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Licenciado para - Cristiane Cardoso da Silva - 02957270200 - Protegido por Eduzz.com


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Gomes, Alexander Alves


Fundamentos do licenciamento ambiental ao ESG :
environmental, social and governance / Alexander
Alves Gomes. -- 1. ed. -- Salvador, BA :
Ed. do Autor, 2022.

Bibliografia.
ISBN 978-65-00-60055-1

1. Desenvolvimento sustentável - Aspectos


ambientais 2. Direito ambiental - Legislação -
Brasil 3. Licenciamento ambiental - Brasil 4. Meio
ambiente - Preservação 5. Responsabilidade social
das empresas 6. Sustentabilidade ambiental I. Título.

23-141141 CDU-34:502.7:35.078.1(81)
Índices para catálogo sistemático:

1. Brasil : Licenciamento ambiental : Direito


34:502.7:35.078.1(81)

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Diagramação e capa: Livroebook Diagramação e Design

Tenbook

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DEDICATÓRIA SUMÁRIO

Dedico este livro a todos que desejam se qualificar para INTRODUÇÃO .................................................................... 10
assumir um cargo de Analista Ambiental, ESG ou de Susten- CAPÍTULO 1 - Licenciamento Ambiental............................ 12
tabilidade em uma corporação, empresa ou empreendimento.
1.1 Competências do Licenciamento Ambiental............... 14
E como profissionais do meio ambiente sejamos capazes
1.2 Fases do Licenciamento Ambiental........................... 19
de contribuir com o crescimento, mitigando os impactos
ambientais negativos e criando soluções sustentáveis visando 1.3 Inexigibilidade de Licenciamento Ambiental............ 21
um futuro em que empresas se relacionem com os ecossiste- 1.4 Condicionantes da Licença Ambiental ...................... 22
mas de forma equilibrada.
1.5 Revisão dos Condicionantes do Licenciamento
Ambiental.........................................................................24
CAPÍTULO 2 - Estudos e Documentos do Licenciamento
Ambiental............................................................................. 27
2.1 Documentos legais da Empresa e Representante Legal.....34
2.2 Documentos da Empresa de Consultoria Ambiental.35
2.3 Cadastro Técnico Federal (CTF/APP e CTF/AIDA).. 35
2.4 Protocolo Licenciamento Ambiental......................... 36
2.5 Renovação do Licenciamento Ambiental.................. 37
CAPÍTULO 3 - Gestão Ambiental na Empresa.................... 39
3.1 Estruturação do Programa de Gestão Ambiental...... 42
3.2 Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001) . ............. 45

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CAPÍTULO 4 - Conhecendo o ESG......................................50 5.11 Do que se trata a parte social do ESG e como
4.1 O que faz um Analista ESG ou Analista de funciona na prática?......................................................... 70
Sustentabilidade................................................................51 5.12 Qual o papel da Governança Corporativa?.............. 73
4.2 A importância do Analista ESG ou de 5.13 Como a Governança impacta o ESG......................... 74
Sustentabilidade . ............................................................ 53 5.14 Soluções de Governança para projetos de ESG....... 75
4.3 Quais as principais atividades do Especialista em ESG CAPÍTULO 6 - O que é Compliance?...................................82
ou Sustentabilidade?........................................................ 54
6.1 Quais os objetivos e ganhos do Compliance?............83
4.4 Mercado de Trabalho................................................. 55
6.2 Criando um Programa de Compliance / Programa de
4.5 Como entro na área da Análise de ESG? .................. 57 Integridade.......................................................................85
CAPÍTULO 5 - Implementando o ESG. Qual é a importância 6.3 Como é o Compliance no Brasil? Penalizações e
dos critérios ESG para as empresas?................................... 58 Sanções............................................................................. 87
5.1 ESG e responsabilidade social como tendências do CAPÍTULO 7 - Compliance Ambiental................................ 91
mercado............................................................................58
7.1 Objetivos do Compliance Ambiental.......................... 92
5.2 ESG de dentro para fora: Como o público externo vê
Como implementar um Programa de Compliance
as empresas sustentáveis?...............................................60
Ambiental.........................................................................94
5.3 Definindo os Stakeholders......................................... 61
7.3 Avaliação do Compliance Ambiental......................... 96
5.4 A Importância dos Stakeholders................................ 62
CAPÍTULO 8 - Sobrevivendo a um Universo de Leis.......... 99
5.5 Classificação dos Stakeholders................................... 63
8.1 É preciso sim estar de acordo com toda a legislação....100
5.6 Tipos de Stakeholders................................................ 64
8.2 Exemplo de Compliance na Moda........................... 103
5.8 Exemplos de Stakeholders......................................... 66
8.3 Due Diligence: o combate às irregularidades externas.....105
5.9 Mapeamento de Stakeholders.................................... 67
8.4 O que diz o Manifesto de Davos.............................. 106
5.10 Criando Mapa de Stakeholders................................68

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8.5 A Agenda de Davos e o Bem Comum....................... 108


8.6 Todos os olhos estão voltados para os CEOs........... 109
8.6 Manifesto de Davos...................................................110
8.8 Pacto Global da ONU................................................112
8.9 Conhecendo os 10 Princípios do Pacto Global da ONU....113
CAPÍTULO 9 - Relatório de Sustentabilidade....................116
CAPÍTULO 10 - Normatização e Certificação do ESG no
Brasil e Considerações Finais............................................. 124 Se soubesse que o mundo
10.1 Prática Recomendada 2030 — Ambiental, social e acabaria amanhã, eu ainda hoje
governança (ESG) ......................................................... 124
plantaria uma árvore”
10.2 Considerações Finais.............................................. 126

(Martin Luther King).

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Qualquer atividade que possa trazer prejuízos ao meio


INTRODUÇÃO ambiente e a saúde da população, deve ser avaliada com
cautela pela gestão ambiental pública, impondo estudos
ambientais que provem e identifiquem possíveis impactos

I
ambientais e propostas de condicionantes para que essa ati-
magina uma atividade potencialmente poluidora, ou
vidade seja monitorada durante a vigência de operação da
seja, capaz de gerar poluentes ou degradação ambien-
atividade.
tal, que não passe por um processo de avaliação dos seus
possíveis impactos ambientais, formas de mitigação desses No Brasil temos vários exemplos de empreendimentos
impactos, ou compensação dos impactos ambientais que não que não cumpriram com o rito do licenciamento ambiental
podem ser mitigados? Nesse cenário, a gestão pública, seja trazendo prejuízos imensos a comunidades adjacentes ao
ela municipal, estadual ou federal, não teria capacidade de projeto e má utilização dos recursos ambientais.
gerir os seus recursos ambientais. Podemos citar a mineração ilegal, o desmatamento de
Quando um empreendimento inicia as suas atividades áreas não autorizadas, despejo de efluentes domésticos e
com a utilização dos recursos ambientais, é necessário buscar industriais (sem tratamento prévio) em corpos hídricos, e
a melhor metodologia e tecnologia para exercer a atividade outras situações, as quais são enquadradas na lei de crimes
com menor impacto ambiental nos recursos ambientais. ambientais (Lei nº 9.605/1998).
Temos que entender que a gestão dos recursos ambientais é O objetivo desse livro é trazer para você profissional
do poder público, e o mesmo que deve conceder ao empreen- ambiental de forma clara e metodológica, o entendimento do
dimento a possibilidade de utilização desses recursos. Licenciamento Ambiental e o ESG (Environmental, Social,
O licenciamento ambiental é um instrumento do and Governance) para desempenho das suas funções de Ana-
Poder Público e da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei lista ESG ou Analista de Sustentabilidade. Vamos descom-
6.938/81) com o objetivo de controle das atividades econô- plicar e mostrar os aspectos mais relevantes, dos fundamen-
micas que utilizam os recursos ambientais podendo promo- tos do licenciamento ambiental ao ESG para que você possa
ver a degradação ambiental. exercer as suas atividades como Analista ESG ou Analista de
Sustentabilidade em instituições públicas e privadas.

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CAPÍTULO 1 ficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o


solo, o subsolo e os elementos da biosfera (art. 3º da Lei
6.938/1981).
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Avaliando de forma sistêmica o fluxo de matéria e
energia de um empreendimento, sabemos que a entrada de

T
alden Farias conceitua o licenciamento ambien- matéria prima e energia para fabricação de produto ou pres-
tal como o processo administrativo complexo que tação de serviço, os quais são passíveis da geração de resíduos
tramita perante a instância administrativa responsá- sólidos e líquidos, além da utilização dos recursos ambien-
vel pela gestão ambiental, seja no âmbito federal, estadual ou tais já citados como água, solo, subsolo, atmosfera e energia,
municipal, e que tem como objetivo assegurar a qualidade podem promover impactos ambientais reversíveis e irrever-
de vida da população por meio de um controle prévio e de síveis, os quais devem ser analisados sob todas as formas de
um continuado acompanhamento das atividades humanas mitigação e compensação para que o empreendimento possa
capazes de gerar impactos sobre o meio ambiente. ser instalado e operado sem prejuízos significativos ao meio
ambiente e a população. Caso existam, os benefícios devem
Na Lei Complementar 140, de 8.12.2011, o licencia-
superar os prejuízos, e os mesmos reduzidos.
mento ambiental é conceituado como
De acordo a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, a
“O procedimento administrativo destinado a licen-
nossa Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), em seu
ciar atividades ou empreendimentos utilizadores de
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluido- Art. 9º
res ou capazes, sob qualquer forma, de causar degrada-
... Art 9º – São instrumentos da Política Nacional do
ção ambiental’’ (art. 2º, I).
Meio Ambiente:

… IV – o licenciamento e a revisão de atividades


Paulo Leme Machado tem o seguinte conceito para o
efetiva ou potencialmente poluidoras;
licenciamento ambiental:

“O licenciamento ambiental destina-se a licenciar Logo o licenciamento ambiental é um importante ins-


atividade ou empreendimentos utilizadores de recursos trumento com sua definição estabelecida pela Resolução
ambientais, isto é, a atmosfera, águas interiores, super- CONAMA 237/97

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Art. 1º – Para efeito desta Resolução são adotadas licenciamento estadual ou municipal, o estado possui o
as seguintes definições: poder de definição da classificação do empreendimento
I – Licenciamento Ambiental: procedimento admi- ou atividade por meio do potencial poluidor e porte do
nistrativo pelo qual o órgão ambiental competente empreendimento, de baixo a alto impacto ambiental, e de
licencia a localização, instalação, ampliação e a ope-
pequeno a grande porte, além das definições das ativida-
ração de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencial- des de impacto ambiental local, as quais poderão ser licen-
mente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, ciadas pelos municípios.
possam causar degradação ambiental, considerando as
Os municípios somente poderão licenciar empreendi-
disposições legais e regulamentares e as normas técni-
cas aplicáveis ao caso. mentos que estejam previamente classificados pelo estado
como atividades de impacto ambiental local conforme o Art.
1.1 COMPETÊNCIAS DO LICENCIAMENTO 9º da LC140/2011
AMBIENTAL Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:

... XIV - observadas as atribuições dos demais entes


Podemos iniciar com o entendimento da Resolução
federativos previstas nesta Lei Complementar, promo-
CONAMA 237/97, pois foi a primeira legislação que relaciona ver o licenciamento ambiental das atividades ou empre-
o licenciamento ambiental nos entes federativos, o que é de endimentos:
competência da união, estados e municípios, apesar de não a) que causem ou possam causar impacto ambiental
estar bastante claro, tais competências. Conhecer a competên- de âmbito local, conforme tipologia definida pelos res-
cia do licenciamento ambiental é o primeiro passo para que pectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, consi-
se possa avaliar, o que será necessário para iniciar o licencia- derados os critérios de porte, potencial poluidor e natu-
reza da atividade; ou
mento ambiental de um determinado empreendimento. É a
definição do potencial poluidor e se o impacto ambiental é local b) localizados em unidades de conservação insti-
tuídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção
(nos limites do município) ou regional (estadual ou federal).
Ambiental (APAs);
A legislação mais atualizada sobre as competências do
licenciamento ambiental é a Lei Complementar 140/2011. Observe, que pela LC140/2011 são os Conselhos Esta-
Nessa legislação fica muito claro, que quando tratamos do duais de Meio Ambiente, que por meio de critérios como

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potencial poluidor, porte e natureza da atividade, define o classificadas como de impacto ambiental local definidas previa-
que causa impacto ambiental local, logo empreendimentos mente pelo conselho estadual de meio ambiente do estado.
licenciados pelos municípios. Essas definições supracitadas sempre são publicadas
É importante lembrar que os municípios devem obe- por meio de uma resolução ambiental pelo conselho estadual
decer a critérios estabelecidos pela própria LC140/2011 para de meio ambiente. Então cada estado apresenta a sua rea-
apresentar a capacidade de licenciamento ambiental con- lidade, não tendo como enquadrar um empreendimento na
forme Art. 5º da LC140/2011 mesma situação em estados diferentes. Um complexo foto-
voltaico que possa ser licenciado pelo município num estado
Art. 5º O ente federativo poderá delegar, mediante
convênio, a execução de ações administrativas a ele atri-
x, talvez não seja licenciado pelo município num estado y.
buídas nesta Lei Complementar, desde que o ente desti- O Analista ESG ou de Sustentabilidade deverá estar atento
natário da delegação disponha de órgão ambiental capa- as diferenças do licenciamento ambiental em cada estado, e
citado a executar as ações administrativas a serem dele- para isso é necessário consultar a legislação ambiental local.
gadas e de conselho de meio ambiente.
Quando uma atividade não é enquadrada como impacto
Então para um entendimento, os municípios que ambiental local pela resolução do conselho estadual de meio
desejam licenciar, devem apresentar um órgão ambiental ambiente, e não é de competência do IBAMA, o qual definire-
com profissionais qualificados para o licenciamento ambien- mos um pouco adiante, logo será um licenciamento ambien-
tal, o qual não fica explícito o número de profissionais e o tal estadual. Uma atividade específica poderá ser licenciada
nível de qualificação, sendo que alguns estados, como o Rio pelo município, porém quando é alterado o porte, o estado
de Janeiro deixa bastante claro essa relação com o tamanho pode ser o diretamente responsável pelo licenciamento.
e população dos municípios. Também a necessidade da Podemos trabalhar com um exemplo simples de complexo
existência ou criação do Conselho Municipal de Meio de fotovoltaico, o qual o porte poderá ser definido por ocupa-
Ambiente, o qual deve possuir uma independência da gestão ção do empreendimento em hectares ou então por capaci-
pública municipal. dade instalada em megawatts. A depender da quantidade em
hectares ou em capacidade instalada megawatts, teremos o
A capacidade do município licenciar ocorre mediante
licenciamento ambiental definido no município ou estado.
convênio entre o estado e o município, sendo o ente federativo
Vamos dar um exemplo prático do que ocorre no estado da
estado dando poderes ao município para licenciar as atividades

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Bahia, o qual apresenta um ranking de liderança em licencia- 1.2 FASES DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
mentos ambientais de energia fotovoltaica.
Para iniciarmos, não podemos esquecer da Resolução
De acordo com a Resolução Cepram nº 4.579, de 06 de
CONAMA 237/97, a que regulamenta esse sistema trifásico do
março de 2018, a atividade Geração de Energia Solar Foto-
licenciamento ambiental. De acordo a Resolução CONAMA
voltaica, é considerada como pequeno potencial poluidor, e
237/97 temos as definições para o sistema trifásico do licen-
os municípios só podem licenciar os empreendimentos de
ciamento ambiental. (Fases do Licenciamento Ambiental)
classe 1, os quais são representados por um pequeno porte
(até 50 hectares) e pequeno potencial poluidor. Então um Art. 8º – O Poder Público, no exercício de sua com-
empreendimento fotovoltaico acima de 50 hectares, não petência de controle, expedirá as seguintes licenças:

poderá mais ser considerado como impacto ambiental local, I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preli-
sendo licenciado pelo Estado da Bahia. minar do planejamento do empreendimento ou ativi-
dade aprovando sua localização e concepção, atestando
O que eu posso te dizer, é que uma das etapas importan- a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos
tes no processo do licenciamento ambiental, é o enquadra- básicos e condicionantes a serem atendidos nas próxi-
mento da atividade ou empreendimento. E conhecer a legis- mas fases de sua implementação;

lação ambiental local para essa situação, é crucial para o Ana- II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a insta-
lista ESG ou de Sustentabilidade, pois tal situação garante a lação do empreendimento ou atividade de acordo com
as especificações constantes dos planos, programas e
segurança jurídica do empreendimento ou atividade.
projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
Eu mesmo já presenciei municípios dispostos a licenciar ambiental e demais condicionantes, da qual constituem
empreendimentos que não eram da sua competência no licencia- motivo determinante;

mento ambiental, e já vi diversas empresas com licenças ambien- III – Licença de Operação (LO) – autoriza a opera-
tais emitidas por municípios, sendo que tais atividades eram de ção da atividade ou empreendimento, após a verificação
do efetivo cumprimento do que consta das licenças ante-
competência do licenciamento ambiental do Estado. O Analista
riores, com as medidas de controle ambiental e condi-
ESG ou de Sustentabilidade deve avaliar previamente os proces- cionantes determinados para a operação.
sos de licenciamento da corporação e suas devidas competências,
Parágrafo único – As licenças ambientais poderão ser
sendo que a garantia da segurança jurídica, em não ter futuros expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natu-
problemas com a gestão pública, é desse profissional. reza, características e fase do empreendimento ou atividade.

