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Sinop/MT
2019
1
Sinop/MT
2019
2
Aprovado em____/____/_____.
___________________________________________
Rafael Alexandre Prado
Professor Orientador
Departamento de PSICOLOGIA – FASIPE
___________________________________________
Franciele Longhi
Professora Avaliadora
Departamento de PSICOLOGIA – FASIPE
___________________________________________
Ana Flávia Silva
Professora Avaliadora
Departamento de PSICOLOGIA – FASIPE
___________________________________________
Cleoni Carmem Regauer
Coordenadora do Curso de PSICOLOGIA
FASIPE - Faculdade de Sinop
Sinop-MT
2019
3
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, que sempre ofereceu o seu apoio singelo durante toda minha jornada
de vida;
Ao professor orientador, que me orientou e com seus conhecimentos contribuiu para
obter êxito neste trabalho;
Aos demais professores do curso de graduação, que me transmitiram seus
conhecimentos e muito contribuíram para minha formação e, em especial, àqueles que, além
dos conhecimentos técnicos, conseguiram enxergar e considerar nossas falhas não como
sendo limitadores, mas como sendo humanas e próprias da aprendizagem; e, também, que
conseguiram aplacar um pouco de nossas angústias e medos;
Aos meus colegas que, durante os anos de formação acadêmica, contribuíram para
que esse percurso fosse possível, especialmente àqueles que mais do que colegas, se tornaram
amigos.
A todos que, direta e indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho e
permitiram o enriquecimento de minha aprendizagem.
5
RESUMO
ABSTRACT
The present work aims to focus on human behavior and relationships established in collective
environments, as well as the influence that behavior and relationships have on traffic
accidents. The transit environment is a collective space composed by numerous individuals
who are constantly interacting, and each individual has needs, wills and desires of their own.
These individual desires sometimes contract with the wishes of other individuals and there is
a problem for the collective space. The individuality placed above the collectivity contrasts
the consideration that in the transit environment there are rules and the other needs to be
considered. The safety of the individual is linked to the behavior of other individuals who
make up the mass called collectivity and the fact that they are equipped with a self-propelled
vehicle takes this relationship to another level. Motor vehicles, because they are robust and
fast, become a potentially dangerous instrument when led by individuals biased in imposing
their wills on others, taking risks that, commonly, they favor traffic accidents. Working
human behavior, therefore, implies considering the social environment and how the individual
relates in this space. Aiming at discussion on these issues, the research was developed through
the consultation of articles, books and journals as theoretical input and, also, through the
application of a questionnaire that quantitatively evaluated the behaviors of young drivers.
Seventy individuals of both sexes aged between 18 and 29 years participated in the study. The
data obtained were collected among university students at Fasipe College who make use of
motor vehicles. The results indicate that male individuals have a greater tendency to adopt
inappropriate behaviors in the context of traffic and to engage in accidents. The most frequent
risk behavior in the sample was driving above speed limits. Regarding the perception of the
vehicle as a symbol of social differentiation most drivers do not believe that the vehicle gives
the individual a status and power in society, although for a significant portion, there is a
perception that traffic organization should prioritize vehicles. small - which points to a
tendency to put themselves as a priority in traffic.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
diferenciador social................................................................................ 53
Tabela 15: Percepção sobre o veículo ser um objeto que funciona como um
diferenciador social................................................................................ 54
Tabela 16: Percepção dos motoristas jovens sobre as ações da Psicologia no
contexto de seleção de pessoas aptas à direção..................................... 54
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LISTA DE SIGLAS
AT Acidente de Trânsito
CBT Código Brasileiro de Trânsito
CFP Conselho Federal de Psicologia
OMS Organização Mundial da Saúde
ONSV Observatório Nacional de Segurança Viária
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......... ........................................................................................................13
1.1 Justificativa .................................................................................................................. 14
1.2 Problematização ........................................................................................................... 14
1.3 Objetivos ....................................................................................................................... 15
1.3.1 Geral ........................................................................................................................... 15
1.3.2 Específicos .................................................................................................................. 15
2. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................................16
2. 1 Psicologia e Trânsito: aspectos históricos ................................................................... 16
2.1.1 Psicologia .................................................................................................................... 16
2.1.2 Trânsito ....................................................................................................................... 17
2.2 O trânsito: organização e interação entre seus componentes ..................................... 18
2.2.1 Subsistemas do trânsito ............................................................................................... 19
2.2.2 A via, o veículo e o homem ......................................................................................... 20
2.3 O aspecto social do trânsito: os meios de transporte como balizadores da
diferenciação entre os indivíduos..........................................................................................20
2.3.1 Os meios de transportes e a preferência pelos veículos automotores de uso privado ..... 21
2.4 As relações estabelecidas no contexto do trânsito: O individual e o coletivo ............ 26
2.5 Comportamentos no trânsito: aspectos individuais e sociais ...................................... 28
2.6 Acidentes de trânsito .................................................................................................... 29
2.6.1 Mortalidade e sequelas ................................................................................................ 30
2.7 O fator humano nos acidentes de trânsito ................................................................... 32
2.7.1 O envolvimento humano nos acidentes: o eu e os outros .............................................. 34
2.7.2 O envolvimento humano nos acidentes: a causa dos acidentes ..................................... 35
2.7.3 O envolvimento humano nos acidentes: variáveis de risco ........................................... 38
2.8 Psicologia do Trânsito .................................................................................................. 39
3. METODOLOGIA .......... ....................................................................................................42
3.1. Tipo de Pesquisa .......................................................................................................... 42
3.2 População e Amostra.................................................................................................... 43
3.3 Coleta de dados ............................................................................................................ 43
3.3.1 Questionário ................................................................................................................ 43
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..................................................................... .... 45
4.1 Discussão....................................................................................................................... 55
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
Praticamente todas as pessoas necessitam locomover-se de um local a outro pelas
necessidades que são apresentadas na vida em sociedade. Os espaços criados para o
deslocamento foram sendo modificados à medida que também foram sendo alteradas as
formas como ser humano ocupava-os e a maneira como transitava por esse ambiente. Esse
espaço compartilhado veio sendo construído e se caracteriza, atualmente, como extremamente
dinâmico.
