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SÍNDROME DA

FRAGILIDADE NO IDOSO
Profa. Sandra Ortiz

1
Segundo pesquisa:
-em 2043, ¼ da população
deverá ter mais de 60 anos.

-a partir de 2047 a população


https://censo2021.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/24036-idosos-indicam-caminhos-para-uma-
melhor-idade.html deverá parar de crescer.
ENVELHECEMOS TODOS IGUAIS ?
FRAGILIDADE

• Pessoas debilitadas que não poderiam sobreviver sem o auxílio de outros (Gillick, 2001);
• Síndrome do declínio espiral de energia, embasada por um tripé de alterações relacionadas com o
envelhecimento composto por sarcopenia, desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica (Fried
et al., 2001).

• 2,5% entre pessoas idosas com idade entre 65 e 70 anos e mais de 30% entre idosos de 90 anos ou mais;
• Estudo FIBRA no Brasil: entre 5.638 – 8% frágeis e 52,7% pré-frágeis;
• Prevalência: idade, nível educacional, renda, comorbidades, dependência funcional e presença de
quedas (Vieira et al., 2013).
Modelo fenotípico: desenvolvido pela pesquisadora norte-americana Linda Fried;

Apresenta a fragilidade como uma síndrome biológica de repercussão no aspecto físico do indivíduo; indivíduo é frágil se
apresenta 3 ou mais dentre cinco componentes identificados durante a avaliação clínica:

perda de peso não-intencional no último ano;

fraqueza (baixa performance no hand-grip, ou dinamômetro);

exaustão (reportada pelo paciente);

diminuição da velocidade de marcha;

baixo nível de atividade física.

Modelo de acúmulo de déficits: desenvolvido por Rockwood e Mitnitski,

A fragilidade é avaliada através da construção de um índice de fragilidade, ou Frailty Index (FI). O índice de fragilidade é

composto de 30 ou mais variáveis que correspondem a problemas de saúde acumulados ao longo do envelhecimento.
(comorbidades, fatores psicológicos, sintomas e incapacidades).
Fatores Predisponentes, segundo Fried et al., 2001
Ciclo da Fragilidade, segundo Fried et al., 2001
SARCOPENIA

FRAGILIDADE

CAQUEXIA
ATIVIDADES BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA
(AVDs)

BANHAR-SE
VESTIR-SE
TRANFERIR-SE
IR AO TOALETE
CONTINÊNCIA
ALIMENTAR-SE
ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA
(AIVDs)

USAR O TELEFONE
FAZER COMPRAS
PREPARAR A COMIDA
CUIDADOS DA CASA
LAVAR ROUPA
TRANSPORTE
MEDICAMENTOS
FINANÇAS
Abordagem Terapêutica
http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/383
ENVELHECIMENTO SADIO, COM DIGNIDADE É
UM DIREITO DA PESSOS IDOSA
A relação do idoso com o medicamento

1- Polifarmácia;

2- Alterações fisiológicas;

3- Uso inadequado;

4- Intoxicações;

5-Medicamentos X instabilidade postural, quedas e fraturas.


A relação do idoso com o medicamento
1-Polifarmácia: prescrições + automedicação • Aumenta em 75% o risco de
eventos adversos
• 50% o risco de interações
• Medicamentos de uso crônico medicamentosas
• 12% o risco de internações
• Consumo de plantas medicinais hospitalares

• 1.115 idosos (65 anos ou mais, residentes no Município de


São Paulo, componentes da linha base da coorte de
idosos do Estudo SABE).

• Média de 3,6 medicamentos (1-16 medicamentos/idoso).


Rev Bras Epidemiol 2012; 15(4): 817-27
• 49,7%: alguma queda nos últimos 12 meses.
Cascata Iatrogênica

Antagonistas H2 e antiácidos

27
https://www.youtube.com/watch?v=c2Vf1MbO2BU
2-Alterações
fisiológicas:
•Grandes mudanças
farmacocinéticas
•Dificuldades cognitivas
•Perdas visuais e auditivas
•Dificuldades motoras

Rev Med (São Paulo). 2018 mar.-abr.;97(2):165-76.


3- Uso inadequado do medicamento
• 40% a 75% dos idosos não tomam seus medicamentos
nos horários e quantidades certas;
• Risco das prescrições inadequadas e a não observância
dos esquemas terapêuticos;

CONSEQUÊNCIA:
• Aproximadamente 19% das admissões hospitalares entre
pacientes idosos devem-se a reações adversas a fármacos
(PEREIRA; FREITAS, 2008; SUS, 2003).
• Intoxicações.
https://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/files//Brasil7_1.pdf
4 - intoxicações por medicamentos em idosos
5- Medicamentos X instabilidade postural, quedas e fraturas

• 5ª. causa mais comum de morte de idosos.


• 90% das fraturas de costela e quadris.
• Reino Unido: mais de 600.000 quedas/ano em idosos.
• União Europeia: 40.000 óbitos de idosos decorrentes de quedas/ano.
• EUA-2015: US$31bilhões em custos diretos relacionados a quedas em idosos.