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Ainda temos a união das licenças num licenciamento como uma licença ambiental unificada. Quero salientar, que
ambiental unificado (LU): essa informação não é regra, e isso depende do que foi esta-
belecido pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente em suas
Art. 12 – O órgão ambiental competente definirá,
se necessário, procedimentos específicos para as licen-
resoluções, ou ainda portarias do órgão ambiental ou decre-
ças ambientais, observadas a natureza, características tos e leis estaduais ou municipais.
e peculiaridades da atividade ou empreendimento e,
Apesar de alguns órgãos ambientais realizarem uma
ainda, a compatibilização do processo de licenciamento
com as etapas de planejamento, implantação e operação.
confusão com a licença ambiental unificada (LU) e a licença
ambiental simplificada (LS), quero deixar claro, que a apli-
§ 1º – Poderão ser estabelecidos procedimentos
simplificados para as atividades e empreendimentos de
cação da licença simplificada é sempre para empreendi-
pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão mentos ou atividades classificados como pequeno potencial
ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio poluidor e que pela legislação ambiental, em nenhuma pos-
Ambiente. sibilidade, possa apresentar um sistema trifásico de licencia-
mento ambiental. Sabemos que a licença ambiental unificada
O licenciamento ambiental unificado avalia conjunta- e a simplificada tem as mesmas definições, pois avaliamos a
mente, em uma única etapa, a viabilidade ambiental, quanto localização, instalação e operação do empreendimento ou ati-
à concepção e localização, a instalação e a operação do vidade numa única licença ambiental. Mas o tipo de empre-
empreendimento ou atividade, resultando na concessão de endimento ou atividade em questão, nunca terá três licenças
uma licença ambiental única (LU). ambientais mesmo que o porte seja médio ou grande. Nesse
Então quando podemos unificar as licenças ambien- caso a licença ambiental é simplificada e não unificada.
tais? É claro que sabemos, essa definição fica na competência
do Conselho Estadual de Meio Ambiente, quando se trata de 1.3 INEXIGIBILIDADE DE LICENCIAMENTO
avaliação do potencial poluidor e porte da atividade ou empre- AMBIENTAL
endimento, mas posso adiantar que geralmente as licenças se
unificam, quando temos uma atividade ou empreendimento A Inexigibilidade de Licenciamento Ambiental certi-
de pequeno impacto ambiental que seriam em três fases, mas fica a inexigibilidade para atividades econômicas ou empre-
quando considerada pequeno porte, poderá ser enquadrada endimentos que possuam impacto ambiental desprezível ou

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nulo, conforme legislação ambiental específica estadual ou tes da instalação e operação de empreendimentos e ativi-
municipal. Pode ocorrer também que as atividades e empre- dades objeto do licenciamento.
endimentos não sejam mencionados na legislação ambiental O acompanhamento dos condicionantes ambientais das
que busca o enquadramento para o licenciamento, logo por licenças é realizado por meio de vistorias, análises documentais
um entendimento será uma inexigibilidade, uma dispensa e dados fornecidos pelos programas de autocontrole. Assim
de licenciamento ambiental. Temos que ficar atentos, pois avalia se os compromissos assumidos pelo empreendimento
também ocorre a inexigibilidade quando o licenciamento ou atividade, tais como condições de funcionamento, restri-
não compete a determinado órgão ambiental, de acordo com ções e medidas de controle ambiental estão sendo cumpridas.
os critérios próprios adotados por cada entidade responsá-
Quem determina os condicionantes ambientais, por
vel. Para ficar mais claro, podemos ter uma inexigibilidade
conseguinte, é o órgão ambiental licenciador. Esses condicio-
de licenciamento ambiental de um dado empreendimento
nantes, aliás, estão presentes em todas as licenças ambien-
pelo órgão ambiental do estado, mas por alguma legislação
tais. Tipicamente, os condicionantes ocorrem mais nas fases
ambiental municipal, esse mesmo empreendimento tenha
de instalação (Licença Ambiental de Instalação – LI) e opera-
um enquadramento e o licenciamento ambiental seja muni-
ção (Licença Ambiental de Operação – LO).
cipal. Logo essa inexigibilidade emitida pelo estado não terá
valor como documento de regularização, já que existe uma As ações têm a finalidade de monitorar os impactos
forma de enquadrar para o licenciamento ambiental junto ao ambientais causados pela implantação e operação do empre-
município. O mesmo exemplo poderá ser vice-versa. endimento. É como um protocolo a ser seguido pelo empre-
endimento para que seu impacto seja mínimo no ambiente.

1.4 CONDICIONANTES DA LICENÇA O descumprimento de qualquer condicionante esta-


AMBIENTAL belecido pelas licenças ambientais, pode gerar autuações
com a consequente aplicação de penalidades como multas,
Os condicionantes do licenciamento ambiental são processos administrativos no órgão ambiental e processo
cláusulas que estabelecem as condições, restrições, penal junto ao Ministério Público e, ainda, a licença expe-
medidas administrativas e ambientais que deverão ser dida, pode ser suspensa ou cancelada, a critério do órgão
observadas pelo Analista ESG ou de Sustentabilidade ambiental. Então fica de olho aí você como Analista ESG
para o gerenciamento dos impactos ambientais decorren- ou de Sustentabilidade.

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Gostaria de informar a você profissional, que gerir o por legislação ambiental local. Mas caso não exista, é impor-
licenciamento ambiental e os condicionantes ambientais tante lembrar que é um direito do empreendedor questionar
além de ser uma obrigação, é algo que precisa integrar a sis- um abuso de condicionante ambiental por meio de um pro-
temática ambiental da empresa. cesso administrativo junto ao órgão ambiental. Vamos supor
Estar presente na política ambiental, na missão, visão que ainda assim, o órgão ambiental não queira reconhe-
e valores da empresa. Cumprir, monitorar e acompanhar cer ou entender que existe um condicionante abusivo, não
o atendimento a todos os condicionantes e licenças são de tendo correlação com os impactos ambientais levantados nos
extrema importância, e já faz parte do Environmental e parte estudos ambientais do empreendimento ou atividade que
do Social do ESG. você representa como Analista ESG ou de Sustentabilidade.
Nesse caso, somente levando a questão a justiça. Você poderá
dar apoio a equipe jurídica da corporação para judicialização
1.5 REVISÃO DOS CONDICIONANTES DO do processo.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O Analista ESG ou de Sustentabilidade por meio do


empreendimento ou atividade que representa, percebendo
um exagero do órgão ambiental em seus condicionantes,
pode realizar um questionamento de forma legal a aplicação
desses condicionantes.
Os condicionantes deverão obedecer ao monitora-
mento e mitigação dos impactos ambientais levantados nos
estudos ambientais entregues ao órgão ambiental licencia-
dor. Os condicionantes também deverão obedecer a um pro-
grama de compensação ambiental dos impactos ambientais
não mitigados.
Em diversos órgãos ambientais, a solicitação de revisão
de condicionante, é um procedimento normal já instituído

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CAPÍTULO 2

ESTUDOS E DOCUMENTOS DO
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O Licenciamento ambiental é

M
uitas das dúvidas do Analista ESG ou de Susten-
um dos instrumentos da Política tabilidade, é o que entregar de documentação e
Nacional de Meio Ambiente. O estudos ambientais solicitado pelo órgão ambien-
tal licenciador. É claro que continuo batendo na tecla. Todo
objetivo do licenciamento é Analista de Meio Ambiente de uma empresa deverá avaliar
compatibilizar o desenvolvimento as portarias, decretos, leis, que tratem da entrega de docu-
mentos específicos para a atividade ou empreendimento em
econômico-social com um questão. Lembrando que essa entrega depende do enquadra-
mento da atividade ou empreendimento, e não da cabeça do
meio ambiente ecologicamente
analista ou técnico do órgão ambiental. Para tudo deve ter
equilibrado regras claras.
Em relação aos estudos ambientais sempre teremos
alguma legislação específica listando o que deve ser entregue
(IBAMA, 2020). para compor o processo do licenciamento ambiental. Vou
exemplificar para você alguns desses estudos ambientais que
poderão compor esse processo de licenciamento.
Foi instituído pela Resolução CONAMA n.º 001/86,
de 23/01/1986. Atividades utilizadoras de recursos ambien-
tais consideradas de significativo potencial de degrada-

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ção ou poluição dependerão do estudo prévio de impacto nição das medidas mitigadoras, compensatórias e elaboração
ambiental (EIA) e respectivo relatório de impacto ambiental dos planos de controle ambiental (monitoramentos).
(RIMA) para seu licenciamento ambiental. Quando a atividade ou empreendimento não é classifi-
Neste caso o licenciamento ambiental apresenta uma cado como significativo impacto ambiental, aí a depender do
série de procedimentos específicos, inclusive realização de enquadramento poderá ser um relatório ambiental simpli-
audiência pública, e envolve diversos segmentos da popu- ficado (RAS), também conhecido como estudo de médio ou
lação interessada ou afetada pelo empreendimento. O EIA/ pequeno impacto ambiental em alguns estados. Qual a dife-
RIMA deverá ser apresentado de acordo com o Termo de rença? Em muitos casos não há necessidade de dados primá-
Referência, que constitui um documento de orientação rios (levantamento intensivo em campo), sendo que os dados
quanto aos procedimentos a serem seguidos na elaboração secundários já contemplam o termo de referência para o RAS.
do mesmo, previamente acordado entre o órgão ambiental Também não há necessidade da participação popular por
(Estadual / IBAMA) e a equipe contratada pelo empreende- meio da audiência publica. De qualquer forma, a execução de
dor para a elaboração deste. um bom RAS, poderá ser acrescentado dados primários, que
No caso do EIA/RIMA, o papel do Analista ESG ou de será essencial ao licenciamento ambiental de atividades ou
Sustentabilidade, é avaliar a contratação da empresa de con- empreendimentos, que apesar de serem considerados como
sultoria ambiental para execução dos estudos ambientais, baixo ou médio potencial poluidor, são empreendimentos
avaliando equipe técnica, experiência e trâmite no órgão mais complexos. Posso exemplificar os empreendimentos
ambiental, já que se trata de um estudo bastante complexo, de energia eólica e fotovoltaico, os quais apresentam diver-
que deverá ser executado por uma equipe multidisciplinar sos impactos ambientais nos meios biótico e socioeconômico,
qualificada e dos diversos conhecimentos técnicos. que deverão ser dados uma atenção especial.

A empresa de consultoria contratada deverá apresentar De acordo a Resolução CONAMA n.º 001/86 deve-se
expertise para o desenvolvimento de todas as etapas dos estudos contemplar um conteúdo mínimo para o estudo de impacto
ambientais, contemplando todo o diagnóstico ambiental (meio ambiental e seu respectivo relatório de impacto de meio
abiótico, meio biótico e meio socioeconômico), além da defini- ambiente (EIA/RIMA).
ção dos impactos ambientais em cada Meio, delimitações das Art. 6º O estudo de impacto ambiental desenvolverá,
áreas diretamente e indiretamente afetadas (ADA e AID), defi- no mínimo, as seguintes atividades técnicas:

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I - Diagnóstico ambiental da área de influência do IV - Elaboração do programa de acompanhamento


projeto completa descrição e análise dos recursos ambien- e monitoramento dos impactos positivos e negativos,
tais e suas interações, tal como existem, de modo a carac- indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
terizar a situação ambiental da área, antes da implanta- Parágrafo único. Ao determinar a execução do estudo de
ção do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, impacto ambiental, o órgão estadual competente; ou a
as águas, o ar e o clima, destacando os recursos mine- SEMA ou quando couber, o Município fornecerá as ins-
rais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos truções adicionais que se fizerem necessárias, pelas pecu-
d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as liaridades do projeto e características ambientais da área.
correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossiste-
mas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies
Mas lembrando que o termo de referência é específico
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico
para uma atividade ou empreendimento, e esse termo deverá
e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas
de preservação permanente; c) o meio socioeconômico ser discutido com a equipe técnica do órgão ambiental, junto
- o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioe- com a empresa consultora e claro o Analista ESG ou de Sus-
conomia, destacando os sítios e monumentos arqueológi- tentabilidade, o qual representa o empreendimento ou ati-
cos, históricos e culturais da comunidade, as relações de
vidade. Esses estudos sempre antecedem ao licenciamento
dependência entre a sociedade local, os recursos ambien-
prévio, a primeira licença ambiental do processo trifásico do
tais e a potencial utilização futura desses recursos.
licenciamento.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de
suas alternativas, através de identificação, previsão da O estudo de impacto de vizinhança (EIV) é um dos ins-
magnitude e interpretação da importância dos prová- trumentos de política urbana previstos no estatuto da cidade
veis impactos relevantes, discriminando: os impactos
(Lei 10.257 de 10 de julho de 2001). O EIV é elaborado contem-
positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e
plando os efeitos positivos e negativos do empreendimento,
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, tempo-
rários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas incluindo, uma avaliação dos impactos ambientais quanto:
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição
• Ao adensamento populacional;
dos ônus e benefícios sociais.
• Aos equipamentos urbanos e comunitários;
III - Definição das medidas mitigadoras dos impac-
tos negativos, entre elas os equipamentos de controle e • Ao uso e ocupação do solo;
sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiên-
• À valorização imobiliária;
cia de cada uma delas.
• À geração de tráfego;

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• À demanda por transporte público; loteamentos urbanísticos, indústrias de médio e grande


• À paisagem urbana; porte, edifícios comerciais de grande porte, universidades,
• Ao patrimônio natural e cultural; escolas, estações de tratamento de esgoto, aterros sanitários
e usinas de reciclagem de resíduos sólidos.
• Além de outras necessidades solicitadas pelos órgãos
ambientais competentes. Mesmo que o estudo de impacto de vizinhança não seja
O estudo de impacto de vizinhança é uma ferramenta de igual para todos os empreendimentos por fatores como porte
apoio ao processo de licenciamento urbanístico, que oferece e nível de impactos gerados, sua estrutura deve conter alguns
subsídios ao poder público para decidir sobre as condições para pontos básicos em comum:
a concessão de autorização ou licença de construção, amplia- • Caracterização do empreendimento: identificação,
ção ou funcionamento da atividade ou empreendimento. localização, objetivos e justificativas do empreendi-
Além disso, ele aumenta a segurança do empreendi- mento proposto;
mento, descartando a possibilidade de riscos futuros e evita • Caracterização da vizinhança: identificação, definição
possíveis conflitos com a vizinhança. e diagnóstico da área de influência do empreendi-
Cabe ao município definir, conforme a realidade local mento, antes da sua implantação;
e dinâmica urbana, quais empreendimentos ou atividades • Caracterização dos impactos: identificação dos impac-
têm potencial para causar impactos relevantes em seu ter- tos – positivos e negativos – decorrentes da instalação
ritório. Os empreendimentos e atividades sujeitos ao EIV do empreendimento, levando em consideração os fatores
devem estar listados em lei municipal. Vale lembrar então, listados no Art. 37 da Lei Federal 10.257: adensamento
que o EIV é somente solicitado pelo município. Pode ser que populacional, equipamentos urbanos e comunitários, uso
no licenciamento ambiental estadual, seja colocado como e ocupação do solo, valorização imobiliária, geração de trá-
condicionante da licença, o atendimento de um EIV junto ao fego e demanda por transporte público, ventilação e ilumi-
município do empreendimento. nação, paisagem urbana e patrimônio natural e cultural;
As principais atividades que costumam estar sujeitas a • Caracterização de medidas mitigadoras: relacionar as
elaboração do estudo de impacto de vizinhança são: hiper- medidas de prevenção, recuperação, mitigação e com-
mercados, centros comerciais como shoppings, hospitais, pensação de impactos, que devem ser adotadas para
minimizá-los.

