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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Ciências Exactas e Tecnológicas

Aprendizagem e desenvolvimento do pensamento geométrico

Licenciatura em Ensino de Matemática


Resumo Semanal
Nº 3

Chamo Domingos Manuel Azevedo

Tete

Fevereiro, 2023
Chamo Domingos Manuel

Aprendizagem e desenvolvimento do pensamento geométrico

Trabalho a ser apresentado à


Faculdade de Ciências Exactas e
Tecnológicas da Universidade
Púnguè.

Docente: Msc. Domingos A. A.


Nhampinga

Tete

Fevereiro, 2023
Aprendizagem e desenvolvimento do pensamento geométrico

No fórum 3 discutiu-se sobre alguns elementos para o desenvolvimento e análise do


pensamento geométrico, onde cada estudante colocou a sua intervenção e o docente criticou
assim como elogiou colocando as suas orientações de modo que o estudante melhore nas sua
intervenções. Desta forma destacarei algumas intervenções minhas assim como a dos colegas.

De acordo com Ribeiro (2017), "entende-se por elementos de desenvolvimento do pensamento


geométrico, a forma de perceber e pensar os objetos do e no espaço, ver e interpretar medidas e
formas, desenhar e representar e ser capaz de descrever elementos desses objetos, suas
propriedades e as relações entre os mesmos, mobilizando e articulando conceitos da geometria
espacial".

No fórum, discutiu-se conceitos e teorias, que ajudaram a analisar o desenvolvimento do


pensamento geométrico, tais como: os obstáculos de aprendizagem da geometria; a teoria de Van
Hiele e as Habilidades e níveis de desenvolvimento mental de Alan Hoffer.

OBSTÁCULO

Podemos chamar obstáculo, tudo aquilo que causa um impedimento, cria uma barreira, cria uma
dificuldade, um incômodo ou um transtorno para se alcançar um objetivos estabelecidos.

Os obstáculos didáticos são aqueles que “parecem depender apenas de uma escolha ou de um
projeto do sistema educativo” (Brousseau, 1983, p. 176. In: Almouloud, 2007, p. 141), surgem a
partir da escolha das estratégias de ensino do professor. Por outras palavras, como define
propriamente Pais (2001), os obstáculos didáticos são conhecimentos relativamente estabilizados
no plano intelectual, dificultando a evolução da aprendizagem do saber escolar. Além deste autor,
Bittencourt (1998) nos informa que a ausência de resposta do aluno acaba sendo um tipo de
‘obstáculo didático’, visto que ignorar um problema, demonstrar incapacidade de resolvê-lo,
rejeitá-lo e até desconsiderar seu caráter problemático também são atitudes reveladoras de
obstáculo.
Ex: existência de diferença na abordagem de ensino de fração na parte dos professores.

Os obstáculos epistemológicos referente ao processo de conhecimento, constituem-se em


acomodações ao que já se conhece, podendo ser entendidos como anti-rupturas, em outras
palavras, obstáculo epistemológico é constituído de um conhecimento já adquirido que faz
resistência a um conhecimento novo. Isto porque o conhecimento existente contém erros que
impedem conhecer o real, pois o real nunca é ‘o que se poderia achar’, mas é ‘o que se deveria ter
pensado’.
Ex: O conhecimento comum seria um obstáculo ao conhecimento científico, pois este é um
pensamento abstrato.

Segundo Almouloud (2006), obstáculos linguísticos referem às barreiras de linguagem que


impedem a compreensão do conteúdo em função da não habilidade no uso da língua materna, por
parte de aprendizes, e até de professores que utilizam os mesmos significantes com significados
diferentes.

ALAN BISHOP APRESENTA DOIS PRINCIPAIS OBSTÁCULOS:

- Obstáculo para aprender sobre o espaço: o primeiro factor que claramente afeta é a atenção
dada no nível elementar à aritmética ao invés da Geometria. O segundo obstáculo é que, mesmo
que o trabalho geométrico seja permitido, para muitos currículos, e para muitos professores
desses currículos, ele terá pouca conexão com o mundo espacial fora da sala de aula. Esse
problema surge das percepções particulares da matemática tanto dos professores quanto dos
elaboradores de currículos.
- Obstáculo para aprender sobre a matematização do espaço: podemos pensar nos obstáculos
para aprender geometria em termos de formas e de conteúdo. Essa dicotomia clássica é relevante
na matemática em geral, mas é importante para qualquer professor considerá-los na área da
geometria, pois, para os jovens aprendizes, a forma da geometria parece ser também o seu
conteúdo. Estamos lidando com uma representação do espaço, e com uma que diz respeito tanto à
forma (como as ideias espaciais são representadas) e conteúdo (o que está sendo representado).

