Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Oficina - ORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO NA APS - Cuidado Das Condições Crônicas
Oficina - ORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO NA APS - Cuidado Das Condições Crônicas
OFICINA V
"ORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE:
O CUIDADO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS"
______________________________________________________
1
RIO GRANDE DO SUL – 2017
PLANIFICAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE
OFICINAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Conselho Nacional de Secretários de Saúde
(CONASS)
Michele Caputo Neto Presidente
Jurandi Frutuoso Silva Secretário Executivo
Os textos que compõem as oficinas foram transcritas, com alterações e adequações, para atender ao propósito da Planificação da
Atenção à Saúde no RS, do livro Planificação da Atenção Primária à Saúde nos Estados, elaborado a partir da experiência de
implantação da Planificação em diferentes Estados, pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde CONASS, publicado em 2011. A
referência completa deste livro encontra-se no link: http://www.conass.org.br/conassdocumenta/cd_23.pdf . *Os termos “Atenção
Básica” e “Atenção Primária à Saúde” são considerados equivalentes nas atuais concepções estabelecidas pela Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB), sendo utilizados como semelhantes. Dessa forma, associam-se a ambos os termos os princípios e as
diretrizes definidas na Portaria nº 2.488/2011, que aprova a PNAB.
2
APRESENTAÇÃO
Prezados (as),
Nesta oficina, daremos continuidade à proposta trabalhada no nosso encontro
anterior, de discutir e exercitar a organização dos processos de trabalho nas
Unidades Básicas de Saúde, desta vez dando enfoque ao cuidado às condições
crônicas de saúde. Para isso, estudaremos: o Modelo de Atenção às Condições
Crônicas (MACC) e as formulações conceituais que o sustentam; aprofundaremos a
discussão a respeito da Gestão da Clínica, dando enfoque à estratificação de risco
e estratégias de cuidado específicas.
A aplicação do MACC na Atenção Primária à Saúde convoca mudanças
profundas na gestão dos cuidados primários à saúde. A gestão da saúde, bem como
a gestão das organizações em geral devem avançar no sentido de uma valorização
relativa da gestão da clínica.
Esperamos que o encontro seja proveitoso e que contribua para a
qualificação do processo de trabalho das equipes participantes da Planificação.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Objetivo geral:
● Qualificar as estratégias de organização dos processos de trabalho nas
equipes de Atenção Primária à Saúde no que diz respeito às condições
crônicas de saúde.
Objetivos Específicos:
● Conhecer o Modelo de Atenção às Condições Crônicas e o processo de
estratificação de risco das condições de saúde;
● Discutir a proposta de Gestão da Clínica;
● Compreender e aplicar a ferramenta do Autoavaliação para a Melhoria do
Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ), bem como a Matriz de
Intervenção (a definir).
DESENVOLVIMENTO DA OFICINA
3
PROGRAMAÇÃO
GLOSSÁRIO
Fonte: Von Korff (1997); Holman e Lorig (2000); Organização Mundial da Saúde (2003); Lorig et al.
(2006) - Mendes, 2011.
5
ATIVIDADE 4 - Descrição: Esta atividade traz um texto que aborda diferentes
Modelos de Atenção às Condições Crônicas. Seguem-se a isso algumas questões
norteadoras à discussão em grupo. Sugerimos a realização de uma leitura em voz
alta e compartilhada do Texto 1. Aproveite para registrar suas dúvidas durante a
leitura para que, ao final dela, possa compartilhá-las com os demais participantes.
Fonte: adaptação de Wagner (1998) *autorização de uso de imagem concedida ao autor pelo
American College of Physicians. Tradução para o português de responsabilidade do autor.
6
2. Modelo da Pirâmide de Riscos (MPR)
O MPR considera a estratificação dos riscos da população o que, por sua vez,
define as estratégias de intervenção em autocuidado e em cuidado profissional
(Figura 2). Dessa forma, o cuidado profissional, em função dos riscos, define a
tecnologia de gestão da clínica (da condição de saúde e de caso).
9
Figura 5 - Exemplos de condições de saúde dos usuários e exemplos das intervenções dos profissionais
EXEMPLOS INTERVENÇÕES
A equipe de saúde da família (eSF) tem sob sua responsabilidade em torno de 3.500
pessoas. Essa população e suas subpopulações são cadastradas na Estratégia de Saúde
da Família (ESF) e registradas segundo as subpopulações de diferentes níveis do modelo e
suas respectivas condições.
