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Aula 19

Modelagem de
geradores síncronos
trifásicos
Geradores

Em problemas de fluxo de potência


normalmente são especificadas as tensões
desejadas para a operação do gerador e
calculadas as injeções de potência ativa e
reativa.
Estes valores devem obedecer a limites
máximos e mínimos de geração de potência
ativa/reativa.
Estes limites estão relacionados de tal forma a
definir uma região de operação viável do
gerador.
Os limites de reativo dependem do nível de
geração de potência ativa.
Estes limites são incluídos no cálculo de fluxo
de potência.
Regiões de operação

Gerador síncrono sobreexcitado – fornecendo


potência reativa para a barra (P>0 ; Q>0)
MW

P
Q

Q MVar

Gerador síncrono subexcitado – absorvendo


potência reativa da barra (P>0 ; Q<0)
MW

P
Q

Q MVar
Compensador síncrono

O compensador síncrono pode ser encarado


como um caso particular do gerador síncrono
para o qual não há geração de potência ativa.
Estes dipositivos são utilizados para
gerar/absorver dinamicamente o reativo
necessário da barra à qual está conectado.
A potência reativa pode ser >0 ou <0 (gerando
ou absorvendo).

P=0

Q
Modelagem de gerador síncrono
Iremos a seguir modelar o gerador síncrono
visando o cálculo de fluxo de potência em
redes elétricas.
Como vimos, estamos interessados nos limites
de potência ativa e reativa para as diversas
situações de operação.
Nos estudos de fluxo de potência precisamos
introduzir as restrições de P e Q, ou seja :
Pkmin ≤ Pk ≤ Pkmax

Q min
k ≤ Q k ≤ Q max
k
Os limites de potência ativa e reativa se
relacionam por meio das curvas de capacidade
MW

Q MVar
Nos problemas de fluxo normalmente são
especificadas as tensões desejadas para a
operação do gerador e calculadas as injeções
de potência reativa.
Os valores calculados devem obedecer a
limites definidos pelas curvas de capacidade
do gerador.
Máquinas síncronas

Em sistema de potência utilizamos três tipos


de máquinas síncronas :
•Gerador ; motor ; compensador síncrono
Praticamente toda a potência ativa consumida
no sistema é gerada por geradores síncronos.
Os compensadores síncronos são utilizados na
compensação de potência reativa.
A utilização de motor síncrono é menos
difundida.
Torque
O torque mecânico no eixo da máquina
síncrona surge devido à interação de dois
campos magnéticos girantes :
•Campo magnético produzido pela corrente no
enrolamento de campo que se move a uma
velocidade constante (localizado no rotor)
•Campo magnético girante produzido pelas
correntes trifásicas nos enrolamentos da
armadura (enrolamentos fixos no estator).
A potência no eixo é medida pelo produto da
velocidade angular do rotor pelo torque.
•No caso do gerador o torque mecânico é
produzido pela turbina.
•No caso do motor o eixo da máquina é que
fornece o torque a uma carga mecânica ligada
ao seu eixo.
Máquinas de polos lisos e
salientes
Os geradores síncronos são movidos por
turbinas hidráulicas ou a vapor.
No caso das turbinas hidráulicas a fonte
primária de energia é a energia potencial
armazenada nos reservatórios.
Os geradores síncronos acionados por turbinas
hidráulicas usualmente são de polos salientes
e funcionam em rotações baixas (número
elevado de polos).
No caso das turbinas a vapor a fonte
primária é a energia potencial química que é
transformada em energia térmica do vapor
aquecido e em alta pressão que produz energia
mecânica ao passar pelas aletas da turbina.
Os geradores síncronos acionados por turbinas
a vapor geralmente têm polos lisos e
funcionam em alta rotação (número de polos
baixo).
Reservatórios
As usinas hidráulicas utilizam barragens para
elevar o nível da água e garantir a pressão
necessária para mover as turbinas.
As barragens podem também ter o papel de
formar reservatório de acumulação e podem
ter longos períodos de operação (pluri-anuais)
Existem também as usinas fio-dágua –
capacidade de armazenagem de água é
limitada (ciclos diários de operação)
Usinas fio-dágua:
•Itaipu;
•Complexo do Madeira (Santo Antônio –
Jirau)
Modelo simplificado – polo liso
A seguir é apresentado um modelo
simplificado da máquina síncrona de polos
lisos que pode ser utilizado no cálculo das
expressões das potências ativa (P) e reativa
(Q) geradas/consumidas em termos de tensão
terminal (Vt) e força eletromotriz interna (Ef-
gerada pela corrente de campo).