Por tratar-se de um ambiente coletivo e que se altera de modo contínuo, como o
indivíduo age, como percebe suas atitudes e como se relaciona com outros - que também são
unidades nesse conjunto que é denominado de Trânsito – apresenta-se como um interessante
foco para entender como ações individuais afetam o coletivo.
É esse ambiente e essa relação que o presente trabalho propõe-se a estudar, pois a
imposição da necessidade individual em um ambiente extremamente coletivo como o
Trânsito, tem o potencial de resultar em uma série de danos a terceiros, o que afeta a cadeia
social, impactando diretamente em setores como a saúde pública e a economia.
1.2 Problematização
Os acidentes de trânsito são um problema de saúde pública, estando entre as
principais causas de mortalidade e de incapacidade no mundo. Além dos gastos gerados na
prestação de serviço - representam um custo significativo para a economia do país – os
acidentes podem ter um alcance de impacto muito amplo. Dada a complexidade dos danos
gerados pelos acidentes, o indivíduo acidentado e/ou familiares podem apresentar problemas
financeiros, sociais e psicológicos. Olhar de maneira simplista a ocorrência de acidente no
trânsito e enquadrá-lo como um evento normal no dia-a-dia, termina, por fim, por naturalizá-
lo e pode dar a impressão de que individualmente não se contribui para esse quadro. A forma
como o indivíduo se comporta assume outra dimensão quando inserido em ambiente
extremamente coletivo, como é o ambiente de Trânsito. Tendo em vista os impactos gerados
15
pelos acidentes, o problema central que se procura investigar por meio dessa pesquisa é:
Como os acidentes de trânsito podem ser resultados da sobrevaloração das necessidades
individuais em detrimentos do direito coletivo?
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
Verificar como a valoração das necessidades individuais em oposição ao coletivo relaciona-se
com a ocorrência de acidentes no ambiente do Trânsito.
1.3.2 Específicos
Entender a estruturação do Trânsito;
Compreender os aspectos sociais relacionados à preferência pelos veículos
automotores e as relações estabelecidas entre o indivíduo e o coletivo;
Analisar como o comportamento humano influencia na ocorrência de acidentes de
trânsito;
Identificar como os jovens motoristas percebem suas ações no ambiente do Trânsito;
Verificar como a Psicologia do Trânsito é percebida pelos usuários do Trânsito.
16
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1.2 Trânsito
O Trânsito é um ambiente altamente dinâmico e, atualmente, funciona dentro de um
sistema de normas em razão da complexidade das relações que se estabelecem nos espaços
destinados à circulação e da utilização dos meios de transportes, que foram, com o passar o
tempo, sendo sofisticados e tornando-se cada vez mais rápidos e, consequentemente,
impactaram e alteraram a maneira como o ser humano desloca-se no ambiente
(ROZESTRATEN, 2012).
A origem do fenômeno Trânsito é um paralelo com a história do homem. Desde que
o ser humano existe, igualmente a necessidade de locomoção se fez presente. As primeiras
formas de organizar essa movimentação por meio de normas surgem quando o ser humano
passa a conviver como uma civilização (FRANZ; SEBERINO, 2012). A criação de normas e
leis na análise de Hoffmann, Cruz e Alchiere (2011, p.30) modula a conduta humana e serve
como uma forma de controle da conduta humana. Cria-se normatização para regular
praticamente todas as atividades humanas como uma resposta ao ambiente social que exige
constantes adaptações. Com a necessidade de locomoção não é diferente e, ao passo que o ser
humano passou a organizar-se em grupos maiores e a se fixar em determinados locais, a
regulação dos comportamentos para o compartilhamento dos espaços comuns destinados à
locomoção também se fez necessária (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERE, 2011).
Em um primeiro momento, o transitar de um lugar para outro era realizado por meio
do próprio ato de caminhar; passando, depois, a valer-se de animais como meio de transporte,
não sendo, até então, essa circulação realizada exclusivamente em caminhos pré-determinados
(FRANZ; SEBERINO, 2012).
Com a invenção da roda, ocorreu uma alteração mais expressiva na organização dos
espaços destinados à movimentação, exigindo, a partir daí, a criação de estradas. Utilizada
para fins de locomoção, a roda, em princípio, integrava as carruagens puxadas a cavalo e, com
o passar com tempo, tanto as rodas como os veículos foram modernizando-se. Concomitante à
evolução dos veículos, ocorreu também a evolução das vias por onde a circulação ocorria,
passando de caminhos à criação de estradas (FRANZ; SEBERINO, 2012).
A modificação mais radical na forma usada para locomoção ocorreu com a invenção
do primeiro veículo propulsado por um motor, em 1886 por Karls Benz. A inserção dos
automóveis e o seu uso massivo possibilitou uma intensificação de intercâmbios comerciais e
contribuiu para o progresso da sociedade e, consequentemente, promoveu alterações do
ambiente. O uso do automóvel em larga escala influenciou toda uma mudança “de valores
18
culturais, no conceito de distância, entre espaço e tempo, cidades e países, nas relações
humanas, nos padrões de comportamento social e nos avanços tecnológicos e científicos”
(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERE, 2011, p.13).
A massificação do uso de veículos aumotores trouxe consigo, além dessas mudanças
na relação com o espaço e na economia, uma série de problemas amplos e que se apresentam
como desafios no estabelecimento de uma relação menos danosa com o meio ambiente e para
a integridade física e psicológica dos indivíduos que compartilham o espaço do Trânsito.
Diante de tais problemas, a sociedade, hoje, precisa mais do que nunca, dar a atenção devida e
priorizar a segurança da circulação humana (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERE, 2011).
-Nas vias públicas: pois o que acontece em terreno particular não é trânsito oficial, e
não precisa obedecer ao Código.
- Um sistema: quer dizer um conjunto de elementos que cooperam na realização de
uma função comum. (...) No trânsito a função comum é o deslocamento: chegar ao
destino são e salvo. Para isto, cada elemento tem que obedecer às normas do
sistema.
