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Instrução de Condutor de

Viatura Policial Militar -


CVPM
Relacionamento
Interpessoal
É permitida a reprodução de dados e informações contidos nesta publicação, desde
que citada a fonte.

Reitor do Instituto Superior de Ciências Policiais


Cel. QOPM Alexandre Lima Ferro

Chefe do Gabinete de Gestão da Educação a Distância - GGEAD


Cap. QOPM Márcio Júlio da Silva Mattos

Design e Diagramação
SD QPPMC Weslley Santos de Brito
Civil Rayane Ferreira de Jesus

Revisão do texto
Profª Me. Tatyana Nunes Lemos
Profº Luiz Fernando Queiroz

Informações:
61 3190 6402
FICHA CATALOGRÁFICA

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SD. Grazziano Gonçalves dos Santos

Olá, tudo bem? Sou SD. Grazziano Gonçalves dos Santos, instrutor do Núcleo
de Pilotagem da PMDF. Realizei o IV Curso de Pilotagem Policial, nível operador, em
2015, e o III CIPP, Curso de Instrutor de Pilotagem Policial, em 2018.
UNIDADE I – Relacionamento Interpessoal ..................................................................................................... 13
AULA 1 – Relacionamento Interpessoal ...................................................................................................... 13
1.1 Aspectos do Comportamento e de Segurança na Condução de Veículos de Emergência ..........................13
1.2 Comportamento Solidário no Trânsito ........................................................................................................14
1.3 Responsabilidade do Condutor em Relação aos Demais Atores do Processo de Circulação ......................16
1.4 Respeito às Normas Estabelecidas para Segurança no Trânsito .................................................................17
1.5 Papel dos Agentes de Fiscalização de Trânsito ............................................................................................18
1.6 Atendimento às Diferenças e Especialidades dos Usuários (Pessoas Portadoras de Necessidades
Especiais, Faixas Etárias e outras Condições) ....................................................................................................19
1.7 Cuidados Especiais e Atenção que Devem ser Dispensados aos Passageiros e aos Outros Atores do
Trânsito, na Condução de Veículos de Emergência ...........................................................................................20
UNIDADE I
Relacionamento Interpessoal
UNIDADE I- RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ________

Ementa da disciplina
Comportamento no trânsito. Atendimento à diversidade. Atores do trânsito.

Bem-vindo! Nesta disciplina iremos abordar o Relacionamento Interpessoal,


refletindo sobre as relações interpessoais, a postura mais adequada, as causas que
podem levar ao conflito e possíveis atitudes que o previnem, resultando em uma
relação harmoniosa, um convívio de respeito, tolerância e de cuidado com o outro.

No contexto das relações interpessoais e sociais, o “agir ético” se caracteriza


pela observação dos valores morais que indicam um comportamento correto e
adequado por parte do indivíduo em relação aos outros membros do grupo social a
que pertença.

O agente de Segurança Pública pode modificar o seu comportamento. O


trabalho de capacitação limita-se a criar situações que facilitem a mudança de
comportamento, no sentido de conscientizar e de qualificar profissionalmente, mas
somente haverá sucesso se você estiver disposto à reflexão e mudança de atitude,
em busca do melhor desempenho na missão de conduzir veículo de emergência.
UNIDADE I- RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ________

UNIDADE I – Relacionamento Interpessoal

Objetivos

Ao final da Unidade I o aluno será capaz de:

 Respeitar as normas estabelecidas para a segurança no trânsito;


 Desenvolver o comportamento solidário no trânsito
 Valorizar a responsabilidade do condutor em relação aos demais atores do
processo de circulação

AULA 1 – Relacionamento Interpessoal


Objetivos

Ao final da aula o aluno será capaz de:

 Identificar os diferentes atores e suas responsabilidades no trânsito;


 Reconhecer as diferenças e trata-las de forma adequada;
 Atuar em conformidade com a ética no trânsito

1.1 Aspectos do Comportamento e de Segurança na Condução de Veículos de


Emergência

Todas as relações interpessoais desenvolvem-se a partir da interação entre as


pessoas. No ambiente de trabalho há situações de relação pré-determinadas, em que
necessariamente ocorrerão interações, essenciais à comunicação, à cooperação, ao
respeito, etc. Porém, segundo Moscovici (1995), quando se trata de pessoas, é difícil
prever resultados de forma homogênea.

