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O filme levanta questões sobre a educação no Brasil hoje.

O filme apresenta “discursos” de


alunos, educadores, gestores e pais em formato documentário. São muitas as questões
levantadas ao longo dos noventa minutos do filme, mas a que mais se destaca é “O que
estamos fazendo para valorizar o ensino médio?”
Muitos dos testemunhos do filme ilustram uma realidade preocupante. Adolescentes,
jovens que não têm esperança de realizar os seus sonhos e planos futuros. Eles propuseram
um sistema educacional contrário às suas aspirações. Um entrevistado destacou que há
muitos projetos que nunca são iniciados, executados ou colocados em prática. A educação
acrescenta muitos elementos à sua estrutura e função. O ensino médio é a etapa final do
ensino básico.
Claramente, o ensino secundário oferecido nas escolas públicas brasileiras está longe do
ideal. A adolescência é um período da vida de uma pessoa em que sonhos e problemas
surgem com igual intensidade e onde a sociedade exige postura e ação imediatas. O filme
mostra que as escolas e os sistemas de gestão educacional não estão apoiando esses
adolescentes. Sempre ouvimos que os nossos jovens são “o futuro da nação”, como é que a
educação pública constitucionalmente garantida molda esse futuro?
Os jovens entrevistados no documentário tentam desmistificar a imagem do estudante do
ensino médio. Vistos como preguiçosos e desinteressados, estes estudantes enfrentam o
tráfico de drogas, a gravidez precoce, a falta de educação sexual, o racismo, o sexismo e a
homofobia nas comunidades em que vivem. Para muitos de nós esta é uma realidade que não
nos afecta, mas são estes jovens que precisam de lidar com estas questões.
Mas este documentário não só destaca o problema, como também sugere possíveis
soluções. Um caminho é que muitas escolas estão lutando para se aproximar dos alunos, de
suas realidades e de suas aspirações. Dar aos jovens a oportunidade de mostrarem os seus
talentos, questionarem o sistema e trazerem a sua língua para a sala de aula é uma forma de
se aproximarem dos alunos.
As Diretrizes Educacionais Nacionais e a Lei de Bases (9.394/96) estabelecem a estrutura
funcional da educação brasileira. As disposições da lei incluem disposições organizacionais,
tais como quais métodos de ensino são regidos, a autoridade competente que rege a educação,
etc. É, portanto, um documento que regulamenta a educação de acordo com a Constituição
Federal.
O Plano Nacional de Educação (PNE) foi aprovado pela Assembleia Nacional em 2014 e
busca melhorar a qualidade da educação no Brasil, orientando os investimentos em educação.
O PNE tem “força” de lei e estabelece 20 metas a serem alcançadas em dez anos. Um dos
principais desafios do PNE é aumentar a alfabetização, incluir as pessoas com deficiência nas
redes formais, continuar a formar professores e melhorar e ampliar os cursos
profissionalizantes para jovens e adultos.
Como intermediária na construção do conhecimento, a escola pode garantir que a
implementação do PNE atenda aos requisitos da gestão democrática. A elaboração de PPPs
(Projetos Políticos em Educação) é uma ferramenta importante para o alcance dos objetivos
do PNE.
Com a discussão e o aperfeiçoamento da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a
educação básica tem um documento norteador em 2017. O filme fala sobre uma série de
diferentes práticas educativas que tiram os alunos do ambiente de “sala de aula” para explorar
o ambiente, o meio ambiente e compreender conceitos da natureza e da ciência na prática.
O desafio da BNCC é garantir a qualidade do ensino público, manter os alunos na escola e
atender às aspirações futuras dos alunos.

Segundo a BNCC:
Para responder a esta necessidade, devem ser tidas em conta as dinâmicas sociais
contemporâneas caracterizadas pelas rápidas mudanças provocadas pela evolução
tecnológica. Trata-se de reconhecer que as mudanças no ambiente nacional e internacional
impactam diretamente os jovens e, portanto, a formação de que necessitam para lidar com os
novos desafios sociais, económicos e ambientais acelerados pela mudança tecnológica no
mundo contemporâneo. (Brasil, 2017, p. 462)
As escolas devem estar preparadas para acolher o acesso rápido e quase imediato dos
jovens à informação, a diversidade comum a esta fase da vida, e compreender que os jovens
são protagonistas na construção do conhecimento. As escolas secundárias têm a
responsabilidade de garantir a autonomia dos alunos e desenvolver cidadãos críticos e ativos.

Embora o filme “Nunca Sonhei Comigo” forneça alguns depoimentos, ele não “transfere”
para os alunos a responsabilidade pelas mudanças necessárias na educação brasileira. O filme
apela à sociedade para repensar a forma como tratamos os jovens e quais as responsabilidades
que temos pela situação atual nas escolas públicas.
A BNCC disse que as escolas devem promover ambientes de aprendizagem em que os
alunos sejam capazes de investigar e intervir nos aspectos sociais, culturais e pedagógicos.
No filme podemos ver essas intervenções em diferentes turmas que despertaram a curiosidade
da turma do ensino médio. As instituições políticas centradas na acção pública são
governadas de acordo com as necessidades e respostas dos grupos sociais que mais
necessitam de uma visão cívica. A educação deve promover a construção de ações solidárias.
A política desempenha um papel importante na construção desta nova educação, desta nova
visão de uma sociedade alfabetizada.
A BNCC identifica competências específicas em cada área do conhecimento no ensino
médio. “Estão relacionadas a competências específicas da área do ensino fundamental, com
adequações necessárias para atender às necessidades específicas de formação dos alunos do
ensino médio.”

Referências

ARAÚJO, Ulisses F. A educação e a construção da cidadania: eixos temáticos da ética e da

democracia. In: BRASIL. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade /

Secretaria de Educação Básica, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Brasília:

Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.


BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de

Educação Básica, 2017.

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