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ELEMENTOS INICIAIS
Introdução
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Karina Garcia Mollo é psicóloga, mestre em educação pelo Programa de Pós-Graduação da UNIMEP e
doutoranda pela mesma instituição. Dispõe de bolsa CAPES. karinagmollo@gmail.com
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Leandro Eliel Pereira de Moraes é historiador, educador popular, especialista em Economia do Trabalho
e Sindicalismo pela UNICAMP e mestrando em educação pelo Programa de Pós-Graduação da UNIMEP.
Dispõe de bolsa CAPES. leandroeliel@gmail.com
Entre os pensadores da sua época, foi Hegel quem produziu avanços na forma
de interpretar a realidade, na forma como compreender a natureza dos fenômenos e
sua essência, de conceber a história como processo em constante movimento e
transformação. Trouxe contribuições acerca do movimento dialético como processo de
auto-superação provocado pela contradição.
Marx rejeita o conteúdo idealista e místico que Hegel atribui aos fenômenos da
natureza e do pensamento, à sua idéia de espírito absoluto, mas parte de sua lógica
dialética. Inverte o pensamento idealista de Hegel, que parte das idéias para conhecer
os fenômenos, considerando as condições materiais na determinação do próprio
movimento dos fenômenos. Para Marx, todos os fenômenos da realidade são
materiais, inclusive a consciência é um produto da relação homem - natureza. A
realidade existe independente da consciência. “Não é a consciência que determina a
vida, mas a vida que determina a consciência” (1984, p. 37). Na teoria marxiana, “A
consciência jamais pode ser outra coisa do que o ser consciente, e o ser dos homens
é o seu processo de vida real” (idem, ibidem).
Marx e Engels reformulam a concepção de dialética e de alienação, assim
como a concepção de ideologia. Nesta teoria, a dialética e o materialismo estão
articulados sob a perspectiva histórica. A alienação está presa às condições materiais
de vida, sendo possível sua superação somente através da transformação dessas
condições concretas.
Em suas formulações, buscaram construir uma concepção racional e científica
para compreender as leis gerais que regulam os fenômenos. Relacionando o
pressuposto materialista e a lógica dialética, desenvolveram o método materialista
histórico-dialético, um método de estudo científico e de transformação da realidade.
Com a lógica dialética, desenvolveram uma concepção científica para a compreensão
dos fenômenos baseada na prática social; procuraram conhecer as leis gerais que
regem as relações sociais. Com o materialismo histórico, estudaram as
transformações da vida em sociedade, os processos históricos e as práticas sociais
dos homens. Buscaram entender a história a partir da inter-relação entre os diversos
complexos sociais, sejam econômicos, políticos e sociais.
O materialismo histórico e a lógica dialética como elementos iniciais do método
devem ser entendidos não como algo a priori, devem ser compreendidos como
construção teórica na própria relação com o seu objeto de estudo, ou seja, é na
análise da origem, do desenvolvimento e das crises da sociedade burguesa que o
método foi forjado com a construção de conceitos e categorias. Não encontramos em
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Marx uma definição do método, ela é construída em toda a sua produção teórica e na
relação com a práxis revolucionária. Marx dizia que “[...] os filósofos apenas
interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo” (2007,
p. 535, grifos do autor). Portanto, o método, necessariamente, é uma unidade entre a
análise da realidade e a perspectiva da revolução.
O pressuposto materialista
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determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais, ou seja, os
recursos materiais disponíveis na natureza, a qualidade e a quantidade de força de
trabalho e ao nível tecnológico. O conjunto dessas relações de produção constitui a
base econômica de uma sociedade, sobre a qual se levanta uma superestrutura
política, jurídica e as formas de consciência social. As formas de produção de vida
material, ou seja, o modo de relação de produção determina as relações políticas,
jurídicas, intelectuais e as formas de consciência.
A relação entre a estrutura econômica e a superestrutura política, jurídica e
ideológica não é mecânica, e sim dialética. Marx, como recurso metodológico,
decompõe a estrutura social e salienta o pressuposto material. É importante dizer que
no contexto deste debate, Marx encontrava-se em contraposição aos hegelianos
idealistas que defendiam a idéia como princípio e fator transformador da sociedade.
Nesse contexto, o autor escreve o texto para reforçar o princípio de que são
necessárias as condições objetivas para as mudanças, por isso a ênfase no aspecto
materialista de seu método. Porém, a dialética, enquanto elemento essencial do
método, também está contida no texto. Engels, numa carta endereçada a Block, busca
esclarecer a devida relação dialética da história.
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Segundo os teóricos marxistas, o materialismo histórico-dialético é um método
que permite entender as relações sociais em seu caráter concreto e histórico.
A lógica dialética
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linearidade, da evolução e do progresso; requer a harmonia e a ordem como
estabelecedoras do desenvolvimento; absolutiza os opostos; pauta-se em juízo
valorativo e pressupõe a neutralidade.
Vários autores marxistas tentaram sistematizar a lógica dialética, entre eles,
Lênin, em Cadernos sobre a dialética de Hegel; Henri Lefebvre, em Lógica formal e
lógica dialética e Wilhelm Reich (2002) no jornal livro Materialismo Dialético e
Psicanálise.
Segundo Reich, a dialética consiste no movimento da realidade, é a lógica
sobre a qual o fenômeno em seu movimento se estrutura. Desta forma não é o
pensador que impõe a dialética ao fenômeno, mas cabe a este compreender o
movimento do fenômeno.
