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Este trabalho procurou quantificar a carga tributária sobre o valor da cesta básica
brasileira, identificando cada tributo incidente sobre os produtos que a compõem e são
consumidos pelas famílias residentes na região central do Rio Grande do Sul-Brasil,
assim como sua importância sobre a renda familiar e o tempo necessário em horas para
poder adquiri-la. O presente estudo foi realizado com base nos dados de levantamento
dos itens que compõem a cesta básica do DIEESE que são de origem animal, grãos,
industrializado, frutas e legumes. A pesquisa abrangeu unidades supermercadistas
distribuídas na região central. A quantidade estabelecida segundo Decreto Lei nº 399/38
é formada por uma lista de alimentos, com suas respectivas quantidades. Esta cesta,
denominada Cesta Básica de Alimentos, seria suficiente para o sustento e bem estar de
um trabalhador em idade adulta, contendo quantidades balanceadas de proteínas,
calorias, ferro cálcio e fósforo. Obtido o valor da cesta, foi elaborado duas analises: uma
com o valor dos impostos e outra sem esse valor para realizar o cálculo das horas
trabalhadas necessárias, isto é, considera quanto que o trabalhador que recebe um
salário mínimo precisa trabalhar para comprar a Cesta Básica de Alimentos. A próxima
etapa é calcular o Salário Mínimo Necessário SMN como uma estimativa do quanto
deveria ser o salário mínimo vigente, sendo este também, um instrumento utilizado
pelos sindicatos de trabalhadores para denunciar o descumprimento do preceito
constitucional que estabelece as bases para a determinação da menor remuneração que
vigora no país.
1. Introdução
FONTE: DIEESE
Região 1 - Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
Goiás e Distrito Federal.
Região 2 – Estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte,
Alagoas, Sergipe, Amazonas, Pará, Piauí, Tocantins, Acre, Paraíba, Rondônia, Amapá,
Roraima e Maranhão.
Região 3 - Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul.
Nacional - Cesta normal média para a massa trabalhadora em atividades diversas
e para todo o território nacional.
No Brasil, existem realidades populacionais bem distintas. Enquanto algumas
famílias ficam restritas aos itens da Cesta Básica, outras acabam tendo opções
alimentares adicionais no consumo diário. Porém, independentemente da condição
social e cultural, os itens que compõe a Ração Essencial Mínima, permanecem como
sendo a base alimentar da população brasileira.
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 (POF) demonstrou que
os itens da Cesta Básica Nacional têm grande relevância na alimentação rotineira da
população brasileira. A partir dessa pesquisa, é possível obter os dados referentes à
quantidade (em quilogramas) de alimentos adquiridos por pessoa durante o período de
um ano. Com esses dados, pode-se perceber que os alimentos da Cesta Básica são os
adquiridos em maior quantidade dentro de seus respectivos grupos, sendo
consequentemente os mais consumidos pela população ainda na atualidade.
Os alimentos ficam assim distribuídos em quatro grupos: produtos de origem
animal, grãos, produtos industrializados e legumes e verduras, conforme Quadro abaixo
Quadro 2 – Grupo dos alimentos da cesta básica
GRUPOS Origem Grãos Produtos Legumes e
animal Industrializados vegetais
ALIMENTOS Carne bovina Arroz Café Batata
Leite Feijão Açúcar Tomate
Manteiga Farinha de Óleo vegetal Bananas
trigo Pão
FONTE: Autor
3 Metodologia
Após a coleta dos preços, são calculados os preços médios dos produtos por tipo
de estabelecimento. O preço médio de cada produto, multiplicado pelas quantidades
definidas no Decreto Lei n° 399, indica o gasto mensal do trabalhador com cada
produto, cuja soma é o custo mensal da Cesta Básica.
Obtido o valor da cesta, é feito o cálculo das horas que o trabalhador que ganha
salário mínimo precisa trabalhar para comprar a Cesta Básica de Alimentos. Para isso,
divide se o salário mínimo vigente pela jornada de trabalho adotada na Constituição
(220 Hs/mês, desde outubro de 1988). Aplica-se então, a seguinte fórmula:
4. Resultados e discussões
Na composição da cesta básica do Brasil são 13 alimentos: carne, leite, feijão,
arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. No Brasil, a
quantidade de cada ingrediente varia de acordo com a tradição alimentar de três grandes
áreas do país: a Região Sudeste, as regiões Sul/Centro-Oeste e as regiões
Norte/Nordeste.
Neste estudo usou-se a referente da região Sul/Centro-Oeste, por causa da
tradição local e das baixas temperaturas no Sul, a cesta básica da região tem mais carne
e mais calorias que a das outras regiões e esta representada no quadro abaixo.
Quadro
REGIÃ PREÇO UNIT. VALOR PERCENTUA
O SUL L
ALIMENTOS TIPO QUANT. MÊS R$ TOTAL R$ RENDA
Carne SEM OSSO 6,6 R$ 22,00 R$ 145,20 32,11%
Leite UHT L 7,5 R$ 2,99 R$ 22,43 4,96%
Feijão TIPO 1 kh 4,5 R$ 4,60 R$ 20,70 4,58%
Arroz TIPO 1 kg 3 R$ 2,40 R$ 7,20 1,59%
Farinha BRANCA kg 1,5 R$ 2,99 R$ 4,49 0,99%
Batata BRANCA kg 6 R$ 3,98 R$ 23,88 5,28%
Legumes kg 9 R$ 7,00 R$ 63,00 13,93%
(Tomate)
Pão francês Valor do KG 6 R$ 8,00 R$ 48,00 10,62%
Café em pó SOLUVEL 600 R$ 0,06 R$ 33,60 7,43%
GR
Frutas (Banana) TIPO 8 R$ 4,80 R$ 38,40 8,49%
CATURRA kg
Açúcar TIPO 3 R$ 2,70 R$ 8,10 1,79%
CRISTAL kg
Banha/Óleo SOJA kg/ml 900 R$ 0,00 R$ 3,42 0,76%
Manteiga TIPO 200g gr 750 R$ 0,05 R$ 33,75 7,46%
TOTAL R$ 452,16 100%
FONTE: AUTOR
Pelo quadro pode-se observar que o alimento mais oneroso na cesta é a proteína
de carne onde sozinha tem um peso de mais de um terço. Tomando o salário base de R$
998,00 o custo da cesta consome 45,30% do salário restando pouco mais de 50% para
outras despesas (transporte, vestuário, remédios, moradia, lazer etc...)
Para calcular as horas trabalhadas necessárias para adquirir a cesta básica usa-se
a seguinte equação:
R $ 998 R $ 452 , 16
=
220 x
X = 99,67 horas, ou seja, para comprar a cesta básica o trabalhador assalariado teria que
trabalhar aproximadamente 99 horas e 40 minutos.
No quadro abaixo está demostrado quantas horas necessita de trabalho para adquirir
cada produto da cesta básica.