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Para além da polêmica: Ciência e Criminologia Crítica - Maioridade Penal

Karine Agatha França, Patricia Silva e Marília De Nardin Budó

Maioridade penal
Para além da polêmica:
Ciência e Criminologia
Crítica
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Alex Romeiro Sagaz: estudante da 1º fase de Serviço Social da UFSC

Patricia Silva convidada especial e Doutoranda em Direito pela UFPR debate


sobre sua dissertação de mestrado “como um acordo silencioso”: críticas
criminológicas e as perspectivas das(os) adolescentes internadas(os) no centro de
socioeducação joana miguel richa, curitiba/pr

Nessa palestra, a ministrante principal discute a problemática da diminuição da


maioridade e também sua posição favorável à melhoria da medida socioeducativa de
internação. Instigada pelo estatuto de 1990, encontrou muitas lacunas, como a pauta de
que o Direito não dispõe de uma disciplina sobre o estatuto da criança e do adolescente.
A princípio trata das perspectivas demonstradas pelo perfil das
adolescentes e em relação aos sentimentos delas a sua internação e ainda qual o
mecanismo de funcionamento da internação,trabalhando com esse tipo de realidade
para como a própria disse “trazer um choque de realidade”. A autora ainda revela a
invisibilidade das pessoas trans presentes na unidade, criticando como o Direito como
curso acadêmico está distante da realidade devido a falta de dados e conceituações
sobre as pessoas queer nas unidades penais. E trata ainda sobre etnia, sobre o
afastamento de identificação como pessoa negra para se aproximar do ideal branco
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hegemônico. E por fim reflete também a medicalização excessiva das pessoas como
forma de controle de questionamento dentro da instituição. A classe social não foi
abordada, mas segundo sua interpretação, a maioria da instituição era pobre.

A partir desse perfil, a doutoranda entrou nas perspectivas das medidas de


internação. Duas adolescentes trataram que a medida de internação é um acordo
silencioso, que estavam fingindo cumprir algo, e os agentes fingem que elas irão
melhorar, caracterizando uma atuação para cumprir o que necessita ser cumprido, isso
que deu o título à pesquisa.

Na pesquisa ela desenvolve a fragilidade do sistema que não se compromete com


o que propõem, devido à ausência de pensamento criminológico do controle social de
adolescentes. O sistema funciona apenas como uma forma de violência, como por
exemplo a violação de ter que fazer as necessidades no dormitório, sem banheiro.

Ainda como pauta de sua pesquisa traz a não tendência de normalização dos
corpos e a proposta de pensar além da maioridade penal, pensando sobre como é para
os adolescentes que estão encarcerados, tais adolescentes não praticam crimes e sim
atos infracionais.Segundo a fala de Marília de Nardin Budó, é um mito dizer que os
adolescentes não são responsabilizados por atos infracionais, mas muitas vezes ainda
pior do que o encarceramento de pessoas adultas, podendo até não ter acesso a medidas
educacionais. O estatuto não apresenta lenidade para com os adolescentes

Ainda sobre os mitos, há a crença de que a maioridade penal seria uma exigência
dos novos tempos, mas na verdade seria dar um retrocesso à época em que crianças e
adolescentes eram vistos como mini adultos, tentando fundamentar políticas
extremamente repressivas a partir de pressupostos que não se verificam empiricamente.

As críticas quanto à redução da maioridade penal se baseiam tanto na


permanência quanto na intensificação do hiperencarceramento e da superlotação das
unidades prisionais. Também trazem o ponto da proteção da criança e do adolescente
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quanto ao distanciamento de facções criminosas, muitas vezes presentes nas prisões.


Além disso, o sistema prisional apresenta uma seletividade preconceituosa quanto aos
futuros encarcerados.

Finalizando a discussão, houve ainda uma recomendação de leitura para a maior


compreensão do assunto abordado na palestra. : Punir os jovens? A centralidade do
castigo nos discursos midiáticos e parlamentares sobre o ato infracional

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