- Um sistema convencional: em oposição a um sistema natural (sistema solar, célula,
homem) e porque os homens criaram livremente essas normas, que poderiam ser
diferentes; são assim porque se trata de um convênio na sociedade e até entre países.
- A finalidade é: assegurar a integridade de seus participantes. Cada um deve
alcançar sua meta sem sofrer dano (ROZESTRATEN, 2012, p. 04).
A partir do esboço dessas interações, pode-se perceber que a via age como um
estímulo sobre o homem e o homem age sobre o seu veículo para adaptá-lo às condições que a
via oferece. O S (estímulo) representado nas setas indica que a via e o veículo fornecem
estímulo ao homem aos quais ele deve reagir. O R representa reação. Ao se observar as
reações do homem aos estímulos da via, nota-se que o seu alcance não é direto (representado
pela seta tracejada), mas precisamente dirige-se ao veículo (seta de R para R1), indicando que,
indiretamente, através dos comandos, o homem adapta o veículo às condições da via e de todo
o sistema do Trânsito (ROZESTRATEN, 2012).
20
pés para deslocar-te és um excluído, porque, desde meio século atrás, o veículo é símbolo de
seleção social e condição para participação na vida nacional” (p. 52). Assim, em analogia à
importância que o automóvel assume na sociedade atual, não dispor de um carro para se
locomover, representaria, hoje, condição semelhante àqueles que, em outro tempo, eram
excluídos pela sua incapacidade de andar com os próprios pés.
De acordo com Barbosa (2016), o processo de metropolização e a migração do
campo para as cidades, tornou o movimento de pessoas uma exigência social. Essa
metropolização e seu resultante mercado de trabalho associado à precária estruturação e
disponibilização habitacional, apresentou a necessidade e maiores deslocamento,
principalmente, se forem considerados aqueles que residem mais afastados dos centros
urbanos. Outra variável que entra nessa equação e que o autor denomina de perversa, é a
disponibilidade de acessos aos serviços públicos – repartidos pelas cidades de forma desiguais
– fazendo com que, novamente, longos deslocamentos sejam necessários.
Para atender a essa demanda por deslocamento, Vasconcellos (2000) avalia que o
ônibus é meio de transporte importante nas cidades, onde o fluxo de pessoas é grande,
principalmente em países em desenvolvimento. Apesar dessa importância, no Brasil, o ônibus
não é visto pelo setor público como um meio de transporte estratégico. Sinal disso é que os
usuários do transporte coletivo passam muitas horas dentro dos ônibus; a comodidade para os
passageiros é pouco considerada e superlotação é uma realidade constante.
O tempo que os usuários desperdiçam no Trânsito é avaliado por Barbosa (2016)
como um tempo roubado. O comprometimento desse tempo é muito maior quanto maior for a
necessidade e a distância de deslocamento.
Outro ponto que Barbosa (2016) salienta para a escolha dos meios de transporte
utilizados está relacionado à renda, pois esta interfere no padrão de viagem. Famílias de baixa
renda destinam os poucos recursos que possuem para pagar o transporte coletivo. Já as
famílias de classe média, destinam parte de sua renda para os gastos elevados do uso do
automóvel.
A qualidade com que os serviços de transporte público são ofertados associados a
toda problemática do tempo gasto no deslocamento (muito maior se comparado, por exemplo,
23
com deslocamento feito por automóvel, pois deve ser considerado o trajeto da casa até o
ponto, o tempo de espera, as paradas, as trocas de ônibus, etc.) faz com que essa modalidade –
principalmente o ônibus – seja pouco atrativo, sendo apenas tolerado por aqueles que ainda
não possuem recursos para utilizar outros meios de transporte (VASCONCELLOS, 2000).
No Brasil, ao abordar questões sobre os meios de transporte, percebe-se que o
processo de priorizar o privado em detrimento do coletivo deriva de uma construção histórica,
segundo análise de Machado (2011).
A falta de investimento em transportes coletivos, tais como ônibus, metrôs e afins; no
transporte fluvial ou ferroviário, é uma das faces desse perfil de priorizações. A carência de
investimento faz com que a população cativa do transporte público, utilize esse meio de
locomoção, na maioria das vezes, apenas quando não há alternativas mais viáveis - com a de
ter um carro ou moto próprios. Os fatores que desfavorecem o uso do transporte público no
Brasil podem ser descritos como derivantes dessa falta de investimento realizado,
compreendendo desde a ineficiência dos serviços prestados, os custos altos se comparados à
qualidade e à falta de segurança ofertadas (MACHADO, 2011; BERTUCCI, 2011).
Em contrapartida, há um incentivo ao uso de transportes privados como carros,
motos e caminhões. O uso do automóvel foi e é incentivado de várias formas em nossa
sociedade. As medidas diretas desses incentivos podem vistas no apoio à indústria
automobilística1, nas facilidades para aquisições desses automóveis e na infraestrutura viária
adaptada para o uso dos automóveis. Somado à problemática do transporte coletivo, resulta
que a maior parte das pessoas obtenha ou mesmo deseje ter um automóvel para satisfazer suas
necessidades. (BERTUCCI, 2011; VASCONCELLOS, 2013).
Atualmente, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN,
a frota de carros corresponde a mais da metade de todos os veículos em circulação. Esse
quadro se mantém se comparados anos distintos, conforme pode ser observado na Tabela1. O
1
Schapiro (2017) desenvolveu uma pesquisa acerca dos incentivos que o Estado concede ao setor
automotivo, “o setor automotivo brasileiro tem sido um cliente permanente das políticas públicas de incentivo”
(p.440). Para o autor, há uma assimetria entre os benefícios ao setor automotivo e outros setores da economia.
Em um retrospecto, a partir de 1990, o segmento automotivo passou a contar recorrentemente com providências
fiscais e tarifárias, sendo, desde então, um recurso principal na sua dinâmica de competição.
