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Assuntos Regulatórios

Assuntos Regulatórios

Professora Irene Mori


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Assuntos Regulatórios

SUMÁRIO
1. Conceito de regulação 4
2. Aspectos importantes da Organização Política e Jurídica para Profissionais
da Área da Saúde 4
2.1. Conceitos básicos de Legislação 4
2.1.2. Ramos do Direito 4
2.1.3. Fontes do Direito 5
2.1.4. Hierarquia das Leis (art. 59 CF 1988) 5
3. O Poder Legislativo e a Formação das leis 6
3.1. Iniciativa 6
3.2. Tramitação 6
3.3. Aprovação 6
4. Os Atos Administrativos e a Legislação Farmacêutica 7
4.1. Atos Administrativos Normativos 7
4.2. Espécies de Atos Administrativos 7
5. Aspectos legais relativos responsabilidade civil e penal dos fabricantes de
medicamentos 9
6. Legislação Sanitária 11
6.1 Histórico da Vigilância Sanitária 11
6.2. O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária 12
6.2.1. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA 13
6.2.2. Estruturas de organização do Ministério da Saúde e da ANVISA 14
6.3. O Conceito de Vigilância Sanitária 15
7. Regulação da Produção de Medicamentos no Brasil 15
7.1. Histórico da produção de medicamentos 15
7.2. Conceitos técnicos aplicados a Cadeia dos produtos farmacêuticos 17
8. Condições para a autorização da empresa e o licenciamento dos
estabelecimentos farmacêuticos 19
8.1. Autorização de Funcionamento da empresa AFE 19
8.1.2. Requisitos para a concessão da autorização de funcionamento: 20
8.1.3. Etapas da legalização: 20
8.2. Autorização Especial AE 22
8.3. Requisitos pra obtenção Autorização Especial 22
8.3.1. Requisitos para obtenção da Licença de Funcionamento Estadual/Municipal 23
8.3.2. Etapas da legalização no nível Estadual/Municipal da Vigilância Sanitária 23
9. Da assistência do técnico responsável 24
9.1. Legislação Sanitária 24
9.2. Legislação Profissional 24
10. Registro dos Produtos Farmacêuticos 25
10.1. Definição legal 25
10.2. Fases do registro 26
10.3. O registro de medicamentos por categoria de produto 26
10.3.1 Pré-requisitos para o registro conforme a classificação dos medicamentos 27
10.3.2. Pré Requisitos para o registro de medicamentos com base nas
substâncias ativas 32

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10.4. Avaliação do processo de registro pela ANVISA 33


11. Regulamentação sobre a rotulagem e embalagem dos produtos
farmacêuticos 34
11.1. Considerações sobre a rotulagem: 34
11.2. Considerações sobre a embalagem: 35
12. Regulamentação sobre a propaganda e publicidade dos produtos
farmacêuticos 36
13. As boas práticas de fabricação para medicamentos(BPF) 37
13.1. Marcos regulatórios referentes às BPF no Brasil 38
13.1.1. Marcos Regulatórios: 38
13.1.2 Principais requisitos das BPF 38
14. A regulação do controle e da garantia de qualidade dos medicamentos
produzidos no Brasil 39
14.1. Aspectos Legais 40
15. A Fiscalização da cadeia de produtos farmacêuticos 41
15.1 Níveis de Competência 41
15.2. Instrumentos de Fiscalização 43
Referências 48

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1. CONCEITO DE REGULAÇÃO “sistema de disciplina social fundado na


natureza humana que, estabelecendo nas

O campo da saúde tem sido historicamente objeto relações entre os homens uma proporção

de normalização, documentos tão antigos como Código de reciprocidade nos poderes e deveres que

de Hamurabi, O Código de Manu e o Antigo Testamento lhe atribui, regula as condições existenciais

já contém regras estabelecidas para saúde. O exercício dos indivíduos e dos grupos sociais e, em

das profissões ligadas à saúde também está baseado consequência, da sociedade, mediante normas

em normas e códigos que visam proteger a saúde coercitivamente impostas pelo Poder Público”.

individual e coletiva. (Vicente Rao)

O direito à saúde é um preceito fundamental. A “conjunto de normas de conduta social,

Constituição Federal (CF) de 1988 dedicou a esse direito imposto coercitivamente pelo Estado, para

específico um conjunto normativo complexo. A partir da realização de segurança, segundo critérios de

nova regulação, dada pela CF, o Direito Brasileiro ganhou justiça”. (Paulo Nader)

novos instrumentos reguladores voltados à redução dos


riscos de doenças e de outros agravos à saúde, bem como O direito pode ser considerado então como um
ao estabelecimento de condições normativas nas áreas de conjunto de regras obrigatórias emanadas do poder
produção e de serviços visando à promoção, proteção e constituído, cujo cumprimento é obrigatório.
recuperação da saúde individual e coletiva.
- Propriedade, permissão concedida e garantida
As leis, normas e regulamentos de um país visam a um indivíduo.
reduzir os riscos decorrente do uso de produtos e ex: O direito de ir e vir, liberdade de expressão
serviços na área da saúde.
- Ramo das ciências que estuda as normas que regulam
Para tratar do tema é necessário conhecer a forma as relações sociais.
como está estruturada a sociedade brasileira, qual é a sua ex: Curso de bacharelado em Direito
forma de governo, a sua organização política, jurídica e
econômica. 2.1.2. Ramos do Direito

O Direito como conjunto de normas pode ser subdividido


2. ASPECTOS IMPORTANTES
em diferentes áreas ou ramos:
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E
JURÍDICA PARA PROFISSIONAIS DA
ÁREA DA SAÚDE
2.1. Conceitos básicos de Legislação
A palavra direito pode assumir diferentes significados:

- Conjunto de normas estabelecidas por instituições


que regulam as relações sociais. Direito Positivo x Direito Natural

“conjunto de normas executáveis coercitivamente, Direito Positivo – conjunto de regras em vigor


reconhecidas ou estabelecidas e aplicadas por órgãos num determinado país e numa determinada época.
institucionalizados” (Paulo Dourado de Gusmão) (Ordenamento jurídico em vigor)

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Direito Natural – é a ideia abstrata do Direito, aquilo IV - leis ordinárias;


que corresponde ao sentimento de justiça da comunidade. V - leis delegadas;
VI - medidas provisórias
Direito Público x Direito Privado VII - decretos legislativos;
VIII – resoluções.
Direito Público - de interesse geral. (sociedade)
(Ex: Direito Internacional, Direto Constitucional, Direito I) Constituição: define a política fundamental,
Administrativo, Direito Penal, etc.) princípios políticos, e estabelece a estrutura, procedimentos,
poderes e direitos, de um governo. Ao limitar o alcance
Direito Privado - Interesse particular, do indivíduo. do próprio governo, a maioria das constituições garantem
(Ex.: Direito Civil, Direito Comercial, Direito Agrário, certos direitos para as pessoas. O termo Constituição
Direito Industrial, etc.) pode ser aplicado a qualquer sistema global de leis que
definem o funcionamento de um governo, incluindo várias
“O Direito Público será, portanto, o Direito do constituições históricas não-codificadas que existiam antes
Estado e o Direito Privado, o direito dos indivíduos, do desenvolvimento de modernas constituições.
dos particulares”. (Romeu F. Bacellar Filho)
II) Emendas a Constituição: tem por objetivo
O Direito comporta ainda outros tipos de ramos que não permitir modificações pontuais na constituição do país,
podem ser propriamente classificados como públicos ou sem a necessidade de abolir toda a Carta Magna vigente
privados, pois possuem características tanto de um quanto e construir uma Constituição inteiramente nova.(art. 60
do outro, tais como: o Direito do consumidor, o Direito CF 1988)
ambiental, os Direitos Humanos e o Direito Sanitário.
III) Lei complementar: é a lei que tem como propósito
2.1.3. Fontes do Direito complementar, explicar, adicionar algo à constituição, para
seja aprovada exige maioria absoluta dos votos.
As regras jurídicas podem ser estabelecidas diretamente,
através de leis e por força de costumes, ou indiretamente IV) Lei ordinária: É o ato normativo primário,
por meio de Jurisprudência e Doutrina. infraconstitucional, sendo aprovado mediante a votação
de maioria simples (50% + 1 dos presentes). Na forma
leiga, denomina-se apenas lei, fazendo-se necessária
a inclusão do adjetivo ordinária para diferenciá-la de lei
complementar e de lei delegada, pois reside na mesma
escala hierárquica que as outras leis comuns. ( Arts. 59,
III e 61, caput, da CF1988).

V) Lei delegada: é um ato normativo elaborado pelo


“Lei é uma regra geral, que emanando de autoridade
chefe do poder executivo no âmbito federal, estadual e
competente, é imposta, coativamentente, a obediência de
municipal, com a autorização da sua respectiva casa
todos”. (Clovis Bevilaqua)
legislativa, para casos de relevância e urgência, quando a
2.1.4. Hierarquia das Leis (art. 59 CF 1988) produção de uma lei ordinária levaria muito tempo para dar
uma resposta à situação. Depois de criada a lei pelo chefe
I - Constituição Federal; do executivo, ela é remetida ao legislativo para avaliação e
II - emendas à Constituição; aprovação. Considerando que os limites foram respeitados
III - leis complementares; e que a lei é conveniente, o legislativo a aprova, contudo

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essa norma entra no sistema jurídico na qualidade de lei membros do Congresso Nacional, pelo Supremo Tribunal
ordinária. As leis delegadas não admitem emendas. Federal, pelos Tribunais Superiores, pelo Procurador-Geral
da República, pelo presidente da República e cidadãos.
VI) Medida provisória: é um ato unipessoal do (art.61 da CF1988)
presidente da República, com força de lei, sem a participação
do Poder Legislativo, que somente será chamado a discuti- A partir daí o projeto de lei passa por discussão e
la e aprová-la em momento posterior. O pressuposto da votação no poder legislativo representado pelo Congresso
MP é urgência e relevância, cumulativamente. Nacional, se federal, nas Assembleias legislativas, se
estadual, nas Câmaras de Vereadores, se municipal. Se
VII) Decreto legislativo: o decreto legislativo tem
forem aprovados vão para o poder executivo, (Presidente
como objeto matérias apontadas como de competência
da republica no nível federal, Governador de estado no
exclusiva do Congresso Nacional, por exemplo, as relações
nível estadual, Prefeito no nível municipal), para as etapas
jurídicas decorrentes de medida provisória não convertida
de sanção, promulgação, publicação e vigência.
em lei; resolver definitivamente sobre tratados, acordos
ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional; autorizar 3.2. Tramitação
o Presidente da República a declarar guerra ou a celebrar
a paz; e autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da O projeto de lei será avaliado quanto a sua
República a se ausentarem do País por mais de quinze constitucionalidade pelas comissões que integram
dias.( Arts. 49 e 62, § 3º, da CF1988). o Congresso Nacional quando aprovado numa casa
deverá ser apreciado pela outra:
VIII) Resolução: Ato legislativo de conteúdo
concreto, de efeitos internos. É a forma que revestem “O projeto de lei aprovado por uma Casa será
determinadas deliberações da Assembleia da República. revisto pela outra, em um só turno de discussão e
As Resoluções não estão, em princípio, sujeitas à votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a
promulgação e também não estão sujeitas a controle Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
preventivo da constitucionalidade, exceto as que aprovem Parágrafo único. Sendo o projeto emendado,
acordos internacionais. Essa resolução não tem caráter voltará à Casa iniciadora.” (Art.65 CF)
regulamentar, é para uso interno do congresso.

Existem dois tipos de Resoluções:


3.3. Aprovação
- aquelas emitidas pelo legislativo para uso interno Sanção
no congresso Etapa do processo legislativo, onde um membro do
executivo, seja presidente, prefeito ou governador, adere
- os atos administrativos, de caráter regulatório e
ao projeto de lei votado no Poder Legislativo, apondo
emitidos pelo poder executivo e por órgãos públicos,
sua aprovação e encaminhando-o para promulgação e
como a ANVISA
publicação.

3. O PODER LEGISLATIVO E A “A Casa na qual tenha sido concluída a


FORMAÇÃO DAS LEIS votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
República, que, aquiescendo, sancionará:
3.1. Iniciativa § 1º Se o Presidente da República considerar
o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional
No nível federal a lei inicia o seu processo de formação
ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total
a partir de um projeto que pode ser elaborado pelos

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ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
contados da data do recebimento, e comunicará, obrigações aos seus administrados ou a si própria.” (Hely
dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Lopes Meyrelles)
Senado Federal os motivos do veto.” ( Art. 66 CF)
4.1. Atos Administrativos Normativos
Promulgação
São aqueles que contêm um comando geral do
É o ato de sancionar a lei, confere tecnicamente a entrada Executivo, da administração pública, visando à correta
da lei no universo do ordenamento dá existência a norma. aplicação da lei. Não podem contrariar a lei.