Assim, à medida que as relações se desenvolvem, inevitavelmente, podem


surgir sentimentos diferentes daqueles previstos. Sentimentos positivos provocarão o
aumento da interação e cooperação entre as pessoas, resultando no aumento da
qualidade desse trabalho. Em compensação, sentimentos negativos, como antipatia
e rejeição, resultarão em distanciamento dos envolvidos e, por consequência
diminuição da qualidade do serviço e provável queda na produtividade. Logo, o seu
comportamento irá definir sua interação com o outro.
UNIDADE I- RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ________

Em suas relações você deverá considerar alguns conceitos como, comportamento


preventivo versus comportamento de risco, emergência, equilíbrio emocional, síndrome de
Burnout (definido por Herbert J. Freudenberger como "[…] um estado de esgotamento físico
e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional)”, segurança e Agressividade.

1.2 Comportamento Solidário no Trânsito

O trânsito reflete de forma negativa o atual estilo de vida do homem. A falta de tempo
e o excesso de compromissos, aliados aos constantes congestionamentos, têm sido a causa
de muitos acidentes de trânsito. O estresse da vida moderna muitas vezes provoca nas
pessoas reações violentas e perigosas no trânsito. Você pode observar esse estresse quando
algum motorista pede passagem para outro e ele não dá, uso constante da buzina,
principalmente quando o semáforo fica verde.

Por isso, você deve estar atento para que problemas externos não influenciem na sua
forma de dirigir. Para tanto, deve entender que um comportamento inadequado de outros
condutores não deve ser respondido da mesma forma.
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Imagine a seguinte situação: uma pessoa irritada é agressiva com você no trânsito.
Se você se sentir ofendido e responder de forma semelhante, terá permitido a invasão e a
perda do seu equilíbrio. Por outro lado, se você não responder à agressão, seu equilíbrio
permanecerá a salvo.

Em geral, vamos ter três saídas para um conflito:

 A procura de solução violenta que gera reações violentas: rompimento,


dispensa, raiva, rejeições, agressões verbais ou físicas, ou guerras.
 A procura de soluções pacíficas e não violentas: através do diálogo direto
com empatia, da negociação, da mediação e da arbitragem.
 A passividade completa: sem nenhuma procura de saída. Este laissez faire
leva à situação de crise permanente ou prolongada, mágoas, ressentimento,
relações interrompidas e congeladas.

Assim, pode-se resumir os possíveis papéis sociais dos indivíduos de uma


comunidade em “vítima” (aquele que foi enganado ou iludido), “algoz” (desumano, cruel) ou
“curador” (aquele que traz a cura).
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Dessas opções, em qual você entende estar o seu papel principal? Lembrando que
todos circulam pelos três papéis, mas você, agente de segurança pública, que precisa vencer
todas as dificuldades relacionais para bem conduzir um veículo de emergência com
efetividade, deve perceber a agressividade, controlando-a e a dissipando. Com isso, você se
afastará dos papéis de “vítima” e “algoz” e estará assumindo o papel de “curador”, afinal de
contas você é um Servidor Público.

IMPORTANTE!

Você deve ser um agente de Segurança Pública que, na tarefa de conduzir um veículo de
emergência, independente da atitude irracional de outros usuários do sistema de trânsito,
o faça da forma mais segura possível, e que sua atitude seja um exemplo de conduta ética
no cuidado com o outro e na valorização e preservação da vida.

1.3 Responsabilidade do Condutor em Relação aos Demais Atores do Processo de


Circulação

O parágrafo do artigo 29 do CTB determina: “Respeitadas as normas de circulação e


conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão
sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e,
juntos pela incolumidade dos pedestres”.

Como podemos ver, os papéis estão claramente definidos no cenário das ruas,
estradas e rodovias. O motorista de um veículo de maior porte deve dar prioridade aos
veículos menores e demais integrantes do trânsito. Afinal, um veículo de grande porte como
um ônibus, por exemplo, ao colidir com um veículo menor, pode provocar estragos de grande
proporção. O que dizer então, se o atingido for um motociclista, ciclista ou um pedestre?

