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Intensivo Revisão

História Antiga
01. d Com a chamada Revolução Neolítica começava o lento processo de transição dos grupos
humanos da condição de predadores (caçadores e coletores) à de produtores (pastores e
agricultores), tornando possível sua sedentarização e simbolizando seu crescente poder
de intervenção sobre a natureza.
02. b Não só no Brasil a sedentarização é consequência do desenvolvimento da agricultura, que
permitiu a povos nômades fixarem-se em locais onde pudessem praticá-la. A agricultura
acaba por gerar excedentes e, a partir deles, desenvolver o artesanato – que, num primeiro
momento, visava armazenar a produção (em vasos de cerâmica, por exemplo). Nota-se tam-
bém o desenvolvimento das habitações, que agora deveriam ser mais resistentes, já que
não há mais a necessidade de constantes mudanças em busca de alimentos. Ainda assim,
no Brasil, as tribos que praticavam a agricultura não se sedentarizaram totalmente, perma-
necendo semissedentárias.
03. d A imagem ilustra uma passagem essencial das crenças fúnebres egípcias: o momento da
pesagem do coração do morto (sede corpórea de seu espírito, o Ka) junto a uma pluma; sua
pureza o faria leve, franqueando-lhe a vida eterna. Trata-se do famoso “julgamento de Osíris”.
04. c O autor do texto contesta a interpretação de que a centralização do poder nas mãos de uma
dinastia, no Egito, deu-se em função das necessidades agrícolas.
05. a) Como a maioria das civilizações que floresceram na Antiguidade Oriental, do ponto de vista
político, havia na Babilônia um regime teocrático no qual os governantes eram identificados às
divindades e exerciam um poder absoluto sobre a sociedade, principalmente por intermédio do
controle dos sistemas de regadio. Nestes termos, o discurso religioso se prestava como legiti-
mador do exercício do poder dos governantes sobre a sociedade.
b) A região mesopotâmica, na época da descoberta do “Código de Hamurabi”, fazia parte do
debilitado Império Turco. Nesse momento, as potências industriais do Ocidente europeu exer-
ciam um virtual controle político e econômico sobre essas regiões, tendo ocorrido uma efetiva
partilha dos bens culturais dessas civilizações antigas entre os Estados colonialistas, conforme
atestam os acervos do Museu do Louvre, na França, do Museu Etnográfico, em Berlim, e do
Museu Britânico.
06. b A Ilíada, atribuída a Homero, pode estar associada, entre outros aspectos, ao processo de
expansão mercantil grego e aos conflitos que tal processo possa ter originado na região.
07. c O texto destaca o aspecto cerimonial dos Jogos Olímpicos, celebrados entre os séculos VIII a.C.
e IV d.C., no santuário de Zeus, em Olímpia (norte do Peloponeso). Além da competição
esportiva propriamente dita, os jogos tinham um claro sentido religioso, simbolizando os
vínculos culturais entre as cidades-estado.
08. b O autor ressalta a singularidade do regime político ateniense, especialmente por volta do
século V a.C., no qual foi estabelecida a igualdade jurídica entre todos os cidadãos.
09. e A democracia ateniense somente foi possível, em certa medida, devido à existência de um
sistema escravista, que permitia ao cidadão a dedicação exclusiva às atividades políticas
e intelectuais.
10. a As cidades-estado gregas e romanas apresentavam uma estrutura política muito semelhante.
Geralmente, possuíam uma assembleia (Ápela, em Esparta; Ágora, em Atenas; e Senado,
em Roma). Os cidadãos possuíam direito de participação política de maneira direta. Não
existia, entretanto, de modo claro, a divisão entre os poderes de governo e de justiça.

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11. a Caracterizado por uma realidade socioeconômica agrária e rural, o Período Homérico (sécu-
los XII-IX a.C.) da história grega foi marcado pela definição de sua tradição mítica e lendária.
Era nessa época que poetas peregrinos, os aedos, entoavam cânticos em louvor aos deuses
e aos heróis mitológicos, que seriam transformados nos poemas Ilíada e Odisseia, atribuídos
a Homero.
12. e Dirigindo-se aos cidadãos atenienses, convocando-os para lutar na Guerra do Peloponeso,
Péricles afirma que parte da honra de que os cidadãos atenienses desfrutam e se orgulham
deriva do poder (“império”) de Atenas sobre as demais cidades-estado. Portanto eles não
podem se esquivar dos desafios (“provas”) que a cidade-estado tem de enfrentar, posto que
não se trata apenas de se submeter à escravidão se forem derrotados, mas trata-se também
da perda do poder que exercem sobre as demais cidades-estado e da submissão ao ódio
que essas cidades-estado devotam a Atenas pelo fato desta exercer hegemonia sobre elas.
13. a O termo “bárbaro” surge com os gregos e é utilizado por variados povos ao longo dos séculos,
ao se relacionarem com culturas diferentes.
14. c Em seguida ao término da Guerra do Peloponeso permanecem as rivalidades entre as cidades-
-estado gregas, o que abre caminho para a conquista macedônica. O texto do enunciado
expressa alguns dos valores da sociedade da Grécia Antiga, entre os quais o ócio e a indepen-
dência econômica constituem-se exemplos.
15. d O texto descreve a interação entre as culturas grega e oriental, traço característico da civili-
zação a que o mesmo se refere.
16. d Segundo o texto, com a conquista do Mediterrâneo, era “como se a história passasse a ter uma
unidade orgânica”.
17. d A expansão territorial ocorrida na Roma Antiga teve um papel significativo no processo de
colapso do regime republicano.
18. a As Guerras Púnicas (264-146 a.C.) entre Roma e Cartago resultaram na vitória de Roma e no
consequente controle romano sobre o Mediterrâneo.
19. e As reformas propostas pelos irmãos Graco destinavam-se a redirecionar o uso das terras
provenientes das conquistas, procurando beneficiar sobretudo os membros do Exército que
tiveram um papel importante naquelas conquistas.
20. d Existe um relativo consenso entre os historiadores de que Roma praticava a política de “dividir
para governar”, ou seja, serviam por vezes de árbitro em litígios como forma de exercício
de poder sobre outros povos.
21. b No cenário das guerras civis que marcam o declínio da República, Júlio César é o protótipo
dos grandes generais ambiciosos, cujos choques – com o Senado e entre si – demonstram
o impacto político e social desagregador das conquistas territoriais em Roma.
22. e Em seguida às crises do século III, o império teve dificuldades de repor estoques de escravos,
pois cessou o período de conquistas territoriais. Aos poucos estabeleceram-se formas de traba-
lho compulsório que prenunciavam a servidão ocorrida na Época Medieval, especialmen-
te no Ocidente europeu.
23. c Existem autores que afirmam que a possibilidade de expansão do cristianismo tal como o
tivemos ao longo da história deve-se, entre outros aspectos, ao fato de a nova crença ter
emergido no interior do Império Romano, caracterizado também por uma grande diversidade
cultural e ao mesmo tempo com estruturas que possibilitaram a expansão daquele credo
religioso.
24. b Uma parte significativa da escravidão na Antiguidade Clássica estava associada ao domínio
de povos derrotados em guerra.
25. e A expressão “Antiguidade Clássica” remete às civilizações grega e romana, cujo legado serviu
para erigir muito do que se convencionou chamar “cultura ocidental”.

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História Medieval
26. a) O século V foi caracterizado, na Europa Ocidental, pelo colapso do Império Romano diante das
invasões dos germânicos (chamados “bárbaros”). Ocorreu um processo de fragmentação política,
com o estabelecimento de vários povos: os anglo-saxões (Inglaterra), os ostrogodos (Itália), os
visigodos (península Ibérica), os vândalos (Norte da África) e os francos (França). Destes, o Reino
dos Francos terá destaque. Carlos Magno, o mais importante líder dos francos, conduzirá uma
série de campanhas militares bem-sucedidas, conquistando territórios nas atuais França, Norte
da Itália e Alemanha. Sua aliança com a Igreja Católica levou, no Natal do ano 800, o papa Leão III
a conceder-lhe o título de imperador romano do Ocidente – refazendo, assim, a unidade política
da Europa Ocidental, perdida desde o fim do Império Romano do Ocidente, no século V. Porém,
o poder de Carlos Magno dependia de sua aliança com a Igreja e de seu prestígio pessoal. Para
remunerar seus soldados, concedia títulos (marqueses, duques e condes) e doava terras (senho-
rios). Após a sua morte, no ano 814, o império entraria em declínio.
b) O renascimento carolíngio foi caracterizado pelo desenvolvimento da educação, com a cons-
trução de escolas e a recuperação dos textos clássicos. Carlos Magno buscava, assim, formar
funcionários para a administração e sacerdotes para o clero. Houve destaque para o trabalho
realizado pelos monges copistas no campo da filosofia e na conservação das obras do passado
greco-romano.
27. c A divisão do Império Franco com o Tratado de Verdun veio a se constituir, de uma certa forma,
na origem da Alemanha e da França atuais.
28. a A sociedade feudal, chamada sociedade de ordens ou estamentos, estabelecia vínculos
entre suseranos e vassalos, membros da nobreza. O suserano entregava o feudo ao seu
vassalo, que, em troca, lhe prestava o serviço militar.
29. d A corveia era uma “obrigação servil”, que consistia em trabalho nas terras do senhor de 2 a
5 dias da semana.
30. c Durante a Idade Média, a desigualdade era o fundamento da ordenação social. Na chamada
sociedade de ordens (ou estados ou estamentos), cada ordem compunha uma das camadas
que formava a sociedade. A primeira era constituída pelo clero, que deveria rezar. A segunda
era constituída pelos nobres, que deveriam combater. A terceira ordem era constituída por
todos aqueles que, não pertencendo ao clero ou à nobreza, deveriam trabalhar para sustentar
as outras duas ordens. A posição do indivíduo era determinada por sua origem, havendo
pouca ou nenhuma possibilidade de mudança na escala social.
31. c O quadro apresenta ao fundo um castelo fortificado e cenas de trabalho agrícola.
Destacam-se, entre outros aspectos, atividades de coleta e, em primeiro plano, a semea-
dura e a utilização do arado. A existência de áreas que não estão sendo objeto de cultivo
sugere a prática da rotação de culturas, o que é compatível com os elementos contidos na
alternativa c.
32. e A cavalaria no Ocidente europeu medieval faz parte de um quadro social mais amplo, marca-
do pela religiosidade e por uma característica estratificação social que dividia a sociedade
entre os que trabalham, os que guerreiam e os que oram.
33. e A sociedade feudal destinava aos membros do clero (os que oram) o primeiro lugar na escala
social; em seguida, cabia aos nobres (os que guerreiam) o segundo lugar na escala social;
e, finalmente, os demais setores da sociedade ocupavam a terceira posição.
34. b O texto referido é uma conhecida descrição do historiador francês Marc Bloch acerca do
juramento de fidelidade e obediência entre nobres, conhecido como relação de suserania e
vassalagem (homenagem), fundamental para a obtenção de domínios feudais e para a for-
mação de exércitos pessoais na sociedade feudal europeia durante a Idade Média.
35. a Segundo o texto, as Cruzadas fortaleceram a identidade e as instituições da cristandade.

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36. b A chamada Querela das Investiduras pode ser considerada como um exemplo do conflito
entre as duas esferas de poder supranacionais: a Igreja e o Império.
37. c Uma característica importante da ordem dos beneditinos foi a valorização do trabalho. Seus
preceitos davam importância não só às orações, como também ao trabalho: Ora et labora.
38. b As Cruzadas foram um movimento pelo qual cavaleiros cristãos tentaram conquistar os lugares
santos do Oriente, como Jerusalém, por conta do Santo Sepulcro. Porém, as Cruzadas resulta-
ram na derrota militar dos cristãos. Os turcos otomanos convertidos ao Islã avançaram para o
Ocidente e conquistaram, em 1453, a cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino.
39. e Cruzadas é o nome que se dá às expedições militares dos cristãos, a partir do Ocidente
europeu e dirigidas ao Oriente Médio, que tiveram como pretexto a libertação dos chama-
dos “lugares santos” controlados pelos muçulmanos. As Cruzadas resultaram, entre outros
aspectos, na dinamização das relações comerciais entre o Ocidente e o Oriente.
40. a Desde o Império Romano existiam consistentes circuitos mercantis, entre os citados continen-
tes, que sofreram um processo de relativo declínio por ocasião da expansão muçulmana na
África, Ásia e Europa e foram retomados com maior intensidade a partir do século XI no
Ocidente europeu.
41. a Tomás de Aquino, de alguma forma, incorpora o pensamento de Aristóteles às concepções
cristãs que se traduzem em uma forma de conciliar a fé com a razão.
42. d O texto mostra a relação entre doença e pecado. O autor indica que o imaginário da Idade
Média estava ligado ao imaginário cristão, pois a lepra é comparada à purgação dos pecados;
ou seja, o doente é um pecador e tal ‘‘podridão da alma’’ era revelada pela lepra (identificada
a qualquer doença pustulenta). A ação da Igreja procurava moldar o pensamento do homem
na Idade Média, sua relação com fenômenos naturais e sua percepção do mundo.
43. c Nas cidades medievais, o trabalho artesanal era regulamentado e os artesãos de um mesmo
ofício formavam uma corporação à qual deveriam filiar-se para poderem exercer seu ofício.
44. a Com o desenvolvimento das cidades medievais entre os séculos XII-XIII (em decorrência
da expansão do comércio e do artesanato, e das alterações no sistema feudal), ocorreu um
processo de concentração populacional em condições bastante precárias; essa situação foi
determinante para a elevada mortalidade urbana nas grandes epidemias do século XIV. Apenas
em Veneza, a Peste Negra de 1347-1351 vitimou cerca de 70% da população – exemplo
extremo de um problema comum.
45. c Constantinopla, hoje Istambul, está localizada na parte ocidental do estreito de Bósforo, e
até o século XV constituía um importante ponto de passagem das rotas de comércio com o
Oriente. O fechamento dessa rota, segundo alguns autores, foi responsável por impulsionar
as navegações atlânticas.
46. b O surgimento do islamismo, no século VII, foi seguido por uma espetacular expansão territorial,
que levou ao domínio muçulmano de regiões compreendidas desde a Índia até a península
Ibérica. Nas regiões dominadas, os muçulmanos desenvolveram a escravidão e participaram
do tráfico de escravos.
47. a A divisão entre xiitas e sunitas tem origem, entre outras questões, nas disputas pela sucessão
de Maomé no comando do islamismo (califado), a partir do século VII d.C.
48. e Existe um relativo consenso entre os especialistas em registrar um significativo aumento
populacional no Ocidente europeu medieval. Por sua vez, este último teria provocado a ex-
pansão das atividades agrícolas, associada à “aplicação à terra de métodos mais adequados
de cultivo”.
49. b A construção de edificações como a referida na imagem corresponde à época do chamado
Renascimento Comercial no Ocidente europeu, no qual ocorrem a dinamização das ativida-
des comerciais e o consequente aumento na circulação de bens e serviços, e a intensifica-
ção da vida urbana.

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50. b As chamadas crises do século XIV no Ocidente europeu levaram a um processo de deses-
truturação dos alicerces do regime feudal e dos poderes supranacionais, como a Igreja e o
Sacro Império Romano-Germânico, abrindo a possibilidade da emergência e afirmação dos
Estados Modernos.
História Moderna
51. e As três proposições destacam eventos associados ao processo de formação dos Estados
Modernos na península Ibérica entre os séculos XIV e XV.
52. a) No mapa-múndi do século XV, devem ser considerados sua origem europeia e o fato de,
na época, a maioria dos continentes – como a Oceania, a Antártida e a América – não ter sido
suficientemente reconhecida e explorada pelos europeus.
b) Para confeccionar um mapa com tais características no final do século XV, eram necessários
alguns requisitos, dos quais podemos destacar:
•  conhecer técnicas de representação e rudimentos de cartografia;
•  dispor de relatos de viajantes sobre as terras exploradas que contivessem descrições sufi-
cientemente detalhadas para serem reproduzidas em um mapa;
•  dispor dos conhecimentos da época sobre navegação e orientação.
53. b A expansão marítima europeia dos séculos XV e XVI combinou uma série de fatores, entre
os quais pode-se destacar o interesse econômico por especiarias e metais preciosos, e o
desejo de difundir e propagar a fé.
54. b O processo de expansão e domínio territorial realizado por gregos e romanos na Antiguidade
Clássica manteve-se restrito ao mar Mediterrâneo (“Que o mar com fim será grego ou
romano”), enquanto a colonização moderna – protagonizada inicialmente pelos portugueses – foi
consequência do avanço pelos oceanos Atlântico e Índico (“O mar sem fim...”) e do domínio
de terras na América, África, Ásia e Oceania. Note-se que os portugueses também atingiram
o oceano Pacífico.
55. d Fernando Pessoa, ao tratar da expansão marítima e das conquistas territoriais portuguesas,
particulariza o tema dando foco aos desafios e perdas pessoais dos envolvidos direta ou
indiretamente na empreitada.
56. b Um dos preceitos mercantilistas associa-se à teoria de que a maior ou menor riqueza de uma
nação decorre da quantidade de metais preciosos que ela deve obter por meio do superávit
de sua balança comercial.
57. a) O mercantilismo foi a expressão econômica do absolutismo, podendo-se destacar, como ca-
racterísticas fundamentais: o metalismo – critério segundo o qual a riqueza de um Estado Mo-
derno era avaliada de acordo com o acúmulo de metais preciosos dentro de seu território – e a
balança comercial favorável – que previa o acúmulo de riqueza em um dado país tendo por base
as trocas comerciais superavitárias, com predomínio das exportações sobre as importações.
b) A colonização do continente americano representou a plena realização dos ideais mercan-
tilistas. A busca por metais preciosos foi o objetivo dos Estados europeus durante sua explo-
ração do continente. A Espanha encontrou ouro em território mesoamericano e prata no cen-
tro-norte da região andina ao longo do século XVI, tornando-se potência econômica europeia
dentro dos critérios metalistas. Através da prática do Pacto Colonial, as metrópoles europeias
tornavam as colônias americanas suas fontes prioritárias de matéria-prima e mercado consumi-
dor compulsório, obtendo, forçosamente, a balança comercial favorável.
58. a) O texto se contrapõe à ideia de que a Idade Média teria sido a “Idade das Trevas”, um hiato
entre a Antiguidade Clássica e o Renascimento.
b) Os humanistas do Renascimento davam importância à Antiguidade Clássica (greco-romana)
porque lhes servia como modelo de uma Antiguidade idealizada. Aquele período teria valorizado
a observação da natureza, o experimento e a razão. Para os humanistas do Renascimento, a
Idade Média teria colocado tais aspectos em um segundo plano, em favor da exaltação do sen-
timento religioso e da valorização do argumento de autoridade.

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c) Um fator que impulsionou o desenvolvimento das cidades medievais é aquilo que alguns
historiadores chamam de Renascimento Comercial, ocorrido no Ocidente europeu a partir do
século XI. As atividades comerciais passam a ter um papel cada vez mais importante em relação
ao conjunto das demais atividades econômicas. Passa-se a valorizar a livre circulação de pessoas
e mercadorias, o que, a médio e longo prazos, contribuiu para o enfraquecimento econômico e
político da nobreza feudal e o correspondente fortalecimento da chamada burguesia mercantil.
59. c O Renascimento constituiu-se em um movimento intelectual ocorrido no Ocidente europeu
que se inspirou, entre outros aspectos, na Antiguidade Clássica. Passou-se a valorizar a razão,
a observação e a experimentação, contestando-se os argumentos de autoridade. No plano
das manifestações artísticas, existiu uma preocupação no uso da perspectiva e uma clara
inspiração em modelos greco-romanos.
60. b Considera-se que o Renascimento Cultural, que caracteriza o início da Época Moderna no
Ocidente europeu, foi um fenômeno marcadamente urbano, impulsionado, entre outros
aspectos, pela dinamização do comércio, pela valorização da observação e da razão, bem
como pelo questionamento de argumentos de autoridade.
61. a) Denominamos Renascimento ou Renascença o período de transição entre a Idade Média
e a Idade Moderna, no qual o Ocidente europeu vivenciou a retomada dos valores artísticos e
culturais das civilizações clássicas – Grécia e Roma. Partindo de uma crítica à visão religiosa do
teocentrismo medieval, os pensadores e artistas renascentistas buscavam colocar a razão e a
experiência como meios para se alcançar a verdade, ao mesmo tempo em que revalorizavam
aspectos da materialidade terrena, como a natureza e o ser humano. Nesse sentido, a prática da
dissecação de cadáveres era cara aos artistas desse período, uma vez que se prestava à investi-
gação empírica da morfologia humana e auxiliava na representação mais precisa dos temas em
questão.
b) Identificamos na imagem o antropocentrismo (ser humano como centro do Universo, além
da humanização das temáticas religiosas) e o naturalismo (representação realista da natureza
humana).
62. a Elemento revolucionário na pintura do Renascimento, a perspectiva foi entusiasticamente
utilizada por Leonardo da Vinci e seus pares; o uso da luneta foi fundamental para os estudos
de Galileu; o texto de Maquiavel foi um dos maiores legados intelectuais desse período.
As demais alternativas apontam obras ou estilos da Antiguidade (ou mesmo posteriores).
63. b A invenção da imprensa possibilitou a difusão de obras que, durante a Idade Média, pertenciam
ao domínio exclusivo dos letrados; a Reforma Protestante, ao criar religiões de caráter
mais participativo, rompeu com a preponderância do clero católico sobre a vida religiosa
da população.
64. e Um dos elementos comuns às religiões reformadas no interior do cristianismo foi a utilização
do idioma falado pelos fiéis. O uso do latim foi abandonado pelas Igrejas Reformadas.
65. a A Reforma contesta a autoridade do papa e o culto aos santos, e prega a livre interpretação
do texto bíblico.
66. a) No plano político, a Reforma constitui-se, entre outros aspectos, em um desafio e ao mesmo
tempo no enfraquecimento da autoridade do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, no
fortalecimento da autoridade dos príncipes alemães, no enfraquecimento da autoridade da Igreja
Católica e no fortalecimento da autoridade do poder real face à nobreza e à Igreja, como foi o caso,
por exemplo, da Inglaterra, cujo movimento envolveu a confiscação dos bens da Igreja e o estabe-
lecimento do absolutismo pela Dinastia Tudor. Ainda no plano político, a Reforma projetou os mo-
narcas espanhóis no cenário europeu como um dos baluartes da Contrarreforma e de confrontação
ao protestantismo. No plano religioso, a Reforma provocou o rompimento da unidade da Igreja
de Roma e deu origem às Igrejas Reformadas (o protestantismo), destacando-se o calvinismo, o
luteranismo e o anglicanismo. Além disso, provocou a reação da Igreja Católica – a Reforma Cató-
lica –, que tinha que passar por reformas caso quisesse sobreviver poderosa como fora até então.

