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Introdução ....................................................................................................................... 4
NECESSIDADES ENERGÉTICAS............................................................................... 6
ESTRATÉGIAS GERAIS .............................................................................................. 8
Proteína ........................................................................................................................... 8
Gordura ......................................................................................................................... 11
Fluídos .......................................................................................................................... 11
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corpo, e que o seu desempenho esportivo é influenciado pelo seu estado nutricional,
uma alimentação correta e adaptada aos objetivos esportivos torna-se fundamental.
Neste texto, o termo ‘atleta’ não se refere apenas ao atleta profissional, mas
também a todos aqueles que praticam atividade física de uma forma regular, com
objetivos esportivos definidos e que têm como objetivo a maximização do desempenho
esportivo. Portanto, o termo inclui desde jogadores de futebol profissional, a
participantes em meias-maratonas ou maratonas. O importante é que o objetivo
primordial seja o rendimento no treino.
De uma forma geral, os principais objetivos da Nutrição de Atividades Físicas
pretendem:
1. Alcançar as necessidades energéticas e em nutrientes necessárias para
suportar o programa de treino e os momentos de competição;
2. Atingir e manter uma composição corporal saudável e adequada à
modalidade (massa corporal, massa gorda e massa muscular);
3. Promover os processos de adaptação induzidos pelo treino e a
recuperação entre sessões de treino/competição, fornecendo todos os nutrientes
necessários para estes processos;
4. Ingerir a quantidade de energia adequada e reidratar convenientemente
durante cada sessão de treino/competição, para que o rendimento em cada sessão seja
ótimo;
5. Manter uma saúde ótima, especialmente através da satisfação das
necessidades aumentadas em determinados nutrientes resultantes do esforço físico
intenso;
6. Reduzir o risco de doença e de lesão;
7. Tomar decisões conscientes acerca do uso de suplementos nutricionais e
alimentos específicos, cuja ação tenha sido cientificamente comprovada em termos de
melhoria do rendimento esportivo e/ou para atingir as necessidades nutricionais
específicas;
8. Em atividades físicas por categorias de peso, atingir o peso competitivo
de forma a preservar a saúde e o rendimento do atleta.
Assim sendo, as necessidades nutricionais específicas de um atleta vão variar
consoante o tipo de treino, a altura da época e o calendário de competições. Para
maximizar o rendimento físico e mental, o atleta deverá cumprir as necessidades
energéticas e nutricionais necessárias para suportar o seu programa de treino e os
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momentos de competição. Deverá também adotar estratégias nutricionais específicas
antes, durante e após o exercício de forma a promover os processos de adaptação
induzidos pelo treino e a recuperação entre sessões de treino/competição. Desta forma,
os atletas beneficiarão da orientação de um nutricionista qualificado e especializado em
Nutrição no Atividade física, que poderá aconselhar acerca das necessidades individuais
de energia, nutrientes e fluidos, e ajudar a desenvolver estratégias nutricionais
específicas para o treino, competição e recuperação.
NECESSIDADES ENERGÉTICAS
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Onde o PA é o coeficiente de atividade física:
PA = 1,00 se o PAL é estimado que seja ≥ 1,0 < 1,4 (sedentário)
PA = 1,11 se o PAL é estimado que seja ≥ 1,4 < 1,6 (pouco ativo)
PA = 1,25 se o PAL é estimado que seja ≥ 1,6 < 1,9 (ativo)
PA = 1,48 se o PAL é estimado que seja ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo)
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as necessidades energéticas, é importante ter em consideração que em todas as opções
apresentadas o valor obtido é estimado. A exatidão dos dados dependerá da qualidade
com que a atividade física é reportada, das fórmulas utilizadas e da exatidão com que os
cálculos são efetuados.
ESTRATÉGIAS GERAIS
Proteína
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endurance. Para intensidades de treino baixas a moderadas, e para atletas com ingestões
adequadas de energia e de hidratos de carbono, a ingestão proteica poderá ser
ligeiramente mais baixa, cerca de 1,0g/kg/dia, que é pouco superior àquela que se
recomenda para a população em geral (0.8g/kg/dia). Para atletas de elite, com
intensidades de treino altas, as necessidades proteicas poderão, inclusive, ser
semelhantes às de um atleta de modalidades de força e chegar a 1,6g/kg/dia.
As particularidades da ingestão proteica em atletas de força irão ser
posteriormente desenvolvidas no tema Estimulação da síntese proteica muscular.
Dietas com uma demasiada contribuição proteica são típicas em atletas. Além
disso, os suplementos proteicos são uns dos mais usados por quem faz atividades físicas
aumentando ainda mais a contribuição proteica. É importante referir que as
recomendações de ingestão proteica conseguem, de uma forma geral, ser atingidas
exclusivamente através da alimentação, ou seja, sem o uso de suplementos de proteína
ou aminoácidos. Devido a esta elevada ingestão de proteínas por parte dos atletas, o
possível impacto negativo deste comportamento, em especial ao nível da massa óssea e
da função renal, tem sido objeto de estudo. E tem vindo a ser desmistificado. O excesso
de proteína parece levar, sim, (i) a um aumento de produção de ureia, resultando numa
maior necessidade de ingestão de água para a sua excreção pela urina, e (ii) à oxidação
dos esqueletos carbonados originando energia. Porém, e considerando o rendimento
esportivo, uma ingestão proteica superior à recomendada poderá ter um impacto
negativo se a ingestão proteica em excesso é conseguida através de uma diminuição de
ingestão dos hidratos de carbono, o que parece ser o que acontecer.
Hidratos de carbono
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carbono são um fator limitante para a maioria dos tipos de exercício, e que a sua
disponibilidade para o músculo e sistema nervoso central poderão estar comprometidas
pôr a utilização exceder as reservas endógenas, é fundamental que as reservas de
hidratos de carbono sejam eficazmente restabelecidas de dia para dia.
Hidratos de carbono
Glicogénio hepático 110 451
Gordura
Subcutânea e visceral 7800 73320
Estimativas baseadas num peso corporal de 65kg com 12% de massa gorda
Gordura
A gordura é um componente necessário de uma alimentação saudável e auxilia
na absorção das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e carotenoides. A recomendação
para a sua ingestão diária é similar à da população em geral: 20 a 35% do valor
energético total diária. A Organização Mundial de Saúde e a Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura sugerem ainda que <10% do valor energético
total provenha de ácidos gordos saturados, entre 6 a 10% de ácidos gordos
polinsaturados, sendo que 5-8% deverão ser n-6 e 1 – 2% de n-3, <1% de ácidos gordos
trans e a restante diferença de ácidos gordos monoinsaturados (ou seja, gordura total -
(ácidos gordos saturados + ácidos gordos polinsaturados + ácidos gordos trans)).
Fluídos
Para além dos cuidados alimentares, é fundamental reidratar convenientemente,
tanto durante cada sessão de exercício como ao longo do dia, para que o rendimento seja
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ótimo. O estado de hidratação afeta profundamente o rendimento físico e mental sendo
que tanto a hiperhidaratação como a hipohidratação (se suficientemente severa) poderá
comprometer o rendimento e representar um risco para a saúde. Mais especificamente, a
hipohidratação pode reduzirá o rendimento do exercício, especialmente o aeróbio, e
aumentar o esforço fisiológico e a percepção de esforço em ambientes temperados ou
quentes.
A perda de suor é influenciada pela intensidade e duração do treino, e pelas
condições atmosféricas como a temperatura, humidade e velocidade do vento, assim
como as considerações práticas que ditam a disponibilidade de ingestão de fluídos. Esta
perda é ditada também por fatores individuais, uma vez que em grupos de atletas
sujeitos à mesma sessão de treino e com o mesmo acesso a fluídos, há uma larga
diferença na taxa de sudação e na quantidade de fluídos ingeridos. A concentração de
eletrólitos no suor também pode variar bastante entre indivíduos, sendo que aqueles que
têm maiores taxas de sudação e maior concentração de sódio no suor poderão perder
quantidades substanciais de sal (cloreto de sódio) no treino. O potássio também é
perdido pelo suor, porém não existe evidência que a adição de potássio às bebidas
melhora a restauração do balanço hídrico após desidratação. A reposição do potássio é
essencialmente feita através da ingestão de alimentos (frutas e hortícolas, por exemplo),
posteriormente durante o período de recuperação. Por todas estas razões, tem-se vindo a
passar de recomendações gerais de ingestão de fluídos e sódio, para recomendações
individuais, baseadas nas características do atleta, do treino, do meio ambiente e do
ambiente envolvente.
De qualquer modo, algumas recomendações gerais existem. O Colégio
Americano de Medicina Desportiva, no seu Position Stand recomenda a ingestão de ≈5–
7 mL/kg pelo menos 4h antes do exercício e, se o indivíduo não produz urina ou esta é
escura ou muito concentrada, deverão ser ingeridos ≈3–5mL/kg adicionais cerca de 2h
antes do evento. Para além dos fluidos, 20–50mEq/L de sódio deverão ser consumidos.
