 10% ao ano;

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II) Empresa B: captação de 400 milhões via emissão de debêntures com taxa de
remuneração de 12% ao ano.

Nesse cenário:

A) O custo de capital da empresa A é maior do que da empresa B.

B) O custo de capital de ambas as empresas é igual.

C) O custo de capital da empresa B é maior do que da empresa A.

D) Um projeto que apresentasse retorno de 13% ao ano não despertaria o interesse


para fins de investimento pelos acionistas da empresa A.

E) A redução da linha de financiamento da empresa A para 200 milhões diminuiria


seu custo de capital.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12. (...) custo de capital.

O custo de capital deve ser calculado a partir de todas as fontes de recursos disponíveis para
uma determinada sociedade, ou seja, tanto o custo do capital próprio quanto o de terceiros
deve ser levado em conta na equação. Para o cálculo do custo de capital, utiliza-se uma média
ponderada.

No caso tratado, a empresa A possui um quarto do seu capital a um custo de 16% ao ano, e
três quartos a um custo de 10% ao ano. Assim, seu custo de capital é de:

(16% * 0.25) + (10% * 0.75) = 11.5%

A empresa B possui uma única fonte de financiamento no importe de 12% ao ano, o que
equivale então ao seu custo de capital total. Assim, a alternativa correta é a que diz que o custo
de capital da empresa B é maior.

A alternativa D está errada pois o fato do projeto render apenas 13% não significa que não
haja interesse por parte dos acionistas da empresa A. Como o rendimento supera o seu custo
de capital, a empresa poderia pagar a linha de financiamento com a taxa exigida pelo banco e
ainda remunerar seus acionistas, pelo capital próprio investido, em patamar acima do retorno
mínimo por eles exigido.

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Finalmmente, a alternativa E está errada pois uma diminuição do montante disponível de um


capital que apresenta remuneração mais baixa que os demais acarreta o aumento do custo de
capital, e não sua diminuição.

GABARITO: C

89. São requisitos para a aplicação da doutrina da facilidade ou instalação essencial


(essential facility), exceto:
A) O controle da facilidade por um monopolista, oligopolista ou detentor de posição
dominante no mercado.

B) A impossibilidade do competidor duplicar a facilidade a um custo razoável.

C) A negativa do uso da facilidade para o competidor ou imposição de severas


dificuldades para o seu uso.

D) A possibilidade de se permitir o uso da facilidade.

E) A gratuidade na permissão do uso da facilidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Doutrina da instalação essencial (essential facility).

A doutrina dos insumos essenciais teve sua origem nos Estados Unidos e foi estendida à
prática antitruste de outros países, incluindo o Brasil.

Pela teoria, aquele que tenha posição dominante no mercado e que possua uma instalação
ou insumo essencial é obrigado a prover acesso e uso daquele insumo/instalação a seus
competidores, a menos que existam condições específicas para a negativa.

Os requisitos para que se caracterize uma prática anticompetitiva e abuso do poder econômico
são todos aqueles descritos nas alternativas, com exceção da alternativa E.

Com efeito, para a aplicação da doutrina não se faz necessário que a facilidade seja
compartilhada de modo gratuito. O detentor de posição dominante no mercado pode cobrar
pelo seu acesso, contando que não o faça de maneira discriminatória a seus concorrentes.

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GABARITO: E

90. Sobre os estágios de execução da despesa pública, assinale a alternativa correta:


A) Em um contrato executado por 15 (quinze) meses, com pagamento mensal, o
empenho é realizado a cada mês.

B) O empenho deve corresponder exatamente à despesa futura, não podendo ser


feito por estimativa.

C) Desde que previsto no cronograma de pagamentos contratuais, é admitido o


pagamento de sinal ao contratado, para início da execução contratual.

D) A nota de empenho deve necessariamente ser acompanhada de instrumento


contratual.

E) Quando da liquidação, e não do pagamento, deve o servidor certificar-se que a


obrigação foi adequadamente cumprida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. Normas gerais sobre direito financeiro (Lei federal nº 4.320/64) e
5. Regime jurídico da despesa pública;

Lembremos que, na execução da despesa pública existem três etapas: (i) o empenho; (ii) a
liquidação; (iii) e o pagamento.

O empenho é o ato que cria para o Estado a obrigação de pagamento, pendente ou não de
implemento de condição (art. 58 da Lei nº 4.320/64).

A liquidação, por sua vez, consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, a qual tem
por objetivo apurar: a origem e o pagamento do que se deve pagar, a importância exata a pagar
e a quem se deve pagar a importância (art. 63, caput e § 1º da Lei nº 4.320/64). Vale ainda
ressaltar que a liquidação também deve ter por base o contrato, ajuste ou acordo respectivo; a
nota de empenho e os comprovantes da entrega do material ou da prestação efetiva do serviço
(art. 63, § 2º, da Lei nº 4.320/64).

Finalmente, com o pagamento ocorre derradeiramente o recebimento do numerário por parte


do credor. Com essa recordação, vejamos em detalhes as alternativas:

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A) INCORRETA: o fato do pagamento ser feito mensalmente não significa que o empenho
também deva ser mensal. Ao contrário, o empenho é feito uma única vez e deve englobar
a totalidade do crédito do contratado. Vale lembrar que o empenho é classificado em três
categorias. O empenho ordinário ocorre nos casos em que o montante a ser pago futuramente
é conhecido e o pagamento deve ser feito apenas uma única vez. O empenho global destina-
se aos casos em que o montante também é conhecido, mas o pagamento será feito por etapas,
como é o caso da alternativa. Finalmente, há o empenho por estimativa, o qual é feito nas
hipóteses em que o montante não pode ser devidamente determinado (art. 60, § 2º, da Lei nº
4.320/64). Os casos clássicos dizem respeito às despesas com água, energia elétrica, telefone
etc.

B) INCORRETA: como explanado acima, o empenho pode se dar por estimativa, conforme
expressa previsão legal.

C) INCORRETA: o pagamento é feito somente após a liquidação, momento em que se verifica


que a obrigação contratada foi efetivamente cumprida. Portanto, a lei orçamentária não permite
pagamento antecipado nem adiantamento de quantias a título de sinal.

D) INCORRETA: apesar de toda despesa contratual ser necessariamente empenhada, com a


emissão da nota de empenho, indicando o nome do credor, a representação e a importância
da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria (art. 61), o artigo 62 e
seu § 4º da Lei nº 8.666/93 permitem que o instrumento contratual seja substituído por outros
instrumentos hábeis, entre os quais a nota de empenho nos casos de convite e compras com
entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras.

E) CORRETA: Com efeito, é na liquidação que ocorre a verificação da efetiva entrega do


material (em caso de compras) ou adequada prestação do serviço. O pagamento será
executado somente após tal verificação.

GABARITO: E

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