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Os pilares da Reforma Católica, ou Contrarreforma, foram: a aprovação dos Estatutos da Companhia
de Jesus (1540), a reorganização da Inquisição (o Tribunal do Santo Ofício – 1542), a criação do lndex
Librorum Prohibitorum (1559) e a reunião do Concílio de Trento (1545).
b) No plano socioeconômico, a Reforma ocorre em um momento de afirmação das prerro-
gativas de um grupo social emergente, a burguesia mercantil, que vê no fortalecimento da
autoridade do poder real uma forma de combater os privilégios dos senhorios locais, no sen-
tido de garantir a livre circulação de pessoas e mercadorias no interior do Estado, tal como
ocorreu, por exemplo, na monarquia inglesa. A teologia calvinista, por sua vez, vem coonestar o
individualismo e o enriquecimento como um sinal de bênção divina e, por essa via, num plano
mais amplo, a Reforma incentiva a mobilidade social. O sectarismo de muitos movimentos
religiosos no interior da Reforma propiciou também uma mobilidade social horizontal, levando
à ocupação de outras regiões, como foi o caso do início da colonização da América Inglesa.
67. a I. Correta. No início do século XVI, surgiram movimentos que contestavam elementos do
catolicismo, como o luteranismo e o calvinismo.
II. Correta. Criticando principalmente a venda de indulgências por parte da Igreja Católica
e propondo a salvação pela fé, Lutero foi o pioneiro nos movimentos de contestação.
III. Incorreta. Lutero não pregava a salvação pelas boas obras, tampouco Calvino, que enun-
ciou a teoria da predestinação.
IV. Incorreta. No movimento que ficou conhecido como Contrarreforma, uma das ações foi
a reorganização do Tribunal do Santo Ofício, e não sua desativação.
68. d O Tribunal da Santa Inquisição, que consistiu num instrumento de combate da Igreja Católica
aos desvios de sua doutrina (heresias), promovia execuções em público como forma de im-
pressionar a população com seu poder e disseminar entre as pessoas o medo em aderir a
ideias contrárias ao que seus sacerdotes pregavam.
69. a Dado o contexto da referida obra, pode-se afirmar que o enunciado alude ao absolutismo
monárquico e aos problemas relativos à sucessão no interior daquele regime político.
70. a) Segundo o texto, para se compreender melhor as monarquias francesa e inglesa da Idade Média
e da Idade Moderna, é necessário ir além da análise administrativa, judiciária e financeira de cada
uma delas, bem como dos grandes teóricos que as justificam, procurando “penetrar as crenças que
floresceram em torno das casas principescas”, ou seja, nas chamadas “mentalidades” que nortea-
vam aqueles contextos. Como resultado, teríamos a concepção dos reis como “personagens sagra-
dos” por considerarem-se possuidores do poder de curar os doentes afetados pelas “escrófulas”.
b) “Direito divino dos reis” era a teoria que legitimava o poder dos monarcas sobre seus súditos
pelo fato de serem considerados representantes de Deus. No Período Moderno, essa teoria
justificou o poder absoluto dos reis, sendo seu principal teórico o francês Jacques Bossuet.
c) Mercantilismo é, por excelência, a política econômica do Estado Moderno. Existe uma preo-
cupação fundamental com o poder e a riqueza do Estado. O que individualiza o mercantilismo
quando comparado a outras políticas econômicas é a sua concepção de riqueza. Segundo o
mercantilismo, um Estado é poderoso e rico se tiver a maior quantidade de moedas (ou metal
nobre) dentro de suas fronteiras. Vê-se, portanto, que a riqueza de um Estado é identificada
pela quantidade de dinheiro ou metal nobre – daí o mercantilismo ser também identificado
ao metalismo. Estabelece-se uma política econômica protecionista e procura-se fomentar a
produção interna do país com os custos mais baixos possíveis. Perceberam, entretanto, os
teóricos e estadistas da época do mercantilismo, que o comércio exterior desempenhava um
papel fundamental para o sucesso de sua política econômica: são os mercantilistas que dão
importância à doutrina da balança comercial favorável. Além disso, quando era possível, esta-
beleciam-se colônias para complementar a economia metropolitana.
71. b Bossuet é considerado o formulador da chamada doutrina da origem divina do poder real,
que foi um dos importantes elementos legitimadores do regime político absolutista, que
se instaurou no Ocidente europeu durante a Época Moderna.

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72. Ao analisar o papel do príncipe na condução do Estado, Maquiavel aponta para dois elementos:
“poder ser mau”, ou seja, saber realizar atos nocivos segundo a necessidade; e ser “tão prudente
que saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o governo e praticar as qualidades próprias para
lhe assegurar a posse deste”, ou seja, o príncipe deve se preocupar com a imagem que a popu-
lação tem dele, devendo evitar defeitos malvistos e enaltecer qualidades abonadoras. Pode-se
filiar o pensamento de Nicolau Maquiavel ao humanismo pelo fato de o autor separar a esfera re-
ligiosa da humana, diferenciando ética religiosa de razão de Estado (o que permite que o príncipe
rompa acordos, por exemplo). Além disso, Maquiavel analisa a capacidade do governante a partir
da sua virtù e não como uma manifestação da vontade divina (a manutenção de um príncipe no
poder está relacionada à sua virtù, e não à vontade divina).
73. d Entre as características peculiares da Monarquia Tudor (1485-1603), temos: o reforço do poder
real pela criação da religião anglicana, a possibilidade de sucessão ao trono das herdeiras
femininas, além de um relativo equilíbrio e entendimento entre a Coroa e o Parlamento. No
contexto da Dinastia Stuart (1603-1688), entretanto, a Inglaterra atravessou uma sequên-
cia de conflitos entre a monarquia e o Parlamento, que culminaram na breve experiência
republicana (1649-1660) e na consolidação do sistema parlamentar, após a Revolução Glorio-
sa de 1688.
74. e As Revoluções Inglesas do século XVII, para além de questões religiosas, representaram
também a limitação dos poderes monárquicos e o fortalecimento da burguesia mercantil.
75. e O Ato de Navegação inglês de 1660 tinha por intuito a defesa do comércio britânico e a
prosperidade da Marinha, entre outros aspectos. A medida era uma afronta à crescente
Marinha holandesa, que à época ameaçava a hegemonia comercial britânica. Segundo o
texto, “nenhuma mercadoria será importada ou exportada (...) noutros navios senão nos
que sem nenhuma fraude pertencem a súditos ingleses”, excluindo, automaticamente, a
Holanda. A determinação é considerada de caráter mercantilista, na medida em que visa
o enriquecimento do Estado inglês e segue princípios como balança comercial favorável,
metalismo e protecionismo alfandegário.
76. b O Iluminismo defendia a propriedade como um direito natural do homem, tal como a liberdade.
77. a Para Hobbes, a instituição do absolutismo foi a maneira encontrada pelos homens para
acabarem com a “guerra de todos contra todos” e garantir a paz. Para Rousseau, o “con-
trato social” era a única via que permitiria a liberdade dos homens.
78. b John Locke e Adam Smith são pensadores representativos do Iluminismo. Ambos pensam
a propriedade privada como legítima e natural, sendo que sua violação constitui crime.
Observe-se que, no texto de Smith, a própria força de trabalho do “pobre” é considerada
propriedade privada dele.
79. d Os chamados déspotas esclarecidos se valeram de preceitos iluministas para reformar o
Estado e, assim, ampliar o seu poder.
80. a No contexto do despotismo esclarecido, as reformas de Carlos III de Bourbon na Espanha –
e em suas colônias – procuraram reorganizar as estruturas do Estado, modernizando a
administração.
Numerosas iniciativas, que incluíam mudanças educacionais, novos códigos jurídicos, estí-
mulos às manufaturas e à agricultura, e a expulsão dos jesuítas, tiveram repercussões nega-
tivas nas colônias, contrariando, entretanto, os novos princípios econômicos associados ao
livre-comércio e à livre-iniciativa. As reformas bourbônicas – assim como as pombalinas –
reforçaram os monopólios e protecionismos mercantilistas, agravando, ainda, os privilégios
dos peninsulares (funcionários espanhóis) sobre os criollos (elites coloniais). Dessa maneira,
tais medidas acabaram estimulando, inadvertidamente, as oposições coloniais à metrópole
e a futura quebra do próprio vínculo que subordinava aquelas a esta.

8 HISTÓRIA
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História Contemporânea
81. e O critério de votação para a tomada de decisões na reunião dos Estados Gerais gerou um
impas­se. Se as decisões se baseassem em um voto por ordem, as propostas do Terceiro
Estado seriam derrotadas. Se coubesse um voto a cada membro dos Estados Gerais, os
representantes do Terceiro Estado mais os representantes do baixo clero teriam suas pro-
postas vencedoras. Os representantes do Terceiro Estado, considerando-se representantes
da maioria da nação francesa, transformaram a reunião dos Estados Gerais em Assembleia
Nacional Constituinte. Esse evento assinala um momento importante no processo da Revolução
Francesa, que pôs um fim ao Antigo Regime naquele país.
82. d A referida Declaração levou à destruição da sociedade do Antigo Regime, herdada do Período
Medieval e fundada na desigualdade. Em seu lugar, propunha a abolição dos privilégios e
uma sociedade baseada no princípio da igualdade jurídica dos cidadãos.
83. a) Para que o produto de seu trabalho – os grãos – não se transformasse em alimento para coe-
lhos e pombos.
b) Entre os privilégios senhoriais eliminados pela Revolução Francesa, podemos citar as
isenções a que faziam jus na sociedade do Antigo Regime e o recebimento de direitos feudais,
como corveia e talha.
84. O período que vai de junho de 1793 a julho de 1794 corresponde à fase popular da Revolução
Francesa. Nesse momento, a ala radical da Convenção Nacional, os montanheses, com o supor-
te das massas parisienses que controlavam o governo municipal através da Comuna de Paris,
passaram a dirigir não só aquela Assembleia, como os principais órgãos colegiados que foram
montados para administrar a jovem República Francesa – notadamente o Comitê de Salvação
Pública.
De posse de mecanismos formais e informais de exercício do poder, os montanheses – prin-
cipalmente a facção jacobina, liderada por Maximilien Robespierre – suspendem as liberdades
garantidas pela Constituição de 1791 e passam a adotar medidas de exceção em âmbito político,
econômico, militar e cultural, como forma de salvar uma revolução que se via comprometida
pela fragilidade de uma república recém-proclamada e perigosamente ameaçada pelas invasões
externas das potências europeias inimigas do regime francês.
Entre essas políticas, estavam as medidas anti-inflacionárias representadas pela Lei do Máximo,
que prescrevia o tabelamento dos preços dos gêneros alimentícios de primeira necessidade,
apontando para a opção do dirigismo econômico, em detrimento das políticas liberalistas defen-
didas pelas teorias econômicas da época.
Podemos citar, ainda, a lei que impunha o recrutamento nacional obrigatório e convocava toda a
“nação às armas”, prenunciando o que seriam os grandes Exércitos nacionais do mundo contem-
porâneo. Nesse exército nacional francês, além de fileiras formadas por indivíduos aglutinados
em torno de uma causa revolucionária – e não por mercenários estrangeiros lutando por dinheiro –,
criou-se o costume da promoção por mérito, que elevava aos altos postos de comando lideranças
estrategicamente inovadoras e verdadeiramente associadas aos slogans da revolução.
Poderíamos citar também como realizações do Período Jacobino a abolição da escravidão nas
colônias; a alteração do ensino público, tornando-o leigo, estabelecendo o Ensino Primário obri-
gatório e gratuito; e a reorganização do Ensino Superior.
85. d O período de hegemonia jacobina na Convenção Nacional foi caracterizado, entre outras
coisas, por forte centralização política, pela aprovação de uma carta constitucional que
garantia o sufrágio universal masculino, pela abolição da escravidão nas colônias francesas
e pelas arbitrariedades do Tribunal Revolucionário. Estas, por sua vez, justificaram a deno-
minação de “Terror” para tal momento da Revolução.
86. a Ao mesmo tempo em que atribuiu a si próprio o título imperial e instituiu uma forma centra-
lizada de governar, Napoleão aplicou alguns códigos de leis liberais.

9 HISTÓRIA
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87. c O Congresso de Viena procurou restabelecer o equilíbrio europeu que fora rompido com a
aventura napoleônica. Na redefinição do mapa da Europa tiveram um papel importante os
princípios da restauração e da legitimidade.
88. c Centrado na figura da Liberdade (símbolo dos ideais revolucionários associados ao Terceiro
Estado, em oposição ao clero e à nobreza), o quadro de Delacroix parte de um episódio
imediato – as jornadas de julho em Paris contra Carlos X de Bourbon – para, de alguma
forma, sintetizar o conjunto das Revoluções de 1830 e da própria Era das Revoluções
(1789-1848).
89. a) Entre as concepções possíveis, pode-se destacar:
•  a ideia de livre-comércio, expressa pelo liberalismo econômico no contexto da Revolução
Industrial, além da noção de livre-iniciativa, que se contrapunha ao Antigo Regime no sentido
de abolir a legislação mercantilista que privilegiava organizações monopolistas como as corpo-
rações de ofício;
•  a ideia republicana, que havia vigorado na França (1792-1804);
•  a ideia de igualdade social, afirmada pela Convenção Jacobina;
•  a concepção de igualdade jurídica, minando o fundamento do Antigo Regime: a desigualdade
de sangue;
•  a ideia de soberania nacional;
•  a ideia liberal, que se contrapõe ao absolutismo, criando limites ao poder real, particularmente
por meio da elaboração de constituições como a própria Constituição francesa, que estabelecia
a tripartição do poder, conforme postulava Montesquieu.
b) Entre as relações possíveis, podemos destacar:
•  as independências das ex-colônias (de Portugal e Espanha), que se relacionam à crise do Anti-
go Sistema Colonial e, consequentemente, à abertura dos mercados para os produtos ingleses
(ideia de livre-comércio);
•  a adoção de regimes políticos republicanos nas ex-colônias (exceto no Brasil e, por um curto
período, no México), o que se relaciona também à ideia de soberania nacional;
•  os ideários liberal e nacionalista, que se relacionam às Revoluções Europeias de 1830 e 1848,
as quais lutaram contra autoritarismos, como no caso francês; a favor de regimes constitucio-
nais, como nos Estados italianos; a favor de independências nacionais (Bélgica em relação à
Holanda; Polônia em relação à Rússia) e iniciadores de movimentos que vieram a resultar poste-
riormente nas unificações italiana e alemã;
•  a Revolução de 1848, na França, em que se observa, segundo alguns autores, também a pre-
sença do ideário socialista por intermédio da criação dos ateliês nacionais, em resposta às reivin-
dicações socialistas de direito ao trabalho.
90. a) Segundo o texto, desde o início da Revolução Industrial, a novidade e a criatividade de cada
geração é mais marcante do que os modelos do passado. Assim, o passado é descartado como
memória de como as coisas deveriam ser feitas.
b) A Revolução Industrial alterou de forma significativa o sistema de produção. Nesse sentido,
podemos destacar:
•  Antes da Revolução Industrial, o trabalhador possuía os meios de produção. Com a industria-
lização, ocorre a separação entre o trabalho e a propriedade dos meios de produção. Estes
passam a pertencer ao empresário industrial.
•  Antes, predominava a utilização de ferramentas, implicando que a produção dependia da
disposição, habilidade e destreza do trabalhador. Com a Revolução Industrial, é implantado o
sistema fabril com a utilização de máquinas no sistema produtivo. Diferentemente da ferra-
menta, a máquina possui uma fonte uniforme de energia (por exemplo, a energia a vapor), que
impõe um ritmo de produção ao qual o trabalhador deve se subordinar.

10 HISTÓRIA
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•  Antes da Revolução Industrial, a divisão do trabalho praticamente inexiste. O produtor é o
artesão que confecciona a peça toda, o que requer aquelas qualidades que apontamos no item
anterior para converter a matéria-prima em produto manufaturado. Cada peça é única e a quanti-
dade produzida é pequena. Era uma produção limitada, característica das corporações de ofício.
Com a indústria, esse sistema de produção “doméstico” é destruído e em seu lugar instaura-se
o sistema fabril, impondo a divisão social do trabalho e da produção.
•  Com a introdução do sistema fabril, ocorre a generalização do trabalho assalariado e a conse-
quente expansão do mercado de consumo por intermédio da monetarização da economia.
•  A adoção do sistema fabril dá origem a um processo intenso de inovação tecnológica. Cada
inovação engendra modificações em outros setores da produção e da própria organização do
trabalho e das tarefas produtivas, o que contrasta significativamente com a atividade artesanal
que até então existia.
91. a) Na Inglaterra do século XVII, desenvolveu-se aquilo que alguns historiadores do pensamento
econômico chamaram de “mercantilismo industrialista”, ou seja, como a Inglaterra não possuía
colônias das quais pudesse extrair os cobiçados ouro e prata, identificados pelos teóricos do mer-
cantilismo como a “riqueza de uma nação” (doutrina metalista), decidiu-se investir na produção de
manufaturados, sobretudo têxteis. Produzindo manufaturas, a Inglaterra atendia ao seu próprio
mercado interno e ao mercado exterior, evitava gastos com importações e obtinha os cobiçados
metais preciosos, que entravam no país sob a forma de pagamento dos manufaturados que
exportava. Dessa forma, ganhava o Estado (o rei), que de alguma forma sustentava a nobreza
e os plebeus que trabalhavam direta ou indiretamente na produção manufatureira, e ganhavam
também seus comerciantes. Afirma-se que tais características do mercantilismo na Inglaterra
foram muito importantes para se compreender o pioneirismo da Revolução Industrial naquele
país, a partir da segunda metade do século XVIII.
b) A produção têxtil inglesa foi decisiva para o desencadeamento da Revolução Industrial, espe-
cialmente no plano das inovações tecnológicas.
A Inglaterra produzia, em maior escala, dois tipos de tecido: a lã, cuja matéria-prima era obtida
no mercado interno, e o algodão, cuja matéria-prima era importada. Para a produção do tecido,
dois eram os processos fundamentais: a fiação e a tecelagem. A matéria-prima era transfor-
mada em fios e estes eram embobinados e enviados para os teares para serem tecidos. Ainda
na primeira metade do século XVIII, foi realizada uma melhoria técnica com a finalidade de
aumentar a rapidez na tecelagem. Este fato levou a uma procura maior por fios.
Rompido o equilíbrio entre a fiação e a tecelagem, foi necessário aumentar a produção de
fios. Foi então inventada uma fiadeira que conseguiu atender ao aumento da demanda. Toda-
via, os fios nela produzidos não podiam ser utilizados em qualquer tear, pois se rompiam
facilmente.
Na segunda metade do século XVIII, foi inventada uma fiadeira capaz de produzir fios mais fortes;
entretanto, essa fiadeira necessitava de uma fonte de energia que fosse regular e mais forte que
a força humana. Assim, essa fiadeira foi instalada ao lado de moinhos de água. A fiadeira mecâ-
nica não só atendeu à demanda de fios como gerou superprodução deles.
A solução desse desequilíbrio se deu com a invenção do tear mecânico (1785), que absorveu
a produção e veio tornar a Inglaterra o “empório do mundo”. Por esta via, a produção têxtil
está diretamente associada aos desenvolvimentos tecnológicos da Revolução Industrial. As
divisas geradas pela exportação dos têxteis propiciaram, também, um acúmulo de capitais,
que puderam ser investidos nas transformações tecnológicas daquele período.
92. b As condições dos trabalhadores nos primórdios da Revolução Industrial não eram boas. Estes
enfrentavam longas jornadas de trabalho, viviam em moradias insalubres e alimentavam-se
inadequadamente.
93. c No sistema fabril, generaliza-se o trabalho assalariado. O trabalhador vende a sua força de
trabalho ao proprietário dos meios de produção.