Publicação Ex: Decretos regulamentadores, Resoluções, Portarias,


dentre outros.
Para que tenha eficácia, é necessário que a lei seja
publicada, que sua existência seja levada a conhecimento
4.2. Espécies de Atos Administrativos
público, através de sua inserção no Diário Oficial. Através
da publicação a lei tornar-se conhecida.
Normativos: são aqueles que contêm um comando
geral do executivo, visando a correta aplicação da lei. O
A lei, ou qualquer outra norma regulamentadora, objetivo imediato de tais atos é explicitar a norma legal a
passa a ter eficácia, a partir da publicação. O início ser observada pela administração e pelos administrados.
da vigência da lei pode se dar de imediato, com a
introdução da cláusula “entra em vigor na data de Regulamentos: são atos administrativos, postos em
sua publicação”, utilizada para as leis de pequena vigência por decreto, para especificar os mandamentos da
repercussão. Do contrário, a própria lei estabelece a lei ou prover situações ainda não disciplinadas por lei. –
data de início de sua vigência: Regulamento de determinada atividade numa repartição.

“Esta lei entra em vigor um ano após a sua


Estão abaixo relacionados os atos administrativos mais
publicação”. No silêncio do texto, entrará em vigência
presentes no ordenamento jurídico que regulamenta a
após 45 dias de sua publicação.
fabricação de produtos de interesse a saúde.

Decreto
4. OS ATOS ADMINISTRATIVOS E A É um ato administrativo de competência exclusiva dos
LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA chefes do Poder Executivo, destinado a prover situações
gerais ou individuais. (Estabelece o regulamento da lei
A administração pública realiza as suas atividades
tendo em vista a sua execução)
através dos atos jurídicos que recebem a denominação
especial de atos administrativos. Tais atos por sua natureza,
Ex: A Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976 DOU
conteúdo e forma, diferenciam-se dos que emanam do
de 24/09/1976: Dispõe sobre a vigilância sanitária a que
poder legislativo (leis) e do poder judiciário (decisão
ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos
judicial), quando desempenham atribuições específicas
(típicas) de legislação e jurisdição. farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e
outros produtos, e dá outras providências. Para que a
“o ato administrativo é toda manifestação unilateral mesma possa ser compreendida e colocada em prática
de vontade da Administração Pública que, agindo nessa foi regulamentada por um decreto que detalha o passo a
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, passo da implantação da lei:

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Decreto nº 79.094, de 05 de Janeiro de 1977: Despacho


regulamenta a Lei no 6.360, de 23 de setembro É o ato que envolve a decisão da Administração sobre
de 1976, que submete ao sistema de vigilância assuntos de interesse individual ou coletivo submetido
sanitária os medicamentos, insumos farmacêuticos, a sua apreciação.
drogas, correlatos, cosméticos, produtos de higiene,
saneantes e outros. No despacho a autoridade manifesta a sua opinião a
respeito do processo. Essa decisão deve ser divulgada
Resolução publicamente. O que é realizado por meio do diário oficial.
As resoluções são atos administrativos normativos que
partem de autoridades superiores, mas não do chefe A Constituição Federal assegura ao particular o direito
do executivo, através das quais disciplinam matéria de de tomar conhecimento dos despachos administrativos,
sua competência específica. As resoluções não podem sua publicidade é necessária.
contrariar os regulamentos e os regimentos, mas explicá-
los. As resoluções podem produzir efeitos externos. Alvará
O alvará é a forma, o revestimento exterior da licença,
da autorização, que são o conteúdo do ato administrativo.
Ex: Resolução RDC ANVISA nº 17, de 16 de
abril de 2010: Dispõe sobre as Boas Práticas de
Fabricação de Medicamentos. O alvará é o instrumento pelo qual a licença e a
autorização de funcionamento de uma indústria
farmacêutica são concedidas.
A referida resolução foi elaborada pela ANVISA e
aprovada por sua diretoria, daí decorre a sigla RDC, que
significa: resolução da diretoria colegiada. Esta normativa
Com a descentralização das ações da vigilância sanitária
foi elaborada a partir de um rol de leis destacando-se a Lei
(Lei 8080/1990-SUS), os municípios estabeleceram
6360/1976.
critérios próprios para fornecer as empresas as licenças de
funcionamento, além daqueles exigidos constitucionalmente.
Portaria
A indústrias recebem o documento que descreve todas as
É um ato administrativo de qualquer autoridade pública,
atividades exercidas. A Licença de funcionamento deve
que contém instruções acerca da aplicação de leis ou
ser retirada no órgão pelo farmacêutico responsável e/ou
regulamentos, recomendações de caráter geral, normas
representante legal.
de execução de serviço, nomeações, demissões, punições,
ou qualquer outra determinação de sua competência.
Instruções
São atos normativos expedidos por autoridades
Ex: Portaria SVS/MS nº 802, de 08 de outubro administrativas, são normas complementares das leis.
de 1998 DOU de 31 de dezembro de 1998: Institui Também são normas complementares das resoluções, de
o Sistema de Controle e Fiscalização em toda a acordo com o exemplo abaixo:
cadeia dos produtos farmacêuticos.

Ex: RDC ANVISA 44, de 17 de agosto de 2009 que


A normativa foi elaborada pela Secretaria Nacional de estabelece os critérios e condições mínimas para o
Vigilância Sanitária, órgão do Ministério da Saúde, que na cumprimento das Boas Práticas Farmacêuticas para o
época era o responsável por elaborar os regulamentos controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da
que regulavam a cadeia de produção dos medicamentos. comercialização de produtos e da prestação de serviços
Atualmente esse órgão é representado pela ANVISA. farmacêuticos em farmácias e drogarias.

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A RDC ANVISA 44/09 regulamenta o comércio de outros seu favor, no processo civil, quando, a critério do
produtos em estabelecimentos farmacêuticos através de juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
uma instrução, que integra a referida resolução: hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência” (Art. 6º incisos I e VIII)
Instrução Normativa - IN n°-9, de 17 de
agosto de 2009 que aprova a relação de produtos Nas empresas que praticam o comércio varejista de
permitidos para dispensação e comercialização em produtos, incluindo os farmacêuticos e os prestadores
farmácias e drogarias. de serviços, incluindo os relacionados á saúde ficam
obrigados a manter um exemplar do Código de
Deliberações Defesa do Consumidor a disposição do cliente.
São atos administrativos que emanam de órgãos
colegiados. A decisão é proferida por um rol de pessoas
Conforme estabelece a Lei nº 12.291, de 20 de Julho
que se manifestam sobre o assunto.
de 2010: Torna obrigatória a manutenção de exemplar do
Código de Defesa do Consumidor nos estabelecimentos
5. ASPECTOS LEGAIS RELATIVOS comerciais e de prestação de serviço.
RESPONSABILIDADE CIVIL E
PENAL DOS FABRICANTES DE Decreto Lei nº 2.848, 7 de dezembro de
MEDICAMENTOS 1940-Código Penal Brasileiro

As responsabilidades civil e penal dos fabricantes e


A convivência humana em sociedade só é possível
fornecedores de produtos farmacêuticos são tratadas
através de regras que regem o comportamento. Por isso
nos Códigos Penal, Civil e de Defesa do Consumidor. Para
cada país tem suas leis, ou seja, suas regras de convivência
entendê-las se faz necessária a abordagem de conceitos
de acordo com a cultura, costume, religião, tempo. Todo
do Direito Penal, Civil e Direito do Consumidor destacando-
aquele que descumpre uma regra que pode afetar o
se os aspectos relacionados ao direito á saúde.
indivíduo ou a comunidade esta sujeito a uma pena.
Os atos ilícitos praticados nos processos de fabricação,
distribuição, dispensação de medicamentos e na prestação No Brasil estas penas estão descritas no Decreto
de serviços de interesse a saúde podem ensejar o Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940, Código Penal
enquadramento na categoria de crimes hediondos, regidos Brasileiro, abrangendo as responsabilidades, individuais,
pela Lei 8.072 de 25 de julho de 1990. Serão abordados dos profissionais e das empresas. O código estabelece
abaixo alguns aspectos relevantes dessas normativas. penas para o exercício ilegal das profissões e para os
crimes contra a saúde publica.
Lei nº 8.078, de 11 de novembro de 1990-Códigos
de defesa do consumidor: Nesse aspecto nas últimas décadas sofreu alterações
significativas em virtude dos agravos à saúde ocorridos nos
São direitos básicos do consumidor:
anos de noventa, pelo uso de medicamentos falsificados e
de má qualidade. Destacam-se os seguintes artigos:
“a proteção da vida, saúde e segurança contra
os riscos provocados por práticas no fornecimento
de produtos e serviços considerados perigosos “O desconhecimento da lei é inescusável.
ou nocivos; O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la
a facilitação da defesa de seus direitos, de um sexto a um terço. Considera-se evitável
inclusive com a inversão do ônus da prova, a o erro se o agente atua ou se omite sem a

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consciência da ilicitude do fato, quando lhe conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir mencionada. (NR)
essa consciência” . (Art. 21)
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
“ expor a vida ou saúde de outrem a perigo (NR Lei 9.677, de 2 de julho de 1998)
direto e iminente”. (Art. 132)
Art. 277 – Vender, expor à venda, ter em depósito
De acordo com o código penal, todo brasileiro ou ceder substância destinada à falsificação de produtos
deve conhecer a legislação que regulamenta alimentícios, terapêuticos ou medicinais: (NR)
sua vida na sociedade. O mesmo vale para as
empresas e para os profissionais na execução Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.”
de suas atividades. O desconhecimento da (NR Lei 9.677, de 2 de julho 1998)
legislação implica também num ato ilícito.
Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em
Dos Crimes Contra a Saúde Pública Capítulo III-
depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a
CP(Art. 267 a 285)
consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que
não destinada à alimentação ou a fim medicinal:
Destaques:
Art. 272 – Corromper, adulterar, falsificar ou alterar
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
substância ou produto alimentício destinado a consumo,
tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002-Código
nutritivo:” (NR)
Civil Brasileiro

§ 1º - Na mesma pena incorre quem vende, expõe


O Código Civil regula o estado e a capacidade das
à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer
pessoas, as suas relações patrimoniais e de família, bem
forma, entrega a consumo a substância alterada nos
termos deste artigo. como as obrigações entre particulares não comerciantes.
Está relacionado à proteção de direitos da pessoa e sua
Pena — reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e violação não ofende a sociedade como um todo.
multa. (NR Lei 9.677, de 2 de julho de 1998)
São destaques os seguintes artigos que se referem as
Art. 273 – Falsificar, corromper, adulterar ou alterar responsabilidades cíveis das empresas e dos profissionais:
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: (NR)
“aquele que por ação ou omissão voluntária,
Pena — reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e negligência ou imprudência, violar direito e causar
multa. (NR Lei 9.677, de 2 de julho de 1998 ) dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito” (Art. 186)
§ 1º - Na mesma pena incorre quem vende, expõe
à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer “aquele que por ato ilícito, causar dano a
forma, entrega a consumo a substância alterada nos outrem, fica obrigado a repará-lo. .. Haverá
termos deste artigo. obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em Lei, ou
Art. 275 – Inculcar, em invólucro ou recipiente de quando a atividade normalmente desenvolvida
produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
existência de substância que não se encontra em seu risco para os direitos de outrem” (Art. 927)

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“São também responsáveis pela reparação e à participação intensiva da administração pública no


civil: III - o empregador ou comitente, por esforço desenvolvimentista.
seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em Na década de 40, no governo Getúlio Vargas, foi
razão dele” (Art. 932). criado Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina-
(S.N.F.M.) com ações de controle dirigidas nas áreas
dos medicamentos, dos soros e das vacinas. Iniciou-
O dano causado a outrem por omissão se nessa década a regulamentação da propaganda de
também constitui ato ilícito. O farmacêutico e as produtos farmacêuticos.
empresas farmacêuticas respondem solidariamente
pelos danos causados pelos produtos postos em Na década de 50 foram criados o Ministério da Saúde
circulação, ainda que os prejuízos resultem de erros (1953), o Laboratório Central de Controle de Drogas e
e enganos de prepostos. Medicamentos – LCCDM (1954) e o Serviço Nacional de
Fiscalização de Medicina e Farmácia (1957), órgão
do governo responsável pela regulamentação e fiscalização
6. LEGISLAÇÃO SANITÁRIA dos setores da saúde.

