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COMPREENSÃO E

INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS
PDF SINTÉTICO

Livro Eletrônico
Presidente: Gabriel Granjeiro
Vice-Presidente: Rodrigo Calado
Diretor Pedagógico: Erico Teixeira
Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi
Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra
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do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de
uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às
penalidades previstas civil e criminalmente.

CÓDIGO:
231129303641

BRUNO PILASTRE

Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É autor de obras didáticas


de Língua Portuguesa (Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva).
Pela Editora Gran Cursos, publicou o “Guia Prático de Língua Portuguesa” e o “Guia
de Redação Discursiva para Concursos”. No Gran Cursos Online, atua na área de
desenvolvimento de materiais didáticos (educação e popularização de C&T/CNPq:
http://lattes.cnpq.br/1396654209681297).

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PDF SINTÉTICO
Compreensão e Interpretação de Textos
Bruno Pilastre

SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
PDF Sintético de Interpretação e Compreensão de Textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1. Interpretação e Compreensão de Textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1. Pressupostos e subentendidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2. Vozes Discursivas e Tipos de Discurso | Intertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3. Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4. Níveis de Linguagem | Variação Linguística. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2. Tipologias e Gêneros Textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1. Os Gêneros Textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Coesão e Coerência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Semântica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4.1. Denotação e Conotação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4.2. Sinonímia e Antonímia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.3. Polissemia e Ambiguidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Figuras e Vícios de Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Reescrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Questões de Concurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Gabarito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Gabarito Comentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Anexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

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Compreensão e Interpretação de Textos
Bruno Pilastre

APRESENTAÇÃO
Escrever um livro é algo desafiador. Porém, escrever para o público concurseiro torna
a tarefa ainda mais árdua.
Afinal, há candidatos com diferentes níveis de conhecimento, estudando para seleções
de áreas variadas.
No entanto, existe algo em comum entre aqueles que se preparam para um concurso
público: todos querem a aprovação o mais rápido possível e não têm tempo a perder!
Foi pensando nisso que esta obra nasceu.
Você tem em suas mãos um material sintético!
Isso porque ele não é extenso, para não desperdiçar o seu tempo, que é escasso. De
igual modo, não foge da batalha, trazendo tudo o que é preciso para fazer uma boa prova
e garantir a aprovação que tanto busca!
Também identificará alguns sinais visuais, para facilitar a assimilação do conteúdo. Por
exemplo, afirmações importantes aparecerão grifadas em azul. Já exceções, restrições ou
proibições surgirão em vermelho. Há ainda destaques em marca-texto. Além disso, abusei
de quadros esquemáticos para organizar melhor os conteúdos.
Tudo foi feito com muita objetividade, por alguém que foi concurseiro durante
muito tempo.
Para você me conhecer melhor, comecei a estudar para concursos ainda na adolescência,
e sempre senti falta de ler um material que fosse direto ao ponto, que me ensinasse de um
jeito mais fácil, mais didático.
Enfrentei concursos de nível médio e superior. Fiz desde provas simples, como recenseador
do IBGE, até as mais desafiadoras, sendo aprovado para defensor público, promotor de
justiça e juiz de direito.
Usei toda essa experiência, de 16 anos como concurseiro, e de outros tantos ensinando
centenas de milhares de alunos de todo o país para entregar um material que possa
efetivamente te atender.
A Coleção PDF Sintético era o material que faltava para a sua aprovação!
Professor Aragonê Fernandes

APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR
Professor Bruno Pilastre
Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. Professor Efetivo do Instituto
Federal de Goiás. No Gran, é autor de materiais didáticos de Gramática, Texto, Redação
Oficial e Redação Discursiva.
Olá! Sou o professor Bruno Pilastre, autor do PDF Sintético de Interpretação e
Compreensão de Textos. Meu objetivo, ao longo desta aula, é simples: ser sintético,
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relevante e preciso na abordagem do conteúdo de Texto em concursos públicos. Para atingir


esse objetivo, utilizarei os meus 15 anos de experiência na elaboração de obras didáticas
preparatórias para processos seletivos e toda a minha trajetória acadêmica (Graduação,
Mestrado e Doutorado). Espero atender todas as suas demandas.
É isso. Feita essa rápida apresentação, podemos iniciar os trabalhos!

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COMPREENSÃO DE TEXTOS

1. INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS


Em concursos, há dois níveis principais de análise textual. No primeiro, denominado
compreensão, exige-se de você, candidato(a), a capacidade de identificar informações
explícitas no texto, bastando retornar a um determinado trecho para se assegurar de que a
afirmativa da questão está adequada ou não. No segundo nível de análise, o da interpretação,
exige-se a depreensão (por meio de uma série de procedimentos analíticos, sintetizados ao
longo desta aula) de conhecimentos extraídos a partir dos elementos presentes no texto
(e somente a partir do que o texto nos permite inferir).
Os conhecimentos exigidos nesse tipo de operação (o da interpretação) são muito
variados. Os mais fundamentais são estes:
(i) Um texto pode ser verbal ou não verbal. No caso de texto verbal, há duas
manifestações: a oralidade e a escrita. Na escrita, duas estruturas predominam:
a prosa (organizada em períodos e parágrafos) e o poema (organizado em versos e
estrofes). No texto não verbal, exigem-se conhecimentos sobre valores semânticos de
linguagem corporal, de cores (e suas combinações), de formas gráficas, de arquétipos
etc. Ao se unir texto verbal e não verbal, estamos diante de um texto misto (em
algumas linhas teóricas, texto multimodal).
(ii) Outro conhecimento exigido diz respeito aos critérios de textualidade (aceitabilidade,
intencionalidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade). Em provas,
as bancas avaliam cada um desses elementos de diferentes formas. No entanto,
ainda que as abordagens sejam diferentes, é possível identificar o tipo de questão
que prioriza a intencionalidade do autor, a intertextualidade estabelecida etc.

1.1. PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS


A distinção (com detalhes) entre pressupostos e subentendidos, fundamentais para
uma interpretação adequada, é esta:
Subentendidos Pressupostos
É aquilo que se pensa ou se deduz, É algo (uma marca discursiva) capaz de fazer
Definição
mas que não foi dito ou escrito. supor a existência de uma informação.
Há marcas discursivas, como:
- Pontuação;
Demanda análise (por inferências) do - Formatação (gráfica);
Manifestação
contexto de ocorrência. - Vocabulário;
- Recursos morfológicos;
- Padrões sintáticos.

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1.2. VOZES DISCURSIVAS E TIPOS DE DISCURSO | INTERTEXTUALIDADE


Um texto nunca é “puro”, no sentido de nunca haver um texto que seja isolado no mundo
discursivo. Explico melhor: todo texto é um intertexto. Quando lemos um artigo de opinião,
o autor dialoga com diferentes perspectivas, diferentes intelectuais que também debateram
aquele tema. Nesse debate, o autor também traz para o texto diferentes vozes, as quais
dão mais força aos argumentos. Em minha aula, por exemplo, utilizo diversos conceitos e
autores, formando um grande intertexto.
As principais formas de intertextualidade (ou de integração de diferentes vozes
discursivas) são a citação (explícita ou implícita), a paródia, a alusão, a paráfrase e a epígrafe.
Em provas de concurso, predomina a exigência de conhecimentos sobre as formas de
citação (em especial, pelo uso de aspas) e as de intertextualidade com pensamentos e
formulações bastante conhecidas, como “penso, logo existo”.

1.3. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM


O conteúdo sobre os elementos da comunicação e as funções da linguagem é
avaliado em concursos da seguinte forma (comandos de questões retirados de provas das
principais bancas):
Banca Enunciado da questão sobre Funções da Linguagem
A função da linguagem predominante nesse diálogo está centrada no próprio canal da
CEBRASPE comunicação, estando os participantes praticando um ritual de contato, sem preocupação
com o conteúdo da mensagem que veiculam:
FCC Considerando-se a definição acima, ocorre metalinguagem no seguinte trecho:
FGV Na passagem acima, a sequência “rs” é uma manifestação da seguinte função da linguagem:
IDECAN O segmento sublinhado no período acima é exemplo da função da linguagem:
No texto, o ponto de exclamação constitui marca de subjetividade do autor, o que evidencia
QUADRIX
a presença da função emotiva da linguagem.

Os elementos da comunicação e as funções da linguagem estão sintetizados a seguir:

Canal
Função Fática

Código
Função Metalingística

Emissor Mensagem Receptor


Função Expressiva Função Poética Função Apelativa

Contexto/Referente
Função Referencial

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O esquema acima deve ser lido desta maneira:


(i) o emissor transmite uma mensagem ao receptor;
(ii) essa mensagem tem como suporte o canal (o som de nossa voz ou o registro
escrito, por exemplo) e está codificado em nossa língua portuguesa;
(iii) essa mensagem está situada em um contexto situacional e faz referência ao
mundo biossocial do emissor e do receptor.
A depender da ênfase que se dê a cada um desses elementos, a função da linguagem
(ou seja, do uso da linguagem) será diferente (daí os termos “função referencial”, “função
expressiva” etc.).
Veja a definição e um exemplo de cada função:
Função Definição Exemplo
Centrada no contexto/referente, é
a mais “neutra” em relação ao modo
Referencial Textos jornalísticos.
como as informações são transmitidas.
( o u d e n o tat i va o u Discursos científicos.
L i n g u i s t i ca m e nte , é m a rca d a p e l a
informativa) Relatórios.
impessoalidade. O objetivo é tratar de um
“outro”, de um terceiro.
Centrada no receptor. Busca agir sobre quem
recebe a mensagem, de modo a modificar
Apelativa algum comportamento (fazer, deixar de fazer; Anúncios publicitários.
(ou conativa) convencer). Linguisticamente, é marcada pela Manuais.
forma imperativa e por recursos expressivos
como exclamações (e entonações).
Centrada no emissor. É subjetiva e expressas
Expressiva estados interiores (emoções ou sentimentos,
Relato pessoal.
(ou emotiva) por exemplo). Linguisticamente, é marcada
pelo uso de primeira pessoa e por adjetivação.
Tipicamente, os textos poéticos
exploram recursos linguísticos
Centrada na mensagem. Explora recursos com fins expressivos. No entanto,
Poética linguísticos com fins expressivos e estéticos, nos textos poéticos, também
trabalhando sobre a forma. podem predominar outras
funções, como a metalinguística,
a expressiva ou a apelativa.
Centrada no canal. É um recurso para manter
Certificar-se (“está me ouvindo?”;
Fática a comunicação ativa, sendo evidente quando
“Alô!?”).
se busca consolidar o contato.
Uma aula de morfologia,
de sintaxe, de fonologia. Os
Centrada no código (em nosso caso, na língua
Metalinguística dicionários. Essa nossa aula,
portuguesa).
que, por meio do código, busca
explicar esse mesmo código.

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1.4. NÍVEIS DE LINGUAGEM | VARIAÇÃO LINGUÍSTICA


Seguindo o nosso projeto de sintetizar os conteúdos, apresento a seguir os níveis de
linguagem e os tipos de variação linguística mais cobrados em concursos públicos.
Níveis de linguagem (níveis de registro)
Faz-se uso da língua-padrão, aquela que possui prestígio social e segue
as normas da gramática tradicional.
Culto
É o nível de linguagem usado em situações formais e os falantes possuem
alto nível de escolarização.
Está situado entre os níveis culto e coloquial.
Comum É o registro empregado por falantes com escolarização básica e pelos
meios de comunicação de massa.
Não possui prestígio social e é utilizado em situações informais de
comunicação.
Coloquial (popular)
Não “segue” as normas da gramática tradicional e faz uso de vocabulário
dito restrito (menos específico ou variado).

Na sequência, a classificação das principais variações linguísticas (utilizo as definições


de Camacho (2001)):
Tipos de variação linguística
Acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser
Variação histórica
identificada ao se comparar dois estados de uma língua. O processo de
(Diacrônica)
mudança é gradual.
Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura
sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-
Variação geográfica
se comunidades linguísticas menores em torno de centros polarizadores
(Diatópica)
da cultura, política e economia, que acabam por definir os padrões
linguísticos utilizados na região de sua influência.
Agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico,
Variação social
determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de educação;
(Diastrática)
a idade e o sexo.
Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de
Variação estilística/social
comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de
(Diafásica)
intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores.

2. TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS


Questões sobre as tipologias estão SEMPRE presentes em provas de concurso,
especialmente nas bancas FGV e CEBRASPE (e nas bancas VUNESP, FCC, QUADRIX, IBFC e
IDECAN). Considerando os últimos 5 anos, foram aplicadas nada menos que 1247 questões
sobre tipologias e gêneros textuais. É um conteúdo muito relevante. Em especial, a banca
FGV tem tirado o sono de muitos candidatos ao explorar em detalhes as características das
tipologias. Para as outras bancas, dominar as noções fundamentais tem sido suficiente.

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Para a síntese das tipologias e dos principais gêneros cobrados em concurso, utilizarei
tabelas e mapas mentais. Iniciemos com o quadro sinóptico:
TIPOLOGIA CARACTERÍSTICAS CENTRAIS FORMAS LINGUÍSTICAS TÍPICAS
Na narração, há seres que participam de
eventos em determinado tempo e espaço.
Os participantes desses eventos são os
personagens, os quais podem ser reais
ou fictícios. O evento (uma espécie de Verbos que denotam evento (com
ação) é denotado por verbos nocionais e agente e paciente).
de movimento, como cantar, correr, beijar, Formas adjuntas que denotam
Narrativa nadar, ouvir etc. O tempo da narrativa é tempo e espaço.
tipicamente o passado, mas pode ser o Substantivos e pronomes pessoais
presente (a narração de um jogo de futebol) para identificação e retomada de
ou o futuro (obras proféticas, por exemplo). personagens.
Em uma narrativa, o espaço pode ser físico
(uma cidade, uma casa, uma escola) ou
psicológico (mente do personagem ou do
narrador).
Em uma descrição, apresentamos uma
série de característica de determinado
ser/objeto/espaço, formando na mente do
leitor/ouvinte a imagem do que está sendo Predicações nominais.
descrito. Adjetivação (ou subordinadas
Na descrição, essa apresentação de adjetivas).
Descritiva
características é verbal (oral ou escrita). Forma verbal predominante:
A descrição pode ser objetiva ou subjetiva. presente e aspecto imperfeito
A descrição pode ser global ou específica. (para o pretérito).
Em termos de dinâmica, pode partir do
geral para chegar ao particular ou partir
do particular para chegar ao global.
No tipo textual dissertativo expositivo, o
autor do texto expõe/apresenta ideias, fatos
e fenômenos. Por ser de caráter expositivo, Estruturas de impessoalização.
Dissertativa-Expositiva
não se busca convencer o leitor em relação Verbos no presente e no passado
(Expositiva)
ao ponto de vista - pressupõe-se, assim, que (retomando eventos factuais).
a dissertação expositiva apenas apresenta
a ideia, o fato ou o fenômeno.
No tipo textual dissertação argumentativa,
Estruturas de impessoalização.
diferentemente da dissertação expositiva,
Verbos no presente e no passado
procura-se formar a opinião do leitor ou
D i s s e r tat i va - (retomando eventos factuais).
ouvinte, objetivando convencê-lo de que
Argumentativa Há modalizadores discursivos
a razão (o discernimento, o bom senso, o
(Argumentativa) que denotam a perspectiva do
juízo) está com o enunciador, de que quem
enunciador (adjetivos, estruturas
enuncia é que está de posse da verdade.
sintáticas, voz verbal etc.).
Para isso, utilizam-se argumentos.
A propriedade básica do tipo textual
Verbos no infinitivo.
Injuntiva injuntivo é: ensinar/orientar/instruir o leitor/
Verbos no modo imperativo.
ouvinte/espectador a realizar uma tarefa.

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Para cada tipologia, há certos pormenores, que, por vezes, são abordados pelas bancas,
como na estrutura narrativa: tipo de narrador, tipo de personagem, tipos de discurso etc.
Para relembrarmos cada característica, adoto os mapas mentais a seguir (que retomam
algumas informações apresentadas no quadro anterior):

Tipologia textual – narração

Tipologia textual – descrição

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Tipologia textual – exposição e argumentação

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Tipologia textual - injunção

2.1. OS GÊNEROS TEXTUAIS


Os principais gêneros textuais possuem as seguintes características:
Gênero textual Característica(s)
Editorial Argumenta-se em favor de uma tese, a qual se encaminha para uma proposta de
intervenção. O ponto de vista apresentado é o do veículo de comunicação ( jornal,
canal de TV, rádio etc.), da empresa jornalística ou do redator-chefe.
Artigo de opinião Busca-se convencer o leitor em relação a uma determinada ideia. O autor do artigo
de opinião não representa o ponto de vista do veículo que publica o texto, mas sim do
próprio articulista. Esse também é um gênero pertencente ao tipo textual dissertativo-
argumentativo. É frequente o uso da primeira pessoa do singular e de modalizadores
do discurso, marcando um posicionamento individual de quem escreve.
Notícia Relata-se concisamente e objetivamente os fatos da realidade, destacando-se as
seguintes informações: o que, quem, quando, onde, como e por quê.
Reportagem É um texto jornalístico que trata de fatos de interesse público. A abordagem desses
fatos é mais aprofundada (e didática) em relação à abordagem observada no gênero
notícia.
Crônica É um texto literário breve, com trama quase sempre pouco definida e motivos geralmente
extraídos do cotidiano imediato. É um texto de natureza tipicamente narrativa.
Conto É uma narrativa breve e concisa. No conto, há um só conflito, uma única ação (com
espaço geralmente limitado a um ambiente). Além disso, há unidade de tempo e
número restrito de personagens. O conflito é quase sempre resolvido após o clímax.
Divinatório Possui valor “preditivo” e busca estabelecer o futuro (seja do interlocutor, seja de
terceiros). Exemplo: horóscopo.
Publicitário e Nos textos publicitários e propagandísticos, o emissor busca evidenciar a função
propagandístico conativa, atuando sobre o comportamento do destinatário. As formas linguísticas mais
comuns são o imperativo (modo verbal), além de se adotarem outras estratégias de
convencimento. Os suportes mais comuns são a mídia impressa, os canais de televisão
e as redes sociais.

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3. COESÃO E COERÊNCIA
A noção de coerência é vinculada à ideia de harmonia. Um texto coerente é um texto
harmônico; e para haver harmonia, é necessário que as partes se integrem num todo coeso.
Opa, já temos uma vinculação entre coerência e coesão.
Há dois tipos centrais de coesão: a sequencial e a referencial. Na coesão sequencial,
os termos se conectam numa sequência lógica e articulada. Para isso, utilizam-se as
preposições e as conjunções, além de outras estruturas articuladoras (como certas formas
adverbiais, e.g. primeiramente). Como estamos trabalhando em formato de síntese, faço
remissão ao PDF Sintético de Gramática para a revisão das preposições e das conjunções
(coordenativas e subordinativas).
Na coesão referencial, três referências são relevantes: textual, espacial e temporal.
Na coesão referencial espacial e temporal, os referentes são os elementos da enunciação
(atores do discurso, contexto da enunciação e momento da enunciação).
Coesão referencial
Textual Espacial Temporal

Perto do enunciador Presente

Anáfora (retoma)
Catáfora (antecipa)

Perto do interlocutor Passado

Longe do enunciador e do interlocutor Futuro

As formas linguísticas típicas da coesão referencial são os pronomes e os verbos. Os


pronomes retomam ou antecipam formas substantivas (sintagmas nominais) ou estruturas
mais complexas (oracionais ou até paragrafais). Os verbos manifestam as propriedades
gramaticais de tempo e de número-pessoa (as quais são capazes de referenciar). Outras
estratégias de coesão referencial são utilizadas (e cobradas em concursos), como retomada
por elipse (apagamento fonológico/gráfico de uma forma linguística subentendida),
por sinonímia, por perífrase etc.

Professor, esse conteúdo é muito cobrado em provas de concurso?

