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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n7-063
RESUMO
O presente artigo é parte integrante da minha Dissertação de Mestrado. O objetivo deste
artigo é contextualizar a educação para o trânsito no Brasil. Trata-se de uma sintetização
de teórica acerca deste tema onde pretende-se chamar a atenção para o número de mortes
no trânsito. Os resultados apontam que é dever do Estado propor medidas preventivas que
ajudem a minimizar os índices de acidente de trânsito, utilizando os recursos necessários
para elaborar projetos e campanhas educativas em parcerias com órgãos e entidades da
federação de forma continuada.
ABSTRACT
The present article is part of my Master's Dissertation. The objective of this article is to
contextualize traffic education in Brazil. It is a synthesis of the theory about this theme
where we intend to call attention to the number of traffic deaths. The results point out that
it is the State's duty to propose preventive measures that help to minimize the rates of
traffic accidents, using the necessary resources to develop projects and educational
campaigns in partnership with agencies and entities of the federation on a continuous
basis.
1 INTRODUÇÃO
Em nove estados brasileiros, o número de mortes no trânsito no ano de 2018 foi
maior que os crimes de homicídios e latrocínio no mesmo período. Os dados foram
divulgados pela Seguradora líder, vinculada ao DPVAT. O estado de São Paulo está no
topo da estatística com 5.462 mortes violentas no trânsito, contra 3.464 óbitos definidos
como crimes violentos. Em seguida estão: Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato
Grosso, Piauí, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia.
Parker et al. (1995, p. apud MARÍN-LEÓN e VIZZOTO, 2003) afirma “que a
tendência para acidentes pode ser prognosticada a partir das infrações referidas pelo
próprio motorista”. Essa cultura de desrespeito às leis de trânsito potencializa o risco de
se envolver num acidente em via pública. Mesmo as infrações de menor potencial
ofensivo, carregam em si, o combustível necessário para que tantas outras possam ser
cometidas, talvez, alimentadas pela impunidade, como também, por uma formação
educacional que não foi capaz de construir um comportamento seguro e cidadão no
trânsito.
Dados divulgados pelo Detran-RN informam que a infração mais frequente, sob
sua jurisdição, no ano de 2017, foi dirigir sem possuir CNH/PPD/ACC ou permissão para
dirigir, com 5.254 autuações. Isso demonstra existir um universo de condutores não-
habilitados, de posse de veículo automotor e em via pública, o que pode agravar as
estatísticas de acidentes de trânsito, uma vez que o condutor que não se submeteu ou não
foi aprovado no processo de aquisição da Carteira Nacional de Habilitação - CNH não
está apto para dirigir (PORTAL DO GOVERNO DO RN, 2019).
Em 2017, o Detran-RN realizou 49.369 exames teóricos para aquisição da CNH.
Foram registrados 21.706 inaptos, totalizando 44% do total. Esse número é 7,8% menor
que no ano de 2016, quando foram registrados 58,8% de reprovações no exame teórico.
Por mais que o número de inaptos tenha diminuído no ano de 2017, a quantidade de
inaptos chama atenção. Talvez esses jovens estejam realizando os exames sem o preparo
necessário para tal fim, o que recai a atenção para as autoescolas ou para metodologia
empregada pela examinadora. Por outro lado, pode-se inferir que muitos desses
candidatos dirigem veículos automotores mesmo sem a autorização estabelecida por lei.
Marciel (2008, p. 35) afirma que:
A relação conflituosa dos usuários em via pública sugere que é necessário se fazer
uma análise profunda dos motivos que levam as pessoas a terem um comportamento que
ensino, mesmo que seja de forma transversal. Segundo Hoffmann, Cruz e Alchier (2003),
“os estudos no campo da Educação para o Trânsito confirmam a necessidade de incluir
este tema dentro do currículo integral, envolvendo os conhecimentos da vida social por
parte do aluno, a criação e práticas e hábitos, atitudes e comportamentos coerentes”. Essa
iniciativa atinge diretamente um grupo de risco, as estatísticas de acidentes de trânsito
envolvendo crianças aumentam todo ano. Dados do Observatório Nacional de Segurança
Viária mostram que em 2016 foram 1.292 mortes de jovens entre 0 a 14 anos no trânsito.
O que significa dizer que, por dia, morrem 3,5 crianças no país. Um número alarmante
que exige o envolvimento de todos os setores da sociedade, trabalhando de forma
integrada e regular.