Nível 1 = base do modelo, tem como sujeito a população total, como focos de
intervenções os determinantes sociais da saúde intermediários (os fatores relativos
às condições de vida e de trabalho, o acesso a serviços essenciais e as redes
sociais e comunitárias). As intervenções são de promoção da saúde,
especialmente em projetos intersetoriais sobre:
11
Níveis 3, 4 e 5 = são os níveis ao topo do modelo, ligados aos determinantes sociais
individuais com condição de saúde e/ou fator de risco biopsicológico estabelecido,
relacionados aos usuários com condição crônica simples/fator psicológico;
complexas e muito complexas. Sendo assim, o que difere os três níveis são a
complexidade da condição crônica e dos determinantes sociais os quais
pressupõem a necessidade de análise do tipo de oferta e de cuidado que deverá ser
prestado. As intervenções são predominantemente clínicas, utilizando a gestão
da clínica, a partir da gestão baseada na população:
1
Diferente da dimensão biológica, o gênero diz respeito a dimensão social, ou seja, o que é construído e internalizado por cada
um e cada uma a partir de elementos presentes e fornecidos em cada cultura. O gênero correlaciona-se com os papéis
socialmente estabelecidos do que é ser homem e do que é ser mulher e o que se espera de cada um. Também pode-se
pensar gênero a partir da diversidade de gênero, ou seja, a forma como cada indivíduo se percebe no mundo, para além da
sua anatomia. As mulheres e os homens cissexuais (identificam-se com o sexo atribuído em seu nascimento) e as mulheres
transexuais, travestis e os homens transexuais (não identificam-se com o sexo atribuído em seu nascimento) são exemplos de
possibilidades de vivências de gênero.
12
Os grupos constituem importante recurso no cuidado aos usuários da
Atenção Primária à Saúde, são excelentes espaços de promoção à saúde, ao
fortalecer os sujeitos e prevenir o adoecimento. O vínculo, o acolhimento, a
escuta, o apoio, o suporte e o espaço de reflexão que existem nesses grupos
promovem saúde (BRASIL, 2014).
O PTS é instrumento de organização do cuidado em saúde construído entre
equipe e usuário, considerando as singularidades do sujeito e a complexidade de
cada caso. A ampliação da comunicação traz o fortalecimento dos vínculos e o
aumento do grau de corresponsabilização. É um conjunto de propostas de
condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito ou coletivo, resultado da
discussão de uma equipe interdisciplinar. É uma variação da discussão de “caso
clínico” e geralmente é dedicado às situações mais complexas (BRASIL, 2014).
As reuniões de equipe se caracterizam por ser um espaço coletivo
sistemático de encontro, reflexão, discussão, compartilhamento e
corresponsabilização das ações, com a horizontalização dos poderes e
conhecimentos (BRASIL, 2014).
O apoio matricial parte da premissa do processo de construção
compartilhada, numa proposta de intervenção pedagógico-terapêutica (BRASIL,
2011).
Diante disso, estas construções coletivas são fundamentais uma vez que
possibilitam que a clínica se constitua como ampliada, ou seja, aumentando a
autonomia dos usuários de saúde, da família e da comunidade, integrando os
trabalhadores das diferentes áreas, potencializando o vínculo com a população
atendida. Portanto, para a construção de uma nova clínica considerando o MACC,
é importante que as equipes possam articular estas ferramentas no planejamento da
atenção em saúde.
13
● Qual(is) a(s) vantagem(ns) de utilizar o processo de trabalho do MACC na sua
equipe?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva. Guia prático de
matriciamento em saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
DAHLGREN, G.; WHITEHEAD, M. Policies and strategies to promote social equity in health.
Background document to WHO – Strategy paper for Europe. Stockolm: Arbetsrapport/Institutet for
Framtidsstudier; 2007.
DEPARTMENT OF HEALTH. Supporting people with long-term conditions: a NHS and social care
model to support local innovation and integration. In: MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde.
Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011.
14
MENDONÇA, M.V.A.; OLIVEIRA, F.A. Curso de Gestão da Clínica - Gestão na Clínica na Atenção
da Clínica na Atenção Primária à Saúde. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
(UFCSPA).
PORTER, M. Population care and chronic conditions: management at Kaiser Permanente. In:
MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde;
2011.
PORTER, M.; KELLOGG, M. Kaiser Permanente: an integrated health care experience. In: MENDES,
E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011.
SINGH, D.; HAM, C. Improving care for people with long term conditions: a review of UK and
international frameworks. In: MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização
Pan-Americana da Saúde; 2011.