É bom lembrar que as bicicletas e os pedestres merecem atenção especial. Os


ciclistas devem transitar pelas ciclovias ou ciclofaixas ou, na inexistência destas, do lado
direito da via, junto ao meio-fio, no mesmo sentido de fluxo dos veículos, com preferência
sobre eles. Já os pedestres devem atravessar as vias nas faixas ou passarelas, sempre
mantendo preferência sobre os veículos.

Entretanto, mesmo que um ciclista ou um pedestre se comporte de forma imprudente


no trânsito, temos a responsabilidade de protegê-los. Afinal, muitos ciclistas e pedestres não
tiveram qualquer informação sobre legislação de trânsito e suas regras de comportamento.
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IMPORTANTE!

Os veículos de emergência possuem preferência garantida pelo Código de Trânsito, mas


isso não o torna superior aos demais. A conduta do agente de segurança pública tem que
ser equilibrada para não assumir uma falsa condição de poder, principalmente fora das
emergências.

1.4 Respeito às Normas Estabelecidas para Segurança no Trânsito

A implantação do Código de Trânsito Brasileiro, em 1998, é prova de que o Brasil não


é mais o país do futuro, mas o país do presente. Ao falarmos em leis de trânsito, estamos
falando em responsabilidade, mudança de comportamento e educação. Sobretudo, em
cidadania.

O Código de Trânsito Brasileiro em seu Artigo 1º define que: “O trânsito, em condições


seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema
Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as
medidas destinadas a assegurar esse direito”.

É neste sentido que você deve refletir sobre seu papel em relação ao cumprimento
das Leis e normas de trânsito, pois ninguém está acima da lei e você, agente de Segurança
Pública, é alvo da observação constante, devendo ser exemplo de postura ética.

O respeito às leis de trânsito é uma questão de consciência. Não podemos esperar


que o poder público e as autoridades resolvam sozinhos esse problema, já que se trata de
uma questão comportamental.

Ao dirigir estamos sendo constantemente observados, principalmente por nossos


filhos ou pelos passageiros. Se respeitarmos as leis de trânsito, nossos observadores tomarão
esse comportamento como exemplo. Esse é, sem dúvida, o pontapé inicial para que as futuras
gerações possam transformar as nossas ruas e rodovias em lugares mais agradáveis e
seguros.

IMPORTANTE!

Lembre-se, a sua atuação como agente de Segurança Pública condutor de veículo de


emergência faz a diferença na segurança e preservação da vida de muitas pessoas, você
é IMPORTANTE!
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1.5 Papel dos Agentes de Fiscalização de Trânsito

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro em seu Anexo I, o Agente da


Autoridade de Trânsito é pessoa civil ou policial militar, credenciada pela autoridade de
trânsito para o exercício das atividades de fiscalização, operação, policiamento ostensivo de
trânsito ou patrulhamento.

O artigo 24, inciso VI, do mesmo Código, define a função do Agente de Trânsito:
“executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas cabíveis, por infrações de
circulação, estacionamento e parada, previstas neste Código, no exercício regular do Poder
de Polícia de Trânsito”.

A tarefa de fiscalizar, que em alguns casos resulta em notificação e posterior multa, é


o que mais é lembrado pela maioria dos condutores que a significam apenas como uma
punição, criando a imagem do fiscalizador como carrasco. Mas a função da multa é na
verdade preventiva e pedagógica, pois serve para condicionar o usuário ao cumprimento das
normas, garantindo assim a segurança do trânsito e em última instância prevenindo conflitos,
tumultos e acidentes.
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O condutor precisa ver os agentes de trânsito como aliados para a manutenção do


trânsito seguro. Afinal, quem respeita as leis de trânsito e dirige com uma atitude preventiva
e defensiva não precisa temer as fiscalizações.

Aos condutores é garantido amplo direito à defesa, quando se sentirem injustamente


punidos por um agente de trânsito; por isso são desnecessárias as discussões e os atritos no
momento da fiscalização. Lembre-se de que o policial é uma autoridade constituída, devendo
ser respeitado como tal.

1.6 Atendimento às Diferenças e Especialidades dos Usuários (Pessoas Portadoras de


Necessidades Especiais, Faixas Etárias e outras Condições)

Para prestar bom atendimento aos usuários do serviço de transporte é necessário, em


primeiro lugar, ter consciência de que há uma grande diversidade de características físicas e
psicológicas entre eles.