NÍVEIS DE VAN HIELE

O casal Van Hiele afirma que o aprendizado em Geometria segue níveis de raciocínio ou níveis
de desenvolvimento mental. Apresenta-se a seguir um breve resumo dos níveis de van Hiele.
Nível
1. Visualização ou Reconhecimento
- O aluno tem percepção global das figuras: na observação de um conjunto de figuras cada figura
é observada isoladamente de outras figuras de mesma classe e é dada atenção a atributos
irrelevantes das figuras.(SIC)
- Percepção individual: o aluno observa o objeto e o associa à figura, sem reconhecer que ela faz
parte de uma classe, a figura é observada por suas partes.
- As descrições das figuras são feitas através de comparações de objetos com formas geométricas.
- O vocabulário é básico para poder fazer descrições das figuras, sem a utilização de propriedades
das formas geométricas.
- As descrições são feitas pelos aspectos físicos e posição no espaço. (SILVA & CANDIDO,
2014)
2. Análise:Os alunos começam a perceber conceitos geométricos, fazendo análise das
características das figuras. Observam a figura não como um todo, mas identificam suas partes,
propriedades geométricas e percebem as consequências das propriedades.
- Há utilização dessas propriedades para resolução de problemas.
- Demonstrações por meio de exemplos.
- Os alunos não relacionam diferentes propriedades entre figuras diferentes, não
entendem definições.
- Utilizam-se de muita observação e experimentação. (SILVA & CANDIDO, 2014)
3. Dedução informal ou classificação ou ordenação
- Os alunos conseguem fazer interrelações entre as propriedades de uma figura e compará-las
com outra figura, por exemplo, um quadrado é um retângulo pois, tem todas as propriedades de
um retângulo.
- Podem realizar classificações inclusivas.
- Denem corretamente conceitos e tipos de figuras.
- Possuem raciocínio dedutivo informal.
- Podem entender uma demonstração, mas não são capazes de elaborar uma demonstração formal
completa. (SILVA & CANDIDO, 2014)
4. Dedução formal
- Os alunos conseguem fazer distinção entre postulados, teoremas e definições.
- Elaboram demonstrações formais sem decorá-las.
- São capazes de ter uma visão global das demonstrações.
- Percebem que podem chegar ao mesmo resultado mediante diferentes formas de demonstração.
- São capazes de formular enunciados de problemas.
- Utilizam linguagem precisa. (SILVA & CANDIDO, 2014)
5. Rigor
- Os alunos estão aptos a estudar sistemas axiomáticos distintos do usual,(geometria euclidiana);
- São capazes de fazer comparações entre diferentes sistemas axiomáticos. O quinto nível não
tem sido muito explorado pelos pesquisadores. P.M Van Hiele afirma que seinteressava pelos três
primeiros níveis, justamente por ter desenvolvido a teoria no ensino secundário. (SILVA &
CANDIDO, 2014)

HABILIDADES E NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO MENTAL DE ALAN HOFFER

O estadunidense Alan Hoffer conduz um estudo semelhante aos do casal de educadores


holandeses (Dina Van Hiele-Geldof e Pierre Marie Van Hiele), o que culminou com um artigo
intitulado ''Geometry Is More Than Proof'' (A Geometria é mais do que a prova). Neste artigo,
apresenta 5 habilidades geométricas básicas para a aprendizagem de Geometria tanto quanto as
de deduções formais em uma época em que as habilidades vinculadas às provas e demonstrações
eram vistas como a parte mais importante no ensino de Geometria:
- Habilidades visuais: de reconhecimento e percepção espacial de figuras através da visualização
dos alunos;
- Habilidades verbais: relacionadas ao vocabulário em geometria que deve ser trabalho com os
alunos, como postulados, proposições, propriedades e relações entre figuras, bem como seus
nomes;
- Habilidades de desenho: relacionadas ao saber expressar geometricamente por meio de
desenhos e construções geométricas com auxílio de ferramentas como régua, compasso e
transferidor;
- Habilidades de lógica: relacionadas a análise de argumentos bem como reconhecimento de
argumentos válidos e não válidos nas etapas de deduções formais;
- Habilidades de aplicação, que são relacionadas a ideia de observar e descrever fenômenos do
mundo por meio da Geometria e sua aplicação em outras ciências.
Os estudos de Hoffer provaram que as habilidades relacionadas até o nível da dedução formal
devem ser trabalhadas durante o ensino médio e tem auxiliado, desde então, diversos
pesquisadores e educadores da área da Educação Matemática a compreenderem de que maneira
ocorre o aprendizado em Geometria, ressignificando os objetivos desse ensino e o articulando
com os demais ramos da Matemática.

FÓRMULA DA ÁREA DE UM RETÂNGULO A PARTIR DA COMPOSIÇÃO DE UM


TRIÂNGULO.

Dado o triângulo:

para se calcular a área de um triângulo, usa-se a fórmula

Modificado o triângulo, de modo que ele virou um rectângulo desta forma ele continua com a
mesma base e a metade da altura anterior. Desta forma para encontrarmos a área do rectangular é
só calcularmos a base×a altura que é o mesmo Comprimento × largura.
ABORDAGEM RECONSTRUTIVA SEGUNDO DE VILLIERS

Abordagem Reconstrutiva segundo De Villiers permite que o estudante participe de forma activa
nos conteúdos e os processos matemáticos relacionados com a definição, axiomatização,
conjectura e prova.

TIPOS DE DEFINIÇÕES QUE DE VILLIERS APRESENTA.

Os tipos de definições de De Villiers são:


- Definições Particionais e Hierárquicas: Uma definição é hierárquica porque permite a
inclusão de conceitos mais particulares como subconjuntos do conceito mais geral. Por outra, são
definições particionais quando os conceitos envolvidos são considerados disjuntos entre si.
- Definições Corretas: quando uma definição contém condições (propriedades) que são ambos
necessários e suficientes. A condição em uma determinada descrição para ser necessário, deve
valer para todos os elementos do conjunto que queremos definir.
- Definição incorrecta: quando a definição contém propriedades insuficientes ou desnecessárias.
- Definições Económicas: uma definição correta pode ser tanto económica assim como não
económica. É considerada económica quando tem um conjunto mínimo de propriedades
necessárias e suficientes. Por outro lado, não é económica quando contém propriedades
redundantes.
- Definições Convenientes: é aquele que nos permite deduzir a outra propriedade do conceito
com mais facilidade.

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