Durante o exercício, o objetivo será prevenir o excesso de desidratação (<2% do peso
corporal), sendo que o esquema de hidratação irá depender da taxa de sudação duração
do exercício e das oportunidades para hidratar. Tendo em conta que a temperatura da
bebida influencia a palatabilidade e a quantidade de fluido consumido, as bebidas
deverão estar a <22°C. O consumo de sódio juntamente com água é recomendado
quando a duração do exercício é superior a 2h ou quando perdas significativas deste
mineral (3–4g) são prováveis de acontecer ou quando o volume de fluidos consumido é
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grande o suficiente para poder causar uma redução de sódio plasmático. Após o treino, o
volume de água consumida deverá ser suficiente para repor qualquer défice no balanço
hídrico (diferença entre água perdida e água ingerida) e deverá também contemplar
fluido extra para compensar as perdas de água pelo suor, ar expirado e urina que se
mantêm após o treino. Assim, é recomendado a ingestão de um volume de fluidos de
1,5 vezes o peso perdido durante o treino (exemplo: 1,5L para 1kg perdido),
imediatamente após o treino. Para além disso, deverá também ser ingerida uma
quantidade de sódio superior à perdida para otimizar a recuperação do balanço hídrico e
eletrolítico.
Parece que mais nenhum eletrólito para além do sódio tem um papel
significativo na hidratação antes, durante e após o exercício. Antes do exercício, bebidas
ou alimentos contendo sódio irão ajudar a reter a água consumida nesta fase, de forma a
atingir a eu hidratação antes do início do exercício. Após o exercício, a reposição de
sódio, através de bebidas ou alimentos, e a restauração do seu balanço é fundamental
para uma restauração efetiva e manutenção da euhidratação, e prevenção da produção
excessiva de urina.
O estado de hidratação poderá ser monitorizado através de medições simples,
como o peso corporal e a densidade urinária ou a osmolalidade da urina. Para indivíduos
bem hidratados e em balanço energético, o peso matinal (após micção e sem roupa) é
estável e flutua cerca de <1%. Para homens, 3 medições consecutivas do peso matinal
deverão ser efetuadas para estabelecer um valor baseline, ou seja, de euhidratação. As
mulheres poderão precisar de mais medições uma vez que o ciclo menstrual afeta o
estado de hidratação. As alterações agudas do peso durante o exercício (peso antes do
exercício - peso após o exercício) também são uma técnica que poderá ser utilizada para
monitorizar a corporal. O peso após o exercício deverá ser corrigido para as perdas de
urina e volume de fluidos ingerido e a sua medição deverá ser com o mínimo de roupa.
Como referido anteriormente, a desidratação poderá levar a um
comprometimento do rendimento, especialmente em exercícios aeróbios, por aumento
da temperatura central (core temperature), aumento do esforço cardiovascular, aumento
da utilização de glicogénio, alteração do funcionamento metabólico e talvez por
alteração do funcionamento do sistema nervoso central. Quanto maior o défice em água
corporal, maior o esforço fisiológico para uma dada tarefa e maiores as consequências
no rendimento. Mais ainda, a restrição da ingestão de fluidos durante o exercício poderá
levar a um aumento da concentração plasmática de cortisol, resultando numa supressão
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geral da função do sistema imunitário e podendo, assim, aumentar o risco de doença se
treino intenso é sistematicamente realizado num estado de hipohidratação. O estado de
hidratação está também relacionado com o volume celular (apesar de não ser o único
interveniente), e este afeta profundamente o metabolismo celular. É sabido que a
redução do volume celular estimula a proteólise e a glicogenólise e inibe a síntese
proteica, enquanto a dilatação celular estimula a síntese proteica e inibir a proteólise e a
glicogenólise. Assim, estados de hipohidratação poderão também ter um impacto
negativo ao nível do metabolismo celular. Desta forma, os atletas deverão estar
convenientemente hidratados antes de iniciar o exercício e beber fluidos suficientes
durante o exercício de forma a limitar a desidratação a <2% do peso corporal. É
importante referir que maiores níveis de desidratação irão comprometer ainda mais o
rendimento do exercício aeróbio e que alguns indivíduos são mais sensíveis que outros
ao défice de água no organismo e na consequente implicação no rendimento. De facto,
um estudo recente concluiu que a desidratação induzida pelo exercício até 4% do peso
corporal não altera o rendimento de endurance e que este poderá ser maximizado se os
atletas se basearem na sensação de sede para avaliar a necessidade de reposição de
fluidos. Por outro lado, ainda não se sabe ao certo se as consequências da
hipohidratação serão apenas negativas (redução da qualidade de treino,
comprometimento do sistema imunitário, entre outras) ou se poderão promover uma
melhor resposta adaptativa ao treino. Neste sentido, a desidratação durante o treino
poderá aumentar a eficácia de um programa de aclimatização de curta duração e poderá
promover uma melhoria do rendimento de endurance em ambientes quentes e
temperados. De qualquer modo, beber durante o treino poderá ser importante para
melhorar a tolerância intestinal quando os atletas planeiam beber em competição e
também para reduzir o risco de distúrbios gastrointestinais durante exercício intenso.
Por outro lado, os atletas não deverão consumir água em excesso com
consequente aumento de peso. O excessivo consumo de fluidos hipotônicos e/ou a perda
excessiva de sódio poderá originar um estado de hiponatrémia (diluição do sódio
plasmático para concentrações <135mmol/L). À medida que os valores de sódio
sanguíneo vão descendo, os sintomas vão se tornando progressivamente mais graves e
incluem dor de cabeça, vómitos, mãos e pés inchados, cansaço, fadiga excessiva,
confusão e desorientação (devido à progressão da encefalopatia) e respiração ofegante
(devido ao edema pulmonar). Para níveis inferiores a 125 mmol/L, convulsões, coma,
hérnia do tronco cerebral, paragem respiratória e morte tornam-se prováveis. De
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qualquer modo, esta condição é bastante menos frequente que a desidratação.
Assim, de acordo com todos os mecanismos anteriormente expostos e devido ao
facto de muitos deles variarem amplamente de pessoa para pessoa, as recomendações
para a hidratação antes, após, mas essencialmente durante o treino, deverão ser
personalizadas e baseadas, dentro do possível, em medições da taxa de sudação. Tendo
em conta a evidência existente, treinar num estado de euhidratação e/ou restaurar o
estado de hidratação o mais cedo possível após o exercício parece ser a estratégia mais
apropriada para suportar a adaptação ao treino.
ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS
Este tema é de particular interesse para atletas que praticam atividade físicas de
força (e potência) uma vez que um dos principais objetivos será maximizar a síntese de
proteínas contrácteis, permitindo maiores níveis de força. Neste campo, a proteína tem
um papel fundamental uma vez que após o exercício de força o balanço proteico
continua negativo até haver ingestão proteica. Mais ainda, o efeito da ingestão proteica
e do exercício de força são independentes e aditivos maioritariamente devido à
estimulação da síntese proteica muscular (MPS). Como referido em cima, a
recomendação diária para atletas é de 1,2 –2,0g proteína/kg/dia. Porém, tanto ou mais
importante que a quantidade total, é o perfil de ingestão, que contempla características
como a quantidade de proteína a cada momento de ingestão, o momento de ingestão, e a
fonte proteica.
Para indivíduos adultos jovens considera-se a dose de 20‒25g suficiente, e
ótima, para estimular de forma máxima a MPS após exercícios de força. Vinte gramas
de proteína de alto valor biológico (aquela com uma proporção em aminoácidos
essenciais semelhante às necessidades do organismo humano) equivalem a 650 ml de
leite de vaca (de preferência magro), 3 ovos tamanho S ou a ≈100g de carne magra ou
peixe. De uma forma mais precisa, o valor ajustado ao peso é de 0,24g proteína/kg. Para
indivíduos seniores, a dose poderá ter que ser maior, cerca de 40g, provavelmente
devido ao facto de haver um limiar mais elevado para ativar para o estímulo anabólico.
Este fenómeno designa-se por resistência anabólica. Em termos de quantidade relativa
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ao peso, será de 0,40g proteína/kg.
Relativamente à fonte proteica, é importante considerar o conteúdo em leucina e
a digestibilidade da proteína. A proteína de soro (ou whey) apresenta maior
digestibilidade que a de soja, e esta maior digestibilidade que a caseína. Por sua vez, a
ordem de conteúdo em leucina é soro > caseína > soja. Pensa-se que existe um limiar da
quantidade de leucina, que funciona como gatilho para a síntese proteica. É por esta
razão que é importante considerar tanto a velocidade a que a proteína é digerida, pois
determina a velocidade a que a leucina chega à corrente sanguínea, como a quantidade
em leucina. É interessante verificar que o leite, devido ao seu conteúdo em caseína e
proteína de soro, tem vindo a demonstrar ser um alimento que estimula o anabolismo
proteico muscular. Outros alimentos já estudados e com resultados positivos no que diz
respeito ao estímulo da MPS incluem a carne e bebida de soja.
A conjugação de hidratos de carbono com proteína após o exercício de força
também poderá ser uma mais-valia. Apesar dos hidratos de carbono pouco
influenciarem a síntese proteica quando uma quantidade suficiente de proteína é
ingerida, a sua ingestão poderá possibilitar um aumento de insulina (hormona
anticatabólica e estimuladora da vasodilatação) e ajudar na reposição dos níveis de
glicogénio muscular, ambos os aspetos com um possível impacto positivo no balanço
azotado. Desta forma, após o exercício de força é recomendada a ingestão de 0,8 – 1,2g
hidratos de carbono/kg/h, juntamente com a proteína, de preferência durante período
inicial da recuperação.
