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São Paulo
2024
1 APRESENTAÇÃO
A abolição da escravidão foi um marco notório na história brasileira. Contudo,
embora a desinstitucionalização dessa prática tenha sido um passo importante em direção à
justiça racial, questiona-se a efetividade da abolição da escravidão em promover uma nação
racialmente equitativa na Primeira República Brasileira. Nesse sentido, este trabalho busca
realizar uma revisão bibliográfica acerca da manutenção do racismo no Brasil no período
pós-abolição, destacando as políticas de Estado racistas adotadas pelos governantes do
território, bem como abordando a influência de outros setores da sociedade nesse escopo,
como a produção intelectual e científica e a imprensa. Dessa forma, a pergunta a ser
respondida, nesse ínterim, é em que grau (ou como) o Estado Brasileiro e a produção de
conhecimento influenciaram a persistência do racismo no Brasil no pós-abolição.
2 JUSTIFICATIVA
Esse trabalho se justifica pela necessidade de se entender de que forma a manutenção
e a persistência do racismo operaram no Brasil, mesmo após a abolição da escravidão. Nesse
sentido, busca-se compreender como a manutenção das desigualdades raciais sucederam
apesar do progresso jurídico em relação à prática nefasta da escravidão. A contribuição para a
historiografia reside no fato de que os estudos sobre o racismo durante a Primeira República
Brasileira são menos frequentes quando comparados ao período colonial ou a períodos mais
recentes, sobretudo nos últimos 70 anos, com a disseminação do rádio e televisão. Além
disso, também há o interesse, por parte do autor, de se debruçar na influência da ciência e
intelectualidade na consolidação dos ideais racistas no país, buscando entender a
complexidade e as diferentes formas que o racismo se manifesta no território.
3 OBJETIVOS
4 ESBOÇO
O fim do Império Brasileiro e o início da República no país marcou o início de um
novo modus operandi no Brasil, o qual, apesar de tornar a escravidão ilegal, manteve o
sistema de desigualdades, preconceitos, subalternidades e esteriótipos raciais em curso no
território. Durante a Primeira República, período seguinte à abolição da escravidão, a
população negra não foi integrada ao sistema capitalista incipiente no Brasil, restando a ela,
na maioria das vezes, a marginalização e a miséria.
Dessa forma, este trabalho buscará se debruçar nas políticas de Estado
discriminatórias em relação à população negra e no papel da produção científica e intelectual
eugenista trazida, sobretudo, da Europa no que concerne à manutenção do racismo estrutural
no Brasil durante a Primeira República. Para isso, pretende-se relacionar o tema descrito com
as obras “O Poder Simbólico”, de Pierre Bourdieu, e “O Local da Cultura”, de Homi Bhabha,
ambas presentes na bibliografia da disciplina História da África. Além dessas obras, este
trabalho pretende fazer uma revisão bibliográfica de artigos e trabalhos acadêmicos que
tratam sobre a persistência e manutenção do racismo no Brasil durante a Primeira República
Brasileira, como “A Abolição e Manutenção das Injustiças: A Luta dos Negros na Primeira
República Brasileira”, “Lima Barreto e Sua Crítica ao Racismo na Primeira República: Entre
a História e a Literatura”, “A Subalternização do Negro Brasileiro: Reflexões Gerais Acerca
das Políticas do Estado Brasileiro na República Velha (1889-1930) e no Estado Novo (1937-
1946)”, “A República de 1889: utopia de branco, medo de preto (a liberdade é negra; a
igualdade, branca e a fraternidade, mestiça)”, “Pensamento racialista no Brasil pós abolição:
breve reflexão sobre racismo estrutural” e “O Racismo na República Brasileira Enquanto
Marca de um Governo Autocrático”.
5 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
AVIZ, Adriana; OLIVEIRA, Natália. O Racismo na República Brasileira Enquanto Marca de um
Governo Autocrático. Revista de Teorias da Democracia e Direitos Políticos, v. 9, n. 1, p. 74-94, 2023.
BARROS, Leonardo. A Subalternização do Negro Brasileiro: Reflexões Gerais Acerca das Políticas
do Estado Brasileiro na República Velha (1889-1930) e no Estado Novo (1937-1946). Revista da
ABPN, v. 12, n. Ed. Especial, p. 666-693, 2020.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S.A, 1989.
CUPERTINO, Fábio. Lima Barreto e Sua Crítica ao Racismo na Primeira República: Entre a História
e a Literatura. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso – Bacharelado em História, Universidade
Federal de São Paulo, Guarulhos, 2018.
GUIMARÃES, Antonio. A República de 1889: utopia de branco, medo de preto (a liberdade é negra;
a igualdade, branca e a fraternidade, mestiça). Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar.
São Carlos, Departamento e Programa de Pos-Graduacao em Sociologia, 2011, n. 2, p. 17-36.
LACERDA, Nayara. Pensamento racialista no Brasil pós abolição: breve reflexão sobre
racismo estrutural. Mosaico, v. 13, n. 21, p. 180-203, 2021.
SILVA, Thiago; SANTOS, Maíra. A Abolição e Manutenção das Injustiças: A Luta dos Negros na
Primeira República Brasileira. Cadernos Imbondeiro, João Pessoa, v. 2, n. 1, p. 1-10, 2012.