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ABSTRACT: From the critical theory of human rights and constitutional law based on an
aristotelian basis of justice, this article shows that the cooperative relationship (tax
compliance) should be viewed as a fundamental right, either because there is a system
outlined in the constitution of the republic. , fully integrated, which does not reflect the
complexity of the tax relationship experienced today, this fact is foreign to the system, and
therefore offensive to the fundamental right, either by the fact that the most recognized
fundamental rights (to life, health, security, education, housing, etc.) Constitute essential
services provided by the state, funded by taxation, which presupposes, at its core, a
harmonious relationship between tax authorities and taxpayers, any violation of this
harmonious relationship constitutes, at its core, an offense to fundamental right.
1Doutorando em Direito pela PUC Minas. Mestre em Filosofia, pela FAJE/MG. Professor e Advogado.
2Doutorando em Direito pela PUC Minas. Master of Business Administration em Direito Tributário pela
Fundação Getúlio Vargas – Rio de Janeiro. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Tributário – IBDT
e do Instituto de Estudos Fiscais – IEFi. Professor e Advogado.
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INTRODUÇÃO
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Entrevista concedida ao CONJURhttps://www.conjur.com.br/2009-abr-05/entrevista-flavia-piovesan-
procuradora-estado-sao-paulo, em 05 de abril de 2009
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Artigo 1º
§1. O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável, em virtude
do qual toda pessoa e todos os povos estão habilitados a participar do
desenvolvimento econômico, social, cultural e político, para ele contribuir e
dele desfrutar, no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais
possam ser plenamente realizados.
§2. O direito humano ao desenvolvimento também implica a plena realização
do direito dos povos à autodeterminação que inclui, sujeito às disposições
relevantes de ambos os Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos, o
exercício de seu direito inalienável à soberania plena sobre todas as sua
riquezas e recursos naturais.
Artigo 2º
§1. A pessoa humana é o sujeito central do desenvolvimento e deveria ser
participante ativo e beneficiário do direito ao desenvolvimento.
§2. Todos os seres humanos têm responsabilidade pelo desenvolvimento,
individual e coletivamente, levando-se em conta a necessidade de pleno
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respeito aos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, bem como seus
deveres para com a comunidade, que sozinhos podem assegurar a realização
livre e completa do ser humano e deveriam por isso promover e proteger uma
ordem política, social e econômica apropriada para o desenvolvimento.
§3. Os Estados têm o direito e o dever de formular políticas nacionais
adequadas para o desenvolvimento, que visem ao constante aprimoramento
do bem-estar de toda a população e de todos os indivíduos, com base em sua
participação ativa, livre e significativa, e no desenvolvimento e na distribuição
equitativa dos benefícios daí resultantes. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS, Assembleia Geral, resolução nº. 21/128 de 4 de dezembro de 1986)
É notável aqui que o desenvolvimento tem duas facetas: pode ser considerado
individualmente, ou coletivamente. Mascarenhas (2008) leciona que os direitos
sociais, genericamente considerados, são os meios para o alcance do
desenvolvimento pessoal e da igualdade social, fundamentos da República Brasileira.
São os direitos sociais os direitos à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, ao
lazer, à segurança, à previdência social, a proteção à maternidade e à infância, e a
assistência aos desamparados. Já Mendes e Branco (2014) apontam o direito ao
desenvolvimento como um dos direitos difusos/coletivos, de terceira geração, uma vez
que, segundo ele, diz respeito a coletividades ou grupos. Porém, como os próprios
autores esclarecem, tais concepções não são mutuamente exclusivas, mas sim
complementares e refletem a evolução da concepção jurídica de tal direito.
A aludida obra – curiosamente não foi escrita diretamente por Aristóteles, mas
resulta de um compêndio de notas editadas por seus discípulos – busca evidenciar
qual a finalidade do agir humano.
guiar o homem: ela opera na consciência moral, inclina o homem à vida virtuosa e o
esquiva da prática de vícios.
Assim, Aristóteles expõe, ao longo de sua obra, quais virtudes deve o homem
portar para realizar-se no bem supremo. Então, ele passa a descrevê-las – bem como
seus arquétipos contrários, os vícios – ao longo do Livro IV: a liberalidade, a
magnificência, a magnanimidade, a afabilidade, a sinceridade, a espiritualidade,
dentre outras.
Por que Aristóteles percebeu duas coisas fundamentais: primeiro, que a justiça
é a virtude-mor, a virtude das virtudes; disso resulta a segunda: a justiça pode ser
interpretada em dois sentidos.
O próprio título já traz uma série de informações que precisam ser mitigadas.
Aritmética é aquela parte da Matemática que estuda as quatro operações
fundamentais, a saber, adição, subtração, multiplicação e divisão. Por isso, a
igualdade aritmética deve ser entendida no sentido de equivalência, uma vez que,
quando digo 2 + 2 = 4, infere-se que duas unidades agrupadas a mais duas unidades
equivalem ao agrupamento de 4 unidades.
Isso porque, na relação dos particulares com o Estado, aqueles não devem ser
tratados de forma isonômica; a igualdade aqui é no sentido de isegoria: os desiguais
devem ser tratados desigualmente na proporção em que a desigualdade se manifesta:
no cálculo do IPTU, por exemplo, em atenção a ideia de igualdade aristotélica na
distribuição de encargos públicos, leva-se em consideração o valor venal do imóvel
como base de cálculo, de acordo com a capacidade contributiva.