Desse modo, as pessoas que pertencem a uma mesma faixa etária, costumam
apresentar algumas características semelhantes, por exemplo: os adultos são mais
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responsáveis que os jovens e adolescentes, enquanto que os idosos e crianças necessitam


de atenção redobrada.

Assim como as diferentes faixas etárias apresentam comportamentos diversos, outros


tipos de comportamentos são apresentados por usuários que possuem características
específicas, como por exemplo, pessoas com necessidades especiais.

O trabalho do condutor poderá ter melhor resultado, em relação ao seu relacionamento


com os usuários do serviço, se ele tiver conhecimento de alguns aspectos que interferem no
comportamento das pessoas, como a percepção, as necessidades básicas do ser humano e
a comunicação.

1.7 Cuidados Especiais e Atenção que Devem ser Dispensados aos Passageiros e aos
Outros Atores do Trânsito, na Condução de Veículos de Emergência

Lidar com emergências exige, sobretudo, uma ótima capacidade de lidar com
mudanças, pois, nas situações-limite, o desafio é a superação da impotência e o desamparo
que, quase sempre, estão presentes nas vítimas e também nas pessoas envolvidas.

Todo o trabalho com urgências e emergências exige uma grande quantidade de


teorias e habilidades. É um saber entre a “cruz e a espada” com infinitas implicações,
exatamente por ser um assunto localizado no limite entre a vida e a morte. A vulnerabilidade
humana, diante da natureza e das próprias ações humanas, coloca esse tema no centro das
contradições do mundo contemporâneo.

O usuário espera que você conheça as peculiaridades da sua função e que atue de
acordo com o previsto, proporcionando-lhe confiança e segurança. Acredita que você sabe
como funciona toda a rotina de emergência e que está apto a realizá-la da melhor forma. Além
disso, ele tem a expectativa de que você o ouça, lhe preste atenção e entenda que ele está
sob forte estresse, fazendo algo para satisfazer as necessidades dele. Espera também que
você esteja atento e que entenda corretamente o que ele está lhe perguntando, e responda
da forma mais simples e clara possível.

É essencial que o condutor esteja preparado para atender a todos os tipos de usuários,
como crianças, adultos, idosos e pessoas com necessidades especiais, mantendo o cuidado
para respeitar suas limitações e, quando for necessário, solicitar o auxílio de algum
acompanhante que possa dar o suporte na comunicação e na assistência deste indivíduo.

Veja, a seguir, alguns exemplos.


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 Usuário criança – Nesse caso você precisa ter o cuidado de não deixar
transparecer o seu nervosismo, utilizando uma linguagem mais pausada e em
tom mais ameno, evitando assustá-lo. Caso ele esteja acompanhado de um
adulto, dirija-se ao adulto para fazer as orientações de segurança e certifique-
se de que ele (o adulto) esteja em condições de segui-las.
 Usuário adulto – É essencial compreender que ele está tenso e estressado,
visto a situação de emergência.
 Usuário idoso – É necessário manter o cuidado para lhe explicar todo o
procedimento, respeitando-o e ouvindo-o, procurando mantê-lo calmo, sendo
também importante não tratá-lo como criança, afinal ele tem mais experiência
de vida do que você.
 Usuário deficiente – É imprescindível manter o respeito e procurar atender de
forma diferenciada somente à necessidade, evitando infantiliza-los, o que
poderá causar constrangimento desnecessário para ambas as partes.
Também em alguns casos é importante, quando este estiver acompanhados,
solicitar a ajuda do acompanhante, sempre de forma clara e precisa,
mantendo-os informados sobre todos os passos que estão sendo tomados
para a segurança e agilidade dos procedimentos.

FINALIZANDO A UNIDADE

Chegamos ao fim desta disciplina, onde vimos que o trânsito é um espaço onde
ocorrem diversas formas de relações interpessoais e de convívio social. A sua atitude pode
aumentar os riscos e ser um mau exemplo, prejudicando assim a sua imagem e a de sua
Instituição. De outra forma, a sua atitude pode prover a segurança e ser um bom exemplo,
estando de acordo com a regulamentação e com a filosofia institucional de conduta para os
Servidores Públicos.

Lembre-se que seu comportamento positivo irá humanizar o trânsito e que nas
emergências, de onde se originam muitos traumas, sua ação pode minimizar o sofrimento das
vítimas, no momento e após dela.

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