Eu sempre falo para os meus alunos que as bancas cobram com muita frequência o
conteúdo de coesão (sequencial e referencial). Nos últimos cinco anos, foram aplicadas
4.708 questões sobre esse tema. Isso nos mostra o quão importante é esse conhecimento
para a sua preparação.
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4. SEMÂNTICA
O conteúdo de semântica é o mais complexo de se ensinar. Eis o porquê: não é possível
apresentar a você, candidato em preparação para uma prova, os significados de todos os
vocábulos em português. A única forma de se ampliar esse conhecimento é por meio
de muita leitura (e eu sei que você tem lido muito – e isso é ótimo) e por meio de uma
técnica bastante eficaz: depreender os sentidos do vocábulo pelo contexto. Vamos à
segunda técnica.
Imagine uma mulher conversando com uma amiga após um encontro ruim: “Nossa,
não gostei do Pedro. Ele estava muito sorumbático no encontro. Eu esperava alguém mais
animado, mais alegre”. A palavra desconhecida é “sorumbático”. Você consegue depreender
o significado desse adjetivo? Pelo contexto, certamente é o contrário de animado, de
alegre. Logo, seria algo como “triste”, “sombrio”. Pronto, chegamos ao significado correto
da palavra em análise!
Em termos técnicos, a semântica estuda o modo como um significante se une a um
significado, formando um signo linguístico. Em concursos, os seguintes conceitos são
fundamentais: denotação e conotação; sinonímia e antonímia e polissemia e ambiguidade.

As bancas são muito prolíficas (uia, que palavra mais chique, professor!) na cobrança de
conhecimentos de semântica. Somente nos últimos 5 anos (consulta na Plataforma Gran
Questões), foram aplicadas 1275 questões sobre esse conteúdo.

4.1. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO


A denotação é a relação significativa objetiva entre o significante e o significado. A
denotação é o elemento estável da significação da palavra, elemento não subjetivo (isto é,
descreve as coisas do mundo tal qual elas são). Pode ser analisado fora do discurso (contexto).
A conotação, por sua vez, é o conjunto de alterações ou ampliações que se agregam
ao sentido denotativo de um signo. Essas alterações e ampliações ocorrem por associações
linguísticas de diversos tipos (estilísticas, fonéticas, semânticas) ou por identificação com
algum dos atributos de coisas, pessoas e seres da natureza.
Como ilustração, observe a palavra “cachorro”. Em sentido denotativo, esse signo
denomina um “mamífero carnívoro da família dos canídeos”. Em sentido conotativo, essa
palavra qualifica (ou denomina) um indivíduo indigno ou mau-caráter.
As noções de denotação e conotação são próximas às noções de sentido literal (conforme
ao próprio e genuíno significado das palavras, por oposição ao seu sentido figurado; exato,
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rigoroso) e sentido figurado (que se caracteriza por uso abundante e sistemático das
figuras de palavra (tropos), como a metáfora, a metonímia e a sinédoque).

4.2. SINONÍMIA E ANTONÍMIA


Para os conceitos de sinonímia e antonímia, basta lembrar do seguinte par:
SINÔMIMO  IGUAL
ANTÔNIMO  CONTRÁRIO
Temos, então, o seguinte: a sinonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras
ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes; a antonímia é a relação que se
estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários.

4.3. POLISSEMIA E AMBIGUIDADE


Para os fenômenos semânticos de polissemia e ambiguidade, vale o seguinte esquema:
POLISSEMIA
MAIS DE 1 SIGNIFICADO
AMBIGUIDADE

Ou seja, na polissemia e na ambiguidade, a expressão linguística possui mais de um


significado (mais de uma interpretação possível). A ambiguidade só será resolvida pelo
contexto (isto é, só se sabe o significado “real” de uma frase quando conhecemos o contexto
em que o enunciado ocorreu).
Em uma prova recente da banca FGV (2023), uma frase foi apresentada em uma das
alternativas: “Antes de sair, meu pai quis aconselhar-me.” Você consegue identificar
a ambiguidade? Quem saiu? Quem falou a frase (o “eu” discursivo”) ou o pai? Apenas o
contexto responde essas perguntas.
A mesma situação ocorre na polissemia/homonímia, em que uma palavra possui mais
de um significado (por exemplo, em “ele ficou no banco o dia todo”, em que não sabemos
se o banco é um móvel (um assento) ou um estabelecimento (financeiro)).

5. FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM


Na Plataforma Gran Questões (filtros: Língua Portuguesa, últimos 4 anos, todas as
bancas), há 918 questões sobre Figuras de Linguagem e 156 questões sobre Vícios de
Linguagem. Os enunciados tipicamente apresentam estas formulações:

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Banca Enunciado da questão sobre Figuras e Vícios de Linguagem


A personificação, figura de linguagem em que características humanas são
atribuídas a algo inanimado ou abstrato, evidencia-se nas passagens da
CEBRASPE penúltima estrofe.
No trecho “embaça-se um homem a si mesmo”, do texto, nota-se uso expressivo
de pleonasmo, que, no caso em questão, configura-se pela
Essa frase refere-se a uma figura de linguagem denominada eufemismo, em
FGV que se apresenta uma coisa ruim por meio de expressões mais brandas.
Assinale a opção que indica o problema de construção dessa frase.
Verifica-se um aparente paradoxo entre os termos que compõem a expressão
A comunicação nas organizações quando bem executada contribui no
VUNESP envolvimento da equipe, na confiança dos clientes e do mercado, ou seja, no
alcance dos resultados pretendidos. Contudo, quando há erros, os problemas
são inevitáveis. Veja a charge a seguir e responda: qual é o tipo de erro cometido
nesse tipo de comunicação?
É correto afirmar que a expressão “resistir à tentação” constitui um exemplo
da figura de linguagem conhecida como metáfora.
QUADRIX
Ocorre, na passagem, um vício grave de linguagem chamado, popularmente, de
“gerundismo”, caracterizado pelo uso desnecessário da forma nominal gerúndio.

As características e os exemplos de cada figura de linguagem e de cada vício de linguagem


estão apresentados nos quadros a seguir. Utilizo as definições do Dicionário Houaiss (2009).
Começamos pelas figuras de linguagem:
FIGURAS DE LINGUAGEM
Figura Definição Exemplo
Antítese Figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas “Com luz no olhar e trevas no
palavras ou dois pensamentos de sentido contrário. peito.”
“A mão que afaga é a mesma
que apedreja.”
Oximoro (paradoxo) Figura em que se combinam palavras de sentido “Claro enigma.”
oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas
que, no contexto, reforçam a expressão.
Antonomásia Variedade de metonímia que consiste em substituir Aleijadinho por Antônio
(ou perífrase) um nome de objeto, entidade, pessoa etc. por outra Francisco Lisboa.
denominação, que pode ser um nome comum (ou O Salvador por Jesus Cristo.
uma perífrase), um gentílico, um adjetivo etc., que
seja sugestivo, explicativo, laudatório, eufêmico,
irônico ou pejorativo e que caracterize uma
qualidade universal ou conhecida do possuidor.
Anáfora Repetição de uma palavra ou grupo de palavras Este amor que tudo nos toma,
no início de duas ou mais frases sucessivas, para este amor que tudo nos dá,
enfatizar o termo repetido este amor que Deus nos
inspira, e que um dia nos há
de salvar.

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FIGURAS DE LINGUAGEM
Catacrese Metáfora já absorvida no uso comum da língua, de Braços de poltrona.
emprego tão corrente que não é mais tomada como Dentes do serrote.
tal, e que serve para suprir a falta de uma palavra Nariz do avião.
específica que designe determinada coisa. Pescoço de garrafa.
Comparação Paralelo feito entre dois termos de um enunciado Dirige como um louco.
com sentidos diferentes.
Disfemismo Emprego de palavra ou expressão depreciativa, Ficar puto por ficar com raiva.
ridícula, sarcástica ou chula, em lugar de outra
palavra ou expressão neutra.
Eufemismo Palavra, locução ou acepção mais agradável, de que Ele bateu as botas (morreu).
se lança mão para suavizar ou minimizar o peso
conotador de outra palavra, locução ou acepção
menos agradável.
Hipérbole Ênfase expressiva resultante do exagero da Morrer de medo.
significação linguística. Estourar de rir.
Metáfora Designação de um objeto ou qualidade mediante Ele tem uma vontade de ferro.
uma palavra que designa outro objeto ou qualidade
que tem com o primeiro uma relação de semelhança.
Metonímia Figura de retórica que consiste no uso de uma Adora Portinari por a obra de
palavra fora do seu contexto semântico normal, Portinari.
por ter uma significação que tenha relação objetiva,
de contiguidade, material ou conceitual, com o
conteúdo ou o referente ocasionalmente pensado.
Personificação Figura pela qual o orador ou escritor empresta “Ah, cidade maliciosa de olhos
(ou prosopopeia) sentimentos humanos e palavras a seres inanimados, de ressaca”
a animais, a mortos ou a ausentes.
Sinestesia Cruzamento de sensações; associação de palavras O cheiro áspero de terra.
ou expressões em que ocorre combinação de
sensações diferentes numa só impressão.

E seguimos com os principais vícios de linguagem:


VÍCIOS DE LINGUAGEM
Vício Definição Exemplo
Propriedade que apresentam diversas unidades
Ambiguidade linguísticas (morfemas, palavras, locuções,
O rapaz bateu na velha com a bengala.
(ou anfibologia) frases) de significar coisas diferentes, de admitir
mais de uma leitura.
Uso de formas vocabulares contrárias à Peneu no lugar de pneu;
norma culta da língua, seja do ponto de vista Rúbrica no de rubrica;
Barbarismo
ortoépico (pronúncia), ortográfico, gramatical “Menas palavras” por “menos
ou semântico. palavras”.
A última atividade será uma diligência
Repetição de sons (fonemas ou sílabas)
Cacofonia no Pará para ouvir as populações
considerada desagradável ao ouvido.
afetadas.
Pleonasmo Redundância de termos no âmbito das palavras. Ele via tudo com seus próprios olhos.

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VÍCIOS DE LINGUAGEM
Omissão da preposição de antes da conjunção
Gostaríamos [de] que ele fosse nosso
Queísmo integrante que, onde, pela regência do verbo na
paraninfo.
norma culta da língua, ela é necessária.
Tipo de hipérbato no qual a transposição de
Em “pesada caiu o pobre melancolia”
ordem das palavras de uma oração ou período
Sínquise por “o pobre caiu em pesada
resulta em dificuldade para o entendimento
melancolia”.
da construção.
Intromissão, na norma culta de uma língua, de Os chamados erros de concordância,
construções sintáticas alheias a essa língua, de regência, de colocação, a
Solecismo
geralmente por parte de pessoas que não má construção de um período
dominam inteiramente suas regras. composto etc.

6. REESCRITA
As questões de reescrita são as queridinhas das bancas. Na Plataforma Gran Questões
(filtros: Língua Portuguesa, últimos 4 anos, todas as bancas), há 2750 questões sobre esse
conhecimento em Língua Portuguesa. São muitas!
Os enunciados tipicamente apresentam estas formulações:
Banca Enunciado da questão sobre Reescrita
Assinale a opção em que a proposta de reescrita do último período do texto
CEBRASPE
preserva os seus sentidos e a correção gramatical.
A frase acima ganha nova redação, na qual se mantêm seu sentido básico e a
FCC
correção gramatical, na seguinte versão:
A reescritura da passagem do texto na qual NÃO se verifica nenhum desvio em
FGV
relação à norma padrão do português é:
Assinale a alternativa em que a alteração do segmento sublinhado no período
IDECAN
acima tenha provocado forte alteração de sentido.
Assinale a alternativa que reescreve o trecho destacado na passagem – O que
VUNESP não parece certo é apontar e discriminar, para excluir aqueles que não estão
inseridos no grupo do bem. – de acordo com a norma-padrão.
Estariam mantidas as relações sintáticas e de sentido do texto, bem como a sua
clareza, caso o trecho “que nos permitem ver da imensidão do cosmo ao diminuto
QUADRIX
mundo subatômico” fosse reescrito da seguinte forma: Que permitem-nos ver
da imensidão do cosmo ao diminuto mundo subatômico.

Sempre digo em minhas aulas que as questões sobre reescrita são do tipo “guarda-
chuva”, pois são capazes de abarcar muitos tópicos, em especial os relacionados à
norma-padrão. Com isso, uma questão sobre o processo de reescrita pode propor uma nova
redação de um trecho alterando vocábulos, modificando a ordem das palavras, alterando a
voz (ativa<>passiva) etc. Nessas alterações, muitos conhecimentos são exigidos (e você
deve ativá-los a partir de um olhar analítico bem refinado). Em muitas questões (talvez na
maioria delas), exige-se também a manutenção (ou não) dos sentidos originais (quando os

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sentidos são mantidos, estamos diante de uma paráfrase). Está claro, então, o porquê de
as bancas lançarem mão de questões sobre reescrita, não é?
Como o nosso projeto é sintetizar as informações sobre os conteúdos, REVISANDO os
conhecimentos exigidos, farei uso de mapas mentais para retomar os principais tipos
de reescrita exigidos em provas de concurso. Lembro da importância de articular esse
conhecimento com o conteúdo de gramática, tudo bem? Tudo funciona de forma integrada.
Vamos aos mapas!

Mapa Mental - Reescrita (norma-padrão) 1

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Mapa Mental - Reescrita (norma-padrão) 2

Mapa Mental - Reescrita e Paráfrase

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QUESTÕES DE CONCURSO

INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS

001. (CONSULPLAN/ANALISTA/SEGER/2023) Relacione adequadamente os fatores às suas


respectivas características.
1. Aceitabilidade.
2. Intencionalidade.
3. Situacionalidade.
4. Informatividade.
5. Intertextualidade.

( ) Está direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do


empenho de se construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de
satisfazer determinada audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos
prévios que o autor tem para chegar a seu público.
( ) É voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está inserida. Ela se relaciona
à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no significado do texto que,
inserido em contextos distintos, pode produzir significados completamente diversos.
( ) Consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo
ocorre durante a produção de um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua
produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra.
( ) Nesse fator, consideram-se as informações prévias e as informações novas obtidas
no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que possui apenas
informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com informações
novas pode dificultar a compreensão da leitura.
( ) Esse fator está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento sobre o
assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor. É
através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito
ou explícito no texto.

A sequência está correta em


a) 1, 3,5, 4, 2.
b) 2, 3, 5, 4, 1.
c) 3, 1, 2, 5, 4.
d) 5, 1, 4, 2, 3.
e) 5, 2, 3, 4, 1.
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002. (IBFC/ACAI/IBGE/2022)

ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora
seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado,
tenho feito tudo para não sonhar...
(Cacaso, Poesia Completa, p.126)

O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo
com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de:
a) sentir muito ciúme de sua atual namorada.
b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada.
c) não acreditar em sonhos de amores antigos.
d) querer que sua atual namorada sonhe com ele.
e) não querer sonhar com sua ex-namorada.

003. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023)

Relações de poder e decisão: conflitos entre médicos e administradores hospitalares


Os hospitais abrigam tensões de natureza grupal e profissional. Seu corpo diretivo e clínico é
constituído por médicos que usualmente têm dificuldade de aceitar normas disciplinares e
de ouvir recomendações, principalmente quando elas vêm dos administradores hospitalares.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar como administradores hospitalares da cidade de
Belo Horizonte percebem as relações de poder entre sua categoria profissional e a dos médicos
proprietários de hospitais e suas consequências. Os discursos de nove administradores hospitalares,
com experiência mínima de quatro anos na gerência de hospitais, foram coletados e analisados
usando a metodologia qualitativa. A pesquisa identificou que o hospital é um local da disciplina
médica, no qual o médico controla o cotidiano dos demais profissionais, determinando o tipo de
comportamento esperado. Os empregados entrevistados se ressentem da falta de autonomia
na gestão e consideram que isso prejudica o andamento dos processos e a qualidade dos
serviços prestados. Queixam-se, principalmente, da falta de informações e da impossibilidade
de participarem das decisões estratégicas. Admitem que o relacionamento com os médicos
proprietários é permeado por conflitos, pois, muitas vezes, estes ignoram as questões colocadas
pelos administradores e insistem na diferença de classe como forma de fazer prevalecer suas
opiniões. A principal característica dos conflitos refere-se à percepção de superioridade do
profissional médico em relação aos demais.
RAM, Rev. Adm. Mackenzie 11 (6) • Disponível em: https://doi.org/10.1590/
S1678-69712010000600004

O tipo de linguagem predominante no Texto é


a) referencial
b) conativa
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c) metalinguística
d) fática
e) poética

004. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023)

As modificações viárias foram propostas para reduzir os engarrafamentos nas cidades,


especialmente nos eixos de circulação, apresentando soluções de transportes de massa,
confortáveis, seguros e incentivo aos deslocamentos ativos (ciclismo e caminhada) como alternativa
ao modal automotivo. Para isso, foi estabelecida uma rede de transporte público estruturante,
consolidando as principais rotas do Distrito Federal, com a implementação de corredores
segregados de ônibus (BRTs), ampliação da linha do metrô, expansão da malha cicloviária,
construção/melhoria das calçadas e construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), ligando
aeroporto de Brasília, W3 sul e norte e Eixo Monumental, conectado com os setores Sudoeste/
Octogonal e com o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).
Disponível em: &lt;https://www.codeplan.df.gov.br/wp content/uploads /2018/02/&gt;. Acesso
em: 7 fev. 2023, com adaptações.

De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para
a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas.
b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o
número de calçadas para pedestres.
c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares,
melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos.
d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas.
e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília.

005. (INSTITUTO AOCP/TÉCNICO/TRT 1ª REGIÃO/2018) Assinale a alternativa que apresenta


um uso coloquial da linguagem.
a) “[...] os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos [...]”.
b) “[...] um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso
equilíbrio latino de mens sana in corpore sano [...]”.
c) “[...] os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação [...]”.
d) “Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é
tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito [...]”.
e) “[...] o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos
pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.”.

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006. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)
Leia o fragmento a seguir.

Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de
Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com
as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu
que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação
ainda duraria um século.

Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento
textual se refere.
a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres,
pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades
linguísticas mais informais e de menor prestígio.
b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos
típicos de áreas mais pobres.
c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas
por ela usadas.
d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas.
e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua,
considerando-as atrasadas.

Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela
voz, exprime seus pensamentos e emoções.
Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma
realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para
representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos
articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente
com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços
que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística.
Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna,
2002, p. 57 (com adaptações).

007. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Comparando‐se a forma padrão


“registrar” com a grafia não padrão “registrá”, verifica‐se que não há alteração da posição
da sílaba tônica da palavra, que permanece oxítona, estando a acentuação gráfica de
“registrá” de acordo com o que prescreve a regra.

008. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Predomina no texto a função


metalinguística, visto que o foco da mensagem é o próprio código linguístico.
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Texto CB1A1
Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo
com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá
ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento
da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado
de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm
levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse
panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata,
do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo,
o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos
níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas
nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se
sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante.
Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve dois
tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as indiretas,
como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional, se desenvolve
na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz Guimarães. Ela
relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências sociais há cerca
de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de investigação em
áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso, a discussão sobre
essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à ideia de que ele
era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se ampliou. Hoje,
ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos, na medida em
que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento da vida”,
explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é
distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres.
Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual Wayne,
nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada de que
o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser prestado
gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de construção
cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino.
Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação
no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para
50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras
naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de
casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como
uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com
uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação
de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e
regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga.
Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas
famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras de

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crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado oferece
serviços de cuidado
que compensam a escassa presença do Estado.
Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa.
fapesp.br/economia-do-cuidado> (com adaptações).

Em relação a aspectos estruturais do texto CB1A1 e às informações por ele veiculadas,


julgue os itens subsequentes.

009. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) Os serviços de cuidados fornecidos na América Latina


diferenciam-se dos providos em países do hemisfério norte.

010. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) A profissionalização do trabalho de cuidados nos


últimos anos remodelou a essência do conceito de cuidado.

TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS.

011. (FGV/ANALISTA/AL-RO/2018) A afirmativa abaixo que é inadequada em relação às


narrativas é:
a) toda narrativa implica mudanças de situações ou estados.
b) as narrativas implicam uma causalidade na intriga.
c) todas as narrativas mostram personagens humanos ou humanizados.
d) uma narrativa mostra sempre uma integração de ações.
e) os relatos narrativos implicam sempre um narrador personagem.

012. (CEBRASPE/ASSISTENTE/SEFAZ-RS/2019)

Texto 1A2-II
Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozinha, a
nutricionista do programa das dez da manhã falou:
— Ninguém é obrigado a parecer velho.
Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide
considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais
vigor. A dermatologista deu aparte:
— Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade.
Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos gêmeos,
já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas que batiam
palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da firma e já indicava
que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O fogão de seis bocas e a
campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de doceira eram anunciados em
uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão mocinha, considerou que tudo
dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas durante a vida:

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— Às vezes, é preciso dizer não.


Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê, a palavra
era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos.
— As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não
tem idade.
Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem na
hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura diante
de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e a barriga
do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena trégua, o
suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento.
Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro:
Record, 2012 (com adaptações).

Assinale a opção que reproduz trecho do texto 1A2-II em que predomina a tipologia descrição.
a) “Ninguém é obrigado a parecer velho” (ℓ. 4)
b) “Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o
creme com mais vigor” (ℓ. 6 a 8)
c) “Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade” (ℓ. 9 e 10)
d) “Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede” (ℓ. 31 e 32)
e) “a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões” (ℓ. 35 e 36)

013. (FGV/ANALISTA/MP-RJ/2019) Observe o seguinte texto descritivo a seguir.

“A casa estava situada em centro de terreno; era bastante grande, com duas salas, quatro quartos,
dois banheiros e um pequeno quintal. O piso de todos os cômodos era de cerâmica cinzenta e
cada um deles possuía uma iluminação diferente”.

Nesse caso, a estratégia discursiva parte:


a) de longe para perto;
b) de cima para baixo;
c) das partes para o todo;
d) de baixo para cima;
e) do todo para as partes.

014. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)

Como ensinar a ler


Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás,
enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e
árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que
ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos
jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar.

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Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e
pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que
fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse
o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as
cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza
tem de vir antes.
Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas.
Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da
fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o
segredo que transforma letras e sílabas em estórias.
É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um
mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a
ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um
grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os
perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos
dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda.
Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos
seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom.
ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021.

O texto precedente, considerando-se sua organização discursiva, deve ser incluído entre
os textos
a) descritivos.
b) narrativos.
c) dissertativos expositivos.
d) dissertativos argumentativos.
e) injuntivos.

015. (FGV/TÉCNICO/PGM/2023) Abaixo aparecem cinco slogans publicitários; o slogan que


apela a uma estratégia diferente da dos demais casos, é:
a) Um pouco de Veja e muito de limpeza;
b) São os pequenos detalhes que fazem as grandes marcas;
c) Após a escuridão vem a claridade com Eveready;
d) Não faça economia: compre um BMW;
e) Príncipe veste hoje o homem de amanhã.

016. (IBGP/MUNICIPIO DE ITABIRA/ENGENHEIRO CIVIL/2020)

Educação financeira chega ao ensino infantil e fundamental em 2020


Oferta está prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Antonia, auxiliar de escritório, todos os dias compra uma balinha ou um chocolate, no ponto de
ônibus, na volta do trabalho, que custa R$ 0,50. “Eu não dava importância para aquele gasto.

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Imagina, R$ 0,50 não é nada! Mas eu nunca consegui economizar um centavo”. Fazendo as contas,
esses centavos viram R$ 11 em um mês e R$ 132 em um ano.
São situações como essa, retirada de livro didático disponível online, que ensinam estudantes
de escolas em várias partes do país a terem consciência dos próprios gastos e a ajudar a família
a lidar com as finanças. A chamada educação financeira, cuja oferta hoje depende da estrutura
de cada rede de ensino passa a ser direito de todos os brasileiros, previsto na chamada Base
Nacional Comum Curricular (BNCC).
“É uma grande oportunidade, uma grande conquista para a comunidade escolar do país”, diz a
superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), Claudia Forte. “A
educação financeira busca a modificação do comportamento das pessoas, desde pequeninas,
quando ensina a escovar os dentes e fechar a torneira para poupar água e economizar. Isso é
preceito de educação financeira”.
A BNCC é um documento que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação
infantil até o ensino médio. Educação financeira deve, pela BNCC, ser abordada de forma
transversal pelas escolas, ou seja, nas várias aulas e projetos. Parecer do Conselho Nacional de
Educação (CNE), homologado pelo Ministério da Educação (MEC), prevê que as redes de ensino
adequem os currículos da educação infantil e fundamental, incluindo esta e outras competências
no ensino, até 2020.
A educação financeira nas escolas traz resultados, de acordo com a AEF-Brasil. Pesquisa feita
em parceria com Serasa Consumidor e Serasa Experian, este ano, mostra que um a cada três
estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro depois de participar de
projetos de educação financeira. Outros 24% passaram a conversar com os pais sobre educação
financeira e 21% aprenderam mais sobre como usar melhor o dinheiro.
Desafios
Levar a educação financeira para todas as escolas envolve, no entanto, uma série de desafios,
que vão desde a formação de professores, a oferta de material didático adequado e mesmo a
garantia de tempo para que os professores se dediquem ao preparo das aulas.
De acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz
Miguel Garcia, os municípios, que são os responsáveis pela maior parte das matrículas públicas
no ensino infantil e fundamental, focarão, em 2020, na formação dos docentes, para que eles
possam levar para as salas de aula não apenas educação financeira, mas outras competências
previstas na BNCC.
“Tivemos um grande foco na construção dos currículos e, agora, neste ano, [em 2020], entramos
no processo de formação. Educação financeira, inclusão, educação socioemocional, todos esses
elementos vão chegar de fato na sala de aula a partir da discussão que fizermos agora”, diz.
Segundo ele, a implementação será concomitante à formação, já em 2020.
De acordo com Garcia, não há um levantamento de quantos municípios já contam com esse
ensino. “Não existe uma orientação geral com relação a isso. São iniciativas locais. Não tenho
como quantificar, mas não é algo absolutamente novo”, diz.
Ensinar a escolher
A educação financeira é pauta no Brasil antes mesmo da BNCC. Em 2010 foi instituída, por
exemplo, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com o objetivo de promover ações

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de educação financeira no Brasil. Na página Vida e Dinheiro, da entidade, estão disponíveis livros
didáticos que podem ser baixados gratuitamente e outros materiais informativos para jovens
e para adultos.
As ações da Enef são coordenadas pela AEF-Brasil. Claudia explica que a AEF-Brasil foi convocada
pelo Ministério da Educação (MEC) para disponibilizar materiais e cursos para preparar os
professores e, com isso, viabilizar a implementação da educação financeira nas escolas.
As avaliações mostram que o Brasil ainda precisa avançar. No Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes (Pisa) 2015, o Brasil ficou em último lugar em um ranking de 15 países em
competência financeira. O Pisa oferece 4 avaliações em competência financeira de forma optativa
aos países integrantes do programa. O resultado da última avaliação dessa competência, aplicada
em 2018, ainda não foi divulgado.
Os resultados disponíveis mostram que a maioria dos estudantes brasileiros obteve desempenho
abaixo do adequado e não conseguem, por exemplo, tomar decisões em contextos que são
relevantes para eles, reconhecer o valor de uma simples despesa ou interpretar documentos
financeiros cotidianos.

É CORRETO afirmar que esse texto pertence ao domínio discursivo:


a) Escolar.
b) Jornalístico.
c) Acadêmico.
d) Publicitário.

017. (SELECON/ASSISTENTE/CRA-RR/2021)

Os desafios da conservação da água no Brasil


Um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo, o Brasil tem problemas
com seus indicadores de água. O acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto no
país é desigual. As áreas urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto áreas irregulares e
afastadas são mais prejudicadas. Além de políticas públicas que assegurem o atendimento, que
é dificultado pela distribuição desequilibrada da água e da população no território brasileiro,
outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, que enfrenta desafios.
Falta de saneamento
Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco
mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46%
do esgoto total é tratado, de acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento.
Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos
d’água, provocando problemas ambientais e de saúde. “Essa falta de infraestrutura de saneamento
básico tem um impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, diz o especialista Carlos.
Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto é problemática, mas também a poluição
causada por indústrias e pela agricultura, como o lançamento de agrotóxicos.
Desmatamento, em especial no Cerrado
O desmatamento de matas ciliares, que acontece em todas as bacias hidrográficas do Brasil,
altera a quantidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vegetação protege o solo, ajuda na
infiltração da água da chuva e na alimentação do lençol freático e permite a recarga dos aquíferos.

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Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água.
Segundo José Francisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade
de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural
de recursos hídricos.
Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a “caixa d’água do Brasil” por causa
de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela
expansão da fronteira agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação
de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos
brasileiros”, afirma Gonçalves.
Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a
falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. “Perda
de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradação
e diminuição da disponibilidade de água”, enumera.
(Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da-
%C3%A1

A presença de falas de especialistas é uma das características que revela o pertencimento


do texto ao tipo:
a) jornalístico
b) filosófico
c) literário
d) jurídico

018. (CEBRASPE/ANALISTA/PGE-PE/2019)

Texto CB2A1-I
1| Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza,
o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso
ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam
4| época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção
das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do
pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na
7| Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre
os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no
século XIX, tudo isso representa saltos de época, que
10| desorientaram gerações inteiras.
Se observarmos bem, essas ondas longas da história,
como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas.
13| Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura
pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um
século, um novo salto de época nos tomou de surpresa,
16| lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a

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rápida passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada


pelos proprietários das fábricas manufatureiras para uma
19| sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários
dos meios de informação.
O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade
22| pós-industrial foi extraída do ventre da sociedade industrial
anterior é representado pelo progresso científico e tecnológico,
pela globalização, pelas guerras mundiais, pelas revoluções
25| proletárias, pelo ensino universal e pelos meios de
comunicação de massa. Agindo simultaneamente, esses
fenômenos produziram uma avalanche ciclópica — talvez a
28| mais irresistível de toda a história humana — na qual nós,
contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de estar
envolvidos em primeira pessoa.
31| Ninguém poderia ficar impassível diante de uma
mudança dessa envergadura. Por isso a sensação mais
difundida é a desorientação.
34| A nossa desorientação afeta as esferas econômica,
familiar, política, sexual, cultural... É um sintoma de
crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque
37| quem está desorientado sente-se em crise, e quem se sente em
crise deixa de projetar o próprio futuro. Se deixarmos de
projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em
40| função de nossos interesses, mas do seu próprio proveito.
Domenico de Masi. Alfabeto da sociedade desorientada: para entender o nosso tempo. Trad.
Silvana Cobucci e Federico Carotti. São Paulo: Objetiva, 2017, p. 93-4 (com adaptações).

O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, devido, entre outros aspectos, à


presença de evidências e fatos históricos utilizados para validar a argumentação do autor.

019. (INÉDITA/2023) A frase abaixo que mostra a presença do discurso indireto livre é:
a) Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia
nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito.
b) A cachorra Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação
dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro.
c) Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da
cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios.
d) Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá
Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas.
e) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou
como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo.

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020. (INÉDITA/2023) Alguns narradores, como os de Machado de Assis, interrompem suas


narrativas para fazer comentários com os leitores; o trecho abaixo em que o narrador
comenta o processo de composição da narrativa é:
a) “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e,
realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai
um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção
cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens
pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo
regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda,
andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...”
b) “Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os
olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse
certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um
homem com ares de menino.”
c) “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai,
logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia
as raias de um capricho juvenil.”
d) “A Casa Verde foi o nome dado ao asilo, por alusão à cor das janelas, que pela primeira
vez apareciam verdes em Itaguaí. Inaugurou-se com imensa pompa; de todas as vilas e
povoações próximas, e até remotas, e da própria cidade do Rio de Janeiro, correu gente
para assistir às cerimônias, que duraram sete dias.”
e) “Nisto, o cônego estremece. O rosto ilumina-se-lhe. A pena, cheia de comoção e respeito,
completa o substantivo com o adjetivo. Sílvia caminhará agora ao pé de Sílvio, no sermão
que o cônego vai pregar um dia destes, e irão juntinhos ao prelo, se ele coligir os seus
escritos, o que não se sabe.”

021. (INÉDITA/2023) Todos os segmentos textuais abaixo são pertencentes à dinâmica do


discurso argumentativo; o segmento em que a argumentação constitui uma falácia é:
a) Restrições que apresentam impactos inegáveis, como afirma o presidente do Sindicato
Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho, Bob Machado: “com a pandemia, há um aumento
das desigualdades sociais”.
b) No fim, e mesmo considerando uma certa margem de erro dadas as diferenças de
metodologia, o saldo negativo de 191 mil vagas de 2020 ainda foi um resultado bem menos
catastrófico que o de 2015 (perda de 1,54 milhão de postos de trabalho) e 2016 (saldo
negativo de 1,32 milhão), quando o Brasil não teve pandemia nem lockdown.
c) Portanto, atitudes legislativas direcionadas à efetivação e reconhecimento de direitos,
como férias, 13º salário e FGTS, ainda confrontam a persistência de práticas de raiz
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escravocrata. Recentes casos julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, como
o “Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil”, condenaram o Estado pela ausência
de proteção dos trabalhadores contra práticas de trabalho forçado.
d) Machado de Assis é o maior escritor brasileiro porque nenhum outro foi capaz de produzir
uma obra que atingisse a mesma magnitude da criação literária do Bruxo do Cosme Velho.
e) Em relação ao perfil social das pessoas resgatadas de escravidão contemporânea até
o momento em 2021, dados do Seguro-Desemprego do trabalhador resgatado mostram
que 89% são homens; 49% têm entre 18 e 39 anos; e 35% residem no Nordeste. Quanto
ao grau de instrução, 21% declararam só ter cursado até o 5º ano, 20% haviam estudado
do 6º ao 9º ano e outros 18% tinham ensino médio completo.

022. (INÉDITA/2023) Das falácias argumentativas abaixo, aquela que exemplifica uma
simplificação exagerada é:
a) “Se se defende a restrição à venda de armas de fogo para se evitar assassinatos, devemos
também restringir a venda de motosserras. Basta lembrar o caso de Paraipaba, em que um
homem tentou assassinar com uma motosserra um desafeto”.
b) “As jornalistas Aline Valek e Clara Averbuck lançaram um blog chamado “Escritório
Feminista” na Carta Capital. Certamente vão falar mal dos homens, pois é isso o que toda
feminista faz”.
c) Os africanos gostavam de ser escravos. Como disse Daenerys Targaryen, de Game of
Thrones, “As pessoas aprendem a amar as correntes que as prendem”.
d) Se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar, erradicaremos
a fome em nosso país!
e) “Quem lê jornais deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível de informação”.

023. (INÉDITA/2023) O segmento abaixo que exemplifica o tipo de texto denominado


instrucional é:
a) Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades quanto às concordâncias
verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa
com quem se fala), levam a concordância para a terceira pessoa.
b) Há uma correlação bem documentada em todo o mundo entre a pobreza e as altas
taxas de natalidade. Em países pequenos e grandes, capitalistas e comunistas, católicos e
muçulmanos, ocidentais e orientais — em quase todos esses casos, o crescimento exponencial
da população diminui ou cessa quando desaparece a pobreza esmagadora. A isso se dá o
nome de transição demográfica.
c) Nos últimos tempos, vem se disseminando a tese da proposição de um suposto gênero
neutro na língua portuguesa. O tema é complexo, ainda mais quando se ignoram questões
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caras para a ciência linguística, como a distinção entre gênero social e gênero gramatical,
a função da escrita enquanto sistema representacional que se relaciona com a fala e, mais
do que tudo isso, a dinamicidade em se tratando de línguas naturais.
d) Era uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada
do galinheiro:
- Vou cantar para fazer o sol nascer...
Ato contínuo, subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e
ordenava, definitivo:
- Có-có-ri-có-có... E ficava esperando.
e) Inspeção de segurança antes do uso: (i) a inspeção de segurança deve ser realizada antes
das atividades a serem exercidas por cada usuário. Para cada novo exercício, os dispositivos
e acessórios a serem utilizados devem ser conferidos quanto a sua segurança, limpeza
e adequação; (ii) certifique-se de que todos os componentes do equipamento estejam
devidamente fixados e posicionados antes de realizar os exercícios.

Caros membros da Secretaria de Redação e do Conselho Editorial da Folha,


Nós, jornalistas da Folha aqui subscritos, vimos por meio desta carta expressar nossa preocupação
com a publicação recorrente de conteúdos racistas nas páginas do jornal. Sabemos ser incomum
que jornalistas se manifestem sobre decisões editoriais da chefia, mas, se o fazemos neste
momento, é por entender que o tema tenha repercussões importantes para funcionários e
leitores do jornal e no intuito de contribuir para uma Folha mais plural. O episódio a motivar
esta carta foi a publicação de artigo de opinião intitulado “Racismo de negros contra brancos
ganha força com identitarismo” (Ilustrada Ilustríssima, 16/1), em que Antonio Risério identifica
supostos excessos das lutas identitárias, que estariam levando a racismo reverso.
[...]
Reconhecemos o pluralismo que está na base dos princípios editoriais da Folha e a defesa que
nela se faz da liberdade de expressão. No entanto estes não se dissociam de outros valores
que o jornalismo deve defender, como a verdade e o respeito à dignidade humana. A Folha não
costuma publicar conteúdos que relativizam o Holocausto, nem dá voz a apologistas da ditadura,
terraplanistas e representantes do movimento antivacina.
Por que, então, a prática seria outra quando o tema é o racismo no Brasil? Se textos como
o de Antonio Risério atraem audiência no curto prazo, sua consequência seguinte é minar a
credibilidade, que é, e deve ser, o pilar máximo de um jornal como a Folha. Por esses motivos,
convidamos a uma reflexão e uma reavaliação sobre a forma como o racismo tem sido abordado
na Folha. Acreditamos que buscar audiência às expensas da população negra seja incompatível
com estar a serviço da democracia.
(Carta aberta de jornalistas da Folha à direção do jornal, 19 de janeiro de 2022)

024. (INÉDITA/2023) O texto precedente pertence ao gênero carta argumentativa. Levando


em consideração o texto lido, assinale a característica menos adequada a esse gênero.
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a) Explicitação do destinatário da carta por meio do vocativo.


b) Adoção de expressões coloquiais e de linguagem figurada.
c) Estruturação textual coesa, clara e objetiva.
d) Apresentação de argumentação que sustenta o ponto de vista de quem subscreve a carta.
e) Emprego de formas verbais e pronominais em primeira pessoa.

025. (INÉDITA/2023) O texto a seguir foi retirado de uma Carta do Leitor do jornal Folha de
S.Paulo, de 17 de fevereiro de 2022.
Chegar bem aos 100
Excelente o artigo de Karla Giacomin na coluna Como Chegar Bem aos 100 (“Desconstrução
de políticas de Estado precisa ser denunciada, Corrida, 17/2). Precisamos denunciar
essa desconstrução política, especialmente aquelas que contemplam as necessidades da
população idosa.
Marília Berzins (São Paulo, SP)
A marca que NÃO está presente nesse gênero textual é:
a) a presença da assinatura do emissor;
b) a utilização de linguagem próxima à do jornal;
c) o emissor busca posiciona-se em relação a determinada publicação ou acontecimento
recente;
d) o emprego de intertextualidade;
e) uma solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado.

COESÃO E COERÊNCIA

Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar

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políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).

Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue os seguintes itens.

026. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) A forma pronominal “Essa”, em “Essa é a pergunta”


(início do primeiro parágrafo), estabelece coesão por substituição.

027. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No trecho “apenas cinco não mudaram de posição”


(segundo parágrafo), foi utilizada a estratégia de coesão por elipse.

028. (IBFC/ANALISTA/DETRAN-DF/2022)

Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

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O emprego do pronome demonstrativo presente em “dessas atitudes” é justificado pelo


seguinte papel coesivo:
a) proximidade espacial em relação ao interlocutor.
b) referência antecipada a elementos pouco específicos.
c) proximidade de tempo entre a enunciação e a referência.
d) referência a elementos já apresentados no texto.

029. (INÉDITA/2023) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos.
Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão.
a) A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos pela
picada das fêmeas.
b) Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas
nos morros.
c) Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que
traduz essa noção singular do que seja o tempo.
d) A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional.
e) O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa forma
impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma.

Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.

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Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

030. (INÉDITA/2023) O pronome “sua” (terceiro período do sexto parágrafo) retoma “homem”
(segundo período do sexto parágrafo).

SEMÂNTICA

031. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023)

Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar
políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).

Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item.


No primeiro período do último parágrafo, a palavra “robusta” está empregada com o mesmo
sentido de arrojada.