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Ainda considerando o processo do licenciamento 2.2 DOCUMENTOS DA EMPRESA DE


ambiental poderá ser exigido pelo órgão ambiental licen- CONSULTORIA AMBIENTAL
ciador vários estudos específicos de acordo a atividade ou
empreendimento, como estudo hidrológicos, hidráulicos, Como já vimos, os estudos ambientais precisam ser ela-
emissões atmosféricas, fauna e outros, que possam contem- borados por uma empresa de meio ambiente contratada e
plar a melhor avaliação dos impactos ambientais negativos provavelmente supervisionada por você Analista ESG ou de
e positivos da atividade ou empreendimento a ser instalado Sustentabilidade. Além dos estudos ambientais, a empresa de
e operado. Cabe ao Analista ESG ou de Sustentabilidade consultoria deverá fornecer alguns outros documentos que
avaliar a coerência da solicitação com base na legislação ou deverão compor essas documentações. As anotações de res-
uma análise real de viabilidade ambiental. ponsabilidade técnica (ART) dos profissionais envolvidos nos
estudos ambientais fornecidos devidamente pelos conselhos
de classe de cada profissional. Também é necessário o cadas-
2.1 DOCUMENTOS LEGAIS DA EMPRESA E tro técnico federal (CTF IBAMA) da empresa de consultoria e
REPRESENTANTE LEGAL
dos profissionais envolvidos. Falaremos a seguir do cadastro
técnico federal, que também servirá para o empreendimento
Também serão solicitados documentos da empresa
ou atividade.
como o cartão CNPJ, estatuto ou contrato social, viabilidade
de localização do município ou alvará municipal, documen-
tos que comprovem a responsabilidade do responsável legal, 2.3 CADASTRO TÉCNICO FEDERAL (CTF/APP
como procurações públicas, documento de identificação do E CTF/AIDA)
responsável legal e outros documentos que estejam relacio-
nados ao empreendedor. Qual o objetivo? O órgão ambiental O cadastro técnico federal de atividades e instrumen-
precisa dessas documentações, pois as pessoas certas preci- tos de defesa ambiental (CTF/AIDA) é o registro obrigatório
sam ser responsabilizadas caso ocorra algum dano ambiental de pessoas físicas e jurídicas que se dedicam à consultoria
ou não atendimento das premissas e condicionantes do licen- técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria
ciamento ambiental. e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos des-
tinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras. Esse cadastro é realizado no site do IBAMA

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https://servicos.ibama.gov.br/ctf/ sendo o mesmo link para colo físico com preenchimento de formulários e impressão de
o cadastro de atividades potencialmente poluidoras. muita papelada.
O cadastro técnico federal de atividades potencialmente Considerando aspectos e fundamentos do ESG e o
poluidoras e/ou utilizadoras de recursos ambientais (CTF/ próprio conceito ambiental, é uma grande contradição, em
APP) é o registro obrigatório de pessoas físicas e jurídicas pleno século XXI com tantas tecnologias, aplicativos de
que realizam atividades passíveis de controle ambiental. smartfones, levarmos aos órgãos ambientais, um monte de
Para resumir, tanto a empresa, empreendimento ou ati- papel impresso. Mas por enquanto temos que saber lidar com
vidade a ser licenciada deverá apresentar o cadastro técnico tal situação.
federal como também a empresa consultora dos estudos
ambientais e seus respectivos profissionais ambientais. 2.5 RENOVAÇÃO DO LICENCIAMENTO
AMBIENTAL
2.4 PROTOCOLO LICENCIAMENTO
Em qualquer órgão ambiental, a renovação de licença
AMBIENTAL
ambiental deverá ser requerida com antecedência mínima
A maioria dos órgãos ambientais do Brasil ainda apre- de 120 dias da expiração de seu prazo de validade, ficando
sentam um protocolo físico, com muita papelada, porém automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva
espero que na próxima edição desse livro, eu possa alterar do órgão ambiental competente.
essa informação. Poucos órgãos ambientais possuem um Em nossa legislação existe previsão de prorrogação da
sistema de protocolo por meio digital, um portal ou site validade da licença ambiental até que haja manifestação defi-
na internet preenchendo formulários eletrônicos com o nitiva do órgão ambiental competente, desde que o pedido
upload dos estudos ambientais digitalizados, e que maravi- de renovação seja efetuado com antecedência mínima de
lha quando é assim. Com a pandemia houve uma aceleração 120 dias da expiração de seu prazo de validade. Dispõe a Lei
desse processo, aumentando o número de órgãos ambientais Complementar 140/2011, artigo 14, parágrafo 4º:
já modernizados, e o protocolo por meio digital, mas ainda
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os
em sua maioria, principalmente em órgãos ambientais muni- prazos estabelecidos para tramitação dos processos de
cipais, temos essa dificuldade com a necessidade do proto- licenciamento.

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[...] CAPÍTULO 3
§ 4º A renovação de licenças ambientais deve ser
requerida com antecedência mínima de 120 (cento e
vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado
GESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA
na respectiva licença, ficando este automaticamente pror-
rogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental

Q
competente.
uando consideramos a questão ambiental no ponto de
vista empresarial, a primeira dúvida que surge tange
A regra da Lei Complementar 140/2011, ao abranger
aos aspectos econômicos. O que prevalece na mente
todas as licenças ambientais, revogou a previsão contida na
dos muitos empreendedores e gestores empresariais, é que
Resolução Conama 237/97 (artigo 18, parágrafo 4º), pois,
qualquer providência ambiental, elevam os custos e por fim
diferentemente desta, não se limitou à licença de operação.
um aumento no custo do sistema produtivo. Isso traz perda de
Quando requerida a renovação da licença, com mais de concorrência no mercado, pois todos esses custos serão repas-
120 dias de antecedência, ela permanecerá válida, incluindo sados aos consumidores e logo falência da corporação.
os seus condicionantes que possam ser de cumprimento con-
Inserir a empresa, empreendimento ou atividade na
tinuado, até que o órgão licenciador se manifeste definitiva-
excelência da gestão ambiental, não é mais uma opção, e sim
mente sobre o pedido.
uma necessidade.
Com o aumento da consciência ecológica dos consumi-
dores, e a obrigação das corporações em atender um mercado
na pauta ESG, a corporação que não se encaixar, perderá
concorrência no mercado dando espaço a outras corporações
que atendam essas necessidades.
De acordo ao Denis Donaire (2009), enumera os seguintes
argumentos para que uma empresa se engaje na causa ambiental:

• Aceite primeiro o desafio ambiental antes que seus


concorrentes o façam;

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• Seja responsável em relação ao meio ambiente e torne Também deixo claro para você Analista ESG ou de Sus-
isso conhecido. Demonstre aos clientes, fornecedores, tentabilidade, que as corporações já organizadas, a expecta-
governo e comunidade que a empresa leva as questões tiva da alta administração, é que o responsável pelo ESG da
ambientais a sério e que desenvolve práticas ambien- empresa, tocando principalmente a parte ambiental, deve
tais de forma eficiente; exercer inúmeros papéis como representante organizacional,
• Utilize formas de prevenir a poluição. Ser considerada planejador, organizador, conhecedor de tecnologias, assessor
uma empresa amigável ao ambiente, especialmente se técnico e administrador de equipe. O esquema abaixo adap-
ela supera as regulamentações exigidas, propicia van- tado de Denis Donaire (2009) mostra a importância do Ana-
tagens de imagem em relação aos concorrentes, consu- lista ESG ou de Sustentabilidade na corporação.
midores, comunidade e órgãos governamentais;
• Ganhe o comprometimento do pessoal. Com o cres-
cimento da preocupação ambiental, as pessoas não
querem trabalhar em organizações consideradas como
poluidoras do meio ambiente. Ter empregados interes-
sados, dedicados e comprometidos depende também
de uma imagem institucional positiva.

Ainda posso acrescentar que os próprios colabora-


dores da organização podem realizar denúncias anônimas
relacionadas a descumprimentos de legislações ambien-
tais. Isso por conta do crescimento da preocupação ambien-
tal nas pessoas, mídia, educação e outros fatores. Então
o Analisa ESG ou de Sustentabilidade deverá evitar tais
situações com excelentes propostas de gestão ambiental e
convencimento dos dirigentes para a organização atender
os quesitos ambientais propostos no ESG (Environmental,
Social and Governance).

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3.1 ESTRUTURAÇÃO DO PROGRAMA DE


GESTÃO AMBIENTAL

Pensando em estruturar um programa de gestão


ambiental na empresa, empreendimento ou atividade, temos
que partir do princípio dos conceitos da economia circu-
lar. O modelo circular assume que os produtos e serviços
têm origem em fatores da natureza, e que, no final de vida
útil, retomam à natureza através de resíduos ou através de
outras formas com menor impacto ambiental. Logo é muito Para exemplificar os caminhos a serem seguidos, vou
importante que o Analista ESG ou de Sustentabilidade tenha mostrar 12 Princípios Diretivos, que estabelecem a base ética
domínio e conhecimento do processo produtivo da corpo- do processo, indicando as questões fundamentais que devem
ração, observando a entrada e saída de insumos, produtos, nortear as ações de cada empresa no Programa Atuação
efluentes e resíduos. Mapeando bem o processo produtivo, Responsável da Associação Brasileira da Indústria Química
podemos elaborar programas ambientais específicos que irão (Abiquim). Inclusive A adesão ao Programa Atuação Respon-
fazer parte do programa de gestão ambiental. Muitos desses sável é condição de filiação à Abiquim para as associadas efe-
programas já foram definidos nos condicionantes do licen- tivas e colaboradoras.
ciamento ambiental, mas pode ocorrer do órgão ambiental Veja os 12 Princípios Diretivos:
não ter indicado algum como condicionante, pois o licencia-
mento ambiental é uma gestão ambiental pública, sendo que • Assumir o gerenciamento ambiental como expressão
as especificidades do empreendimento ou atividade poderá de alta prioridade empresarial, por meio de um pro-
ficar a cargo da gestão ambiental privada. cesso de melhoria contínua em busca da excelência;
• Promover, em todos os níveis hierárquicos, o senso
de responsabilidade individual com relação ao meio
ambiente, segurança e saúde ocupacional e o senso
de prevenção de todas as fontes potenciais de risco

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associadas às suas operações, aos seus produtos e aos armazenem, usem, reciclem e descartem os seus pro-
locais de trabalho; dutos com segurança;
• Ouvir as preocupações da comunidade sobre seus pro- • Exigir que os empregados contratados, trabalhando
dutos e suas operações e responder a elas; nas instalações da empresa, obedeçam aos padrões
• Colaborar com órgãos governamentais e não-governa- adotados pela empresa contratante em segurança,
mentais na elaboração e aperfeiçoamento de legislação saúde ocupacional e meio ambiente;
adequada à proteção da comunidade, dos locais de tra- • Promover os princípios e as práticas do Atuação Res-
balho e do meio ambiente; ponsável, compartilhando experiências e oferecendo
• Promover a pesquisa e o desenvolvimento de novos assistência a outras empresas para a produção, o manu-
processos e produtos ambientalmente compatíveis; seio, o transporte, o uso e a disposição de produtos.
• Avaliar previamente o impacto ambiental de novas ati- Citando esses princípios, vimos a expressão “melho-
vidades, processos e produtos e monitorar os efeitos ria contínua”, a qual é bastante citada no Sistema de Gestão
ambientais das suas operações; Ambiental (ISO 14001).
• Buscar continuamente a redução dos resíduos,
efluentes e emissões para o ambiente, oriundos das
3.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (ISO
suas operações; 14001)
• Cooperar para a solução dos impactos negativos sobre
o meio ambiente decorrentes da disposição indevida A ABNT NBR ISO 14001 especifica os requisitos de um
de produtos, ocorrida no passado; Sistema de Gestão Ambiental e permite a uma organização
• Transmitir às autoridades, aos funcionários, aos clien- desenvolver uma estrutura para a proteção do meio ambiente
tes e à comunidade informações adequadas quanto aos e rápida resposta às mudanças das condições ambientais. A
riscos à saúde, à segurança e ao meio ambiente ofe- norma leva em conta aspectos ambientais influenciados pela
recidos por seus produtos e operações e recomendar organização e outros passíveis de serem controlados por ela.
medidas de proteção e de emergência; A implementação dessa norma geralmente é buscada
• Orientar fornecedores, transportadores, distribuido- por empresas que desejam estabelecer ou aprimorar um
res, consumidores e o público para que transportem, Sistema de Gestão Ambiental e quer demonstrar estar de

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acordo com práticas sustentáveis a clientes e a organizações A ISO 14004 é a norma que permite empresas que
externas. Por meio dessa certificação, a corporação garante já possuem um Sistema de Gestão Ambiental (ou não) a
para os seus consumidores e seus parceiros comerciais, que obterem melhorias no âmbito ambiental. Essa norma de qua-
apresenta um Sistema de Gestão Ambiental pensando pela lidade não emite certificação, ou seja, uma empresa não pode
ótica da sustentabilidade. se certificar na ISO 14004. Ela funciona como um guia. Mas
Não faz sentido uma corporação ter uma atuação apenas ela especifica os princípios e os elementos integrantes de um
ecologicamente correta e não atuar com a gestão ambiental de Sistema de Gestão Ambiental (SGA):
forma estratégica, pensando no desenvolvimento sustentável. Princípios e elementos de um sistema de gestão ambien-
É um dever do Analista ESG ou de Sustentabilidade tal (SGA)
conhecer as certificações ambientais pertinentes ao empre- Princípio 1 - Comprometimento e Política
endimento e atividade da corporação. A ISO 14001é a mais
• Comprometimento e liderança da alta administração
conhecida e importante para gestão ambiental, mas podemos
• Avaliação ambiental inicial
ter certificações específicas para tal atividade com a demons-
tração da Sustentabilidade da corporação. • Estabelecimento da política ambiental

Princípio 2 – Planejamento

• Identificação de aspectos ambientais e avaliação dos


impactos ambientais associados
• Requisitos legais e outros requisitos
• Critérios internos e outros requisitos
• Critério internos de desempenho
• Objetivos e metas ambientais
• Programa de gestão ambiental

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Princípio 3 - Implementação

• Assegurando a capacitação
• Recursos humanos, físicos e financeiros.
• Harmonização e integração do SGA
• Conscientização ambiental e motivação
• Conhecimentos, habilidades e treinamento
• Ações de apoio
• Controle operacional A natureza pode suprir todas as
• Preparação e atendimento a emergências necessidades do homem, menos a
Princípio 4 - Medição e Avaliação
sua ganância”
• Medição e monitoramento (desempenho contínuo)
• Ações corretiva e preventiva
(Mahatma Gandhi).
• Auditorias do sistema de gestão ambiental

Princípio 5 - Análise crítica e Melhoria

• Análise crítica do SGA


• Melhoria contínua

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CAPÍTULO 4 mas não possuem qualquer compromisso com as questões


ambientais, sociais e de boa governança. Trata-se do fenô-
CONHECENDO O ESG meno conhecido como maquiagem verde, chamado também
de Greenwashing. Não é o nosso objetivo aqui, mas sim tratar
de caminhos sérios para você alcançar o status de um exce-

U
lente Analista ESG ou Analista de Sustentabilidade.
m Analista ESG ou Analista de Sustentabilidade
Para qualquer sorte nossa, o Analista ESG ou Analista
permite as empresas, empreendimentos ou ativi-
de Sustentabilidade é cada vez mais essencial num momento
dades a aplicarem práticas sustentáveis em termos
em que a Sustentabilidade é lei.
sociais, ambientais e de governança. Atualmente é essen-
cial ao mercado, sendo uma área em crescimento agregando Nesse capítulo vamos aprofundar os conceitos de ESG
muito valor as empresas, empreendimentos ou atividades. passando de forma integrada aos aspectos ambientais, sociais
e de governança de uma empresa ou empreendimento, porém
A sigla ESG refere-se à conjugação das palavras ingle-
trabalhando com um dos instrumentos mais importantes
sas Environmental, Social and Governance, ou seja, Ambien-
da Política Nacional de Meio Ambiente, a Lei 6.938/81, o
tal, Social e Governança. Bastante claro, um conceito ligado
licenciamento ambiental. Como um instrumento de gestão
a Sustentabilidade, seja ele social, ambiental ou corporativo.
ambiental pública, este impacta diretamente todas as ações
No setor de investimentos, há um crescente interesse por
de uma empresa, empreendimento ou atividade. O conheci-
fundos de carteiras sustentáveis. Portanto, uma área forte,
mento do licenciamento ambiental, o qual foi abordado nos
que cada vez mais, será essencial para todas as corporações,
capítulos 1 e 2, é de extrema importância na implementação
sejam elas grandes ou pequenas.
do ESG e para quem está na gestão da sustentabilidade.
O ESG também tem a sua importância no marketing. Na
atualidade, a proteção ambiental e a promoção de projetos
sociais são as melhores publicidades para empresas, empre-
4.1 O QUE FAZ UM ANALISTA ESG OU
ANALISTA DE SUSTENTABILIDADE
endimentos ou atividades. Mas devemos ficar bem distante
do Greenwashing, pois sabemos que inúmeras empresas e
Um Analista ESG ou de Sustentabilidade trabalha
fundos de investimentos divulgam uma “publicidade verde”,
essencialmente no escritório, com relatórios e indicadores,

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por isso um dos bons pré-requisitos é o domínio da ferra- Deste modo, o Analista ESG ou de Sustentabilidade cola-
menta Excel, pois nessa forma, é possível colocar em aspectos bora com outros setores da empresa para adaptação de proces-
gráficos, todos os indicadores e as suas relações entre eles. sos. Porém, a função pode exigir uma proximidade maior com
O profissional de ESG ou de Sustentabilidade propõe as áreas de marketing e de comunicação, devido a essenciali-
melhorias e identifica oportunidades mais holísticas nas empre- dade da divulgação dos projetos ambientais e sociais realizados.
sas ou empreendimentos. Mas também avança com soluções
originais e sustentáveis. Assim, tem o objetivo de fazer cumprir 4.2 A IMPORTÂNCIA DO ANALISTA ESG OU DE
as metas de ESG definidas num plano de negócios. SUSTENTABILIDADE
Os Analistas de ESG ou de Sustentabilidade precisam de
Já avaliamos e vimos como o trabalho de um Analista
conhecimentos em várias áreas do meio ambiente, a exemplo
ESG ou de Sustentabilidade pode ser crucial para o sucesso
da engenharia ambiental. Mas é importante ter competências
de uma empresa, empreendimento ou atividade. Sabemos
em economia, bem como a gestão ambiental e conhecimen-
que já existem muitas pessoas que realizam compras com
tos básicos das ciências biológicas.
base nas políticas ambientais e sociais das marcas, e com
O seu trabalho passa por gerir processos e projetos, ava- as mudanças climáticas nos holofotes da mídia, este tipo de
liando as práticas e os desempenhos de uma empresa, empre- comportamento vem ganhando ainda mais força.
endimento ou atividade. Desta forma, tem o dever de reduzir
Assim, o papel do Analista ESG ou de Sustentabilidade
os impactos sociais e ambientais das operações, assim como
é decisivo para valorizar o trabalho de uma empresa, empre-
se propõe o licenciamento ambiental como instrumento da
endimento ou atividade, bem como para fazer parte do time
gestão ambiental pública. Assim, o seu trabalho pode passar
dos bons do planeta, e desse modo, conseguirá uma coloca-
por apresentar soluções para melhorar o gerenciamento de
ção mais positiva no mercado. Estamos falando também do
resíduos, reduzir as emissões de gases prejudiciais ou até os
mercado de capitais, pois a Sustentabilidade é um critério
gastos com papel.
cada vez mais procurado pelos investidores.
É também competência do Analista ESG ou Analista
Neste cenário, um especialista de ESG precisa garantir
de Sustentabilidade, a promoção de projetos estratégicos
que a corporação para quem trabalha é de fato sustentável
de compliance para o respeito de normas obrigatórias, a
exemplo, da legislação ambiental.