11 HISTÓRIA
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94. b Sobretudo a partir da segunda metade do século XVIII, a Inglaterra toma a dianteira em vários
setores da produção, incluindo a agricultura, com práticas características de uma economia
de mercado.
95. a) No cartaz, podemos observar os seguintes elementos:
•  a importância da organização sindical como força fundamental nas reivindicações de trabalha-
dores;
•  a luta dos trabalhadores por oito horas de trabalho (à esquerda, no cartaz, ilustrada ao puxar a
corda atada ao ponteiro do relógio, visando mantê-lo em oito horas);
•  a luta dos patrões (à direita, no cartaz), que puxam a corda atada ao ponteiro do relógio, visan-
do ampliar as oito horas;
•  o símbolo da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) unido ao relógio, formando o
número 8 – a principal reivindicação, 8 horas de trabalho;
•  a frase “Appliquer à les 8” no mostrador do relógio, se referindo às 8 horas reivindicadas
como jornada máxima de trabalho;
•  a legenda “Operário, a regra foi aprovada, mas apenas sua ação a fará ser aplicada”, que mos-
tra a importância da luta organizada em torno do sindicato.
b) A cena principal do cartaz explicita a luta de classes entre a classe trabalhadora (que luta
pela aplicação da lei das 8 horas) e a do empresariado (que busca ampliar a jornada de tra-
balho). No início do século XX, podemos identificar, grosso modo, três grandes movimentos
de trabalhadores: anarquistas, comunistas e trabalhistas. Estes últimos (referidos no cartaz)
não questionavam o capitalismo e viam como sua principal luta a conquista de direitos para os
trabalhadores. A visão de luta social que o cartaz apresenta é a conquista do direito de 8 horas
de trabalho, portanto, não colocando em questão o capitalismo, mas a melhoria de condições
gerais para os trabalhadores.
96. b O materialismo histórico concebe o trabalho enquanto atividade central para a constituição
da sociedade humana. A partir da produção o homem se organiza. A estrutura (relações de
produção) determinaria a superestrutura (formas ideológicas). Quando o trabalho é dividido
socialmente entre proprietários de meios de produção e trabalhadores, ocorre a luta de
classes.
97. e Os chamados socialistas utópicos propuseram novos modelos de organização social. Marx e
Engels conceberam o chamado socialismo científico.
98. a No referido período, entre os anarquistas existiam grupos que defendiam a realização de
atentados contra as autoridades estabelecidas, com a finalidade de atingir seus propósitos
políticos. Os anarquistas são contra o sistema capitalista, considerado como a fonte da
miséria da classe trabalhadora, e propõem uma sociedade sem classes, sem partidos e sem
Estado.
99. e Complementarmente ao capitalismo industrial que emerge no intervalo cronológico
(1848-1875) descrito no texto do historiador Eric Hobsbawm, há o fortalecimento da bur-
guesia europeia, enquanto camada social, e dos ideais liberais, legitimadores do momento
econômico em questão.
100. d A questão das nacionalidades foi retomada de forma significativa especialmente em segui-
da ao colapso do socialismo, e a questão social desde aquela época permanece, pois ainda
não foram solucionadas as graves questões associadas à concentração social, setorial e
regional da renda no plano mundial.
101. b Copérnico, Darwin e Freud, cada um à sua maneira, estão associados à modernidade. Suas
ideias resultaram em um redimensionamento da posição do homem perante o Universo, a
natureza e a sociedade.
102. c A unificação italiana, tal como foi conduzida, envolveu um rompimento político com o papa-
do, só solucionado muito tempo depois, quando Mussolini realizou uma concordata com a
Igreja, o que, entre outros aspectos, deu origem ao Estado do Vaticano.

12 HISTÓRIA
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A unificação alemã realizou-se em seguida à derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana
(1870-1871). Na ocasião, a Alemanha anexou a Alsácia-Lorena, o que iniciou uma séria
contenda político-militar entre os dois países.
103. b A chamada Segunda Revolução Industrial significou, entre outros aspectos, a mudança na
utilização das fontes de energia e no uso do vapor para a eletricidade.
104. a) Segundo o texto, se os arianos deram origem tanto aos povos europeus quanto aos povos
da Índia, por que razão, então, os ingleses (europeus) dominaram a Índia? Afinal, segundo a
teoria racista, ambos seriam arianos. Essa seria a primeira incoerência. Para contra-argumentar
essa incoerência, afirma-se que os racistas diziam que os arianos da Índia se enfraqueceram
por meio da miscigenação com povos locais, considerados inferiores. Entretanto, se os arianos
da Índia eram “povos superiores”, por que teriam então se “enfraquecido” no lugar de “aperfei-
çoar” os povos considerados “inferiores”? Essa seria a segunda incoerência.
b) No contexto da história do século XIX, considera-se que o imperialismo constituiu-se como
uma ideologia, segundo a qual algumas potências consideravam-se com uma ”missão” e com
”direitos” para exercer o domínio político, econômico, cultural e militar sobre povos que con-
sideravam “inferiores”. Essa ideologia se expressou em ações políticas coerentes com esse
ideário – que resultaram, por exemplo, na partilha da África, no domínio sobre vastas áreas do
continente asiático e na submissão dos países latino-americanos aos seus interesses de uma
maneira geral. Para alguns teóricos e críticos do capitalismo, o imperialismo constituiu-se como
uma fase da história do capitalismo caracterizada, entre outros aspectos, pela disputa entre as
grandes potências por áreas onde pudessem investir capitais excedentes; por fontes de maté-
rias-primas; por mercados de consumo e por áreas consideradas estratégicas para o controle
de rotas marítimas e posições de importância militar.
105. a O trecho evidencia a justificativa europeia para o imperialismo, a missão civilizadora que
supostamente cabia à raça branca como superior às demais. Além disso, aborda a obten-
ção de matérias-primas, fundamentais para atender a demanda crescente, com a Segunda
Revolução Industrial.
106. a) Em meados do século XIX, por volta da década de 1870, a Europa atravessou aquilo que se
convencionou chamar de Revolução Tecno-Científica, ou Segunda Revolução Industrial. Esse
novo impulso tecnológico, caracterizado pelo desenvolvimento de novas fontes de energia
(hidrocarbonetos e eletricidade) e novos materiais (aço, alumínio e polímeros sintéticos), acar-
retou um impressionante aumento produtivo, que levou à busca por mercados consumidores,
matérias-primas, mão de obra barata, além do investimento de capital excedente por parte
das economias industriais europeias. Sendo assim, continentes como África, Ásia e Oceania
foram alvos do chamado colonialismo do século XIX, ou imperialismo, que se acelerou nas
décadas finais do século XIX e teve seu apogeu durante o Período Entreguerras (1918-1939).
Não podemos negligenciar, todavia, outros interesses europeus no continente africano, nes-
se mesmo contexto. A África foi o lugar que, para além das ambições econômicas europeias,
serviu de palco para a atuação de missionários religiosos, exploradores, cientistas, cartógra-
fos, aventureiros, além de território para o despejo de milhares de degredados.
b) A Conferência de Berlim (1884-1885), ao estabelecer as regras para a partilha da África, igno-
rou por completo as múltiplas culturas e etnias presentes naquele continente, constituindo
unidades políticas com fronteiras arbitrárias e artificiais, que, somadas às expropriações terri-
toriais inerentes a um processo violento de conquista, acabaram por separar tribos aliadas e
aglutinar grupos historicamente rivais. Após os processos de descolonização, iniciados com o
colapso das economias europeias no pós-Segunda Guerra Mundial, a formação dos Estados
Nacionais africanos tendeu a copiar as antigas fronteiras estabelecidas pelos europeus e a
reproduzir as antigas formas de dominação estruturadas pelas autoridades metropolitanas.
Sendo assim, os problemas étnicos e nacionais que a África enfrenta atualmente remon-
tam indiscutivelmente ao seu passado colonial, de modo que os conflitos tribais, que há
muitas décadas vêm sangrando o continente, agravaram-se pela disputa entre grupos rivais
pelo butim político-administrativo deixado pelas potências europeias. Em outras palavras,

13 HISTÓRIA
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ascender ao status de elite política dominante significa controlar os valiosos recursos naturais
presentes em seus países, ainda muito valorizados pelas atuais potências industriais. Vale
acrescentar, por fim, que o princípio fronteiriço incorporado à África pelos europeus (como
podemos observar no mapa) como elemento de conquista (“dividir para dominar”) acarretou
uma transformação abrupta nos modelos políticos arcaicos empregados há séculos pelas
sociedades africanas. Tais sociedades, marcadas pelo nomadismo de economias essencial-
mente primárias e pré-agrárias (coleta, caça, pesca e pecuária), revezavam-se espacialmente
em fronteiras instáveis e movediças, que foram completamente suprimidas pelo rigor dos
limites territoriais adicionados pelos europeus.
107. e A existência de um clima de rivalidade entre potências europeias repercutiu no processo
de partilha da África no final do século XIX. Ao dominar povos de diversas origens étnicas e
linguísticas, os idiomas das potências coloniais vieram a ser utilizados como meio de comu-
nicação entre os diferentes grupos linguísticos africanos, como o caso do inglês na Nigéria
ou do francês no Senegal.
108. a) A conquista da área que constituirá o Império Espanhol teve início com as Grandes Navega-
ções no final do século XV e se enquadra nos moldes do Antigo Sistema Colonial. A exploração
da América, a partir do século XVI, apoiou-se em grande parte nos metais preciosos, especial-
mente na América Andina. A prática política econômica característica do Império Espanhol foi o
mercantilismo, segundo o qual a riqueza de um país é dada em função da maior quantidade de
moedas ou metais preciosos existentes dentro de suas fronteiras.
Com o domínio espanhol (ou União Ibérica) entre 1580 e 1640, o Império Colonial português
será incorporado ao espanhol, mas mantendo suas características econômicas.
Como nesse período, na Espanha, vigorava o regime absolutista, toda a administração colonial
será executada com uma centralização administrativa na figura real. Em relação à sociedade,
a base era o trabalho compulsório. O Império Espanhol se estendia da América até o Extremo
Oriente (Filipinas).
b) O Império Inglês, formado no século XIX, foi em grande parte resultado da Revolução
Industrial, iniciada no século XVIII. As principais áreas inglesas estavam na Ásia e África,
áreas que foram utilizadas no fornecimento de matérias-primas, aplicação de capitais ex-
cedentes e absorção de produtos industriais. A prática da política econômica característica
do Império Inglês foi o liberalismo econômico. Grande parte desse império, inicialmente,
foi controlado por grupos econômicos e, posteriormente, administrado pelo governo inglês.
A mão de obra que predominou nas colônias era livre e assalariada.
Os ingleses realizaram ocupações na África – que se estendiam do Mediterrâneo ao cabo da
Boa Esperança – e na Ásia – onde sua maior área de interesse era a Índia, denominada “a joia da
Coroa” –, bem como mantiveram posições estratégicas em todos os oceanos e continentes.
109. a) A Primeira Guerra (1914-1918) apresenta algumas características que vão romper e, em
alguns casos, ampliar elementos já presentes antes do seu desenrolar. Depois das Guerras
Napoleônicas, no início do século XIX, as guerras europeias foram limitadas na sua amplitude
de tempo e no número de países envolvidos. A Guerra da Crimeia (1854-1856) foi a única a
envolver mais de três grandes potências. A Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) envolveu
diretamente a França, a Prússia e as regiões alemãs sob sua influência. Fora da Europa,
merecem destaque – pela sua duração e pelo número de mortos – a Guerra Civil Americana
(1861-1865) e – pelo número de países envolvidos, extensão e mortos – a Guerra do Paraguai
(1864-1870). A Primeira Grande Guerra vai se notabilizar pela sua amplitude no tempo e pelo
abrangente espaço territorial; iniciada na Europa, a guerra vai se expandir aos demais conti-
nentes e, além de apresentar batalhas fora do território europeu, contará com soldados vin-
dos das regiões coloniais nos exércitos de suas metrópoles. O conflito vai se caracterizar por
ser uma guerra total; a superioridade de um país vai se dar não apenas pela sua capacidade
de mobilizar soldados, mas também, e principalmente, pelo seu desenvolvimento tecnoló-
gico: armas de repetição (metralhadoras), tanques, aviões, navios, submarinos de guerra e

14 HISTÓRIA
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armas químicas. A guerra vai se caracterizar, ainda, pelas trincheiras, pelo grande número de
mortos entre a população civil e pelo recrutamento nacional. As guerras posteriores a 1914
vão se notabilizar pela presença de grandes arsenais militares e pelo bombardeio de cidades
abertas, com o terrível aprimoramento do uso da força aérea, destacando-se, nesse sentido,
a Segunda Grande Guerra (1939-1945). Nesse mesmo conflito, haverá destaque para o as-
pecto ideológico presente nos conflitos militares e no decorrer da Guerra Fria (1945-1990).
Assim, depois de 1914, as guerras vão se destacar – entre outros aspectos – pela amplitude,
pelo recrutamento nacional e pelo emprego dos avanços tecnológicos para a produção de
armas de destruição em massa, justificando o fato de ser “uma geração de homens que,
mesmo tendo escapado às granadas, foram destruídos pela guerra”.
b) A segunda metade do século XIX vai se caracterizar pela Segunda Revolução Industrial. Trata-
-se do momento em que a industrialização vai atingir outros países na Europa Ocidental – além
dos Estados Unidos e do Japão, fora da Europa. Entre as grandes potências, amplia-se a riva-
lidade por áreas de influência, onde pudessem adquirir fontes de matérias-primas, mercados
consumidores e regiões para investir capitais excedentes. Antes da eclosão do conflito, os
países europeus vão se envolver em uma corrida aos armamentos e aos sistemas de alianças,
conhecida como Paz Armada. Formam-se dois blocos de aliança fortemente antagônicos: a Trí-
plice Entente, com a presença de França, Rússia e Inglaterra, e, do outro lado, a Tríplice Aliança,
com Alemanha, Itália e Áustria-Hungria. A presença da Inglaterra ao lado da França, tradicionais
inimigas ao longo da história, teria relação com as rivalidades entre ingleses e alemães (princi-
palmente após a saída de Bismarck da chancelaria alemã), quando o novo imperador, Guilherme II,
busca transformar a Alemanha em grande potência mundial, entrando em rota de colisão com
o Império Britânico. Assim, poderia justificar-se a clássica interpretação de Lênin de que a
Primeira Guerra (1914-1918) foi resultado dos embates entre potências imperialistas.
110. a Os tratados de paz ao final da Primeira Guerra Mundial estabeleceram, entre outras medidas,
a devolução da Alsácia-Lorena (em poder da Alemanha desde a Guerra Franco-Prussiana)
para a França e a perda de territórios pela Alemanha, como o Sarre, os Sudetos e o Corredor
Polonês, além do pagamento de pesadas indenizações de guerra pelos alemães.
111. b Ao final da Primeira Guerra Mundial foi criada a Liga das Nações, visando à preservação da
paz e à cooperação entre as nações. Além dos regimes liberais-democráticos já existentes,
acrescentam-se o socialismo na União Soviética e os regimes nazifascistas em vários países
europeus, aumentando as tensões sociais.
112. d A crença de que a razão seria a solução para todos os conflitos e que, com base nela, poder-
-se-ia caminhar em direção a um progresso sem limites, característica do período da Belle
Époque (1870-1914), ruiu para muitos com a deflagração da Primeira Guerra Mundial. A razão
teria levado ao conflito, que nada mais seria do que o seu oposto, a barbárie. A obra de arte
à qual se refere o enunciado reflete esse novo contexto.
113. a) A Rússia participou da Primeira Guerra Mundial ao lado da Entente, composta, inicialmente,
por ela, pela Inglaterra e pela França.
O seu relativo isolamento geográfico em relação a seus aliados, associado ao atraso econômico
do país, entre outras questões, conduziu-a a uma participação desastrosa no conflito. Enfren-
tando a Alemanha e a Áustria-Hungria na frente oriental, os russos tiveram grandes baixas no
seu exército. Internamente, o conflito agravou a falta de gêneros alimentícios, sendo considera-
do um fator para a eclosão da Revolução em fevereiro de 1917. As constantes derrotas russas e
a deserção em massa entre seus soldados resultaram na condução da guerra pelo próprio czar
Nicolau lI, aprofundando ainda mais a malsucedida campanha militar do Império Russo.
Em fevereiro de 1917, o czar foi deposto e o novo governo, liderado pelo primeiro-ministro Lvov,
manteve a Rússia na guerra.
As derrotas militares e as manifestações contra a continuidade na guerra culminaram com a
tomada do poder pelos bolcheviques em outubro de 1917.
O novo governo liderado por Lênin retira-se da guerra em janeiro de 1918, assinando uma paz
em separado com a Alemanha (Brest-Litovsky).

15 HISTÓRIA
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b) Em fevereiro de 1917 (primeira fase da Revolução), o novo governo, liderado por Lvov, as-
sumiu após a abdicação do czar Nicolau II. O que moveu essa fase revolucionária, em geral,
foi o caos instalado no país com a Primeira Guerra Mundial. A Duma (Legislativo), que dirigia o
Governo Provisório, era formada por várias tendências políticas, mas composta em sua maioria
por constitucionalistas democráticos (cadetes), que, apesar das promessas de retirar a Rússia
da guerra, reafirmaram seu apoio à Entente, provocando um maior descontentamento popular
e insurreições. Quando, em outubro de 1917, os bolcheviques assumiram o poder, defendiam,
entre outras questões:
•  que a estrutura centralizada do partido conduziria à Revolução, rejeitando, assim, qualquer
mudança gradual;
•  a ditadura do proletariado, que construiria uma ordem socialista, tendo o Partido Bolchevique
como vanguarda da Revolução;
•  a distribuição de terras aos camponeses, anulando os latifúndios;
•  a nacionalização das indústrias, coletivizando a produção;
•  o fim da participação russa na Grande Guerra, pois consideravam o conflito como resultado
do choque de imperialismos;
•  uma paz imediata com a Alemanha, sem indenizações e sem anexações;
•  que todo o poder fosse controlado pelos sovietes (conselhos).
114. b Em meio à crise que levou ao colapso do regime czarista, os bolcheviques lançam um manifes-
to no qual, entre outros aspectos, reclamam a criação de um governo provisório revolucioná-
rio, que deveria estabelecer a república e introduzir reformas democráticas.
115. d Com a necessidade de reconstruir a economia ao final da guerra civil, Lênin adotou medidas
flexíveis na economia, sem, no entanto, promover qualquer espécie de abertura política.
116. d A Crise de 1929 foi marcada por crise na agricultura nos EUA, superprodução e queda de
preços, especulação financeira e queda no mercado de ações. Repercutiu mundialmente,
provocando falências e desemprego.
117. d O New Deal, plataforma política de Franklin Delano Roosevelt, inspirava-se nos princípios do
economista inglês John Maynard Keynes, que pregava a intervenção relativa do Estado na
economia, contrariando os preceitos do liberalismo clássico.
118. b Nos três contextos apontados, em associação com projetos de unificação ou independência
(Revoluções de 1830 e 1848), estratégias de massa de coesão social (Primeira Grande Guerra)
ou ideologias autoritárias e militaristas (nazifascismos), afirma-se o nacionalismo como
fenômeno político.
119. No texto, é nítido o “culto ao líder”, de alguma forma divinizado. Ele encontra-se acima da lei,
possuindo a iniciativa de instituir ou extinguir qualquer lei. Em todos os momentos do texto, o
”culto ao líder” surge, por exemplo: “Ele marcha sobre Roma”; “Ele é a Itália em movimento”;
“o século de Mussolini”. O “culto ao Estado” como valor supremo, portanto totalitário, é ex-
plícito no trecho: “Surge o Estado dos italianos. Seu poder manifesta-se. Suas virtudes vêm à
tona”.
A valorização do passado e da tradição para a construção de um futuro melhor é sugerida no
trecho: “Esse grande renascimento (...) terá o nome Dele”.
Essas características se chocam com o liberalismo em vários aspectos; entre eles, as decisões
nas democracias, por exemplo, que são originárias de assembleias e não do poder de um líder.
Os partidos políticos que existem nas democracias são suprimidos nos regimes fascistas, que
se caracterizam por terem um partido único. O líder nos fascismos é colocado acima da lei,
enquanto na democracia todos são iguais perante a lei.
120. a A doutrina fascista caracterizava-se pela afirmação de todo o poder ao Estado.
121. c Uma das ideias centrais do nazifascismo é a submissão da sociedade ao Estado, além da
concentração de poderes nas mãos do líder.

16 HISTÓRIA
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122. d Tanto o fascismo quanto o nazismo eram antiliberais.
O Partido Nazista assumiu o poder por processo eleitoral, em um contexto de crise política.
123. a) As mensagens da fala de Colin Powell eram favoráveis a uma guerra inevitavelmente san-
grenta, atingindo igualmente militares, civis e inocentes. Guernica demonstra – por intermédio
de imagens fragmentadas, teoricamente “cubistas” – a mutilação, a dor e todos os horrores da
guerra. Não é somente o olhar do artista espanhol Pablo Picasso, mas a indignação, por meio
da arte, de um povo injustiçado. Por isso, as duas mensagens, verbal e pictórica (ou imagética),
são incompatíveis. Guernica é uma obra atemporal porque torna-se um símbolo de contestação
e revolta, contrária a toda forma de opressão ou guerra injusta.
b) Guernica foi elaborada para o pavilhão espanhol na Exposição Universal de 1937, em Paris.
Descreve em seus mais de sete metros de comprimento um momento histórico ímpar: a
destruição da cidade espanhola de Guernica pela Força Aérea nazista – sob ordem do general
Franco – durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), entre republicanos e nacionalistas. A
vitória dos últimos mergulha a Espanha num governo fascista, que determina a permanência de
Picasso nos EUA até o total reestabelecimento da democracia na Espanha.
124. e Sendo um dos elementos que explicam a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, o expan-
sionismo de Adolf Hitler é o elemento satirizado na charge.
125. e O Pacto Germano-Soviético, ou Ribbentrop-Molotov, assinado entre os governos soviético
e alemão, em 23 de agosto de 1939, estabelecia, entre outros aspectos, uma divisão de
áreas de influência na Europa Oriental entre os dois países. Para além dos itens do Pacto
de Não Agressão, a Alemanha visava evitar abrir duas frentes simultâneas na guerra que
se anunciava; para a União Soviética, com o pacto, esperava-se ganhar mais tempo para
proteger sua longa fronteira com a Alemanha.
Alguns autores consideram o pacto como um dos antecedentes que conduziram à Segunda
Guerra Mundial.
126. d A tática da “terra arrasada” foi usada pelos russos contra Napoleão e contra Hitler.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o mito da invencibilidade nazista terminou na Batalha
de Stalingrado, quando todo um exército alemão, comandado por Paulus, rendeu-se.
127. e Com o fim da Segunda Guerra Mundial, definiu-se uma ordem mundial caracterizada pela
competição entre EUA e URSS conhecida como Guerra Fria, tendo como um de seus legados
o armamento nuclear.
128. d A região da Alsácia-Lorena foi perdida para a Alemanha por ocasião da derrota francesa na
Guerra Franco-Prussiana e retomada pela França ao término da Primeira Guerra Mundial.
129. e A Alemanha adotou, após a Segunda Guerra Mundial, políticas estatais que visavam rejeitar
o militarismo que caracterizou a política externa alemã desde o processo de unificação do
país.
130. a Ao término da Segunda Guerra Mundial, emergem duas superpotências em campos
opostos: os Estados Unidos e a União Soviética, configurando a chamada Guerra Fria.
Ocorre também a aceleração do processo de descolonização na África e na Ásia.
131. d A imagem representa a Índia como uma mulher simples e desesperada tentando salvar a si
e o filho dos animais associados à guerra civil e à fome. Enquanto isso, lideranças hindus,
islâmicas e britânicas disputam questões distantes da realidade do povo.
132. Os países asiáticos e africanos que se tornaram independentes nas décadas de 1940 e 1950
foram: Indonésia (1945); Filipinas (1946); Paquistão e Índia (1947); Birmânia (1948); Líbia (1951);
Tailândia e Indochina (1954); Tunísia, Marrocos e Sudão (1956); e Gana (1957). Entre as razões
possíveis para a simultaneidade da descolonização em áreas tão distintas, podemos citar:
•  O enfraquecimento das potências colonialistas, que se desgastaram devido à Segunda
Guerra Mundial, possibilitando o processo de descolonização da África e da Ásia.