Além de providências que foram adotadas de formas pontuais, a citar, as reduções de IPI sobre
automóveis, que foram implementadas em anos de crise internacionais como as de 1997 e de 2008, também
adotou-se “desde 1990, pelo menos três regimes tributários especiais para o segmento: o regime tributário
decorrente dos acordos da Câmara Setorial, entre 1991 e 1994, o Novo Regime Automotivo, estabelecido entre
1995 e 1999 e, recentemente, o Inovar-Auto, firmado em 2012” (p.440).
SCHAPIRO, MARIO G. O estado pastor e os incentivos tributários no setor automotivo. Rev. Econ. Polit., São
Paulo, v.37, n.2, p.437-455, junho 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0101-31572017000200437&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 01 junho 2019.
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segundo tipo de veículo mais comum no Trânsito brasileiro são as motocicletas. Essa
tendência de crescimento tem um limite, ainda não próxima na maioria das cidades
brasileiras. Segundo Okubaro (2017), os expressivos congestionamentos que ocorrem em
grandes cidades, vêm tornando o custo econômico e pessoal cada vez mais alto e limitando a
circulação feita por automóveis individuais.
Okubaro (2017) avalia que os veículos destinados à locomoção pessoal ou familiar
são um símbolo do tempo atual e o fato de um indivíduo não ter e não dirigir/pilotar um, faz
com que deixe de participar inteiramente das atividades da sociedade, uma vez que limita a
sua possibilidade de locomoção. O ir e vir passa a ser mediado por outro sistema que não o do
sujeito. Sistema esse (a exemplo, o transporte público) que impõe ao sujeito algumas
obrigatoriedades, como a de adaptação aos horários.
Caminhão/
Reboque 4.374.175 4.221.767 4.083.525 3.942.176 3.774.226
4,35% 4,35% 4,35% 4.35% 4.36%
Motoneta 4.339.226 4.147.822 3.990.558 3.833.159 3.599.581
4,31% 4,27% 4,25% 4,23% 4,15%
Ônibus/Micro
ônibus 1.025.897 1.002.769 984.847 590.657 935.626
1.02% 1.03% 1,05% 1.06% 1,08%
quando consegue de forma autônoma deslocar-se no seu tempo – tem o potencial de afetar
negativamente diversas esferas do meio, como a social, econômica e a ambiental. Para
Machado (2011), citando Vasconcellos (1985), em se tratando dos aspectos sociais, os
espaços orientados para automóvel juntamente com a velocidade, tornam o “espaço público
um local de perigo constante” (p. 94), seja para o próprio motorista ou para outros usuários do
Trânsito.
Minayo (2012) aponta que as facilidades para a compra de carros e motos tornaram
esses produtos acessíveis para as classes populares. O aumento do número desses veículos nas
ruas não foi acompanhado por melhor estruturação da via – o que pode ser perceptível, por
exemplo, pela ocorrência de congestionamento – e pelo cuidado que essa intensificação
representa na organização e segurança. Por esses motivos, a autora avalia que a tendência não
é de diminuição da violência e das mortes que ocorrem no trânsito no Brasil, corroborando
assim, com autores como Neto et al (2012).
O incentivo à aquisição e o culto aos carros e motos tornam os motoristas ( nesse
aspecto, pode-se pensar em um forte reforçamento social) partidários de uma hierarquia de
prioridades no Trânsito, sendo que, nessa escala, os condutores de veículos passam não
somente a ser (considerando que o espaço é organizado majoritariamente para os automóveis)
como também a sentir que possuem mais direitos que outros usuários que compartilham o
espaço do Trânsito As consequências desse entendimento podem ser diversificadas, mas o que
mais diretamente compromete a segurança desse ambiente é a ocorrência dos acidentes
(MACHADO, 2011).
Para Guedes et al (2018), o meio social está permeado de campos de poder em
função do capital e isso pode ser percebido nas desigualdades entre os indivíduos. Dentro
desse campo de poder, há outra forma de poder que, muitas vezes, pode não ser percebido,
mas “fundamenta e movimenta uma série de outros poderes e atos” (p.3) – o poder simbólico.
Essa forma de poder é mantida através de sistemas simbólicos e dos símbolos.
O trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma disputa pelo tempo e
pelo acesso aos equipamentos urbanos – é uma negociação permanente do espaço,
coletiva e conflituosa. E essa negociação, dada as características de nossa sociedade,
não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e
política; depende de como as pessoas se veem na sociedade e de seu acesso real ao
poder.
Picchioni et al (2013) destacam que essa relação conflituosa é expressa pela oposição
entre o eu e os outros, ocasião em que o indivíduo reivindica, para si, direitos sem considerar
que os demais também os possuem em igual valor e extensão.
Para Rozenstraten (1986), no Trânsito, os interesses dos que circulam por esse
espaço não são iguais e isso, por si só, já pode gerar conflito. O pedestre tem uma necessidade
diferente da necessidade do motorista. Para o autor, um interesse comum é relativo à
segurança, todos querem chegar ao seu destino ilesos, porém essa situação que, em um
primeiro momento pode parecer simples, é mais complexa. Enquanto para o motorista, o
28
importante é a maior fluidez do tráfego; para o pedestre, é justamente o contrário, pois deseja
que o tráfego seja menos intenso para que possa atravessar a rua com mais facilidade.
Ainda segundo Rozenstraten (1986), essas necessidades ocorrem em função do papel
que o indivíduo ocupa enquanto transita e não necessariamente uma característica do
indivíduo. O motorista pode sentir, por exemplo, que o pedestre é um empecilho no seu
caminho, porém quando esse mesmo motorista passa a ocupar o papel de pedestre, vê o carro
como um obstáculo em seu caminho. Observa-se, nessa postura, certa ambivalência e, para o
autor, isso remete:
um certo egoísmo no sentido de querer sempre em todas as situações a garantia de
todos os direitos e o mínimo possível de deveres a serem cumpridos.(...) A maioria
imagina que pode fazer na hora as regras conforme as suas conveniências porque ele
é mais importante do que as regras (ROZENSTRATEN ,1986, p.22).
diretamente ou através dos serviços de Medicina Legal” (p. 74). Desavença, nesse contexto, é
caraterizada como “qualquer acontecimento inesperado que interrompe a atividade normal”
(p.74). Essa definição de acidente, portanto, serve à classificação para enquadramentos
estatísticos. Assim, o raspão no para-choque de um carro estacionado à frente ao se tentar
manobrar o veículo para tirar da vaga, serve à ideia de acidente, porém não atende aos
requisitos de acidentes estatísticos, se não houver um registro público dessa ocorrência.