Resumindo, quando o objetivo é maximizar a MSP, a ingestão diária de proteína
deverá ser de 1,2 a 1,7g proteína/kg de peso corporal/dia, fontes alimentares ricas em
leucina deverão ser privilegiadas, a proteína deverá ser ingerida em doses de 20 –
25g/refeição, a ingestão deverá ser igualmente espaçada ao longo do dia e deverá
incluir-se a ingestão de proteína e hidratos de carbono após o exercício sendo também
possível incluí-la antes da prática atividade física. Assim, com a ajuda de um
nutricionista especializado na área da nutrição atividade física, é possível, e desejável,
fazer uma ingestão inteligente da proteína – ao invés de aumentar excessivamente a
dose ingerida – ajustando a quantidade à necessidade e ao momento e objetivos
esportivos e manipulando a quantidade, tipo e momento de ingestão.
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Quando o tema é a maximização do treino, especialmente direcionado para a
ingestão de hidratos de carbono, a maioria dos trabalhos foca-se nas modalidades de
endurance. A disponibilidade de hidratos de carbono como substrato para o músculo e
sistema nervoso central torna-se um fator limitante no rendimento de sessões
prolongadas (> 90 minutos) de exercício submáximo ou intermitente de alta intensidade
e tem um papel permissivo no rendimento de exercícios breves de alta intensidade.
Desta forma muita têm sido os trabalhos desenvolvidos com a finalidade de perceber
qual a quantidade de hidratos de carbono que deverá ser recomendada antes, durante e
após o exercício. A Figura resume as últimas recomendações.
Esta refeição deverá incluir alimentos e/ou bebidas ricos em hidratos de carbono,
com baixo teor de gordura e de fibra, e com conteúdo moderado em proteína de forma a
evitar distúrbios gastrointestinais. Os atletas deverão escolher uma estratégia que seja
adequada a cada situação específica e a experiências no passado, tentando ir
aprimorando e aperfeiçoando as escolhas alimentares e o momento de ingestão. As
recomendações indicam que 1–4g hidratos de carbono/kg peso corporal deverá ser
consumido 1–4h antes do exercício– 4h antes se for uma refeição principal e 1–2 h antes
se for um lanche/merenda.
No que diz respeito à refeição na hora que antecede o exercício, nem todos os
estudos são unanimes na vantagem desta prática, mas apenas um demonstrou efeitos
deletérios. De qualquer modo, outros estudos demonstraram vantagens no rendimento
que poderão ir de 7 a 20%. Assim, existe pouca evidência que suporte a não ingestão de
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hidratos de carbono na hora anterior ao exercício, sendo que a experimentação
individual é fundamental para se determinar a rotina nutricional pré-exercício mais
vantajosa. Porém, parece haver uma pequena percentagem de atletas que respondem
negativamente a ingestão de hidratos de carbono na hora que precede o exercício,
provocando sintomas de hipoglicemia nos primeiros momentos de exercício. As
principais causas parecem ser uma elevada sensibilidade à insulina, uma baixa
quantidade de glicose ingerida (<50g) e uma baixa atividade simpática. Porém, nem
todos os trabalhos têm corroborado estas possíveis causas, sendo necessários mais
estudos para perceber as causas dos valores de glicose sanguíneos baixos. De qualquer
modo, os níveis baixos de glicose sanguínea parecem autocorrigir-se nos primeiros 10 a
20 minutos de exercício. É também interessante verificar que atletas que reportavam
sintomas de hipoglicemia frequentemente não estavam num estado clínico de
hipoglicemia (glicose sanguínea <3,5 mmol/L) e, de forma contrastante, alguns atletas
que tinham valores de glicose sanguínea extremamente baixos não reportavam nenhum
sintoma. Não obstante, os atletas mais suscetíveis a desenvolver episódios de
hipoglicemia e/ou sintomas frequentemente associados com esta condição poderão
tomar algumas medidas para os evitar, nomeadamente:
• Encontrar o momento, através de experimentação, a partir do qual a
ingestão de hidratos de carbono antes do exercício deverá ser evitada;
• A refeição antes do exercício deverá ser perto do início (<10-15 minutos)
ou durante o aquecimento;
• Escolher uma refeição rica em hidratos de carbono, com um índice
glicémico baixo;
Consumir uma quantidade substancial de hidratos de carbono na refeição antes
do exercício (>1g/kg) para compensar o aumento da utilização de hidratos de carbono
durante o evento;
Poderão ser incluídos alguns sprints de alta intensidade durante o aquecimento
para estimular a produção de glicose hepática.
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FIGURA - Recomendações de ingestão de hidratos de carbono antes, durante e
após o exercício. Adaptado de Jeukendrup 2014, Burke et al 2011, Beelen et al 2010
and Moore et al 2015.
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A quantidade e o tipo de hidratos de carbono poderá ser manipulada consoante a
intensidade e a duração do exercício, mas também irá influenciar o tipo de atividade
física e das suas regulamentações. Sabe-se que a oxidação de hidratos de carbono
exógenos parece ser limitada pela absorção intestinal. Desta forma, para um débito de
hidratos de carbono até cerca de 60g/h, poderá ser utilizado apenas o transportador
intestinal de glicose (SGLT1), uma vez que este transportador satura quando são
atingidas estas quantidades. Para aumentar a taxa de absorção de hidratos de carbono
externos poderão ser utilizados hidratos de carbono absorvidos por transportadores
diferentes, como a frutose através do transportador GLUT5, de forma a atrasar a
instalação de fadiga e melhorar o rendimento esportivo. Estas altas taxas de oxidação
poderão ser atingidas através de bebidas, géis ou barras energéticas com baixo teor de
gordura, proteína e fibra uma vez que tanto a absorção intestinal como o esvaziamento
gástrico ditam a taxa a que os hidratos de carbono ingeridos durante o exercício entram
na corrente sanguínea. É importante treinar a estratégia de ingestão de hidratos de
carbono para a competição, de forma a reduzir a probabilidade de ocorrência de
desconforto gastrointestinal e para aumentar a capacidade de absorção do intestino.
Quando a duração do exercício é mais curta, a utilização de transportadores
múltiplos não se torna tão premente, mas espera-se que os resultados sejam similares à
quando se utiliza outras fontes de hidratos de carbono. De uma forma resumida, as
quantidades recomendadas consoante a duração do exercício encontra-se
esquematizadas na Figura. Para exercício com duração entre 30 minutos a 1 hora não
existe necessidade de ingerir grandes quantidades de hidratos de carbono e bochechar
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com hidratos de carbono parece ser suficiente para obter benefícios no rendimento
esportivo. Mais ainda, os resultados parecem ser equivalentes a quando os hidratos de
carbono são ingeridos. Portanto, parecem existir uns receptores na cavidade oral (ainda
não identificados) que detectam a presença de hidratos de carbono ou de energia e,
consequentemente, ativam áreas específicas no cérebro permitindo uma melhoria da
performance. Estes receptores parecem reagir aos hidratos de carbono (ou energia)
independentemente do sabor, mas não são ativados por adoçantes artificiais.
Adicionalmente, a magnitude da melhoria do rendimento poderá estar dependente do
estado nutricional do atleta antes do exercício, uma vez que o bochecho com hidratos de
carbono num atleta em jejum parece ter melhores resultados no rendimento
comparativamente ao bochecho num atleta que ingeriu uma refeição pré-treino.
Diferenças individuais na oxidação de hidratos de carbono externos existem,
apesar de serem geralmente pequenas. Estas diferenças parecem não estar relacionadas
com a massa corporal, mas sim com a capacidade em absorver os hidratos de carbono –
maior quantidade de ingestão de hidratos de carbono na dieta leva a uma up-regulation
dos transportadores intestinais. Assim, o intestino é altamente adaptável e poderá ser
treinado para conseguir absorver e lidar com maior quantidade de hidratos de carbono.
Perda de peso
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mulheres. Foram publicados recentemente valores de composição corporal de
esportistas de 21 modalidades que podem ajudar os profissionais a estreitar aqueles
intervalos.
Uma das principais decisões a tomar na abordagem nutricional é definir o défice
energético. Neste contexto, parece ser mais favorável fazer uma subtração energética
menor, ainda que implique mais tempo para alcançar o objetivo, pois promoverá uma
perda maior de massa gorda e preservará a massa muscular do que intervenções mais
severas. Cortes mais drásticos até podem apresentar resultados “visíveis” mais rápidos,
mas piores resultados “invisíveis”. Uma restrição severa diminuirá o gasto energético
além do esperado pela redução do peso, o que no fundo constitui uma resposta biológica
à privação energética, que pode atingir as 500kcal/dia e se prolongar até um ano. Esta
adaptação metabólica pode explicar-se pela (1) termogênese adaptativa, com reduções
do gasto energético a metabolizar alimentos e no exercício, pelo (2) aumento da
eficiência mitocondrial (diminuição das UCP-3) e por (3) alterações hormonais. A
resposta endócrina à restrição severa engloba a diminuição da leptina, insulina,
testosterona e hormonas tiroideias e o aumento da grelina e cortisol. Estas alterações
contribuem para que aumente o apetite, diminua a saciedade, aumento a degradação e
diminua a síntese proteica, aumente a adipogênese e diminua a termogênese e o
metabolismo basal. As manifestações deste desarranjo metabólico são várias,
nomeadamente, a diminuição da frequência cardíaca, da pressão arterial e da força
muscular, o aumento das HDL e alterações de humor. Para se evitar que se instale este
quadro, recomenda-se que o atleta deva seguir um plano alimentar que disponibilize
pelo menos 30kcal/kg de massa isenta de gordura. Esta disponibilidade energética
refere-se à quantidade de energia remanescente depois de subtraída o gasto energético
do treino. Uma baixa disponibilidade deverá ser evitada, uma vez que pode
comprometer o rendimento esportivo e a adaptação ao treino, e poderá ser prejudicial
para o cérebro, funções reprodutivas, metabólicas e imunitárias, e saúde óssea. É neste
quadro que a sobre alimentação periódica pode eventualmente ser útil. Há estudos que
mostram que uma ingestão mais elevada de hidratos de carbono - mas não de gordura -
durante alguns dias permite restaura parcialmente os níveis diminuídos de leptina e,
deste modo, aumentar o gasto energético. Todavia, os estudos indicam que para se obter
este “reset” metabólico são necessários vários dias (possivelmente três), pelo que a
eficácia das cheat meal está por demonstrar.