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•  O surgimento de duas superpotências no pós-guerra (a URSS e os EUA), que provocou
um novo alinhamento das relações internacionais, sendo ambas incentivadoras da descolo-
nização para terem maiores influências nas áreas até então colonizadas. Com a participação
de africanos e asiáticos na Segunda Guerra ao lado de suas respectivas metrópoles, estes
passaram a exigir maior autonomia política, organizando-se na luta pela descolonização.
•  A ONU (Organização das Nações Unidas), após sua fundação, em 1945, incentivou a autode-
terminação dos povos. Assim, aumentava a defesa da independência política nas colônias dos
continentes asiático e africano.
133. c Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA elaboram o Plano Marshall com o objetivo de
fornecer capitais para a reconstrução dos países capitalistas europeus, visando, entre outros
aspectos, impedir o avanço do comunismo.
134. Entre os exemplos de conflitos ocorridos no século XX que a Liga das Nações e a ONU não
conseguiram evitar, podemos citar, respectivamente, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e
a Guerra do Vietnã (1965-1975). Podemos mencionar, ainda, a Guerra da Coreia (1950-1953), os
vários conflitos árabe-israelenses e as diversas guerras da descolonização afro-asiática.
A Liga das Nações foi um organismo diplomático idealizado, no contexto do pós-Primeira Guerra
Mundial, pelo então presidente norte-americano Woodrow Wilson. O projeto da liga fazia parte
de um conjunto de princípios diplomáticos que tomaram corpo, nos chamados “14 Pontos de
Wilson”, cuja finalidade última era o estabelecimento de uma “paz sem vencedores”, isto é,
uma paz sem revanchismos em que não houvesse margem para a eclosão de uma nova guerra.
Tal proposta, entretanto, não conseguiu superar o espírito de vingança que predominou na
Conferência de Paz de Versalhes (janeiro de 1919), sobretudo na postura do primeiro-ministro
francês, George Clemenceau, que queria imputar à Alemanha o ônus do conflito. Sendo as-
sim, no lugar de uma “paz sem vencedores”, estabeleceu-se a “paz dos vencedores”, marcada
por ressentimentos, humilhações e a imposição de perdas territoriais, pesadas indenizações e
redução do contingente militar às nações derrotadas. Ao mesmo tempo, para que a Liga das
Nações pudesse atuar de maneira eficaz nessa atmosfera de tensão que se seguiu à Primeira
Guerra, seria imprescindível a participação dos Estados Unidos como fieI da balança. Entretan-
to, o Senado norte-americano não ratificou os tratados assinados por Wilson e impediu a entra-
da de seu país na liga, completando, assim, o conjunto de fatores necessários para a atuação
fracassada desse organismo.
A Organização das Nações Unidas, por sua vez, foi criada no contexto do pós-Segunda Guerra
Mundial, como resultado das discussões promovidas pela Conferência de São Francisco, em
junho de 1945. O equilíbrio de forças estabelecido internamente na ONU reproduziu, de certa
forma, a aliança internacional formada no combate aos regimes nazifascistas, resultando na
formação de um órgão supremo – o Conselho de Segurança – composto por apenas cinco
membros permanentes: EUA, URSS, Reino Unido, França e China, além de dez rotativos. Essa
configuração, por sua vez, mostrou-se incapaz de pacificar a ordem política internacional nos
anos subsequentes, pois acolhia em seu interior países com regimes político-ideológicos com-
pletamente antagônicos. Sendo assim, na segunda metade da década de 1940, o que era uma
promessa de paz cedo se degenerou numa disputa por zonas de influência entre as duas maio-
res potências militares da época (Estados Unidos e União Soviética) configurando o Período da
Guerra Fria (1945-1991).
135. c A divisão citada no texto refere-se ao confronto entre o socialismo e o capitalismo no con-
texto da Guerra Fria.
136. c A chamada Revolução dos Cravos, de 1974, consistiu num levante militar que obteve amplo
apoio popular e restabeleceu a democracia em Portugal após décadas de um regime autori-
tário conhecido como salazarismo.
137. c A Crise dos Mísseis opôs os dois grandes líderes da Guerra Fria: Kennedy (EUA) e Kruchov
(URSS), o que quase provocou uma hecatombe mundial. A tensão foi superada com os
russos retirando os mísseis que tinham em Cuba e os americanos, os que tinham na Turquia.

18 HISTÓRIA
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138. e A fotografia tirada em Beijing, China, em 1989, retrata a repressão violenta das autoridades
chinesas contra os protestos estudantis na chamada Primavera de Beijing. Os estudantes
protestavam contra a inflação e reivindicavam maior liberdade; chegaram a fabricar uma es-
tátua, que chamavam de “a deusa da liberdade e da democracia”, semelhante à Estátua da
Liberdade de Nova York. O desenlace trágico (com a brutal repressão pelo governo) ficaria
conhecido como o Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen).
139. e A Guerra Fria, no período posterior ao término da Segunda Guerra Mundial, significou, entre
outros aspectos, a divisão do mundo entre as duas superpotências da época: os Esta-
dos Unidos e a União Soviética. O colapso do regime soviético assinala o término desse
período.
140. a) Em 1947, logo após a independência da União Indiana, eclodiu uma guerra civil entre hindus
e muçulmanos que resultou na partilha do país em um Estado de maioria hindu, a Índia, e um
Estado de maioria muçulmana, o Paquistão, localizado a noroeste e a nordeste da península –
Paquistão Ocidental e Oriental, respectivamente. Em 1971, o Paquistão Oriental, com apoio da
Índia, separou-se do Ocidental por motivos étnicos (diferenças entre paquistaneses e bengalis),
dando origem à República Islâmica de Bangladesh. A multiplicidade étnica no interior de seu
território resultou em movimentos separatistas. Na atualidade, existem vários movimentos,
destacando-se os dos estados da Caxemira (hindus e muçulmanos), envolvendo o Paquistão,
no Punjab, no Assam (questão étnica) e Tamil, que querem a formação de um Estado tâmil,
envolvendo o território de Tamil Nandu, na Índia, e o norte e leste de Sri Lanka.
Além dos movimentos separatistas, a Índia também tem problemas de unidade política, devido
à sua intensa heterogeneidade étnica, linguística e religiosa.
No aspecto econômico, depois da independência, a Índia levou uma política industrial por pro-
gramas denominados Planos Quinquenais e, contemporaneamente, veio a se tornar um dos
chamados “países emergentes’,’ nos quais, ao lado de graves disparidades socioeconômicas,
florescem centros de tecnologia de ponta que usam mão de obra barata, o que lhes propicia,
como no caso da China, vantagens competitivas no mercado mundial.
b) A Revolução Chinesa de 1949 pôs fim às intervenções colonialistas e implantou o socialismo.
O desenvolvimento do país a partir de então foi feito por Planos Quinquenais (o primeiro em
1953). Logo após a Revolução, houve uma aproximação com a União Soviética em 1950 – Trata-
do de Amizade, Aliança e Assistência Mútua Sino-Soviético –, no entanto, o rompimento com a
URSS se deu em 1960, tendo como início um conflito ideológico.
Nos anos 1950, ocorre a ocupação do Tibete por tropas chinesas, além de conflitos na fronteira
com a Índia.
Assim como a Índia, a China enfrenta problemas internos por movimentos separatistas princi-
palmente na região oeste do país, marcada por grande diversidade cultural (56 grupos étnico-
-nacionalistas), onde se destaca o movimento separatista do Tibete, comandado pelo líder
budista Dalai-Lama, exilado na Índia.
Como a Índia, a China faz parte do grupo de países chamados “emergentes”. O uso intensivo de
mão de obra barata, tecnologia de ponta e preços altamente competitivos no mercado interna-
cional colocam, atualmente, a China como um importante ator no cenário da economia mundial.
141. d Muitas das decisões tomadas pela comunidade política francesa, nos últimos anos, têm
sido uma resposta às tensões sociais provocadas pela crescente presença de imigrantes
islâmicos no país.
142. a) As perseguições aos judeus sempre foram constantes na Europa desde a Antiguidade. Na
Época Contemporânea, com a Revolução Francesa, a situação dos judeus, apesar de melhor,
não impediu novas perseguições. No contexto das manifestações nacionalistas do século XIX,
organizou-se o Primeiro Congresso Internacional Sionista presidido por um intelectual de ori-
gem judaica, Theodor Herzl, que pregava a volta de judeus para a “Terra de Sion”, argumentando
que as perseguições aos judeus europeus poderiam ser evitadas com a criação de um lar judeu.
No entanto, essa proposta ficou apenas no plano das ideias.

19 HISTÓRIA
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A região onde se localiza a Palestina pertencia ao Império Turco-Otomano e, com sua decadên-
cia, aquela área passou a ter maior influência de potências europeias.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Turco alia-se à Alemanha, assim, com a derrota
alemã, algumas áreas do antigo Império Otomano passam ao controle britânico (Palestina, Jordânia
e Iraque) e francês (Síria e Líbano).
Durante o período do mandato britânico, por intermédio da “Declaração Balfour” – nome do
ministro britânico autor da declaração –, afirmava-se que o governo daquele país via com bons
olhos a criação de um lar judeu na Palestina, área de cultura islâmica. A ação do governo bri-
tânico, no entanto, era dúbia, ora favorável aos judeus, ora pendendo às populações árabes
contrárias à presença judaica na região.
Somente em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, a imigração judaica na Palestina aumentou
consideravelmente. O Holocausto judaico, provocado pelo nazismo, sensibilizou o mundo para
a necessidade de um lar judeu. Aos judeus europeus sobreviventes, a ideia da criação de um
Estado na Palestina tornou-se forte. A presença cada vez maior de judeus na região levou a um
confronto com as populações árabes na Palestina, que estava sob o mandato britânico.
A ONU, recém-criada no pós-guerra, propôs uma solução para a Questão Judaica: a partilha da
Palestina entre judeus e palestinos (árabes habitantes da região). Esse plano foi rejeitado por
todos os países árabes e pelos palestinos, persistindo o conflito. Quando, em 1948, as tropas
britânicas deixaram a região, os judeus proclamaram o Estado de Israel, dando continuidade a
um estado de guerra entre as partes envolvidas, que se estende até hoje.
b) Na Antiguidade, durante o Império Romano, ocorreu uma das diásporas judaicas. Os judeus,
dispersos por todas as áreas desse império, mantiveram-se unidos, entre outros aspectos, pela
ideia de volta à “Terra de Sion” – a Terra Prometida.
Após a Segunda Guerra Mundial, na criação do Estado de Israel, os judeus argumentavam ter
direito à Terra Prometida por “razões religiosas”, enquanto os palestinos, na região desde a Idade
Média, baseavam seus argumentos em “razões históricas”.
Com o impacto do Holocausto judeu, a opinião pública mundial tendia ser favorável à criação de
um lar judeu, pondo um fim à Questão Judaica.
A imigração de judeus europeus para a Palestina resultou em conflitos com populações árabes.
O plano da ONU – partilha da Palestina – dividiu o território em um Estado palestino e um Es-
tado judeu. Em 1948, os judeus proclamam o Estado de Israel, rejeitado imediatamente pelos
palestinos e pelos países árabes. Nesse contexto, ocorreu a Primeira Guerra Árabe-israelense
(1948-1949), com vitória de Israel. O saldo dessa guerra foi a ocupação de territórios que eram
destinados aos palestinos, imediatamente ocupados na sua maioria por Israel, e de outras
regiões menores conquistadas por países árabes vizinhos. Assim, a antiga Questão Judaica
transformava-se em Questão Palestina, isto é, agora eram os palestinos que lutavam pela cria-
ção de um Estado.
Após a Primeira Guerra Árabe-Israelense, outras ocorreram até os dias atuais, podendo-se des-
tacar a Guerra dos Seis Dias (1967), em que, com a vitória de Israel, são anexados ao território
israelense o Sinai, a Faixa de Gaza (do Egito), a Cisjordânia, Jerusalém Oriental (da Jordânia) e
as Colinas de Golã (da Síria), tornando a ideia do Estado palestino mais distante.
Somente de 1993 a 1995, com os acordos de Oslo entre as partes, os palestinos passam a ter
relativo controle de um grande trecho da Faixa de Gaza e de parte da Cisjordânia. Os palestinos
conquistam graus diferenciados de autonomia nessas regiões.
Em 2003, propostas de paz elaboradas pela ONU, Rússia, EUA e União Europeia visam a exis-
tência de um Estado Nacional palestino.
Esses esforços de paz não encontram apoio em certos setores palestinos e israelenses, pois
grupos radicais, nos dois lados, condicionam a existência de seus Estados com a aniquilação da
outra parte.
Assim, as diferenças religiosas entre os dois povos não é a causa fundamental do conflito,
embora sejam intensificadoras da questão, envolvendo outros países muçulmanos e potências
mundiais, como os EUA. O problema principal é o conflito de caráter político-territorial, ou seja,
a luta de dois povos por um mesmo território.

20 HISTÓRIA
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143. b Conforme indicação do próprio texto, os contatos culturais e comerciais dos árabes com
grupos africanos do Magreb (Norte da África) – mas também com tribos do Saara e do
Sahel – ocorriam mesmo antes da expansão islâmica; contudo, mesmo nesses espaços
(incluindo a costa oriental, em áreas como a Somália), não desapareceram as crenças
tradicionais, que persistiram ainda nas amplas regiões do continente não alcançadas pelo
Islã.
144. d A política denominada neoliberal tem, entre suas características, uma menor participação do
Estado na economia, redução de investimentos em setores sociais e negociações diretas
nas relações de trabalho.
145. c O chamado modelo neoliberal se contrapõe ao Estado de Bem-Estar Social, apregoando a
necessidade de uma série de reformas que diminuiriam o tamanho do Estado – privatiza-
ções, flexibilização da legislação trabalhista, liberdade sindical, redução dos impostos, etc.
Como resultado, teríamos o chamado Estado mínimo, com baixa intervenção do Estado na
economia.
146. b Mikhail Gorbatchov ficou conhecido na história como o estadista soviético que tentou pro-
mover profundas reformas econômicas e políticas em seu país – a transparência política
(glasnost) e a reestruturação econômica (perestroika) –, todavia sem lograr êxito, e cujo
resultado acelerou o fim da URSS.
147. a) No Período Entreguerras (1918-1939), a democracia era vista como um sistema decadente,
responsável por crises econômicas e políticas. Nesse contexto, os regimes de consenso (so-
cialismo e fascismo) aumentavam sua influência. O fascismo representava para seus adeptos
o único regime capaz de dar soluções às crises, mantendo o sistema capitalista. A Revolução
Russa (1917), responsável pela implantação do socialismo naquele país, tinha em sua ideologia
a criação de uma sociedade mais justa com a desintegração do sistema capitalista. Dessa for-
ma, a Revolução Russa era uma “porta para o futuro”, pois apresentava uma alternativa viável de
substituição da sociedade capitalista por uma sociedade fundamentada sobre o bem comum e
coletivista.
b) Entre os fatores responsáveis pela derrocada dos regimes socialistas na Europa, pode-se
citar:
•  A perda da batalha tecnológica e da batalha pela produção e o fracasso na tentativa de pro-
porcionar bem-estar social pleno.
•  As reformas nos campos político (glasnost) e econômico (perestroika), realizadas diante
da crise generalizada no Estado soviético. Essas reformas foram dirigidas pela URSS por
intermédio de Gorbatchov que, por sua vez, perdeu o controle sobre os rumos dessas
mudanças, levando à desintegração da URSS com efeitos sobre todo o mundo socialista,
especialmente no Leste Europeu.
•  As mudanças na URSS e sua desintegração, que levaram à contestação política de dissiden-
tes no mundo socialista europeu.
•  As manifestações nacionalistas, tanto na URSS como no Leste Europeu, que aceleraram a
crise do socialismo.
148. b A afirmativa I refere-se à ONU no reconhecimento da autodeterminação dos povos e promoção
da descolonização.
A afirmativa II refere-se à bipolarização das relações internacionais no pós-Segunda Guerra
com as duas superpotências: EUA e URSS.
A afirmativa III refere-se à Guerra Fria na busca pelas superpotências por áreas de influência
e disputa pela hegemonia mundial.
149. d A Rússia, desde o século XIX, apesar de ter passado por diferentes regimes políticos, de-
vido à sua extensão territorial e a seus recursos em matérias-primas, possui um papel de
destaque entre as grandes potências.

21 HISTÓRIA
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150. a) De acordo com o texto, os diferentes interesses que se opunham à União Europeia eram
expressos em grupos que se posicionavam contrários à integração da seguridade social, bem
como em alguns partidos políticos que chegavam a usar slogans nacionalistas e racistas com
intuito de ter um maior apoio de pessoas que vivenciavam um cenário socioeconômico de mi-
séria, desemprego e desconfiança no governo.
b) A criação da União Europeia provocou algumas mudanças para os países-membros, dentre
as quais se pode citar, principalmente:
•  o fim das barreiras alfandegárias, permitindo maior circulação de mercadorias e mão de obra;
•  o estabelecimento de políticas comuns nos setores de transporte, agricultura, assistência
social, educação e cultura;
•  maior cooperação em assuntos jurídicos e policiais, como regras de imigração, asilo político
e combate ao crime organizado e ao narcotráfico;
•  normatização de uma política externa comum;
•  implementação de uma moeda (euro) e banco central únicos, embora Suécia, Dinamarca e
Reino Unido não fizessem parte da zona do euro;
•  diminuição das tensões políticas evitando conflitos no continente entre os países que cons-
tituem o bloco;
•  maior integração econômica de alguns países-membros, como Portugal, Espanha e Grécia
(nos anos 1980), e países do Leste Europeu no início do século XXI.

História do Brasil Colonial


151. e As colônias de exploração tinham como função a complementaridade econômica metro-
politana, fazendo com que a metrópole privilegiasse as áreas de produção de gêneros
lucrativos no mercado europeu, como os gêneros tropicais, condicionando a colonização
nessas áreas.
152. b O excerto utilizado da carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel indica que o interesse
pela extração de riqueza dos europeus superou a compreensão da cultura dos indígenas.
153. a Os mapas apresentam diferentes momentos da formação do território brasileiro. O Tratado
de Madri (1750) anulou o Tratado de Tordesilhas, consagrando uma nova divisão entre os
domínios portugueses e espanhóis com base no princípio de Uti possidetis. O Tratado de
Petrópolis (1903) foi consequência do chamado “boom da Borracha”, que levou à anexação
do Acre ao Brasil, território que antes pertencia à Bolívia. A Constituição de 1988 define
as fronteiras do Brasil atual, com sua divisão administrativa em 26 estados e o Distrito
Federal.
154. a Na tela de Amoedo, há um esforço de construção da identidade nacional no Segundo
Reinado (1840-1889); quatro são os elementos principais: a natureza, o indígena, o reli-
gioso e a morte. Elementos fundamentais da estética romântica brasileira, a natureza e
o indígena ocupam o centro da imagem; o nativo morto – indicador da derrota da Confe-
deração dos Tamoios perante os portugueses – amparado pelo jesuíta – cuja mediação
fracassada no conflito fica assim patente – ilustra um episódio colonial que, de alguma
forma, reflete todo o período. Ainda que repleta de ambiguidades, foi na relação com a
Igreja que os indígenas encontraram algum refúgio no processo de colonização.
155. c A Igreja Católica posicionava-se contra a escravização dos índios (afirmando que possuíam
alma e só poderiam ser escravizados em caso de “guerra justa”); entretanto, utilizava a
“maldição de Cam” contida na Bíblia para justificar a escravização dos africanos.
156. c De uma maneira geral, nas primeiras décadas do século XVI os portugueses estavam mais
interessados no comércio com as Índias no Oriente. Entretanto, um conjunto de fatores
levou ao início da ocupação do Brasil a partir de 1532 (São Vicente, primeira vila brasileira).
Entre esses fatores destaca-se a cobiça estrangeira – ingleses, franceses e espanhóis –
na costa brasileira.