032. (CEBRASPE/ANALISTA/APEX BRASIL/2021)

Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno
negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança

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na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma


fatia maior do comércio eletrônico.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem ser
apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da
semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comerciante
que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este
guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores protegidos pela
norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra ou usa produtos
para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o comerciante
deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado
e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade desse tipo
de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na rede
devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na
transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico!
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação
do cliente – diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de
Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).

No primeiro parágrafo do texto CB2A1-I, o vocábulo “contingência” está empregado com


o sentido de
a) obrigação.
b) circunstância.
c) iminência.
d) urgência.

033. (FGV/AUDITOR/TCE-ES/2023) Todas as frases abaixo mostram verbos ligados à ação


de “ver”. A frase em que o verbo sublinhado NÃO está adequadamente empregado, por não
ter seu sentido adequado ao contexto, é:
a) O atirador mirou com cuidado o alvo pretendido;
b) O caçador vislumbrou o animal entre a folhagem;
c) No museu, pessoas observam desatentas os inúmeros quadros;
d) Ao entrarem na Capela Sistina, os turistas contemplam obrigatoriamente as pinturas
do teto;
e) O daltonismo não permitia que ele distinguisse o verde do vermelho.
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034. (FGV/AUXILIAR/PREF. MUN. PAULÍNIA-SP/2021) Um jornal de Paulínia é chamado de


vespertino; isso significa que esse jornal
a) era distribuído somente em alguns bairros.
b) só era distribuído à tarde.
c) era publicado somente nos dias úteis.
d) tratava exclusivamente de eventos festivos.
e) era marcado por fazer críticas violentas.

035. (INÉDITA/2023) Assinale a frase a seguir que está isenta de ambiguidade.


a) A nomeação do Ministro foi surpreendente.
b) O médico descartou os aparelhos velhos.
c) Pedro encontrou Maria andando pela orla da praia
d) A descrição de Saramago foi bem feita.
e) Os operadores não atendiam ninguém de roupa suja.

FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM

036. (FCC/TÉCNICO/TRT-18/2023)

Imagine uma pessoa afivelada a uma cama com eletrodos colados em suas têmporas. Ao se
girar um botão situado em local distante, a corrente elétrica nos eletrodos aumenta em grau
infinitesimal, de modo que o paciente não chegue a sentir. Um hambúrguer gratuito é então
ofertado a quem girar o botão. Ocorre, porém, que, quando milhares de pessoas fazem isso −
sem que cada uma saiba das ações das demais −, a descarga elétrica gerada é suficiente para
eletrocutar a vítima. Quem é responsável pelo quê? Algo tenebroso foi feito, mas de quem é a culpa?
O efeito isolado de cada giro do botão é, por definição, imperceptível − são todos “torturadores
inofensivos”. Mas o efeito conjunto é ofensivo ao extremo. Até que ponto a somatória de ínfimas
partículas de culpa se acumula numa gigantesca dívida moral coletiva? − O experimento mental
concebido pelo filósofo britânico Derek Parfit dá o que pensar. A mudança climática em curso
equivale a uma espécie de eletrocussão da biosfera. Quem a deseja? A quem interessa? O ardil da
desrazão vira do avesso a “mão invisível” da economia clássica. O aquecimento global é fruto da
alquimia perversa de incontáveis ações humanas, mas não resulta de nenhuma intenção humana.
E quem assume − ou deveria assumir − a culpa por ele? Os 7 bilhões de habitantes da Terra
pertencem a três grupos: o primeiro bilhão, no cobiçado topo da escala de consumo, responde
por 50% das emissões de gases-estufa; os 3 bilhões seguintes por 45%; e os 3 bilhões na base da
pirâmide (metade sem acesso a eletricidade) por 5%. Por seu modo de vida, situação geográfica
e vulnerabilidade material, este último grupo − o único inocente − é o mais tragicamente afetado
pelo “giro de botão” dos demais.
(GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)

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Pode ser considerada paradoxal a seguinte expressão empregada no texto:


a) efeito isolado.
b) torturadores inofensivos.
c) ínfimas partículas.
d) intenção humana.
e) vulnerabilidade material.

037. (IDECAN/DESENVOLVEDOR/SEFAZ-RR/2023)

Postei uma foto no meu perfil do Instagram em que apareço tomando a vacina contra a Covid-19.
Na legenda, de poucas palavras, deixei claro que era a terceira dose. Recebi muitas curtidas e alguns
comentários, entre eles o de uma moça que perguntou: “Martha, você já tomou a terceira dose?”
Dias antes, havia postado sobre o lançamento do meu novo livro no Rio, em fevereiro próximo, e
disse na legenda: “Não há outras cidades confirmadas. Quando houver, avisarei”. De novo, muitas
curtidas e alguns comentários, entre eles: “E Goiânia?” “Curitiba quando?”
Não sou louca de desconsiderar: é carinho, eu sei. Mas é também um sintoma. Houve um tempo
em que as pessoas liam livros, muitos deles extensos, divididos em dois ou três volumes. Depois
veio a era tecnológica e com ela a impaciência: leituras rápidas, cultura do aperitivo. E agora nem
isso: a criatura passa os olhos por duas linhas e não registra nada.
Ninguém mais quer perder tempo, é o argumento de defesa. Mas não me convenço. A falta de foco,
sim, é que nos faz perder tempo: somos obrigados a repetir as perguntas, repetir as respostas,
voltar aos mesmos assuntos duas, três, cinco vezes. Estamos nos comunicando miseravelmente,
trocando mensagens cifradas por WhatsApp, com preguiça de dar uma informação completa,
de prestar atenção nos detalhes, de facilitar o entendimento. Agimos como aquelas telefonistas
estressadas que atendiam um cliente enquanto deixavam outros sete pendurados (na saudosa
época em que não falávamos com robôs).
Essa pressa toda pra quê mesmo? Dizem que é o tal do “Fear of Missing Out”, ou em bom português,
“medo de ficar por fora”. Em vez de a pessoa se dedicar uns minutinhos a concluir o que está
fazendo – uns minutinhos!! – ela some e já está em outra e depois outra e ainda outra interação,
que serão igualmente capengas. Isso é medo de ficar por fora? A pessoa já está em órbita e não
percebeu. Fica batendo de porta em porta e não entra em lugar nenhum.
Adentre, amigo. Puxe uma cadeira e sente. Converse. Pergunte pela família. Olhe nos olhos. Cinco
minutos de atenção não arrancarão pedaço. Fique o suficiente para demonstrar que se importa
com seu interlocutor. Cale-se e escute. Nutra esses preciosos cinco minutos, para que eles não
se dissolvam por inanição.
Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a
falta de cuidado e de concentração. Ninguém mais se esforça minimamente para estabelecer
uma conexão verdadeira. Agora virou moda dizer que fulano tá ON, sicrana tá ON. Balela. ON a
gente estava quando se importava. Agora estão todos OFF, desligados crônicos, vivendo a falsa
ilusão de uma vida plena. ON está aquele que consegue pausar.
Martha Medeiros. In: NSC Total. Acesso em:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/martha-
medeiros/quem-esta-on, 14 out., 2022

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“Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações,


com a falta de cuidado e de concentração.” (linhas 22 e 23)
O uso repetido da preposição com é um recurso linguístico chamado de
a) catáfora.
b) dêitico.
c) elipse.
d) anáfora.
e) silepse.

038. (CEBRASPE/INSTITUTO RIO BRANCO/DIPLOMATA) A sentença “Eu era a imagem do que


não era” expressa um paradoxo ou oximoro.

039. (INÉDITA/2023)

André Dahmer

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O humor da tirinha reside no fato de o personagem “Homem Literal” ser incapaz de interpretar
figurativamente a expressão “Vá ver se eu estou lá na esquina”.

040. (INÉDITA/2023) Uma antítese é um tipo de linguagem figurada em que ocorre a presença
de duas palavras de sentido oposto; a frase abaixo em que NÃO ocorre a presença de uma
antítese ou de um paradoxo é:
a) “Onde nasci, morri. Onde morri, existo. E das peles que visto muitas há que não vi.” (Carlos
Drummond de Andrade);
b) “Ao olhar para o Universo, o homem é nada. Ao olhar para o Universo, o homem é tudo.”
(Marcelo Gleiser);
c) “Em tristes sombras morre a formosura; em contínuas tristezas a alegria.” (Gregório
de Matos);
d) “Oh, metade exilada de mim, leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco que
aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais.” (Chico Buarque);
e) “Qualquer novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações.” (Hugo von
Hofmannsthal).
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041. (INÉDITA/2023)

O papel social da literatura africana


Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura. Fazia apenas
27 anos que a Nigéria, seu país natal, se tornara independente. Pensar que um africano poderia
receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu intelecto e sua obra é algo recente em
nossa história. Faz 34 anos do reconhecimento de Soyinka e 28 anos que uma mulher negra, Toni
Morrison, recebeu o Nobel de Literatura de 1993.
A realidade de pessoas não brancas e não Ocidentais receberem reconhecimento no Ocidente
é tão nova quanto a emergência dos Estados africanos contemporâneos e o fim das leis de
segregação nos Estados Unidos e África do Sul. Se autores do século XVI, como Shakespeare ou
Camões, podiam ser naturalmente considerados como parte do cânone da Literatura, os autores
não europeus, em especial as mulheres do Sul global, estavam fora desse mundo. Mas quem fez
o mundo do modo que ele é, excludente, segregado e racializado?
Nossa história foi e em muitos sentidos continua sendo mediada pelo Ocidente e essa mediação
fez e faz constantes escolhas intelectuais e políticas embasadas em fortes estruturas mentais
inventadas pelo próprio Ocidente. Duas marcantes ideias dessa estrutura mental para pensarmos
o papel social da literatura africana são o racismo e o eurocentrismo. São apenas duas delas,
mas deveras definidoras.
Seguindo o pensamento ocidental desde sua expansão globalizante no século XVI, damo-nos
conta de que sua visão de mundo é excludente. Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas
e suas literaturas (orais e escritas) não merecem existir. Ao olhar do estrangeiro que possui um
cocuruto recheado de ideias eurocêntricas do que é errado e do que é certo, ao chegar em África
esse estrangeiro só enxerga coisas erradas, formas desviantes de todas expressões morais,
éticas, sociais e culturais de seu berço europeu. O mesmo ocorreu com os povos originários da
América, da Oceania e da Ásia.
Não falam como falam na Europa, não conhecem e não acreditam no mesmo deus, não vivem
como se vive na Europa. O continente que colonizou a maior parte do mundo tratou de classificar
o mundo por meio do que considerava ausências. Se não há o que existe na Europa, então não
existe nada. É então esse povo classificado pelo outro, considerado inferior e sem valor.
Mas em vez de entender o não europeu apenas como diferente e assim deixá-lo, o pensamento
centrado na Europa se propõe universal. Por isso, ao encontrar esse mundo diferente, o desejo
de quem se considera correto é de destruir ou alterar aquilo que se considera errado. E assim
foi que a missão colonizadora, carregada de uma visão de mundo estrangeira aos africanos,
penetrou em suas “terras selvagens”, entre seus “povos incivilizados” para direcioná-los da
“escuridão para a luz.”
A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. A literatura africana é um testemunho
disso. Foi nesse mundo que Wole Soyinka nasceu. Ele e outros de sua geração, como Chinua
Achebe, Ngũgĩ wa Thiong’o, Es’kia Mphahlele, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Ousmane Sembène,
Ana Paula Tavares, Uanhenga Xitu e Rebeka Njau. Essa geração, em diferentes locais da África,
viveu a noite colonial, viu os sóis das independências e descobriu a vida no crepúsculo de um
mundo que ainda existe entre a colônia e a pós-colônia.
(Le Monde Diplomatique Brasil. 4.10.2022)

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Bruno Pilastre

Utiliza-se a figura de linguagem conhecida como piada da internet conta que no seguinte
trecho:
a) [...] o pensamento centrado na Europa se propõe universal. (6º parágrafo)
b) Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura.
(1º parágrafo)
c) Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não
merecem existir. (4º parágrafo)
d) Pensar que um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu
intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. (1º parágrafo)
e) A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. (7º parágrafo)

042. (INÉDITA/2023) A frase que exemplifica um caso de linguagem figurada é:


a) O dólar é uma moeda estável.
b) O Brasil está queimando.
c) A atriz acusa o diretor de assédio.
d) Os empresários apresentaram um manifesto ao governo.
e) O Ministro Celso de Mello antecipa aposentadoria e deixará STF em 13 de outubro.

043. (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJ-RO/2021)


Uma piada da internet conta que “Na minha cidade, havia um sujeito tão magro que,
para ter certeza de que havia entrado no Banco, ele devia passar duas vezes pela mesma
porta giratória”.
Essa piada se apoia em um caso de linguagem figurada denominado:
a) metáfora, porque mostra uma comparação;
b) hipérbole, porque contém um exagero;
c) eufemismo, porque traz a atenuação de uma ideia ruim;
d) gradação, porque se apoia numa sequência de termos;
e) ironia, porque afirma algo por meio do seu contrário.

044. (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2018)

Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina,
já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um
sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente
dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos
não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente,
investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.
Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a
tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento.

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Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma
espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo
de sua gravidade: o seu humor.
Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem
ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles
desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade.
Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos
subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo
tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.
A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do
esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão,
e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro
essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa
forma, sua existência.
Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são
bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade
de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma
vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso
explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.

Considerando o contexto, está correto o que se afirma em:


a) “caçoar” (4º parágrafo) está empregado em sentido metafórico.
b) “primitivos” (4º parágrafo) e “selvagens” (1º parágrafo) são sinônimos.
c) “mitos” e “pensamento” (2º parágrafo) são antônimos.
d) “selvagens” (1º parágrafo) é hiperônimo de “homens”.
e) “primitivos” (4º parágrafo) está empregado de forma irônica.

045. (IUDS/OFICIAL/CÂM. DE ESTÂNCIA DE SOCORRO/2022)

Pode-se dizer, em relação ao texto que:


a) o termo “doces” gera humor devido a relação de sinonímia.
b) não há polissemia, pois os termos têm significado único.
c) “doces tempos” é ambíguo e responsável por desencadear o efeito de humor.
d) o vocábulo “doces” é polissêmico porque ambas as ocorrências têm sentido denotativo.
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REESCRITA

046. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEE-PE/2023)

Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade
dos alunos, o ensino médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da
educação básica. Com o fechamento das escolas e o distanciamento dos estudantes do convívio
educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificuldades a serem
enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet.
Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem
dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa
realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF) apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segundo a pesquisa
amostral, em matemática, o desempenho alcançado no 3º ano do ensino médio foi de 255,3
pontos na escala de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao final do 9º ano
do ensino fundamental no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua
portuguesa, os estudantes do 9º ano apresentaram uma queda de 12 pontos, e os do 3º ano do
ensino médio, de 11 pontos.
Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm muito trabalho para identificar os reais
prejuízos, dimensioná-los e encontrar caminhos e soluções para que professores e estudantes
possam retomar a aprendizagem.
Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na Geledés, organização da sociedade civil
que se posiciona em defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de que não foi
possível atender todos os alunos” na educação pública. “Os dados indicam um baixo número
de participação dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares acompanharem a
resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados
também mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à resolução das tarefas.”
De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ainda mais atenção. “É preciso prestar
atenção nessa condição: a pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade de
realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma casa pequena ou onde não há cômodos
suficientes”, contextualiza Suelaine.
Agravada pela pandemia, que engrossou o número de trabalhadores desempregados, a questão
econômica foi um dos grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensino médio.
“Temos alunos que estão trabalhando no horário de aula, dizendo que precisam ajudar a família,
e aos fins de semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir Ferreira, da Escola
Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vista (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar
que não conseguem aprender nada e desabafam por sentir que a aprendizagem foi prejudicada,
principalmente os que estão em processo de preparação para o vestibular.
Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos não são irreversíveis, como outros
especialistas têm apontado. “Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas,
compromisso público com a educação, de forma a desenvolver diferentes ações”, diz ela.
Internet: <novaescola.org.br> (com adaptações).

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Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item.


Em “Para Suelaine Carneiro” (início do quarto parágrafo), a palavra “Para” poderia ser
substituída por Segundo, sem prejuízo dos sentidos e da correção gramatical do texto.

047. (IADES/AUDITOR/VISA-DF/2023)

Operação Pronto Emprego


A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020, à Operação Pronto Emprego, com o objetivo
de combater as invasões de terra e obras irregulares, ainda em fase inicial de construção. A
operação busca dar resposta às denúncias dessa natureza dentro do prazo de até 72 horas,
a partir do conhecimento do fato. Dessa forma, procura reduzir os impactos social, político e
financeiro, inclusive para os infratores.
São removidas casas e barracos desabitados, cercamentos, bases para construção, muros, caixas
d’água irregulares, cisternas, poços, entre outras edificações ilegais.
NEUBERGER, Tereza. Disponível em: <https://jomaldebrasilia.com.br/brasilia/ Acesso em: 30
jan. 2023, com adaptações.

Com base nas regras de concordância prescritas pela norma-padrão e nas relações
morfossintáticas do texto. assinale a alternativa correta.
a) A redação Foi iniciado pela Secretaria DF Legal, em agosto de 2020, a Operação Pronto
Emprego poderia substituir o trecho “A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020,
à Operação Pronto Emprego”.
b) O trecho “ainda em fase inicial de construção” poderia ser substituído pela redação a
qual ainda se encontra em fase inicial de construção.
c) A autora deveria empregar o vocábulo bastante no plural, caso desejasse incluí-lo diante
do substantivo “denúncias”.
d) A construção “os impactos social, político e financeiro” não poderia ser substituída pela
redação o impacto social, o político e o financeiro.
e) A construção “São removidas” poderia ser substituída pela forma Remove-se.

048. (IADES/ANALISTA DE COMUNICAÇÃO/CAU-MS/2021) Tendo como referência a


norma-padrão, as questões gramaticais e os sentidos que envolvem o texto, assinale a
alternativa correta.
a) Em “Todo esse patrimônio é desconhecido do povo brasileiro, que tem referências sobre”
(linhas de 29 a 31), se houver a substituição de “povo brasileiro” por brasileiros, a nova
construção será “Todo esse patrimônio é desconhecido dos brasileiros, os quais têm
referências sobre”.
b) O verbo sublinhado na construção “tendo parte de suas edificações e de seu traçado
urbano tombada como patrimônio da União pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) há 30 anos.” (linhas de 5 a 8), poderia ser substituído pela forma
verbal fazem.
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c) Em “é uma cidade que foi quase destruída com a Guerra do Paraguai” (linhas 4 e 5),
poder-se-ia substituir a construção em voz passiva por sua correspondente na voz ativa:
O Paraguai quase destruiu a cidade.
d) Considerando a colocação pronominal, se, no trecho “Fazendas rurais e sua arquitetura
tipicamente mineira fundem-se com o” (linhas 16 e 17), caso houvesse o acréscimo de não
depois da palavra “mineira”, a próclise seria facultativa.
e) No trecho “localizada às margens do Rio Paraguai” (linha 3), a expressão sublinhada
poderia ser substituída por a beira do.

Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.

049. (INÉDITA/2023) A substituição do trecho “tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se


da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas”
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(terceiro período do quarto parágrafo) por “como recuperar subitamente a visão ou erguer-
se da cadeira de rodas com o semblante bem-aventurado e a leveza de quem caminha sobre
as águas” manteria os sentidos e a coerência do texto.

050. (INÉDITA/2023) No sexto período do terceiro parágrafo, a substituição de “Nem sequer”


por Nem ao menos prejudicaria a coerência e a correção gramatical do texto.