Num processo de emagrecimento, a massa isenta de gordura (quase
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exclusivamente músculo) representa 25% do peso perdido, com consequências nefastas
para a regulação glicémica, a lipidemia pós-prandial, o metabolismo basal. Por
conseguinte, há todo o interesse em atenuar, e se possível evitar, a perda de massas
muscular. A forma de o alcançar é por intermédio da ação sinérgica do treino de força
de uma ingestão suficiente de proteína. Há investigações que demonstram que num
período de restrição energética, a combinação de exercício de força e a ingestão de
proteína de soro permite ultrapassar os valores basais de síntese proteica. Esta
combinação levanta a hipótese do aumento da massa muscular durante períodos de
restrição energético, como já demonstrado em não atletas e, mais infrequentemente, em
atletas. Uma revisão sistemática de intervenções alimentares hiperproteicas com
duração inferior a 12 meses elenca benefícios na perda de peso, perímetro da cintura,
pressão arterial, triacilgliceróis e insulina em jejum. Curiosamente, apenas este último
se mantém quanto os estudos são superiores a um ano. Esta aparente contradição não
deve ser entendida como uma perda de eficácia das dietas hiperproteicas, mas antes
como uma diminuição da adesão à terapêutica nutricional com o passar do tempo. Os
mecanismos biológicos que suportam a vantagem conferida pelas proteínas incluem um
aumento da saciedade, do efeito térmico dos alimentos e do gasto energético de
repouso. Entre estes, aquele com mais impacto parece ser o aumento do gasto
energético de repouso, pois nem sempre o aumento da saciedade se traduz numa
redução da ingestão energética e, por outro lado, o aumento do efeito térmico dos
alimentos é modesto terá pouco impacto na perda de peso. Por tudo isto, recomenda-se
que um plano alimentar de emagrecimento seja “desenhado” à volta das proteínas que
devem representar um aporte de 1,8 a 2,7g/kg/dia.
Num quadro de restrição energética e de aumento da ingestão proteica, sobra a
questão: reduzem-se os hidratos de carbono ou a gordura? Meta-análises recentes
apontam para que intervenções com menor percentagem de hidratos levem a uma perda
de peso maior. Contudo, devemos considerar isso se deve a uma perda acrescida de
massa gorda e massa muscular. Por vezes os resultados das intervenções alimentares
não foram os desejáveis pela restrição exagerada de hidratos de carbono, o que leva a
maiores perdas de músculo face a outras mais ponderadas. A reposta parece depender da
sensibilidade à insulina, observando-se melhores resultados com dietas mais restritas em
hidratos de carbono naquelas com maior resistência à insulina. Muito provavelmente, é
mais fácil para estas pessoas cumprir um plano com menor contributo de hidratos de
carbono, e parece consensual que a adesão ao plano alimentar é mais importante que a
24
abordagem nutricional. No entanto, e no contexto esportivo, o impacto na performance
não deve ser ignorado. A grande maioria dos trabalhos científicos mostra uma redução
do desempenho esportivo a redução da contribuição dos hidratos de carbono, ainda que
tal não seja universalmente observado. Concluindo, embora reduzir a ingestão de
hidratos de carbono posso levar a uma maior redução de peso, também leva a uma
menor retenção de massa muscular e a um eventual prejuízo no desempenho esportivo,
pelo que o limiar de corte deve ser determinado caso-a-caso, em função do tipo de
treino e da sensibilidade à insulina dos atletas.
25
Embora alguns produtos contenham deliberadamente substâncias proibidas pela
Agência Mundial Antidopagem, outros – 15% a 25% – estão contaminados em estas
substâncias, o seja, não estão declaradas no rótulo, de forma não intencional. E, para
além do impacto negativo a nível desportivo, adveniente da consequente suspensão por
um teste positivo, estas substâncias – como esteroides anabolizantes e efedrina –
poderão ter consequências a nível da saúde do atleta.
Por outro lado, é importante considerar as especificações de cada modalidade
esportiva, de forma a adaptar o tipo de suplementação. É também fundamental ter em
linha de conta os objetivos específicos de cada atleta (ganhar massa muscular, aumentar
potência, aumentar o desempenho em exercícios de endurance). É bastante frequente
atletas decidirem ingerir determinado suplemento apenas porque alguém o toma, e não
porque avaliaram a sua necessidade específica para aquele momento. Para além disso,
os suplementos poderão ter consequências negativas no rendimento. A reação às
diversas substâncias é diferente de atleta para atleta e muitos suplementos contêm
complexas misturas de várias substâncias cujo efeito de interação é inteiramente
desconhecido.
De entre as centenas de suplementos existentes no mercado, poucos são os
suportados por uma forte evidência científica com efeitos positivos no rendimento
desportivo. A este grupo pertencem: agentes alcalinizantes (como bicarbonato de sódio),
β-alanina, cafeína, creatina, proteína, nitrato, alimentos desportivos (bebidas, géis,
barras). Porém, suplementos que fornecem nutrientes essenciais podem ser uma opção
provisória em situações de restrição alimentar. Além disso, a utilização de, por exemplo,
suplementos multivitamínicos/multiminerais e de micronutrientes individuais
(vitaminas e minerais) só irão resultar numa melhoria de rendimento se a suplementação
corrigir um desequilíbrio alimentar (ou seja, a o atleta já ingerir um determinado
micronutriente em quantidades suficientes, adicionar um suplemento não terá qualquer
vantagem esportiva).
É importante sublinhar que o Comité Olímpico Internacional, no seu último
consenso sobre Nutrição no Atividade física, refere que o uso de suplementos não
compensa uma pobre escolha alimentar e uma alimentação inadequada. Mais ainda, é
aconselhado que o uso destas substâncias seja desencorajado em atletas jovens. Os
jovens devem, em alternativa, focar-se em consumir uma alimentação nutricionalmente
rica e adaptada à sua realidade atividade física de forma a permitir o normal crescimento
e adaptação do organismo ao próprio treino.
26
Desta forma, antes de tomar qualquer suplemento é importante considerar a os
objetivos e o estado de saúde do atleta, as exigências da modalidade, o custobenefício
do uso desse suplemento, os riscos para a saúde e performance e o possível resultado
positivo num teste antidopagem.
Modalidades Esportivas
27
1. Esporte Individual - o sujeito participa competindo sozinho
durante a ação esportiva total.
2. Esporte Coletivo - Atividade esportiva onde existe a
coordenação das ações de duas ou mais pessoas para o desenvolvimento da atuação
esportiva.
B. Esporte com a existência de interação direta com o adversário.
28
diferenças, desde a própria composição corporal, a questão do gênero e do tipo de
atividade desenvolvida, bem como o tempo em que estas atividades são realizadas. O
gasto energético com a atividade física pode variar muito e é um importante fator a ser
considerado no cálculo do Gasto Energético Total (GET) ao longo de um dia.
Gasto Energético
29
Figura - Componentes do Gasto Energético Total (GET)
30
associada à atividade e ao GEB. Para se chegar ao GET, basta se somar todas as
atividades realizadas pelo indivíduo ao longo de 24 horas (The Compendium of
Physical Activities Tracking Guide).
Toda vez que realizamos uma atividade física, consumimos uma determinada
quantidade de oxigênio, para cada litro de oxigênio consumido equivale a um gasto de
aproximadamente 5kcal, 1 MET corresponde a ao gasto de 3,5ml de O2/ kg / min,
sendo assim um indivíduo que está aparando o gramado do seu jardim, que tenha 70kg e
gaste 30 minutos para realizar esta atividade teria o gasto calculado da seguinte forma:
Vamos supor que um indivíduo esteja aparando a grama do seu jardim, como eu
calcularia o seu gasto energético para realizar esta tarefa?
32
Figura - Nível de evidência
33
Fonte: Carvalho, 2003; Hernandez e Nahas, 2009
*Grau de recomendação de A até E; Nível de Evidência de 1 até 7
Com o exposto acima, percebemos que a alimentação das pessoas que praticam
esporte é uma das principais causas do rendimento, da performance e dos fracassos de
um atleta, mas principalmente de sua saúde.
A vida de um atleta de elite exige uma grande necessidade de energia e de
recursos físicos e psicológicos, por esse motivo uma alimentação equilibrada e que
contemple todas as necessidades da modalidade esportiva necessárias para o praticante
de atividade física, sem esquecer de sua individualidade.
Como vimos as necessidades de um atleta não são muito diferentes das
recomendações para uma pessoa saudável, no entanto a intervenção dietética para
atletas visa principalmente:
34
Produção de Energia e Oxidação de Nutrientes
Ao alimentarmos, a energia contida no alimento não é transferida diretamente
para a célula, antes nutrientes como carboidratos, proteínas e lipídios são metabolizados
e convertidos à ATP. O metabolismo apresenta vias de degradação (catabólicas) e de
síntese (anabólicas), como o ATP não é armazenado em grande quantidade no
organismo, qualquer atividade que altere o gasto energético, leva a biotransformação de
macronutrientes que estão armazenados no organismo para fornecerem energia na forma
de ATP (Hirschbruch e Carvalho, 2008).