Em que pese tratar-se de uma relação complexa, por suas várias nuances,
sintetizadas por Paulo de Barros Carvalho na regra matriz de incidência tributária
(2004), a relação jurídica tributária deveria ser algo simples de se concretizar, através
de um liame lógico-legal, decorrente da ocorrência fática do fato gerador de
determinado tributo ou do exercício de atividade da qual se exija o cumprimento de
deveres instrumentais. Esta relação tributária foi harmonicamente sistematizada na
Constituição Federal de 1988, pela constituição de um Sistema Tributário Nacional,
em que são definidas as espécies tributárias, as situações fáticas que viabilizam sua
incidência, as competências e, inclusive, a repartição das respectivas receitas.
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A carga tributária brasileira oscila em torno de 32% do seu Produto Interno Bruto (PIB), enquanto de outros
países da América Latina esta média cai para cerca de 22%, conforme pesquisa realizada pelo site Politize, em
junho de 2017. Disponível em: http://www.politize.com.br/carga-tributaria-brasileira-e-alta/. Acesso: 11/12/2017.
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O Brasil é um dos países com a maior quantidade de impostos e taxas do mundo, segundo pesquisa realizada
pelo Jornal O Globo, em setembro de 2015. Disponível em https://oglobo.globo.com/economia/de-30-nacoes-
brasil-oferece-menor-retorno-dos-impostos-ao-cidadao-17555653. Acesso: 11/12/2017.
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Carlos Otávio Almeida (2017, p. 65) salienta esta questão, esclarecendo que
fiscalizações realizadas muito tempo após o cumprimento de obrigações principais e
deveres instrumentais pelos contribuintes podem evidenciar que, naquele momento,
em que este praticou os atos exigidos pela lei tributária, o fez de forma incompatível,
sem conformidade, mas este atuar pretérito não representa o seu proceder atual,
cujas práticas já tenham sido reformuladas para a obtenção da conformidade exigida.
O fisco, nestes casos, lança e promove a arrecadação ou o litígio, tudo isso por
fatos passados, que não revelam mais a relação atual deste contribuinte com a
administração tributária. Em resumo, o fisco estará sempre vários passos atrás, e o
contribuinte nunca (ou somente muito tempo depois) será beneficiado por sua
colaboração. Nisto se abrevia a atividade reativa do fisco, distante do fato gerador por
ser realizada muito tempo após sua concretização, e em reação a esta, desmotivando
o contribuinte a manter uma relação de cooperação e estar em conformidade.
Neste contexto não é possível ser vislumbrada efetiva cooperação entre fisco
e contribuintes, exatamente pela violação ao dever administrativo de praticabilidade
tributária. O fisco torna a relação mais complexa por seus próprios atos, dificultando o
cumprimento de regras pelo contribuinte e não premiando aquelas que são cumpridas.
Quebra, portanto, a harmonia do sistema tributário, como assim disposto na
Constituição Federal.
Uma observação histórica a partir da década de 60 indica que, nos primeiros
30 anos, a administração fazendária atuou com rigor para a expansão da arrecadação
tributária, considerando uma maior demanda por gastos públicos, a modernização do
fisco pelos avanços tecnológicos, e a responsabilidade passada ao Estado para a
correção de falhas de mercado. Já na segunda metade do período, a concorrência
tributária internacional fez com que alguns países fossem mais amigáveis ao setor
privado, e a administração tributária passou a buscar uma melhor compreensão da
realidade comercial e produtiva de empresas. O momento atual é, então, de transição,
de um ambiente essencialmente conflitivo para outro, cooperativo, este, sim, alinhado
com a natureza dos direitos fundamentais.
A incipiente mudança no trato fisco-contribuintes remonta ao ano de 2008, com
a publicação Study into the Role of Tax Intermediaries, elaborada pelo Forum on Tax
Administration - FTA da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico – OCDE (ALMEIDA, 2017, p. 60). Com este estudo foi concebido um novo
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CONCLUSÃO
que pressupõe, em seu núcleo, uma relação harmoniosa entre fisco e contribuintes,
qualquer atentado a esta relação harmoniosa configura, em seu âmago, ofensa a
direito fundamental.
A ideia de consciência fiscal, representada pelo pagamento voluntário de
tributos como forma de solidariedade social, é oposta à desconfiança que hoje rege a
relação fisco-contribuintes, não sendo possível se falar em compliance tributário se
prevalecer o entendimento de que as normas respectivas somente podem ser
cumpridas mediante pesadas sanções. É necessária a cooperação entre fisco e
contribuintes para obtenção do compliance tributário na medida adequada, afastando-
se cada vez mais da litigiosidade e da rivalidade que atualmente adjetivam esta
relação.
Este ambiente colaborativo somente poderá ser alcançado com a modificação
de posturas de ambos os polos da relação jurídica tributária. Por parte do fisco, é
preciso uma atitude diferenciada, capaz de criar no contribuinte um sentimento
cooperativo e de confiança em sua responsividade. Pelo lado do contribuinte, a
certeza de que poderá contar com o apoio da própria administração para elucidar as
questões relativas à tributação, e, ainda, que sua contribuição retornará em benefícios
à sociedade, além do efetivo e tempestivo cumprimento de obrigações principais e
deveres instrumentais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Carlos Otávio Ferreira de. Compliance cooperativo: uma nova realidade
entre administração tributária e contribuintes. Revista Direito Tributário
Internacional Atual, núm. 02, p. 58-82 – São Paulo, 2017.
FEITOSA, Maria Luiza Alencar Mayer. Exclusão social e pobreza nas interfaces
entre o direito econômico do desenvolvimento e o direito humano ao
desenvolvimento. Revista sobre Desenvolvimento, p. 103, 2013.
GODOI, Marciano Seabra de. Tributo e solidariedade social. In: Solidariedade social
e tributação. São Paulo: Dialética, 2005.
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Teoria da imposição tributária. 2. ed. São Paulo:
Ltr, 1998.