22 HISTÓRIA
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157. d Enquanto na América Espanhola foi significativo o uso da mão de obra indígena sob várias
formas de trabalho compulsório, na América Portuguesa predominou o uso da mão de obra
escrava africana.
Destacam-se também as restrições aos indígenas e nascidos na América a ocuparem
cargos administrativos religiosos ou civis.
158. c Nos moldes do Antigo Sistema Colonial e impulsionada por recursos nacionais obtidos com
o Estado Moderno português, precocemente surgido no século XIV com a Revolução de
Avis, a exploração portuguesa no Brasil se deu como uma empresa agrícola açucareira,
baseada na grande propriedade e destinada a fornecer recursos para a Metrópole.
159. e Na época da descoberta havia mais interesse e atrativos em relação ao comércio com a Índia.
Por esse motivo, o início da colonização do Brasil, de uma maneira geral, ficou relegado a um
segundo plano.
160. c No decorrer do século XVII, ocorreram vários conflitos envolvendo indígenas e europeus.
Em alguns desses embates, os indígenas aparecem como adversários e, em outros, como
aliados dos portugueses.
161. d O estabelecimento francês no Rio de Janeiro, para além de interesses econômicos, teve
também uma motivação religiosa.
Os huguenotes, perseguidos na França, pretendiam fundar um núcleo de povoamento onde
pudessem praticar livremente suas crenças religiosas.
162. a Segundo o Dicionário do Brasil Colonial, organizado por Ronaldo Vainfas, Nassau “promulgou
leis que eram iguais para todos, impedindo injustiças contra os antigos habitantes”.
163. a) De acordo com o texto, há duas interpretações divergentes da luta pela expulsão dos
holandeses, a chamada Insurreição Pernambucana (1645-1654). A primeira “tese tradicional diz
respeito ao reforço da identidade brasileira durante as lutas com os holandeses”. Já a segunda
“critica essa associação entre a experiência da dominação holandesa e a gênese de um senti-
mento nativista ‘insistindo’ nas divisões – no âmbito da economia açucareira – entre senhores
de engenho excluídos ou favorecidos pela ocupação holandesa”.
b) Os portugueses e holandeses eram parceiros na empresa açucareira: os flamengos dedica-
vam-se ao transporte, ao refino e à distribuição do produto no mercado europeu. Quando, na
segunda metade do século XVI, vai se iniciar a luta de independência das províncias unidas dos
Países Baixos contra o domínio espanhol, terá na mesma ocasião o início do período da cha-
mada União Ibérica (1580-1640), e Portugal ficará sob o domínio da Espanha, sendo governado
pelos reis da dinastia dos Habsburgos (Filipes II, III e IV). Nessa fase, os reis espanhóis que
governavam Portugal passaram a fazer restrições à presença de embarcações e comerciantes
holandeses em Portugal e no seus domínios. Interessados em ter acesso à produção açucarei-
ra, os holandeses atacaram o Nordeste brasileiro em ações dirigidas pela Companhia das Índias
Ocidentais. Depois de tentar ocupar Salvador (1624-1625) e serem expulsos, os holandeses
atacaram a capitania de Pernambuco, onde permaneceram entre os anos 1630 e 1654.
164. c A ação dos bandeirantes ampliou o espaço territorial da América Portuguesa além da linha
de Tordesilhas, consolidando as fronteiras no Tratado de Madri.
165. c A Companhia de Jesus foi fundada no século XVI, no contexto da Contrarreforma. No Brasil
Colônia, esteve envolvida no serviço de catequese dos indígenas. Foi também responsável
por desenvolver a educação, fundando colégios, como o Colégio São Paulo, em 1554.
166. e De acordo com os termos do referido tratado, ao sul, Portugal cedia a Colônia do Sacramento
para a Espanha e, em contrapartida, a Espanha entregava a região dos Sete Povos das
Missões para Portugal. Para a Espanha, era vital o controle do estuário do Prata.
167. e A produção de gêneros agrícolas exportáveis em grandes propriedades por meio do trabalho
escravo caracterizou, em linhas gerais, a colonização brasileira.

23 HISTÓRIA
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168. b A arte colonial em Minas Gerais conheceu seu apogeu no século XVIII, estando associada
à riqueza gerada principalmente pela mineração de ouro. Seguia as características do estilo
artístico barroco, ainda que tardiamente e com algumas particularidades.
169. e O texto do enunciado faz referência às possibilidades de exploração econômica na região
tanto para o setor de subsistência (“roças de mantimentos”) quanto para produtos de
exportação (“cana-de-açúcar e algodão”).
170. b No Período Colonial, a produção de açúcar saía do Brasil em estado bruto. Dirigia-se aos
portos portugueses e, de lá, era transportada para a Holanda, onde era refinada e distribuída
no mercado mundial. Os portugueses eram intermediários entre a produção e a distribuição
do açúcar. Os holandeses foram os maiores beneficiários da economia açucareira.
171. d A pecuária desenvolveu-se durante o Período Colonial brasileiro como atividade econômica
complementar à produção de açúcar na região Nordeste e à exploração de ouro e diamantes
na região das Minas Gerais.
172. c Existe um relativo consenso entre especialistas de que a mineração no Período Colonial esti-
mulou o crescimento de uma economia de mercado interno e de produção de bens, como o ta-
baco, que serviam como elemento de troca para a obtenção de escravos africanos para a região.
173. b Em 1703, Inglaterra e Portugal assinaram o Tratado de Methuen, também conhecido como
“tratado dos panos e dos vinhos”, através do qual a Inglaterra dava preferência para a impor-
tação do vinho de Portugal e este, em contrapartida, dava isenção à importação dos tecidos
ingleses. O resultado foi um déficit na balança comercial portuguesa, coberto em grande
parte pelos metais preciosos que começavam a ser extraídos no Brasil.
174. a O rei D. José I, de Portugal, e seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras
e marquês de Pombal, podem ser representantes do chamado despotismo esclarecido,
em Portugal.
Tratava-se de promover reformas e fortalecer o poder do Estado sem abrir mão do regime
político absolutista, que concentrava poderes nas mãos do monarca. Na América Portugue-
sa, fazem parte do conjunto de reformas promovidas por Pombal: a extinção do regime de
capitanias hereditárias (que foram incorporadas ao patrimônio da Coroa), a expulsão dos
jesuítas e o confisco de seus bens, a criação de companhias privilegiadas de comércio, en-
tre outras medidas.
175. d A chamada Guerra dos Emboabas (1708-1709) foi o conflito entre paulistas, descobridores e
os primeiros a controlar as minas de ouro, e “estrangeiros”, recém-chegados à região. Como
a questão indica, representou um conflito de interesses entre membros diversos do Império
Português.
176. a A Inconfidência Mineira é considerada um episódio de cunho autonomista na América
Portuguesa, uma vez que os integrantes do movimento pretendiam romper os laços po-
líticos entre Metrópole e Colônia, no final do século XVIII.
177. b A transferência da família real para o Brasil associa-se ao contexto internacional das Guerras
Napoleônicas e rivalidades franco-britânicas.
178. c Com a Abertura dos Portos (1808), rompia-se o regime de monopólio Metrópole-Colônia, e
uma de suas consequências foi a presença significativa de mercadorias estrangeiras, sobre-
tudo de origem inglesa, nos principais centros de consumo do país.
179. d A Revolução Pernambucana de 1817 foi uma reação ao governo de D. João VI no Brasil e
reuniu proprietários rurais, comerciantes, militares e sacerdotes, ficando conhecida como
a “Revolução dos Padres”. Era um movimento de caráter republicano e separatista, contou
com participação popular, tendo atingido outras províncias do Nordeste.
180. e A Independência do Brasil no contexto da crise do Antigo Sistema Colonial, a despeito da
opção pela “solução monárquica”, significou um rompimento com a política mercantilista,
apesar de a Abertura dos Portos ter ocorrido antes da emancipação política.

24 HISTÓRIA
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História do Brasil Monárquico
181. d O mapa permite observar que a adesão ao imperador Dom Pedro I não foi imediata. Pará,
Maranhão, Piauí e Ceará são mostrados no mapa como regiões fiéis a Lisboa mesmo após
o Grito do Ipiranga.
182. b A repreensão à Confederação do Equador levou à baixa popularidade do imperador. O mesmo
ocorreu principalmente entre os oficiais, com a perda da Província da Cisplatina.
183. c A Assembleia Constituinte discutia um projeto de Constituição que procurava, entre outros
aspectos, restringir o poder do imperador D. Pedro I e evitar uma possível tentativa de retorno
ao status do Brasil como reino unido a Portugal.
D. Pedro dissolveu a Assembleia Constituinte e outorgou uma Constituição (25.03.1824) que
estabelecia a centralização político-administrativa. Em 1824, eclodiu um movimento revolto-
so em Pernambuco, conhecido como Confederação do Equador, que se posicionou contra a
dissolução da Constituinte e a outorga da Constituição. Os revoltosos propuseram a forma-
ção de uma república de estados confederados no Nordeste. O movimento foi duramente
reprimido.
184. e Na época da Assembleia Constituinte, ocorreu uma tensão entre partidários do fortaleci-
mento da autoridade do imperador e aqueles que defendiam a existência de limites a esta
autoridade.
185. b Por ocasião da Confederação do Equador, um movimento político contra o autoritarismo de
D. Pedro I, ocorrido em Pernambuco, existiam vários setores sociais envolvidos para além
das elites rurais, como setores do clero; caso de Frei Caneca, que defendia ideais liberais e
republicanos.
186. a O texto associa-se ao movimento revoltoso conhecido como Confederação do Equador, que
eclodiu em Pernambuco, contra o autoritarismo do imperador, que dissolvera a Assembleia
Constituinte (1823) e outorgara a Constituição (1824).
187. a A Constituição outorgada de 1824 estabeleceu o governo como uma monarquia e a exis-
tência de quatro poderes: Executivo, Judiciário, Legislativo e Moderador. Com isso, concen-
trava os poderes nas mãos do imperador através do Poder Moderador, que estava acima
dos demais poderes e era exercido exclusivamente pelo imperador. Adotou o catolicismo
como religião oficial, subordinou a Igreja ao Estado e instituiu o voto censitário, excluindo a
maioria da população.
A dissolução da Assembleia Constituinte provocou oposições violentas em Pernambuco.
A Confederação do Equador (1824) propunha uma república de estados confederados
do Nordeste. O governo tomou medidas enérgicas de repressão, dando fim ao movimento.
A abdicação de D. Pedro teve ligação com sua participação na questão da sucessão do
trono em Portugal, a grande dívida externa sem investimentos produtivos, a Guerra da
Cisplatina, a repressão excessiva de movimentos de oposição e a nomeação do “minis-
tério dos marqueses”.
188. c Para além dos gastos com a montagem do novo Estado Nacional, observou-se uma queda
generalizada nos produtos tradicionais de exportação, bem como a assinatura de tratados
de comércio que beneficiavam as importações, justificando desta forma a tomada de
empréstimos no exterior.
189. e Houve, ao longo do Primeiro Reinado e das Re­gências, algumas tentativas separatistas que
estiveram associadas à instabilidade política dos primeiros momentos do Brasil indepen-
dente. Dentre os movimentos importantes destacam-se: Confederação do Equador (1824),
Revolução Farroupilha (1835-1845) e Revolta Sabinada (1837).
190. b A Constituição outorgada pelo imperador estabelecia uma Monarquia Constitucional com
quatro poderes, eleições indiretas, voto censitário e, de uma maneira geral, concentrava
poderes na figura do monarca.

25 HISTÓRIA
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191. a De forma geral, as revoltas regenciais se relacionaram à oposição, por parte das elites locais –
representadas nas Assembleias Legislativas Provinciais –, aos “presidentes de província”
indicados pela Regência.
192. b O Período Regencial (1831-1840) foi um dos mais agitados da história do Brasil. Ocorreram
várias rebeliões que buscavam, de maneira geral, conferir uma maior autonomia às províncias.
Em algumas delas houve participação popular, como a Cabanagem (PA) e Balaiada (MA).
Com o Golpe da Maioridade, em julho de 1840, teve início o Segundo Reinado, período de
maior estabilidade política e com forte centralização político-administrativa. De acordo com o
texto, as rebeliões do Período Regencial não apresentavam “coesão social e possibilidades
de uma eficiente atuação política”.
193. e As rebeliões ocorridas no Período Regencial expressam, entre outros aspectos, conflitos
entre governos locais e o governo central em uma fase crítica da formação do Estado
Nacional.
194. d No início do Período Regencial (1831-1840) da monarquia brasileira, o ministro da Justiça,
Diogo Antônio Feijó, criou a Guarda Nacional, uma força armada para preservar a ordem
interna constituída de eleitores. Uma vez que o cidadão, para ser eleitor, deveria comprovar
uma renda anual líquida determinada (voto censitário), pode-se afirmar que Feijó criou um
instrumento de controle social para a elite agrária brasileira.
195. e Pelo Ato Adicional (1834), os Conselhos Gerais de Província foram transformados em Assem-
bleias Legislativas Provinciais, que tinham a atribuição de legislar sobre um extenso campo
de matérias. Ainda de acordo com o Ato Adicional, o Império deveria ser governado por um
regente eletivo e temporário, com mandato de quatro anos, eleito por meio de eleições
gerais no país.
196. b Considera-se que o intervalo entre o Primeiro Reinado e as Regências (1822-1840) corresponde
ao período de formação do Estado Nacional. A edição do Ato Adicional de 1834 expressa
uma reação de setores políticos que possuíam uma atitude crítica em relação à centralização
político-administrativa que prevalecera durante o Primeiro Reinado.
197. a A Guerra dos Farrapos ou Farroupilha (1835-1845) teve início no Período Regencial (1831-1840)
e envolveu, entre outros aspectos, o descontentamento da elite local com a política de
impostos do governo imperial em relação à exportação de produtos pecuários. O movimento
foi reprimido pelas tropas comandadas por Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de
Caxias, mas o governo central abriu negociação com os proprietários locais e considerou
algumas de suas exigências.
198. b A Revolução Farroupilha, iniciada durante o Período Regencial e debelada apenas durante o
Segundo Reinado, apresentou características elitistas e separatistas, ameaçando a unidade
territorial brasileira.
199. e O texto trata do período da Regência Una de Feijó (1835-1837).
Feijó, com a saúde abalada, não tinha mais a mesma força da época em que chefiou o Ministério
da Justiça. A Cabanagem, no Pará, e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, contribuíram para
a sua renúncia.
Trata-se de um período agitado na história política brasileira, conhecido como a época da
formação do Estado Nacional, cuja mais importante característica foi a oscilação entre os
modelos de centralização e descentralização político-administrativa.
200. a Tanto no Período Colonial como na época da Monarquia, enquanto existiu a escravidão
observa-se a existência de movimentos de resistência e rebeldia contra esta. No Período
Colonial foi importante o Quilombo dos Palmares, e no Período Monárquico, a Revolta dos
Malês. A revolta recebeu esse nome por contar com a ativa participação de integrantes
desse grupo – os malês – de religião muçulmana.

26 HISTÓRIA
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201. a Na Guerra do Paraguai (1864-1870), segundo o texto, o Brasil buscou garantir interesses
estratégicos na região do Prata, como a consolidação das fronteiras e a livre navegação.
Após o conflito, ocorreu um aumento da dívida externa, o crescimento da participação
política do Exército e a expansão da campanha abolicionista, elementos que enfraqueceram
a monarquia.
202. d A participação do Exército brasileiro na Guerra do Paraguai, entre outras questões, resultou
em uma maior consciência, entre os militares, de sua força. Associados às várias Questões
Militares, os oficiais do Exército, no final do Período Monárquico, passaram a interferir de
forma mais intensa na política nacional em relação ao abolicionismo e às ideias republicanas.
203. a No contexto da formação dos Estados Nacionais na bacia do Prata, no decorrer do século XIX,
a Guerra do Paraguai (1865-1870) assinala um conflito que teve várias interpretações. Segundo
uma delas, do ponto de vista da monarquia brasileira, tratava-se de assegurar a livre navegação
dos rios da bacia do Prata.
204. b Ainda durante a guerra, houve a primeira das chamadas Questões Militares, que resultou
na queda do gabinete Zacarias (1868). Na década de 1880, as demais Questões Militares
também colocaram o Exército em rota de colisão com o Império. Além disso, a proximidade
entre o Exército e os chamados “voluntários da pátria” (escravos que lutaram na guerra
com a promessa de alforria) durante os confrontos fortaleceu o Movimento Abolicionista.
A escravatura foi abolida em 1888, e a monarquia, no ano seguinte, esta pelo próprio Exército.
205. a Segundo uma perspectiva bastante difundida, a Guerra do Paraguai teria sido financiada
pela Inglaterra com o intuito de destruir o Paraguai, país que representaria uma ameaça
aos interesses imperialistas.
206. e A Tarifa Alves Branco é vista por muitos como uma medida de caráter protecionista, dado
que encarecia os produtos importados, estimulando, em certo sentido, a produção interna
de industrializados.
207. c Através da análise dos dados contidos na tabela e do conhecimento do contexto histórico
da política brasileira no recorte temporal escolhido, infere-se que o aumento da exigência de
participação dos cafeicultores na política do Império pode ser associado ao aumento do peso
do produto na pauta de exportações do país.
208. c O tráfico de escravos africanos para o Brasil teve início no século XVI – no contexto da
expansão marítimo-comercial europeia e da conquista do Novo Mundo – e se estendeu
até meados do século XIX, em meio às pressões da Inglaterra pela sua extinção (já no
contexto da Revolução Industrial).
209. c A monarquia brasileira, sobretudo no período do Segundo Reinado (1840-1889), constituiu-se
em um regime político bastante peculiar, no qual liberais e conservadores revezavam-se no
poder e expressavam os interesses dos proprietários de escravos e de terras. A expressão
“às avessas” deve-se ao fato de que o chefe de Estado (o imperador) interferia diretamente
na composição do Legislativo e dos ministérios, diferindo significativamente do modelo
parlamentar britânico.
210. a A Lei de Terras foi aprovada pouco após a extinção do tráfico de escravos (1850) e tentou
organizar a questão da propriedade rural no Brasil. Determinou que as terras públicas passariam
a ser vendidas, e não mais doadas (como ocorrera com as sesma­rias), estabeleceu normas
para legalizar a posse de terras e procurou forçar o registro das propriedades. Portanto,
a legislação, de modo geral, dificultou o acesso à propriedade da terra.
211. d Apesar da pressão inglesa para o fim do tráfico, representada no período pela promulgação
da Bill Aberdeen pela Inglaterra, que autorizava a Marinha inglesa a apreender e confiscar
cargas de navios negreiros, ocorre um aumento da demanda de mão de obra escrava devido
à expansão do café para o Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro. O tráfico só seria encerrado em
1850, com a Lei Eusébio de Queirós.

27 HISTÓRIA
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212. c A Lei Eusébio de Queirós (1850) extinguiu o tráfico de escravos no Brasil, liberando capitais
que passaram a ser investidos em outros setores, como a agricultura e a indústria, o que
propiciou um desenvolvimento material especialmente na capital do Império brasileiro, o Rio
de Janeiro.
213. d A Lei Eusébio de Queirós (1850) determinou o fim do tráfico negreiro para o Brasil, fazendo
escassear e encarecer a mão de obra escrava no país.
214. b Durante o período do Primeiro Reinado, a preocupação com relação à vinda de imigrantes ao
Brasil passa por questões ligadas ao desenvolvimento do setor agrícola de abastecimento in-
terno do país, de modo que a preocupação de Dom Pedro I é muito mais de ordem econômica.
Importante ressaltar que o texto deixa claro que esse tipo de preocupação com a imigração
por parte das lideranças políticas vem desde o tempo do Brasil Colônia, sendo, antes da
Independência, ainda bastante importante o cuidado justamente com a vinda de imigrantes
de países que também possuíam colônias, por motivos estratégicos ligados à manutenção
de fronteiras, por exemplo.
215. a Na segunda metade do século XIX, o Brasil passou por inúmeras transformações econômicas
e sociais.
Com a extinção do tráfico de escravos em 1850 (Lei Eusébio de Queirós), o aumento da
procura de café e a expansão de fazendas cafeeiras no Oeste Paulista, houve a necessidade
de utilização de mão de obra proveniente da imigração.
Ao mesmo tempo, o processo de industrialização no Japão e na Itália – e a consequente
concentração de terras e rendas – criou uma massa despossuída que viu na emigração para
o Brasil uma nova perspectiva de vida.
216. a Ao final da década de 1830, o café já havia se transformado no principal produto da pauta das
exportações brasileiras. Para acelerar o transporte e o escoamento de uma produção que se
expandia ao mesmo tempo em que se interiorizava – ganhando, principalmente, as terras
do Oeste Paulista –, adotaram-se as estradas de ferro como principal meio de levar as sacas
para o litoral e para os centros exportadores.
217. c Conforme assinala Celso Furtado em sua obra Formação econômica do Brasil (1959), os cafei-
cultores distinguiram-se significativamente da elite açucareira, pois aqueles se envolveram
também nas fases de comercialização do produto; logo, teriam percebido a importância
de ter o Estado como instrumento de seus interesses.
218. e O caráter inicial da economia brasileira foi o modelo primário-exportador, que se manteve em
grande parte de sua história. Em alguns momentos de crise do modelo econômico, apoiado
em grande parte no açúcar e depois no café (a partir do século XIX), houve a presença
de outros produtos – como o algodão maranhense, que teve relativa expressão durante a
Guerra de Secessão dos EUA (1861-1865). Outro produto de exportação importante foi a
borracha, entre 1870 e 1910.
219. d De acordo com o texto, o “conceito de raça que ancorava a cor em um suporte pretensamente
mais rígido” foi um critério para classificar a população no Censo de 1872.
Observe-se que a alternativa considerada correta incorre em um anacronismo ao supor que
nos anos setenta do século XIX já estaria definido que o Brasil viria a se tornar uma república.
220. d A Lei Áurea, de 1888, foi responsável pelo fim do trabalho escravo no Brasil. A lei veio após
um pro­cesso gradual de abolição do tráfico e do trabalho escravo: em 1831, foi assinada a Lei
Barbacena (primeira lei de abolição do tráfico); em 1850, a Lei Eusébio de Queirós (segunda
lei de abolição do tráfico); em 1871, a Lei do Ventre Livre (conce­dia liberdade aos filhos de
escravas recém-nasci­dos); em 1885, a Lei dos Sexagenários (libertava os escravos com mais de
65 anos). Próximo da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, a campanha abolicionista
ganhava força em vários setores da sociedade.
Observação: o Quilombo do Jabaquara situava-se em Santos.