If Restante do
sistema
P,Q
Vt
Ef

Temos :
P>0 – gerador ; P<0 – motor ; P=0 comp síncr.
Q>0 – sobreexcitado (gerando) ; Q<0 –
subexcitado (absorvendo)
Diagrama fasorial - gerador
sobreexcitado
Gerador sobreexcitado
•fem adiantada em relação à tensão terminal
Vt (máquina funciona como gerador)
•Corrente I atrasada em relação à tensão
terminal (máquina fornece reativo ao sistema)
=> P>0 ; Q>0
Veja que Ef cos δ > Vt

Ef
P
j xsI Ef Vt
δ Q
φ
I Vt

− • •∗ π
S = V t ⋅ I = Vt ⋅ I∠0 − φ , φ < 0; φ <
2

S = P + jQ ( P > 0 − gera P ; Q > 0 − gera Q)
Gerador subexcitado
•fem adiantada em relação à tensão terminal
Vt (máquina funciona como gerador)
•Corrente I adiantada em relação à tensão
terminal (máquina absorve reativo do sistema)
=> P>0 ; Q<0
Veja que Ef cos δ < Vt

I Ef P
j x sI Ef Vt
φ
δ Q
Vt

− • •∗ π
S = V t ⋅ I = Vt ⋅ I∠0 − φ , φ > 0; φ <
2

S = P + jQ ( P > 0 − gera P ; Q < 0 − absorve Q)
Motor sobreexcitado
•fem atrasada em relação à tensão terminal Vt
(máquina funciona como motor)
•Corrente I atrasada em relação à tensão
terminal (máquina fornece reativo ao sistema)
=> P<0 ; Q>0
Veja que Ef cos δ > Vt

δ Vt
j x sI P
φ Ef Ef Vt
Q
I

− • •∗ π
S = V t ⋅ I = Vt ⋅ I∠0 − φ , φ < 0; φ >
2

S = P + jQ ( P < 0 − absorve P ; Q > 0 − gera Q)
Motor subexcitado
•fem atrasada em relação à tensão terminal Vt
(máquina funciona como motor)
•Corrente I adiantada em relação à tensão
terminal (máquina absorve reativo do sistema)
=> P<0 ; Q<0
Veja que Ef cos δ < Vt

φ P
I Vt Ef Vt
δ Q
Ef j xsI

− • •∗ π
S = V t ⋅ I = Vt ⋅ I∠0 − φ , φ > 0; φ >
2

S = P + jQ ( P < 0 − absorve P ; Q < 0 − absorve Q)
Compensadores
Situação intermediária entre motor e gerador,
pois a potência ativa gerada é nula.
Como P=0 não há defasagem entre Vt e Ef
(δ=0)
•Compensador sobreexcitado -> corrente de
campo tal que Ef>Vt, o que implica em
corrente de armadura atrasada em relação a Vt
=> Q > 0 (compensador gera reativo)
•Compensador subexcitado -> corrente de
campo tal que Ef<Vt, o que implica em
corrente de armadura adiantada em relação a
Vt => Q < 0 (compensador absorve reativo)

j xsI
Vt Ef I
I j x sI
Q>0 Ef Vt
Q<0
Potência ativa e reativa

Vamos obter as expressões das potências ativa


e reativa geradas/consumidas por máquina de
pólos lisos e salientes.
Vamos observar também o acoplamento
existente entes as variáveis P-δ e Q-V; e o
desacoplamento entre as variáveis P-V e Q- δ.
Máquina de pólos lisos
Vamos observar também vamos analisar o
diagrama fasorial de uma máquina de pólos
lisos – gerador sobre-excitado.
Ef

j xsI
δ
φ
I Vt

Vt sen δ = Xs I cos (δ + φ )
Ef − Vt cos δ = Xs I sen (δ + φ )

 P   cos δ sen δ   Xs −1 Vt 2 sen δ 


 =   −1
( )
Q   − sen δ cos δ   Xs Ef Vt − Vt cos δ 
2

P = Xs −1 Ef Vt sen δ
Q = Xs −1 Ef Vt cos δ − Xs −1 Vt 2
Máquina de pólos lisos
Máxima transferência de potência ocorre para