No livro O Visconde Partido ao Meio, de Italo Calvino, o jovem Medardo di Terralba se mete em
uma batalha pela cristandade, leva um balaço de canhão e sai cortado em duas metades: o lado
esquerdo é benigno, o direito é insidioso. Se fosse possível dividir o padre Júlio Renato Lancellotti
em dois, a banda boa seria de uma simpatia comovente. O religioso tem fraqueza por doces
retrôs, como marzipã e marrom-glacé, especialmente o espanhol. Reserva os sábados para
regar plantas. Vive rodeado por uma coleção de imagens de seus santos preferidos, a maioria
deles com histórias de vida dificílimas. Gosta de citações. Em momentos graves das conversas,
encaixa uma da escritora existencialista Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se
não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Em horas mais descontraídas, lembra da
frase atribuída ao bovino Homer, o pai na animação Os Simpsons: “Se a culpa é minha, eu coloco
em quem eu quiser.” Orgulha-se de nunca ter tirado férias e só ter ido ao exterior rapidamente
e a trabalho, em rasantes pela Itália, Colômbia, Nicarágua, Panamá e El Salvador. Parece muito
feliz com sua opção de não ter carro, roupas de marca, sapatos caros ou títulos imponentes
demais dentro da Igreja Católica. Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela
casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo – só na sala,
são três, escoradas umas nas outras; no corredor, quatro, que sobem do chão até o teto como
cobras. Às vezes, fica pensando quem é que cuidará desse acervo quando morrer.
A metade atroz do padre partido ao meio seria casca-grossa. Ele tem iracúndias sagradas – e
não raro estoura alguma gritaria fenomenal na sacristia da Paróquia São Miguel Arcanjo, uma
pequena igreja, bem no limite entre os bairros do Belenzinho e da Mooca, que comanda há 36
anos. Personalista, tende a narrar os feitos de sua comunidade na primeira pessoa, o que às
vezes irrita e espana alguns colaboradores. Como, ao longo da vida, já visitou vários círculos
do Inferno de Dante, é desconfiado e solta frases que parecem delírios persecutórios como
“o próximo ataque, eu nunca sei de onde virá…”. Exige, sempre, soluções imediatas para o que
quer e arma circos homéricos quando não consegue – como sabem todos os últimos prefeitos
de São Paulo. E, por causa desse conjunto, pode provocar decepções nos que esperam virtude
total dos líderes espirituais, mais ou menos como aquele desapontamento planetário de 2019,
quando o papa Francisco, num arroubo de irritação extrema, tascou uma palmada nas mãos de
uma peregrina que o puxou pelo braço.
Na vida pública, o padre Júlio Lancellotti é há décadas realmente cortado ao meio, em duas fatias
irreconciliáveis. Por um lado, é beatificado em vida por seu destemido trabalho de assistência aos
excluídos dos excluídos: os sem-teto, a população carcerária, os menores infratores, as crianças
órfãs portadoras de HIV, os jovens LGBTQIA+ que são marginalizados. Por outro, é demonizado
como aproveitador da população carente, um “esquerdopadre” viciado em mídia. Lancellotti
reage suspendendo os ombros, num misto de indiferença e desânimo, sempre que fala desse

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pêndulo frequente sobre sua cabeça. “Na verdade, eu acho é que muita gente me vê como um
enigma”, diz, ajeitando o longo crucifixo que usa no pescoço.
Mesmo dentro da Igreja Católica, o padre Júlio ocupa um lugar próprio, sujeito a rapapés e
pedradas. No Brasil, a instituição é formada por uma tropa de 268 bispos, 48 cardeais na ativa
e 19 428 padres distribuídos por 12,2 mil paróquias. Para se manter dentro dos preceitos, todos
precisam andar na linha hierárquica e fechar questão em temas fundamentais de fé e moral,
o que não é pouco. De resto, a Igreja é um cintilante regime democrático. Qualquer integrante
do clero tem o direito de ser um conservador, um moderado ou um progressista. Nesse aquário
colorido, a maioria esmagadora dos sacerdotes com influência que vai além de seus altares
integra a categoria dos cantores e/ou youtubers ligados à Renovação Carismática, corrente
de orientação conservadora. Dono de um magnetismo envolvente, o padre Marcelo Rossi é o
expoente dessa ala.
Aos 72 anos, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, o
padre Júlio Lancellotti é também um nome famoso, mas acomoda-se numa gaveta mais solitária.
Ele é, hoje, o padre mais político do Brasil.
(Angélica Santa Cruz. O Padre que morde. Revista Piauí, 18 de julho de 2021).

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.

051. (INÉDITA/2023) Sem prejuízo da correção gramatical, a expressão “com histórias de


vida dificílimas” poderia ser substituída por “com histórias de vida dificílima”.

052. (INÉDITA/2023) Em “Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa
onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém”, o vocábulo “embevecido” poderia ser
substituído por “envaidecido”, sem prejuízo do sentido original do texto.

053. (INÉDITA/2023) Estaria gramaticalmente correta a substituição de “há” por “existe”


em “que comanda há 36 anos” (2º parágrafo).

054. (INÉDITA/2023) Em “pela casa onde mora com os sobrinhos”, o vocábulo “onde” poderia
ser substituído pela expressão “em que”, sem prejuízo da correção gramatical e do sentido
original do texto.

055. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018)

Pronomes
1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
— O quê?
4 — Você não vai ficar chateado?
— O que é?

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— Não fala tão certo.


7 — Como assim?
— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.
— Por quê?
10 — É que a turma repara. Sei lá, parece...
— Soberba?
— Olha aí, “soberba”. Se você falar “soberba”, ninguém vai saber o que é. Não fala “soberba”. Nem
“todavia”. Nem “outrossim”. E cuidado com os pronomes.
— Os pronomes? Não posso usá‐los corretamente?
16 — Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não
falou nada. Até comentaram:
— Ó, Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer “Não, é que, falando, sentir‐me‐ia vexado”, mas se conteve a tempo. Depois, quando
estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.
24 — Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.
Luis Fernando Verissimo. Contos de verão. In: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Cultura, p. D2,
jan./2000.

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir.
No trecho “— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.” (linha 8), a inserção de ponto e
vírgula no lugar de ponto continuativo entre as duas orações, com a devida conversão de
letra maiúscula em minúscula, manteria a correção gramatical e a coesão textual.

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GABARITO

INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS

1. b 5. e 9. C
2. e 6. d 10. E
3. a 7. C
4. c 8. C

TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS.


11. e 16. b 21. d
12. e 17. a 22. d
13. e 18. C 23. e
14. d 19. b 24. b
15. d 20. a 25. e

COESÃO E COERÊNCIA
26. C 28. d 30. E
27. C 29. d

SEMÂNTICA
31. E 33. c 35. b
32. b 34. b

FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM


36. b 40. d 44. e
37. d 41. e 45. c
38. C 42. b
39. C 43. b

REESCRITA
46. C 54. C
47. c 55. C
48. a
49. C
50. E
51. C
52. E
53. E
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GABARITO COMENTADO

INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS

001. (CONSULPLAN/ANALISTA/SEGER/2023) Relacione adequadamente os fatores às suas


respectivas características.
1. Aceitabilidade.
2. Intencionalidade.
3. Situacionalidade.
4. Informatividade.
5. Intertextualidade.

( ) Está direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do


empenho de se construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de
satisfazer determinada audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos
prévios que o autor tem para chegar a seu público.
( ) É voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está inserida. Ela se relaciona
à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no significado do texto que,
inserido em contextos distintos, pode produzir significados completamente diversos.
( ) Consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo
ocorre durante a produção de um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua
produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra.
( ) Nesse fator, consideram-se as informações prévias e as informações novas obtidas
no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que possui apenas
informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com informações
novas pode dificultar a compreensão da leitura.
( ) Esse fator está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento sobre o
assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor. É
através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito
ou explícito no texto.

A sequência está correta em


a) 1, 3,5, 4, 2.
b) 2, 3, 5, 4, 1.
c) 3, 1, 2, 5, 4.
d) 5, 1, 4, 2, 3.
e) 5, 2, 3, 4, 1.
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A sequência correta é esta (cada termo seguido de sua definição): (2) a intencionalidade está
direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do empenho de se
construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada
audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos prévios que o autor tem para
chegar a seu público; (3) a situacionalidade é voltada para o contexto no qual a situação
comunicativa está inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode
influenciar no significado do texto que, inserido em contextos distintos, pode produzir
significados completamente diversos; (5) a intertextualidade consiste na influência e na
relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de
um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou
implícitas de outra obra; (4) no critério informatividade, consideram-se as informações
prévias e as informações novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas,
pois um texto que possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um
texto somente com informações novas pode dificultar a compreensão da leitura (1) o
critério da aceitabilidade está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento
sobre o assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor.
É através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito ou
explícito no texto.
Letra b.

002. (IBFC/ACAI/IBGE/2022)

ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora
seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado,
tenho feito tudo para não sonhar...
(Cacaso, Poesia Completa, p.126)

O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo
com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de:
a) sentir muito ciúme de sua atual namorada.
b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada.
c) não acreditar em sonhos de amores antigos.
d) querer que sua atual namorada sonhe com ele.
e) não querer sonhar com sua ex-namorada.
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O eu-lírico não quer sonhar com sua ex-namorada. Esse receio é depreensível pela cadeia
de eventos anteriores (quem sonha, sonha com a/o ex). O esforço para não sonhar não
decorre, então, dos fatos apontados em “a”, “b”, “c” ou “d”.
Letra e.

003. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023)

Relações de poder e decisão: conflitos entre médicos e administradores hospitalares


Os hospitais abrigam tensões de natureza grupal e profissional. Seu corpo diretivo e clínico é
constituído por médicos que usualmente têm dificuldade de aceitar normas disciplinares e
de ouvir recomendações, principalmente quando elas vêm dos administradores hospitalares.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar como administradores hospitalares da cidade de
Belo Horizonte percebem as relações de poder entre sua categoria profissional e a dos médicos
proprietários de hospitais e suas consequências. Os discursos de nove administradores hospitalares,
com experiência mínima de quatro anos na gerência de hospitais, foram coletados e analisados
usando a metodologia qualitativa. A pesquisa identificou que o hospital é um local da disciplina
médica, no qual o médico controla o cotidiano dos demais profissionais, determinando o tipo de
comportamento esperado. Os empregados entrevistados se ressentem da falta de autonomia
na gestão e consideram que isso prejudica o andamento dos processos e a qualidade dos
serviços prestados. Queixam-se, principalmente, da falta de informações e da impossibilidade
de participarem das decisões estratégicas. Admitem que o relacionamento com os médicos
proprietários é permeado por conflitos, pois, muitas vezes, estes ignoram as questões colocadas
pelos administradores e insistem na diferença de classe como forma de fazer prevalecer suas
opiniões. A principal característica dos conflitos refere-se à percepção de superioridade do
profissional médico em relação aos demais.
RAM, Rev. Adm. Mackenzie 11 (6) • Disponível em: https://doi.org/10.1590/
S1678-69712010000600004

O tipo de linguagem predominante no Texto é


a) referencial
b) conativa
c) metalinguística
d) fática
e) poética

Predomina no texto a função referencial, pois o foco é o contexto (fatos do mundo). Não se
trata, portanto, de função conativa (centrada no destinatário), metalinguística (centrada
no próprio código), fática (centrada no canal/contato) ou poética (centrada na mensagem).
Letra a.

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004. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023)

As modificações viárias foram propostas para reduzir os engarrafamentos nas cidades,


especialmente nos eixos de circulação, apresentando soluções de transportes de massa,
confortáveis, seguros e incentivo aos deslocamentos ativos (ciclismo e caminhada) como alternativa
ao modal automotivo. Para isso, foi estabelecida uma rede de transporte público estruturante,
consolidando as principais rotas do Distrito Federal, com a implementação de corredores
segregados de ônibus (BRTs), ampliação da linha do metrô, expansão da malha cicloviária,
construção/melhoria das calçadas e construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), ligando
aeroporto de Brasília, W3 sul e norte e Eixo Monumental, conectado com os setores Sudoeste/
Octogonal e com o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).
Disponível em: &lt;https://www.codeplan.df.gov.br/wp content/uploads /2018/02/&gt;. Acesso
em: 7 fev. 2023, com adaptações.

De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para
a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas.
b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o
número de calçadas para pedestres.
c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares,
melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos.
d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas.
e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília.

A finalidade do estabelecimento de uma rede de transporte público estruturante é apresentada


no primeiro parágrafo. Na alternativa (C), apresenta-se a finalidade adequada (nesse sentido,
considero que seja possível estabelecer uma sinonímia entre “modal automotiva” e “carros
particulares”). Nas demais alternativas, há algum tipo de incorreção (principalmente a
extrapolação), pois no texto: (A) não se fala em “rotas mais relevantes”; (B) essa não é a
finalidade; (D) essa não é a finalidade; (E) não se fala em “BRTs e VLTs confortáveis”.
Letra c.

005. (INSTITUTO AOCP/TÉCNICO/TRT 1ª REGIÃO/2018) Assinale a alternativa que apresenta


um uso coloquial da linguagem.
a) “[...] os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos [...]”.
b) “[...] um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso
equilíbrio latino de mens sana in corpore sano [...]”.
c) “[...] os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação [...]”.
d) “Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é
tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito [...]”.
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e) “[...] o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos
pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.”.

O uso coloquial é marcado por diversos fatores, como vocabulário (expressões), padrões
morfológicos e sintáticos. No caso das alternativas em análise, o uso da expressão gatos
pingados (significando “poucos indivíduos) é o marcador de coloquialidade.
Letra e.

006. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)
Leia o fragmento a seguir.

Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de
Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com
as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu
que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação
ainda duraria um século.

Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento
textual se refere.
a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres,
pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades
linguísticas mais informais e de menor prestígio.
b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos
típicos de áreas mais pobres.
c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas
por ela usadas.
d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas.
e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua,
considerando-as atrasadas.

O texto faz referência ao preconceito linguístico do tipo político. Na fala do ex-Ministro da


Angola (país lusófono, de colonização portuguesa), observamos a sobreposição da Língua
Portuguesa (língua do colonizador) sobre a língua do colonizado (como o quimbundo e o
umbundo). Não se trata, então, de preconceito socioeconômico, regional, cultural ou racial,
ainda que esses aspectos estejam indiretamente relacionados ao preconceito político.
Letra d.

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Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela
voz, exprime seus pensamentos e emoções.
Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma
realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para
representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos
articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente
com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços
que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística.
Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna,
2002, p. 57 (com adaptações).

007. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Comparando‐se a forma padrão


“registrar” com a grafia não padrão “registrá”, verifica‐se que não há alteração da posição
da sílaba tônica da palavra, que permanece oxítona, estando a acentuação gráfica de
“registrá” de acordo com o que prescreve a regra.

Toda a afirmativa está correta. Note a forma flexionada com pronome enclítico “registrá-
la”, a qual é acentuada por ser uma oxítona (o que demonstra ser verdadeira a análise
proposta pelo item).
Certo.

008. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Predomina no texto a função


metalinguística, visto que o foco da mensagem é o próprio código linguístico.

Quando uma linguagem fala sobre si mesma, temos metalinguagem. É exatamente isso o
que observamos no texto: o autor fala sobre a língua utilizando a língua (escrita). Outros
exemplos de metalinguagem: uma tirinha que fala sobre o ato de fazer tirinhas; uma pintura
que fale sobre o ato de fazer uma pintura; um filme que fale sobre o ato de fazer um filme;
uma fotografia que fale sobre o ato de fotografar.
Certo.

Texto CB1A1
Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo
com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá
ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento
da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado

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de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm
levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse
panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata,
do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo,
o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos
níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas
nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se
sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante.
Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve dois
tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as indiretas,
como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional, se desenvolve
na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz Guimarães. Ela
relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências sociais há cerca
de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de investigação em
áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso, a discussão sobre
essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à ideia de que ele
era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se ampliou. Hoje,
ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos, na medida em
que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento da vida”,
explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é
distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres.
Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual Wayne,
nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada de que
o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser prestado
gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de construção
cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino.
Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação
no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para
50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras
naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de
casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como
uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com
uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação
de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e
regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga.
Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas
famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras de
crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado oferece
serviços de cuidado
que compensam a escassa presença do Estado.
Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa.
fapesp.br/economia-do-cuidado> (com adaptações).

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Em relação a aspectos estruturais do texto CB1A1 e às informações por ele veiculadas,


julgue os itens subsequentes.

009. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) Os serviços de cuidados fornecidos na América Latina


diferenciam-se dos providos em países do hemisfério norte.

Ao longo do texto, observamos fatos que denotam a distinção entre os serviços de cuidados
fornecidos por outros países (em especial, do hemisfério norte) e por países da América Latina.
Certo.

010. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) A profissionalização do trabalho de cuidados nos


últimos anos remodelou a essência do conceito de cuidado.

O que remodelou a essência do conceito de cuidado está descrito no terceiro período do


primeiro parágrafo. Nele, não se encontra a profissionalização de cuidados como fator
gerador de mudança na essência do conceito de cuidado.
Errado.

TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS.

011. (FGV/ANALISTA/AL-RO/2018) A afirmativa abaixo que é inadequada em relação às


narrativas é:
a) toda narrativa implica mudanças de situações ou estados.
b) as narrativas implicam uma causalidade na intriga.
c) todas as narrativas mostram personagens humanos ou humanizados.
d) uma narrativa mostra sempre uma integração de ações.
e) os relatos narrativos implicam sempre um narrador personagem.

Em narrativas, NÃO há obrigatoriedade de o narrador ser personagem. Como sabemos, há


o narrador em terceira pessoa (observador ou onisciente).
Letra e.

012. (CEBRASPE/ASSISTENTE/SEFAZ-RS/2019)

Texto 1A2-II

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Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozinha, a
nutricionista do programa das dez da manhã falou:
— Ninguém é obrigado a parecer velho.
Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide
considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais
vigor. A dermatologista deu aparte:
— Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade.
Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos gêmeos,
já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas que batiam
palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da firma e já indicava
que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O fogão de seis bocas e a
campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de doceira eram anunciados em
uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão mocinha, considerou que tudo
dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas durante a vida:
— Às vezes, é preciso dizer não.
Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê, a palavra
era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos.
— As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não
tem idade.
Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem na
hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura diante
de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e a barriga
do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena trégua, o
suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento.
Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro:
Record, 2012 (com adaptações).

Assinale a opção que reproduz trecho do texto 1A2-II em que predomina a tipologia descrição.
a) “Ninguém é obrigado a parecer velho” (ℓ. 4)
b) “Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o
creme com mais vigor” (ℓ. 6 a 8)
c) “Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade” (ℓ. 9 e 10)
d) “Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede” (ℓ. 31 e 32)
e) “a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões” (ℓ. 35 e 36)

A descrição é uma “fotografia” por escrito. Nela, o autor busca compor verbalmente imagens,
as quais são formadas na mente do leitor. Apenas em (E) isso ocorre: é possível imaginar

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como a barriga do homem abria/rompia/desfiava as casas dos dois últimos botões (da
roupa). Nas demais alternativas, temos o predomínio de outros elementos, como a narração.
Letra e.

013. (FGV/ANALISTA/MP-RJ/2019) Observe o seguinte texto descritivo a seguir.

“A casa estava situada em centro de terreno; era bastante grande, com duas salas, quatro quartos,
dois banheiros e um pequeno quintal. O piso de todos os cômodos era de cerâmica cinzenta e
cada um deles possuía uma iluminação diferente”.

Nesse caso, a estratégia discursiva parte:


a) de longe para perto;
b) de cima para baixo;
c) das partes para o todo;
d) de baixo para cima;
e) do todo para as partes.

A estratégia discursiva parte do todo (casa em um terreno), segue para os cômodos e


finaliza na descrição de elementos do cômodo, como cerâmica e iluminação. Então temos
a estratégia indicada na alternativa (e): a descrição parte do todo para as partes.
Nesse tipo de questão, a banca demanda do candidato a capacidade de sintetizar uma
noção presente em um trecho de texto. Essa síntese, no caso da questão em análise, é do
tipo essência da estratégia discursiva no âmbito da descrição.
Letra e.

014. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)

Como ensinar a ler


Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás,
enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e
árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que
ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos
jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar.
Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e
pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que
fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse
o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as
cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza
tem de vir antes.

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Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas.
Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da
fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o
segredo que transforma letras e sílabas em estórias.
É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um
mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a
ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um
grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os
perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos
dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda.
Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos
seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom.
ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021.

O texto precedente, considerando-se sua organização discursiva, deve ser incluído entre
os textos
a) descritivos.
b) narrativos.
c) dissertativos expositivos.
d) dissertativos argumentativos.
e) injuntivos.

Há, no texto, uma clara defesa de um ponto de vista. Nessa defesa, o autor argumenta no
sentido de convencer o leitor de que a forma de educar uma criança (ensinar a ler, a fazer
jardinagem, a apreciar música) defendida por ele é a correta. Por essa razão, o texto é
corretamente classificado como argumentativo. Não se trata de descrição (apresentação
de propriedades/características de objeto, ser ou espaço), narração (apresentação de
eventos praticados/sofridos por personagens em determinado tempo e espaço), injunção
(comandos/orientações/instruções dirigidas a um interlocutor) ou exposição (apresentação
de fenômenos, fatos e conceitos sobre o mundo).
Letra d.