2
A convite da Assembleia das Nações Unidas, a OMS monitora o progresso, por meio da sua série de Informes,
a situação mundial da segurança no trânsito (OMS, 2015). A cada dois ou três anos, a OMS divulga o Relatório
Global sobre o Estado de Segurança Viária. Esse relatório funciona como a principal ferramenta de
monitoramento para a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, compreendido o período entre 2011-2020. O
penúltimo relatório divulgado pela instituição foi em 2015.
31
3
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) segundo o Compêndio de Psiquiatria (...) é marcado por um
aumento do estresse e da ansiedade após a ocorrência de algum evento traumático ou estressante. O indivíduo
revive o evento traumático, seja em sonho e/ou nos pensamentos diários. “são persistentes em evitar qualquer
coisa que o traga à mente e experimentam um entorpecimento da responsividade junto com um estado de
hipervigilância” (p. 431) Outros sintomas do TEPT são a depressão, a ansiedade, dificuldades cognitivas
principalmente de concentração. (SADOCK, Benjamim, J. SADOCK,, Virginia, A. RUIZ, Pedro. Compêndio de
psiquiatria : ciência do comportamento epsiquiatria clínica [recurso eletrônico]. tradução: Marcelo de Abreu
Almeida ... [et al.]. 11. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2017.
33
p.133). As pessoas tendem a reagir ao risco que elas percebem e se essas percepções foram
erradas, os esforços realizados para se evitar os AT serão malsucedidos (PICCHIONI,
HARTMANN, SOARES, 2008).
4
Racionalização é um mecanismo de defesa utilizado pelo ego, segundo definição psicanalítica, para manter o
respeito próprio e evita o sentimento de culpa. Constitui um mecanismo que visa a um propósito útil até o ponto
que conduz à auto proteção e ao conforto psíquico. O sujeito cria justificativa falsa para não reconhecer a
justificativa verdadeira. (SILVA, 2010, p.3)
35
onde as relações são estabelecidas em um espaço compartilhado, impondo que se realize uma
análise de como será a repercussão de quais sejam os comportamentos sobre os outros. O
sentido coletivo nasce quando o outro é reconhecido e considerado (PICHIONI et al, 2013).
Os conflitos no Trânsito, na perspectiva de Pichioni et al (2013), talvez possam ser
compreendidos a partir da orientação individualista ou para o coletivo. Essas duas forças
contrárias que convivem dentro de cada indivíduo, permitem, ao mesmo tempo, o seu
desenvolvimento, uma vez que é a partir do outro que cada indivíduo pode criar sua
individualidade, como também o embate tem o potencial de gerar danos “seja quando o
indivíduo não consegue identificar aquilo que é próprio do eu e aquilo que é próprio dos
outros; seja quando ele toma decisões a partir de referenciais egoístas, ao agir no espaço
público, gerando consequências danosas para si e para o outro” (p.816).
Causas Manifestações
Não acidente Tentativa de suicídio ou colisão intencional
Supercompensação
Outros
5
Substâncias psicotrópicas: agem no Sistema Nervoso Central produzindo alterações de comportamento, humor
e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora, sendo passíveis de autoadministração. (CARLINI;
NAPPI; NOTO, 2001, p.9) Disponível em: http://www.gruponitro.com.br/atendimento-a-profissionais/%23/pdfs/
artigos/multidisciplinares/efeito_das_drogas_psicotropicas_no_snc.pdf
37
Segundo Cançado (2016), há várias situações que podem fazer com que o motorista
divida a atenção, desde uma conversa com outra pessoa que está no carro, alimentar-se,
maquiar-se, fumar, observar vitrines, entre outros; mas “de todas as distrações, a de usar o
celular enquanto se dirige é a que mais causa desvio de atenção do motorista” (p. 10).
O uso do celular enquanto se dirige é, além de perigoso, ilegal conforme o Artigo 252
do Código de Trânsito Brasileiro.
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de
braço, mudar a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo;
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados à aparelhagem sonora ou de
telefone celular.
SANTOS et al, 2016; ASCATI, et al, 2013; CAIXETA, et al. 2010) e que apresentam
maiores risco de se envolverem e acidentes de Trânsito (MARÍN-LEON, 2003). Fatores
como a maior exposição no Trânsito (MARÍN-LEON, 2003), atreladas a uma influência
social e da cultura de que os homens assumem maiores riscos quando conduzem seus
veículos, provavelmente são os fatores que contribuem para essa predominância dos
envolvimentos de indivíduos do sexo masculino em acidentes (ASCATI, et al, 2013).
Para Panichi e Wagner (2006) citando Harré (2000); Gullone & Moore, (2000),
motoristas jovens de sexo masculino têm uma tendência a não ter, em grande conta, os riscos,
conduzindo, por isso, de modo mais perigoso quando comparados a motoristas do sexo
feminino. Os acidentes entre os indivíduos do sexo masculino, segundo Panichi e Wagner
(2006), citando um estudo de Simon e Corbett (1996), estão relacionados, com maior
frequência, à não observância de alguma norma de circulação.
Segundo Marín-leon (2003), as opiniões e julgamentos também podem ser um
importante fator preditor para a ocorrência de AT. Entre os motoristas que já tiveram
ocorrência de acidentes, alguns pensamentos e opiniões diferenciam-se consideravelmente
daqueles que não tiveram envolvimento em acidentes. Para os que já tiveram acidentes, ainda
segundo a autora, há uma tendência a serem contrários às leis e, assim, apresentarem uma
frequência alta de comportamentos de transgressão, bem como certa tendência a serem mais
agressivos enquanto dirigem.