A produção de ATP pode ocorrer na presença e ausência de oxigênio como
veremos a seguir de forma sucinta, apenas para recordar o contexto bioquímico da via
aeróbica e da anaeróbica, posteriormente iremos detalhar um pouco mais a via
oxidativa.
Via Aeróbica
35
É interessante ressaltar que os carboidratos e as proteínas são armazenados no
organismo na presença de água e os lipídios não, assim 1g de carboidrato carrega
aproximadamente 2 ml de água e 1g de proteína aproximadamente 3 ml de água. Além
disso cabe ressaltar que ácidos graxos produzem mais ATP do que glicose (glicose = 38
ATP, ácido esteárico = 147 ATP), no entanto enquanto a oxidação de glicose requer 6
moléculas de oxigênio a dos ácidos graxos necessita de 26 moléculas, por isso a
quantidade de ATP produzida por unidade de tempo tem como substrato mais
carboidratos do que ácidos graxos. Durante o repouso 50% do requerimento energético
é derivado de ácidos graxos e o treinamento de resistência melhora a capacidade de
oxidação das gorduras (Hirschbruch e Carvalho, 2008).
• Aláctica
• Láctica
A via anaeróbica láctica utiliza a glicose e o glicogênio como únicos substratos
energético, sendo o ácido láctico o produto final desta via e fornece dois moles de ATP
e duas moléculas de ácido láctico são produzidas. Esta via é limitada pela diminuição do
pH produzida pelo ácido láctico que leva à fadiga precoce e o esgotamento dos
depósitos de glicogênio do organismo (Gil, 2005). O ácido láctico produzido pode
retornar ao músculo na forma de glicose por meio do ciclo de Cori no fígado. Um
exemplo para esta via seria a corrida de 100 a 200 metros rasos.
Via Oxidativa
37
oxigênio relacionado à oxidação de substratos.
Quociente Respiratório
39
física regular um dos pilares para se manter uma boa saúde, no entanto exercícios mal
realizados, exaustivos e descontínuos podem causar desde lesões até mesmo ao aumento
das espécies reativas ao oxigênio e nitrogênio (ERON).
Estresse
40
Adaptado de: Paschoal e Naves, 2014; Angeli, 2011
Por definição, pode ser denominado antioxidante qualquer molécula que inibe ou
minimiza um processo de oxidação. Do ponto de vista biológico, um antioxidante
protege biomoléculas ou estruturas celulares contra os efeitos deletérios de substâncias
41
que promovem a oxidação (Fainstein, 2008).
42
(GPx - 8 isoformas descritas) e a Glutationa Redutase (GR), o selênio é um importante
mineral presente neste sistema na enzima (selenocisteína) o que explica a importância
desse metal e sua atuação como antioxidante nos organismos vivos.
Outros sistemas enzimáticos utilizados pelo organismo são as peroxirredoxinas
(Prx), as tiorredoxinas (Trx), transferrina e ferritina.
• Compostos Antioxidantes:
43
GSH (glutationa) tecidual, desregulação da geração de energia (ATP, NADH e
NADPH), inibição do transporte de cálcio e da homeostase, oxidação de citocromos,
clivagem de DNA e promoção de processos mutagênicos e carcinogênicos (Fainstein,
2008).
Como percebemos, apesar da atividade física trazer inúmeros benefícios ao
organismo, ao indivíduo e à saúde, ela precisa ser realizada dentro de um planejamento
cuidadoso dependendo do grau de atividade o nível de esforço realizado, sendo assim
além de um treinador com conhecimento e formação técnica para a realização das
atividades é necessário para os atletas um profissional de nutrição capacitado e formado
e que se especialize em conhecimentos específicos para auxiliar o atleta e planejar sua
alimentação para realizar a promoção da saúde e minimizar os possíveis efeitos
deletérios de uma atividade de alta performance.
Neste sentido o Nutricionista pode e deve lançar mão, não apenas de uma dieta
balanceada, de suplementos e agentes ergogênicos, mas de alimentos específicos com
propriedades funcionais que possam atuar como nutracêuticos e em alguns casos fazer o
uso do alimentos com função fitoterápica. Por isso é importante desvincular o senso
comum e conhecer tanto as propriedades quanto a dietética de alguns alimentos com
propriedades funcionais como veremos a seguir.
Alimento Funcional
30
É importante perceber que em se tratando de nutrição a escolha primordial é pelo
alimento, sendo que fármacos podem ser utilizados como coadjuvantes do tratamento
tendo em vista a complexa rede de interações entre medicamentos, nutrientes e as
interferências do ambiente, dos polimorfismos e da nutrigenômica e epigenética.
45
Mais que isso é primordial que o leitor entenda que a visão macro sistêmica dos
processos biológicos e bioquímicos ainda é complexa e ofuscada pelo entendimento do
genoma e do metabolismo humano. Neste sentido seria importante entender alguns
conceitos básicos de network, hubs e redes de interação.
Podemos simplificar estes conceitos pensando no fato que todo organismo
complexo apresenta vários níveis de interações e estas por sua vez apresentam
diferentes graus de importância dentro do contexto que estamos analisando. Baseado
neste princípio e nos estudos de Barabási (Zhou, Menche, e Barabasi 2014; Vidal,
Cusick e Barabasi, 2011; Goh et al., 2007) que sintetiza as redes de interações humanas,
voltado para o entendimento dos processos patológicos do ser humano, percebemos
como a nutrição pode ser complexa.
Neste contexto temos os Graus (Degree) de interação que é uma medida das
bordas de dentro, para fora, ou total de um nó e os Nós (HUB) , que são nós que
possuem muitos graus. Em redes de escala livre, vemos uma fixação preferencial para
caminhos populares, ou seja, metabolicamente falando algumas rotas são preferenciais e
portanto devem ser entendias antes de decidirmos uma conduta.
Como podemos ver temos várias interações possíveis entre os nós de A a R,
então se eu pudesse quantificar estas interações e determinar o possível grau de
importância de um sintoma ou nutriente, nutracêutico ou fármaco, teríamos uma
conduta mais assertiva. No caso do exemplo acima se Tomarmos A como o sintoma
principal, teríamos como possíveis causas associadas as relações das demais letras e
poderíamos construir uma conduta baseada em proporcionalidade de interações.
Mas e se ao invés de usarmos as interações para decidir condutas patológicas
usássemos para fazer a promoção da saúde do indivíduo por meio da nutrigenômica e do
objetivo do paciente a ser alcançado?
46
Na prática, avaliamos primeiro causas de forte interação, dentre elas em primeiro
lugar a causa L, em seguida a causa I e posteriormente as demais causas de forte
interação, só para posteriormente avaliarmos interações médias e fracas. Esta escolha
está associada diretamente
47
Entre 1979 e 1983, os seis maiores revistas científicas do mundo, publicaram
pelo menos 100 artigos dizendo que uma determinada tecnologia seria usada com
sucesso como terapêutica ou terapia preventiva. No final apenas 5 dessas tecnologias
(5%) chegaram ao mercado. Dos 49 estudos mais importantes publicados na década de
90, apenas 14 (29%) destes tiveram suas hipóteses refutadas por novas pesquisas
(Ioannidis 2005).
Então como podemos garantir que ao adotarmos uma determinada conduta ela
não seja logo em seguida questionada por uma mudança dos paradigmas científicos?
Quando isso acontece nossa carreira e nossa credibilidade podem sofrer sérios impactos
e isso sem falar no dano que podemos causar a pacientes, quando prescrevemos algum
tipo de substância concentrada que em seguida é comprovada sua ineficiência ou algum
efeito colateral grave.
48
um dado interessante antes que você fique muito empolgado com um novo artigo
científico que a mídia ou um colega pouco criterioso tenha lhe passado.
Um trabalho feito em 2013 por Schoenfeld e Ioannidis, mostra por meio de uma
revisão sistemática que o mesmo alimento pode prevenir e causar câncer.
Tipo de Revista
A primeira observação que você deve fazer ao ler um artigo é se a revista que ele
foi publicado é reconhecidamente confiável, mesmo assim é importante lembrar que ler
um artigo científico em uma revista é completamente diferente de ler sua interpretação
em um blog, autores de blog geralmente tem uma interpretação conveniente daquilo que
mostram, pois a maioria visa atrair seguidores para suas páginas visando angariar
patrocinadores, e muitas vezes são financiados por eles para divulgar informações sobre
seus produtos, são os "SPEAKERs" , é assim que são chamamos atualmente, pessoas
que tem alta projeção na mídia
e que usam a sua influência para passar credibilidade a um produto, você com
certeza já se lembrou de um…
O grande problema dessa prática não é quando um leigo faz uma propaganda
sabidamente paga para divulgar uma marca ou produto, mas quando um profissional
embute em sua fala ou diz estar usando um produto e alega os benefícios do mesmo.
Vale lembrar que além de extremamente danoso para sociedade esse tipo de prática,
tendo em vista que as corporações farmacêuticas e indústrias de alimentos tem interesse
meramente comercial e de vendas visando lucro, é uma prática que vai contra o código
de ética profissional do Nutricionista, como estabelecido pelo Conselho Federal de
Nutrição e demais CRNs.