015. (FGV/TÉCNICO/PGM/2023) Abaixo aparecem cinco slogans publicitários; o slogan que


apela a uma estratégia diferente da dos demais casos, é:
a) Um pouco de Veja e muito de limpeza;
b) São os pequenos detalhes que fazem as grandes marcas;
c) Após a escuridão vem a claridade com Eveready;
d) Não faça economia: compre um BMW;

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e) Príncipe veste hoje o homem de amanhã.

Na alternativa (D), não observamos os mesmos pares contrastivos em (A), (B), (C) e (E):
pouco-muito, pequenos-grandes, escuridão-claridade, hoje-amanhã.
Letra d.

016. (IBGP/MUNICIPIO DE ITABIRA/ENGENHEIRO CIVIL/2020)

Educação financeira chega ao ensino infantil e fundamental em 2020


Oferta está prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Antonia, auxiliar de escritório, todos os dias compra uma balinha ou um chocolate, no ponto de
ônibus, na volta do trabalho, que custa R$ 0,50. “Eu não dava importância para aquele gasto.
Imagina, R$ 0,50 não é nada! Mas eu nunca consegui economizar um centavo”. Fazendo as contas,
esses centavos viram R$ 11 em um mês e R$ 132 em um ano.
São situações como essa, retirada de livro didático disponível online, que ensinam estudantes
de escolas em várias partes do país a terem consciência dos próprios gastos e a ajudar a família
a lidar com as finanças. A chamada educação financeira, cuja oferta hoje depende da estrutura
de cada rede de ensino passa a ser direito de todos os brasileiros, previsto na chamada Base
Nacional Comum Curricular (BNCC).
“É uma grande oportunidade, uma grande conquista para a comunidade escolar do país”, diz a
superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), Claudia Forte. “A
educação financeira busca a modificação do comportamento das pessoas, desde pequeninas,
quando ensina a escovar os dentes e fechar a torneira para poupar água e economizar. Isso é
preceito de educação financeira”.
A BNCC é um documento que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação
infantil até o ensino médio. Educação financeira deve, pela BNCC, ser abordada de forma
transversal pelas escolas, ou seja, nas várias aulas e projetos. Parecer do Conselho Nacional de
Educação (CNE), homologado pelo Ministério da Educação (MEC), prevê que as redes de ensino
adequem os currículos da educação infantil e fundamental, incluindo esta e outras competências
no ensino, até 2020.
A educação financeira nas escolas traz resultados, de acordo com a AEF-Brasil. Pesquisa feita
em parceria com Serasa Consumidor e Serasa Experian, este ano, mostra que um a cada três
estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro depois de participar de
projetos de educação financeira. Outros 24% passaram a conversar com os pais sobre educação
financeira e 21% aprenderam mais sobre como usar melhor o dinheiro.
Desafios
Levar a educação financeira para todas as escolas envolve, no entanto, uma série de desafios,
que vão desde a formação de professores, a oferta de material didático adequado e mesmo a
garantia de tempo para que os professores se dediquem ao preparo das aulas.

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De acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz
Miguel Garcia, os municípios, que são os responsáveis pela maior parte das matrículas públicas
no ensino infantil e fundamental, focarão, em 2020, na formação dos docentes, para que eles
possam levar para as salas de aula não apenas educação financeira, mas outras competências
previstas na BNCC.
“Tivemos um grande foco na construção dos currículos e, agora, neste ano, [em 2020], entramos
no processo de formação. Educação financeira, inclusão, educação socioemocional, todos esses
elementos vão chegar de fato na sala de aula a partir da discussão que fizermos agora”, diz.
Segundo ele, a implementação será concomitante à formação, já em 2020.
De acordo com Garcia, não há um levantamento de quantos municípios já contam com esse
ensino. “Não existe uma orientação geral com relação a isso. São iniciativas locais. Não tenho
como quantificar, mas não é algo absolutamente novo”, diz.
Ensinar a escolher
A educação financeira é pauta no Brasil antes mesmo da BNCC. Em 2010 foi instituída, por
exemplo, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com o objetivo de promover ações
de educação financeira no Brasil. Na página Vida e Dinheiro, da entidade, estão disponíveis livros
didáticos que podem ser baixados gratuitamente e outros materiais informativos para jovens
e para adultos.
As ações da Enef são coordenadas pela AEF-Brasil. Claudia explica que a AEF-Brasil foi convocada
pelo Ministério da Educação (MEC) para disponibilizar materiais e cursos para preparar os
professores e, com isso, viabilizar a implementação da educação financeira nas escolas.
As avaliações mostram que o Brasil ainda precisa avançar. No Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes (Pisa) 2015, o Brasil ficou em último lugar em um ranking de 15 países em
competência financeira. O Pisa oferece 4 avaliações em competência financeira de forma optativa
aos países integrantes do programa. O resultado da última avaliação dessa competência, aplicada
em 2018, ainda não foi divulgado.
Os resultados disponíveis mostram que a maioria dos estudantes brasileiros obteve desempenho
abaixo do adequado e não conseguem, por exemplo, tomar decisões em contextos que são
relevantes para eles, reconhecer o valor de uma simples despesa ou interpretar documentos
financeiros cotidianos.

É CORRETO afirmar que esse texto pertence ao domínio discursivo:


a) Escolar.
b) Jornalístico.
c) Acadêmico.
d) Publicitário.

A questão exige conhecimentos sobre o conteúdo de Tipologias e Gêneros Textuais. O texto


é claramente uma notícia, e por isso ele se enquadra no domínio discursivo jornalístico.
Não se trata de uma obra didática (domínio discursivo escolar), um texto acadêmico (como

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um artigo científico) ou publicitário (uma propaganda, por exemplo). Por isso, temos a
alternativa (B) como correta.
Letra b.

017. (SELECON/ASSISTENTE/CRA-RR/2021)

Os desafios da conservação da água no Brasil


Um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo, o Brasil tem problemas
com seus indicadores de água. O acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto no
país é desigual. As áreas urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto áreas irregulares e
afastadas são mais prejudicadas. Além de políticas públicas que assegurem o atendimento, que
é dificultado pela distribuição desequilibrada da água e da população no território brasileiro,
outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, que enfrenta desafios.
Falta de saneamento
Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco
mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46%
do esgoto total é tratado, de acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento.
Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos
d’água, provocando problemas ambientais e de saúde. “Essa falta de infraestrutura de saneamento
básico tem um impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, diz o especialista Carlos.
Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto é problemática, mas também a poluição
causada por indústrias e pela agricultura, como o lançamento de agrotóxicos.
Desmatamento, em especial no Cerrado
O desmatamento de matas ciliares, que acontece em todas as bacias hidrográficas do Brasil,
altera a quantidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vegetação protege o solo, ajuda na
infiltração da água da chuva e na alimentação do lençol freático e permite a recarga dos aquíferos.
Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água.
Segundo José Francisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade
de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural
de recursos hídricos.
Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a “caixa d’água do Brasil” por causa
de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela
expansão da fronteira agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação
de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos
brasileiros”, afirma Gonçalves.
Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a
falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. “Perda
de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradação
e diminuição da disponibilidade de água”, enumera.

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(Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da-
%C3%A1

A presença de falas de especialistas é uma das características que revela o pertencimento


do texto ao tipo:
a) jornalístico
b) filosófico
c) literário
d) jurídico

O texto jornalístico (especialmente as reportagens) é caracterizado pela presença de falas


de especialistas. A presença de falas de especialistas também ocorre em textos jurídicos
e filosóficos, mas não é uma característica inerente ao gênero.
Letra a.

018. (CEBRASPE/ANALISTA/PGE-PE/2019)

Texto CB2A1-I
1| Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza,
o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso
ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam
4| época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção
das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do
pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na
7| Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre
os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no
século XIX, tudo isso representa saltos de época, que
10| desorientaram gerações inteiras.
Se observarmos bem, essas ondas longas da história,
como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas.
13| Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura
pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um
século, um novo salto de época nos tomou de surpresa,
16| lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a
rápida passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada
pelos proprietários das fábricas manufatureiras para uma
19| sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários
dos meios de informação.
O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade
22| pós-industrial foi extraída do ventre da sociedade industrial

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anterior é representado pelo progresso científico e tecnológico,


pela globalização, pelas guerras mundiais, pelas revoluções
25| proletárias, pelo ensino universal e pelos meios de
comunicação de massa. Agindo simultaneamente, esses
fenômenos produziram uma avalanche ciclópica — talvez a
28| mais irresistível de toda a história humana — na qual nós,
contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de estar
envolvidos em primeira pessoa.
31| Ninguém poderia ficar impassível diante de uma
mudança dessa envergadura. Por isso a sensação mais
difundida é a desorientação.
34| A nossa desorientação afeta as esferas econômica,
familiar, política, sexual, cultural... É um sintoma de
crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque
37| quem está desorientado sente-se em crise, e quem se sente em
crise deixa de projetar o próprio futuro. Se deixarmos de
projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em
40| função de nossos interesses, mas do seu próprio proveito.
Domenico de Masi. Alfabeto da sociedade desorientada: para entender o nosso tempo. Trad.
Silvana Cobucci e Federico Carotti. São Paulo: Objetiva, 2017, p. 93-4 (com adaptações).

O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, devido, entre outros aspectos, à


presença de evidências e fatos históricos utilizados para validar a argumentação do autor.

Dentre os fatos históricos que trazem ao texto uma feição de dissertativo-argumentativo,


temos “a ultrapassagem da agricultura pela indústria” (linhas 13 e 14) e “invenção das
técnicas para controlar o fogo” (linhas 4 e 5). O uso desses fatos históricos tem por finalidade
o convencimento do leitor acerca de um ponto de vista.
Certo.

019. (INÉDITA/2023) A frase abaixo que mostra a presença do discurso indireto livre é:
a) Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia
nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito.
b) A cachorra Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação
dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro.
c) Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da
cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios.
d) Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá
Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas.

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e) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou
como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo.

O discurso indireto livre é marcado pela mescla entre o discurso do narrador e o do personagem.
Ocorre tipicamente quando não se pode definir com clareza se o enunciado foi produzido
pelo narrador ou pelo personagem. Em (B), isso ocorre na interrogativa “Que faziam aqueles
animais soltos de noite?”, pois não sabemos se esse questionamento foi feito pelo narrador
ou pelo personagem (no caso, a cachorra Baleia). Nas demais alternativas, não há discurso
indireto livre: há apenas a narração de eventos em terceira pessoa.
Letra b.

020. (INÉDITA/2023) Alguns narradores, como os de Machado de Assis, interrompem suas


narrativas para fazer comentários com os leitores; o trecho abaixo em que o narrador
comenta o processo de composição da narrativa é:
a) “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e,
realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai
um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção
cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens
pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo
regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda,
andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...”
b) “Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os
olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse
certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um
homem com ares de menino.”
c) “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai,
logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia
as raias de um capricho juvenil.”
d) “A Casa Verde foi o nome dado ao asilo, por alusão à cor das janelas, que pela primeira
vez apareciam verdes em Itaguaí. Inaugurou-se com imensa pompa; de todas as vilas e
povoações próximas, e até remotas, e da própria cidade do Rio de Janeiro, correu gente
para assistir às cerimônias, que duraram sete dias.”
e) “Nisto, o cônego estremece. O rosto ilumina-se-lhe. A pena, cheia de comoção e respeito,
completa o substantivo com o adjetivo. Sílvia caminhará agora ao pé de Sílvio, no sermão

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que o cônego vai pregar um dia destes, e irão juntinhos ao prelo, se ele coligir os seus
escritos, o que não se sabe.”

Em “b”, “c”, “d” e “e”, os excertos narrativos estão centrados nos personagens e nos eventos
internos à narrativa. Em “a”, o narrador dirige-se ao leitor (e fala sobre o processo de
composição da narrativa), como podemos confirmar pela leitura deste trecho: “porque o
maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar”.
É a chamada referência exofórica.
Letra a.

021. (INÉDITA/2023) Todos os segmentos textuais abaixo são pertencentes à dinâmica do


discurso argumentativo; o segmento em que a argumentação constitui uma falácia é:
a) Restrições que apresentam impactos inegáveis, como afirma o presidente do Sindicato
Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho, Bob Machado: “com a pandemia, há um aumento
das desigualdades sociais”.
b) No fim, e mesmo considerando uma certa margem de erro dadas as diferenças de
metodologia, o saldo negativo de 191 mil vagas de 2020 ainda foi um resultado bem menos
catastrófico que o de 2015 (perda de 1,54 milhão de postos de trabalho) e 2016 (saldo
negativo de 1,32 milhão), quando o Brasil não teve pandemia nem lockdown.
c) Portanto, atitudes legislativas direcionadas à efetivação e reconhecimento de direitos,
como férias, 13º salário e FGTS, ainda confrontam a persistência de práticas de raiz
escravocrata. Recentes casos julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, como
o “Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil”, condenaram o Estado pela ausência
de proteção dos trabalhadores contra práticas de trabalho forçado.
d) Machado de Assis é o maior escritor brasileiro porque nenhum outro foi capaz de produzir
uma obra que atingisse a mesma magnitude da criação literária do Bruxo do Cosme Velho.
e) Em relação ao perfil social das pessoas resgatadas de escravidão contemporânea até
o momento em 2021, dados do Seguro-Desemprego do trabalhador resgatado mostram
que 89% são homens; 49% têm entre 18 e 39 anos; e 35% residem no Nordeste. Quanto
ao grau de instrução, 21% declararam só ter cursado até o 5º ano, 20% haviam estudado
do 6º ao 9º ano e outros 18% tinham ensino médio completo.

Há uma falácia em “d”: a petição de princípio (ou círculo vicioso), em que o autor apresenta
a própria declaração como prova dela (Machado é o maior escritor brasileiro porque ele é o
maior escritor brasileiro). Nas demais alternativas, as estratégias argumentativas não são

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falácias: “a” citação de autoridade; “b” apresentação de dados e cotejamento; “c” adoção
de método dedutivo (do geral para o particular); “e” apresentação de dados (estatísticos).
Letra d.

022. (INÉDITA/2023) Das falácias argumentativas abaixo, aquela que exemplifica uma
simplificação exagerada é:
a) “Se se defende a restrição à venda de armas de fogo para se evitar assassinatos, devemos
também restringir a venda de motosserras. Basta lembrar o caso de Paraipaba, em que um
homem tentou assassinar com uma motosserra um desafeto”.
b) “As jornalistas Aline Valek e Clara Averbuck lançaram um blog chamado “Escritório
Feminista” na Carta Capital. Certamente vão falar mal dos homens, pois é isso o que toda
feminista faz”.
c) Os africanos gostavam de ser escravos. Como disse Daenerys Targaryen, de Game of
Thrones, “As pessoas aprendem a amar as correntes que as prendem”.
d) Se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar, erradicaremos
a fome em nosso país!
e) “Quem lê jornais deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível de informação”.

Há simplificação exagerada em “d”: primeiramente, a erradicação da fome em nosso país


não ocorrerá se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar,
pois há muitos outros fatores envolvidos (como distribuição de renda, abertura de vagas
no mercado de trabalho etc.). Em segundo lugar, a solução é simplista: como se pode
empregar, de uma hora para outra, todos os jovens da geração “nem-nem”? Em “a”, “b”, “c”
e “e”, as falácias são estas, respectivamente: falsa analogia; generalização excessiva; apelo
à autoridade irrelevante; generalização excessiva.
Letra d.

023. (INÉDITA/2023) O segmento abaixo que exemplifica o tipo de texto denominado


instrucional é:
a) Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades quanto às concordâncias
verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa
com quem se fala), levam a concordância para a terceira pessoa.
b) Há uma correlação bem documentada em todo o mundo entre a pobreza e as altas
taxas de natalidade. Em países pequenos e grandes, capitalistas e comunistas, católicos e
muçulmanos, ocidentais e orientais — em quase todos esses casos, o crescimento exponencial

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da população diminui ou cessa quando desaparece a pobreza esmagadora. A isso se dá o


nome de transição demográfica.
c) Nos últimos tempos, vem se disseminando a tese da proposição de um suposto gênero
neutro na língua portuguesa. O tema é complexo, ainda mais quando se ignoram questões
caras para a ciência linguística, como a distinção entre gênero social e gênero gramatical,
a função da escrita enquanto sistema representacional que se relaciona com a fala e, mais
do que tudo isso, a dinamicidade em se tratando de línguas naturais.
d) Era uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada
do galinheiro:
- Vou cantar para fazer o sol nascer...
Ato contínuo, subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e
ordenava, definitivo:
- Có-có-ri-có-có... E ficava esperando.
e) Inspeção de segurança antes do uso: (i) a inspeção de segurança deve ser realizada antes
das atividades a serem exercidas por cada usuário. Para cada novo exercício, os dispositivos
e acessórios a serem utilizados devem ser conferidos quanto a sua segurança, limpeza
e adequação; (ii) certifique-se de que todos os componentes do equipamento estejam
devidamente fixados e posicionados antes de realizar os exercícios.

O texto instrucional (ou injuntivo) é caracterizado pelo predomínio da função conativa, na


qual se busca influenciar/dirigir o comportamento do interlocutor. Isso ocorre apenas em
“e”, pois o texto realiza instruções em relação a como deve ocorrer a inspeção de segurança.
Em “a”, temos um texto expositivo/metalinguístico; em “b”, um texto expositivo; em “c”, o
texto é argumentativo; em “d”, por fim, temos um texto narrativo.
Letra e.

Caros membros da Secretaria de Redação e do Conselho Editorial da Folha,


Nós, jornalistas da Folha aqui subscritos, vimos por meio desta carta expressar nossa preocupação
com a publicação recorrente de conteúdos racistas nas páginas do jornal. Sabemos ser incomum
que jornalistas se manifestem sobre decisões editoriais da chefia, mas, se o fazemos neste
momento, é por entender que o tema tenha repercussões importantes para funcionários e
leitores do jornal e no intuito de contribuir para uma Folha mais plural. O episódio a motivar
esta carta foi a publicação de artigo de opinião intitulado “Racismo de negros contra brancos
ganha força com identitarismo” (Ilustrada Ilustríssima, 16/1), em que Antonio Risério identifica
supostos excessos das lutas identitárias, que estariam levando a racismo reverso.
[...]
Reconhecemos o pluralismo que está na base dos princípios editoriais da Folha e a defesa que
nela se faz da liberdade de expressão. No entanto estes não se dissociam de outros valores

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que o jornalismo deve defender, como a verdade e o respeito à dignidade humana. A Folha não
costuma publicar conteúdos que relativizam o Holocausto, nem dá voz a apologistas da ditadura,
terraplanistas e representantes do movimento antivacina.
Por que, então, a prática seria outra quando o tema é o racismo no Brasil? Se textos como
o de Antonio Risério atraem audiência no curto prazo, sua consequência seguinte é minar a
credibilidade, que é, e deve ser, o pilar máximo de um jornal como a Folha. Por esses motivos,
convidamos a uma reflexão e uma reavaliação sobre a forma como o racismo tem sido abordado
na Folha. Acreditamos que buscar audiência às expensas da população negra seja incompatível
com estar a serviço da democracia.
(Carta aberta de jornalistas da Folha à direção do jornal, 19 de janeiro de 2022)

024. (INÉDITA/2023) O texto precedente pertence ao gênero carta argumentativa. Levando


em consideração o texto lido, assinale a característica menos adequada a esse gênero.
a) Explicitação do destinatário da carta por meio do vocativo.
b) Adoção de expressões coloquiais e de linguagem figurada.
c) Estruturação textual coesa, clara e objetiva.
d) Apresentação de argumentação que sustenta o ponto de vista de quem subscreve a carta.
e) Emprego de formas verbais e pronominais em primeira pessoa.

Uma carta argumentativa possui tipicamente as seguintes características (expressas em


“a”, “c”, “d” e “e”): explicitação do destinatário da carta por meio do vocativo; estruturação
textual coesa, clara e objetiva; apresentação de argumentação que sustenta o ponto de
vista de quem subscreve a carta; e emprego de formas verbais e pronominais em primeira
pessoa (do singular ou do plural). Em “b”, lemos uma característica que não é típica em
cartas argumentativas: a adoção de expressões coloquiais e de linguagem figurada.
Letra b.