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em termos ecológicos, sociais e econômicos. A sua grande • Garantir a divulgação das boas práticas de ESG.
missão é juntar todos esses aspetos com o sucesso comercial
Claro que para você trabalhar com todas essas ativida-
da empresa, empreendimento ou atividade.
des, é necessário conhecer e dominar bastante sobre os con-
ceitos que cercam o ESG, as normas, legislações ambientais
4.3 QUAIS AS PRINCIPAIS ATIVIDADES e ferramentas, e para isso vamos continuar aqui a trabalhar
DO ESPECIALISTA EM ESG OU com o que você precisa aprender. Vamos prosseguir com a
SUSTENTABILIDADE? nossa leitura.

Vamos resumir as principais funções de um Analista


ESG ou Analista de Sustentabilidade: 4.4 MERCADO DE TRABALHO

• Planejar projetos de responsabilidade social e ambiental; Há uma demanda crescente no mercado por profissio-
• Elaborar relatórios de compliance; nais de ESG. Logo, acredito que seja uma excelente carreira
• Reunir dados sobre indicadores de Sustentabilidade; no presente e mais ainda no futuro.

• Coordenar grupos de trabalho para melhorar índices ESG; Cada vez mais empresas querem adotar critérios ESG,
• Gerir bases de dados; pois estes podem fortalecer o negócio, como já foi citado. No
mercado financeiro, os chamados green bonds, ou seja, títulos
• Realizar entrevistas com clientes da corporação;
de dívida sustentáveis, são uma forte tendência. Os títulos
• Analisar documentação e dados;
verdes podem ser emitidos por empresas públicas, privadas
• Trabalhar com ferramentas como o Excel;
ou de capital misto. Além disso, eles também podem aparecer
• Desenvolver políticas internas de ESG; em diferentes alternativas do crédito privado — por exemplo,
• Acompanhar mudanças de leis e de normas; com debêntures ou certificados de recebíveis. Também vem
• Apresentar projetos inovadores focados nas mudanças crescendo os fundos de investimentos com carteiras 100%
climáticas; livres de emissões até o ano de 2050, também contando com
• Fazer apresentações e palestras; as questões climáticas e o Acordo de Paris que visa reduzir
o aquecimento global da Terra. Enfim você pode pesquisar
• Definir planos de ação;
melhor sobre os títulos de dívida sustentáveis (títulos verdes),

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mas o meu objetivo é trazer para você, o que nos cerca do 4.5 COMO ENTRO NA ÁREA DA ANÁLISE DE ESG?
ambiental ao mercado de capitais.
A Análise de ESG ainda está florescendo no universo
Mas as próprias mudanças demográficas estão incenti-
empresarial. Portanto, há poucos profissionais e poucos
vando mudanças no padrão de demanda das pessoas, tornando
cursos realmente capazes de formar um profissional nesta
importante a gestão dos riscos. Mais do que isso, o Analista
área. Até pelo motivo de englobar conhecimentos diversos, os
ESG ou de Sustentabilidade pode ser um motor de inovação.
quais estamos trazendo nesse livro com o objetivo de trans-
Neste contexto, a profissão tem alto potencial futuro, formar você nesse profissional capaz em atuar como Analista
e já conseguimos ver tais mudanças em recentes anúncios ESG ou Analista de Sustentabilidade.
de empregos. Mesmo que muitas vezes, a corporação ainda
Mas a melhor forma de sonhar com uma colocação no
não tenha um entendimento completo sobre a sua inserção,
mercado de trabalho em ESG, é ter inicialmente uma for-
nesse novo conceito do ESG, e como esse novo profissional
mação na área ambiental. Porém, a depender da atividade,
vai desempenhar as suas respectivas funções. Mas o impor-
também poderá ser uma graduação em economia ou admi-
tante, é ter na empresa, empreendimento ou atividade, não
nistração com uma pós-graduação na área de meio ambiente
mais um Analista Ambiental, mas sim um Analista ESG ou
e Sustentabilidade.
Analista de Sustentabilidade.
Além disso, deverá ter bons conhecimentos de inglês e
Portanto, nos próximos tempos, os especialistas de ESG
de Excel, pois sem essas ferramentas, você poderá ficar bem
ou Sustentabilidade vão ter portas abertas em pequenas e
distante do que as atuais vagas esperam do especialista em
grandes empresas, sejam do segmento de serviços, indus-
ESG. Por outro lado, uma mente visionária e dinamismo,
trial, mineração, energia e financeiro. Todos os segmentos de
são qualidades que mostram a sua capacidade de atuar como
empresas, empreendimentos ou atividades deverão se enqua-
exige a profissão.
drar nesse novo conceito de ESG por cobrança do mercado e
para atender as necessidades atuais e futuras para conserva-
ção e preservação do planeta.
Além disso, o especialista em ESG pode trabalhar em
bancos, em empresas de consultoria e investimentos, bem
como em escritórios de advogados, dentre outros.

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CAPÍTULO 5 de “pressão” interna e externa para que as empresas adotem


as práticas ESG, ao passo que estas buscam cada vez mais
IMPLEMENTANDO O ESG. QUAL É A reconhecimento e um lugar de destaque na percepção dos
investidores que já beneficiam a “Agenda Socioambiental”.
IMPORTÂNCIA DOS CRITÉRIOS ESG
PARA AS EMPRESAS? Um exemplo disso é a constituição dos Objetivos para o
Desenvolvimento Sustentável (ODS), que já orientam a ação
da maioria das empresas do mundo, e foram estabelecidos

O
pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, consti-
s critérios ESG representam um requisito decisivo para
tuindo 17 metas para a construção e implementação de políti-
diversos investidores e instituições concessionárias
cas públicas que visam guiar a humanidade até 2030.
de crédito, ou seja, funcionam como um facilitador de
captação de recursos, sinalizando com mais assertividade novos A criação do ODS foi impulsionada pela elaboração do
negócios e oportunidades. Além disso, aderir ao ESG pode garan- “Livro Verde” na Bélgica em 2001. Na ocasião, a Comissão
tir uma atuação mais próspera e longeva para as empresas. das Comunidades Europeias reunidas na cidade de Bruxelas
desenvolveu o documento para registrar formalmente seu
Isso significa que estas passarão a evitar desperdícios
objetivo, que é “promover um quadro europeu para a respon-
e adequar seus recursos para uma governança que traga
sabilidade social das empresas”.
retorno, não só para a própria organização, mas para grande
parte da comunidade e o mercado em que se inserem, fomen- Após quase duas décadas do boom das pautas de sus-
tando a sobrevivência de todo o seu ecossistema e o tornando tentabilidade, uma apuração desenvolvida pela Bloomberg,
cada vez mais justo e consciente. relata que atualmente o mercado de ESG está estimado, glo-
balmente, em mais de US$ 30 trilhões e, até 2025, espera-se
que movimente cerca de US$ 53 trilhões1.
5.1 ESG E RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO
TENDÊNCIAS DO MERCADO Cerca de 200 empresas com receita média de 8 bilhões
de dólares sediadas em 23 países que responderam à pesquisa
Principalmente pela preocupação com os recursos “Impacto Global em Escala: Ação Corporativa em Questões
naturais e crises climáticas, existe atualmente uma espécie 1
A Bloomberg L.P. é uma empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro e
agência de notícias operacional em todo o mundo com sede em Nova York.

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ESG e Investimentos Sociais 2020 (GIS)”, 59% preveem que minam éticas, mas prioriza aquelas que, de fato, colocam a
a responsabilidade ESG passará para seus níveis hierárqui- responsabilidade social em prática.
cos, com cada vez mais recursos destinados para os novos
critérios de governança.
5.3 DEFININDO OS STAKEHOLDERS

5.2 ESG DE DENTRO PARA FORA: COMO Stakeholder (em português, parte interessada ou inter-
O PÚBLICO EXTERNO VÊ AS EMPRESAS veniente), é um dos termos utilizados em diversas áreas como
SUSTENTÁVEIS? gestão de projetos, comunicação social e administração refe-
rente às partes interessadas que devem estar de acordo com as
É fato que as empresas que adotam práticas mais res- práticas de governança corporativa executadas pela empresa.
ponsáveis e conscientes são mais bem vistas por funcioná-
Conforme definido em seu primeiro uso em um memo-
rios e fornecedores, que passam a valorizar cada vez mais o
rando interno de 1963 no Stanford Research Institute, um
espaço de trabalho. Assim como os clientes, que veem essas
stakeholder é um membro dos “grupos sem cujo apoio a
marcas com mais credibilidade.
organização deixaria de existir”. O termo foi ampliado pelo
Uma pesquisa global da Nielsen que realizou três levan- filósofo Robert Edward Freeman em 1980. Segundo
tamentos diferentes, por três anos consecutivos, revelou a ele, os stakeholders são elementos essenciais ao planeja-
crescente preferência do público por empresas comprome- mento estratégico de negócios.
tidas com um impacto socioambiental positivo. No primeiro
De maneira mais ampla, compreende todos os envol-
resultado, relativo a 2013, 50% dos entrevistados disseram
vidos em um processo, que pode ser de caráter temporário
estar dispostos a pagar mais por produtos e serviços que vêm
(como um projeto) ou duradouro (como o negócio de uma
dessas marcas. Em 2014, eles eram 55%. Um ano depois,
empresa ou a missão de uma organização).
houve um salto para 66%2.
Nas últimas décadas, a palavra “stakeholder” tornou-se
Com isso podemos notar que o consumidor moderno
mais comumente usada para significar uma pessoa ou orga-
não aceita apenas o discurso de organizações que se deno-
nização que tem interesse legítimo em um projeto ou cor-
2
A Nielsen é líder mundial em medição, dados e análises de audiência. A Nielsen usa uma
combinação de dados censitários, telefônicos e domésticos disponíveis para o público poração. Ao discutir o processo de tomada de decisão para
em geral. Também disponibiliza questionários em suas páginas oficiais do Facebook e
Twitter. instituições - incluindo grandes corporações de negócios,

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agências governamentais e organizações sem fins lucrativos dos” indiretos que costumam causar os maiores transtornos aos
- o conceito foi ampliado para incluir todos que têm interesse cronogramas e às especificações dos projetos. Tais interessados
(ou “participação”) naquilo que a corporação faz. indiretos podem ser pessoas ou entidades externas à empresa,
como sindicatos, entidades de classe, órgãos governamentais
ou reguladores. Ignorar o poder de influência de entidades de
5.4 A IMPORTÂNCIA DOS STAKEHOLDERS
classes ou as exigências legais inerentes ao ambiente ou mercado
O sucesso de qualquer empresa, empreendimento ou em que o sistema vai operar pode causar uma infinidade de pro-
atividade depende da participação de suas partes interessa- blemas com retrabalho e ampliação de escopo.
das e por isso é necessário assegurar que suas expectativas e Uma organização que pretende ter uma existência
necessidades sejam conhecidas e consideradas pelos gesto- estável e duradoura deve atender simultaneamente as neces-
res. De modo geral, essas expectativas envolvem satisfação sidades de todas as suas partes interessadas. Para fazer isso
de necessidades, compensação financeira e comportamento ela precisa “gerar valor”, isto é, a aplicação dos recursos
ético. Cada interveniente ou grupo de intervenientes pode usados deve gerar um benefício maior do que seu custo total.
possuir um determinado tipo de interesse no processo. O
envolvimento de todos os intervenientes não maximiza obri-
5.5 CLASSIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS
gatoriamente o processo, mas permite achar um equilíbrio de
forças e minimizar riscos e impactos negativos na execução Qualquer ação tomada por qualquer organização
desse processo. ou grupo pode afetar as pessoas vinculadas a elas no setor
Outro ponto essencial, muitas vezes negligenciado na privado. Por exemplo, pais, filhos, clientes, proprietários,
gestão de escopo de um projeto, é saber identificar todas as funcionários, associados, parceiros, contratados e fornece-
partes interessadas no projeto. Os usuários diretos ou o setor dores, pessoas relacionadas ou localizadas nas proximidades.
que se beneficiará com a implementação do projeto são facil-
• Stakeholders Primários - geralmente os internos à
mente identificáveis, porém aquelas partes interessadas que
organização, ou seja, que estão ligados diretamente ao
não estão diretamente ligadas ao projeto nem à formulação
negócio. São aquelas que se envolvem em transações
de requisitos são bem mais difíceis de ser identificadas. Com
econômicas com o negócio (por exemplo, acionistas,
frequência, o problema é que são justamente esses “interessa-
clientes, fornecedores, credores e funcionários).