Tabela - Apresentação das dez melhores revistas de Nutrição segundo o Fator de
Impacto e o Qualis A1
49
50
Revistas altamente recomendadas para leitura de artigos
Uma dica importante é que se algo parece muito bom pra ser verdade,
provavelmente não é. Informações importantes necessitam de provas, em ciência
verdades aceitas como fatos inquestionáveis são normalmente publicadas em consensos,
o sonho de todo profissional é encontrar um consenso sobre tudo o que ele trabalha…
Por outro lado, se existem ótimas revistas científicas que utilizam critério, os
estudos são revisados por pares 3, utilizam de processos de revisão exigentes. E mesmo
assim revistas renomadas como Nature® , Science®, e PNAS® cometem alguns
deslizes.
Tabela - Apresentação das dez revistas de Nutrição segundo o menor Fator de
Impacto e o Qualis C
Fator de Impacto
O Fator de Impacto, abreviado como FI, é uma medida que reflete o número
51
médio de citações de artigos científicos publicados em determinado periódico. É
empregado frequentemente para avaliar a importância de um dado periódico em sua
área, sendo que aqueles com um maior FI são considerados mais importantes do que
aqueles com um menor FI. O FI foi criado por Eugene Garfield, o fundador do Institute
for Scientific Information (ISI), hoje parte da Thomson Reuters. Desde 1972 os FI são
calculados anualmente para os periódicos indexados ao ISI e depois publicados no
Journal Citation Reports (JCR), também da Thomson Reuters.
Qualis da Revista
52
Revistas não recomendadas para leitura científica e referência terapêutica
Fonte: Elaborado pelo autor
53
Desenvolvido pelo “Oxford Centre for Evidence Based Medicine” em maio de
2001, o Nível de Evidência está relacionado diretamente aos estudos, ele é baseado em
uma análise de critérios estabelecidos como:
1A - Revisão sistemática de ensaios clínicos controlados e randomizados;
1B - Ensaio clínico controlado randomizado com intervalo de confiança estreito;
1C - Resultados terapêuticos do tipo "tudo ou nada";
2A - Revisão sistemática de Estudos de Coorte;
2B - Estudo de Coorte (incluindo Ensaio Clínico Randomizado de menor
qualidade);
2C - Observação de resultados terapêuticos. Estudo ecológico;
3A - Revisão Sistemática de Estudo Caso-Controle; 3B - Estudo Caso-Controle;
4 - Relato de caso;
5 - Opinião de especialista desprovida de avaliação crítica (estudo com
animais).
55
classificação do Nível de Evidência Científica por Tipo de Estudo - "Oxford Centre for
Evidence-based Medicine" em português que pode ser usado como uma referências para
a prática de MBE na Nutrição.
Uso de Alimento
56
Alimentos Funcionais para o Esporte
Resoluções e Fitoterápicos
Alguns Fitoterápicos não pode ser prescritos pelo Nutricionista por serem de uso
exclusivamente médico, entre eles:
60
• Echinacea purpurea (equinácea)
61
• Aloe vera (Babosa);
• Eucalyptus (Eucalipto);
• Passiflora (Maracujá);
• Cereus sp (Koubo);
63
Continua...
64
EO: Estresse Oxidativo;
For: Força; Imu: Imunidade; Ant: Antioxidante; CoC: Composição Corporal
65
Alimento Funcional e Fitoterápico para o Ganho de Força
• Carboidratos
(Carvalho, et al. 2008)
• 5 a 8g/kg/dia
66
• Pode chegar a 10g/kg/dia
• Provas longas:
• 7 a 8g/kg/h
• Após: 0,7 a 1,5g/kg.
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
69
Energéticos
Burn® 250ml 36mg
Monster® 240ml 80mg
Red Bull® 250ml 76 -
80mg
Outros Produtos
Produto Porção Cafeína
Achocolatado em Geral 240ml 4 - 5mg
Chocolate amargo 25g 17 - 23mg
Dorflex® 1 comprimido 50mg
• Teacrina
*Informações técnicas do fabricante
RECOMENDAÇÕES
• 50 a 200 mg
• Ecdisteróides
(Mueller and Hings, 2013)
70
Terceira classe de esteroides encontrados em plantas e insetos, já foram
descobertos cerca de 300 ecdisteróides, sendo que o 20-hidroxiecdisona (20-HE) é o
principal com significado biológico em produzir efeito anabólico e diminuição de
colesterol. Podem estimular e fortalecer o sistema imune e apresentam função
adaptogênica e aumentam a resistência ao estresse
RECOMENDAÇÕES
• 200 mg of 20-HE
• Quinoa - Hydroxyecdysone 15,84 mg/100g
• Rutaecarpine
(Mueller and Hings, 2013)
71
Composto por leucina, isoleucina e valina e apresenta metabolização no fígado,
a leucina tem alegação de aumentar a síntese proteica , além disso, parece contribuir
com a prevenção de perda de massa magra, diminuição de marcadores de dano muscular
como a creatina quinase e lactato desidrogenase.
O b-Hydroxy-b-methylbutyrate é um metabólito da leucina e está associado a
um potencial anticatabolismo. Estimula a síntese de proteínas do músculo diretamente,
independente de insulina, através da via de fosforilação de proteínas de segundo
mensageiro, tais como a do complexo de eIF-2B (o único dos três reguladores da síntese
de proteínas musculares que é o complexo Raptor-mTOR (Regulatory Associated
Protein of Mammalian Target of Rapamycin) e suas proteínas reguladoras S6K1 e 4E-
BP1, ou o complexo eIF-2B (o único dos três que não estão sob o controle direto de
mTOR).
Pode limitar a imunossupressão originada pelo exercício por limitar a redução da
glutamina sérica.
Baranyi et al., 2016 afirma que baixos níveis de BCAA no sangue estão
diretamente correlacionados à depressão por influenciarem no complexo mTOR.
Toxicidade/Efeitos colaterais
Sem efeitos tóxicos relatados até a dose de 2,5g/kg/dia (Shimomura et al., 2004)
Um estudo muito artigo de Davis (1995) relata que altos níveis de BCAA podem
diminuir a concentração de triptofano cerebral e pode estar relacionado a depressão,
hipótese de fadiga central, um artigo de revisão de Romain et al (2009), relata que esta
evidência ainda não é muito clara .
RECOMENDAÇÕES
72
• Caseína e Whey Protein
(Fischborn, 2009; Carvalho, et al. 2008; Haraguchi, Abreu, Paula, 2006)
RECOMENDAÇÕES
73
• 20 a 40g por dia
• Whey antes da atividade física e caseína depois
• Creatina
(Volek, 2004; Guzun et al., 2011; Kreider et al., 2004; Greenwood et al., 2003,
Vatani et al., 2011)
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
• 2 a 3 g diariamente
• Por 4 - 8 semanas, com ou sem pausa
75
inflamatórias (interleucina 6 e 10) (Jeukendrup, 2010).
Para auxiliar o sistema imunológico no seu funcionamento, é recomendado
manter uma nutrição adequada em consumo de energia, proteínas (baixo consumo afeta
as células T, vitaminas e minerais essenciais, principalmente ferro, zinco e vitaminas B6
e B12, que em níveis baixos podem influenciar um funcionamento inadequado do
sistema imunológico.
Por outro lado algumas vitaminas são essenciais para o funcionamento adequado
do sistema imunológico entre elas as Vitaminas A e E, o ácido fólico, B6, B12 e
vitamina C, além disso minerais como o zinco, ferro, magnésio, selênio e cobre,
lembrando que o ferro e o zinco parecem ter um requerimento maior, evidenciado pela
maior perda na urina, no entanto o excesso de suplemento destes pode prejudicar a
função imune.
A utilização da suplementação a níveis de requerimentos parece ser eficiente,
também é interessante monitorar por meio de exames bioquímicos os níveis séricos de
ferritina, hemoglobina e níveis de zinco (zinco nos eritrócitos) (Calder, Field & Gill,
2002; Nieman & Pedersen, 2000).
Alguns atletas têm mais riscos em relação a estas deficiências, entre eles:
Gleeson (2006) e Neiman (2008) relatam que estudos demonstram que o uso de
carboidrato durante a atividade física de longa duração atenuam os efeitos nocivos da
atividade física sobre o sistema imune, no entanto esta evidência foi demonstrada em
um universo pequeno. A Tabela apresenta alguns dos possíveis suplementos relacionado
a imunonutrição.
In vitro, cultura de células animal têm demonstrado alguma eficiência em
relação ao sistema imunológico, no entanto estudos com humanos ainda são
necessários, entre eles destacamos o -glucano, curcumina, quercetina, isoquercetina,
EGCG (epigalocatequina 3-galato), e outros polifenóis de plantas (Neiman, 2009).
76
Tabela – Avaliação dos Princípios Ativos de alimentos funcionais
utilizados na suplementação de atletas visando melhora da imunidade
77
Fonte: Behind et al., 2004; Faroni, 2009; Bartels e Miller, 2003
• Gingerol
(obs. Curcumim apresenta características muito semelhantes)
(Muller and Hings, 2013; Braun and Marc, 2010; Whatson and Preedy, 2010; Su
et al., 2008; Concepición, 2007; Eskin e Tamir, 2006; Coates et al., 2005)
78
produção de prostaglandinas indutoras da inflamação. Também diminui a produção de
citocinas pró-inflamatórias dessensibilizando o receptor para dor encontrado em nervos
periféricos (TRPV1), melhorando a dor e inchaço e aumentando a mobilidade em
pessoas com osteoartrite, muito comum em atletas.