28 HISTÓRIA
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História do Brasil Republicano
221. d O texto refere-se à participação dos militares na Proclamação da República, destacando as
fortes convicções republicanas de alguns deles e sua expectativa de resolver os proble-
mas brasileiros com a adoção de um novo regime político.
222. a Segundo o texto, o autor é partidário do ideal republicano e, de uma certa forma, condena
aqueles que rejeitam ou recriminam o passado da nação.
Juntamente com Miguel Lemos (1854-1917), Teixeira Mendes (1855-1927) fundou o Apostolado
Positivista do Brasil.
223. d Apesar de a passagem da Monarquia para a República não ter implicado em modificações
estruturais no país, deve-se destacar a adoção de um modelo federativo que se caracteri-
zava pela maior autonomia dada aos poderes locais, ocorrendo, portanto, um processo de
descentralização político-administrativa. Entretanto, a integração nacional foi obstaculizada
pelo caráter de poder oligárquico local que caracterizou a chamada República Velha. A manu-
tenção da estrutura do poder territorial em um país de base primário-exportadora e os meca-
nismos legais que favoreciam as fraudes eleitorais dificultaram a ampliação significativa dos
direitos de cidadania.
224. d O texto faz referência aos efeitos da reforma financeira (1890) realizada pelo ministro da Fa-
zenda, Rui Barbosa, durante o primeiro Governo Provisório da República, que ficaram conhecidos
como Encilhamento. Ocorreu uma facilitação do crédito, especulação financeira e, por fim,
um grave processo inflacionário e crise econômico-financeira.
225. d O chamado “Marechal de Ferro” debelou a Revolta da Armada e foi intransigente com os
integrantes da Revolta Federalista, que só terminou no governo de Prudente de Morais,
em 1895.
226. b O texto-base da questão faz referência à Política dos Governadores estruturada durante
a presidência de Campos Salles (1898-1902), segundo a qual a aproximação do governo
federal às oligarquias estaduais traria a estabilidade política necessária ao recém-criado
sistema republicano.
227. A Revolta de Canudos (1895-1897), liderada pelo beato Antônio Conselheiro, no sertão da
Bahia, é considerada um exemplo de “movimento social de caráter messiânico”, em que o líder
promete a instauração do paraíso terrestre. Entre os fatores da revolta, podem-se destacar o
abandono social e o econômico em que vivia aquela população no interior da Bahia, onde a ação
dos governos federal e estadual era nula. Dessa maneira, Antônio Conselheiro e seus seguido-
res fundaram uma comunidade no sertão baiano, visando à construção de uma vida melhor.
Canudos, por atrair uma população cada vez maior, provocava uma falta de mão de obra nos la-
tifúndios da região e um enfraquecimento do poder e da influência da Igreja Católica, que tinha
cada vez menos fiéis. As constantes queixas ao governo estadual resultaram no envio de forças
policiais para a região, visando dispersar a população de Canudos; no entanto essas forças não
obtiveram sucesso.
A intervenção na região passou a ser feita por forças federais do Exército, que nas três primei-
ras expedições fracassaram – foram derrotadas militarmente. Somente na quarta expedição
Canudos foi destruído, e os seguidores de Conselheiro, na maioria, dizimados.
O episódio de Canudos ocorreu no momento inicial da República; portanto não faltou quem o
associasse a um movimento de restauração monárquica. Observa-se que Antônio Conselheiro
condenava a república nos seus discursos, embora isso não significasse um posicionamento
consciente a favor da monarquia. Além disso, na época, observam-se críticas que eram feitas
ao Exército, que, apesar de recentemente ter sido vitorioso no Paraguai contra López, era ven-
cido sucessivamente por jagunços mal armados, o que demonstraria a ineficiência do governo
civil do presidente Prudente de Morais (1894-1898), muito criticado por setores do oficialato do
Exército, que defendiam um governo de militares.

29 HISTÓRIA
k 213
Outro aspecto relevante nesse episódio foi a maneira como o governo federal tratava as ques-
tões sociais, combatendo Canudos com grande atrocidade e exterminando o arraial do
Conselheiro. Essa solução violenta no trato das questões sociais era entendida por alguns
como necessária para a consolidação da jovem República. Para além dessas questões, regis-
tra-se o alto custo dessas operações militares na compra de equipamentos, aprofundando a crise
econômica que se desenvolvia desde o início do regime republicano.
228. d A Primeira República foi caracterizada, entre outros aspectos, pelo predomínio político das
oligarquias agrárias no poder, notadamente os grupos cafeicultores de São Paulo e Minas
Gerais. Entre os mecanismos que os sustentavam no poder, destacou-se a Política dos
Governadores, implementada durante o governo Campos Salles (1898-1902) e que articulava
a ação do governo federal aos interesses das oligarquias locais, funcionando como uma
espécie de troca de apoio mútuo entre governo federal e os governos estaduais. Vale destacar
que a política do café com leite, mencionada na alternativa c, não proibia as candidaturas
eleitorais de representantes de quaisquer estados brasileiros.
229. e Segundo a chamada Política dos Governadores, estabelecida na época do governo Campos
Salles, o governo central apoiaria o situacionismo nos estados, desde que estes apoiassem
o governo central no Congresso.
230. d O Convênio de Taubaté assinala o início da política de valorização do café, segundo a qual o
governo compraria os estoques excedentes de café e manipularia a taxa cambial para favo-
recer os exportadores. A médio e longo prazos, essa política acelerou o processo de concen-
tração social e regional da renda no Sudeste e estimulou ainda mais a superprodução.
231. c Em 1904, durante a presidência de Rodrigues Alves, eclodiu, na cidade do Rio de Janeiro, a
Revolta da Vacina, movimento contrário à reforma urbana e à obrigatoriedade da vacina contra
a varíola empreendidas pelo prefeito Pereira Passos e pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz.
232. a) De acordo com o texto, o Rio de Janeiro era considerado uma cidade perigosa, sem sanea-
mento e sujeita, portanto, a vários tipos de epidemia. As medidas sanitárias “mexeram com a
vida de todo mundo, sobretudo dos pobres”, porque as autoridades poderiam invadir a privaci-
dade das pessoas. Foi aprovada a obrigatoriedade da vacina (1904) e exigia-se comprovantes
de vacinação para vários atos da vida privada ou pública (“matrículas em escolas, empregos,
viagens, hospedagens, casamentos”). A reação popular se traduziu na chamada Revolta da
Vacina, que abalou a vida da capital da República daquela época.
b) Os estratos mais humildes da população possuíam pouca voz ativa na Primeira República.
A maioria da população estava no meio rural, sujeita ao controle econômico, social e político
dos proprietários rurais, integrantes de poderosas oligarquias relacionadas entre si por laços de
parentesco e interesses comuns que efetivamente exerciam o controle sobre o Estado brasileiro.
Apesar de, formalmente, a Constituição republicana ter consagrado o sufrágio universal mas-
culino, o voto era aberto e restrito aos alfabetizados, e os detentores do poder controlavam os
processos eleitorais de tal forma que se perpetuavam determinados grupos. Não sem razão, a
Primeira República ficou conhecida como a república das oligarquias.
Por sua vez, os trabalhadores do meio urbano tinham longas jornadas de trabalho, baixos salários
e difíceis condições de emprego e segurança no trabalho, sem direito a uma legislação que
coibisse abusos.
Existiam, portanto, mecanismos que, com uma fachada de democracia representativa, assegu-
ravam os interesses oligárquicos.
233. d João Cândido foi o líder da Revolta da Chibata, que eclodiu para protestar contra os castigos
corporais que se utilizavam contra os marinheiros da Marinha de Guerra do Brasil. O movimen-
to foi duramente reprimido pelo governo.
234. b Durante a República Velha (1889-1930), a Constituição de 1891 determinava que o voto seria
masculino, exigindo eleitores alfabetizados; a presença do voto aberto (a descoberto)
estabelecia o predomínio das oligarquias rurais que controlavam as eleições, consagrando a
prática do coronelismo e do voto de cabresto.

30 HISTÓRIA
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235. d Trata-se de uma forma de controle social e político em uma época em que a população
do país estava localizada, em sua maioria, no setor agrícola e era manipulada pelos
chefes políticos locais. Essa forma de controle garantia a perpetuação de determinadas
oligarquias no controle do poder estatal. O texto pode ser considerado uma expressão do
chamado coronelismo na Primeira República.
236. d Júlio de Mesquita Filho, que em 1927 assumiria a direção de O Estado de S. Paulo, destacou-se
nesse período como importante chefe liberal, em oposição ao predomínio das oligarquias
(a começar pelos próprios cafeicultores paulistas). Foi um dos principais articuladores do
Partido Democrático, fundado em 1926.
237. c A Política dos Governadores, que sustentou a República Velha, era baseada na troca de
favores entre o governo federal e as oligarquias estaduais, que garantiam o domínio político
por meio das fraudes eleitorais.
238. e A chamada Política dos Governadores, adotada durante o governo Campos Salles (1898-
-1902), garantia que o governo federal apoiaria os governadores estaduais desde que estes
apoiassem o governo federal no Congresso. Resultou desse sistema a predominância dos
estados política e economicamente mais fortes – São Paulo e Minas Gerais – que, a partir de
então, vieram a ditar a política da República até 1930.
239. O texto descreve características do sistema fabril de produção, em que há um espaço exclu-
sivo de produção de bens, concentrando máquinas, ferramentas, mão de obra livre assala-
riada e procedimentos como a divisão e especialização do trabalho. Daí a afirmação “Tanto as
seções, como as máquinas têm as necessárias separações”. Os dados do texto e da tabela
indicam situações comuns à condição operária urbana no Brasil do início do século XX, entre
as quais um grande número de imigrantes, especialmente italianos; predomínio de mulheres,
que costumavam receber salários menores do que os dos homens; presença de jovens e
menores de idade, que também costumavam receber salários menores; longas jornadas de
trabalho; riscos de acidentes de trabalho e condições insalubres.
240. e Há um notável contraste entre o conteúdo dos dois textos. Para os comunistas, o futebol
pode ser considerado um campo de expressão da luta de classes. Consideram que existem
“clubes burgueses” e “clubes operários”. Para os anarquistas, o futebol é considerado um
instrumento de alienação dos operários em relação a seus próprios interesses, ao opor
“diversão” à “conspiração”.
241. e Cada uma das proposições refere-se a episódios importantes na história do movimento
operário no Brasil.
242. c I. Correta. Com o governo de Campos Salles, tem início a chamada Política dos Presiden-
tes, em que representantes de São Paulo e Minas Gerais alternavam-se na Presidência da
República.
lI. Incorreta. Os movimentos de contestação da década de 1920 não obtiveram apoio das
altas patentes do Exército.
IlI. Correta. O preço do café foi afetado pela Crise Econômica de 1929, caindo brusca-
mente e prejudicando a economia do país, uma vez que este era seu principal produto de
exportação.
IV. Correta. Dentro das conjunturas da economia mundial, na década de 1930 ocorreu o início
das tentativas de industrialização do país, na busca da saída do modelo agroexportador.
243. c Surgido na década de 1920, o Movimento Tenentista constituiu-se em um movimento
relativamente articulado de jovens oficiais, o qual criticava a máquina político-administra-
tiva montada ao longo da República Velha.
Da crítica, passa à ação armada contra a ordem estabelecida, como atestam a Revolta do
Forte de Copacabana, as Revoluções de 1924, a Coluna Prestes – que pretendiam, entre
outras coisas, depor o presidente Arthur Bernardes – e a própria Revolução de 1930.

31 HISTÓRIA
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244. a As turbulências referidas no texto expressam as transformações então vividas pelo país,
entre as quais se destaca o aceleramento do processo de urbanização associado à indus-
trialização.
Novos atores sociais – classes médias e operariado urbano – passaram a reivindicar seu
próprio espaço nos cenários econômico, político e cultural do Brasil.
245. b A chamada Revolução de 1930 provocou a deposição do presidente Washington Luís, impediu
a posse do candidato eleito Júlio Prestes e colocou no poder o candidato derrotado, da Aliança
Liberal, Getúlio Vargas.
246. a) A chamada Revolução de 1930 conduziu Getúlio Vargas ao poder, colocando fim à Primeira
República (1889-1930). A oligarquia do café, produto que desde o século XIX representava o pi-
lar da economia brasileira, sofreu com os desdobramentos negativos da Crise de 1929. No seu
governo, Getúlio Vargas não abandonou e nem poderia abandonar a economia cafeeira; chegou
a criar um órgão destinado a comprar estoques excedentes e destruir parte da produção com a
finalidade de controlar a oferta e garantir preços mínimos do produto nos mercados internacio-
nais. Ao mesmo tempo, o governo tomou medidas no sentido de promover a industrialização,
como a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Assim, no plano econômico,
houve um consequente deslocamento do eixo dos setores agrários para o setor industrial, com
o colapso do modelo agroexportador e a consequente aceleração de um processo industrial em
que o Estado se coloca como empresário na constituição de indústrias de base.
b) No plano social, o processo migratório (que consistiu no deslocamento de populações dos
meios rurais para os centros urbanos, bem como ao fluxo de imigrantes estrangeiros em busca
de novas oportunidades) leva à construção de um novo tecido social e populacional urbano-
-industrial. Crescem o operariado, o setor de serviços e, com eles, as correspondentes deman-
das que acrescentam novo colorido às tradicionais formas de controle social. É principalmente
após o movimento militar de 1930 que se verifica a aprovação de uma legislação trabalhista que
procurou assegurar um mínimo de garantias aos trabalhadores assalariados no setor urbano.
Getúlio Vargas procurou integrar os sindicatos para o apoio ao governo, estabelecendo o Estado
como mediador das relações entre o capital e o trabalho, afastando anarquistas e comunistas
das lideranças sindicais.
247. c Membro da frágil coalizão política que protagonizara a Revolução de 1930 – formada por liberais,
pelos tenentes e por membros das oligarquias dissidentes – o Partido Democrático rompeu
com a política varguista anos depois, por discordar sobretudo de suas diretrizes autoritárias.
248. A década de 1930 foi caracterizada, internacionalmente, pelo crescimento dos regimes tota-
litários, principalmente após a Crise de 1929. Houve um declínio das democracias liberais e
um fortalecimento dos modelos de extrema esquerda (comunismo), como a União Soviética,
governada pelo ditador Stálin. Ocorreu também uma expansão da extrema direita (nazifascis-
mo), especialmente depois da chegada dos nazistas ao poder na Alemanha, em janeiro de
1933, sob a liderança de Hitler. No Brasil, a década de 1930 foi caracterizada pela liderança
de Getúlio Vargas. Durante a fase do Governo Constitucional (1934-1937), destacaram-se vários
grupos políticos. Associada ao modelo de extrema direita, surgiu a Ação Integralista Brasileira
(AlB), sob a liderança de Plínio Salgado. Os integralistas encontraram inspiração no fascismo
e destacaram-se pelo uso de uniformes (camisas verdes), pela defesa de um governo forte e
nacionalista e por um discurso conservador baseado no lema: “Deus, pátria e família”. Na es-
querda, destacou-se a Aliança Nacional Libertadora (ANL), que buscava inspiração nas frentes
populares europeias, tentando reunir setores de oposição ao nazifascismo. A ANL esteve sob a
liderança dos comunistas, tendo como presidente de honra Luís Carlos Prestes, cujo programa
defendia a nacionalização dos recursos naturais e a reforma agrária.
249. c Setores agroexportadores identificados com a descentralização político-administrativa da
Primeira República não se sentiam à vontade com o caráter centralizador do governo. Setores
liberais, por sua vez, destacavam o caráter demagógico e populista de muitas das medidas
aprovadas por Vargas.

32 HISTÓRIA
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250. b Não existe unanimidade sobre o significado do movimento revoltoso de 1932 em São Paulo.
Uma de suas possíveis interpretações é considerá-lo como um episódio de retaliação das
oligarquias que haviam sido até então dominantes ao novo esquema de poder político
instaurado por Getúlio Vargas.
251. c A Ação Integralista Brasileira, liderada por Plínio Salgado, inspirava-se no nazifascismo
europeu. Tinha como características importantes um exaltado nacionalismo e uma postura
antiesquerdista.
252. d As leis trabalhistas efetivadas durante a Era Vargas foram sistematizadas em um único
documento denominado Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943.
253. c A legislação trabalhista elaborada no Período Vargas, especialmente durante o Estado
Novo (1937-1945), coloca o Estado como mediador das relações capital-trabalho. Essa
característica – corporativismo – está presente no Estado fascista italiano.
254. a O Estado Novo (1937-1945) valorizava mudanças no padrão de comportamento que fossem
favoráveis à ideologia de fortalecimento do Estado.
255. a A análise dos artigos contidos no enunciado, datados do governo de Getúlio Vargas (período
do Estado Novo, de 1937 a 1945), revela certa preocupação em regulamentar a entrada de
imigrantes no país, tendo em vista “preservar a constituição étnica do Brasil, suas formas
políticas e seus interesses econômicos e culturais”.
256. a) No período, o Brasil sofre os efeitos da Grande Depressão, que acarreta o colapso do modelo
agrário-exportador e o correspondente abalo do poder das oligarquias tradicionais. No plano po-
lítico, em oposição à descentralização político-administrativa da Primeira República, instauram-se
a centralização do Governo Provisório (1930-1934) e o Período Constitucional de Vargas (1934-
-1937), caracterizados por uma crise de autoridade que, associada à crise econômica, consti-
tuem a moldura para um cenário de instabilidade política.
b) O manifesto da AIB corresponde à direita; o de Prestes, favorável à ANL, corresponde à es-
querda. No quadro da crise econômica e política, as radicalizações à direita e à esquerda expressam,
à sua maneira, no plano local, uma crise de autoridade e, no plano internacional, refletem a
radicalização política pela qual o mundo passava então, com os exemplos da Revolução Russa
(1917) – que instaurou o primeiro Estado socialista –, e dos regimes fascista implantado na Itália
(1922) e nazista, na Alemanha (1933).
c) Face à radicalização e ao aumento dos confrontos entre esquerda e direita, o governo constitu-
cional de Vargas (1934-1937) suspende as garantias constitucionais – especialmente em seguida
à chamada “Intentona Comunista” (novembro de 1935) –, criando um contexto em que, com
eleições presidenciais marcadas, Vargas denuncia a existência do chamado “Plano Cohen”,
segundo o qual haveria um “golpe comunista” no país. No início de novembro de 1937, Vargas,
com apoio das Forças Armadas, executa um golpe de Estado, dissolve o Legislativo, extingue
os partidos políticos e instaura um regime ditatorial no país, o Estado Novo (1937-1945).
257. c A criação da CSN, em 1941, marcou um momento de intensa industrialização no Brasil, no qual
o governo Vargas investiu nas indústrias de base, transformando uma economia marcada-
mente agrária.
258. b No início de seu governo, o presidente Dutra procurou retomar a política liberal que havia
sido interrompida durante o Estado Novo.
A política econômica de seu governo foi a de responder à inflação por meio de uma política
de portas abertas à importação. Devido, principalmente, à queda das reservas cambiais
(a partir de 1947), o governo, entretanto, estabelece um sistema de licenças para impor-
tação com a intenção de restringir a entrada de bens de consumo e favorecer a de itens
essenciais (equipamentos, máquinas e com­bustíveis).
259. c No início do governo Dutra, procurou-se retomar a política liberal, que havia sido interrompida
durante o Estado Novo.
Na segunda metade de seu governo, uma política de maior flexibilidade de créditos incentivou
a indústria nacional, embora não fosse uma política deliberada nesse sentido.