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• Stakeholders Secundários - geralmente os externos. pouca interação, pois o seu poder não tem legitimidade
São aqueles que embora não se envolvam em trocas ou urgência.
econômicas diretas com o negócio, são afetados por ou • Stakeholder Arbitrário: Não possui urgência, apesar
podem afetar suas ações (por exemplo, o público em de ter legitimidade. Além disso, não tem poder de
geral, comunidades, grupos ativistas, grupos de apoio influenciar a organização. São mais receptivos e envol-
às empresas e meios de comunicação). vidos com a responsabilidade social corporativa.
• Stakeholders Excluídos - como crianças ou o público • Stakeholder Reivindicador: É aquele que não possui
desinteressado, originalmente por não terem impacto eco- poder ou legitimidade. Consequentemente, não devem
nômico nos negócios. Agora, como o conceito assume uma atrapalhar a organização. É necessário monitorá-lo,
perspectiva antropocêntrica, enquanto alguns grupos, pois tem potencial para obter outro atributo.
como o público em geral, podem ser reconhecidos como • Stakeholder Dominante: É aquele que espera e recebe
stakeholders, outros permanecem excluídos. Tal perspec- muita atenção na organização. Influencia a empresa,
tiva não dá às plantas, aos animais ou mesmo à geologia pois tem poder e legitimidade.
uma voz como atores, mas apenas um valor instrumental
• Stakeholder Perigoso: É aquele que não possui poder,
em relação a grupos ou indivíduos humanos.
urgência e legitimidade. Contudo é possivelmente vio-
lento e coercitivo, resultando em um perigo.
5.6 TIPOS DE STAKEHOLDERS • Stakeholder Dependente: É aquele que depende do
poder de outro stakeholder. Mesmo tendo alegações
MITCHEL, AGLE e WOOD, no livro “Toward a Theory
legítimas e urgentes, suas reivindicações somente
of Stakeholder: Identification and Salience” (1997) sugerem
serão levadas em consideração quando outro apresen-
que a interferência dos stakeholders em uma organização
tar ou defender.
se dá por mediação de três atributos: poder, legitimidade e
• Stakeholder Definitivo: É aquele que tem poder e legi-
urgência. A combinação desses atributos gera sete tipos dife-
timidade. Os gestores devem dar prioridade e aten-
rentes de stakeholders, os quais estão definidos abaixo:
ção imediata quando o stakeholder definitivo alegar
• Stakeholder Adormecido: É aquele que, na organiza- urgência.
ção, possui poder para impor alguma decisão, mas há

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5.7 CLASSES DE STAKEHOLDERS Fornecedores de produtos e serviços utilizados


Fornecedores no produto para o cliente, oportunidades de
Segundo classificação de Savage et al. (1991), existem
negócios.
quatro classes de stakeholders, que são: Credores Pontuação de crédito, novos contratos, liquidez.
Geração de empregos, envolvimento, proteção
• Stakeholders Dispostos a apoiar – possuem baixo Comunidade
ambiental, ações, comunicação.
potencial em ameaçar e alto potencial em cooperar. Qualidade, proteção dos trabalhadores,
Sindicatos
empregos.
• Stakeholders Marginais – não são nem altamente ame- Rentabilidade, longevidade, participação de
açadores, nem especialmente cooperadores. mercado, posição de mercado, planejamento
Proprietário(s)
sucessório, aumento de capital, crescimento,
• Stakeholders Indispostos a cooperar – possuem alto
metas sociais.
potencial de ameaça, mas baixo potencial em coope- Rentabilidade das ações, participação nos
Acionistas
ração. lucros
Investidores retorno dos investimentos, renda.
• Stakeholders Ambíguos – têm alto potencial em amea-
çar, assim como em cooperar.
5.9 MAPEAMENTO DE STAKEHOLDERS
5.8 EXEMPLOS DE STAKEHOLDERS O mapeamento de stakeholders é uma prática de
extrema importância estratégica para uma organização.
Alguns exemplos possíveis de stakeholders de uma
Podemos definir que é o mapeamento do público de interesse
empresa são:
como o ato de identificar e categorizar os grupos que podem
Stakeholders Preocupações do Stakeholder
Governos influenciar as iniciativas da empresa e ser afetados por elas.
Tributação, legislação, emprego, relatórios,
(municipal, Existe uma variedade de pessoas interessadas, em dife-
legalidades, externalidades etc.
estadual, federal)
Impostos sobre a remuneração, segurança no
rentes níveis, nos projetos e resultados da organização. E
Funcionários emprego, remuneração, respeito, comunicação, conseguir mapeá-las e identificar seus interesses facilita o
valorização e reconhecimento. alcance dos objetivos do negócio.
Valor, qualidade, atendimento, produtos éticos
Clientes O mapeamento permite compreender melhor como a
e sustentáveis.
corporação pode atender às expectativas dos stakeholders.
Ele possibilita ter um maior controle sobre o impacto das

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ações da empresa sobre os stakeholders. Ao fazer o mapea- Essa etapa do mapeamento é importante para que, mais
mento de stakeholders, consegue-se antecipar problemas e tarde, você possa definir as melhores estratégias para corres-
identificar oportunidades. ponder ao que o público interessado espera da empresa.

PASSO 3 – SEPARE OS STAKEHOLDERS EM


5.10 CRIANDO MAPA DE STAKEHOLDERS CATEGORIAS
Agora que você já sabe o que é e quais os diferentes tipos
de stakeholders (os stakeholders internos e externos) e o que
é mapeamento de stakeholders, é o momento de conferir um
passo a passo de como criar um mapa de stakeholders para
empresa, empreendimento ou atividade, o qual você está
como Analista ESG ou de Sustentabilidade.

PASSO 1 – IDENTIFIQUE QUEM SÃO OS


GRUPOS DE INTERESSE
O primeiro passo de como criar mapa de stakeholders é
identificar quem são as partes interessadas nas atividades do
negócio. É importante considerar os stakeholders internos e
externos.

PASSO 2 – FAÇA UMA ANÁLISE DAS Por fim, neste último passo você deverá categorizar os
EXPECTATIVAS E DOS INTERESSES DOS stakeholders da empresa, empreendimento ou atividade a
STAKEHOLDERS partir do nível de interesse por eles apresentados, do grau de
Nesta etapa, você deverá descrever quais são as expec- influência que eles têm e do impacto que as suas atividades
tativas e os interesses que os stakeholders identificados ante- podem exercer sobre eles.
riormente podem ter em relação à empresa, empreendimento
ou atividade.

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5.11 DO QUE SE TRATA A PARTE SOCIAL DO políticas rigorosas para evitar discriminações e transformar
ESG E COMO FUNCIONA NA PRÁTICA? a cultura organizacional para que os colaboradores valorizem
a pluralidade na força de trabalho da empresa.
São ações de desenvolvimento econômico que vão além
do cumprimento da legislação e geração de empregos, atin- • Segurança e bem-estar
gindo a qualidade de vida de diferentes pessoas, grupos de indi- Nesse aspecto, a empresa contribui para o bem-estar
víduos, comunidades e a sociedade de forma geral. Isso se dá físico e mental do colaborador, o que é alcançado ao garan-
pelo investimento em ações éticas que trazem impacto social tir a segurança no ambiente de trabalho. Essa proteção
positivo, tanto fora quanto dentro do ambiente da empresa. pode envolver medidas em prol da integridade física do
Há ações específicas que podem ser tomadas pela orga- pessoal, mas também, ao eliminar discriminações, assé-
nização para que ela seja socialmente responsável. Veja dios e preconceitos.
alguns exemplos, a seguir.
• Compromisso com o desenvolvimento social
• Observância dos direitos trabalhistas Desenvolvimento social é um conceito amplo, que
Por mais complicada e extensa que seja a legislação envolve direitos de educação, alimentação, trabalho, moradia,
trabalhista brasileira, é necessário que todos os direitos dos lazer, assistência aos desamparados e outros. É interessante
colaboradores impostos por lei sejam devidamente cumpri- que a empresa invista em projetos que promovam algum
dos. Isso se refletirá na qualidade de vida dos funcionários. desses direitos sociais, contribuindo para um mundo melhor.
No entanto, a empresa ainda deve entender as necessidades
específicas de cada trabalhador e buscar promover progra- • Promoção da diversidade
mas de capacitação, melhores políticas de trabalho, promo- A promoção de diversidade ocorre no processo seletivo
ção a saúde do trabalhador e carreira. do negócio. Consiste em contratar mais mulheres e indiví-
duos que possam sofrer qualquer tipo de discriminação, seja
• Combate às formas de discriminação em razão de sua etnia, seja pela cor de pele, orientação reli-
A empresa, empreendimento ou atividade deve agir ati- giosa ou sexual, pessoas com deficiência, entre outros.
vamente para combater a discriminação. É possível investir
em projetos sociais em prol de minorias étnicas e raciais, criar

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• Estímulo ao desenvolvimento profissional cionar desafios sistêmicos, enfrentados principalmente por


grupos sociais considerados minoritários e aqueles que estão
O capital humano é um dos ativos mais importantes
em situação de vulnerabilidade social.
para uma organização, já que são os colaboradores que per-
mitem à empresa se desenvolver. Por isso, é relevante evoluir No Brasil, as empresas que destinam parte de seus
a equipe da empresa, empreendimento ou atividade profis- lucros ou investem em projetos sociais, podem ser beneficia-
sionalmente. Isso também fará com que os funcionários se das inclusive por leis de incentivo fiscal, que funcionam como
sintam mais valorizados, aumentará a produtividade e dimi- uma forma de isenção criada pelo poder público.
nuirá a rotatividade de funcionários.
Empresas que se preocupam com o social no ESG conse- 5.12 QUAL O PAPEL DA GOVERNANÇA
guem melhorar sua imagem no mercado e conquistar a atenção CORPORATIVA?
do público, eventuais parceiros, investidores e outros. Para
desenvolver projetos de responsabilidade e colocá-los em prática, A governança corporativa é como o fio condutor que
é importante que o profissional Especialista em ESG ou em Sus- perpassa todas as operações e relações em uma empresa
tentabilidade, amplie seus conhecimentos sobre o assunto, estu- para que ela cumpra seu planejamento estratégico, buscando
dando conteúdos em Administração e Gestão de Pessoas. minimizar impactos negativos e potencializar resultados
positivos. Isso inclui aplicar a transparência nos processos,
A responsabilidade social é vista como um dos fatores
garantindo a objetividade e os fluxos de informação para
mais marcantes do ESG, uma vez que o ato está intimamente
todos os envolvidos, estabelecendo a confiança tanto entre o
ligado aos outros dois critérios, e muito se engana quem pensa
público interno, quanto o externo.
que ser sustentável é ser apenas ecologicamente correto.
Uma atribuição relacionada à transparência é a presta-
O termo sustentável veio da economia e consiste na
ção de contas. Isso tanto no aspecto financeiro, com relação à
existência de três pontos de alicerce inseridos no mercado,
lisura das transações, precisão nos números de lucros e des-
que são: satisfação econômica, justiça social e apreço ecoló-
pesas, pagamento de impostos e encargos sociais, quanto nos
gico. Tudo que esteja equilibrado entre esses fatores.
resultados de suas iniciativas para melhoria de indicadores
Consideradas então como o pilar do ESG, as ações de sociais e ambientais.
Governança Social são aquelas que dão suporte e visam solu-

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Cada vez mais atentos a riscos relacionados aos crité- adequada os impactos das atividades da empresa e que, por-
rios de ESG, acionistas e investidores precisam contar com a tanto, podem ser ineficazes ou malvistas pela opinião pública.
boa estruturação da governança das empresas para o sucesso
de seus negócios.
5.14 SOLUÇÕES DE GOVERNANÇA PARA
PROJETOS DE ESG
5.13 COMO A GOVERNANÇA IMPACTA O ESG
Investidores estão atentos aos diversos índices que per-
A governança é a base de todas as iniciativas, práticas mitem avaliar e acompanhar o desempenho das empresas
e projetos de ESG. Inicialmente, porque é seu papel garan- com relação a seus compromissos socioambientais. Esses
tir que haja coesão entre qualquer realização da empresa e índices avaliam aspectos como gestão da sustentabilidade
os objetivos do negócio. Por isso é importante que esteja ali- empresarial, gestão de riscos, ética nos negócios, cumpri-
nhada com uma visão de desenvolvimento sustentável. Além mento de critérios legais e regulatórios, diversidade e inclu-
disso, é a governança que determina padrões e critérios por são nos quadros de funcionários e da alta gestão, entre outros.
meio dos quais se estabelece a cultura organizacional. Daí a importância de você saber usar bem e criar as planilhas
em Excel com dashboard.
Quando desenvolvida a partir de uma lógica do desen-
volvimento sustentável, a governança deve prezar pela ética Estar em conformidade com todos esses aspectos não
e transparência, buscando tomadas de decisão que levam em deve ser um desafio isolado. Na verdade, é uma jornada de
conta o bem-estar social e o meio ambiente. Casos de cor- ajuste e acompanhamento constante. Para isso, a organiza-
rupção, vazamento de dados de clientes e colaboradores, aci- ção precisa de ferramentas e soluções customizadas para oti-
dentes e violação de licenças ambientais, situações de pre- mizar a governança dos negócios. A depender do tamanho da
conceito e discriminação são alguns dos riscos decorrentes empresa, empreendimento ou atividade, o Excel não basta, é
da falta de comprometimento com a governança. necessário um sistema, um software de gestão.

A valorização da integridade humana e dos ecossistemas A Governança Corporativa pode ser entendida como um
é um dos pilares de uma governança capaz de apoiar a implan- meio de gestão, um modo de governar para empresas multi-
tação do ESG como parte dos negócios. Este é um diferencial nacionais e uma visão para empresas nacionais familiares ou
importante com relação a ações que não abordam de maneira de pequeno porte.

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Muitos paradigmas são adotados para definir a gover- de suas atividades, na sua prosperidade e na contribuição à
nança corporativa, bem como novos programas ou termos sociedade onde ela se encontra ativamente inserida.
como o ESG. Logo, pensamos que esses termos são comuns É necessário buscar as melhores formas de dirigir, gover-
em circunstâncias a vários programas, normas e ferramentas nar e otimizar os ganhos reduzindo perdas, além de facilitar o
que surgem a cada dia. processo sucessório. O interesse também está em gerar maior
Condicionamos os nossos entendimentos a uma simples valor econômico, administrar conflitos familiares, fortalecer
visão de vários termos novos e, como temos uma leve tendên- o propósito da empresa, facilitar o acesso a recursos finan-
cia a não mudar, na maioria das nossas decisões, descarta- ceiros, melhorar a prestação de contas da empresa, adotar
mos o interesse de aprendermos mais sobre as novas formas práticas de governanças eficazes e estruturar a empresa antes
de governar, gerenciar e decidir. dos falecimentos de seus proprietários, entre outros fatores.
O conhecimento superficial sobre esses temas mais O Analista ESG ou de Sustentabilidade pode não par-
usados provoca erros de decisões, investimentos desnecessá- ticipar diretamente da governança corporativa, mas deve
rios e, por sua vez, a perda da confiança de que eles podem entender e poder participar das reuniões que a tal governança
impactar beneficamente as organizações. interfira na gestão de Sustentabilidade da empresa.
A ausência do conhecimento sobre governança corpo- Ainda sobre governança corporativa, sabemos que a
rativa e ESG, bem como de qualquer sistemática aplicada nas ausência de conhecimento e a falta de interesse em adotar um
organizações, impacta adversamente os relacionamentos das moderno meio de governança pode comprometer o sucesso
partes interessadas de uma empresa (os stakeholders). da empresa em poucas gerações, e isso é uma preocupação
Nas décadas anteriores, os sistemas de gerenciamento do mercado de capitais, principalmente quando se trata de
nas empresas eram focados de forma significativa nos requi- empresas e empreendimentos listados na bolsa de valores.
sitos dos clientes, na satisfação ou superação de suas necessi- Aprendemos, então, que as empresas que, em um dado
dades e expectativas. momento de sua história, analisaram e decidiram desenvol-
Atualmente, esse conceito se mantém, mas o foco é no ver estilos de governança corporativa, tiveram mais sucesso
atendimento a todas as partes interessadas aplicáveis a uma progredindo e atendendo às demandas das partes interessa-
organização (stakeholders), principalmente na continuidade das (stakeholders).

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Podemos perceber em várias empresas brasileiras e • A Equidade consiste em admitir que nem todas as
estrangeiras que aquelas que permanecem em crescimento pessoas partem do mesmo ponto e, por isso, seria
são as que decidiram mudar e governar com técnicas desen- recomendado dar condições para elas atingirem os
volvidas para reestruturar a organização. mesmos objetivos, considerando fatores de inclusão
Sem dúvida, a iniciativa deve ser feita pela alta direção. social, diversidade, condições patológicas e físicas.
A justificativa para esta iniciativa está nas pesquisas e na • A Prestação de Contas seria a honestidade de apresen-
realidade de sucesso ou insucesso das organizações nacio- tar às partes interessadas os verdadeiros resultados de
nais ou internacionais em adotar uma governança corpora- modo claro, conciso, compreensível e temporal, assu-
tiva conhecida, estruturada e produtiva. Aí está o segredo mindo os riscos e oportunidades pelas suas decisões.
do sucesso na implementação do ESG, a alta direção deverá • A Responsabilidade Corporativa traz o conceito de
estar envolvida em todas as mudanças na corporação, por- zelar pela continuidade da organização, protegendo
tanto o Analista ESG ou em Sustentabilidade, deverá ter esse seus ativos, potencializando suas forças financeiras e
canal de diálogo. lidando com as fraquezas e ameaças. Neste conceito,
A base para a governança corporativa está nos seus inclui a visão sobre a comunidade, sociedade, tra-
princípios, que devem ser reanalisados no mais alto nível balhadores, fornecedores e todos que dependem da
hierárquico, que se resumem, mas não se limitam a: Trans- organização.
parência, Igualdade, Equidade, Prestação de Contas e Res- As técnicas de governança corporativa deveriam ser
ponsabilidade Corporativa. implementadas antes de qualquer programa, seja de gestão
• A Transparência determina uma mudança de ações sustentável, de melhorias da qualidade, de segurança e saúde
para demonstrar, de forma fidedigna, os resultados ocupacional e de outros sistemas. Para o atendimento pleno
positivos ou adversos sobre o desempenho da orga- das normas de gestão, de programas sociais, programas
nização. ambientais, gestão de riscos e as partes interessadas, uma
organização necessita mudar seu sistema de governança.
• A Igualdade propõe o atendimento à legislação apli-
cável à organização em consonância com suas partes O ESG depende de uma sólida estrutura de governança
interessadas. corporativa para ter o sucesso e os resultados esperados pelas
partes interessadas. Recomenda-se veementemente que uma

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organização analise e faça um diagnóstico sobre o seu sistema


de governança, pois sem ele não temos como melhorar o
sistema de gestão ambiental, social, de segurança e saúde ocu-
pacional e assistencial às partes interessadas. O engajamento
da alta direção pode ser demonstrado pela adoção de práticas
modernas de governança corporativa, assumindo que empre-
sas de sucesso tomaram estas decisões em sua história.
O ESG depende de uma governança justa, transparente, O que eu faço, é uma gota no meio
igual, equilibrada e ética, afinal, os programas de compliance ou
de um oceano. Mas sem ela, o
programa de integridade surgem como efeito ou consequência
de um bom estilo de governança corporativa. Estar em com- oceano será menor
pliance é se comprometer com a governança corporativa, suas
regras, seus benefícios e seus resultados.
O mapa do sucesso para uma implementação do ESG (Madre Teresa de Calcutá).
está na adoção estruturada e muito bem orientada de um
sistema de governança corporativa.