6.1 Histórico da Vigilância Sanitária Nos anos 60 com crescimento da produção industrial e
do consumo houve aumento da abrangência da vigilância
As ações de Vigilância Sanitária constituem a mais sanitária com incorporação de novos objetivos e práticas de
antiga atividade de saúde pública. Desde tempos remotos controle. Foram realizadas as Conferências de Saúde de 1962
as organizações sociais fazem tentativas de realizar o e 1963, que estabeleceram diretrizes para essas ações.
controle sobre os pontos chaves da vida em coletividade e
sobre as ameaças geradas à saúde e à própria vida. Na década de 70 o crescimento industrial, incluído o
segmento farmacêutico traz como consequência a entrada
Nos séculos XVIII e XIX as atividades ligadas à vigilância de grande variedade de produtos no mercado tornando-o
sanitária foram estruturadas para evitar à propagação de maior, as ações de vigilância sanitária passaram a incluir o
doenças nos agrupamentos urbanos que estavam surgindo controle sanitário de produtos e serviços.
no Brasil. A execução desta atividade exclusiva do Estado, por
meio da polícia sanitária, tinha como finalidade observar Nessa década houve, também, o crescimento da
o exercício de certas atividades profissionais, coibir o medicina curativa, aumento do número de hospitais com
charlatanismo, fiscalizar embarcações, cemitérios e áreas consequente aumento da produção e do consumo de
de comércio de alimentos. medicamentos, aparelhos e instrumentos usados
na assistência médica. Foi criada a CEME-Central de
No final do século XIX houve uma reestruturação da Medicamentos em 1972, com o objetivo de regular a
vigilância sanitária impulsionada pelas descobertas nos produção e distribuição de medicamentos.
campos da bacteriologia e terapêutico nos períodos que
incluem a I e a II Grandes Guerras. Foi realizada uma revisão da legislação sanitária
com o apoio da Organização Mundial da Saúde
Após a II Guerra Mundial, com o crescimento (OMS) com elaboração de leis e decretos que
econômico, os movimentos de reorientação administrativa vigoram até hoje(Leis 5991/1973 e 6360/1976).
ampliaram as atribuições da vigilância sanitária no mesmo
ritmo em que a base produtiva do País foi construída, bem Em 1976, através do Decreto 79056, foi criada a
como conferiram destaque ao planejamento centralizado Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária-SNVS, órgão

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ligado ao Ministério da Saúde. Com a competência de garantir a melhoria da qualidade de vida da população,
desenvolver ações de regulação e fiscalização com o através de ações de controle do meio ambiente, da saúde
objetivo de proteger a saúde do consumidor. do trabalhador, do monitoramento da qualidade dos bens
e serviços ofertados à população.
As ações tiveram como foco o controle da qualidade dos
produtos de interesse da saúde: alimentos, cosméticos, Na década de noventa ocorreram muitas denúncias de
domissanitários e medicamentos. corrupção e numerosos casos de falsificação e adulteração
de medicamentos, o que desencadeou reformas nos
Para dar suporte a essas ações foram promulgados sistemas de controle e fiscalização levando à criação da
alguns regulamentos, referentes à normatização para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
a fabricação, o registro e o comércio de medicamentos;
entre eles a Lei 5991/73, que dispõe sobre o controle Isso ocorreu, pois os sistemas de controle vigentes
sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos não garantiam o controle na eficácia e segurança dos
farmacêuticos e correlatos e a Lei 6360/76 que dispõe medicamentos e dos fabricantes, considerando-se os
sobre a produção de medicamentos. episódios sucessivos de falsificações de medicamentos
ocorridas nessa década(Casos notórios de falsificação:
A partir da década de oitenta, a crescente participação Medicamentos Androcur- Acetato de ciproterona da
popular e de entidades representativas de diversos Schering e o Microvlar- 0,15 mg de levonorgestrel e 0,03
segmentos da sociedade no processo político moldaram mg de etinilestradiol da Bayer).

a concepção vigente de vigilância sanitária, integrando,


conforme preceito constitucional, o complexo de atividades Como consequência desses fatos, desencadearam-
se várias medidas preventivas para evitar novas fraudes
concebidas para que o Estado cumpra o papel de guardião
e melhorar o sistema de controle e fiscalização de
dos direitos do consumidor e provedor das condições de
medicamentos. As medidas foram no âmbito legal e de
saúde da população. (Costa,2000)
organização do estado com criação de uma Agência, no
âmbito do Ministério da Saúde, para regular e controlar
O período foi marcado pela redemocratização e
as ações de vigilância sanitária. Foi criado também um
pela reforma sanitária. Nesta época iniciaram-se as
sistema de controle de vigilância sanitária nacional.
tentativas de descentralização das ações de saúde para
os estados e municípios.
6.2. O Sistema Nacional de
Foram realizadas: a VIII Conferência Nacional de Vigilância Sanitária
Saúde, com ampla discussão sobre o sistema de saúde,
a Conferência Nacional de Saúde do Consumidor em 1986 A Lei nº 9.782 promulgada em 26 de Janeiro de 1999 e
e a IX Conferência Nacional de Saúde, reafirmando entre publicada no D.O.U. de 27/01/1999 define o Sistema Nacional
outras coisas a necessidade de uma política nacional de de Vigilância Sanitária(SNVS), cria a Agência Nacional de
vigilância sanitária. Essas conferencias forma um marco Vigilância Sanitária, e dá outras providências. A edição da

para a institucionalização do Sistema Único de Saúde-SUS. referida lei foi um marco na reformulação dos sistemas
de controle dos produtos, incluindo os medicamentos.

Com a promulgação da Constituição de 1988, a


Vigilância Sanitária ganha destaque dentro do São responsabilidades do estado nessa esfera de controle:
capítulo da Saúde, tratado na Lei Orgânica da
Saúde 8080/90 ao integrá-la ao conjunto das “Compete à União no âmbito do Sistema
competências do SUS; reforçando o seu papel de Nacional de Vigilância Sanitária:

12
Assuntos Regulatórios

I - definir a política nacional de vigilância “Fica criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária-
sanitária; ANVISA, autarquia sob regime especial, vinculada ao
Ministério da Saúde, com sede e foro no Distrito Federal,
II - definir o Sistema Nacional de Vigilância prazo de duração indeterminado e atuação em todo
Sanitária; território nacional”. (Redação dada pela MP nº 2.190-34,
de 23 de agosto de 2001)
III - normatizar, controlar e fiscalizar produtos,
substâncias e serviços de interesse para a saúde; Parágrafo único. A natureza de autarquia especial
conferida à Agência é caracterizada pela independência
IV - exercer a vigilância sanitária de portos, administrativa, estabilidade de seus dirigentes e
aeroportos e fronteiras, podendo essa atribuição autonomia financeira”. (Lei 9782/99 Art. 3)
ser supletivamente exercida pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios; “A Agência terá por finalidade institucional promover
a proteção da saúde da população, por intermédio do
V - acompanhar e coordenar as ações controle sanitário da produção e da comercialização de
estaduais, distrital e municipais de vigilância produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária,
sanitária; inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de
VI - prestar cooperação técnica e financeira portos, aeroportos e de fronteiras”. (Lei 9782 /99 art. 6º).
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
Dentre as competências da agência podemos
VII - atuar em circunstâncias especiais de destacar as funções:
risco à saúde; e
»» Coordenar o Sistema Nacional de Vigilância
VIII - manter sistema de informações em Sanitária;
vigilância sanitária, em cooperação com os »» Estabelecer normas, propor, acompanhar e executar
Estados, o Distrito Federal e os Municípios”. (Lei as políticas, as diretrizes e as ações de vigilância
9782/99 Art. 2) sanitária;
»» Autorizar o funcionamento de empresas de
6.2.1. A Agência Nacional de Vigilância fabricação, distribuição e importação dos
Sanitária - ANVISA produtos mencionados no art. 8º desta Lei e de
comercialização de medicamentos; (Redação dada
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária e um órgão pela MP nº 2.190-34, de 23 de agosto de 2001)

público federal que tem como finalidade promover a »» Conceder registros de produtos, segundo as normas
de sua área de atuação;
proteção da saúde da população por intermédio do controle
»» Conceder e cancelar o certificado de cumprimento
sanitário da produção e da comercialização de produtos
de boas práticas de fabricação;
e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos
»» Interditar, como medida de vigilância sanitária,
ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a os locais de fabricação, controle, importação,
eles relacionados. Além disso, a Agência exerce o controle armazenamento, distribuição e venda de produtos
de portos, aeroportos e fronteiras. e de prestação de serviços relativos à saúde, em
caso de violação da legislação pertinente ou de risco
A Lei nº 9.782/1999 cria e normatiza as competências iminente à saúde;
da ANVISA

13
Assuntos Regulatórios

»» Proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, »» Coordenar as ações de vigilância sanitária realizadas


a distribuição e a comercialização de produtos por todos os laboratórios que compõem a rede oficial
e insumos, em caso de violação da legislação de laboratórios de controle de qualidade em saúde;
pertinente ou de risco iminente à saúde; »» Estabelecer, coordenar e monitorar os sistemas de
»» Cancelar a autorização de funcionamento e a vigilância toxicológica e farmacológica;
autorização especial de funcionamento de empresas, »» Promover a revisão e atualização periódica da
em caso de violação da legislação pertinente ou de farmacopeia.
risco iminente à saúde;

6.2.2. Estruturas de organização do Ministério da Saúde e da ANVISA

Figura 1: Estrutura organizacional do Ministério da Saúde.


Fonte: http://200.181.70.206/sites/000/2/organogramas/MSaude.pdf, acessado em abril 2012.

Figura 2. Estrutura organizacional da ANVISA


Fonte: www.anvisa.gov.br, acessado em março de 2012.

14
Assuntos Regulatórios

6.3. O Conceito de Vigilância Sanitária 7. REGULAÇÃO DA PRODUÇÃO DE


MEDICAMENTOS NO BRASIL
A Vigilância Sanitária é a parcela do poder de polícia do
estado destinado à defesa da saúde, que tem como principal 7.1. Histórico da produção de
finalidade impedir que a saúde da população seja exposta a medicamentos
riscos decorrentes de distorções, na produção e na circulação
de bens, ou na prestação de serviços de interesse à saúde. A indústria farmacêutica no Brasil evoluiu a partir
da manipulação de medicamentos nas boticas,
O conceito de VISA está estabelecido na Lei nº 8.080/ estabelecimentos onde eram preparados os medicamentos.
1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, Os primeiros regulamentos para esses estabelecimentos
proteção e recuperação da saúde, a organização e o datam de 1794 . Em 1870, quase cem anos depois, as
funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras boticas viraram farmácias.
providências:
A farmácia no Brasil, assim com nos demais países
“- Estão incluídas ainda no campo de atuação do ocidentais, foi o berço da indústria farmacêutica, que
Sistema Único de Saúde - SUS: a partir do fim do século XIX, passou a produzir os
medicamentos da forma industrializada, também
I - a execução de ações: denominados especialidades farmacêuticas.
Em 1860 foi lançada a pomada Boro Borácica sob a
a) de vigilância sanitária; responsabilidade do farmacêutico gaúcho João Dault Filho,
considerada o primeiro medicamento industrializado.
§ 1 - Entende-se por vigilância sanitária um conjunto
de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à O Estado Brasileiro teve uma participação importante

saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes nos primórdios do desenvolvimento industrial farmacêutico

do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da ao incentivar e fornecer recursos para alguns dos primeiros

prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: laboratórios farmacêuticos. O Estado contribuiu também
para a formação dos primeiros cientistas brasileiros

I - o controle de bens de consumo que, direta ou que, posteriormente, se tornaram responsáveis pelo

indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas desenvolvimento de planos de saúde pública, produção

todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e de soros, vacinas e medicamentos, por parte dessas
empresas pioneiras.
II - o controle da prestação de serviços que se
relacionam direta ou indiretamente com a saúde”. ( Lei nº “A indústria farmacêutica no Brasil teve o
8.080 /90,Art. 6) seu nascimento e desenvolvimento no período
de 1890 e 1950, mais tardiamente portanto do
No Brasil a vigilância sanitária é executada por um conjunto que o observado nos países europeus que, já
de órgãos que formam o Sistema Nacional de Vigilância no século XIX, observavam avanços notáveis
Sanitária-SNVS, coordenados pela ANVISA, que é ligada neste segmento. Segundo Ribeiro (2000), o
diretamente ao Ministério da Saúde. Nos estados e municípios desenvolvimento inicial da indústria farmacêutica
estas ações ficam sob a responsabilidade das respectivas no Brasil, “guarda forte relação com a instituição
secretarias de saúde. Esses órgãos tem por atribuições da saúde pública, das práticas sanitárias de
normatizar e fiscalizar em caráter complementar e harmônico, prevenção e combate às doenças infecciosas
dentro dos princípios de hierarquização e descentralização das e, em especial, com as instituições de pesquisa
ações, seguindo o modelo proposto pelo SUS. básica e aplicada”. (Ribeiro,2000)

15
Assuntos Regulatórios

O período de 1889 até 1914 foi considerado como a suprir a demanda interna, com crescimento considerável,
primeira fase do desenvolvimento no segmento, quando chegando até a suprir as demandas dos países europeus.
da fundação dos primeiros laboratórios industriais
farmacêuticos. Eles produziam medicamentos de origens Em 1959 foi publicada a “ Farmacopeia Brasileira
vegetais, mineral e animal (opoterápicos, soros e vacinas). II” através do Decreto 45.502 de 27 de fevereiro, com
Havia, nesta época, 35 laboratórios no país. validade nacional.