6
O reconhecimento da Psicologia como profissão ocorreu em 27 de agosto de 1962.
40
necessários para que o indivíduo tivesse a concessão para dirigir um veículo. Dentre os
exames exigidos à época constavam: o médico ou fisiológico e o psicológico. A intensão
dessa verificação psicológica era a de selecionar os indivíduos aptos e recursar os que não
tinham condições mínimas. O objetivo era preventivo, não permitindo que pessoas
consideradas predispostas a acidentes pudesse ter acesso a veículos (SILVA, 2012).
Segundo Hoffmann, Cruz e Alchiere (2011), quando da inserção do psicólogo nesse
contexto, num primeiro momento, o foco estava fortemente atrelado aos exames de aptidões
e, aos poucos, foram expandindo-se também para o interesse sobre os múltiplos fatores da
personalidade. Atualmente, incrementa-se a esses focos uma visão humanizada da circulação
com interesses em discussões sobre políticas públicas de saúde, educação e segurança
(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERE, 2011).
A participação da Psicologia no processo de habilitação continua ocupando o lugar
de ênfase na participação dessa ciência no contexto do trânsito. Esse lugar, porém, foi e ainda
é muito contestado por muitos que acreditam que os exames psicológicos não devam ser
incluídos e obrigatórios para a obtenção da CNH. Ao longo da história da psicologia no
trânsito, ocorreram movimentos que tentaram excluir os exames psicológicos (como por
exemplo, o veto presidencial em 1998 quando a obrigatoriedade dos exames, que por fim,
acabou sendo suplantado) sobre alegação de que tais exames não eram praticados na maioria
dos países e ocorriam apenas nos casos de infratores contumazes (SILVA, 2012).
Atribuir a responsabilidade pela redução de acidentes na visão de Silva (2012)
somente aos exames psicológicos é injusto, visto que existem poucas evidências de que tais
exames predizem o comportamento infrator e os acidentes. Para o autor, citando Rozestraten
(2001) a causa dos acidentes são multifatoriais, indo muito além do indivíduo. Sendo vários
fatores envolvidos na ocorrência dos acidentes estes devem ser considerados e analisados para
o melhor entendimento.
A Psicologia do Trânsito é uma das psicologias aplicadas mais abrangentes e
extensas, pois as pessoas em sociedade participam do Trânsito. Assim, essa área de atuação da
Psicologia considera, em sua intervenção, um número elevado de pessoas que estão
participando e compartilhando o ambiente do Trânsito, onde cada sujeito manifesta uma
forma de comportar-se a depender de fatores, como o instrumento que está utilizando como
meio de locomoção, a capacidade e habilidade em utilizar um transporte automotor e as
características de personalidade. Desta forma, para a Psicologia do Trânsito, todos os sujeitos
e seus comportamentos podem ser estudados sobre vários aspectos (ROZESTRATEN, 2012).
41
3. METODOLOGIA
3.3.1 Questionário
O questionário utilizado nessa pesquisa foi elaborado com base nas informações que
se deseja saber do público alvo, respaldado pela literatura sobre Trânsito e Comportamento
humano. As perguntas foram estruturadas de forma mista, com alternativas fechadas e com
sentenças nas quais o indivíduo deveria assinalar a resposta que mais retratava a sua opinião,
44
dirigir sob efeito de drogas, o excesso de velocidade e realização de operações que desviam a
atenção no Trânsito, como o de manusear o celular (Tabelas 4, 5 e 6).
Cabe aqui um parêntese: as drogas a que se propôs verificar são as de denominação
do senso comum, uma vez que a definição de droga – em um sentido mais amplo – engloba
também os medicamentos.
Dirigir sob efeito de algum tipo de droga (Tabela 4) foi reconhecido por 27% dos
motoristas. Em geral, foi admitido como sendo uma prática mais comum entre os homens.
Entre eles, 32% dirigem quando fazem uso de álcool/drogas com uma frequência maior que a
especificada como “nunca ou raramente”; e, entre elas, registrou-se 24%.
Tabela 4: Frequência com que jovens motoristas dirigem sob efeito de álcool ou outras drogas
Segmento Frequência (%)
N/R PF RF MF S/QS
MCA 35 65 0 0 0
HCA 72 17 0 11 0
Média 57 36 0 6 0
MSA 96 4 0 0 0
HSA 65 18 18 0 0
Média 87 7 6 0 0
Média geral 73 21 3 3 0
Fonte: Própria (2019).
pontuaram que nunca ou raramente usam o celular enquanto dirigem, entre os que sofreram
acidente, representam 31% e os não sofreram acidentes, 42%.
Tabela 5: Frequência com que jovens motoristas costumam atender/fazer ligações e ler/enviar mensagens no
celular enquanto dirigem
Segmento Frequência (%)
N/R PF RF MF S/QS
MCA 43 29 7 14 7
HCA 22 28 17 11 22
Média 31 27 13 13 16
MSA 49 33 14 4 0
HSA 27 27 27 9 9
Média 42 31 18 5 3
Média geral 37 30 16 9 9
Fonte: Própria (2019).
Tabela 6: Frequência com que jovens motoristas costumam andar com seus veículos acima dos limites de
velocidade permitida
Segmento Frequência (%)
N/R PF RF MF S/QS
MCA 15 21 21 21 21
HCA 6 11 22 33 28
Média 9 15 21 28 25
MSA 25 49 11 7 7
HSA 9 9 27 36 18
Média 22 37 16 16 10
Média geral 16 27 19 21 17
Fonte: Própria (2019).
Entre os que sofrem acidentes de Trânsito, os 50% que informaram terem sofrido
acidente e 16% dos que não sofreram, possuem uma inclinação desfavorável a
comportamentos, estando, assim, mais sujeitos a sofrerem ou de provocarem acidentes de
Trânsito em razão dos comportamentos de risco adotados.
Analisando por categoria, os homens possuem maior tendência ao conjunto de
comportamentos desfavoráveis se comparados às mulheres. Entre as mulheres, há uma a
diferença nítida em relação a atitudes desfavoráveis entre as que sofreram acidentes (43%) e
as que não sofreram acidentes (7%).