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CAPÍTULO 6 sofisticados, caso não exista o engajamento das pessoas no


seu dia a dia, dentro e fora da empresa.
O QUE É COMPLIANCE? O programa de compliance estabelece procedimentos
para prevenir, detectar e remediar riscos relacionados ao
cumprimento de leis e regulamentos sob a perspectiva da

C
ética e da integridade.
om origem no verbo inglês “to comply”, que quer dizer
cumprir, obedecer, estar de acordo, define-se com-
pliance como seguir as leis, normas e procedimentos 6.1 QUAIS OS OBJETIVOS E GANHOS DO
internos das organizações, além de parcerias éticas, seja com COMPLIANCE?
o setor público ou privado e seus fornecedores.
• Criar uma cultura que encoraje uma conduta ética e
Até bem pouco tempo atrás, o compliance estava
aderência ao compliance;
restrito às multinacionais e a setores extremamente
regulados, como o financeiro e o de saúde. Nos últimos • Identificar os riscos do mercado e os riscos específicos
anos, porém, o tema entrou de forma definitiva na agenda relacionados ao negócio da empresa;
das empresas brasileiras e da sociedade como um todo, • Prevenir e detectar condutas ilícitas existentes ou
seguindo uma tendência já consolidada nas principais potenciais;
economias do mundo, que demanda condutas empresa- • Ajudar os colaboradores a cumprir a legislação, o código
riais mais transparentes e lícitas. de conduta e ética, e políticas internas através de regras
Nas palavras de alguns especialistas, “compliance é claras, divulgadas e acessíveis, de ferramentas fáceis de
postura, comportamento ético, moral e transparente na vida manejar, tais como intranet e sistemas de aprovação, e
cotidiana e no exercício de profissões”. Em outras palavras, de controles legais e contábeis fortalecidos;
o compliance começa na dimensão do indivíduo e se reflete, • Proteger a empresa em caso de falhas no programa de
ao final do dia, na dimensão da empresa. É importante que compliance, o que poderá servir como evidência para a
se tenha essa visão ampla, pois de nada valerá implementar redução de multas. Neste ponto, ressaltamos a impor-
uma série de ferramentas, políticas e procedimentos internos tância de se implementar um programa robusto, bem
estruturado e não um programa de fachada (sham pro-

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grams), como destaca o CADE – Conselho Administra- algo genérico que possa aplicado a qualquer atividade ou
tivo de Defesa Econômica do Ministério da Justiça; empreendimento. Um Analista ESG ou de Sustentabilidade
• Maior conhecimento sobre o negócio da empresa, deverá entender, que um programa de compliance é especí-
empreendimento ou atividade e o mercado em que atua; fico para uma atividade ou empreendimento.
• Melhor aplicação de recursos;
• Maior proteção contra fraudes e demais irregularida- 6.2 CRIANDO UM PROGRAMA DE
des em sua cadeia de valor; COMPLIANCE / PROGRAMA DE
INTEGRIDADE
• Atração de profissionais de alto desempenho para a
equipe;
Ainda que não exista modelo fixo, é preciso saber o
• Diferencial competitivo e valorização da marca; que é necessário implementar, em maior ou menor medida,
• Celebração de contratos de médio e longo prazo com quando se pensa em criação ou renovação de um programa
outras empresas íntegras; de compliance ou também conhecido como programa de inte-
• Estabelecimento de parcerias e atração de investimen- gridade. Quais são os pilares que, mesmo considerando as
tos de empresas estrangeiras e mesmo de investidores situações particulares de cada empresa (porte e segmento),
nacionais que queiram investir em empresas íntegras. precisam estar presentes?

Para isso, é preciso fazer um minucioso estudo da Vamos tomar como referência, o guia da CGU – Pro-
empresa e do mercado em que ela atua, bem como das legis- grama de Integridade - Diretrizes para Empresas Privadas,
lações aplicáveis ao negócio. Deve-se conhecer como estão que com base no Decreto 8.420/15, destacou os principais
definidos os papeis e as responsabilidades dos seus colabora- pilares para um programa bem estruturado.
dores, quem são os seus clientes, fornecedores e concorren-
A - COMPROMETIMENTO E APOIO DA ALTA
tes, com quem ela se relaciona (agentes públicos e privados),
DIREÇÃO (TONE FROM THE TOP)
os riscos a que está exposta e seu planejamento estratégico.
Essa avaliação é indispensável, porque um bom programa de O apoio da alta direção da empresa é condição indis-
compliance deve refletir a realidade da empresa, de forma pensável e permanente para o fomento a uma cultura ética e
que seus colaboradores, incorporem essa agenda. Esqueça de respeito às leis e para a aplicação efetiva do Programa de
Integridade.

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B - INSTÂNCIA RESPONSÁVEL PELO Integridade, deve-se também elaborar plano de comunicação


PROGRAMA DE INTEGRIDADE (COMPLIANCE) e treinamento com estratégias específicas para os diversos
Qualquer que seja a instância responsável, ela deve ser públicos da empresa.
dotada de autonomia, independência, imparcialidade, recur-
E - ESTRATÉGIAS DE MONITORAMENTO E
sos materiais, humanos e financeiros para o pleno funciona-
MELHORIA CONTÍNUA
mento, com possibilidade de acesso direto, quando necessá-
rio, ao mais alto corpo decisório da empresa. É necessário definir procedimentos de verificação da
aplicabilidade do Programa de Integridade ao modo de ope-
C - ANÁLISE E PERFIL DE RISCOS ração da empresa e criar mecanismos para que as deficiências
(GERENCIAMENTO DE RISCOS) encontradas em qualquer área possam realimentar continua-
A empresa deve conhecer seus processos e sua estru- mente seu aperfeiçoamento e atualização. É preciso garantir
tura organizacional, identificar sua área de atuação e princi- também que o Programa de Integridade seja parte da rotina
pais parceiros de negócio, seu nível de interação com o setor da empresa e que atue de maneira integrada com outras áreas
público – nacional ou estrangeiro – e consequentemente correlacionadas, tais como recursos humanos, departamento
avaliar os riscos para o cometimento dos atos lesivos da Lei jurídico, auditoria interna e departamento contábil-financeiro.
nº 12.846/13.
6.3 COMO É O COMPLIANCE NO BRASIL?
D - ESTRUTURAÇÃO DAS REGRAS E PENALIZAÇÕES E SANÇÕES
INSTRUMENTOS
Com base no conhecimento do perfil e riscos da empresa, Nestes últimos anos, houve uma mudança bastante
deve-se elaborar ou atualizar o código de ética ou de conduta relevante na abordagem do tema, que se iniciou, novamente,
e as regras, políticas e procedimentos de prevenção de irregu- com as multinacionais que perceberam as ações de investi-
laridades; desenvolver mecanismos de detecção ou reportes gação e penalização crescente de forma muito acentuada no
de irregularidades (alertas ou red flags; canais de denúncia; ambiente internacional e nacional.
mecanismos de proteção ao denunciante); definir medidas No ambiente nacional com o sancionamento da Lei
disciplinares para casos de violação e medidas de remedia- 12.846/13 (Lei Anticorrupção) e o Decreto 8.420/15 que regu-
ção. Para uma ampla e efetiva divulgação do Programa de

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lamenta a Lei 12.846/13. Uma importante inovação desta lei atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publica-
é que as empresas, incluindo os pequenos negócios, poderão ção de circulação nacional, bem como por meio de afi-
ser diretamente responsabilizadas pela prática de atos que xação de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias,
sejam prejudiciais à administração pública, seja no Brasil ou no próprio estabelecimento ou no local de exercício da
em outros países. atividade, de modo visível ao público, e no sítio eletrô-
Assim, não é somente o funcionário ou a pessoa que pra- nico na rede mundial de computadores.
ticou o ato que será penalizado, mas também a empresa que Também se pode comprovar de forma clara as inves-
teve interesse ou benefício na prática daquela irregularidade. tigações e penalizações no ambiente nacional no Portal da
Transparência, a quantidade de pessoas físicas e jurídicas
De acordo com o Artigo 6º da Lei 12.846/13, podemos
que sofreram sanções como:
destacar, dentre outros:
• Suspensão ou interdição parcial de suas atividades.
(...) Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas
jurídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previs- • Inscrição da empresa no:
tos nesta Lei as seguintes sanções: o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas
Suspensas – CEIS.
• Multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20%
(vinte por cento) do faturamento bruto do último exer- o Cadastro Nacional de Empresas Punidas -
cício anterior ao da instauração do processo adminis- CNEP.
trativo.
o Cadastro de Entidades Privadas sem Fins
• Caso não seja possível utilizar o critério do valor do
Lucrativos Impedidas – CEPIN
faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa será de
R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses- o Cadastro de Expulsões da Administração
senta milhões de reais). Federal e Acordos de Leniência – CEAF
• A publicação extraordinária da decisão condenatória
ocorrerá na forma de extrato de sentença, a expen-
sas da pessoa jurídica, em meios de comunicação de
grande circulação na área da prática da infração e de

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CAPÍTULO 7

COMPLIANCE AMBIENTAL

C
onvencionou-se chamar de compliance ambiental o
A responsabilidade social e a programa de conformidade que se destina a prevenir,
detectar ou mesmo sanar desvios, fraudes e irregula-
preservação ambiental significa ridades relativos a atuações consideradas como impactantes
um compromisso com a vida ao meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado. No que
se refere à fundamentação jurídica, o compliance ambiental
encontra sustentação no regime de responsabilização inaugu-
rado pelo caput do artigo 225 da CF de 1988 e seu parágrafo
(João Bosco da Silva). 3º, que preveem, inclusive, a responsabilização criminal de
pessoas jurídicas. Demais disso, a legislação ambiental con-
sagra, em diversos diplomas, a responsabilidade objetiva para
reparação e indenização de danos causados ao meio ambiente
e a terceiros afetados — como, por exemplo, na Política Nacio-
nal do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), na Lei dos Danos
Nucleares (Lei n°6.453/77), na Lei de Biossegurança (Lei nº
11.105/05), na Lei de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10) e
no novo Código Florestal (Lei nº 12.651/12). A jurisprudência
ambiental pátria, notadamente as súmulas do STJ, também
refletem a ideia de não aceitação dos danos ao meio ambiente
e de ampliação da responsabilidade civil ambiental.

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Ao adotar um programa de compliance, uma organiza- • Cumprir regulamentações ambientais


ção incorpora princípios e normas ambientais (inclusive os
A falta de observância em relação às normas ambientais
entendimentos sumulados e de precedentes das cortes) em
por parte das empresas, em muitos casos, pode resultar na
suas boas práticas empresariais. Não é demais lembrar, entre
aplicação de penalidades administrativas, civis ou criminais,
os princípios ambientais, o da precaução, que melhor respalda
que podem causar uma série de prejuízos para o negócio e o
o desenho e a execução de um programa de compliance, por se
desempenho de suas funções.
tratar de um princípio que valoriza a prudência e a vigilância
em detrimento do enfoque da tolerância e da certeza científica. Nesse sentido, o entendimento da legislação deve se
estender não somente às regulamentações federais aplicáveis
ao seu empreendimento. Mas também é necessário compre-
7.1 OBJETIVOS DO COMPLIANCE AMBIENTAL ender as regulamentações específicas, existentes em cada
município, região e estado.
O compliance ambiental diz respeito às práticas
ambientais que uma organização deve seguir para se tornar Afinal, o compliance ambiental atua no cruzamento de
mais sustentável, responsável e estar em conformidade com dados da empresa e seu segmento de negócio frente às regu-
leis e regulamentos. Porém, vai muito além do que o simples lamentações federais, estaduais, regionais e municipais.
atendimento aos requisitos legais.
• Evitar multas
Vários são os objetivos que se espera alcançar com essa
A atuação desse sistema vai muito além de uma simples
atuação. Dentre eles, podemos destacar:
análise das regras ambientais às quais a empresa se submete.
• Prevenir riscos Também engloba um estudo minucioso e a adoção de
medidas para evitar eventuais problemas e prejuízos, como
A implementação dessa prática pode ser entendida
multas, infrações, processos administrativos, ações judiciais,
como uma medida primária de prevenção de riscos da organi-
pensando-se nos cenários atuais e futuros.
zação, tendo em vista sua atuação antes mesmo de a empresa
começar atividades que possam interferir no meio ambiente, • Adequar as práticas corporativas
e considerando sua capacidade de inserir um plano de ação,
A importância do compliance ambiental está na busca
precaução e prevenção.
pela adequação das práticas corporativas, com o objetivo

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de evitar que os gestores sejam surpreendidos com sanções se apresentar na empresa. Com essas informações, é possí-
administrativas, civis e criminais por possíveis infrações à vel criar relatórios de avaliação de impacto que irão priori-
legislação ambiental. zar todas as atividades futuras do programa de compliance
Dessa forma, o compliance ambiental garante a execução ambiental.
dos processos de forma correta, com a utilização correta dos
• Elaboração do cronograma de implantação do
recursos naturais, para não gerar prejuízos e reduzir os impac-
tos ao meio ambiente decorrente das atividades realizadas.
programa
Aqui define-se os prazos, ações e responsáveis por cada
etapa do programa de compliance.
COMO IMPLEMENTAR UM PROGRAMA DE
COMPLIANCE AMBIENTAL • Capacitação técnica da equipe responsável
Existem alguns aspectos que precisam ser averiguados Só por meio da qualificação adequada, é possível ter
no momento de adotar um programa de compliance ambien- uma equipe pronta para implementar e executar o programa
tal eficiente. Entre eles, estão: de compliance ambiental.

• Engajamento da alta gestão • Formação e treinamento da equipe interna


É imprescindível receber o aval explicito e apoio incon- Para entender e atuar de forma adequada com o pro-
dicional dos mais altos executivos da empresa. grama estabelecido, é indispensável realizar o treinamento
dos colaboradores.
• Levantamento prévio dos fatores e impactos
ambientais • Definição dos setores prioritários

É preciso entender o cenário de regulamentação Embora a implantação deva ocorrer em todos os setores,
ambiental que é pertinente à área de atuação da empresa. Ou é importante escolher os departamentos mais prioritários.
seja, é fundamental conhecer a fundo todo tipo de lei, norma,
• Desenvolvimento de ferramentas de controle
decreto, ao qual a empresa deve atender.
de gestão integrada
O passo seguinte é entender os impactos que podem

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Por meio dessa ferramenta, é possível verificar se tudo O resultado das auditorias deve ser cuidadosamente
está sendo cumprido. analisado pelas equipes internas, com atenção para:

• Canal de denúncia • Identificação das conformidades e não conformidades,


independentemente do nível de importância;
Além de explicar para todos os colaboradores obre as
• Desenvolvimento de planos de melhorias;
regras e determinações do programa de compliance, é funda-
mental dar a eles uma forma de comunicar e denunciar irre- • Execução de novas estratégias de ação.
gularidades. Toda corporação pode ter um colaborador que
viole o código de conduta.
O canal de denúncia pode ser por e-mail ou formulá-
rio interno, porém um bom programa de compliance para
garantir a confidencialidade, esse canal de denúncia poderá
ser terceirizado. Essa informação deverá ser compartilhada
no treinamento com os colaboradores. Todas as denúncias
deverão ser investigadas.

7.3 AVALIAÇÃO DO COMPLIANCE AMBIENTAL

Um importante elemento no sistema de compliance


ambiental é o plano para avaliação e melhoria contínua de
conformidade ambiental. Ele deve conter as seguintes deter-
minações: escopo de verificação, periodicidade de verificação
e evidências de atendimento.
As auditorias externas da avaliação de conformidade
devem ser realizadas por intermédio de auditorias especiali-
zadas para certificar a adequação aos propósitos do programa.

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CAPÍTULO 8

SOBREVIVENDO A UM UNIVERSO
DE LEIS

M
uito comum entre as corporações são as reclamações
referente a enorme quantidade de leis, as quais, os
negócios são submetidos. São muitas, e a depender
Ambiente limpo não é o que
do ramo e setor podendo chegar a mais de 100.000 entre legis-
mais se limpa e sim o que menos lações e normas para que o negócio se enquadre corretamente.
É claro que temos as principais legislações e normas referen-
se suja” tes aquela empresa, empreendimento ou atividade, mas com
um número tão elevado de legislações, muitas vezes o uso de
software de gestão pode facilitar bastante a vida do especialista
(Chico Xavier). em ESG. No mercado existem diversos softwares e sistemas de
gestão brasileiros e estrangeiros. Cabe uma avaliação para ver
qual a corporação se adapta melhor e dentro da realidade de
custos da empresa, empreendimento ou atividade.
Sem um software bem desenvolvido e com metodolo-
gias adequadas, esse trabalho poderá ser impossível. Dessa
forma, um bom sistema ou software de gestão, podem identi-
ficar e monitorar os requisitos legais aplicáveis relacionados
a empresa, empreendimentos ou atividade, apresentar quais
são os requisitos mais complexos e oferecer soluções para
fatores limitantes que possam ocasionar futuros problemas.