33 HISTÓRIA
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260. a) Refere-se ao então candidato Getúlio Vargas.
b) Na origem, Vargas não passava de um representante das oligarquias que exerciam o poder
político no Rio Grande do Sul, por intermédio do Partido Republicano Rio-Grandense, na ocasião
liderado por Borges de Medeiros.
Circunstâncias políticas projetaram o político gaúcho no cenário nacional quando liderou a chapa
de oposição – a Aliança Liberal – contra a candidatura oficial liderada por Júlio Prestes. À vitória
eleitoral deste último soma-se, entre outros fatores, a radicalização de setores da oficialidade
jovem do Exército – os chamados tenentes –, levando a uma ruptura política conhecida como
Revolução de 1930, que depôs o presidente Washington Luís, impediu a posse do candidato
eleito Júlio Prestes e colocou no poder Getúlio Vargas.
Vivendo em uma conjuntura política internacional que valorizava a atuação do Estado como
árbitro de conflitos e, de uma certa forma, como autoridade suprema em matérias econô-
micas e sociais, Vargas rompeu com o federalismo, estabelecendo a centralização político-
-administrativa no país. Em um período de instabilidade política, econômica e social, assumiu
a posição de árbitro dos destinos, e, diligentemente, foi capaz de mobilizar recursos humanos
e materiais no sentido do processo de modernização pelo qual o país passava.
Foi suficientemente sensível no sentido de perceber as transformações decorrentes da formação
de uma sociedade urbano-industrial emergente e, de uma certa maneira, no plano político, foi o
agente, o representante e o símbolo de tais mudanças ao aprovar, por exemplo, uma extensa
legislação trabalhista.
Nesse sentido, Vargas assume o papel de um estadista que conduziu o Brasil tradicional para
o Brasil moderno.
Sua formação política positivista provavelmente influenciou sua vocação centralizadora e au-
toritária, e, ao mesmo tempo, parece justificar seu desconforto com modelos fundados na
descentralização político-administrativa e no livre debate de ideias.
Assim, quando por ocasião da séria crise política provocada pelo atentado da rua Tonelero, que,
de certa forma, simbolizava sua incompetência em lidar com a oposição política sem o uso de
truculência, optou pelo suicídio para não ceder às suas convicções. Fez de sua morte um ato
político para perpetuar, no imaginário popular, seu papel de estadista brasileiro.
261. e O período em questão caracterizou-se pelo nacionalismo econômico. A lei nº 2.004
(03.10.1953) criou a Petrobras, que assegurava a pesquisa, a prospecção e o refino do
petróleo como monopólio estatal.
262. a A partir da segunda metade da década de 1940, a questão do petróleo deixou de ser um as-
sunto meramente econômico para se tornar uma contundente questão política.
Nos setores mais complexos da economia, o empresariado nacional não tinha como,
sozinho, arcar com os vultosos recursos exigidos; daí a participação do Estado Nacional
e/ou de grupos econômicos estrangeiros nesses setores.
Desde a década de 1930, como expresso no texto de Monteiro Lobato, havia a preocupação
de que a exploração do petróleo pudesse ficar nas mãos do capital externo.
Na transição da Era Vargas para o governo Dutra, ganha força a campanha “O petróleo é
nosso”, para que a exploração do petróleo ficasse nas mãos do Estado brasileiro. Em 1953,
era fundada a Petrobras (lei nº 2.004, de 03.10.1953).
263. b Um dos principais inimigos políticos de Vargas, Carlos Lacerda, sofre um atentado
(05.08.1954) em que perde a vida um major da Aeronáutica. Abre-se uma crise política de
graves proporções, pois as investigações resultam na associação da figura do presidente ao
atentado. Um dos desfechos dessa crise foi o suicídio de Vargas.
264. a Entre os anos de 1930 e 1960, floresceu o populismo, que significa um tipo de prática política
em que um líder faz um apelo direto às massas, sobrepondo-se às instituições políticas
tradicionais e consagradas, tais como os partidos políticos e o Parlamento. Ambos os textos
do enunciado acusam a existência de práticas populistas nos dias atuais em países da América
do Sul.

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265. c O texto refere-se ao fenômeno político conhecido como populismo, vigente, sobretudo, no
intervalo entre 1945 e 1964.
266. a) O governo Kubitschek privilegiou o setor de bens de consumo duráveis, com especial aten-
ção à indústria automobilística, bem como o investimento em setores de infraestrutura de
energia e vias de comunicação.
b) O governo adotou uma política econômica destinada a atrair capitais estrangeiros, oferecen-
do incentivos fiscais e facilidades para a importação de equipamentos e insumos industriais.
Para evitar obstáculos legais, criou grupos executivos destinados a avaliar, aprovar e implemen-
tar projetos industriais para os mais variados setores; além de investir em áreas estratégicas,
como a geração de energia e a implantação de vias de comunicação, sobretudo por intermédio
de um grande plano rodoviário nacional, que tinha como uma de suas justificativas a criação da
nova capital do país em Brasília, no Planalto Central.
267. b Os anos Juscelino Kubitschek (1956-1961) correspondem à época do chamado nacional-
-desenvolvimentismo. Graças à entrada de capital estrangeiro e a uma política econômica
industrialista, ocorreram altas taxas de crescimento econômico. A médio e longo prazo
houve também uma concentração social e regional da renda, acompanhada de altas taxas
de inflação.
268. a A bossa nova surgiu durante a década de 1950, influenciada principalmente pela música ame-
ricana do período. O estilo é muitas vezes definido como uma fusão entre o samba e o jazz.
269. a No início dos anos 1960, pode-se dizer que a questão agrária estava na “ordem do dia”, tendo
em vista que as Ligas Camponesas e o acirramento das tensões sociais no campo remontavam
ao governo Juscelino Kubitschek (1956-1961).
270. d Jânio da Silva Quadros, advogado e professor, elegeu-se, sucessivamente, vereador, deputado
estadual, prefeito de São Paulo e governador do estado homônimo. Foi empossado na
Presidência da República em 31 de janeiro de 1961, vindo a renunciar no dia 25 de agosto
do mesmo ano.
271. c O Manifesto, escrito após a renúncia de Jânio Quadros, demonstra a posição contrária dos mili-
tares em relação à posse do vice-presidente João Goulart, acusado, então, de ser comunista.
272. a O governo João Goulart, a partir de 1963, depois de restabelecer o presidencialismo, passou a
defender as Reformas de Base como meio de obter apoio popular e completar seu mandato
presidencial. Essas medidas agravaram as críticas que setores conservadores dirigiam a
João Goulart, permitindo as condições do Golpe de 1964, sob comando militar.
Observa-se que as Reformas de Base estavam consignadas em quatro grandes rubricas:
tributária, agrária, bancária e administrativa.
273. a) A primeira charge faz alusão ao processo inflacionário que atingiu altos índices, de maneira
que corroía significativamente o poder aquisitivo da moeda, prejudicando, sobretudo, os assa-
lariados. A segunda charge faz alusão à orientação da política externa do governo, que envolvia
uma aproximação com países do bloco socialista, em uma época de recrudescimento dos
conflitos da Guerra Fria.
b) Há que se observar, em primeiro lugar, que Goulart exercia a Presidência da República na
qualidade de vice-presidente, que assumira o governo em face à renúncia do titular Jânio
Quadros (25.08.1961) e que, em certo sentido, herdava de governos anteriores uma orientação
de políticas econômica e externa às quais, dadas as circunstâncias, não fora capaz de imprimir
uma mudança de rumos.
A inflação vinha em processo ascendente desde a administração Juscelino Kubitschek (1956-
-1961), com a política econômica desenvolvimentista – crescimento econômico acelerado,
sem rigorosos controles. A orientação da política externa, por sua vez, era consequência e
continuidade da política externa independente inaugurada por Jânio Quadros por intermédio
de seu ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Mello Franco. Tratava-se, entre
outros aspectos, de não aceitar um alinhamento político automático com os Estados Unidos,

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bem como diversificar os parceiros do Brasil no comércio internacional, o que, por sua vez,
envolvia uma aproximação com países do bloco socialista. No caso específico da charge, trata-se
do processo de estabelecimento de relações diplomáticas com a República Popular da China.
No conjunto, havia uma situação estrutural de concentração social, regional e setorial da renda,
agravada por uma intensificação de tensões e conflitos sociais associada a uma crise de auto-
ridade do governo Goulart. No plano internacional, a existência de um acirramento dos conflitos da
Guerra Fria – Revolução Cubana em 1959 e seu caráter socialista a partir de 1961 – servem de
pano de fundo para o golpe de Estado executado pelos militares em 31.03.1964, que resultou
na deposição de Goulart e na implantação do regime militar (1964-1985). Ao tomar o poder, os
militares procuraram legitimar e justificar o golpe de Estado alegando que Goulart pretendia
fundar uma “república sindicalista” e que os comunistas estavam prestes a tomar o poder,
bem como, por intermédio de medidas de saneamento econômico-financeiro – controle rígido
de gastos e salários –, afirmavam que iriam reverter o processo inflacionário. Assim, as duas
charges adquirem seu pleno sentido na crise econômico-social e político-militar de meados dos
anos 1960 no Brasil, que conferia aos militares um papel salvacionista para o país, como com-
batentes da inflação, da corrupção e da subversão.
274. a) Porque era o mais popular meio de comunicação de massa com alcance nacional, presente
em praticamente todos os lares. Dessa forma, os conteúdos de caráter político eram veicula-
dos pelo rádio.
b) João Goulart era um membro importante do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), fora ministro
do Trabalho durante certo período no decorrer da presidência de Getúlio Vargas (1951-1954) e
fora dele a proposta de aumento de 100% do salário mínimo. Goulart possuía uma signifi-
cativa base eleitoral nos meios sindicais e, com esse eleitorado, elegeu-se vice-presidente
da República pela segunda vez, quando Jânio Quadros foi eleito presidente. Dada a oposi-
ção de setores militares e da UDN à sua posse, por ocasião da renúncia de Jânio Quadros,
associou-se a posturas que exigiam o cumprimento da Constituição, ou seja, a sua posse
para substituir Jânio Quadros. Setores de esquerda, especialmente os comunistas, viam em
Goulart a possibilidade de realização de suas propostas. Dessa forma, Goulart ficou associado
às propostas da esquerda e contou com o apoio político dos comunistas para implementar
uma série de reformas, das quais as mais polêmicas eram as chamadas Reformas de Base
(tributária, bancária, administrativa e agrária).
c) A “orientação legalista” refere-se às posições políticas que exigiam o cumprimento da lei e
da Constituição, ou seja, tal orientação opunha-se às manobras para impedir a posse de Goulart
por ocasião da renúncia de Jânio Quadros (25.08.1961), como também ao rompimento da lega-
lidade que se consubstanciou em um golpe de Estado (31.03.1964), que depôs o presidente
Goulart e implantou o regime militar no país (1964-1985).
Já no contexto do regime militar, ocorreu, desde o início, uma preocupação concreta no sentido
de existir um embasamento formal para as medidas adotadas pelos militares, que tinham de-
clarado que continuaria em vigor a Constituição de 1946, porém, tão logo assumiram o poder,
baixaram um Ato Institucional que procurava “legalizar” o golpe de Estado (09.04.1964). Na
origem, esse ato não recebeu número, mas em seguida a ele foram aprovados mais dezesseis
Atos Institucionais, ficando o de 9 de abril conhecido como Ato Institucional nº 1, de tal forma
que, ao longo do regime militar, de uma maneira geral, os militares procuravam respaldar suas
decisões com base nos Atos Institucionais e nos documentos legais deles derivados.
Assim, os militares no poder trataram de legalizar uma ilegalidade e passaram a tratar como
ilegais as posições daqueles que lhes faziam oposição.
275. a Dentro do contexto da Guerra Fria, após a Segunda Guerra Mundial, existiu, dentro dos
meios conservadores e alinhados ao bloco capitalista, a vontade de impedir a proliferação da
“praga comunista”. Essa foi uma das justificativas utilizadas pelos militares com relação
ao golpe por eles efetuado em 1964.
276. e O Ato Institucional nº 2 aboliu todos os partidos políticos, dando início ao bipartidarismo entre
Arena e MDB que caracterizou a maior parte do período militar.

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277. a) No dia 13 de dezembro de 1968, o governo militar baixou o Ato Institucional nº 5, concedendo
poderes excepcionais ao presidente da República e impondo uma ditadura. O jornal, de maneira
metafórica, protesta por meio da previsão do tempo e da fotografia.
b) Com a imposição do AI-5 e o início efetivo da ditadura, somados à truculência do regime
militar, segundo o jornal, iniciávamos um “tempo negro”, em que a força bruta (do lutador) se
impõe à do garoto (cidadãos) como uma “força hercúlea”.
278. e O Ato Institucional nº 5 (13.12.1968) concentrou poderes excepcionais nas mãos do presi-
dente da República que, além do Poder Executivo, assumia funções legislativas e judiciárias,
estabelecendo um modelo político ditatorial no país, então sob o regime militar.
279. Sim. A imagem 1 reúne uma conhecida representação de um bandeirante associada
a lemas com caráter ufanista produzidos pelo governo durante o regime militar (1964-
-1985). Tratava-se de uma propaganda oficial divulgando a ideia do Brasil como um país do
futuro, a importância da integração nacional e a adesão popular a um regime que prometia
desenvolvimento e ordem política e social.
A imagem 2 é uma charge de Ziraldo, cartunista que participou de O Pasquim, periódico de
oposição ao regime militar, ironizando a mensagem de amor e lealdade ao país ao associar ao
governo práticas violentas que resultavam em exílios e clandestinidade de grupos e indivíduos
críticos à situação.
Dessa forma, temos claramente duas abordagens diferentes nas imagens, confrontando a
propaganda oficial e a crítica ao governo.
280. c Os meios de comunicação, em particular a televisão, a partir das décadas de 1960 e 1970,
ganharam maior importância, o que atraiu cada vez mais empresas disputando espaço nas
grades de programação para comerciais, reduzindo o tempo dos programas.
281. e O processo de abertura política foi marcado pelo confronto entre os grupos de militares
que não apoiavam o processo, de militares que defendiam a transição conservadora, que
imprimia a fórmula “lenta, gradual e segura”, e de civis que exigiam maior rapidez no processo
e o fim do regime militar.
282. a Durante o período 1968-1974, a economia brasileira, tendo como ministro da Fazenda Antônio
Delfim Neto, cresce a uma taxa média anual de 10%, o que foi chamado de “milagre econô-
mico“. Esse crescimento econômico relativamente elevado foi acompanhado de um ace-
leramento do processo de concentração de renda, resultando a médio e longo prazos no
aumento das disparidades socioeconômicas no país.
283. c Durante o governo Médici (1969-1974), a economia brasileira cresceu a uma taxa anual média
de 10%, favorecida por uma conjuntura internacional de grandes investimentos no Brasil. A
esse crescimento deu-se o nome de “milagre brasileiro”.
284. d Nas eleições de novembro de 1974, houve uma expressiva vitória do partido de oposição (MDB).
Para garantir a maioria dos votos ao partido do governo (Arena) nas eleições de 1978 e
assegurar a vitória de um candidato seu à Presidência da República, o governo militar promo-
veu algumas alterações na lei eleitoral, entre as quais a Lei Falcão, que proibia o debate
no horário eleitoral obrigatório de rádio e TV, e o Pacote de Abril de 1977, que criava, entre
outros aspectos, a figura do senador biônico – que deveria ser provido por intermédio de
eleições indiretas.
285. c O final do governo Geisel (1974-1979) e o início do governo Figueiredo (1979-1985) marcam
uma fase de esgotamento e crise das estratégias econômicas adotadas até então pelo regime
militar brasileiro. Tais políticas, que se pautavam na abertura ao capital estrangeiro, aliadas a
um regime de arrocho salarial, acabaram por aprofundar as disparidades sociais e regionais da
riqueza nacional, ao mesmo tempo que os investimentos externos declinavam em razão da
crise econômica mundial desencadeada pelos Choques do Petróleo, após 1973. Por fim, esse
quadro obrigou o governo a reavaliar seu papel no planejamento econômico, ao mesmo tempo
que começou a preparar a abertura política e a sucessão civil.

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286. e O texto destaca, entre outros aspectos, o aumento das desigualdades sociais resultante do
fim do “milagre econômico”, o avanço da cultura de massas resultante principalmente do
início da expansão dos meios de comunicação no Brasil e o autoritarismo político da ditadura
militar.
287. e No chamado processo de “abertura política”, foi aprovada uma lei de anistia que beneficiou
tanto os opositores quanto os algozes do regime militar.
288. c O movimento pelas Diretas Já, como o próprio nome indica, apoiava a proposta da emenda
constitucional apresentada pelo deputado Dante de Oliveira, que propunha eleição direta para
presidente já no ano de 1985, ao contrário do mecanismo indireto estabelecido na Constituição
e desejado pelo regime militar que governava o Brasil na época. Tal movimento, entretanto,
não foi vitorioso, pois a Emenda Dante de Oliveira não foi aprovada pelo Congresso Nacional.
289. A primeira charge relaciona-se à campanha pelas Diretas Já, em 1984, que levou a manifes-
tações populares em várias capitais, buscando apoio para a aprovação da Emenda Dante de
Oliveira, que, se aprovada, estabeleceria eleições diretas para presidente da República. No en-
tanto, a emenda não foi aprovada pelo Congresso. A segunda charge relaciona-se ao período de
governo de José Sarney (1985-1990), quando, em fevereiro de 1987, foi instalada a Assembleia
Nacional Constituinte, que resultou na promulgação da Constituição em outubro de 1988. A
Constituição possui características liberais e democráticas, consagra a autonomia dos poderes
e estabelece eleições diretas em todos os níveis, consolidando o processo de redemocratiza-
ção iniciado em 1985, após 21 anos de governos militares.
290. d A campanha das Diretas Já (1983-1984) tentava restabelecer as eleições diretas para presidente
da República no Brasil. No entanto, a Emenda Dante de Oliveira, que fazia essa proposta,
não foi aprovada.
291. b O Plano Cruzado estabeleceu o congelamento dos preços de bens de consumo. Esse pro-
cedimento provocou um aumento na demanda e um consequente desabastecimento. Com
a falta de produtos no mercado, os preços destes voltaram a aumentar. O Plano Cruzado
resultou em um grande fracasso.
292. d No contexto da Guerra Fria, o temor do comunismo, associado à aproximação do presidente
João Goulart a grupos de esquerda, mobilizou amplos setores da sociedade civil a favor do
golpe de Estado desferido pelos militares.
293. c Uma das características importantes da Constituição de 1988 foi a condenação formal de
todas as formas de discriminação.
294. a) Inflação é um conjunto de desequilíbrios econômicos, caracterizados por uma alta substan-
cial e continuada no nível geral dos preços, concomitante com a queda do poder aquisitivo do
dinheiro e que, em geral, é causada pelo crescimento da circulação monetária em despropor-
ção com o volume de bens disponíveis.
b) O Plano Cruzado provocou impacto em todo o país. A ideia de congelamento de preços foi
bem acolhida e houve uma mobilização popular em defesa do plano, com os “fiscais do Sarney”.
Como a expectativa era extinguir a inflação, o governo acabou com a correção monetária para
as cadernetas de poupança, medida mal compreendida por boa parte da população, que resga-
tou suas economias nos bancos por acreditar que o investimento “não rendia mais”.
Seguiu-se uma onda de consumo. Os estoques de lojas e supermercados esgotavam-se
rapidamente, certos produtos começaram a faltar no mercado e passa a se cobrar o “ágio”. Era
necessária a adoção de medidas para reequilibrar a economia; no entanto, isso implicava na
adoção de medidas impopulares para a restrição do consumo. O governo não agiu, segundo
muitos autores, por questões eleitorais.
Em 15.11.1986 são realizadas eleições gerais no país e o PMDB, partido do presidente Sarney,
sai como grande vitorioso. No dia 21.11.1986 o governo lançava o Plano Cruzado II, que, entre
outras coisas, aumentou consideravelmente uma série de preços e desvalorizou o cruzado em
relação ao dólar. Era a volta da inflação, o que levou ao “desencanto com a Nova República”.

38 HISTÓRIA
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295. e O presidente Fernando Collor de Mello, que assumiu a Presidência em 1990, iniciou um
processo de abertura da economia nacional ao mercado internacional que foi levado adiante,
de certa forma, pelo presidente seguinte, Fernando Henrique Cardoso – que assumiu a
Presidência em 1995.
296. a Collor, para se eleger, usou como propaganda a luta contra a corrupção. No entanto, seu
governo foi marcado por numerosos esquemas de desvio de verbas, associados a pessoas
ligadas à sua administração e ao próprio presidente. Nesse clima de denúncias, foram abertos
inquéritos pela Polícia Federal e o Congresso Nacional iniciou investigações por intermédio
de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Diante de provas que envolviam direta-
mente o governo federal, o Congresso Nacional decretou o impeachment do presidente
Fernando Collor, em 29 de dezembro de 1992.
297. b As reformas econômicas estabelecidas durante o governo do presidente Itamar Franco
envolveram um conjunto de medidas que resultaram, entre outros aspectos, no controle
do processo inflacionário e na diminuição da dívida pública mediante privatizações de
companhias estatais.
298. De acordo com a escolha por uma das datas, deve-se destacar em cada item:
1930 – Revolução de 1930
a) Por que aconteceu: em sentido mais amplo, pode-se dizer que foi a forma de encaminhamen-
to e desenlace do esgotamento do modelo político da República Velha. A partir dos anos 1920,
ocorrem importantes transformações que assinalam a crise do modelo primário-exportador;
com isso, a base de sustentação econômica das oligarquias, que até então controlavam o po-
der, sofre profundos abalos.
No contexto da Primeira Guerra Mundial e seus desdobramentos, acelera-se o processo de
industrialização substitutiva de importações com o correspondente processo de urbanização.
O país deixa de ser exclusivamente rural. Nos centros urbanos emergem movimentos sociais
e políticos que questionam as práticas políticas vigentes. A Revolução de 1930, nesse sentido,
punha um fim na República oligárquica.
b) Por que se esgotou: o intervalo entre 1930 e 1937, no plano político, divide-se em dois períodos.
O primeiro, de 1930 a 1934, corresponde ao Governo Provisório. Nesse período estabelece-
-se a centralização político-administrativa e é aprovada extensa legislação trabalhista que viria
beneficiar o operariado urbano e, ao mesmo tempo, criar uma base de sustentação política
para Vargas. O segundo período, de 1934 a 1937, inaugura-se com a aprovação da Constituição
de 1934 e, de uma maneira geral, é caracterizado por uma sucessão de crises e radicalização
política entre esquerda e direita. O regime constitucional vigente entra em colapso e, sob o
pretexto da existência de um plano de comunistas para assumirem o poder, Vargas executa um
golpe de Estado.
1937 – Instauração do Estado Novo
a) Por que aconteceu: conforme referido no item b anterior, havia um clima de radicalização
política e Vargas executa um golpe de Estado, instalando um regime político ditatorial.
b) Por que se esgotou: o Estado Novo se esgota devido ao contexto político internacional, ao
término da Segunda Guerra Mundial, que apontava para a vitória dos Aliados contra os países
do Eixo. Afirmava-se que se tratava de uma vitória da democracia contra as ditaduras. O Brasil,
ao lado dos Aliados, possuía um regime ditatorial. Nesse contexto, começam a aumentar as
contestações ao Estado Novo, criando-se uma situação em que Vargas não dispunha de au-
toridade suficiente para manter-se no poder. Soma-se ainda a oposição crescente de antigos
aliados a Vargas – com destaque para os militares.
1945 – Redemocratização pós-Estado Novo
a) Por que aconteceu: conforme referido no item b anterior, havia um clima internacional, com
repercussões no plano interno que retirava a autoridade de Vargas frente ao Estado Novo. Havia
uma demanda pelo estabelecimento de um regime democrático.