Kenny RA, et al., Falls in older adults, Medicine (2016), https://www.repository.cam.ac.uk/items/b652519c-ba96-


4d44-bf02-19b5ff9a7072
Psicotrópicos
e Cardiovasculares

FALL RISK-INCREASING DRUGS (FRIDs)


Fall-Risk-Increasing Drugs: A Systematic Review and Meta-Analysis
Journal of the American Medical Directors Association , Volume 19 , Issue 4 , 371.e1 - 371.e9, 2018.
FALL RISK-INCREASING DRUGS (FRIDs)
Grupo de medicamentos Tipo Efeito no idoso
PSICOTRÓPICOS • Sedativos • Sedação
• Antidepressivos • Balanço prejudicado
• Antipsicóticos • Incoordenação motora
CARDIOVASCULARES • Anti-hipertensivos • Menor perfusão cerebral
• Diuréticos • Alterações ortostáticas
• Antiarrítmicos • Hipotensão
• Vasodilatadores
ANTICOLINÉRGICOS • Antiespasmódicos • Prejuízo cognitivo
• Anti-histamínicos • Discinesia
• Prejuízo visual
ANTIDOPAMINÉRGICOS • Pró-cinéticos • Prejuízo cognitivo
• Antipsicóticos • Discinesia
E inúmeras outras classes em avaliação...
Adaptado de https://www.researchgate.net/profile/Carmen-Pfortmueller/publication/261605389_Fall-
Related_Emergency_Department_Admission_Fall_Environment_and_Settings_and_Related_Injury_Patterns_in_6357_Patients_with_Special_Emphasis_on_the_Elderly/links/544672540cf2f14fb80f3c76/Fall-Related-Emergency-
Department-Admission-Fall-Environment-and-Settings-and-Related-Injury-Patterns-in-6357-Patients-with-Special-Emphasis-on-the-Elderly.pdf
Quedas decorrentes do uso de medicamentos podem acontecer
principalmente por:

1. Sedação;
2. Prejuízo na estabilidade postural;
3. Hipotensão;
4. Parkinsonismo farmacológico;
5. Prejuízo visual (olhos secos, visão borrada);
6. Hipoglicemia;
7. Dano vestibular (tinnitus, surdez);
8. Confusão;
9. Desidratação.
https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-
04/acidentesdomesticosidosos_adrianemiro_junho2017_1.pdf
https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-
04/acidentesdomesticosidosos_adrianemiro_junho2017_1.pdf
CUIDADOS NA PRESCRIÇÃO PARA IDOSOS
1. SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS E INFORMAÇÃO
• Incluir medicamentos seguros para idosos na padronização (ou lista de medicamentos
padronizados) de serviços de saúde;

• Conscientizar os pacientes, familiares e cuidadores sobre a importância de medidas


não farmacológicas para o controle de doenças.

• Adotar, atualizar e divulgar listagem de medicamentos potencialmente inadequados nos


serviços de saúde, propondo alternativas terapêuticas e incorporando tal conhecimento
para o desenvolvimento de protocolos diferenciados para a população geriátrica.

http://www.ismp-brasil.org/site/wp-content/uploads/2017/09/IS_0006_17A_Boletim_Agosto_ISMP_210x276mm_V2.pdf
CUIDADOS NA PRESCRIÇÃO PARA IDOSOS

2. AVALIAÇÃO CRITERIOSA DA TERAPIA FARMACOLÓGICA

• Avaliar a possibilidade de redução do número de medicamentos.

• Se o uso de medicamentos potencialmente inadequados for indispensável, inserir


o medicamento na menor dose terapêutica, mediante ajuste de acordo com a
função renal e hepática do idoso, propondo aumento gradual e cauteloso.

• Evitar a cascata iatrogênica.

• Promover a adesão da farmacoterapia somente depois de analisar se cada um dos


medicamentos é indicado e está sendo efetivo e seguro.

http://www.ismp-brasil.org/site/wp-content/uploads/2017/09/IS_0006_17A_Boletim_Agosto_ISMP_210x276mm_V2.pdf
O papel dos
medicamentos na queda
em idosos

https://www.ahrq.gov/sites/default/files/publications/files/fallpxto
olkit.pdf
CUIDADOS NA PRESCRIÇÃO PARA IDOSOS

3. PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE

4. PAPEL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

5. CONHECER OS MEDICAMENTOS QUE SEU PACIENTE FAZ USO

6. MONITORAR INTERAÇÕES
REFERÊNCIAS

Tratado de Geriatria e Gerontologia. Freitas, E.V.; Py, L.; Neri, A. L.; Cançado, F. A. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 5ª.
Edição. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2022.

Tratado de Medicina de Urgência no Idoso. Papaléo Neto, M.; Brito, F. C.; Giacaglia, L. R.. Editora Atheneu, 2010.

Hazzard’s - Geriatric Medicine and Gerontology. Halter, J.B.; Ouslander, J.G.; Tinetti, M.E.; High, K. P.; Asthana, S.
Seventh Edition. Mcgraw-Hill Companies, 2017.

Current Medical Diagnosis and Treatment: Geriatrics. Williams, B et al. 2a edição. McGraw-Hill Medical, 2015.

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