δ= π
2

Geradores síncronos operam com ângulos δ


pequenos (δ << 90), os pontos de operação de
interesse práticos encontram-se em torno de
δ = 0.
Nesta região a sensibilidade entre as variáveis
P- δ é máxima, enquanto que a sensibilidade
entre Q- δ é nula.
Diz-se que existe um desacoplamento entre
Q- δ e um acoplamento entre P- δ.
Máquina de pólos salientes
Potência ativa e reativa

Vt sen δ = XqIq = XqI cos (δ + φ )


Ef − Vt cos δ = XdId = Xd I sen (δ + φ )

 P   cos δ sen δ   Xq −1 Vt 2 sen δ 


 =   −1
( 
Q   − sen δ cos δ   Xd Ef Vt − Vt cos δ 
2 )
Ef Vt 1 Xd − Xq 2
P= sen δ + Vt sen 2δ
Xd 2 Xd Xq
Ef Vt  sen 2 δ cos 2 δ 
Q= cos δ − Vt 2  + 
Xd  Xq Xd 
 

Pólos salientes : há um deslocamento do ponto


de potência máxima para a esquerda
=> Ângulo de estabilidade estática <δ 90 < π
max
2
Curvas de capacidade de geração
Os geradores síncronos têm limites de
capacidade de geração de potência ativa e
reativa.
Estes limites se relacionam por meio de curvas
chamadas de curvas de capacidade
(capability).
A seguir serão apresentadas as curvas de
capacidade para o gerador de pólos lisos.

MW

Q MVar
Limite de aquecimento da armadura
A corrente de armadura provoca aquecimento
dos enrolamentos por perdas ôhmicas
(resistência de armadura).
Esta resistência (ra) não é representada por ser
muito menor do que a reatância síncrona (xs) ,
mas é a responsável pela limitação da máxima
potência fornecida.
Para uma tensão terminal constante a situação
de aquecimento máximo corresponde ao caso
de corrente de armadura máxima e portanto,
potência aparente máxima.

Ef = Vt + jXs I ou
Ef . Vt Vt . Vt
= + j I. Vt MW / M var
Xs Xs
Lugar geométrico do limite de
aquecimento da armadura
Diagrama fasorial em termos de potências

|Ef| |Vt| / Xs

|I| |Vt|
δ
φ
I |Vt| |Vt| / Xs

MW

Imax

Q MVar
Limite de aquecimento do
enrolamento de campo
O enrolamento de campo, localizado no rotor
da máquina, pode ser submetido a
aquecimento devido à perdas ôhmicas.
O limite de aquecimento do enrolamento de
campo aparece como um segmento de
circunferência de raio R1, sendo Ef o valor
correspondente à máxima corrente de campo
Ifmax.
Ef . Vt
R1 =
Xs

MW

Imax

P
Ifmax

Q MVar
Limite de potência primária
Existe uma limitação imposta à potência
primária que o gerador pode receber da
turbina.
Este limite pode ser mais ou menos restritivo
que o limite imposto pelo aquecimento da
armadura.
Note que o limite de potência primária afeta
somente a potência ativa.

MW

Imax Pprim-max

P
Ifmax

Q MVar
Limite de estabilidade
Se impõe um limite de estabilidade através de
um ângulo de potência máximo permitido,
δmax.
Este limite pode ser imposto como uma
margem de potência em relação à máxima
potência teórica.

MW

Imax Pprim-max

P
Estabi-
lidade Ifmax

Q MVar
Limite de excitação mínima
A diminuição contínua da excitação If leva a
um ponto de operação com capacidade de
geração nula.
Existe necessidade de se impor um limite
inferior para a corrente de excitação.

MW

Imax Pprim-max

P
Estabi-
lidade Ifmax

Q MVar
Ifmin
Curva de capacidade para máquina
de pólos lisos
Combinando todos os limites discutidos
obtém-se a curva de capacidade de geração
para a máquina de pólos lisos.
Em casos práticos pode ocorrer que alguns
destes limites fiquem inoperantes.

MW

Pprim-max
Iarm-max

Estabi-
lidade Ifmax

MVar
Ifmin

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