025. (INÉDITA/2023) O texto a seguir foi retirado de uma Carta do Leitor do jornal Folha de
S.Paulo, de 17 de fevereiro de 2022.
Chegar bem aos 100
Excelente o artigo de Karla Giacomin na coluna Como Chegar Bem aos 100 (“Desconstrução
de políticas de Estado precisa ser denunciada, Corrida, 17/2). Precisamos denunciar
essa desconstrução política, especialmente aquelas que contemplam as necessidades da
população idosa.
Marília Berzins (São Paulo, SP)
A marca que NÃO está presente nesse gênero textual é:

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a) a presença da assinatura do emissor;


b) a utilização de linguagem próxima à do jornal;
c) o emissor busca posiciona-se em relação a determinada publicação ou acontecimento
recente;
d) o emprego de intertextualidade;
e) uma solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado.

As marcas linguístico-discursivas em “a”, “b”, “c” e “d” estão presentes no gênero textual
carta do leitor em análise (seja no gênero, seja no exemplo analisado). Em “e”, temos uma
marca não recorrente do gênero carta do leitor e inexistente no exemplo analisado: não há
solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado.
Letra e.

COESÃO E COERÊNCIA
Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar
políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).

Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue os seguintes itens.

026. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) A forma pronominal “Essa”, em “Essa é a pergunta”


(início do primeiro parágrafo), estabelece coesão por substituição.

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A coesão por substituição ocorre quando um vocábulo (principalmente pronomes) substituem


outro termo (e, como isso, realizam a retomada). É exatamente o que ocorre em “Essa é a
pergunta”, em que o pronome “Essa” substitui toda a oração interrogativa “Você mora em
um lugar competitivo?”.
Certo.

027. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No trecho “apenas cinco não mudaram de posição”


(segundo parágrafo), foi utilizada a estratégia de coesão por elipse.

A elipse ocorre quando se pode depreender a existência de um termo suprimido. Isso ocorre
no trecho em análise, pois é possível depreender a forma “estados” está subentendida em
“apenas cinco [estados] não mudaram de posição”.
Certo.

028. (IBFC/ANALISTA/DETRAN-DF/2022)

Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre

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capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

O emprego do pronome demonstrativo presente em “dessas atitudes” é justificado pelo


seguinte papel coesivo:
a) proximidade espacial em relação ao interlocutor.
b) referência antecipada a elementos pouco específicos.
c) proximidade de tempo entre a enunciação e a referência.
d) referência a elementos já apresentados no texto.

O pronome “essas”, presente em “dessas atitudes”, é um anafórico: retoma elementos já


apresentados no texto. Não se trata de referência espacial ou temporal. Também não se
trata de um termo catafórico (que antecipa algo a ser dito).
Letra d.

029. (INÉDITA/2023) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos.
Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão.
a) A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos pela
picada das fêmeas.
b) Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas
nos morros.
c) Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que
traduz essa noção singular do que seja o tempo.
d) A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional.
e) O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa forma
impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma.

Em (A), (B), (C) e (E), os termos destacados formam pares coesivos (são anáforas: o segundo
termo do par retoma o primeiro): protozoários<que; a terra<ela; uma famosa observação
do primeiro-ministro Chou En-Lai<que; os fatores estruturais<que. Em (D), diferentemente,
a coesão não ocorre entre o segundo termo do par (“que”) e o primeiro (“A paciência”). Na
verdade, a referência ocorre entre o pronome relativo “que” e “uma virtude”.
Letra d.

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Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

030. (INÉDITA/2023) O pronome “sua” (terceiro período do sexto parágrafo) retoma “homem”
(segundo período do sexto parágrafo).

Observando a cadeia coesiva do texto, confirmamos que o pronome “sua” retoma, na verdade,
“(n)esse milagre” (segundo período do sexto parágrafo). Como o referente apontado pelo
item é incorreto, a afirmativa está errada.
Errado.

SEMÂNTICA

031. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023)

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Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar
políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).

Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item.


No primeiro período do último parágrafo, a palavra “robusta” está empregada com o mesmo
sentido de arrojada.

Os vocábulos “robusta” e “arrojada” não são sinônimos. Por isso, não são intercambiáveis
(um não pode substituir o outro no contexto em análise). A diferença de significado é esta:
“robusto” significa algo de constituição física muito forte, vigoroso; “arrojado” denota que
aquilo que apresenta características inovadoras, progressistas; ousado.
Errado.

032. (CEBRASPE/ANALISTA/APEX BRASIL/2021)

Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno
negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma
fatia maior do comércio eletrônico.

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Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem ser
apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da
semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comerciante
que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este
guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores protegidos pela
norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra ou usa produtos
para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o comerciante
deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado
e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade desse tipo
de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na rede
devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na
transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico!
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação
do cliente – diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de
Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).

No primeiro parágrafo do texto CB2A1-I, o vocábulo “contingência” está empregado com


o sentido de
a) obrigação.
b) circunstância.
c) iminência.
d) urgência.

O contexto é este: “A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas


oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE),
que se veem na contingência de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de
lucratividade e novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico.” Aqui,
o sentido é de “eventualidade”, “caráter do que é circunstancial” (segundo o dicionário
Houaiss, 2009). Nesse sentido, o substituto adequado é “circunstância”, em (B): “A rapidez da
difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno negócio,
o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na circunstância de mudança

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na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com


uma fatia maior do comércio eletrônico.”
Letra b.

033. (FGV/AUDITOR/TCE-ES/2023) Todas as frases abaixo mostram verbos ligados à ação


de “ver”. A frase em que o verbo sublinhado NÃO está adequadamente empregado, por não
ter seu sentido adequado ao contexto, é:
a) O atirador mirou com cuidado o alvo pretendido;
b) O caçador vislumbrou o animal entre a folhagem;
c) No museu, pessoas observam desatentas os inúmeros quadros;
d) Ao entrarem na Capela Sistina, os turistas contemplam obrigatoriamente as pinturas
do teto;
e) O daltonismo não permitia que ele distinguisse o verde do vermelho.

Os significados de “mirar” (fixar os olhos em), “vislumbrar” (enxergar parcial, indistinta ou


fracamente; entrever), “contemplar” (fixar o olhar em (alguém, algo ou si mesmo), com
encantamento, com admiração) e “distinguir” (perceber a diferença entre (coisas) ou ser
diferente de (algo)) estão adequados para o contexto de ocorrência. No caso de “observar”,
em (C), o problema está no emprego do vocábulo “desatentas”, já que o ato de observar
pressupõe a ideia de ver com atenção.
Letra c.

034. (FGV/AUXILIAR/PREF. MUN. PAULÍNIA-SP/2021) Um jornal de Paulínia é chamado de


vespertino; isso significa que esse jornal
a) era distribuído somente em alguns bairros.
b) só era distribuído à tarde.
c) era publicado somente nos dias úteis.
d) tratava exclusivamente de eventos festivos.
e) era marcado por fazer críticas violentas.

O termo “vespertino” designa o turno do dia em que algo ocorre: à tarde. Assim, se o jornal
é chamado de “vespertino”, isso significa que ele era distribuído/publicado neste turno (isto
é, à tarde). Por isso, temos a alternativa (B) como adequada. Nas demais alternativas, as
noções apresentadas não são compatíveis com a semântica do termo “vespertino”: local

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de distribuição, dia da semana em que o jornal era publicado; tipo de evento abordado pelo
jornal; e tipo de crítica realizada pelo jornal.
Letra b.

035. (INÉDITA/2023) Assinale a frase a seguir que está isenta de ambiguidade.


a) A nomeação do Ministro foi surpreendente.
b) O médico descartou os aparelhos velhos.
c) Pedro encontrou Maria andando pela orla da praia
d) A descrição de Saramago foi bem feita.
e) Os operadores não atendiam ninguém de roupa suja.

Em (B), não há ambiguidade: os sentidos veiculados pela frase são um só: alguém (o médico)
fez algo (descartou os aparelhos que eram velhos). Em (A), (C), (D) e (E), há mais de um
sentido para cada frase: (A) Ministro foi nomeado ou nomeou; (C) Pedro estava andando
quando encontrou a Maria/Maria estava andando quando foi encontrada; (D) Saramago
descreveu bem ou foi bem descrito (por outra pessoa); (E) os operadores não atendiam
de roupa suja; ninguém era atendido se (o público a ser atendido) estivesse de roupa suja.
Letra b.

FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM

036. (FCC/TÉCNICO/TRT-18/2023)

Imagine uma pessoa afivelada a uma cama com eletrodos colados em suas têmporas. Ao se
girar um botão situado em local distante, a corrente elétrica nos eletrodos aumenta em grau
infinitesimal, de modo que o paciente não chegue a sentir. Um hambúrguer gratuito é então
ofertado a quem girar o botão. Ocorre, porém, que, quando milhares de pessoas fazem isso −
sem que cada uma saiba das ações das demais −, a descarga elétrica gerada é suficiente para
eletrocutar a vítima. Quem é responsável pelo quê? Algo tenebroso foi feito, mas de quem é a culpa?
O efeito isolado de cada giro do botão é, por definição, imperceptível − são todos “torturadores
inofensivos”. Mas o efeito conjunto é ofensivo ao extremo. Até que ponto a somatória de ínfimas
partículas de culpa se acumula numa gigantesca dívida moral coletiva? − O experimento mental
concebido pelo filósofo britânico Derek Parfit dá o que pensar. A mudança climática em curso
equivale a uma espécie de eletrocussão da biosfera. Quem a deseja? A quem interessa? O ardil da
desrazão vira do avesso a “mão invisível” da economia clássica. O aquecimento global é fruto da
alquimia perversa de incontáveis ações humanas, mas não resulta de nenhuma intenção humana.
E quem assume − ou deveria assumir − a culpa por ele? Os 7 bilhões de habitantes da Terra
pertencem a três grupos: o primeiro bilhão, no cobiçado topo da escala de consumo, responde

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por 50% das emissões de gases-estufa; os 3 bilhões seguintes por 45%; e os 3 bilhões na base da
pirâmide (metade sem acesso a eletricidade) por 5%. Por seu modo de vida, situação geográfica
e vulnerabilidade material, este último grupo − o único inocente − é o mais tragicamente afetado
pelo “giro de botão” dos demais.
(GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)

Pode ser considerada paradoxal a seguinte expressão empregada no texto:


a) efeito isolado.
b) torturadores inofensivos.
c) ínfimas partículas.
d) intenção humana.
e) vulnerabilidade material.

Segundo o dicionário Houaiss (2009), um paradoxo é uma contradição (isto é, uma oposição
entre noções, as quais tipicamente são incompatíveis quando em contraste). Isso ocorre
em (B), já que a figura de um torturador não pode ser considerada como inofensiva. Nas
outras alternativas, não se observam paradoxos.
Letra b.

037. (IDECAN/DESENVOLVEDOR/SEFAZ-RR/2023)

Postei uma foto no meu perfil do Instagram em que apareço tomando a vacina contra a Covid-19.
Na legenda, de poucas palavras, deixei claro que era a terceira dose. Recebi muitas curtidas e alguns
comentários, entre eles o de uma moça que perguntou: “Martha, você já tomou a terceira dose?”
Dias antes, havia postado sobre o lançamento do meu novo livro no Rio, em fevereiro próximo, e
disse na legenda: “Não há outras cidades confirmadas. Quando houver, avisarei”. De novo, muitas
curtidas e alguns comentários, entre eles: “E Goiânia?” “Curitiba quando?”
Não sou louca de desconsiderar: é carinho, eu sei. Mas é também um sintoma. Houve um tempo
em que as pessoas liam livros, muitos deles extensos, divididos em dois ou três volumes. Depois
veio a era tecnológica e com ela a impaciência: leituras rápidas, cultura do aperitivo. E agora nem
isso: a criatura passa os olhos por duas linhas e não registra nada.
Ninguém mais quer perder tempo, é o argumento de defesa. Mas não me convenço. A falta de foco,
sim, é que nos faz perder tempo: somos obrigados a repetir as perguntas, repetir as respostas,
voltar aos mesmos assuntos duas, três, cinco vezes. Estamos nos comunicando miseravelmente,
trocando mensagens cifradas por WhatsApp, com preguiça de dar uma informação completa,
de prestar atenção nos detalhes, de facilitar o entendimento. Agimos como aquelas telefonistas
estressadas que atendiam um cliente enquanto deixavam outros sete pendurados (na saudosa
época em que não falávamos com robôs).

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Essa pressa toda pra quê mesmo? Dizem que é o tal do “Fear of Missing Out”, ou em bom português,
“medo de ficar por fora”. Em vez de a pessoa se dedicar uns minutinhos a concluir o que está
fazendo – uns minutinhos!! – ela some e já está em outra e depois outra e ainda outra interação,
que serão igualmente capengas. Isso é medo de ficar por fora? A pessoa já está em órbita e não
percebeu. Fica batendo de porta em porta e não entra em lugar nenhum.
Adentre, amigo. Puxe uma cadeira e sente. Converse. Pergunte pela família. Olhe nos olhos. Cinco
minutos de atenção não arrancarão pedaço. Fique o suficiente para demonstrar que se importa
com seu interlocutor. Cale-se e escute. Nutra esses preciosos cinco minutos, para que eles não
se dissolvam por inanição.
Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a
falta de cuidado e de concentração. Ninguém mais se esforça minimamente para estabelecer
uma conexão verdadeira. Agora virou moda dizer que fulano tá ON, sicrana tá ON. Balela. ON a
gente estava quando se importava. Agora estão todos OFF, desligados crônicos, vivendo a falsa
ilusão de uma vida plena. ON está aquele que consegue pausar.
Martha Medeiros. In: NSC Total. Acesso em:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/martha-
medeiros/quem-esta-on, 14 out., 2022

“Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações,


com a falta de cuidado e de concentração.” (linhas 22 e 23)
O uso repetido da preposição com é um recurso linguístico chamado de
a) catáfora.
b) dêitico.
c) elipse.
d) anáfora.
e) silepse.

ATENÇÃO! O conceito de “anáfora” envolve dois significados. Segundo o dicionário Houaiss


(2009), uma anáfora pode ser a “repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de
duas ou mais frases sucessivas, para enfatizar o termo repetido” ou um “processo pelo qual
um termo gramatical retoma a referência de um sintagma anteriormente”. A questão da banca
examina o primeiro significado: a repetição do termo “com” configura uma anáfora. Não se
trata, então, de catáfora (antecipação de uma expressão), dêitico (referente ao momento
da enunciação), elipse (supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido) ou
silepse (concordância lógica).
Letra d.

038. (CEBRASPE/INSTITUTO RIO BRANCO/DIPLOMATA) A sentença “Eu era a imagem do que


não era” expressa um paradoxo ou oximoro.

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Comentário: estamos diante de um paradoxo, de expressões que denotam sentidos (ideias)


contraditórias, opostas: ser x não ser. Observe, em especial, que a banca não faz distinção
entre os termos “paradoxo” e “oximoro”.
Certo.

039. (INÉDITA/2023)

André Dahmer

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O humor da tirinha reside no fato de o personagem “Homem Literal” ser incapaz de interpretar
figurativamente a expressão “Vá ver se eu estou lá na esquina”.

Por “incapaz de interpretar figurativamente”, devemos entender: interpretar apenas


literalmente (por isso ele é o “Homem Literal”!). Por meio da leitura da linguagem não
verbal, observamos o Homem Literal de fato indo a algum lugar (a esquina), o que confirma
a interpretação literal da expressão.
Certo.

040. (INÉDITA/2023) Uma antítese é um tipo de linguagem figurada em que ocorre a presença
de duas palavras de sentido oposto; a frase abaixo em que NÃO ocorre a presença de uma
antítese ou de um paradoxo é:
a) “Onde nasci, morri. Onde morri, existo. E das peles que visto muitas há que não vi.” (Carlos
Drummond de Andrade);
b) “Ao olhar para o Universo, o homem é nada. Ao olhar para o Universo, o homem é tudo.”
(Marcelo Gleiser);
c) “Em tristes sombras morre a formosura; em contínuas tristezas a alegria.” (Gregório
de Matos);
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d) “Oh, metade exilada de mim, leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco que
aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais.” (Chico Buarque);
e) “Qualquer novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações.” (Hugo von
Hofmannsthal).

Em “d”, temos o predomínio de uma figura denominada comparação (além de haver


personificação), não de antítese ou paradoxo. Nas demais alternativas, observam-se as
seguintes antíteses: “a” nascer/morrer; morrer/existir; “b” nada/tudo; “c” tristeza/alegria;
e “e” dissolução/integração.
Letra d.

041. (INÉDITA/2023)

O papel social da literatura africana


Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura. Fazia apenas
27 anos que a Nigéria, seu país natal, se tornara independente. Pensar que um africano poderia
receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu intelecto e sua obra é algo recente em
nossa história. Faz 34 anos do reconhecimento de Soyinka e 28 anos que uma mulher negra, Toni
Morrison, recebeu o Nobel de Literatura de 1993.
A realidade de pessoas não brancas e não Ocidentais receberem reconhecimento no Ocidente
é tão nova quanto a emergência dos Estados africanos contemporâneos e o fim das leis de
segregação nos Estados Unidos e África do Sul. Se autores do século XVI, como Shakespeare ou
Camões, podiam ser naturalmente considerados como parte do cânone da Literatura, os autores
não europeus, em especial as mulheres do Sul global, estavam fora desse mundo. Mas quem fez
o mundo do modo que ele é, excludente, segregado e racializado?
Nossa história foi e em muitos sentidos continua sendo mediada pelo Ocidente e essa mediação
fez e faz constantes escolhas intelectuais e políticas embasadas em fortes estruturas mentais
inventadas pelo próprio Ocidente. Duas marcantes ideias dessa estrutura mental para pensarmos
o papel social da literatura africana são o racismo e o eurocentrismo. São apenas duas delas,
mas deveras definidoras.
Seguindo o pensamento ocidental desde sua expansão globalizante no século XVI, damo-nos
conta de que sua visão de mundo é excludente. Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas
e suas literaturas (orais e escritas) não merecem existir. Ao olhar do estrangeiro que possui um
cocuruto recheado de ideias eurocêntricas do que é errado e do que é certo, ao chegar em África
esse estrangeiro só enxerga coisas erradas, formas desviantes de todas expressões morais,
éticas, sociais e culturais de seu berço europeu. O mesmo ocorreu com os povos originários da
América, da Oceania e da Ásia.
Não falam como falam na Europa, não conhecem e não acreditam no mesmo deus, não vivem
como se vive na Europa. O continente que colonizou a maior parte do mundo tratou de classificar

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o mundo por meio do que considerava ausências. Se não há o que existe na Europa, então não
existe nada. É então esse povo classificado pelo outro, considerado inferior e sem valor.
Mas em vez de entender o não europeu apenas como diferente e assim deixá-lo, o pensamento
centrado na Europa se propõe universal. Por isso, ao encontrar esse mundo diferente, o desejo
de quem se considera correto é de destruir ou alterar aquilo que se considera errado. E assim
foi que a missão colonizadora, carregada de uma visão de mundo estrangeira aos africanos,
penetrou em suas “terras selvagens”, entre seus “povos incivilizados” para direcioná-los da
“escuridão para a luz.”
A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. A literatura africana é um testemunho
disso. Foi nesse mundo que Wole Soyinka nasceu. Ele e outros de sua geração, como Chinua
Achebe, Ngũgĩ wa Thiong’o, Es’kia Mphahlele, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Ousmane Sembène,
Ana Paula Tavares, Uanhenga Xitu e Rebeka Njau. Essa geração, em diferentes locais da África,
viveu a noite colonial, viu os sóis das independências e descobriu a vida no crepúsculo de um
mundo que ainda existe entre a colônia e a pós-colônia.
(Le Monde Diplomatique Brasil. 4.10.2022)

Utiliza-se a figura de linguagem conhecida como piada da internet conta que no seguinte
trecho:
a) [...] o pensamento centrado na Europa se propõe universal. (6º parágrafo)
b) Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura.
(1º parágrafo)
c) Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não
merecem existir. (4º parágrafo)
d) Pensar que um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu
intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. (1º parágrafo)
e) A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. (7º parágrafo)

A metáfora é a “designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa


outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança” (Houaiss,
2009). Em (E), o termo “noite” não significa especificamente o “tempo que transcorre
entre o ocaso e o nascer do sol”. Na verdade, designa um período de ignorância, de
desesperança, de obscurantismo (isto é, o que representou o período colonial para a África).
Nas demais alternativas ((A), (B), (C) e (D)), os termos estão sendo empregados em sentido
predominantemente denotativo.
Letra e.