No início do Sec. XX o “Censo Industrial do Brasil” no ano A Portaria nº 9 do SNFMF do Serviço Nacional
de 1907 realizou um levantamento no setor, que revelou a de Fiscalização da Medicina e Farmácia(SNFMF), foi
existência de 60 de laboratórios em funcionamento no pais. editada em 26 de maio de 1967, que regulamentava
a nomenclatura dos fármacos, das formas
farmacêuticas, padronizando bulas cartuchos e
A partir de 1915, com a Primeira Grande Guerra, em
proibindo a nomenclatura do medicamento com
andamento, houve escassez de medicamentos no mercado.
nome de fantasia.
Esse fato desencadeou uma fase de desenvolvimento
geral dos laboratórios nacionais, com o aperfeiçoamento
No país inicia-se a produção de produtos similares, no
dos métodos científicos de produção.
final dos anos sessenta. O governo brasileiro em 1969 não
reconhece a lei das patentes. A lei estimula a produção
Além disso, foi o período em que laboratórios
farmacêutica por cópia de processos conhecidos a custos
estrangeiros reconheceram o potencial representado pelo
bem menores que os necessários ao desenvolvimento de
mercado brasileiro. Iniciou-se a fabricação no Brasil de
novos medicamentos.
produtos de origem francesa, italiana, suíça, alemã, inglesa
e norte-americana em pequena escala, ainda insuficientes
A década de setenta iniciou com publicação da Lei n°
para demanda, obrigando a importação muitos insumos
5.468, de 11 de dezembro de 1970,que criou o Instituto
farmacêuticos. Esta foi considerada a segunda fase do
Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A função do INPI
desenvolvimento da indústria nacional.
é executar as normas que regulam a propriedade industrial.

Em 1917, foi editada a primeira farmacopéia a Foram publicadas as leis sanitárias que regulamentam
“Pharmacopéia Paulista”, pioneira no país, oficializada pelo o comércio, produção e a circulação dos produtos de
governo, que passou a vigorar no estado de São Paulo. Em interesse a saúde, que ainda vigoram no pais. A Lei n°
1920 o Censo de laboratórios – e o “Recenseamento Geral 5991, de 17 de dezembro de 1973 regulamentou o
da República” revelaram a existência de 186 indústrias comércio varejista de medicamentos e dos produtos de
farmacêuticas instaladas no país. interesse a saúde.

Em 1926 foi publicada a primeira farmacopeia A Lei 6360, de 23 de setembro de 1976 determinou quais
nacional a “Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil”, eram os produtos, cuja fabricação estava sujeita ao controle
organizada pelo farmacêutico Rodolpho Albino Dias sanitário impondo as regras para a colocação no mercados
da Silva, com declaração de uso obrigatório a partir de dos produtos de interesse a saúde seguros e eficazes.
agosto de 1929.
Por interesses econômicos e para garantir o ingresso
Em 1940, durante a Segunda Guerra, inicia-se a terceira do pais na Organização Mundial do Comércio, o Brasil,
fase industrial do setor farmacêutico brasileiro. Com as assim como os demais países em desenvolvimento, tinham
dificuldades para se importar matérias-primas, máquinas que aderir ao Acordo sobre os Aspectos dos Direitos
e utensílios, os laboratórios nacionais viram-se obrigados a de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio,

16
Assuntos Regulatórios

em decorrência desse e de outros fatores em 1996 foi 1977 e por outras leis e resoluções, que atualizam estas
publicada a Lei nº 9.279 de 15 de março de 1996 que normas frente aos avanços tecnológicos que também
instituiu o novo “Código de Propriedade Industrial” para serão aqui apresentadas.
o país. Ela estabelece as novas regras para registros
de patentes sobre medicamentos, alimentos, produtos Para entender o mecanismo da regulação da cadeia
químicos e bacteriológicos. de produtos farmacêuticos serão desenvolvidos conceitos
técnicos estabelecidos nessa legislação sanitária que
O período de vigência das patentes para invenções é de regulamenta o comércio de produtos de interesse a saúde.
20 anos e para registro de marcas é de 10 anos. Esta lei
garante os padrões “mínimos” de proteção da propriedade 7.2. Conceitos técnicos aplicados a
intelectual, que seguiu um modelo único no mundo
Cadeia dos produtos farmacêuticos
inteiro - 20 anos de proteção para produtos e processos
farmacêuticos, entre outros.
O conhecimento dos conceitos técnicos é fundamental
para tornar a lei passível de ser aplicada para que possa
As normas para produção de medicamentos no Brasil
cumprir o seu papel regulatório. Tais conceitos estão
estão descritas nas leis sanitárias aprovadas na década
abaixo desenvolvidos com destaques:
de setenta. Os requisitos necessários para a produção,
transporte, distribuição e dispensação de produtos de
A Lei 5991 de 17 de dezembro de 1973, que dispõe
interesse a saúde estão estabelecidos nessas leis, que
sobre o controle sanitário do comércio de drogas,
servem de base para os decretos regulamentadores,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e
portarias e resoluções que disciplinam atualmente a cadeia
dá outras providências estabelece os seguintes conceitos
de fabricação produtos farmacêuticos.
técnicos ( art. 4º incisos I,II,III,V, VII,):

A produção, o transporte, a distribuição, a prescrição


“Droga - substância ou matéria-prima que tenha
e a dispensação dos produtos farmacêuticos são
finalidade medicamentosa ou sanitária;
segmentos regulados e fiscalizados pela ANVISA. A
Agência tem por finalidade institucional promover a
Medicamento - produto farmacêutico, tecnicamente
proteção da saúde da população, através do controle
obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa,
sanitário da fabricação, da comercialização de produtos
paliativa ou para fins de diagnósticos;
e serviços para garantir que os mesmos sejam eficazes,
seguros e com qualidade.
Insumo Farmacêutico - droga ou matéria-prima
aditiva ou complementar de qualquer natureza,
A indústria para produzir tem que atender os requisitos
destinada a emprego em medicamentos, quando for o
da lei, possuir condições técnicas e sanitárias que serão
caso, e seus recipientes;
comprovadas por documentos e pela inspeção sanitária
realizada na planta. A qualidade, eficácia e segurança de
um medicamento estão relacionadas diretamente com as Órgão sanitário competente - órgão de fiscalização
condições da produção que devem ser pautadas nas boas do Ministério da Saúde, dos Estados, do Distrito Federal,
práticas de fabricação e pela fiscalização e monitoramento dos Territórios e dos Municípios;
implementados pelo Ministério da Saúde.
Análise fiscal - a efetuada em drogas, medicamentos,
A produção de medicamentos no Brasil é insumos farmacêuticos e correlatos, destinada a
regulamentada pela Lei nº 6.360, de 23 de setembro comprovar a sua conformidade com a fórmula que deu
de 1976 e pelo Decreto nº 79.094, de 05 de Janeiro de origem ao registro”.

17
Assuntos Regulatórios

A Lei 5991/73 regulamenta a instalação e o


Controle de Qualidade - Conjunto de medidas
funcionamento das farmácias e drogarias, enquadra
destinadas a garantir a qualquer momento,
esses estabelecimentos na atividade comercial,
a produção de lotes de medicamentos e
estabelece os requisitos de assistência farmacêutica
demais produtos abrangidos por esta Lei que
e a prestação de serviços. O produto principal é o
satisfaçam às normas de atividade, pureza,
medicamento que esta submetido a fiscalização
eficácia e inocuidade.
sanitária : produto e empresa.

Número do Lote - Designação impressa na


etiqueta de um medicamento e de produtos
A Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976 dispõe
abrangidos por esta Lei que permita
sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os
identificar o lote ou a partida a que pertençam
medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e
e, em caso de necessidade, localizar e rever
correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e dá
todas as operações de fabricação e inspeção
outras providências.
praticadas durante a produção.

Para produzir medicamentos é necessário que a empresa


Medicamento Similar - aquele que
cumpra a legislação sanitária que estabelece os critérios
contém o mesmo ou os mesmos princípios
mínimos que visam garantir a qualidade, a segurança e a
ativos, apresenta a mesma concentração,
eficácia dos produtos farmacêuticos. São definidas pela lei
forma farmacêutica, via de administração,
as estruturas técnicas e funcionais, as condições físicas e
posologia e indicação terapêutica, e que é
documentais para licenciamento e o funcionamento, Todos
equivalente ao medicamento registrado no
os aspectos ligado a produção, controle de qualidade e
órgão federal responsável pela vigilância
para o registro dos medicamentos.
sanitária, podendo diferir somente em
características relativas ao tamanho e forma
Termos definidos no art. 3º incisos: X, XI, XII, XIII, XIV, do produto, prazo de validade, embalagem,
XV, XX, XXI, , XXII, XXIII,XXIV, XXV: rotulagem, excipientes e veículos, devendo
sempre ser identificado por nome comercial
“Registro - Inscrição, em livro próprio ou marca; (Inciso acrescido pela Lei nº 9.787,
após o despacho concessivo do dirigente de 10/2/1999 e com nova redação dada pela
do órgão do Ministério da Saúde, sob Medida Provisória nº 2.190-34, de 23/8/2001)
número de ordem, dos produtos de que
trata esta Lei, com a indicação do nome, Medicamento Genérico - medicamento
fabricante, da procedência, finalidade e similar a um produto de referência ou inovador,
dos outros elementos que os caracterizem; que se pretende ser com este intercambiável,
geralmente produzido após a expiração ou
Fabricação - Todas as operações que se renúncia da proteção patentária ou de outros
fazem necessárias para a obtenção dos produtos direitos de exclusividade, comprovada a sua
abrangidos por esta Lei. eficácia, segurança e qualidade, e designado
pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI; (Inciso
Lote ou Partida - Quantidade de um acrescido pela Lei nº 9.787, de 10/2/1999)
medicamento ou produto abrangido por esta Lei,
que se produz em um ciclo de fabricação, e cuja Medicamento de Referência - produto
característica essencial é a homogeneidade. inovador registrado no órgão federal responsável

18
Assuntos Regulatórios

pela vigilância sanitária e comercializado no


8. CONDIÇÕES PARA A AUTORIZAÇÃO
País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram
comprovadas cientificamente junto ao órgão
DA EMPRESA E O LICENCIAMENTO
federal competente, por ocasião do registro;
DOS ESTABELECIMENTOS
(Inciso acrescido pela Lei nº 9.787, de 10/2/1999)
FARMACÊUTICOS

