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No canto III Ulisses é outra vez reconhecido, desta vez pelos anciãos troianos,
como um indivíduo bastante inteligente e impossível de se rivalizar, embora o seu aspeto
não fosse muito intimidador à primeira vista (Il, III, 203-224). Também neste canto é
respondido por Helena a um dos anciãos sobre Ajax, em que a sua superioridade não é
atribuída à arte do discurso mas sim à guerra sendo indicado como um grande guerreiro
(Il, III, 225-230).
Outro modo em que se verifica o destaque de um indivíduo, sem ser pela sua
posição hierárquica nos gregos é no canto IV em que Diomedes se destaca somente pelas
suas acções na batalha que se desenrola neste canto.
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
História da Antiguidade Clássica
Docente: Amílcar Guerra
João Castanheira, nº49118.
No canto IX observa-se novamente outro indivíduo, Trasimedes, que é tido em
grande consideração na assembleia dos gregos devido aos seus conselhos, e que por isto,
é seguido sem ser contestado (Il, IX, 64-85). É também neste mesmo canto que
Agamémnon, demonstra o seu poder a partir das exorbitantes oferendas que este apresenta
a Aquiles para o apaziguar na esperança de que este volte para a guerra com o seu exército,
os Mirmidões. Embora Agamémnon não vá directamente a Aquiles é possível perceber
que embora o Atrida seja o líder das forças gregas, Aquiles e o seu exército a nível militar
detêm um grande poder na situação dos gregos na batalha contra os troianos.
Algo que ainda se verifica no final no canto X e que se destaca nos momentos de
batalha durante a Ilíada, é que os indivíduos conhecedores de medicina apresentam-se
como elementos bastante importantes durante e após as batalhas pelos soldados (Il, X,
828-836).
Ainda neste canto, marcado pela invasão dos troianos aos campos gregos, é
possível verificar-se a mentalidade dos homens ricos, detentores de poder, do exército
grego em que estes vêm como sua responsabilidade para com os que os seguiam estarem
em destaque na batalha ou seja colocarem-se na dianteira nesta altura de dificuldades para
o exército grego (Il, XII, 310-328).
Mais uma vez verifica-se, no canto XIV, na assembleia grega os conselhos dados
não por grandes soberanos como Agamémnon e Menelau, homens de poder, mas por
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
História da Antiguidade Clássica
Docente: Amílcar Guerra
João Castanheira, nº49118.
Diomedes que anteriormente ganhou mérito devido das suas acções na guerra (Batalha
presente no canto IV), que apresenta perante Agamémnon e os presentes os seus
concelhos que são recebidos e obedecidos sem serem questionados (Il, XIV, 109-133).
Neste período da obra, canto XVI, Aquiles e o seu exército continuam ausentes
da batalha. É nesta altura que Pátroclo vem suplicar a Aquiles que este pusesse de lado a
sua cólera e desse auxílio ao exército romano. Tendo em conta as várias tentativas ao
longo da obra para que Aquiles retomasse o seu lugar na guerra conclui-se que embora
Agamémnon seja o líder do exército grego, Aquiles e os Mirmidões detêm um grande
poder militar que é visto por grande parte dos gregos como essencial para derrotar os
troianos, tornando-se evidente neste canto pela suplica de Pátroclo que leva Aquiles a
concordar emprestar-lhe as suas armas (Il, XVI, 30-45).
No canto XIX, mais uma vez Agamémnon por Aquiles regressar à guerra,
demonstra os seus poderes ao restituir todos os dons antes retirados ao Pelida, entre eles
Briseida, juntamente com os que antes tinha recusado como incentivo para este regressar
à guerra e no processo Aquiles admite que apenas Agamémnon possui o poder de restituir
ou dar dons como ele bem entender (Il, XIX, 146-153).
Ainda neste mesmo canto volta-se a afirmar o poder de conselheiro que Ulisses
possui perante figuras como Agamémnon e Aquiles em que o seu conselho é ouvido e
seguido embora mais uma vez Agamémnon decida usar a sua autoridade para impor as
suas próprias condições e os conselhos de Ulisses (Il, XIX, 154-183).