A principal dificuldade em descrever a dialética é analisar algo que está em
constante movimento. Para estudar o movimento e descrevê-lo, nos colocamos diante
de um dilema: olhar um momento do movimento sem o movimento. A descrição da
dialética é um paradoxo, o que está escrito não contém movimento. Para Reich, o
movimento dialético pode ser sintetizado em algumas características. A primeira
consiste em captar o movimento objetivo e ininterrupto do fenômeno, ou seja, era, é e
tende a ser; analisar objetivamente as formas e as fases de seu desenvolvimento. A
segunda diz que toda forma traz em si mesma uma contradição, é a união de
contrários; quando o conflito do fenômeno não pode mais ser resolvido internamente
destrói a forma antiga gerando uma nova. A terceira diz que a forma nova não resolve
a contradição interna, por isso, tudo que nasce já traz em si o germe da sua
superação; tudo é movimento contínuo e ininterrupto, tudo que nasce tende a perecer.
A quarta se refere a identidade de contrários, uma coisa pode se transformar no seu
contrário sem deixar de ser o que é; as contradições não são absolutas. A quinta diz
que a forma como se desenvolve a contradição não é boa nem má, mas necessária;
não se pauta por juízo valorativo até por que aquilo que possibilitou o movimento pode
vir a obstaculizá-lo. A sexta se refere ao amadurecimento interno da contradição que
se dá progressivamente, mas se resolve por uma ruptura, por um salto de qualidade; é
a passagem da quantidade para qualidade. A sétima e ultima característica faz
referencia a negação da negação; as diferentes formas do fenômeno manifestam uma
dupla negação. Por exemplo: uma terceira forma nega a segunda forma que nega a
primeira aparentando uma volta a essa primeira forma, mas não retorna ao que era.
Cada sucessão de formas carrega parte das outras, mas é outra e nova forma. O
movimento não é circular, mas em espiral.
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Iray Carone, no texto A dialética marxista: uma leitura epistemológica (1984),
diz que há indícios no prefácio da primeira edição alemã e também no posfácio da
segunda edição alemã da obra O Capital de como compreender epistemologicamente
o método dialético. No prefácio da primeira edição alemã de 1867, diz que encontra o
ponto de partida da investigação, a decomposição do todo em partes mais simples até
retornar ao todo; faz uma analogia com a forma de proceder de um biologista, diz que
a sociedade burguesa é um organismo e a mercadoria a célula mais elementar; que o
modo de tratar cientificamente os fenômenos e os processos deve ser através da
análise e da capacidade de abstração (por meio do pensamento), visto serem
refratários à observação direta; considera que Marx, ao partir de uma concretização
histórica, no caso o capitalismo inglês, uma forma singular (a mais evoluída),
conseguiu expressar materialmente as características gerais do capitalismo e suas
leis.
No posfácio da segunda edição alemã, mostra que é necessário distinguir entre
o método de pesquisa e o método de exposição. O método de pesquisa consiste em
uma investigação empírica através da coleta de informações (observação, entrevistas,
documentos), da classificação, por meio da utilização de um conjunto de técnicas e de
procedimentos adequados à apreensão analítica do material empírico. O método de
exposição consiste no segundo momento da pesquisa, no momento de reconstrução
por meio racional e teórico, da realidade pesquisada, tendo como exigência básica a
pesquisa empírica. Marx diz:
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identificam; que o produto esconde o processo que o constituiu e que o método de
exposição permite percorrer o caminho descrito pelo método de pesquisa de forma
inversa, ou seja, a reprodução do real pelo avesso, o concreto pensado (abstrato-
concreto). Segundo Carone,
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elementos e a conceitos mais simples. Por meio do concreto pensado (representado),
é possível chegar a abstrações mais simples e assim recompor as partes ao todo, o
seu caminho inverso, o qual agora compreende uma rica totalidade de determinações.
O real concreto só se torna concreto por meio do pensamento.
Considerações finais
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move constantemente. Se essa realidade se move e se altera, o método também é
permeável a mudanças constantes, portanto histórico. Nesse sentido, o método não
pode ser compreendido como algo estanque, deve expressar, necessariamente, o
movimento em movimento. A busca da verdade percorre esse mesmo caminho, não é
absoluta, é provisória, é relativa a um determinado período histórico. Nas palavras de
Lênin, o método é “análise concreta da situação concreta”. Isso possibilitou a sua
geração uma análise da realidade que lhes permitiram, captando o seu movimento,
interferir para a sua transformação.
Outra observação final faz-se necessária: diferentemente das observações de
Louis Althusser, que atribui validade científica somente às obras posteriores A
Ideologia Alemã, separando de forma estanque o “jovem” Marx de sua maturidade,
trabalhamos com a perspectiva de um processo dialético de construção teórica do
autor, em que sua produção inicial, ao mesmo tempo em que fundamenta toda sua
trajetória, é conservada e superada no diálogo crítico com seus interlocutores.
Criticando as vertentes althusserianas, Celso Frederico (1995) dirá, acerca dessa
produção inicial, que:
Bibliografia
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MARX, K. e ENGELS, F. A ideologia alemã. Trad. José Carlos Bruni e Marco
Aurélio Nogueira. 4ª ed. São Paulo: Hucitec, 1984.
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