Produto Farmacêutico Intercambiável - 8.1. Autorização de Funcionamento da


equivalente terapêutico de um medicamento de empresa AFE
referência, comprovados, essencialmente, os
mesmos efeitos de eficácia e segurança; (Inciso Para o funcionamento das empresas que pretendem
acrescido pela Lei nº 9.787, de 10/2/1999) exercer atividades de extrair, produzir, fabricar, transformar,
sintetizar, embalar, reembalar, importar, exportar, armazenar,
expedir, distribuir, constantes da Lei nº 6.360/76, Decreto
Bioequivalência - consiste na demonstração
nº 79.094/77 e Lei nº 9.782/99, Decreto nº 3.029/99,
de equivalência farmacêutica entre produtos
correlacionadas a medicamentos, drogas e insumos
apresentados sob a mesma forma farmacêutica,
farmacêuticos é necessário solicitar a Autorização da
contendo idêntica composição qualitativa e
ANVISA, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que
tenham comparável biodisponibilidade, quando
A empresa deve indicar a atividade industrial,
estudados sob um mesmo desenho experimental;
espécie dos produtos, comprovar a capacidade técnica,
(Inciso acrescido pela Lei nº 9.787, de 10/2/1999)
científica e operacional, A autorização será válida para todo
o território nacional e deverá ser renovada sempre que
Biodisponibilidade - indica a velocidade e a ocorrer alteração ou inclusão de atividade ou mudança do
extensão de absorção de um princípio ativo em sócio ou diretor que tenha a seu cargo a representação
uma forma de dosagem, a partir de sua curva legal da empresa. (Lei 6360/76 art.50)
concentração/tempo na circulação sistêmica ou
sua excreção na urina. (Inciso acrescido pela Lei
Atualmente a competência da emissão das
nº 9.787, de 10/2/1999)
autorizações de funcionamento do estabelecimento
AFE e AE (Autorização Especial) e da ANVISA
Parágrafo único. Até 30 de junho
de 2003, no caso de medicamentos
A autorização de funcionamento é obrigatória
genéricos importados, cujos ensaios de
para o funcionamento das empresas que pretendem
bioequivalência foram realizados fora do
exercer atividades de extrair, produzir, fabricar,
País, devem ser apresentados os ensaios
de dissolução comparativos entre o transformar, sintetizar, embalar, reembalar, importar,

medicamento-teste, o medicamento de exportar, armazenar, expedir, distribuir, constantes

referência internacional utilizado no estudo da Lei nº 6.360/76, Decreto nº 79.094/77 e Lei nº


de bioequivalência e o medicamento de 9.782/99, Decreto nº 3.029/99, correlacionadas à à
referência nacional. (Parágrafo único Medicamentos, Drogas e Insumos Farmacêuticos é
acrescido pela Medida Provisória nº 2.190- necessário a Autorização da Anvisa, órgão vinculado
34, de 23/8/2001 e com nova redação dada ao Ministério da Saúde.
pela Lei nº 10.669, de 14/5/2003)”.

19
Assuntos Regulatórios

8.1.2. Requisitos para a concessão da autorização »» Autorização Especial de Funcionamento (AE) –


de funcionamento: ANVISA

»» Indicação da atividade industrial respectiva; A Autorização de Funcionamento(AFE) e um ato


»» Apresentação do ato constitutivo, contando privativo do órgão competente do Ministério da Saúde,
expressamente as atividades a serem exercidas e o incumbido da Vigilância Sanitária dos produtos de que
representante legal da mesma; trata o Decreto nº 79.094/77, contendo permissão para
»» Indicação dos endereços da sede, dos que as empresas exerçam as atividades sob regime de
estabelecimentos destinados à industrialização, dos Vigilância Sanitária, instituído pela Lei nº 6.360/76.
depósitos, dos distribuidores e dos representantes;
»» Declaração da natureza e espécie dos produtos; A indústria deve solicitar alteração da AFE
»» Comprovação da capacidade técnica e operacional; quando houver:
»» Indicação do responsável ou dos responsáveis
»» Mudança de Razão Social;
técnicos, de suas respectivas categorias profissionais
»» Ampliação ou Redução de Atividades;
e dos números das inscrições nas respectivas
»» Ampliação ou Redução de Classes de Produtos;
autarquias profissionais a que se filiem.
»» Alteração de endereço da sede;
»» Alteração de endereço de local de fabrico;
8.1.3. Etapas da legalização:
»» Mudança de responsável técnico;
»» Mudança de representante legal;
No nível federal da Vigilância Sanitária
»» Mudança de Cadastro Geral de Contribuinte - CGC
ou CNPJ
»» Cadastro da empresa no site da ANVISA
»» Comprovação de porte
Exemplo de como fazer o passo a passo do
»» Autorização de Funcionamento da empresa (AFE)
cadastramento da empresa na ANVISA.
– ANVISA

20
Assuntos Regulatórios

21
Assuntos Regulatórios

»» cópia do documento de inscrição no Cadastro


A empresa só pode iniciar as atividades após o Nacional de Pessoa Jurídica (C.N.P.J.) ou Cadastro
deferimento da autorização de funcionamento que é Geral de Contribuinte (C.G.C.);
publicado no Diário Oficial da União no nível federal e »» dados gerais da empresa: razão social, representante

da Licença de funcionamento no nível regional(Estado legal, endereço completo, n.º (s) de telefone, fax,
telex e Email, nome do farmacêutico ou do químico
e/ou Município).
Responsável Técnico, e n.º de sua Inscrição no
respectivo Conselho Regional;

8.2. Autorização Especial AE »» cópia do Registro Geral (R.G.) e do Cartão de


Identificação do Contribuinte (C.I.C.) dos diretores;

É uma licença concedida pela Agência Nacional de »» prova de habilitação legal, junto ao respectivo

Vigilância Sanitária, órgão competente do Ministério da Conselho Regional, do farmacêutico ou químico,

Saúde, às empresas, instituições e órgãos, para o exercício responsável técnico;

de atividades de extração, produção, transformação, »» relação das substâncias ou medicamentos objeto da

fabricação, fracionamento, manipulação, embalagem, atividade a ser autorizada com indicação dos nomes

distribuição, transporte, reembalagem, importação e (DCB ou químico) a serem utilizados e da estimativa

exportação das substâncias constantes das listas da das quantidades a serem inicialmente trabalhadas;

Portaria SVS/MS nº 344 de 12 de maio de 1998 e da »» cópia do Manual ou Instruções concernentes às

Portaria nº 6 de 29 de janeiro de 1999 e suas atualizações, Boas Práticas de Fabricação ou de Manipulação

bem como medicamentos que as contenham. adotado pela empresa.

A Autorização Especial atualmente é obrigatória para Todo estabelecimento que desenvolver


as indústrias de produção de insumos, farmacêuticas, atividades com produtos sob o controle
veterinárias e farmácias que fabricam ou preparam especial da Portaria SVS/MS deve possuir a
medicamentos contendo os sais controlados pela Portaria Autorização Especial.
SVS/MS 344/98 e para os distribuidores, importadores e os As Autoridades Sanitárias Estaduais, Municipais
transportadores destes medicamentos. ou do Distrito Federal, têm um prazo máximo de
60 (sessenta) dias para análise da documentação

8.3. Requisitos pra obtenção e inspeção para verificação e comprovação da


capacidade técnica, legal e/ou operacional.
Autorização Especial
Decorridos os prazos e atendidas todas as
»» cópia da publicação, em Diário Oficial da União, da exigências e formalidades legais, os documentos do
Autorização de Funcionamento processo devem ser encaminhados pelas Autoridades
»» da Empresa, quando couber; Sanitárias locais à ANVISA/MS.
»» cópia da Licença de Funcionamento; O Relatório Técnico elaborado pela Autoridade
»» comprovante de pagamento do respectivo preço local após Inspeção é o documento que subsidiará
público, ou documento que justifique sua isenção; o Ministério da Saúde para concessão ou não das
»» cópia do ato constitutivo da empresa e suas atividades requeridas.
eventuais alterações;
O Relatório Técnico deve ser fundamentado e
»» instrumento de mandato, outorgado pelo
conclusivo no que se refere a capacidade técnica,
representante legal da empresa a procurador com
operacional e ao cumprimento das Boas Práticas de
poderes para requerer a concessão de Autorização
Fabricação, Manipulação, Distribuição e Transporte.
Especial, quando for o caso;

22
Assuntos Regulatórios

O licenciamento, pela autoridade local (regional), dos 8.3.2. Etapas da legalização no nível Estadual/
estabelecimentos industriais ou comerciais que exerçam Municipal da Vigilância Sanitária
as atividades de que trata a lei, dependerá de haver
sido autorizado o funcionamento da empresa pelo »» Licença de Funcionamento Estadual;
Ministério da Saúde e de serem atendidas, em »» CRT de acordo com a atividade: CRT e ANVISA;
cada estabelecimento, as exigências de caráter »» Representante Legal: CRT e ANVISA;
técnico e sanitário estabelecidas em regulamento »» Certificado de Boas Práticas de Fabricação,
e instruções do Ministério da Saúde, inclusive no Importação, Distribuição;
tocante à efetiva assistência de responsáveis técnicos »» Produtos Controlados pela Polícia Federal e Exército;
habilitados aos diversos setores de atividade. »» CRT aprovado;
»» Licença do Corpo de Bombeiros;
Cada estabelecimento terá licença específica e »» Manual de BFP;
independente, ainda que exista mais de um na mesma »» Manual de procedimentos operacionais padrão para
localidade, pertencente à mesma empresa. (Lei 6360/76 as atividades desenvolvidas;
art.50 e art. 51) »» Certificado de Controle de Pragas;
»» Exame de Saúde Ocupacional (PPRA PCMSO);
8.3.1. Requisitos para obtenção da Licença de »» BPF implementadas.
Funcionamento Estadual/Municipal

A legislação sanitária estabelece a seguinte


»» Quando um só estabelecimento industrializar ou
terminologia: registro para produto, a licença para o
comercializar produtos de natureza ou finalidade
estabelecimento e a autorização de funcionamento
diferentes, será obrigatória a existência de
para a empresa. Quando um só estabelecimento
instalações separadas para a fabricação e o
industrializar ou comercializar produtos de natureza
acondicionamento dos materiais, substâncias e
ou finalidade diferentes, será obrigatória a existência
produtos acabados;
de instalações separadas para a fabricação e o
»» Localização adequada das dependências e proibição
acondicionamento dos materiais, substâncias
de residências ou moradias nos imóvel a elas
e produtos acabados. A licença e autorização
destinado e nas áreas adjacentes;
de funcionamento serão obrigatórias para cada
»» Aprovação prévia, pelo órgão de saúde estadual, dos
estabelecimento e para cada atividade praticada.
projetos e das plantas dos edifícios e fiscalização da
respectiva observância.
»» Constará expressamente na licença de funcionamento
do estabelecimento todas as atividades exercidas, Fluxo Geral para abertura de novas empresas:

tais como: produção, distribuição, transporte de


produtos, bem com o tipo de medicamento, as linhas »» Escolha do local levando em consideração o
de produção e as formas farmacêutica produzidas. zoneamento do município para instalação de
(Lei 6360/76 Art. 52) indústrias;
»» Elaboração e aprovação do projeto predial:
No campo superior da licença deverá constar a atividade »» Alvará da Prefeitura- elaboração e emissão do Laudo
exercida pela indústria e em anexo documento descrevendo Técnico de Avaliação (LTA);
as linhas de produção e as formas farmacêuticas »» Licença Sanitária de funcionamento (estado ou
Município);
Ex: Empresa em condições de fabricar produtos »» Autorização de funcionamento;
injetáveis de pequeno volume, hormônios. »» Autorização Especial.