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Caso a corporação não deseje investir num software segundo a Controladoria Geral da União (CGU), pode chegar
ou sistema de gestão, uma das soluções é contratação de até a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto anual da
empresa que realize a tal gestão para diversas corporações empresa, ou até 60 milhões de reais, quando não for possí-
por meio de software e sistema próprio. Essa solução poderá vel calcular o faturamento bruto. Na esfera judicial, pode ser
reduzir custos e ainda sim manter uma boa gestão das legis- aplicada até mesmo a dissolução compulsória da pessoa jurí-
lações que se aplica a corporação. dica. Mas o texto acena também com uma redução da pena
para a empresa infratora que colaborar com o poder público
e comprovar ter mecanismos para inibir fraudes.
8.1 É PRECISO SIM ESTAR DE ACORDO COM
TODA A LEGISLAÇÃO Nesse caso é preciso que a empresa, todos os seus gesto-
res e seus colaboradores se atentem em se adequar às políticas,
A Lei Anticorrupção, sancionada em 2013 e regulamen- regras, controles internos e externos que regem a atividade. Isso
tada pelo Decreto n° 8.420/2015, é um instrumento de incen- porque a própria Lei Anticorrupção afirma que a alta direção
tivo e estímulo a uma conduta empresarial ética e de combate tem a responsabilidade pela implantação e efetividade de um
à corrupção, cuja finalidade é reforçar a confiança dos inves- programa de governança e de integridade corporativa, e todos
tidores no âmbito nacional e internacional, trazendo benefí- na organização devem agir de acordo com esse programa. Se
cios à toda sociedade brasileira. isso não acontecer, a empresa está em não compliance.
Assim, esta lei responsabiliza objetivamente, no âmbito Esses manuais de conduta e boas práticas são bons
civil e administrativo, com substância penal, as empresas exemplos que ajudam a empresa a comprovar que atua com
que praticam atos lesivos contra a administração pública transparência e ética, gerando ainda mais valor para a marca.
nacional ou estrangeira. Como todas as empresas brasilei- Com isso, fornecedores, investidores e clientes se sentem
ras mantém de alguma forma relações com a administração mais confiantes e muito mais confortáveis em negociar. Além
pública, como por exemplo, cumprir suas responsabilidades disso, quanto mais ética e em conformidade às leis e regula-
fiscais, obter licenças ou contratar serviços públicos, esta lei mentos estiver de fato a empresa, menor poderá ser a sanção
se aplica a todas as organizações do país, sem exceção. a ela imposta caso algo aconteça.
Desde então o compliance vem ganhando força no Pela atual situação econômica e política do Brasil, é
Brasil, pois a multa administrativa da Lei Anticorrupção, muito comum relacionar a palavra compliance com a ideia de

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antissuborno e anticorrupção. É claro que uma empresa tem produtos e serviços, mas sim valores e comportamentos sus-
que se preocupar com essas questões, porque ela será respon- tentáveis. Descasos ambientais não são mais tolerados a nível
sabilizada caso seja flagrada dando, comprometendo-se a dar mundial. E se a sociedade não aceita mais isso, o mercado
ou oferecendo suborno ou se estiver em práticas corruptas, também não. Como consequência, um erro ocorrido por
fraudulentas, coercitivas ou obstrutivas. Essa responsabiliza- negligência em questões ambientais e sociais pode significar
ção independe do porte ou ramo de atuação, se era ou não de o fim de uma empresa por gerar altíssimos prejuízos econô-
conhecimento da alta direção ou de quem tenha assumido micos – a ela mesma.
tal comportamento, desde que tenha agido em nome e por
interesse da empresa.
8.2 EXEMPLO DE COMPLIANCE NA MODA
Preocupar-se em agir de forma a não praticar tais atos é um
dos significados de estar em compliance. Mas há muitas outras A expressão “compliance na moda” refere-se à aplica-
maneiras de uma empresa também estar de acordo com toda a ção do programa nas empresas do setor. Para isso, é preciso
legislação aplicável à sua atividade. Por exemplo é possível estar avaliar tanto as leis gerais que se aplicam a qualquer negócio,
em compliance nas áreas da saúde e segurança ocupacional, como aquelas específicas sobre a atividade exercida.
responsabilidade social, segurança de alimentos, energia, quali- “Fast Fashion” coloca integridade do setor da moda em
dade, segurança na cadeia logística e sustentabilidade. Mas uma risco
das principais é em relação à sustentabilidade.
Um dos principais entraves para que o setor da
Agregar o adjetivo ambiental ao compliance significa moda se mantenha em conformidade com a legislação é o
que ao estar de acordo com toda a legislação aplicável está se chamado “Fast Fashion”, como é denominado o modelo de
buscando na verdade o equilíbrio entre a economia, o meio produção com foco em tempo recorde e em maior escala.
ambiente e a sociedade. Ou seja, os comportamentos, atitu-
Muito usado no segmento de vestuário, este sistema
des e ações tomadas pela organização visam ao lucro, claro,
foi criado na década de 1970 e se popularizou ao redor do
mas antes de tudo respeitam o meio ambiente e a sociedade,
mundo. Para especialistas, o Fast Fashion atingiu o ápice
de forma ética, íntegra, justa e transparente.
com o e-commerce, que destruiu as barreiras geográficas, e
De modo geral, a sociedade está cada vez mais exigente as redes sociais, que oportunizaram uma vitrine em tempo
e mais crítica, com a forte tendência de não mais consumir real aos consumidores.

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No entanto, na tentativa de aumentar os lucros, há 8.3 DUE DILIGENCE: O COMBATE ÀS


empresas que não cumprem com as legislações trabalhistas, IRREGULARIDADES EXTERNAS
ambientais e a integridade dos processos de produção.
Os procedimentos mencionados até aqui incluem
Assim, cada vez mais são noticiadas irregularidades
medidas para a fiscalização dos processos internos das
como:
empresas. No entanto, no mundo da moda (como exemplo),
• Desperdício de insumos e produtos; também é importante certificar-se da integridade de parcei-
• Aumento da geração de resíduos e descarte irregular; ros e fornecedores (stakeholders).

• Relações precárias de trabalho; O Due Diligence consiste numa avaliação prévia antes
• Trabalho infantil; de concretizar parcerias, investimentos e manter relações
com outras empresas.
• Condições de trabalho análogas à escravidão.
De acordo com publicação feita no Jornal da Univer- Ainda dando como exemplo o setor da moda, esse ramo
sidade de São Paulo (USP), em 2021, denúncias de condi- é bastante extenso, englobando diversas etapas que depen-
ções de trabalho análogas à escravidão foram verificadas em dem de parceiros como produção da matéria-prima, fiação,
países da América e na China, em Bangladesh e no Camboja. tecelagem, beneficiamento, confecção, logística e mercado.
É importante salientar que a situação é uma violação da Em cada uma dessas fases é preciso se certificar de que há
Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela cumprimento de normas técnicas, códigos de conduta, legis-
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948. lações gerais e específicas que garantam a legalidade e a ética
de todas as operações. Já imaginou o trabalho do Analista
Diante do exposto, é fundamental que as empresas
ESG ou de Sustentabilidade em mapear todos esses stakehol-
tenham um programa de compliance para a prevenção, a
ders e suas legislações aplicáveis? Mas nada que o conheci-
identificação e o combate de irregularidades e condutas anti-
mento prévio possa resolver. Então já fica aí em suas anota-
éticas.
ções, que o Due Diligence é uma das ferramentas importan-
tes para você que vai atuar como um especialista em ESG.

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8.4 O QUE DIZ O MANIFESTO DE DAVOS A noção de uma economia de participação estreita-
mente definida com base nos requisitos do investidor e na
O célebre mantra do final do século 20 que “o negócio linha de fundo está gradualmente dando lugar ao conceito de
dos negócios é o negócio” não traz mais dinheiro. No final dos uma economia de participação mais ampla, ou capitalismo
anos 1970, o economista ganhador do Prêmio Nobel Milton de participação. O capitalismo de partes interessadas é um
Friedman foi o primeiro a popularizar a ideia de que uma sistema no qual as corporações são orientadas para atender
corporação é responsável apenas por aumentar o valor para aos interesses de todas as partes interessadas. Os defensores
o acionista. Na visão de Friedman, os executivos trabalham do capitalismo das partes interessadas, como o economista
para os proprietários (acionistas) e a única responsabilidade neokeynesiano Joseph E. Stiglitz, acreditam que ele deveria
social de uma empresa é “utilizar seus recursos e se envol- substituir a primazia dos acionistas como princípio da gover-
ver em atividades destinadas a aumentar seus lucros desde nança corporativa.
que permaneça dentro das regras do jogo, ou seja, se envolva
Na prática, o capitalismo de partes interessadas pode ser
em concorrência aberta e livre, sem engano ou fraude”. Por
uma ideologia adotada por líderes empresariais individuais ou
décadas, escolas de negócios, empresas de consultoria e
um modelo imposto pelos governos por meio de leis e regu-
investimentos têm divulgado as palavras de Friedman. Essa
lamentos. Pagar salários justos, garantir a segurança no local
teoria ainda prevalece hoje e seria prematuro dizer que a pri-
de trabalho, prestar um bom atendimento ao cliente, investir
mazia dos acionistas acabou.
nas comunidades locais, prevenir danos ambientais são alguns
Partindo da posição de Friedman, os acadêmicos ame- exemplos de compromisso com o capitalismo de stakeholders.
ricanos Michael E. Porter e Mark R. Kramer argumentaram
O capitalismo das partes interessadas se convidou para
em 2006 que as empresas capazes de alavancar a responsabili-
a Rodada de Negócios 2019, que em sua “Declaração sobre
dade social corporativa poderiam fazer a diferença. Um estudo
o Propósito de uma Corporação” disse que, embora todas as
internacional realizado pela Unilever em 2017 mostra que, na
empresas membros atendam ao seu próprio objetivo corpora-
época, um terço dos consumidores optava por comprar marcas
tivo, elas compartilham um compromisso fundamental com
que acreditavam fazer bem social ou ambientalmente. Há uma
todos os seus stakeholders. Nas palavras do presidente da
percepção crescente de que as organizações socialmente res-
Business Roundtable, Jamie Dimon, que também é presidente
ponsáveis ​​podem vencer a batalha financeira, bem como a
e CEO do JPMorgan Chase & Co., “os principais empregadores
aprovação do cliente e a guerra por talentos.

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estão investindo em seus trabalhadores e comunidades porque sabilidade financeira foi examinada à luz da lucratividade
sabem que é a única maneira de obter sucesso a longo prazo”. e da maximização do valor para o acionista. Mas chegou o
O propósito de uma empresa é envolver todos os seus momento em que a opinião pública considera que as empre-
stakeholders na criação de valor compartilhado e susten- sas são as principais responsáveis ​​pelo impacto em seus
tado. Ao criar esse valor, uma empresa atende não apenas seus ecossistemas globais, independentemente de quando e onde
acionistas, mas todas as partes interessadas – funcionários, operem, produzam, invistam e contratem.
clientes, fornecedores, comunidades locais e a sociedade em Cidadãos, consumidores e funcionários esperam que as
geral. A melhor forma de entender e harmonizar os interesses empresas forneçam valor público, assim como investidores
divergentes de todas as partes interessadas é por meio de um e reguladores. Ecoando as demandas prementes da socie-
compromisso compartilhado com políticas e decisões que for- dade civil, as estruturas legais estão evoluindo. O PACTE da
taleçam a prosperidade de longo prazo de uma empresa. França – abreviação de Plan d’Action pour la Croissance et
la Transformation des Entreprises, ou seja, Plano de Ação
para Crescimento e Transformação Empresarial – que foi
8.5 A AGENDA DE DAVOS E O BEM COMUM
assinado em lei no ano de 2019 fornece um bom exemplo
As catástrofes naturais que ocorreram na Austrália, de como as legislações nacionais podem servir a esse propó-
Amazônia e Sibéria antes da eclosão da pandemia do COVID- sito. Um dos dois objetivos declarados do PACTE é “colocar
19 podem ter acelerado o ritmo da conscientização geral. Mas as empresas no centro da sociedade, alterando o Código
é mais provável que a pressão crescente sobre as empresas Civil e envolvendo mais os funcionários em sua governança
por consumidores e funcionários para se tornarem facilita- e resultados por meio do desenvolvimento de esquemas de
dores proativos do bem comum que levou líderes com visão incentivo e participação nos lucros”.
de futuro a colocar o valor público no topo de suas agendas.
Este desenvolvimento significativo levanta a questão 8.6 TODOS OS OLHOS ESTÃO VOLTADOS PARA
da responsabilidade corporativa. Como as corporações utili- OS CEOS
zam recursos naturais, humanos, técnicos e financeiros, elas
Uma esmagadora maioria (76%) dos entrevistados
podem ser legitimamente consideradas responsáveis ​​pelo
do Edelman Trust Barometer 2020 disse que os CEOs devem
uso desses recursos. Durante décadas, apenas sua respon-

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iniciar a mudança em vez de esperar que os governos a impo- aceita e apoia a concorrência justa e igualdade de condi-
nham. Muitos entrevistados disseram acreditar que o setor ções. Tem tolerância zero para a corrupção. Mantém o sistema
público não está fazendo o suficiente para proteger as pessoas. Os de gestão em que opera confiável. Torna os clientes totalmente
temores sobre os possíveis efeitos negativos da hiper globa- conscientes da funcionalidade de seus produtos e serviços,
lização, automação, inteligência artificial são reais. Como se incluindo implicações adversas ou externalidades negativas.
adaptar às transformações do mercado de trabalho e desenvol- Uma empresa trata seu pessoal com dignidade e res-
ver as habilidades necessárias para obter e manter um emprego peito. Respeita a diversidade e busca melhorias contínuas nas
decente são preocupações amplamente compartilhadas. condições de trabalho e no bem-estar dos funcionários. Em
As empresas que olham para o futuro não esperaram um mundo de mudanças rápidas, uma empresa promove a
que uma nova legislação seja aprovada para adaptar seu dis- empregabilidade contínua por meio de qualificação e requa-
curso e suas políticas a essas novas tendências. Seguindo uma lificação contínuas.
abordagem mais tradicional de mitigação de riscos, outras Uma empresa considera seus fornecedores como ver-
empresas foram levadas a inovar principalmente porque bus- dadeiros parceiros na geração de valor. Ela fornece chances
cavam reduzir possíveis danos à sua reputação. justas para os novos participantes no mercado. Integra o res-
Em uma abordagem proativa que visa usar a pressão ética peito pelos direitos humanos em toda a sua cadeia produtiva.
da opinião pública como uma oportunidade de crescimento, Uma empresa atende à sociedade em geral por meio
muitas marcas integraram os Objetivos de Desenvolvimento de suas atividades, apoia as comunidades em que trabalha e
Sustentável em suas estratégias corporativas. Conforme desta- paga todos seus impostos. Garante o uso seguro, ético e efi-
cado pelas Nações Unidas, os ODS são extremamente necessá- ciente dos dados. Atua como guardião do universo ambiental
rios como fonte de financiamento, impulsionador de inovação e e material para as gerações futuras. Protege conscientemente
tecnologia e motor de crescimento econômico e emprego. nossa biosfera e defende uma economia circular, comparti-
lhada e regenerativa. Expande continuamente as fronteiras
8.6 MANIFESTO DE DAVOS do conhecimento, inovação e tecnologia para melhorar o
bem-estar das pessoas.
Uma empresa atende seus clientes fornecendo uma pro-
Uma empresa oferece aos seus acionistas um retorno
posta de valor que melhor atenda às suas necessidades. Ela
sobre o investimento que leva em consideração os riscos