39 HISTÓRIA
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b) Por que se esgotou: 1964 – golpe de Estado. No plano das relações internacionais, era uma
época de recrudescimento dos conflitos da Guerra Fria. Em 1959 ocorrera a Revolução Cuba-
na, dando origem ao primeiro país socialista na América Latina. No plano interno, ocorrera um
grande crescimento econômico com o nacional-desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek
(1956-1961), entretanto os frutos desse crescimento levaram a um processo de concentração
setorial e regional da renda. Instaura-se um amplo debate político face às demandas sociais e
uma radicalização política que o governo Goulart (1963-1964), sob o regime presidencialista,
não tinha como administrar. O resultado foi um golpe de Estado que instaura o regime militar
no país.
1964 – Instauração do regime militar
a) Por que aconteceu: conforme referido no item b anterior, havia um clima de agitação e ra-
dicalização política que o presidente João Goulart não dispunha de autoridade suficiente para
administrar. Em março de 1964 os militares assumem o poder.
b) Por que se esgotou: 1985 – término do regime militar. Os militares, ao assumirem o po-
der, estabeleceram um modelo de centralização político-administrativa bastante autoritário.
Apesar da relativa eficiência desse modelo, no que diz respeito à rapidez no processo de
tomada de decisões (em que poucos participam), nele está contido um problema grave do qual
padecem todos os regimes autoritários, sem exceção: quando as decisões tomadas resultam
em desastres, a sociedade civil não se sente corresponsável por tais erros. Os detentores
do poder entram em um processo de tensão, conflito, crise e colapso. A chamada “abertura”
foi o meio que os militares acharam para abandonar o centro da cena política sem maiores
traumas.
299. c A charge pode ser passível de mais de uma interpretação. Entre elas, pode-se apontar a
que está contida na alternativa c.
300. a) Em ambas as imagens estão inscritas interrogações: “Quem matou Herzog?” e “Cadê
Amarildo?”.
A imagem que faz referência a Vladimir Herzog associa-se ao regime militar (1964-1985), em
uma época em que havia resistência armada à ditadura. Na ocasião, os detentores do poder
lançavam mão de detenções arbitrárias, torturas e execução daqueles que se opunham ao
regime. O jornalista Vladimir Herzog foi preso nas dependências do DOI-Codi (Destacamen-
to de Operações Internas – Centro de Operações para Defesa Interna) em São Paulo. Foi
executado em 26.10.1975, e as autoridades divulgaram que o detento havia se suicidado nas
dependências da prisão. A pergunta do artista plástico questiona a versão oficial do suícidio.
A outra imagem se refere ao servente de pedreiro Amarildo Dias de Souza, morador
da comunidade da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, tido como “desaparecido” em
14.07.2013. Sabe-se que foi detido por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da
Rocinha para averiguações, teria sido torturado e, em consequência, morrido nas depen-
dências da referida unidade policial. Portanto, sua execução ocorre em plena vigência do
regime democrático consagrado na Constituição de 1988 e expressa, entre outros aspec-
tos, o abuso de poder estabelecido pelas autoridades em relação à parte significativa da
população carente e indefesa. Expressa, igualmente, uma continuidade de práticas ilegais
(tortura e execuções) por parte dos detentores da força armada. A pergunta do artista plás-
tico questiona o desaparecimento do servente de pedreiro – ”Cadê Amarildo?” – e de seu
corpo até então não encontrado.
b) A principal diferença associa-se à vigência de situações polí­ticas distintas. Os anos 1970
correspondem à época do regime militar (1964-1985), quando estavam suspensos os direitos
fundamentais e havia uma concentração de poderes nas mãos do presidente da República e
censura aos meios de comunicação de massa. Em 2013, já eram vigentes as liberdades demo-
cráticas garantidas pela Constituição de 1988, que explicitamente condena e proíbe a censura
aos meios de comunicação de massa, portanto, enquanto no primeiro contexto não era possí-
vel a divulgação da obra, no contexto recente não há mais censura.

40 HISTÓRIA
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História da América
301. b Os astecas, civilização pré-colombiana da Mesoamérica, caracterizavam-se por uma sociedade
desigual, politicamente centralizada (Confederação Asteca), pela presença de sacrifícios
humanos com funções religiosas e pelas habilidades nas técnicas construtivas (conforme
as afirmações I, II e III). O Império Inca, ocupante das encostas andinas, possuía uma
centralização política que excluía a participação popular (o que torna correta a afirmação IV e
exclui a afirmação V).
302. d Os incas constituíram um vasto e extenso império, ocupando faixas de terras altas e baixas
ao longo da cordilheira dos Andes. A diversidade das condições físicas, combinada com
variadas técnicas agrícolas, permitiu que esse povo produzisse alimento em abundância.
303. d O texto refere-se às características de uma das mais importantes organizações políticas da
América pré-colombiana, conhecida como Império Asteca, no qual os mexicas possuíam
um papel de destaque.
304. d Quando houve a conquista espanhola, a civilização maia já vivera seu declínio, estando os
remanescentes dessa cultura submetidos ao Império Asteca. Suas grandes cidades no
Yucatán (especialmente Tikal, Palenke e Uxmal) haviam sido abandonadas – e tomadas pela
floresta tropical – por volta do século XII. Por sua vez, o Império Asteca (consolidado cerca
de dois séculos antes de Cortés) vivia então seu apogeu, ocupando a maior parte dos atuais
territórios do México e Guatemala.
305. c A conquista da América pelos europeus representou o encontro de povos e civilizações com
padrões culturais tão diversos que acabou por ocasionar as mais díspares impressões, o que
justifica a reação de Hernán Cortés referida no texto.
306. a Bartolomeu de Las Casas foi um crítico da política conduzida pela Espanha no processo de
conquista da América, o que, de uma certa forma, confirma a referida profecia.
307. d Na colonização da América Espanhola, prevaleceram formas variadas de trabalho compulsório,
entre as quais se destacam a encomienda e a mita. Os indígenas pagavam com seu trabalho
os impostos a que estavam submetidos como súditos da Coroa.
308. b O texto denuncia os maus tratos empreendidos pelos colonizadores espanhóis aos índios.
309. e As atividades agrárias e a mineração foram comuns na América Portuguesa e na América
Espanhola. Essas atividades tinham por finalidade complementar a economia das respec-
tivas metrópoles.
310. c Na América Espanhola, negros africanos trabalhavam como mão de obra escrava e os indíge-
nas, sob formas variadas de trabalho compulsório, como a encomienda, segundo a qual os
indígenas deviam pagar com o seu trabalho os impostos que deviam à Coroa espanhola.
311. b As colônias de povoamento inglesas eram caracterizadas pela existência de um mercado
interno, manufaturas e predominância da pequena propriedade e da mão de obra livre.
312. c Nas colônias do Sul predominaram a grande propriedade, o trabalho escravo e uma economia
voltada para o mercado externo, visando, entre outros aspectos, complementar a economia da
metrópole.
313. b As colônias do Sul dos Estados Unidos se estabeleceram a partir da exploração de gêneros
agrícolas através do sistema de plantation.
314. a A doutrina do Destino Manifesto procurava justificar a expansão territorial dos EUA no século XIX
do ponto de vista religioso, sugerindo que o povo americano era predestinado e, como tal,
tinha direito às terras do Oeste.
315. d Desde o final do século XVIII, os norte-americanos iniciaram a Marcha para o Oeste, ocupando
as áreas centrais do território que viriam a fazer parte dos EUA. Posteriormente, atingiram a
Costa Oeste, onde ocorreria a corrida do ouro, na Califórnia.

41 HISTÓRIA
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As novas áreas ocupadas no Oeste provocaram conflitos com o México e, por intermédio
de guerras, amplas regiões foram anexadas aos EUA.
Esses territórios foram integrados com a construção de estradas de ferro ligando a Costa
Leste à Oeste a partir de meados do século XIX, as chamadas ferrovias transcontinentais
(como a Union Pacific).
316. b Quando os holandeses desocuparam o Nordeste (1654), conhecedores que eram dos aspectos
técnicos e organizacionais da produção açucareira, introduziram-na nas Antilhas inglesas
(Jamaica, Trinidad e Tobago, Barbados) e nas Antilhas francesas (Martinica, Guadalupe), estabele-
cendo o tráfico de escravos africanos na região.
317. c O texto da Declaração de Independência dos Estados Unidos, inspirada nos ideais do Ilumi-
nismo, consagra formas representativas de governo, a soberania popular e o princípio de
igualdade perante a lei (não obstante ter mantido o regime escravista).
318. b A independência política da grande maioria dos países americanos em relação às suas respec-
tivas metrópoles não teve a abolição da escravidão como consequência imediata.
319. a A luta de independência dos EUA ocorreu quando as Treze Colônias inglesas da América
do Norte uniram-se contra as pressões fiscais da metrópole britânica, entre 1775 e 1783.
Ciosas em manterem suas prerrogativas políticas regionais, as ex-colônias prescreveram
na Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, a forma federativa de Estado,
consagrando a descentralização político-administrativa em contraposição a um modelo
republicano unitário.
320. b O movimento de independência no Haiti, vitorioso em 1804, caracterizou-se como uma
sangrenta revolução dos grupos excluídos (particularmente negros e mulatos) contra as
elites brancas. Por seu caráter, permanecerá como o grande fantas­ma a aterrorizar as elites
coloniais do restante do continente em seus movimentos emancipacionistas.
321. c A Revolução Francesa, com ideais de liberdade, atingiu Saint-Domingue. O levante negro teve
início em 1791, culminando no início do século XIX com sua independência. O Haiti nascia,
assim, de uma luta de escravos.
A independência de Cuba está envolvida na Guerra Hispano-Americana, em 1898. Cuba
nascia sob a tutela dos EUA.
322. d Simón Bolívar, um dos líderes criollos na luta pela emancipação das colônias espanholas na
América, visava a manutenção da unidade política do antigo território colonial. No entanto,
a região, após a independência, esfacelou-se em várias nações, entre outras causas, pelos
interesses regionais das elites criollas.
323. e As lutas de independência da América Hispânica ocorreram no contexto da crise do Antigo
Sistema Colonial, da expansão napoleônica na Europa e da liderança criolla dos “libertadores
da América”, como Simón Bolívar e José de San Martín.
324. d Os criollos, descendentes de espanhóis nascidos na América, compunham a elite econômica
na colônia. Apesar disso, eram discriminados pelos espanhóis (chapetones). Na história da
América Espanhola, quase a totalidade dos vice-reis foi espanhola; dessa maneira, o processo
de independência das colônias espanholas americanas foi conduzido pelos criollos.
325. c O regime de monopólio constituía a espinha dorsal das relações metrópole-colônia do Antigo
Sistema Colonial da Época Mercantilista.
Os movimentos de independência das colônias tinham em comum a crítica aos monopólios
e o estabelecimento do livre-cambismo.
326. e Sintetizada na expressão “a América para os americanos”, a Doutrina Monroe, na época,
deixava clara a ideia de que as antigas potências coloniais europeias não deveriam mais
interferir no Novo Mundo.

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327. a A Doutrina Monroe, elaborada pelo presidente norte-americano James Monroe, foi, entre
outras questões, uma reação ao conservadorismo após o Congresso de Viena (1814-1815)
e às tentativas de recolonização da América. A Doutrina Monroe defendia, nesse sentido, a
autodeterminação das novas nações americanas, expressa na ideia de “a América para os
americanos”.
328. b O rompimento de laços políticos com as metrópoles não rompeu com as estruturas socioe-
conômicas herdadas do Período Colonial.
329. d De fato, sem a participação de indígenas, mestiços e negros libertos, teria sido impossível
conquistar as independências da América Espanhola (sob a liderança das elites criollas).
Contudo, a formulação da alternativa correta apresenta alguns deslizes, como em “inicialmente
lideradas” – parecendo haver uma alteração posterior da liderança – e em “indígenas e
escravos” – ignorando que, nesse momento, já se tratavam de libertos.
330. e Diego Portales defendia um governo forte e estável e, se necessário, achava possível violar
a Constituição para garantir a ordem.
331. b A formação dos Estados Nacionais hispano-americanos, no século XIX, foi marcada por cho-
ques violentos entre facções e lideranças políticas antagônicas. Essas divisões no seio das
elites locais expressavam, grosso modo, projetos administrativos contrastantes de maior
ou menor centralização do poder. Daí os diversos confrontos caudilhescos, os golpes de
Estado, as alterações arbitrárias da ordem constitucional, além dos conflitos internacionais
nas zonas de fronteiras.
332. b À medida que novos territórios eram conquistados no Oeste, as divergências entre o Norte
e o Sul sobre qual modelo adotar nos novos territórios se acirravam. O Norte defendia um
modelo protecionista, manufatureiro e com trabalho livre, enquanto o Sul, o modelo de
plantation com escravidão. A eleição de Lincoln para presidente na década de 1860 tornou
clara a opção pelo modelo nortista, o que levou à Secessão dos Estados Confederados, em
1861.
333. e Ao longo da história das Treze Colônias britânicas da América do Norte, acentuaram-se as
diferenças econômicas e sociais entre as zonas de clima temperado e as zonas de clima
subtropical, tendo as primeiras uma economia predominante­mente comercial com o emprego da
mão de obra livre, e tendo as últimas uma economia predominantemente primário-exportadora,
com o empre­go da mão de obra escrava. Após a independência e a formação da união
federal, o aproveitamento econômico das terras a Oeste acabou transformando esses anta-
gonismos históricos em uma iminente disputa político-territorial, que se agravou no final da
década de 1850 (época em que o discurso foi proclamado) e levou à eclosão de uma guerra
civil entre 1861 e 1865 – a Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana.
334. d Em meados do século XIX, os Estados Unidos ampliaram seu território em guerra contra
o México, consolidando suas posições na costa do oceano Pacífico. Nas últimas décadas
desse século, os Estados Unidos exerciam forte influência, especialmente sobre o Caribe e
América Central. Os norte-americanos, nesse momento, envolviam-se na Guerra Hispano-
-Americana, pondo fim ao decadente Império Colonial espanhol na América, passando a
interferir em Cuba e controlando Porto Rico.
Acrescente-se a essa situação a busca de influências sobre os demais países latino-americanos,
devido, sobretudo, ao crescente poder econômico dos Estados Unidos.
335. c O intervalo entre 1870 e 1914 na América Latina é marcado no plano político pela vigência
do caudilhismo, regime de características autoritárias, no qual o líder ou seus correligionários
perpetuavam-se no poder. Não obstante o obscurantismo político, as divisas provenientes
das exportações de produtos primários propiciaram algumas reformas urbanas, a formação
de uma elite de letrados e a utilização de algumas conquistas técnicas importantes naquele
período como a utilização da eletricidade, entretanto de uma forma não generalizada.

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336. a Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo Franklin Delano Roosevelt elaborou a Política da
Boa Vizinhança, a qual visava aproximar-se dos países latino-americanos, tornando-os aliados
no esforço de guerra dos EUA. Um dos aspectos dessa política foi a produção pelos estúdios
Disney de personagens como Zé Carioca, identificado como um cidadão brasileiro (carioca)
simpático e amigável.
337. b Agentes de uma pregação que não se esgotou na Guerra Civil Americana, os abolicionistas
dos EUA (diante de uma sociedade que oficializou a segregação em vários estados) aceitaram,
por muito tempo, como válido o discurso de parcelas da intelectualidade brasileira sobre
uma espécie de “escravidão branda”, cuja forma recente seria a de uma “democracia racial”.
338. d Ambas as revoluções ocorreram contra formas autoritárias de governo. No México, ocorreu
contra o caudilhismo, representado por Porfírio Díaz; em Cuba, contra o regime ditatorial
de Fulgencio Batista.
339. d O início dos anos 1930 foi marcado pela Grande Depressão, ocorrida posteriormente à crise
econômica de 1929.
340. e Emiliano Zapata era um líder indígena do sul do México que reivindicava o retorno da terra
aos indígenas. Pancho Villa tornou-se líder revolucionário no norte. A reforma agrária era o
principal intuito dos revolucionários.
341. c A Revolução Cubana (1959) provocou um recrudescimento da Guerra Fria.
Nesse sentido, os Estados Unidos desenvolveram uma política externa para a América
Latina que tinha por finalidade, entre outros aspectos, neutralizar os possíveis efeitos da
referida revolução na região.
Foi marcante a atuação da diplomacia norte-americana junto à Organização dos Estados
Americanos e a utilização de um programa de ajuda conhecido como Aliança para o Progresso.
342. d A Revolução Cubana foi realizada à revelia das posições oficiais do Partido Comunista Cubano
e, no início, procurou aglutinar forças políticas heterogêneas, que acreditavam que a luta
armada era a maneira mais eficaz de combater e depor o governo Batista. Após a tomada
do poder, as medidas econômicas adotadas que prejudicavam interesses norte-americanos
levaram à tensão e ao conflito entre o novo governo e os Estados Unidos. Em 1961, Fidel
Castro declarava o caráter socialista da Revolução Cubana.
343. c A chamada Doutrina Truman (conter a expansão do comunismo) assinala o início da Guerra
Fria, que dividiu o mundo do período pós-Segunda Guerra Mundial em dois blocos opostos:
capitalista e socialista. Em 1949, a Revolução Chinesa leva a uma ampliação do bloco socialista,
e a União Soviética mostra seu poderio militar frente aos Estados Unidos.
344. a O senador Joseph McCarthy criou um comitê de investigação contra o que era chamado de
“atividades anti-norte-americanas”, que serviu de instrumento de graves perseguições políticas
contra aqueles considerados de esquerda ou mesmo simpatizantes da esquerda. Esse
episódio está inserido na problemática da Guerra Fria, que colocou os Estados Unidos e a
União Soviética em campos opostos.
345. Nos anos 1960 ocorre o recrudescimento da Guerra Fria, especialmente com a Revolução Cuba-
na (1959), a declaração do caráter socialista da revolução e a Guerra do Vietnã, que levou ao en-
volvimento militar dos Estados Unidos no conflito. A população jovem negra dos Estados Unidos
foi mobilizada para defender as posições políticas do governo estadunidense no Sudeste Asiático,
mas, no plano interno, essa população continuava sendo discriminada, apesar da luta pelos di-
reitos civis, e um de seus importantes líderes, que pregava a não violência e a resistência pací-
fica, foi assassinado nesse processo (Martin Luther King, 1968). Nesse contexto, torna-se mais
grave e aguda a luta pelos direitos civis da população negra, que passa a se expressar também
como defensora do uso da violência para a garantia de aprovação e extensão dos direitos civis,
tal como o que se manifesta no enunciado da questão, por ocasião das Olimpíadas de 1968, no
México.

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346. c Temerosos de que o exemplo da Revolução Cubana pudesse provocar uma expansão de
movimentos revolucionários na América Latina, o governo norte-americano, por intermédio
da Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), propõe um
programa de ajuda para minorar a pobreza nessa região, que foi chamado de Aliança para
o Progresso.
347. e Nas lutas por direitos civis nos Estados Unidos, teve um papel de destaque a luta dos negros
norte-americanos pela plena igualdade civil face à segregação racial existente. Nesse contexto,
destacou-se a liderança de Martin Luther King.
348. b Ao longo das décadas de 1960-1970, a América do Sul assistiu à implantação de regimes
militares ditatoriais, sob a justificativa de que seus inimigos internos (os grupos políticos de
esquerda) e externos (o movimento socialista internacional) representavam uma ameaça às
suas “seguranças nacionais” no interior das tensões provocadas pela Guerra Fria, então em
pleno recrudescimento – já que a Revolução Cubana (1959) veio a resultar na implantação do
primeiro país socialista na América Latina, a partir de 1961.
349. a) Em 1982, o governo argentino era exercido pelo presidente Leopoldo Galtieri, que fez parte
de um ciclo de militares que estabeleceram uma ditadura a partir de 1976. A ditadura argentina,
semelhante às ditaduras latino-americanas daquele período, caracterizava-se, entre outros aspec-
tos, por forte censura aos meios de comunicação, repressão a qualquer contestação ao regime,
prisões arbitrárias, execução de opositores, suspensão de direitos constitucionais da sociedade
civil e forte apelo nacionalista.
b) A principal mudança no aspecto político após a Guerra das Malvinas foi o colapso do regime
militar (e o consequente processo de redemocratização do país). No aspecto econômico,
aprofundaram-se a inflação e a diminuição de investimentos estrangeiros no país, o que ocasio-
nou, dessa forma, uma forte retração econômica.
c) As ilhas Malvinas (ou Falkland), Geórgias do Sul e Sandwich do Sul são estratégicas na circula-
ção pelo Atlântico Sul e têm reservas petrolíferas na plataforma continental regional.
350. c Em 1982, o governo ditatorial argentino do general Galtieri visava ocupar as ilhas Malvinas,
que desde o século XIX haviam sido ocupadas pela Inglaterra. A ditadura também intencionava
criar um espírito nacionalista no país para dar sobrevida ao regime militar, em crise naquele
momento.

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