23
Assuntos Regulatórios

9. DA ASSISTÊNCIA DO TÉCNICO
RESPONSÁVEL
9.1. Legislação Sanitária
Está regulamentada a obrigatoriedade de
manutenção de técnicos legalmente habilitados
conforme o volume e complexidade dos
medicamentos produzidos pela indústria.
Atualmente a competência da emissão das
As empresas que exerçam as atividades de fabricação
autorizações de funcionamento do estabelecimento
de produtos sujeitos ao controle sanitário ficam obrigadas a
AFE e AE (Autorização Especial) é da ANVISA
manter responsáveis técnicos legalmente habilitados,
suficientes, qualitativa e quantitativamente, para a adequada
A autorização de funcionamento é obrigatória
cobertura das diversas espécies de produção, em cada
para o funcionamento das empresas que pretendem
estabelecimento. ( Lei 6360/76,art. 53)
exercer atividades de extrair, produzir, fabricar,
transformar, sintetizar, embalar, reembalar, importar,
Caberá ao responsável técnico elaborar o
exportar, armazenar, expedir, distribuir, constantes
relatório a ser apresentado ao Ministério da Saúde,
da Lei nº 6.360/76, Decreto nº 79.094/77 e Lei nº
para fins de registro do produto, e dar assistência
9.782/99, Decreto nº 3.029/99, correlacionadas à
técnica efetiva ao setor sob sua responsabilidade
Medicamentos, Drogas e Insumos Farmacêuticos
profissional. (Lei 6360/76,art. 54)
é necessário a Autorização da ANVISA, órgão
vinculado ao Ministério da Saúde. A obrigatoriedade Embora venha a cessar a prestação de assistência ao
da AFE foi estendida para as farmácias e drogarias, estabelecimento, ou este deixe de funcionar, perdurará
conforme RDC ANVISA nº. 238, de 27/12/2001. por um ano, a contar da cessação, a responsabilidade do
profissional técnico pelos atos até então praticados. ( Lei
A autorização habilitará a empresa a funcionar em 6360/76art. 55)
todo o território nacional e necessitará ser renovada
quando ocorrer Alteração ou Mudança de Atividade Independentemente de outras cominações (punições)
compreendida no âmbito do Decreto nº 79.094/77 legais, inclusive penais, de que sejam passíveis os
ou mudança do Sócio, Diretor ou Gerente que tenha responsáveis técnicos e administrativos, a empresa
a seu cargo a representação legal da empresa. responderá administrativa e civilmente por infração
sanitária resultante da inobservância desta Lei e de seus
As empresas somente poderão iniciar suas regulamentos e demais normas complementares. (Lei
atividades após a publicação da Autorização 6360/76 art. 56)
de Funcionamento em Diário Oficial da União.
9.2. Legislação Profissional
A ANVISA expedirá documento de Autorização
Na indústria farmacêutica a responsabilidade
para o exercício de atividades pleiteadas.
técnica será exercida privativamente pelo
farmacêutico nos:
Publicando no Diário Oficial da União as
Concessões de Autorização de Funcionamento, suas
“a) estabelecimentos industriais farmacêuticos
Alterações e Cancelamento.
em que se fabriquem produtos que tenham

24
Assuntos Regulatórios

indicações e/ou ações terapêuticas, anestésicos


10. REGISTRO DOS PRODUTOS
ou auxiliares de diagnóstico, ou capazes de criar
dependência física ou psíquica;
FARMACÊUTICOS

b) órgãos, laboratórios, setores ou


10.1. Definição legal
estabelecimentos farmacêuticos em que se
Os assuntos Regulatórios podem conceituados como
executem controle e/ou inspeção de qualidade,
um conjunto de leis, normas e regulamentos técnicos
análise prévia, análise de controle e a análise fiscal
que determinam a participação de pessoas físicas ou
de produtos que tenham destinação terapêutica,
jurídicas numa determinada área da atividade econômica.
anestésica ou auxiliar de diagnósticos ou capazes
Na legislação sanitária temos a seguinte definição para o
de determinar dependência física ou psíquica;
termo registro:

c) órgãos laboratórios, setores ou


“Registro - Inscrição, em livro próprio após o
estabelecimentos farmacêuticos em que se pratique
despacho concessivo do dirigente do órgão do
extração, purificação, controle de qualidade,
Ministério da Saúde, sob número de ordem, dos
inspeção de qualidade, análise prévia, análise de
produtos de que trata esta Lei, com a indicação
controle e análise fiscal de insumos farmacêuticos
do nome, fabricante, da procedência, finalidade
de origem vegetal, animal e mineral;
e dos outros elementos que os caracterizem.”
(Art. 3º Inciso X da Lei º 6360/76)
d) depósitos de produtos farmacêuticos de
qualquer natureza”. (Decreto nº 85.878, de
Para garantir que os medicamentos sejam
07/04/1981, art.1°,incisoII, alíneas “a”, “b” c, e “d”)
disponibilizados no mercado com os padrões de qualidade
necessários ao seu uso seguro e eficaz o Ministério da
As competências e atribuições dos farmacêuticos
Saúde (ANVISA) através do Sistema Nacional de Vigilância
que atuam na indústria farmacêutica estão descritas na
Sanitária usa como instrumentos:
Resolução do Conselho Federal Farmácia (CFF) nº 387, de
13 de dezembro de 2002:
»» O registro do produto;
»» A inspeção sanitária na planta produtora;
“Artigo 1º - No exercício da profissão
»» Certificação das Boas Práticas de Fabricação.
farmacêutica, sem prejuízo de outorga legal
já conferida, é de competência privativa do
farmacêutico, todo o processo de fabricação A Lei 9782/1999 e a Lei 6360/1976 determinam
de medicamento. que a competência legal para a concessão do
registro de medicamento, suas alterações,
Parágrafo único – caracteriza-se o profissional suspensão e cancelamento, são atribuídas ao
farmacêutico, quando no exercício da profissão Diretor-Presidente da ANVISA.
na indústria, a aplicação de conhecimentos
técnicos, autonomia técnico - científica e conduta
elevada que se enquadra dentro dos padrões A ANVISA monitora também toda a cadeia de produtos
éticos que norteiam a profissão. farmacêuticos desde a produção, transporte, distribuição e
a dispensação aos usuários. (Portaria SVS/MS 802/98)
Artigo 2º – O farmacêutico deve possuir
profundos conhecimentos das Boas O registro terá validade por 5 (cinco) anos e poderá
Práticas de Fabricação (BPF).” ser revalidado por períodos iguais e sucessivos, mantido o

25
Assuntos Regulatórios

número do registro inicial. Os atos referentes ao registro »» Etapa de Registro de Medicamento: elaboração
e à revalidação do registro somente produzirão efeitos a de dossiê, protocolo, acompanhamento até
partir da data da publicação no Diário Oficial da União. publicação em DOU.
»» Etapa Pós Registro de Medicamento: preço,
A concessão do registro e de sua renovação e as farmacovigilância, atualização, adequação,
análises prévias e de controle, quando for o caso, ficam renovação.
sujeitas ao pagamento de preços públicos, (tabelas
de preços fixadas pela ANVISA por categoria de produto).
Os medicamentos registrados no MS são
monitorados pelo Sistema Nacional de Vigilância
A revalidação do registro deverá ser requerida no
Sanitária, com a participação das três esferas do
primeiro semestre do último ano do quinquênio de
governo: federal, estadual e municipal. É exercido
validade, considerando-se automaticamente revalidado,
em toda a cadeia de produtos farmacêuticos desde a
independentemente de decisão, se não houver sido esta
produção, transporte, distribuição e a dispensação
proferida até a data do término daquela.
aos usuários (Portaria SVS/MS 802/98)

O numero de registro figura nas embalagens, rótulos,


bulas dos medicamentos.
10.3. O registro de medicamentos por
Número de Registro conforme instrução normativa categoria de produto
da ANVISA é formado da seguinte forma:
São consideradas três as categorias de medicamentos
Ex: Reg. MS – 1 XXXX YYYY ZZZ – D* para efeito de registro: homeopáticos, fitoterápicos
e substâncias quimicamente definidas. Em
1 – Medicamentos
X = empresa conformidade com a categoria a ANVISA criou
2 – Cosméticos
Y = produto regulamentações especificas, que estão sendo
3 – Saneantes
Z = apresentação aperfeiçoadas constantemente através do processo de
4, 5 ou 6 – Alimentos
D = dígito verificador monitoração realizado pelo órgão.
8 e 9 – Correlatos

Ex: Reg. no M.S. nº 1.0234.0058.001-9 Trata-se de um processo dinâmico. As resoluções da


ANVISA são modificadas sempre que necessário para
garantir o controle do medicamento no processo de
Os números de registro e do lote de fabricação que
registro e nas renovações do mesmo.
estão presentes na embalagem dos medicamentos e nas
notas fiscais relativas à comercialização dos mesmos
Os medicamentos homeopáticos têm propriedades
permitem localizar e rever todas as operações de fabricação
terapêuticas produzidas por uma energia vital, proveniente
e inspeção praticadas durante a produção até a entrega
do processo de dinamização de extratos vegetais, animais
para a dispensação.
ou minerais. Dentro dessa recomendação, a Homeopatia
foi reconhecida, em 1980, como especialidade médica pelo
10.2. Fases do registro Conselho Federal de Medicina (CFM), por intermédio do
Decreto 1000/80.
»» Etapa Pré Registro de Medicamento:
certificação fabricante, formulação, patente, marca A segunda categoria de produtos, os fitoterápicos,
comercial, lotes pilotos, estabilidade, pesquisa considera que os extratos vegetais, compostos de
clínica, EQFAR e BIO. substâncias produzidas pela natureza, são tão ou mais

26
Assuntos Regulatórios

seguros e eficazes que os produzidos sinteticamente. Sendo »» Instrução Normativa Nº 2, de 30 de março de 2009
assim, a fitoterapia é caracterizada pelo uso de plantas – Guia Lote-Piloto.
medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas. »» A ANVISA divulga primeira versão do Guia para a
No entanto, no Brasil, para que um medicamento seja Condução de Estudos Não Clínicos de Segurança
considerado fitoterápico, ele não deve ter, em sua necessários ao desenvolvimento de Medicamentos.
composição, substâncias ativas isoladas, ainda que de
origem vegetal. »» Medicamento Similar

As substâncias quimicamente definidas são uma De acordo com a definição legal, medicamento similar é
classe de produtos mais ampla, que se subdivide em aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos,
demais categorias. A produção de medicamentos com apresenta mesma concentração, forma farmacêutica, via
essas substâncias utiliza tecnologia de produção oriunda de administração, posologia e indicação terapêutica, e que
de sínteses químicas ou biológicas ou do isolamento de é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal
substâncias da natureza. (Fonte ANVISA). responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir
somente em características relativas ao tamanho e forma
10.3.1 Pré-requisitos para o registro conforme a
do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem,
classificação dos medicamentos
excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por
nome comercial ou marca.
»» Medicamentos novos

O termo “medicamento novo”, sem outros adjetivos, Os regulamentos técnicos que disciplinam o processo

é, na prática, utilizado para se referir a medicamentos de registro são:

novos com princípios ativos sintéticos e semi-


sintéticos, associados ou não. Quando se utiliza o »» Resolução - RDC nº 17, de 07 de abril de 2007.

termo “medicamento novo” sem outro complemento »» Resolução - RDC nº 31, de 11 de agosto de 2010.

não se está referindo, portanto, a produtos biológicos, (EQFAR e PERFIL DISSOL.)

fitoterápicos, homeopáticos, medicamentos ditos


»» Medicamento Similar Único:
“específicos”, medicamentos isentos de registro, e nem
tampouco as cópias (genéricos e similares).
A especialidade farmacêutica considerada como

Para medicamentos “novos”, no ato do registro similar única de mercado é aquela registrada

a empresa deve apresentar Relatório de Ensaios como medicamento similar junto a ANVISA e é o único

Clínicos para comprovar a eficácia terapêutica e comercializado no momento da solicitação da indicação

segurança de seu uso. do medicamento de referência.

No processo a ANVISA analisa a segurança e eficácia Com referência à pesquisa clínica:


baseada em estudos clínicos fase I, II e III interna
e externa. A empresa deve apresentar o Relatório de Este medicamento não poderá ser considerado
ensaios clínicos para comprovar a eficácia terapêutica e medicamento de referência até que a empresa detentora
segurança de seu uso, previstos nos regulamentos: do registro atenda o artigo 6 da Resolução - RDC nº 134
de 29 de maio de 2003, conforme o texto a seguir:
»» Resolução - RDC nº 136, de 29 de maio de 2003 -
D.O.U de 02/06/2003. “Art. 6º Por ocasião da primeira renovação
»» Resolução RDC Nº 37, de 6 de julho DE 2009 - DOU após a publicação desta Resolução, os detentores
08/07/2009 – Monografia Oficial. de registros de medicamentos enquadrados

27
Assuntos Regulatórios

como similares, únicos no mercado (exceto “Medicamento de Referência é produto inovador


os produtos que hoje estão registrados como registrado no órgão federal responsável pela vigilância
novos e os já definidos como referência), cujo sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança
vencimento dá-se após 1 de dezembro de 2004, e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao
devem apresentar sob forma de complementação órgão federal competente, por ocasião do registro.”
de informação:
As Listas de Medicamento Referência: Lista A (fármacos
I - No caso de princípios ativos isolados, isolados) Lista B (associações) e Lista de Medicamento
relatório de ensaios clínicos para comprovar Similar Único no Mercado, são continuamente
a eficácia terapêutica ou dados de literatura atualizados pela Comissão de Medicamentos de
que comprovem eficácia e segurança através Referência da ANVISA.
de estudos clínicos publicados em revistas
indexadas (Medline, Chemical Abstracts, Biosis, São necessários estudos de Equivalência Farmacêutica
International Pharmaceutical Abstracts ou e Biodisponibilidade relativa.
Biological Abstratcts).”
Importante

A Equivalência Farmacêutica (EQFAR) é requerida para


registro de medicamento genérico e similar, nas várias
A empresa interessada em registrar medicamentos
formas farmacêuticas. Deve ser realizada por Laboratório
genéricos e/ou similares, além de atender os requisitos
REBLAS devidamente habilitado pela ANVISA.
estabelecidos nas resoluções correspondentes,
deverá utilizar obrigatoriamente o medicamento de
A Biodisponibilidade Relativa (BIO) é requerida para
registro de medicamento genérico e similar, referência constante nas listas aprovadas e publicadas
principalmente nas formas farmacêuticas sólidas. Deve pela ANVISA. As farmácias e drogarias deverão
ser realizada por Laboratório REBLAS devidamente disponibilizar para o usuário a lista atualizada dos
habilitado pela ANVISA. medicamentos genéricos registrados no país.