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empresariais incorridos e a necessidade de inovação contí- incorporar fatores ambientais e sociais. Para isso, ela forneceu
nua e investimentos sustentados. Gere com responsabilidade 10 princípios universais que norteiam o Pacto Global. O objetivo
a criação de valor a curto, médio e longo prazo, em busca de era que as empresas pudessem se nortear e cumprir responsabi-
retornos sustentáveis ​​para os acionistas que não sacrifiquem lidades básicas com o meio ambiente e com a sociedade.
o futuro pelo presente.
Uma empresa é mais do que uma unidade econômica 8.9 CONHECENDO OS 10 PRINCÍPIOS DO
geradora de riqueza. Atende às aspirações humanas e sociais PACTO GLOBAL DA ONU
como parte de um sistema social mais amplo. O desempenho
deve ser medido não apenas pelo retorno aos acionistas, mas Os 10 princípios apresentados pela ONU podem ser divi-
também pela forma como atinge seus objetivos ambientais, didos em 4 grandes tópicos: Direitos humanos, Trabalho, Meio
sociais e de boa governança. A remuneração dos executivos Ambiente e Anticorrupção. Vamos conhecer cada um deles.
deve refletir a responsabilidade das partes interessadas.
Direitos Humanos
Uma empresa que tem um escopo multinacional de
• Princípio 1: “As empresas devem apoiar e respeitar a
atividades não apenas atende a todas as partes interessadas
proteção dos direitos humanos proclamados interna-
diretamente envolvidas, mas também atua como uma parte
cionalmente”
interessada – junto com governos e sociedade civil – de nosso
futuro global. A cidadania corporativa global exige que uma • Princípio 2: “Certifique-se de que eles não sejam cúm-
empresa aproveite suas principais competências, seu empre- plices de abusos de direitos”
endedorismo, habilidades e recursos relevantes em esforços Direitos do Trabalho
de colaboração com outras empresas e partes interessadas
para melhorar o estado do mundo. • Princípio 3: ‘As empresas devem defender a liberdade
de associação e o reconhecimento efetivo do direito à
negociação coletiva”
8.8 PACTO GLOBAL DA ONU
• Princípio 4:” A eliminação de todas as formas de traba-
A ONU propôs, então, uma forma de integrar fatores da lho forçado e obrigatório”
defesa da sustentabilidade corporativa e ajudar as empresas a • Princípio 5: “A abolição efetiva do trabalho infantil”

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• Princípio 6:” A eliminação da discriminação em rela-


ção ao emprego e ocupação”

Proteção Ambiental
• Princípio 7: “As empresas devem apoiar uma aborda-
gem preventiva aos desafios ambientais”
• Princípio 8: “Realizar iniciativas para promover maior
responsabilidade ambiental” A natureza tem uma estrutura
Princípio 9: “Incentivar o desenvolvimento e a difusão

feminina: não sabe se defender,
de tecnologias ecologicamente corretas”

Anticorrupção
mas sabe se vingar como
• Princípio 10: “As empresas devem trabalhar contra a
ninguém”
corrupção em todas as suas formas, incluindo extorsão
e suborno”

Relação dos 10 princípios do Pacto com o ESG (Marina da Silva - Ministra do


Estes princípios do Pacto Global têm como objetivo a busca Meio Ambiente).
do desenvolvimento de um mercado mais justo, inclusivo e sus-
tentável. Mesmo que não haja princípios específicos para um ESG,
podemos relacionar os 10 princípios do pacto aos critérios ESG.
Os princípios de Meio Ambiente, por exemplo, propõem
realizar iniciativas de responsabilidade ambiental, difusão de
tecnologias ecologicamente corretas e o apoio a abordagens
preventivas ao meio ambiente. Tal como o tópico “Ambiental”
do ESG, que se refere às práticas da organização em relação à
preservação do meio ambiente.

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CAPÍTULO 9 • Melhorar a qualidade das informações disponíveis aos


provedores de capital financeiro para permitir uma
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE alocação de capital mais eficiente e produtiva
• Promover uma abordagem mais coesa e eficiente de
relatórios corporativos que se baseie em diferentes

O
vertentes de relatórios e comunique toda a gama de
Analista ESG ou de Sustentabilidade é responsável,
fatores que afetam materialmente a capacidade de
principalmente, pelo Relatório de Sustentabilidade
uma organização de criar valor ao longo do tempo
das corporações. Como já visto, você como profis-
• Aumentar a responsabilidade e a administração da
sional precisa ter conhecimento em várias áreas do meio
ampla base de capitais (financeiro, manufaturado,
ambiente. Ter conhecimentos em economia, entender os con-
intelectual, humano, social e de relacionamento e
ceitos de governança corporativa, sem dúvida, uma necessi-
natural) e promover a compreensão de suas indepen-
dade. E, ter conhecimento de como estabelecer um diálogo
dências
com a comunidade e de como trabalhar com engajamento de
partes interessadas (stakeholders). • Apoiar o pensamento integrado, a tomada de decisões
e as ações com foco na criação de valor no curto, médio
O relatório de sustentabilidade de acordo as diretri-
e longo prazo.
zes do International Integrated Reporting Council (IIRC),
adicionalmente ao Global Reporting Initiative (GRI) Stan- A publicação do relatório de sustentabilidade é de
dards é uma ferramenta que a corporação ou empreen- caráter voluntário e demonstra comprometimento da cor-
dimento, o qual você vai representar, pode utilizar para poração ou empreendimento com as questões relacionadas a
relatar o seu desempenho nas esferas ambiental, social e sustentabilidade e o desejo de evoluir. Por isso organizar um
econômica a todos os principais interessados em suas ati- relatório de sustentabilidade é uma tarefa de extrema impor-
vidades, como acionistas, clientes, parceiros e colaborado- tância para o Analista ESG ou de Sustentabilidade.
res (stakeholders). As empresas com ações na bolsa de valores brasileira
Qual o Objetivo do Relatório de Sustentabilidade? (BM&F BOVESPA) são avaliadas por meio do Índice de Sus-
tentabilidade Empresarial (ISE), que, dentre os critérios de
avaliação, está a publicação do relatório de sustentabilidade

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no padrão Global Reporting Initiative (GRI) e o atendimento • Regularidade na publicação


a determinados indicadores da GRI. • Clareza
Quais as etapas se devem seguir? • Confiabilidade
Para a publicação do relatório de sustentabilidade são A adoção de um padrão internacional para reportar
necessárias as seguintes etapas: informações relacionadas a sustentabilidade da organização
• Levantamento dos stakeholders; garante credibilidade e transparência a todos os stakehol-
ders, além de envolver e engajar colaboradores na busca pela
• Elaboração da matriz de materialidade;
inserção da sustentabilidade na instituição.
• Escolha sobre a forma de publicação do relatório, se
“abrangente” – com reporte de todos os indicadores Além de gerar valor intangível para a imagem e marcas da
ou se “essencial” – com reporte de indicadores espe- organização, estas ações geram valores tangíveis como diminui-
cíficos3; ção no índice de rotatividade, aumento da satisfação de clientes
e colaboradores, redução de custos com energia, água e destina-
• Escolha dos indicadores que serão reportados em caso
ção de resíduos, facilidades em concessões de crédito por insti-
de relatório “essencial”;
tuições financeiras e diferencial competitivo em vendas.
• Compilação das informações;
Ainda sobre o relatório de sustentabilidade e as melho-
• Elaboração e diagramação do relatório de sustentabili-
res estratégias para atender as Políticas de ESG – Environ-
dade; e campanha de divulgação;
mental, Social and Governance. Segue os passos que você
Princípios que devem ser seguidos para assegurar a como Analista ESG ou de Sustentabilidade deverá seguir.
qualidade do relatório
Sustentabilidade
• Equilíbrio entre aspectos positivos e negativos
• Mapeamento de riscos e impactos positivos e negativos
• Comparabilidade
• Matriz de materialidade
• Exatidão
3
Matriz de Materialidade é um recurso utilizado para definir e propagar os principais • Priorização dos ods
temas que vão ajudar a organização a alcançar seus objetivos estratégicos dentro do mer-
cado. No contexto ESG, isso é conhecido como materialidade singular e significa prin- • Ação divulgação da matriz de materialidade e prioriza-
cipalmente fatores ambientais, sociais e de governança que possam representar alguma
ameaça ou oportunidade para uma empresa e sua receita. ção dos ODS para stakeholders e alta gerência

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• Criação do comitê de sustentabilidade e responsabili- também plan-do-check-adjust, que significam planejar-fa-


dade social zer-verificar-agir, ou planejar-fazer-verificar-ajustar.
Trata-se de uma metodologia. Uma técnica de gestão
Meio Ambiente
interativa que consiste justamente nestes quatro passos, e
• Uso de energia e emissões de gases efeito estufa que tem como objetivo melhorar os processos e os produtos
• Uso do ecossistema / recursos ambientais de forma contínua.

• Uso de água Também chamado de ciclo de Shewart ou ciclo de


• Inovação em produtos sustentáveis e Eco Friendly Deming, o modelo se tornou famoso nos anos cinquenta
graças a este segundo – o estatístico e professor americano
Social William Edwards Deming, considerado o pai do controle de
qualidade nos processos produtivos. Uma das finalidades do
• Diversidade, saúde e bem-estar, compliance e direitos
PDCA é acelerar e aperfeiçoar os processos de uma empresa,
humanos na empresa
por meio da identificação de problemas, de causas e de solu-
• Critérios sociais na comunidade (benfeitorias e filan- ções. Segue as etapas explicadas do PDCA:
tropia)
1 – PLAN (PLANEJAR) – Neste primeiro passo para a
• Critérios sociais na cadeia de fornecedores
aplicação, você deve elaborar um plano. Deve desenvolver,
com base nas diretrizes e políticas da corporação ou empre-
Governança
endimento, uma estratégia que se proponha a resolver os
• Cumprimento de legislações ambientais, práticas e problemas levantados.
código de conduta
A partir disso, deve levar em consideração três fases fun-
• Transparência na gestão e na informação damentais: a primeira é o estabelecimento dos objetivos do
• Processos melhorados plan–do–check–act (PDCA) e ciclo; a segunda é a escolha do caminho para que estes objeti-
inovação em constante desenvolvimento vos sejam atingidos; e a terceira é a definição do método que
deverá ser utilizado para isso. E deve também montar a equipe,
Para finalizarmos, precisamos entender melhor sobre
escolhendo os profissionais que liderarão os processos.
o PDCA, que quer dizer, em inglês, plan–do–check–act, ou

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Como ocorre em qualquer planejamento, a boa e cuida-


dosa elaboração desta etapa evita falhas e perdas de tempo
desnecessárias nas próximas fases do ciclo PDCA.
2 – DO (FAZER) – O planejamento está pronto e bem
detalhado? Hora de colocá-lo em prática. Hora de fazer um
esforço e tocar a execução do plano, que consiste também em
treinar os envolvidos para prepará-los para o método que
será empregado. Esta é a etapa mais importante do ciclo e
deve ser acompanhada bem de perto para que em nenhum
“A ecologia humana e a ecologia
momento se desvie do que foi planejado.
3 – CHECK (VERIFICAR) – O terceiro passo é a análise
ambiental são inseparáveis”
ou verificação dos resultados alcançados e dos dados coleta-
dos. Esta etapa pode se desenvolver tanto ao mesmo tempo em
que o plano quando é elaborado – quando se verifica se o tra- (Papa Francisco).
balho está sendo feito da forma devida – quanto após a exe-
cução, quando são feitas as análises estatísticas dos dados e
a verificação de todos os itens. O principal objetivo desta fase
é detectar eventuais erros ou falhas.
4 – ACT ou Adjust (AGIR, CORRIGIR) – É a última
fase. Nela, são tomadas as ações corretivas com base no que
foi verificado. Ou seja, deve-se corrigir as falhas encontra-
das no passo anterior. Então, após realizada a investigação
das causas destas falhas ou desvios no processo e após agir
para solucioná-las, comece tudo de novo. Exatamente: como
um ciclo, o PDCA deve ser retomado sempre para que, as prá-
ticas e os processos se aprimorem continuamente.

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CAPÍTULO 10 ou de Sustentabilidade atue em corporações, empreendi-


mentos e atividades no Brasil com mais segurança e caminhe
NORMATIZAÇÃO E CERTIFICAÇÃO a uma possível “certificação futura”: a Prática Recomendada
2030 — Ambiental, social e governança (ESG) – Conceitos,
DO ESG NO BRASIL E
diretrizes e modelo de avaliação e direcionamento para orga-
CONSIDERAÇÕES FINAIS nizações (ABNT PR 2030:2022).
A Norma alinha os principais conceitos e princípios na sigla

C
ESG (em inglês environmental, social and governance) e orienta
omo a ISO 14001 e outras normas e certificações em
os passos necessários para incorporá-los na organização.
meio ambiente e qualidade, o ESG caminha também
para a validação de normas e certificações. É uma O documento apresenta os critérios mais relevantes,
tendência, que conceitos tão importantes, os quais mudam a segmentados pelos eixos ambiental, social e de governança,
forma de pensar e agir do marcado empresarial e financeiro, apoiando a organização na identificação de seus temas mate-
sejam estabelecidas normas para serem seguidas, tanto no riais dentro da abordagem ESG.
Brasil como no mundo. Estabelece, ainda, um modelo de avaliação e direciona-
Para você, Analista ESG ou de Sustentabilidade, o que mento, composto por escala de cinco níveis evolutivos, que
interessa bastante são as mudanças no Brasil. Informações permite à organização identificar seu estágio de maturidade
recentes relacionadas as essas mudanças mostram uma nova em relação a um determinado critério ambiental, social ou de
norma ABNT ESG. governança e estabelecer metas de evolução.
A PR é aplicável a todos os tipos de organizações, com-
preendendo empresas privadas ou públicas, entidades gover-
10.1 PRÁTICA RECOMENDADA 2030 —
AMBIENTAL, SOCIAL E GOVERNANÇA (ESG) namentais e organizações sem fins lucrativos, independente-
mente do porte e área de atuação.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
“Os aspectos ESG estão cada vez mais sendo conside-
lançou, na data de 14 de dezembro de 2022, uma norma que rados por agências de rating e outros stakeholders e, con-
poderá ser de extrema importância para que o Analista ESG sequentemente, afetando o potencial de ganho dos investi-
dores”. (Mario William Esper, presidente da ABNT, 2022)

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A Prática Recomendada foi elaborada pela Comissão de deve encarar esse desafio. Tanto no licenciamento ambien-
Estudo Especial de Environmental, Social and Governance tal, que é a primeira etapa, como ao ESG.
(ESG) (ABNT/CEE-256) e está disponível no ABNT Catálogo Com a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), a
para aquisição. Você como Analista ESG ou de Sustentabili- Lei 6.938/81 foram estabelecidos instrumentos importan-
dade, aconselho que tenha acesso a esta norma, a qual poderá tes como o licenciamento ambiental de atividades poten-
te ajudar e orientar em diretrizes de ESG na corporação, cialmente poluidoras. O licenciamento ambiental é o prin-
empreendimento ou atividade que você representar. cipal mecanismo de conservação e preservação ambiental
avaliando a utilização racional dos recursos ambientais por
10.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS empresas, empreendimentos ou atividades.
Na viabilidade da localização, implantação e operação
O Analista ESG ou de Sustentabilidade deverá ter um
do empreendimento ou atividade, o licenciamento ambiental
olhar bem mais sistêmico sobre a corporação, empreen-
deverá avaliar todo processo produtivo e consequentemente
dimento ou atividade. Fazendo uma comparação simples,
os seus impactos aos recursos naturais e socioeconômicos,
é como se um bom médico clínico avaliasse seu paciente e
propondo uma mitigação dos impactos negativos, potencia-
encaminhasse para um médico especialista em cardiologia,
lizando os impactos positivos e a compensação dos impactos
pois foi identificado que o problema poderá ser no coração.
que não poderão ser mitigados, ou seja, reduzidos.
Mas é claro que é pouco provável a busca direta de um car-
diologista pelo paciente, se ele ainda não tem um diagnóstico Observando assim, podemos ver que o licenciamento
de alguém que tenha uma experiencia em analisar “o todo”. ambiental já contempla tranquilamente o ambiental e uma
Avaliar de forma mais complexa os sistemas é o papel do parte do social, exceto claro, questões de direitos trabalhis-
generalista e não do especialista, então eu posso te dizer que tas, identidade de gênero e outras pautas que também são de
essa é a função do Analista ESG ou de Sustentabilidade. extrema importância ao social do ESG.

Que tal então avaliar o empreendimento como um Mas se você tem uma visão ampla e consegue enxergar
grande organismo? Que tem relações importantes com os o que não é moral, nem ético, pois não contemplam as pautas
ecossistemas, com outros organismos e com o meio abiótico? discutidas e nem as legislações ambientais brasileiras e
É dessa forma que o Analista ESG ou de Sustentabilidade outras legislações pertinentes. É uma pessoa bem-informada
e se mantém sempre em atualização, podemos dizer que você

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tem toda capacidade de entender e aplicar o ESG numa cor-


poração, empreendimento ou atividade.
Entre as principais razões para que ESG tenha sido um
tema cada vez mais presente na atuação de empresas e inves-
tidores, podemos destacar:

• A necessidade de se repensar uma retomada de cres-


cimento econômico resiliente e de baixo carbono pós-
-pandemia de Covid-19, e o papel do mercado finan-
ceiro nesse processo;
• O aumento da consciência global sobre o impacto das
mudanças climáticas e da perda da biodiversidade
sobre populações e territórios mais vulneráveis, bem
como sobre a oferta de matérias-primas e insumos;
• A crescente demanda por maior transparência nos
negócios, de modo a evitar práticas de greenwashing.

A realização de um diagnóstico ESG na corporação,


empreendimento ou atividade, por meio de perguntas pla-
nilhadas em Excel contemplando o ambiental, social e a
governança, poderá facilitar bastante a implantação do ESG
e evitar o as práticas de greenwashing.

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