Nota-se que, entre os homens, a diferença é menos acentuada que entre as mulheres.
Entre os que sofreram acidentes perfazem 56% e os que não sofreram acidentes 36%.
comportamento de risco mais frequente, sendo que 96% afirmaram dirigir acima dos limites
de velocidade permitida. O segundo comportamento mais frequente manifestado é o consumo
de álcool ou outras drogas com 64%, seguido de manuseio de celular com 57%.
Entre os homens que sofreram acidentes, dirigir acima dos limites de velocidade é
frequente para 94% deles, manusear o celular para 78%, e consumo de álcool ou outras drogas
para 28%.
Dentre todos os perfis de motorista, observou-se, em relação aos comportamentos
descritos na Tabela1, que apenas 4% dos motoristas não adotam nenhum dos três
comportamentos enquanto dirigem.
Não foi observada relação entre a ocorrência de acidentes e a falta de experiência do
motorista para dirigir. Entre os que sofreram acidentes, a média é de 6,54 anos para mulheres
e de 7,93 anos para os homens.
Tabela 9: Percepção dos motoristas sobre a frequência com que adotam comportamentos inadequados para sua
segurança e para segurança de terceiros
Segmento Frequência (%)
N/R PF RF MF S/QS
MCA 64 29 7 0 0
HCA 50 17 17 6 11
Média 56 22 12 3 6
MSA 71 22 4 0 4
HSA 73 9 18 0 0
Média 71 18 8 0 2
Média geral 64 20 10 1 4
Fonte: Própria (2019).
Tabela 10: Adoção de comportamentos de risco x não percepção como comportamentos inadequados
Segmento Comportamentos
Uso de álcool/drogas Manuseio de Exceder limites de
celular velocidade
MCA 56% 44% 67%
HCA 25% 58% 66%
Média 44% 61% 74%
MSA 5% 47% 63%
HSA 25% 62% 87%
Média 11% 52% 70%
Média geral 26% 56% 73%
Fonte Própria (2019).
Tabela 11: Tendência a acreditar que motoristas que respeitam as normas de trânsito atrapalham o
tráfego
Segmentação Posição (%)
Concordo Indiferente Discordo
MCA 7 43 50
HCA 17 11 72
Média 9 25 63
MSA 11 11 78
HSA 18 9 73
Média 13 11 76
Média geral 13 17 70
Fonte: Própria (2019).
acaba por prejudicar a circulação dos demais veículos; nesse sentido, tornando-se mais
propensos a infringir essas normas, visto o entendimento apresentado (Tabela 11).
Entre o grupo das mulheres, em geral, que responderam concordar que a obediência
às normas de Trânsito atrapalha o tráfego, ao responderem à questão 15 (APÊNDICE A),
100% concordam que “um ambiente de trânsito seguro depende de seu comportamento”, ao
passo que, entre os homens, 40% concordam com a afirmativa.
Em um parâmetro geral, quanto ao comportamento estar diretamente relacionado à
segurança no Trânsito (questão 15, APÊNDICE A), entre os que sofreram acidentes, essa
relação é reconhecida por 84% e entre os que não sofreram acidentes de Trânsito, 87%.
Apenas 3% da amostra informaram não concordar com essa relação. Os demais (11%) não
concordam ou discordam com a questão.
Outro ponto verificado refere-se ao modo como os motoristas percebem-se enquanto
um componente do subsistema Trânsito mais susceptível a impactar e alterar esse ambiente
através de erros de reconhecimento e de decisão (questão 9, APÊNDICE A). Observou-se
que 51% das mulheres e 48% dos homens pensam que “dificilmente cometem erros no
trânsito”. Analisando essa questão relacionando à ocorrência de acidentes, entre os que
sofreram acidentes, 41% consideram que “dificilmente cometem erros no trânsito”; já entre os
que não relatam acidentes, são 58%. Analisando do ponto de vista dos comportamentos do
tópico 1, observou-se que 90% informaram que transitam acima dos limites de velocidade
permitida, 77% utilizam o celular enquanto dirigem e 20% utilizam bebidas/drogas e
assumem a direção de veículos.
acidentes, 9% e, entre os que não sofreram, 13¨%. Os demais (83%) não concordam que os
pedestres poderiam esperar.
Tabela 13: Frequência com que os motoristas realizam ultrapassagem desconsiderando o limite de velocidade
Segmento Frequência (%)
N/R PF RF MF S/QS
MCA 29 29 15 21 7
HCA 17 6 28 17 33
Média 22 16 22 19 22
MSA 33 37 18 4 7
HSA 9 9 27 18 36
Média 26 29 21 8 16
Média geral 24 23 21 13 19
Fonte: Própria (2019).
Tabela 14: Percepção sobre o veículo ser um objeto que funciona como diferenciador social
Segmentação Posição (%)
Concordo Indiferente Discordo
MCA 15 0 85
HCA 17 28 56
Média 16 16 69
MSA 0 14 86
HSA 18 18 64
Média 5 16 79
Média geral 10 16 74
Fonte: Própria (2019).
acidentes, 15% percebem os veículos como símbolo de poder e status na sociedade; já entre as
que não sofreram acidentes, essa representação é de 0%.
Observou-se que, para essa parcela de mulheres que percebiam o veículo com o um
diferenciador social, ao responderem à questão 10 (APÊNDICE A), que 50% consideraram
que os veículos pequenos deveriam ser priorizados em relação aos demais meios de
transportes na organização do Trânsito. Os outros 50% mostraram-se indiferentes à questão.
Priorizar os veículos automotores de pequeno porte em relação à organização do
Trânsito é, na percepção da maioria dos motoristas (67%), um pensamento pertinente.
Tabela 15: Percepção dos motoristas sobre a organização do trânsito ser pensada priorizando os veículos de
pequeno porte
Segmentação Posição (%)
Concordo Indiferente Discordo
MCA 50 21 29
HCA 78 6 17
Média 66 12 22
MSA 71 14 14
HSA 65 9 27
Média 68 13 18
Média Geral 67 12 20
Fonte: Própria (2019).