»» Medicamento Genérico
O registro de medicamentos genéricos está
O medicamento Genérico é um medicamento similar regulamentado pela resolução RDC n° 16 de 02 de
a um produto de referência ou inovador, que se pretende março de 2007.
ser com este intercambiável, geralmente produzido após a
expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros A intercambialidade, ou seja, a segura substituição
direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, do medicamento de referência pelo seu genérico, é
segurança e qualidade, e designado pela DCB ou, na sua assegurada por testes de bioequivalência apresentados à
ausência, pela DCI. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da
Saúde, por ocasião do registro.
»» Medicamento Referência
Na dispensação de medicamentos tarjados e isentos
O Medicamento de Referência conforme a de prescrição a intercambialidade somente poderá
definição do inciso XXII, artigo 3º, da Lei n° 6.360, ser realizada pelo farmacêutico responsável, pela
de 1976, com redação dada pela Lei nº 9.787 de 10 farmácia ou drogaria e deverá ser registrada, no
de fevereiro de 1999): primeiro caso, na receita médica.

28
Assuntos Regulatórios

Na embalagem dos genéricos deve estar escrito a partir de uma solução inicial, em um insumo
“Medicamento Genérico” dentro de uma tarja amarela. inerte adequado” ( Carla Holandino et.al)
Além disso, deve constar a Lei nº 9.787/99. Como os
genéricos não têm marca, o que esta inserido no rótulo Regulamentação para o registro dos
é nome o princípio ativo do medicamento. medicamentos dinamizados:

O preço do medicamento genérico deve ser menor »» RDC nº 26, de 20 de março de 2007;
pois os fabricantes de medicamentos genéricos não »» Instrução Normativa nº 3, 11/04/2007;
necessitam fazer investimentos em pesquisas para o »» Instrução Normativa nº 4, 11/04/2007;
seu desenvolvimento, visto que as formulações já estão »» Instrução Normativa nº 5, 11/05/2007.
definidas pelos medicamentos de referência. Outro motivo
para os preços reduzidos dos genéricos diz respeito ao » » Medicamentos Notificados ou Isentos
marketing. Os seus fabricantes não necessitam fazer de Registro
propaganda, pois não há marca a ser divulgada.
A notificação simplificada das especialidades
farmacêuticas consiste na comunicação à autoridade
O medicamento genérico é uma “cópia” de um
sanitária federal da fabricação, importação e
produto de referência ou inovador. Sua eficiência e
comercialização de medicamentos de baixo risco à
qualidade devem ser comprovadas através de testes saúde quando observadas todas as características de uso
de bioequivalência e biodisponibilidade, previstos no e qualidade descritas na RDC ANVISA nº 199/06. Para
RDC ANVISAn° 16 de 02/03/2007. efeito de cadastramento junto a ANVISA os produtos estão
classificados em:

»» Medicamentos Dinamizados »» Medicamentos notificados de drogas vegetais:


RDC ANVISA nº 10, de 10 de março de 2010;
São considerados medicamentos dinamizados »» Medicamentos notificados: RDC ANVISA nº
os medicamentos homeopáticos, antroposóficos e 199, de 26/10/2006 e IN nº 3, de 28/04/ 2009.
anti-homotóxicos.

Os medicamentos sujeitos a notificação são isentos


Os medicamentos dinamizados são preparados a
de prescrição médica, conforme § 2º Art. 3º da RDC
partir de substâncias que são submetidas a triturações
ANVISA nº 199/06.
sucessivas ou diluições seguidas de sucussão, ou outra
forma de agitação ritmada, com finalidade preventiva ou
A empresa só poderá notificar os medicamentos
curativa a serem administrados conforme a terapêutica
constantes no Anexo I da IN nº 03/09, que atualizou a
homeopática, homotoxicológica e antroposófica.
“Lista padronizada de medicamentos sujeitos a notificação
simplificada”, conforme as informações nele listadas.
“Soluções dinamizadas (SD) são obtidas
através da interação entre dois processos:
diluição e sucussão. O processo de dinamização Atualmente, com a publicação da IN nº 03/09, há 75
foi proposto por Hahnemann com a finalidade produtos passíveis de notificação. A consulta pode ser feita
de reduzir a toxicidade de uma substância e no sitio eletrônico da ANVISA:
desenvolver a sua força medicamentosa. Para
substâncias solúveis, a dinamização consiste em http://homologacao.anvisa.gov.br/peticionamento/sat/
uma série de diluições e agitações seqüenciais, MedicamentoSimplificado/relatorios/relatorio.asp

29
Assuntos Regulatórios

»» Medicamento Fitoterápico Os medicamentos fitoterápicos são caracterizados pelo


conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim
São considerados medicamentos fitoterápicos os como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade.
obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas
vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por
meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, Não se considera medicamento fitoterápico
documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas. aquele que inclui na sua composição substâncias
ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as
“A pesquisa de plantas medicinais tem sido
de grande valia para os estudos botânicos, associações dessas com extratos vegetais.
farmacológicos, fitoquímicos e agronômicos os
quais são necessários para o desenvolvimento
de novos fármacos. Estes conhecimentos O registro de medicamentos fitoterápicos que deve ser
são resgatados através dos levantamentos realizado em conformidade com as seguintes resoluções:
etnobotânicos e etnofarmacológicos. A
etnofarmacologia é um ramo da Etnobiologia/ »» Resolução RE nº 91, de 16 de março de 2004:
Etnobotânica que trata de práticas médicas, Determina a publicação da “Guia para realização de
especialmente remédios usados em sistemas alterações, inclusões, notificações e cancelamentos
tradicionais de Medicina.” (ELISABETSKY, 2000). pós registro de Fitoterápicos”.

30
Assuntos Regulatórios

»» Resolução RE nº 90, de 16 de março de III-nutrição parenteral;


2004: Determina a publicação da “Guia para a
IV - soluções de grande e de pequeno volume,
Realização de Estudos de Toxicidade pré-clínica de
parenterais ou não, tais como, água para injeção,
Fitoterápicos”.
soluções de glicose, cloreto de sódio, demais
»» Resolução RDC nº 14, de 31 de março de
compostos eletrolíticos ou açúcares e poliálcoois;
2010: Dispõe sobre o registro de medicamentos
fitoterápicos. V - opoterápicos isolados ou associados entre
»» Instrução Normativa nº 5, de 31 de março si e/ou a derivados vegetais e/ou vitaminas e/ou
de 2010: Lista de Referências Bibliográficas minerais e/ou aminoácidos e/ou proteínas e/ou
para avaliação de Segurança e Eficácia de fitofármaco;
Fitoterápicos.
VI - medicamentos à base de fitofármaco ou
associações deste as vitaminas e/ou minerais e/
Impotante
ou aminoácidos e/ou proteínas;

A pesquisa clínica deverá comprovar a segurança VII- medicamentos à base de rutina e/ou

de uso e da indicação (ões) terapêutica(s), exceto quercitina e/ou hesperidina e/ou diosmina e/
ou troxerrutina e/ou cumarina, isoladosou
para aqueles que constarem na Lista Simplificada
associados entre si;
de Fitoterápicos. No caso de associações devem ser
apresentados estudos que justifiquem suas ações VIII - produtos para a prevenção da
terapêuticas e evidência de uso tradicional. Devem ser desidratação e para a manutenção da hidratação;

considerados os Textos orientativos sobre medicamentos IX - antiácidos isolados ou associados entre


fitoterápicos, o posicionamento da Câmara Técnica de si e/ou a antifiséticos, com exceção daqueles
Fitoterápicos (CATEF) quanto ao registro do produto. previstos na Lista de Medicamento Referência
da ANVISA e na Notificação Simplificada de
Medicamentos, conforme RDC ANVISA nº 199
»» Medicamentos Específicos
de 26/10/ 2006, que instituiu o Regulamento
Técnico para a Notificação Simplificada de
São considerados medicamentos específicos os produtos
Medicamentos, ou suas atualizações;
farmacêuticos, tecnicamente obtidos ou elaborados, com
finalidade profilática, curativa ou paliativa não enquadrados X - medicamentos à base de silimarina e/ou
nas categorias de medicamento novo, genérico, similar, acetilmetionina e/ou metionina e/ou colina e/ou
biológico, fitoterápico ou notificado e cuja (s) substância betaína e/ou ornitina e/ou acetil-cisteína e/ou
(s) ativa (s), independente da natureza ou origem, não é ácidos biliares, isolados ou associados entre si,
passível de ensaio de bioequivalência, frente a um produto conforme finalidade de uso definida pelo Painel
comparador. (Art 2, §, RDC nº 24 de 14/06/2010) de Avaliação de Hepatoprotetores, publicado
pela ANVISA, na RDC nº 41, de 26 de fevereiro
Classificação dos medicamentos específicos de2003, ou suas atualizações;
conforme o art. 5 da RDC nº 24 de 14/06/2010:
XI - medicamentos à base de vitaminas e/ou
I-Soluções para irrigação, diálise, enemas e minerais de uso tópico ou injetável;
expansores plasmáticos;
XII - medicamentos à base de vitaminas e/
II-Concentrados Polieletrolíticos para ou minerais e/ou aminoácidos e/ou proteínas
Hemodiálise (CPHD); isolados ou associados entre si, para uso oral,

31
Assuntos Regulatórios

com pelo menos um dos componentes acima dos III - hemoderivados;


limites nutricionais estabelecidos pela IDR; IV - biomedicamentos classificados em:
a) medicamentos obtidos a partir de fluidos
XIII - medicamentos à base de derivados
biológicos ou de tecidos de origem animal; e
vegetais associados a vitaminas e/ou minerais e/
b) medicamentos obtidos por procedimentos
ou aminoácidos e/ou proteínas e/ou fitofármaco;
biotecnológicos.

XIV - medicamentos de uso tópico à base V - anticorpos monoclonais;

de Cânfora, com exceção daqueles previstos VI - medicamentos contendo microorganismos vivos,

na Notificação Simplificada de Medicamentos, atenuados ou mortos.

conforme RDC nº 199 26/10/ 2006.


10.3.2. Pré Requisitos para o registro de
No processo de registro destes produtos deverão ser medicamentos com base nas substâncias ativas
consideradas: RDC ANVISA 24/10, Portaria SVS/MS nº
500/ 1997, RDC ANVISA nº 29/2007, RDC ANVISA nº Para efeito de registro na ANVISA deveremos considerar

9/2001, RDC ANVISA nº 8/2001. também se o produto farmacêutico é novo, similar ou


genérico e se contém substâncias sob regime especial de

»» Medicamento Biológico controle, dentro das seguintes categorias:

É o medicamento que contém molécula com atividade Medicamento a base de Entorpecente: Substância
biológica conhecida, já registrada ou não no Brasil e que que pode determinar dependência física ou psíquica
tenha passado por todas as etapas de fabricação. Conforme relacionada, como tal, nas listas aprovadas pela Convenção
a RDC ANVISA 55/2010, existem duas categorias de Única sobre Entorpecentes, reproduzidas nos anexos deste
produtos biológicos e biotecnológicos no Brasil, os produtos Regulamento Técnico.
inovadores são denominados produtos biológicos novos
e as cópias denominadas produtos biológicos. Medicamento a base de Psicotrópico: Substância
que pode determinar dependência física ou psíquica e
Os produtos biológicos novos devem ser registrados relacionada, como tal, nas listas aprovadas pela Convenção
pela via regulatória clássica, com apresentação de sobre Substâncias Psicotrópicas, reproduzidas nos anexos
dossiê completo, contendo todos os dados de produção, deste Regulamento Técnico.
controle de qualidade e dados não clínicos e clínicos
(Fases, I, II e III) completos. Nesses casos deveremos considerar, ainda, as
seguintes normativas:
Para os produtos biológicos, ou seja, os produtos
não inovadores, existem duas vias regulatórias
Resolução RDC nº 137 de 29 de maio de 2003:
possíveis para registro: a via de desenvolvimento
Autoriza, apenas, o registro/renovação de registro
por comparabilidade e a via de desenvolvimento
de medicamentos pertencentes às classes/princípios
individual. Nestas duas vias é possível apresentar um
ativos, só se as bulas e embalagens contiverem a
dossiê de registro com informações reduzidas.
advertência pertinente.

