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A NARRATIVA DA REDENÇÃO – ATO V – IGREJA

Hoje estamos no V Ato da Narrativa da Redenção, o penúltimo Ato. Nosso Deus nos
deu a graça de podermos estudar mais sobre esta narrativa tão maravilhosa escrita
por seu dedo. Vamos passar rapidamente por um resumo do que já vimos até aqui.
(Resumo)
Mas se as promessas se cumprem com a vinda do Rei, porque ainda estamos aqui? É
essa a resposta que o queremos dar hoje. Vamos estar mergulhando na Palavra para
descobrir o que ela tem a dizer a respeito da natureza do que chamamos de: Igreja.
O grande bispo inglês do Século 19, J.C. Ryle dizia que: "Não há assunto algum, em
matéria de religião, que seja tão mal entendido como este: A Igreja."
A palavra para Igreja no original grego é: Ekklesia. Que significa: assembleia, reunião.
Tenha na cabeça uma imagem de uma convocação de um Rei aos seus súditos.
Portanto a Igreja no Novo Testamento não tem tanto a ver com templos ou
instituições, mas sim com a reunião dos filhos de Deus. Nós construímos os templos
porque eles são locais onde podemos nos reunir de forma mais organizada e
confortável e nos estabelecemos como instituição na sociedade para andarmos
conforme as leis e regulamentações de nosso país e para que o mundo possa
reconhecer os atributos invisíveis da igreja de Cristo. Para que assim possam
conhecer Ele e glorificar a Deus Pai pelas nossas obras.
Um aspecto importante que devemos nos ater é a distinção existente entre a igreja
visível e a igreja invisível.
A igreja visível é composta por todas as pessoas que se identificam como cristãs e
que se reúnem em templos, comunidades locais em diferentes denominações, para
adorar e servir a Deus. Ela é visível porque suas reuniões, membros e liderança
podem ser observados e identificados pelos outros.
Já a igreja invisível é composta por todos os verdadeiros crentes em Jesus Cristo,
independentemente de sua afiliação denominacional ou visibilidade pública. Esses
crentes estão unidos em sua fé em Cristo e compartilham de uma relação pessoal com
Ele. A igreja invisível e chamada assim porque sua verdadeira natureza é conhecida
apenas por Deus.
Essa distinção sempre foi aceita dentro das confissões de fé cristãs, veja por exemplo
o que diz a confissão de fé Batista de 1689 no CAPÍTULO 26
Sobre a Igreja Invisível:
1. A Igreja universal (ou católica), que com respeito à obra interna do Espírito, e da
verdade da graça, pode ser chamada invisível, consiste no número total dos eleitos
que já foram, estão sendo, ou ainda serão chamados em Cristo, o Cabeça de todos. A
Igreja é a esposa, o corpo e a plenitude daquele que é tudo em todos.
Sobre a Igreja Visível:
2. Todas as pessoas ao redor do mundo, que professam fé no evangelho e obediência
a Deus, mediante Cristo, de acordo com o evangelho, e que não destroem o seu
testemunho com alguma doutrina fundamentalmente errada ou conversão profana:
esses podem ser chamados de os santos, de que se compõe a igreja visível; e todas
as congregações deviam ser constituídas de pessoas assim.
Veja que, sobre a Igreja Visível, o texto diz: todas as congregações deviam ser
constituídas de pessoas assim. Portanto, é possível e infelizmente é algo comum o
fato de que muitas pessoas que não nasceram de novo, não conheceram a Cristo e
não são salvas, sejam participantes da Igreja Visível. Não é improvável que nesta
noite por exemplo, quando estamos reunidos aqui como Igreja Visível, que haja entre
nós aqueles que não fazem parte da Igreja Invisível, ou seja, que não estão unidos a
Cristo, não são membros de seu corpo místico e, portanto, que não são salvos.
Devemos nos atentar sempre a isso.