O sumo do gengibre (2 a 4ml/kg por via oral) parece ter efeito superior ao
fármaco. Trabalhos mostram também ação do gengibre no aumento da motilidade
gástrica reduzindo o feedback para quimiorreceptores centrais relacionados à saciedade
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
Gingerol
• (1g 2x/dia)
Curcumim
• 300 mg ou
• Alicina
(Mueller and Hings, 2013; Braun and Marc, 2010; Whatson and Preedy, 2010;
Su et al., 2008; Concepición, 2007; Eskin e Tamir, 2006; Coates et al., 2005)
79
encontrado em maior quantidade.
Estudos laboratoriais, principalmente com animais, vem mostrando que o extrato
de alho envelhecido (AGE) pode beneficiar a saúde do músculo esquelético durante o
treinamento, além de auxiliar a combater infecções e resfriados comuns. Rico em
arginina que está associada a propriedades antioxidantes quando consumida junto com
carboidratos complexos, além disso a quantidade de selênio e flavonóides presentes
podem influenciar seu efeito.
O aumento de actividade de várias enzimas de destoxificação, incluindo
NAD(P)H: quinona oxidorredutase e glutationa (S)-transferase (GST),
Está relacionado a diminuição da pressão sanguínea, de fadiga e aumento da
endurance.
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
80
• Glutationa (GSH)
(Matthaiou et al., 2014; Ribas et al., 2014; Muller and Hings, 2013, Braun and
Marc, 2010; Whatson and Preedy, 2010; Greenwood et al., 2008; Coates et al., 2005)
RECOMENDAÇÕES
• Precursores de GDH
• 700 mg de cistina e 280 mg de teanina
• Bland (L-cisteína, N-acetil cisteína, ácido glutâmico, glicina )
• 600 a 1200 mg (600 mg 2x/dia)
• Quercetina (isoflavonas)
(Muller and Hings, 2013; Braun and Marc, 2010; Huber e Rodrigues, 2008;
81
Coates et al., 2005)
RECOMENDAÇÕES
• Resveratrol
(Muller and Hings, 2013; Braun e Marc, 2010; Li et al., 2008; Concepción,
2007)
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
• 200 a 400mg
• Dois copos de suco de uva
• Uma taça de vinho tinto
• Probióticos
(Hold, 2014; Tilg e Moschen, 2014; Dominguez-Bello et al.,
Livro compostos bioativos dos alimentos -O papel da fibra na promoção da
saúde e na dieta.
Percegoni, NUNES, Gomes, 2015
83
disbióticas, limitando a fonte nutricional p/ bactéria probiótica gerando disbiose; o pH
intestinal que deve ser levemente ácido, pois se for totalmente alcalino, as bactérias
probióticas que são acidófilas não sobrevivem; além dos requerimentos nutricionais que
relacionam-se diretamente com o estado imunológico, permitindo o combate à
infecções.
Modificações na composição dietética e intervenções nutricionais específicas
têm apresentado impacto sobre a diversidade da microbiota intestinal, uma vez que os
microrganismos resistentes obtêm energia para crescimento via metabolismo de
nutrientes ingeridos pela alimentação, bem como de produtos finais e intermediários
provenientes da fermentação das fibras.
RECOMENDAÇÕES
84
Fonte: Adaptado de: Lerayer, Antunes e Oliveira, 2013; Franklin et al., 2001;
Brown, DeCoffe, Molcan e Cols, 2012;
85
tecidos e membranas celulares, as vitaminas de uma forma geral possuem propriedades
antioxidantes, e entre os minerais se destacam o zinco, o selênio e em outra
classificação os polifenóis, que se caracterizam como um conjunto heterogêneo de
moléculas com características comuns, entre os quais o grupo de flavonóides (Gil-
Antuñano et al., 2009).
Além dos compostos já abordados anteriormente (Rutaecarpine, Gingerol,
Alicina, Quercetina, Resveratrol, Curcumina) e algumas vitaminas e minerais como
Vitamina E, Vitamina C, Zinco, Selênio, podemos avaliar o uso em atletas dos ítens
abaixo:
• Coco (TCM)
(Choo et al.,2010; Reranil et al.,2011; Ferreira et al.,2003; Silva et al.,2011; St-
Onge et al., 2003)
O óleo de coco é um óleo composto por ácidos graxos de cadeia média que
apresentam rápida metabolização no fígado. Apresenta diferentes ácidos graxos em sua
composição, entre eles destaca-se o ácido láurico, o de maior concentração, que também
é encontrado no leite materno e possui propriedades na saúde humana . Além disso, o
óleo de coco apresenta um maior teor de polifenóis e antioxidantes naturais do que
outros óleos comestíveis.
Em pesquisa experimental realizada com indivíduos
hipercolesterolêmicos, suplementados com 30mL/dia de Óleo de
coco, observou-se melhora significativa nas variáveis antropométricas e bioquímicas
Parte desses benefícios podem estar associados à presença dos triglicerídeos de
cadeia média (TCM) no óleo de coco, os quais estão relacionados a maior gasto
energético e oxidação, o que levaria à diminuição dos depósitos de gordura do corpo.
Os autores acreditam que o óleo de coco possa exercer efeitos benéficos no perfil
lipídico e cardiovascular de indivíduos dislipidêmicos.
Em um estudo realizado com indivíduos com sobrepeso, se comparou os efeitos
da dieta rica em TCM e da dieta rica em TCL sobre a composição corporal. As dietas
fornecidas eram idênticas se diferenciando apenas pela qualidade da gordura e além
disso, os voluntários consumiram apenas as refeições que lhe eram fornecidas. Ao final
do estudo foi demonstrado que o TCM consumido em uma dieta controlada, leva a
86
maior perda de peso que o TCL, concluindo que o primeiro pode ser considerado como
agente auxiliador na prevenção da obesidade ou estimulador potencial da perda de peso.
No entanto, estudos posteriores indicam não haver relação na suplementação de
TCM no desempenho em exercícios de ultra-resistência. Os estoques corporais de
glicogênio não são poupados nem a performance de um atleta é melhorada na ingestão
concomitante de carboidratos e TCM. Sugere-se o emprego, por mais estudos, de tempo
se estímulo maior, tais como exercícios a partir de 5 horas de duração, e concentrações
intermediárias desses ácidos graxos saturados, por volta de 50 a 60g.
RECOMENDAÇÕES
• Capsaicina
(Muller and Hings, 2013; Whatson and Preedy, 2010; Eskin e Tamir, 2006;
Kovacs e Mela , 2006)
A capsaicina é um alcalóide que provoca alívio temporário na dor muscular e
articulações por meio do uso tópico, utilizada para dor e como anti inflamatória,
promove o direcionamento da circulação para a região afetada, facilitando sua
recuperação.
Existe evidência de que a capsaicina pode ajudar a aumentar a queima de energia
por meio da ativação do sistema nervoso simpático.
A capsaicina atua por estimulação da secreção de catecolaminas a partir da
medula adrenal, principalmente através da activação simpática do sistema nervoso
central.
O consumo de 10g de pimenta contendo 30 mg de capsaicina aumenta em 23% o
gasto energético após o consumo, com aumento da oxidação de carboidrato e
diminuição da oxidação de lipídios por até 150 minutos,
A capsaicina suprime a produção de PGE2 por inibição da enzima COX-2, e
induz a síntese de óxido nítrico-sintetase (iNOS) de um modo dependente da dose.
• Coenzima Q10
(OBs. Princípio ativo de origem de alimento funcional de fonte animal) (Mueller
87
and Hings, 2013; Concepción, 2007)
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
• 60 a 300 mg
• (100 mg 3x/dia)
88
diabetes tipo 2, doença hepática gordurosa não alcoólica, e mortalidade cardiovascular
prematura, tem aumentado a necessidade da compreensão dos processos que regulam o
tecido adiposo e de ganho de peso. O aumento da adiposidade é um processo complexo
que é impulsionado tanto pelo aumento no tamanho quanto do número dos adipócitos e
reflete um desequilíbrio entre a ingestão, o armazenamento e a utilização de energia
pelo organismo por meio do acúmulo de lipídeos (Litwach, 2013).
A obesidade é uma doença de causa multifatorial sendo que o acúmulo de tecido
adiposo é dependente de uma interação complexa entre a herança genética e os
contextos sociais e ambientais. Embora existam vários fatores que podem contribuir
para a obesidade, é consenso que a causa principal seja o aumento na absorção de
nutrientes fontes de energia e a redução do gasto calórico (Lattimer & Haub, 2010)
Mas o que causa a obesidade? Pode-se dizer de forma sucinta que em humanos,
a base genética explica cerca de 40% da variação da massa corporal gorda e pode
ocorrer por mutações no gene IRX3 (presente no hipotálamo), no gene FTO (Fat mass
and obesity associated) e em mais de 70 genes relacionados à obesidade,que em geral se
expressam mais no cérebro de pessoas que são obesas (Melmed et al., 2011). Dentre as
alterações genéticas, pode-se destacar:
89
(2011) pode ser explicitada de forma mais resumida a seguir:
• Fibra da Dieta
(Lattimer et al., 2010; Lattimer e Haub, 2010; Melmed et al.,
Livro compostos bioativos dos alimentos - O papel da fibra na promoção da
saúde e na dieta
Percegoni, NUNES, Gomes, 2015
90
As fibras da dieta são um grupo de componentes alimentares resistentes à ação
das enzimas digestivas, encontradas principalmente em frutas, vegetais e cereais.
Apesar de serem indigeríveis no intestino humano, as fibras são completa ou
parcialmente fermentadas ao longo do intestino, formando produtos indispensáveis à
saúde dos colonócitos. Apresentam propriedades funcionais e tecnológicas que
permitem o seu uso na formulação de alimentos com grandes benefícios à saúde
humana.