WAGNER, E.H. Chronic disease management: what wll take to improve care for chronic illness. In:
MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde;
2011.
WALLACE, P.J. Physician involvement in disease management as part of the CCM. In: MENDES,
E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011.
15
auditoria clínica, intimamente vinculada a uma cultura de qualidade dos serviços de
saúde.
Para alcançar seus objetivos as diretrizes clínicas devem combinar a medicina baseada em
evidência, avaliação tecnológica em saúde, avaliação econômicas dos serviços de saúde e
garantia de qualidade (EDDY, 1990).
16
As diretrizes clínicas, bem como as outras tecnologias de gestão da clínica,
assentam-se na Saúde Baseada em Evidência, entendida como o uso consciente,
explícito e prudente da melhor evidência para tomar decisões a respeito da atenção
à saúde.
Exemplos:
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/fevereiro/02/Anemia-por-Defici--
ncia-de-Ferro-atualizadoCID.pdf
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/livro_tuberculose11.pdf
17
Exemplo:
Normalização da atenção ao pré-natal, ao parto e ao puerpério, em todos os pontos de
atenção à saúde: Linha-Guia.
Detalhamento do diagnóstico e tratamento da toxoplasmose, uma parte de todo o processo:
Protocolo Clínico.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_avaliacao_pcatool_brasil.pdf
18
No Brasil, um exemplo é a Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da
Atenção Básica (AMAQ) a qual permite que os profissionais avaliem suas práticas. A
autoavaliação é entendida como ponto de partida da fase de desenvolvimento do Programa
Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), uma vez
que os processos orientados para a melhoria da qualidade têm início na identificação e
reconhecimento das dimensões positivas e também problemáticas do trabalho da gestão e
das equipes de atenção à saúde. Assim, por meio da reflexão dos sujeitos e grupos
implicados é possível fomentar a autoanálise, a autogestão, a identificação dos
problemas, bem como a formulação das estratégias de intervenção para melhoria dos
serviços e das relações, atuando como um dispositivo indutor da reorganização do
trabalho das equipes e da gestão municipal de saúde. Leia mais sobre o assunto em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/AMAQ_AB_SB_3ciclo.pdf
1.4. Lista de Espera: tecnologia que estabelece o ordenamento dos usuários dos
serviços em determinados pontos de atenção à saúde, partindo de critérios claros
de necessidades e riscos, de modo a garantir a transparência deste processo nos
sistemas de saúde. Listas de espera longas e demoradas indicam uma disparidade
entre oferta e demanda por serviços de saúde, e hoje constituem um grande
obstáculo a ser superado pelo Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2012).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Diretrizes clínicas para a organização das redes de atenção à saúde. Grupo Técnico da
Comissão Intergestores Tripartite (proposta de documento, versão final para análise); 2011.
19
EDDY, D. Practice policies, what are they? JAMA. 1990; 263: 877-880.1064. De Vos Meiring P, Wells
IP. The effect of radiology guidelines for general practitioners in Plymouth. Clin. Radiol. 1990; 42:
327-329.
______. Practice policies, what are they? JAMA. 1990; 263: 877-880.
FRANCO, T.B.; MAGALHÃES JÚNIOR, H.M. Integralidade na assistência à saúde: a organização das
linhas de cuidado. In: Merhy E, MAGALHÃES JÚNIOR, H; RIMOLI, J; FRANCO, TB; BUENO, WS
(Organizadores). O trabalho em saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano. São Paulo:
Ed. Hucitec, 2ª Ed; 2004.
INSTITUTE OF MEDICINE – Clinical practice guidelines: directions for a new program. In: In:
MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde;
2011.
MENDONÇA, M.V.A.; OLIVEIRA, F.A. Curso de Gestão da Clínica - Gestão na Clínica na Atenção
da Clínica na Atenção Primária à Saúde. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
(UFCSPA).
MENDES, E.V. Os sistemas de serviços de saúde: o que os gestores deveriam saber sobre essas
organizações complexas. Fortaleza, Escola de Saúde Pública do Ceará, 2002b.
______. Os grandes dilemas do SUS. Salvador: Casa da Qualidade, Tomo II; 2001.21. Mendes EV.
As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011.
NORMAN, I.; REDFERN, S. What is audit? In: KOGAN,M. & SALLY,R. – Making use of clinical audit.
Buckingham, Open University Press, 2000.
ENCERRAMENTO
20