Por ser a Igreja Verdadeira de Cristo uma comunidade espiritual e transcendente, sua
existência não depende de formas nem de cerimônias, de catedrais ou templos, de
púlpitos ou batistérios, de vestimentas ou instrumentos, de dinheiro, governos,
magistrados, de ato ou favor, qualquer que seja, da mão do homem. Ela sempre
permaneceu, quando tudo isto lhe foi tirado. Foi muitas vezes lançada no deserto
ou em catacumbas e cavernas da terra, por estados e governantes. Mas a sua
existência não depende de coisa alguma, além da presença de Cristo, o cabeça, e de
seu Espírito e, enquanto estes nela permanecerem, a Igreja não pode deixar de existir.
Esta e a única Igreja que, certamente, há de existir até o fim. Coisa alguma poderá
arruiná-la ou destruí-la. Seus membros podem ser perseguidos, oprimidos,
encarcerados, açoitados, degolados ou queimados, mas a verdadeira Igreja nunca se
extinguirá.
É isso que Jesus queria deixar claro quando Ele disse a Pedro: edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
A Palavra nos deixa algumas pistas que nos mostram como podemos identificar
aspectos em nós mesmos que comprovam se fazemos ou não parte do corpo de
Cristo, de sua Igreja Invisível. A Igreja, como corpo de Cristo e povo de Deus possui
características e deveres.
O aspecto principal da Igreja se refere ao seu sacerdócio real e sua santidade:
O propósito de Deus para Israel, era que seu povo que foi separado por ele dos
demais, se tornasse através da fidelidade a aliança um reino sacerdotal. Ou seja, um
povo que fizesse mediação entre o Senhor Deus (YHWH) e as demais nações. Era
para eles serem como um grande farol que apontava para Deus. Veja:
“Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o
meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, vocês
serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” – Êxodo 19:5,6
Lembrem-se de que essa foi exatamente a promessa de Deus feita a seu servo
Abraão, vocês se lembram? Nós vimos isso no ATO III, Deus disse:
“esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes tão numerosos como as
estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Sua descendência conquistará as
cidades dos que lhe forem inimigos e, por meio dela, todos povos da terra serão
abençoados, porque você me obedeceu.” – Gênesis 22:17,18
Entretanto, o povo de Israel não foi fiel a aliança de Deus, mas muitas e repetidas
vezes o povo não somente negou a Deus, mas os sacerdotes também o fizeram. Veja
comigo lá Malaquias 2. Aqui, Deus rejeita o sacerdócio levítico e amaldiçoa suas
gerações.
Mas Jesus, veio, e não só como Rei, como nós vimos semana passada. Mas também
como sumo-sacerdote. O sumo sacerdote, era o chefe dentre os sacerdotes, ele
entrava uma vez por ano no santo dos santos, no templo (faz demonstração). Em sua
morte, Jesus não entrou em santuário feito por homens, mas entrou no próprio céu,
para agora se apresentar diante de Deus em nosso favor. É por isso que o véu do
templo se rasgou, significa que o antigo pacto havia acabado. Cristo é aquele que faz
mediação perfeita entre nós e Deus. Abre comigo lá em Hebreus 9.24-28
“Da mesma forma, Cristo não tomou para si a glória de se tornar sumo sacerdote, mas
Deus lhe disse: "Tu és meu Filho; eu hoje te gerei". E diz noutro lugar: "Tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque". – Hebreus 5:5,6
Por causa de Cristo e por causa dessa Nova Aliança feita em seu sangue, as
promessas de Deus se cumprem em nós, a Igreja. Veja o livro do profeta Jeremias:
"Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara
o Senhor: "Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o
Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao
seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o
menor até o maior", diz o Senhor. "Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me
lembrarei mais dos seus pecados. " – Jeremias 31:33,34
Essa nova aliança é superior a antiga e possui impacto em nossos corações, os
efeitos da morte são aplicados pelo Espírito Santo, que circuncida nosso coração e
escreve a lei de Deus nele, e nos capacita a sermos fiéis a ela; todos aqueles que
estão debaixo dessa Nova Alianças são sacerdotes desse Rei. É por isso que na
igreja nós não deveríamos precisar dizer ao nosso próximo: conheça ao Senhor,
porque todos deveriam conhecer. Em essência essa é a Igreja Invisível.