Tabela 16: Percepção dos motoristas jovens sobre as ações da Psicologia no contexto de seleção de pessoas
aptas à direção
Segmentação Posição (%)
Concordo Indiferente Discordo
MCA 71 29 0
HCA 83 6 11
Média 78 16 6
MSA 93 7 0
HSA 100 0 0
Média 95 5 0
Fonte: Própria (2019).
55
4.1 Discussão
Para elaboração desse trabalho, a fundamentação teórica realizou-se com base em
estudos sobre o comportamento humano no contexto do Trânsito e do fator humano como
principal viés para a condição de segurança no ambiente de trânsito.
Em relação à metodologia utilizada, houve importante dificuldade em relação à
aplicação do questionário. Devido ao questionário ter sido entregue diretamente para os
participantes para que estes respondessem sem uma supervisão dirigida no momento de
responder, em alguns casos, ocorreu de o candidato a participante da amostra não estar
enquadrado no perfil da pesquisa (quanto à idade e quanto à condição de ser motorista),
apesar de essa informação ter sido mencionada quando foi solicitada a participação dos alunos
na pesquisa. Outra dificuldade encontrada foi a falta de preenchimento de informação
56
solicitadas. Alguns questionários foram preenchidos pela metade, inviabilizando, assim, a sua
utilização para os fins da pesquisa. Apesar de conter 18 questões fechadas e três abertas para
preenchimento com números (como idade, tempo que dirige e o tempo de CNH), alguns
participantes manifestaram que o questionário apresentava muitas perguntas.
Sobre o instrumento utilizado para coleta de informações, foi elaborado um
questionário com perguntas que foram consideradas relevantes devido à dificuldade em
encontrar materiais já disponíveis que avaliassem o comportamento atrelado ao modo como o
indivíduo se percebe na condição de motorista em relação aos demais usuários do Trânsito.
Após a aplicação do questionário e a tabulação dos dados, observou-se que a opção de poucas
perguntas para cada um dos tópicos que se desejava observar, prejudicou a avaliação para
estabelecer uma tendência com confiabilidade maior e que englobasse mais aspectos sobre
essas tendências.
De maneira geral, esses problemas não impediram que os objetivos visados fossem
atingidos.
Sobre os resultados encontrados, a primeira observação a ser feita é sobre a
importância do gênero na tendência de assumir comportamentos de riscos. Corroborando com
Marín-leon (2003), foi observado que os homens adotam comportamentos de risco mais
frequentemente que as mulheres.
comportamento que parte da amostra pontuou e a percepção de que tais comportamentos não
colocariam a própria segurança e a de terceiros em risco.
Entre os que informaram não adotar comportamentos inadequados que colocam a
própria segurança e a de terceiros em risco, 70% assumem que dirigem acima do limite de
velocidade permitido, 56% usam o celular enquanto dirigem e 26% dirigem quando fazem
uso de álcool/drogas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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gravidade dos acidentes de trânsito. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 47, n. 4, 2013.
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63
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66
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STREY, Marlene Neves., et al. Psicologia Social Contemporânea. 10 ed. Rio de Janeiro:
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TELES, Maria Luiza S. O que é psicologia. 1 ed. São Paulo: Brasiliense, 2017. Disponível
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Acesso em: 10 maio 2018. E-book.
APÊNDICE A
Questionário
Gênero: ( ) F ( ) M
Idade: _____________________________________________________________________
A quanto tempo dirige ________________________________________________________
Tempo de CNH _____________________________________________________________
Circule o número para cada um dos itens de acordo com as alternativas que melhor representem
sua resposta.
(1) Nunca ou raramente (em cada 10 situação desse tipo, reajo dessa forma no máximo 2 vezes)
(2) Com pouca frequência (em cada 10 situação desse tipo, reajo dessa forma 3 a 4 vezes)
(3) Com regular frequência (em cada 10 situação desse tipo, reajo dessa forma 5 a 6 vezes)
(4) Muito frequentemente (em cada 10 situação desse tipo, reajo dessa forma7 a 8 vezes)
(5) Sempre ou quase sempre (em cada 10 situação desse tipo, reajo dessa forma 9 a 10 vezes)
3 - Costumo dirigir/pilotar sob efeito de álcool ou outras 1 2 3 4 5
drogas.
4 - Costumo atender ligações e ler mensagem no celular 1 2 3 4 5
enquanto dirijo/piloto.
5 - Costumo andar acima dos limites de velocidade. 1 2 3 4 5
6 - Em uma situação em que outro motorista está transitando 1 2 3 4 5
no limite de velocidade permitido, faço ultrapassagens para
não “perder tempo”.
7 – Adoto comportamentos inadequados para a segurança 1 2 3 4 5
minha e de outras pessoas.
68
Circule o número para cada um dos itens de acordo com as alternativas que melhor
representem sua resposta.
Atenção: Há sentenças positivas e negativas.
(1) Concordo
(2) Nem concordo, nem discordo
(3) Discordo
APÊNDICE B
Convite: Você está sendo convidado (a) para participar do projeto de pesquisa intitulado
Comportamento dos motoristas: a valoração das necessidades individuais sobre as coletivas e
a correlação com os acidentes de Trânsito. Tal projeto está sob responsabilidade da acadêmica
Roseli Maria Caminski e do orientador Rafael Alexandre Prado. A pesquisa será feita através
de um questionário elaborado pela própria acadêmica, inspirado em livros e artigos
específicos sobre o trânsito e o comportamento humano.
Atenção: Leia cuidadosamente os dispostos seguintes e, em caso de dúvidas, peça
esclarecimentos adicionais. Após estar ciente do conteúdo aqui apresentado, caso aceite fazer
parte do estudo, assinale ao final deste documento.
Eu, _______________________________________________________________________,
RG n° ______________________________ declaro estar de acordo em participar como
voluntário (a) do projeto de pesquisa acima descrito.
_____________________________________
Assinatura do (a) voluntário (a)
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