A Lei nº 9.503, de setembro de 1997, denominada de Código de Trânsito
Brasileiro traz um capítulo exclusivo, estabelecendo diretrizes relacionadas a políticas
educativas. O Art. 74 diz que a educação para o trânsito é direito de todos e constitui
dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito. Essa lei, além de
coibir condutas inadequadas dos condutores de veículo automotor, estabelece diretrizes
de como os estados e municípios em conjunto com órgãos e entidades do Sistema
Nacional de Trânsito devem planejar as ações de educação para o trânsito na pré-escola
e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus.
Art. 76: A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas
de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os
órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de
atuação. Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério
da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho
de Reitores das Universidades 5Brasileiras, diretamente ou mediante convênio,
promoverá: I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo
interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito. II - a
adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de
formação para o magistério e o treinamento de professores e
multiplicadores; III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para
levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito; IV - a
elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos
interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração
universidades-sociedade na área de trânsito (Código de Trânsito Brasileiro –
CTB, 1997, p. )
O Art.75 trata dos temas e cronogramas das campanhas no âmbito nacional que
deverão ser promovidas por todos os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito.
A semana Nacional do Trânsito ocorre nos dias 18 a 25 de Setembro e é o momento em
que se intensifica os debates sobre essa temáticas nas escolas em parceria com órgãos de
de refletir sobre seus valores e aprimorar seu posicionamento crítico frente às situações
vivenciadas no meio social.
Quando se fala em educação para o trânsito, não se busca a criação de uma
disciplina específica que trabalhe essa temática, mas um modelo de currículo
interdisciplinar que proporcione uma reflexão das vivências do meio real com as diversas
disciplinas dentro da comunidade escolar.
O DPVAT tem uma função social importante, sua natureza assistencialista é vital
para quem necessita do benefício intrínseco a sua origem. O valor indenizatório tem a
finalidade de minimizar os danos resultantes de um acidente de trânsito, que variam
conforme a gravidade e o custo por ele gerado. Por outro lado, a previsão de destinação
de 5% para o DENATRAN sugere que esse modelo de seguro é também preventivo, uma
vez que parte desse recurso será utilizado para campanhas educativas. Todavia, ao logo
da sua vigência ocorreram inúmeros casos de fraudes e problemas gerenciais que
dificultaram a utilização desse recurso para sua finalidade inicial. Em 2016 foi criada uma
PCI para investigar fraudes na concessão do Seguro DPVAT. Na ocasião, parlamentares
questionaram por quê os recursos previstos em lei não eram direcionados ao
Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será
aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo,
policiamento, fiscalização e educação de trânsito.
§ 1º O percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito
arrecadadas será depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito
nacional destinado à segurança e educação de trânsito.
§ 2º O órgão responsável deverá publicar, anualmente, na rede mundial de
computadores (internet), dados sobre a receita arrecadada com a cobrança de
multas de trânsito e sua destinação (CTB, 1997, p. )
foram gastos. Isso representa uma ruptura importante que afeta diretamente o
planejamento de um trânsito mais humano e cidadão.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo como premissa algumas inquietações que servirão de base para futuros
estudos, recomendamos uma análise aprofundada sobre a temática trânsito em toda
formação educacional do jovem, será que a criação de uma disciplina com essa temática
iria contribuir para a diminuição nos níveis de reprovação? Em outra perspectiva, até que
pondo esses exames teóricos do DETRAN colaboram para os altos índices de reprovação?
Se o fator psicológico é tão determinante porque não criar um grupo, com profissionais
qualificados que possam identificar e elaborar diretrizes objetivando diminuir o nível de
tensão sobre os candidatos?
REFERÊNCIAS
MACIEL, Victor. Ministro da Saúde apresenta dados e ações para segurança no trânsito.
Ministério da saúde. 2017. Disponível em:< http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-
saude/29654-ministro-da-saude-apresenta-dados-e-acoes-para-seguranca-no-transito>
Acesso em Jun. de 2018.
MODIN, Elza Maria Canhetti. Práticas Educativas parentais e seus efeitos na criação de
seus filhos. Psicol. Argum. 2008 jul./set., 26(54), 233-244.
SIMIONI, Viviane. Educação e Trânsito: Uma Mistura que dá certo, Toledo-PR, 2007
Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais – Prêmio em Agosto
2009.