042. (INÉDITA/2023) A frase que exemplifica um caso de linguagem figurada é:


a) O dólar é uma moeda estável.

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b) O Brasil está queimando.


c) A atriz acusa o diretor de assédio.
d) Os empresários apresentaram um manifesto ao governo.
e) O Ministro Celso de Mello antecipa aposentadoria e deixará STF em 13 de outubro.

A linguagem figurada está presente em (b), já que a expressão “O Brasil está queimando” não
significa “toda a extensão territorial da República Federativa do Brasil está sendo tomada
pelo fogo”. Pela expressão, quer-se dizer que os focos de queimadas estão se ampliando
por muitas áreas (e, para destacar que as áreas são extensas e que e os focos são muitos,
há uma espécie de exagero na afirmação, de ampliação do espaço em que as queimadas
estão presentes).
Nas demais alternativas, não há linguagem figurada, mas literal (o que se afirma em (a),
(c), (d) e (e) traduz exatamente o que se vê em realidade).
Letra b.

043. (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJ-RO/2021)


Uma piada da internet conta que “Na minha cidade, havia um sujeito tão magro que,
para ter certeza de que havia entrado no Banco, ele devia passar duas vezes pela mesma
porta giratória”.
Essa piada se apoia em um caso de linguagem figurada denominado:
a) metáfora, porque mostra uma comparação;
b) hipérbole, porque contém um exagero;
c) eufemismo, porque traz a atenuação de uma ideia ruim;
d) gradação, porque se apoia numa sequência de termos;
e) ironia, porque afirma algo por meio do seu contrário.

Estamos diante de uma linguagem figurada denominada hipérbole: há um exagero em


relação a quão magro é o sujeito.
Letra b.

044. (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2018)

Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina,
já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um
sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente
dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos

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não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente,
investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.
Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a
tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento.
Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma
espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo
de sua gravidade: o seu humor.
Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem
ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles
desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade.
Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos
subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo
tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.
A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do
esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão,
e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro
essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa
forma, sua existência.
Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são
bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade
de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma
vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso
explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.

Considerando o contexto, está correto o que se afirma em:


a) “caçoar” (4º parágrafo) está empregado em sentido metafórico.
b) “primitivos” (4º parágrafo) e “selvagens” (1º parágrafo) são sinônimos.
c) “mitos” e “pensamento” (2º parágrafo) são antônimos.
d) “selvagens” (1º parágrafo) é hiperônimo de “homens”.
e) “primitivos” (4º parágrafo) está empregado de forma irônica.

Uma forma de identificar que a palavra “primitivos” está sendo empregada com ironia é
a presença de aspas. O mesmo ocorre, por exemplo, no primeiro parágrafo (“selvagens”).
A alternativa (A) está incorreta porque a palavra “caçoar” não está sendo empregada no
sentido metafórico (na verdade, emprega-se no sentido denotativo, literal). Em (B), os
termos destacados não são intercambiáveis (como seria em uma sinonímia), pois denotam
sentidos distintos. A alternativa (C) está errada porque os termos em destaque não são
antônimos (o mito é uma espécie de pensamento). Por fim, na alternativa (D), a semântica

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de “selvagem” não recobre o grupo semântico denotado por “homens”, por isso não pode
ser hiperônimo.
Letra e.

045. (IUDS/OFICIAL/CÂM. DE ESTÂNCIA DE SOCORRO/2022)

Pode-se dizer, em relação ao texto que:


a) o termo “doces” gera humor devido a relação de sinonímia.
b) não há polissemia, pois os termos têm significado único.
c) “doces tempos” é ambíguo e responsável por desencadear o efeito de humor.
d) o vocábulo “doces” é polissêmico porque ambas as ocorrências têm sentido denotativo.

A ambiguidade está presente no termo “doce”, o qual é polissêmico: pode caracterizar


situações/acontecimentos tranquilos, felizes ou pode caracterizar algo (um alimento)
preparado com açúcar ou outra substância adoçante. Esse termo não é polissêmico porque
ambas as ocorrências têm sentido denotativo (na verdade, o primeiro sentido é figurado).
No quadrinho em questão, o termo não estabelece relação de sinonímia (com outro termo).
Letra c.

REESCRITA

046. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEE-PE/2023)

Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade
dos alunos, o ensino médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da
educação básica. Com o fechamento das escolas e o distanciamento dos estudantes do convívio
educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificuldades a serem
enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet.
Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem
dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa

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realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de


Juiz de Fora (UFJF) apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segundo a pesquisa
amostral, em matemática, o desempenho alcançado no 3º ano do ensino médio foi de 255,3
pontos na escala de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao final do 9º ano
do ensino fundamental no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua
portuguesa, os estudantes do 9º ano apresentaram uma queda de 12 pontos, e os do 3º ano do
ensino médio, de 11 pontos.
Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm muito trabalho para identificar os reais
prejuízos, dimensioná-los e encontrar caminhos e soluções para que professores e estudantes
possam retomar a aprendizagem.
Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na Geledés, organização da sociedade civil
que se posiciona em defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de que não foi
possível atender todos os alunos” na educação pública. “Os dados indicam um baixo número
de participação dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares acompanharem a
resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados
também mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à resolução das tarefas.”
De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ainda mais atenção. “É preciso prestar
atenção nessa condição: a pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade de
realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma casa pequena ou onde não há cômodos
suficientes”, contextualiza Suelaine.
Agravada pela pandemia, que engrossou o número de trabalhadores desempregados, a questão
econômica foi um dos grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensino médio.
“Temos alunos que estão trabalhando no horário de aula, dizendo que precisam ajudar a família,
e aos fins de semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir Ferreira, da Escola
Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vista (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar
que não conseguem aprender nada e desabafam por sentir que a aprendizagem foi prejudicada,
principalmente os que estão em processo de preparação para o vestibular.
Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos não são irreversíveis, como outros
especialistas têm apontado. “Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas,
compromisso público com a educação, de forma a desenvolver diferentes ações”, diz ela.
Internet: <novaescola.org.br> (com adaptações).

Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item.


Em “Para Suelaine Carneiro” (início do quarto parágrafo), a palavra “Para” poderia ser
substituída por Segundo, sem prejuízo dos sentidos e da correção gramatical do texto.

As duas formas – “para” e “segundo” – são conectivos que denotam conformidade. Por essa
razão, são intercambiáveis (um termo pode substituir o outro no contexto de ocorrência
em análise).
Certo.

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047. (IADES/AUDITOR/VISA-DF/2023)

Operação Pronto Emprego


A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020, à Operação Pronto Emprego, com o objetivo
de combater as invasões de terra e obras irregulares, ainda em fase inicial de construção. A
operação busca dar resposta às denúncias dessa natureza dentro do prazo de até 72 horas,
a partir do conhecimento do fato. Dessa forma, procura reduzir os impactos social, político e
financeiro, inclusive para os infratores.
São removidas casas e barracos desabitados, cercamentos, bases para construção, muros, caixas
d’água irregulares, cisternas, poços, entre outras edificações ilegais.
NEUBERGER, Tereza. Disponível em: <https://jomaldebrasilia.com.br/brasilia/ Acesso em: 30
jan. 2023, com adaptações.

Com base nas regras de concordância prescritas pela norma-padrão e nas relações
morfossintáticas do texto. assinale a alternativa correta.
a) A redação Foi iniciado pela Secretaria DF Legal, em agosto de 2020, a Operação Pronto
Emprego poderia substituir o trecho “A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020,
à Operação Pronto Emprego”.
b) O trecho “ainda em fase inicial de construção” poderia ser substituído pela redação a
qual ainda se encontra em fase inicial de construção.
c) A autora deveria empregar o vocábulo bastante no plural, caso desejasse incluí-lo diante
do substantivo “denúncias”.
d) A construção “os impactos social, político e financeiro” não poderia ser substituída pela
redação o impacto social, o político e o financeiro.
e) A construção “São removidas” poderia ser substituída pela forma Remove-se.

Ainda que a redação fique estranha, é correto registrar “às bastantes denúncias” (equivalente
a “às muitas denúncias”), pois o termo é adjetivo. Nas demais alternativas, os registros
corretos seriam estes: (A) foi iniciada a Operação (concorda com o termo feminino); (B) as
quais ainda se encontram (retoma “as invasões e obras”); (D) a substituição é possível (note o
determinante antes do 2º adjetivo); (E) Removem-se (concorda na terceira pessoa do plural).
Letra c.

048. (IADES/ANALISTA DE COMUNICAÇÃO/CAU-MS/2021) Tendo como referência a


norma-padrão, as questões gramaticais e os sentidos que envolvem o texto, assinale a
alternativa correta.
a) Em “Todo esse patrimônio é desconhecido do povo brasileiro, que tem referências sobre”
(linhas de 29 a 31), se houver a substituição de “povo brasileiro” por brasileiros, a nova
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construção será “Todo esse patrimônio é desconhecido dos brasileiros, os quais têm
referências sobre”.
b) O verbo sublinhado na construção “tendo parte de suas edificações e de seu traçado
urbano tombada como patrimônio da União pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) há 30 anos.” (linhas de 5 a 8), poderia ser substituído pela forma
verbal fazem.
c) Em “é uma cidade que foi quase destruída com a Guerra do Paraguai” (linhas 4 e 5),
poder-se-ia substituir a construção em voz passiva por sua correspondente na voz ativa:
O Paraguai quase destruiu a cidade.
d) Considerando a colocação pronominal, se, no trecho “Fazendas rurais e sua arquitetura
tipicamente mineira fundem-se com o” (linhas 16 e 17), caso houvesse o acréscimo de não
depois da palavra “mineira”, a próclise seria facultativa.
e) No trecho “localizada às margens do Rio Paraguai” (linha 3), a expressão sublinhada
poderia ser substituída por a beira do.

A substituição proposta em (A) está adequada: o pronome relativo passa a “os quais” e o
verbo “têm” deve ser registrado com circunflexo (porque o sujeito será de terceira pessoa
do plural). Nas demais alternativas, as incorreções são estas: (B) no sentido de tempo
decorrido, o verbo “fazer” deve permanecer invariável (terceira pessoa do singular: faz 30
anos); (C) a construção proposta não é a versão ativa da passiva correspondente (a versão
ativa seria algo como “alguém/algo quase destruiu que [= uma cidade]”; (D) com a presença
da palavra “não”, a próclise é obrigatória; (E) a substituição não registra a crase obrigatória
em “à beira do”.
Letra a.

Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.

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Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.

049. (INÉDITA/2023) A substituição do trecho “tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se


da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas”
(terceiro período do quarto parágrafo) por “como recuperar subitamente a visão ou erguer-
se da cadeira de rodas com o semblante bem-aventurado e a leveza de quem caminha sobre
as águas” manteria os sentidos e a coerência do texto.

Todas as substituições estão adequadas, pois mantêm os sentidos originais e a coerência


do texto: “tipo” e “como”; “de súbito” e “subitamente”; “beatificado” e “bem-aventurado”;
e “pisa sobre” e “caminha sobre”.
Certo.

050. (INÉDITA/2023) No sexto período do terceiro parágrafo, a substituição de “Nem sequer”


por Nem ao menos prejudicaria a coerência e a correção gramatical do texto.

A substituição, na verdade, é adequada e não prejudicaria a coerência e a correção gramatical


do texto. As duas formas expressam negação, introduzindo algo não realizado.
Errado.

No livro O Visconde Partido ao Meio, de Italo Calvino, o jovem Medardo di Terralba se mete em
uma batalha pela cristandade, leva um balaço de canhão e sai cortado em duas metades: o lado
esquerdo é benigno, o direito é insidioso. Se fosse possível dividir o padre Júlio Renato Lancellotti

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em dois, a banda boa seria de uma simpatia comovente. O religioso tem fraqueza por doces
retrôs, como marzipã e marrom-glacé, especialmente o espanhol. Reserva os sábados para
regar plantas. Vive rodeado por uma coleção de imagens de seus santos preferidos, a maioria
deles com histórias de vida dificílimas. Gosta de citações. Em momentos graves das conversas,
encaixa uma da escritora existencialista Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se
não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Em horas mais descontraídas, lembra da
frase atribuída ao bovino Homer, o pai na animação Os Simpsons: “Se a culpa é minha, eu coloco
em quem eu quiser.” Orgulha-se de nunca ter tirado férias e só ter ido ao exterior rapidamente
e a trabalho, em rasantes pela Itália, Colômbia, Nicarágua, Panamá e El Salvador. Parece muito
feliz com sua opção de não ter carro, roupas de marca, sapatos caros ou títulos imponentes
demais dentro da Igreja Católica. Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela
casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo – só na sala,
são três, escoradas umas nas outras; no corredor, quatro, que sobem do chão até o teto como
cobras. Às vezes, fica pensando quem é que cuidará desse acervo quando morrer.
A metade atroz do padre partido ao meio seria casca-grossa. Ele tem iracúndias sagradas – e
não raro estoura alguma gritaria fenomenal na sacristia da Paróquia São Miguel Arcanjo, uma
pequena igreja, bem no limite entre os bairros do Belenzinho e da Mooca, que comanda há 36
anos. Personalista, tende a narrar os feitos de sua comunidade na primeira pessoa, o que às
vezes irrita e espana alguns colaboradores. Como, ao longo da vida, já visitou vários círculos
do Inferno de Dante, é desconfiado e solta frases que parecem delírios persecutórios como
“o próximo ataque, eu nunca sei de onde virá…”. Exige, sempre, soluções imediatas para o que
quer e arma circos homéricos quando não consegue – como sabem todos os últimos prefeitos
de São Paulo. E, por causa desse conjunto, pode provocar decepções nos que esperam virtude
total dos líderes espirituais, mais ou menos como aquele desapontamento planetário de 2019,
quando o papa Francisco, num arroubo de irritação extrema, tascou uma palmada nas mãos de
uma peregrina que o puxou pelo braço.
Na vida pública, o padre Júlio Lancellotti é há décadas realmente cortado ao meio, em duas fatias
irreconciliáveis. Por um lado, é beatificado em vida por seu destemido trabalho de assistência aos
excluídos dos excluídos: os sem-teto, a população carcerária, os menores infratores, as crianças
órfãs portadoras de HIV, os jovens LGBTQIA+ que são marginalizados. Por outro, é demonizado
como aproveitador da população carente, um “esquerdopadre” viciado em mídia. Lancellotti
reage suspendendo os ombros, num misto de indiferença e desânimo, sempre que fala desse
pêndulo frequente sobre sua cabeça. “Na verdade, eu acho é que muita gente me vê como um
enigma”, diz, ajeitando o longo crucifixo que usa no pescoço.
Mesmo dentro da Igreja Católica, o padre Júlio ocupa um lugar próprio, sujeito a rapapés e
pedradas. No Brasil, a instituição é formada por uma tropa de 268 bispos, 48 cardeais na ativa
e 19 428 padres distribuídos por 12,2 mil paróquias. Para se manter dentro dos preceitos, todos
precisam andar na linha hierárquica e fechar questão em temas fundamentais de fé e moral,
o que não é pouco. De resto, a Igreja é um cintilante regime democrático. Qualquer integrante
do clero tem o direito de ser um conservador, um moderado ou um progressista. Nesse aquário
colorido, a maioria esmagadora dos sacerdotes com influência que vai além de seus altares
integra a categoria dos cantores e/ou youtubers ligados à Renovação Carismática, corrente

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de orientação conservadora. Dono de um magnetismo envolvente, o padre Marcelo Rossi é o


expoente dessa ala.
Aos 72 anos, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, o
padre Júlio Lancellotti é também um nome famoso, mas acomoda-se numa gaveta mais solitária.
Ele é, hoje, o padre mais político do Brasil.
(Angélica Santa Cruz. O Padre que morde. Revista Piauí, 18 de julho de 2021).

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.

051. (INÉDITA/2023) Sem prejuízo da correção gramatical, a expressão “com histórias de


vida dificílimas” poderia ser substituída por “com histórias de vida dificílima”.

Em “com histórias de vida dificílimas”, a concordância do termo “dificílima” ocorre com


“histórias de vida” (as “histórias de vida” é que são dificílimas). Em “com histórias de vida
dificílima”, por sua vez, a “vida” é que é dificílima. A concordância, portanto, está adequada.
Se há ou não mudança de sentido, isso não importa, pois o item expressa com clareza: “Sem
prejuízo da correção gramatical”.
Certo.

052. (INÉDITA/2023) Em “Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa
onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém”, o vocábulo “embevecido” poderia ser
substituído por “envaidecido”, sem prejuízo do sentido original do texto.

O termo “envaidecido” não é sinônimo de “embevecido”, por isso a substituição gera prejuízo
do sentido original do texto. “Embevecido” significa “extasiado”, “encantado”.
Errado.

053. (INÉDITA/2023) Estaria gramaticalmente correta a substituição de “há” por “existe”


em “que comanda há 36 anos” (2º parágrafo).

A substituição de “haver” por “existir” só é possível quando o verbo “haver” denota existência.
Quando “haver” denota tempo decorrido, essa substituição não é gramaticalmente correta.
Errado.

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054. (INÉDITA/2023) Em “pela casa onde mora com os sobrinhos”, o vocábulo “onde” poderia
ser substituído pela expressão “em que”, sem prejuízo da correção gramatical e do sentido
original do texto.

As duas expressões (“onde” e “em que”) denotam localização. Além disso, a neutralidade de
“que” permite a vinculação à expressão “casa”. Afirmativa correta, portanto.
Certo.

055. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018)

Pronomes
1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
— O quê?
4 — Você não vai ficar chateado?
— O que é?
— Não fala tão certo.
7 — Como assim?
— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.
— Por quê?
10 — É que a turma repara. Sei lá, parece...
— Soberba?
— Olha aí, “soberba”. Se você falar “soberba”, ninguém vai saber o que é. Não fala “soberba”. Nem
“todavia”. Nem “outrossim”. E cuidado com os pronomes.
— Os pronomes? Não posso usá‐los corretamente?
16 — Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não
falou nada. Até comentaram:
— Ó, Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer “Não, é que, falando, sentir‐me‐ia vexado”, mas se conteve a tempo. Depois, quando
estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.
24 — Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.
Luis Fernando Verissimo. Contos de verão. In: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Cultura, p. D2,
jan./2000.

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir.

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No trecho “— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.” (linha 8), a inserção de ponto e
vírgula no lugar de ponto continuativo entre as duas orações, com a devida conversão de
letra maiúscula em minúscula, manteria a correção gramatical e a coesão textual.

A reescrita proposta ficaria assim: “Você fala certo demais; fica meio esquisito.” Como se
vê, as relações coesivas são mantidas com a substituição do ponto final por ponto e vírgula,
dado que as orações são semanticamente próximas (interagem mais fortemente, tendo em
vista a primeira afirmativa ser retomada na elipse do verbo “fica”, na segunda afirmativa).
Certo.

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REFERÊNCIAS

ADLER & DOREN. Como ler um livro. 1990.

AZEREDO, J. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2008.

BRASIL. Manual de Redação da Presidência da República. 2018.

CAMACHO, R. Sociolinguística. 2001.

GARCIA, O. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever aprendendo a pensar.


2013.

HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 2009.

JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 2014.

KOCH, I. Introdução à linguística textual. 2013.

KOCH, I. O texto e a construção dos sentidos. 2008.

MARCUSCHI, L. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 2012.

MEDEIROS, J. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 2017.

PEIRCE, C. Semiótica. 2016

PEREIRA & NEVES. Ler/Falar/Escrever. Práticas discursivas no ensino médio: uma


proposta teórico-metodológica. 2012.

PLATÃO & FIORIN. Para entender o texto: leitura e redação. 2007.

PRETO, D. Sociolinguística: os níveis de fala. 2000.

WALTON, D. Lógica informal. 2012.

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ANEXO
SIGLAS E ABREVIATURAS
e.g. – exempli gratia (forma latina de “por exemplo”).
etc. – et cetera (forma latina de “e outras coisas”).

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Abra

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crie

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