O consumo de fibras altera a composição da microbiota intestinal, e o
entendimento das interações entre as fibras da dieta e a composição da microbiota
intestinal, consiste em um meio de manutenção ou melhora da microbiota,
principalmente quando há um quadro de disbiose existente.
A inclusão de fibras na dieta é que para as pessoas mais obesas, o balanço
energético negativo e a consequente perda de peso, podem ser mais facilmente
alcançados pela diminuição da ingestão de alimentos calóricos que pelo aumento da
atividade física. Portanto, a intervenção dietética e o uso de fibras na alimentação são
considerados fatores imprescindíveis na terapia de perda de peso, controle e prevenção
da obesidade (Melmed et al 2011).
Segundo Lattimer e Haub (2010) a maioria dos estudos indica que o consumo de
fibras tanto solúveis quanto insolúveis proporciona o aumento da saciedade e diminui a
fome e a ingestão calórica (Lattimer e Haub, 2010); já McCleary e Prosky (2001)
descrevem que a utilização de uma mistura de fibras solúvel e insolúvel parece ser mais
eficiente que o uso isolado de uma ou outra para a perda de peso corporal (McCleary e
Prosky, 2001). A partir do consumo de 8g de fibra a cada 1000 kcal já se obtém esse
efeito na perda de peso e o consumo de 14 g de fibra/dia está associado a uma
diminuição de 10% no consumo de energia e a uma perda de peso de 1,9 kg após 3,8
meses de dieta (Dokkum, 2010).
91
Figura - Classificação das fibras alimentares segundo suas propriedades
químicas
Fonte: Livro compostos bioativos dos alimentos - O papel da fibra na promoção
da saúde e na dieta. Percegoni, NUNES, Gomes, 2015
92
e de sais biliares no intestino delgado;
• Efeitos sobre os hormônios gastrointestinais (tais como a colecistocinina,
gastrina ou glucagon);
• Diminuição da insulinemia e consequente diminuição da lipogênese,
principalmente a abdominal devido ao controle dos níveis de glicemia pós-prandial;
• Aumento da sensibilidade à insulina e redução de peso (observado apenas em
modelos animais), sendo este efeito relacionado tanto com as fibras alimentares quanto
pela presença de amido resistente;
• Melhora da resposta glicêmica por retardar o tempo de liberação de glicose
como combustível e por consequência, aumentar a utilização de lipídios plasmáticos.
MBE
93
NUTRICIONISMO que é um principio analítico-reducionista.
Este princípio se baseia no fato de que seria teoricamente possível retirar de um
alimento seus nutrientes “maléficos” e adicionar a ele nutrientes “benéficos”, recurso
muito utilizado pela indústria alimentícia como pode ser facilmente constatado em uma
visita a qualquer supermercado. Da mesma forma são produzidas cápsulas de vitamina
C e uma série de outros suplementos.
Desta forma a alimentação pode ser encarada de forma tão mecânica quanto
qualquer receita médica: coma X gramas disso; tome Y gramas daquilo; complete com
algumas cápsulas de mais alguma coisa e terás uma dieta saudável.
Mas apesar da Nutrição ser uma ciência nova, estamos evoluindo ao ponto de
percebermos que existe muito mais princípios ativos em um alimento interagindo para
nossa saúde que uma simples substância isolada.
Por isso Nutricionistas conscientes preferem prescrever alimentos como o
principal nível de atuação e fazem uso de substâncias e suplementos de forma mais
isolada.
Mas vamos aos fatos, já que a teacrina é uma substância antiga, já identificada
anteriormente, seria consenso a prescrição da mesma? Para chegarmos a esta resposta
iremos lançar mão de alguns artigos científicos e a metodologia de MBE par decidirmos
nossa conduta profissional baseada em níveis de evidência e grau de recomendação.
Para tomarmos uma decisão sobre uma conduta nova ou a escolha de uma
prescrição fazemos uma tomada de decisão sobre a recomendação do uso de Teacrina e
prescrição fitoterápica. Neste sentido escolhemos um fabricante do produto e avaliamos
os artigos utilizados pelo mesmo para determinar o grau de evidência e o nível de
recomendação das informações apresentadas pela indústria de suplementos.
Posteriormente foi feita uma busca no portal de periódicos da CAPES e
selecionados os artigos encontrados com o tema teacrina
Inicialmente classificamos os artigos pela fator de impacto e QUALIS e em
sequida foi feito a MBS do assunto Artigos avaliados
94
• Artigos Fornecidos pelo Informativo técnico do fabricante
F1 - Li, k.; Shi, X.; Yang, X.; Wang, Y.; Ye, C.; Yang, Z. Antioxidative
activities and the chemical constituents of two Chinese teas, Camellia kucha and C.
ptilophylla. International Journal of Food Science and Technology.p.1-9, 2011.
F2 - Li, W.X.; Li, W.F.;JiaZhai, Y.; Chen, W.M.;Kurihara, H.; He, R.R.
Theacrine, a Purine Alkaloid Obtained from Camellia assamica var. kucha , Attenuates
Restraint Stress- Provoked Liver Damage in Mice. Journal of Agricultural and Food
Chemistry.v.61, p.6328 – 6335, 2013.
F3 - Ziegenfuss, T.N.;Habowski, S.M.;Sandrock, J.E.;kedia, A.W.;Kerksick,
C.M.; Lopez, H.L.A Two-Part Approach to Examine the Effects of Theacrine
(TeaCrine®) Supplementation on Oxygen Consumption, Hemodynamic Responses, and
Subjective Measures of Cognitive and Psychometric Parameters.Journal of Dietary
Supplements.p.1-15, 10 May 2016. (não encontrado no portal de periódicos capes,
apenas resumo)
95
Em saúde consideramos que artigos que tenham fator de impacto abaixo de 4,
devem ser considerados com ressalvas, tendo em vista que são revistas de menor
circulação e portanto seus autores não são muito conhecidos no meio científico, ou a
produção não é tão relevante ao ponto de conseguir ser publicada em uma revista de
grande circulação.
Pela leitura de todos 11 artigos, pode-se perceber que os artigos utilizados pelo
informe técnico da indústria de suplemento tem baixo fator de impacto e o único
realizado em humanos foi publicado em uma revista que sequer é indexada pelo JCR, a
leitura do artigo mostra inúmeras possibilidades de viés e uma randomização fraca
como pode ser visto no resumo da tabela a sequir
Tabela - Tipo de estudo realizado, metodologia e Características
96
Avaliação da MBE
97
Como podemos observar pela tabela, apenas dois estudos foram feitos em
humanos, sendo um com erros metodológicos sérios, o segundo estudo (Kulman et al,
2015) foi feito em 20 dias, e apresenta um modelo experimental muito bem estruturado
e planejado, no entanto seu N é pequeno e o tempo de estudo curto, o mesmo estudo
relata que existem apenas mais 2 estudos em humanos com teacrina, mas não relata as
conclusões dos mesmos.
O restante dos estudos ou são determinações quantitativas, que não entram na
nossa avaliação, ou são estudo em ratos (D5) que não devem ser considerados como
parâmetro para a prescrição e pelo contrário, indicam que se forem a única fonte não
deve ser prescrita a conduta.
• Considerações Finais
Existe apenas um estudo analisado com grau de evidência 2B, ou seja: Estudo
que recomenda a ação e que por conta deste estudo podem ser encontradas evidências
98
importantes no desfecho.
Pode-se pensar que a conclusão seria de que há benefício na escolha da ação em
relação aos riscos do dano, mas a existência de uma única evidências razoáveis para
apoiar a recomendação, e tendo em vista o fato de que o restante dos estudos que podem
ser avaliados foram feitos com animais, que nos leva a 5 estudos com o nível 5 que é
classificado como estudo inconclusivo. Estes estudos são considerados de pobre
qualidade e existem fortes evidências para descartar a recomendação neste caso.
Com base no exposto acima, me parece premeditada a conduta profissional de
prescrição fitoterápica de um produto cuja evidência clínica é baseada em um único
ensaio clínico randomizado de menor qualidade.
Em relação ao uso e prescrição da Teacrina no presente momento fica clara a
forte recomendação de não ser prescrita e indicado ao paciente até que maiores estudos
possam comprovar sua real eficácia e custo benefício.
Esta seria no momento a conduta recomendada tendo em vista que sequer
sabemos o custo benefício do princípio ativo e as possíveis interações que doses
elevadas podem causar na epigenética do indivíduo que faz uso do mesmo.
A nutrição é uma ciência nova e em evidência, mas nossa credibilidade deve ser
pautada em condutas conscientes e baseadas em ciência e comprovação, não em
modismos, acho inocente e de certa forma manipulados os profissionais que acham que
uma única substância (ou um pequeno grupo delas) dará conta de "salvar" ou atuar
sobre determinadas situações metabólicas, e se isso acontecer, não estamos tratando a
causa e sim o sintoma, e neste sentido condenamos o indivíduo a tomar determinado
tipo de medicamento e suplemento para o resto da vida...
Com tantos alimentos in natura disponíveis, esta prática interessa a quem? Já se
perguntaram sobre isso? Será que um Nutricionista que "escravisa" o paciente vai
realmente ter status de bom profissional? Ou será que o que investiga, usa
medicamentos e suplementos no momento crítico, mas depois descobre a causa e atua
nesta frente de trabalho é que realmente faz a diferença pra saúde e pra sociedade e com
isso tem renome e não precisa se preocupar com Marketing?
99
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