É por isso que, combatendo os seus opositores Judeus, Paulo escreveu:
“Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é meramente
exterior e física. Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no
coração, pelo Espírito, e não pela lei escrita. Para estes o louvor não provém dos
homens, mas de Deus.” – Romanos 2:28,29
Pedro aplica aquela promessa de Deus ao povo de Israel lá em Êxodo, a igreja, em
sua primeira carta:
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de
Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.” – 1 Pedro 2:9
A Igreja é um povo que foi eleito por Deus, é um povo que é sacerdote. Cada crente é
um instrumento de Deus para o Seu trabalho no mundo. Não dá pra ser cristão e
simplesmente ficar só assistindo as coisas da fé, assistindo cultos, vendo o
cristianismo acontecer. Se somos chamados a Cristo, somos chamados a levar as
pessoas a crerem em Cristo, discipulá-las, anunciando as grandezas daquele que nos
chamou das trevas para sua maravilhosa luz. É viver de modo digno do chamado de
Deus. Santidade, ser santo, significa ser separado: são igreja aqueles que foram
separados por Deus pra viver dessa forma específica.
É por isso que Jesus diz: "Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor,
como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos
homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída
sobre um monte.” – Mateus 5:13,14
É o que Paulo diz lá em Colossenses 1:10-14
E por último um alerta, um alerta contra a ideia satânica de que você pode ser igreja
sozinho, contra o desigrejamento
“Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que
prometeu é fiel. E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às
boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns,
mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima
o Dia.” – Hebreus 10:23-25
“Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito. Que a paz de Cristo
seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como
membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Habite ricamente em vocês a palavra
de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem
salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações.” –
Colossenses 3:14-16
Deixa-me te perguntar: Você por algum acaso pode se auto considerar, se auto
incentivar, se auto encorajar, se auto ensinar e seu auto aconselhar? Só se você tiver
múltiplas personalidades e for um louco.
Veja, se a sua vida espiritual não tem progresso, você se converteu a alguns anos ou
a muitos anos e continua a mesma coisa, sua vida espiritual é medíocre, muito
provavelmente é uma dessas duas coisas:
1º Ou você não vive a vida de igreja. Você pode até ir na igreja, todos os domingos,
pode até cantar no louvor, assistir a pregação e tals, mas se você: não vive em
comunhão profunda, se você não considera os outros, não incentiva e não é
incentivado, não encoraja e não é encorajado, não ensina e não é ensinado, não
aconselha e não é aconselhado, você é um desigrejado dentro da igreja. Você é salvo,
mas vive aquém daquilo que Deus quer pro seu povo. E talvez você tenha vivido
assim por ignorância, e Deus te perdoa se você se arrepende e muda.
Ou, 2º é que você não é convertido. Você faz parte da Igreja Visível, tá aqui todo
domingo, mas não é parte da Igreja Invisível, você não foi regenerado, não nasceu de
novo, não foi unido ao corpo místico de Cristo, você continua morto em seus pecados.
E é por isso que você não tem desejo nem tem prazer em ler a Bíblia, não tem prazer
e não deseja orar, sempre é um peso vir a Igreja, não gosta de conversar sobre Deus.
E por isso também que você não considera os outros, não incentiva e não é
incentivado, não encoraja e não é encorajado, não ensina e não é ensinado, não
aconselha e não é aconselhado.
A gente precisa se policiar e se questionar sobre essas coisas.
Nosso compromisso com a igreja é de amor. Alguns que se chamar cristãos parecem
amar a igreja invisível (ideal) e detestar a visível (real). Isso é impossível!! O apóstolo
João nos ensinou que ninguém pode declarar amor pelo Deus invisível se não tiver
amor pelo irmão que se vê (1Jo 4.20).
Deus salvou um povo, nós vamos pro céu em bando. A Igreja vive nos moldes do
Reino de Deus, somos seu povo, nossa regra de fé e prática é a Bíblia. Somos
peregrinos nessa terra, somos embaixadores de Deus no mundo. E aguardamos o
retorno do nosso Rei!

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