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As especiarias e as grandes navegações

 Nos períodos medieval e do Renascimento, "especiaria" era um termo liberalmente aplicado para
todos os tipos de produtos exóticos naturais, de pimenta a açúcar, de ervas a secreções animais.
Vinham sendo importadas do Leste desde a Antiguidade e os europeus desenvolveram um apreço
definitivo por elas.
 A especiarias eram usadas para disfarçar o gosto da carne e outros alimentos malcheirosos.
 As especiarias mais valiosas usadas na preparação de alimentos na Europa incluíam a pimenta,
gengibre, cravo-da-índia, noz-moscada, macis, canela, açafrão, anis.
 As especiarias tinham outros usos além de adicionar sabor. Na Idade Média e no Renascimento,
acreditava-se que muitas delas possuíam valor medicinal.
 As especiarias também podiam ser tomadas como remédios e para isso eram moídas para a
manufatura de pílulas, cremes e xaropes. A pimenta-do-reino costumava ser prescrita como um
bom tratamento para tosses e asma e podia, de acordo com os farmacêuticos da época.
 Acreditava-se que a canela ajudava a curar febres, a noz-moscada servia para a flatulência e o
gengibre aquecido era considerado um afrodisíaco. Havia uma crença de que especiarias com
aromas pronunciados combatiam os maus odores, que por si só seriam capazes de causar
doenças.
 A Índia era rica em pimenta-do-reino. O Sri Lanka em canela. A China e o Japão obtinham
condimentos como cravo-da-índia, noz-moscada e macis da Índia. No Sudeste da Ásia,
Indonésia, eram apropriadamente apelidadas de Ilhas das Especiarias.
 De forma mais prática, descobrir novas áreas agrícolas para a cultura de cereais ajudaria a
reduzir os déficits do comércio exterior. Existia igualmente a possibilidade real de prestígio e
riqueza para a elite europeia e para aqueles marinheiros que ousassem navegar rumo ao
desconhecido. Finalmente, o sistema feudal na Europa se deteriorava à medida que a terra era
dividida em porções progressivamente menores a cada geração de filhos.
 Havia motivos econômicos, políticos e religiosos para se encontrar uma rota marítima da Europa
para a Ásia. Com o apoio da Coroa e da Igreja, bem como de investidores privados que
sonhavam com retornos elevados, os exploradores estenderam suas velas rumo aos horizontes
desconhecidos.
 A Rota da Seda da China, através da Eurásia, era outro caminho pelo qual produtos exóticos
chegavam aos mercados europeus.
 A Rota da Seda foi uma antiga rede de vias comerciais, formalmente estabelecida durante
a dinastia Han na China, que ligou as regiões do mundo antigo por meio do comércio entre 130
a.C. e 1453 d.C. O ocidente comercializava com o oriente Cavalos, Selas e artigos de montaria,
Videiras e uvas, Cães e outros animais, entre exóticos e domésticos, Peles e couros de animais,
Mel, Frutas, Artigos de vidro, Cobertores de lã, tapetes, Têxteis (como cortinas), Ouro e prata,
Camelos, Escravos, Armas e armaduras. Do Oriente para o Ocidente comercializava-se entre
estes bens: Seda, Chá, Tinturas, Pedras preciosas, Louça (pratos, tigelas, xícaras, vasos),
Porcelana, Iguarias, (como canela e gengibre). Artefatos de ouro e bronze Remédio, Perfumes,
Marfim, Arroz, Papel, Pólvora.
 Em 1488, Bartolomeu Dias seguiu a costa da África Ocidental e contornou pela primeira vez o
Cabo da Boa Esperança, a extremidade meridional do continente, na atual África do Sul. Vasco
da Gama seguiu a mesma rota em 1497-9, prosseguiu pela costa da África Oriental e atravessou
o Oceano Índico para alcançar Calicute, Índia.
 Os portugueses decidiram então usar algo que tinham a seu favor: a superioridade em
armamento e navios. Os governantes indianos e alguns mercadores árabes possuíam alguns
canhões, mas de qualidade inferior ao dos europeus e, mais significativamente, os navios
mercantes do Oceano Índico eram construídos para carga e velocidade, não para combates
navais. Já os europeus detinham ampla experiência no assunto.
 A solução era simples, portanto: controlar as rotas comerciais pela força e estabelecer um
monopólio do negócio de especiarias não somente em termos da Ásia com a Europa.
 As especiarias podiam ser adquiridas dos produtores a preços reduzidos, em troca de produtos de
valores relativamente mais baixos, como tecidos de algodão, alimentos secos e cobre, e então
vendidas na Europa a preços tão elevados quanto possível.
 Na própria Ásia, essas especiarias, ser negociadas de um porto a outro e trocadas por
mercadorias de alto valor, como ouro, prata, pedras preciosas, pérolas e tecidos finos.
 Monopólio real no comércio de especiarias através de um terço do globo era praticamente
impossível, mas os portugueses se esforçaram para atingir seu objetivo. Além do uso de canhões,
como já mencionado, havia também controles administrativos rígidos.
 Qualquer mercador particular – europeu ou de qualquer outra nacionalidade – flagrado com uma
carga de especiarias seria preso e perderia tanto as mercadorias quanto o navio. Mercadores
muçulmanos eram as maiores vítimas e com frequência acabavam executado.
 Outro meio de controlar o comércio de especiarias, assim como de outros produtos, era permitir
a escala em certos portos somente de navios que tivessem licença real. Em resumo, os mares não
eram mais livres. Mesmo os navios que comercializavam outros produtos tinham de viajar com
um passaporte emitido pelos portugueses, chamado de cartaz e, caso não o tivessem, arriscavam-
se ao confisco e à prisão da tripulação (ou pior).
 Os portugueses tiveram um êxito relativo em estabelecer o monopólio do comércio de
especiarias na Europa, mas seu domínio na Ásia foi curto. Os mercadores asiáticos evitavam os
europeus sempre que possível e continuavam com seus negócios sem pagar taxas. É importante
observar que a Europa só respondia por aproximadamente um quarto do comércio global de
especiarias. Muitos funcionários portugueses eram corruptos e faziam negócios sem pagar à
Coroa o percentual devido dos ganhos.
 A colonização significava agora aquisição de territórios, conquista de povos indígenas e
assentamento de europeus. Companhias de comércio foram criadas pelos holandeses e ingleses,
o que permitiu a aquisição e distribuição mais eficiente dos produtos. Cana-de-açúcar, algodão,
chá, ópio, ouro, diamantes e escravos tomariam o lugar das especiarias na economia mundial à
medida que as nações europeias mais poderosas se apressavam em dividir o mundo e construir
impérios.
Mapa Abaixo comércio de especiarias

Mapa abaixo rota da seda

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