São considerados produtos biológicos conforme a RDC


ANVISA 55, de 16 de dezembro de 2010, art.4 incisos e alíneas: Portaria nº 6 de 29 de janeiro de 1999: Aprova a
Instrução Normativa da Portaria SVS/MS nº 344 de 12 de
I - vacinas; maio de 1998 que instituiu o Regulamento Técnico das
II - soros hiperimunes; substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.

32
Assuntos Regulatórios

Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998: Aprova o »» Quando aplicável, o dossiê que compõe o protocolo de
Regulamento Técnico sobre Substâncias e Medicamentos registro de produto junto a ANVISA deve comprovar,
Sujeitos a Controle Especial. no mínimo, o depósito de marca comercial junto ao
INPI, sendo que ainda o técnico responsável pela
No processo de registro de medicamento devemos análise irá opinar a respeito da marca, no que diz
ainda destacar os seguintes aspectos: respeito à indução a auto-medicação, igualdade em
relação ao princípio ativo e confusão de nomes;
»» Para genéricos e similares: Equivalência Farmacêutica
»» O MS publicou a RDCANVISA 45/08, que
e Bioequivalência testes devem ser realizados em
regulamenta os procedimentos administrativos da
laboratórios credenciados pela ANVISA (REBLAS-
prévia anuência. Com esta iniciativa, a ANVISA
com custo aproximado de R$100-200.000,00);
pretende garantir a publicidade, transparência e
»» Período para aprovação de pelo menos 12 meses, maior agilidade de seus atos no que diz respeito ao
os genéricos podem ser aprovados mais rápido se cumprimento do artigo 229-C, da Lei 9.279/96.
listados na lista de prioridades da ANVISA; drogas
específicas são analisadas mais rápido, com acesso
Tipo de produto Resolução RDC
a informar no site;
Medicamento Novo nº 136/2003
»» Medicamento Similar, Fitoterápico, Dinamizado, Medicamento Similar nº17/2007
Específico, Notificado, Inovador levam a marca Medicamento genérico nº 16/2007
comercial; Medicamento Dinamizado nº 26/2010

»» Quando aplicável, o dossiê que compõe o protocolo nº 199/2006 e


Medicamento Notificação simplificada
nº 10/2010
de registro de registro de produto junto a ANVISA
Medicamento Fitoterápico nº 14/2010
deve comprovar, no mínimo, o depósito de marca Medicamento Especifico nº 24/2010
comercial junto ao INPI, sendo que ainda o técnico Medicamento Biológico nº 55/2010
responsável pela análise irá opinar a respeito Tabela 1 Classe do medicamento norma regulatória para o registro

da marca, no que diz respeito à indução a auto-


medicação, igualdade em relação ao princípio ativo 10.4. Avaliação do processo de registro
e a nomenclatura confusa; pela ANVISA
»» Marca é um sinal ou símbolo visualmente perceptível
que tanto pode ser uma denominação, uma figura, Os medicamentos são registrados na Gerência-Geral
logotipo ou emblema ou uma combinação desses de Medicamentos (GGMED) da ANVISA. Esta gerência
elementos; inclui várias Coordenações que têm dentre suas atribuições,
o registro de medicamentos, a avaliação de alterações e
»» As marcas são utilizadas para distinguir produtos e
inclusões pós-registro e a renovação. O processo de registro
serviços de diferentes empresas ou para relacionar
dos novos medicamentos, as renovações por vencimento
um produto e serviço à respectiva empresa;
ou por alterações são protocolados em diferentes partes
»» O registro da marca tem por objetivo assegurar que
da GGMED , de acordo com a sua categoria.
não sejam infringidos os direitos de uso de marcas
por terceiros; para impedir que terceiros façam uso
O setor farmacêutico é formado por uma cadeia
de marcas iguais ou semelhantes e para garantir o
de serviços interdependentes, que determinam a
direito de licença da marca;
trajetória dos medicamentos, desde sua produção até a
»» As marcas são regulamentação pela Lei nº 9.279 dispensação para a população. Assim são interligados os
de 14/05/1996, que regula direitos e obrigações seguintes setores: indústria, distribuição, transporte e a
relativos à propriedade industrial; dispensação. Pela importância dessa a cadeia o Ministério

33
Assuntos Regulatórios

da Saúde - ANVISA tem regras muito bem estabelecidas 10/2/1999 e com nova redação dada pela Medida
cujo cumprimento e obrigatório. Provisória nº 2.190-34, de 23/8/2001)
»» É obrigatória a aprovação, pelo Ministério da Saúde,
A indústria farmacêutica para colocar medicamentos no dos equipamentos e utensílios elaborados ou
mercado com qualidade deve fiscalizar o cumprindo dos revestidos internamente com substâncias que, em
preceitos legais e deve possuir uma equipe de técnicos contato com o produto, possam alterar seus efeitos
capacitados e conhecedores da legislação sanitária e dos ou produzir dano à saúde. Não será autorizado
novos conceitos regulatórios introduzidos pela ANVISA. o emprego de embalagem destinada a conter ou
acondicionar medicamentos capaz de causar direta
ou indiretamente efeitos nocivos à saúde.

As embalagens, os rótulos, as bulas, os impressos,


as etiquetas, os dizeres de materiais impressos conterão
obrigatoriamente:

»» o nomes do produto;
»» o nome do fabricante;
Figura 3- Organograma da GGM
Fonte ANVISA http://www.anvisa.gov.br/institucional/anvisa/estrutura/ »» os dados do estabelecimento de produção e o
ggmed.htm Acesso em abril de 2012 endereço deste;
»» o número do registro do medicamento precedido da
11. REGULAMENTAÇÃO SOBRE A sigla do órgão de vigilância sanitária competente do
ROTULAGEM E EMBALAGEM DOS Ministério da Saúde;
PRODUTOS FARMACÊUTICOS »» o número do lote ou partida com a data de
fabricação;
As normas específicas para a rotulagem de »» o peso, volume líquido ou quantidade de unidades,
medicamentos são estabelecidas pela Agência Nacional conforme o caso;
de Vigilância Sanitária dispondo que sobre os rótulos »» a finalidade, uso e aplicação;
das embalagens dos medicamentos. Os requisitos »» o modo de preparar, quando for o caso;
para rotulagem de medicamentos estão descritos na »» as precauções, os cuidados especiais, e os
Lei 6360/76 no art. 57 e art. 60 e regulamentados esclarecimentos sobre o risco decorrente de seu
no Decreto nº 79.094/77 no art. 94, § 1º e na RDC manuseio, quando for o caso;
ANVISA n° 71 ,de 22 de dezembro de 2009. »» o nome do responsável técnico, número de inscrição
e sigla da respectiva autarquia profissional;
11.1. Considerações sobre a rotulagem: »» a bula que é documento legal sanitário que contém
informações técnico-científicas e orientadoras sobre
» » As embalagens e os materiais promocionais os medicamentos para o seu uso racional.
ds medicamentos deverão obrigatoriamente
exibir além do nome comercial ou marca e Quanto à embalagem os medicamentos podem
a Denominação Comum Brasileira(DCB) ou, estar acondicionados em:
quando for o caso, a Denominação Comum
Internacional(DCI), em letras e caracteres com »» embalagem múltipla: embalagem secundária
tamanho nunca inferior à metade do tamanho das de medicamentos de venda sem exigência de
letras e caracteres do nome comercial ou marca. prescrição médica dispensados exclusivamente nas
(Parágrafo único acrescido pela Lei nº 9.787, de embalagens primárias;

34
Assuntos Regulatórios

»» embalagem primária: embalagem que mantém »» a indicação do medicamento, conforme disposto


contato direto com o medicamento; para o princípio ativo e classe terapêutica em norma
»» embalagem secundária: embalagem externa do específica; e,
produto, que está em contato com a embalagem
»» as contra-indicações de uso do medicamento. (art.
primária ou envoltório intermediário, podendo
29 da RDC ANVISA 71/09)
conter uma ou mais embalagens primárias.

As especialidades farmacêuticas sem tarja vermelha na


11.2. Considerações sobre a embalagem: embalagem primária e secundária são isentos de prescrição
médica. Também são denominados medicamento de
Dos medicamentos de venda sob prescrição médica
venda livre (OTC- over-the-counter-sobre o balcão ou MIP-
medicamentos isentos de prescrição).
Os rótulos das embalagens secundárias dos
medicamentos com venda sob prescrição médica devem
São considerados ainda os seguintes requisitos nas
possuir faixa vermelha, em toda a sua extensão, no seu
embalagens e rótulos dos medicamentos
terço médio inferior e com largura não inferior a um quinto
da maior face. ( art. 25 da RDC ANVISA 71/09 ), Estes »» os rótulos das embalagens secundárias dos
medicamentos são classificados em: medicamentos controlados pela Portaria SVS/
MS 344/98 devem possuir uma faixa em toda sua
»» medicamentos com tarja vermelha na embalagem extensão, no seu terço médio inferior e na cor
secundária sem retenção da receita médica; vermelha ou preta, conforme a lista à qual pertence;
(art. 31 da RDC ANVISA 71/09)
»» medicamentos com tarja vermelha na embalagem
secundaria com retenção da receita médica; (sob »» para os medicamentos genéricos, deve ser adotada
regime especial de controle da Portaria SVS/MS para sua identificação, a denominação genérica de
344/98, medicamentos que contenham substâncias cada princípio ativo, em letras minúsculas, utilizando
classificadas com antimicrobianos descritos na a Denominação Comum Brasileira (DCB), sendo
RDCANVISA 20/11) expressamente proibido o uso de nome; (art. 41 da
RDC ANVISA 71/09)
»» medicamentos com tarja preta na embalagem
secundária com retenção da receita médica (sob »» os rótulos das embalagens dos medicamentos
regime especial de controle da Portaria SVS/MS dinamizados devem conter a frase, conforme
344/98). a categoria do medicamento, em negrito:
“Medicamento Homeopático”, “Medicamento
Dos medicamentos de venda sem exigência de Antroposófico” ou “Medicamento Anti-homotóxico;
prescrição médica (art. 51 da RDC ANVISA 71/09)

»» os rótulos das embalagens de medicamentos


Os rótulos das embalagens primária e secundária dos
fitoterápicos devem conter a frase “MEDICAMENTO
medicamentos com venda sem exigência de prescrição
FITOTERÁPICO”, em caixa alta e com tamanho
médica, além das informações mínimas exigidas nesta
mínimo de 30% da altura da altura do maior
Resolução, devem conter:
caractere do nome comercial; (art. 52 da RDC
ANVISA 71/09)
»» a frase, em negrito: “Siga corretamente o modo
de usar, não desaparecendo os sintomas procure »» os rótulos das embalagens dos medicamentos com
orientação médica”; destinação institucional e dedicados ao Ministério

35
Assuntos Regulatórios

da Saúde para distribuição através de programas Na legislação sanitária a propaganda de medicamentos


de saúde pública devem obedecer à identificação é regulamentada nos artigos 58 da Lei 6360/76 e 117,118
padronizada e descrita no Manual de Identificação e 119 do Decreto 79094/77:
Visual para Embalagens de Medicamentos. (art. 1º
da RDC Nº 21/12) »» a propaganda, sob qualquer forma de divulgação
e meio de comunicação, somente poderá ser
12. REGULAMENTAÇÃO SOBRE A promovida após autorização do Ministério da Saúde;
PROPAGANDA E PUBLICIDADE DOS
PRODUTOS FARMACÊUTICOS »» com relação ao medicamento com a exigência de
venda sujeita a receita médica ou odontológica,
a propaganda ficará restrita a publicações que se
Conforme estabelece a OMS o controle da propaganda
destinem exclusivamente à distribuição a médicos,
de medicamentos deve ser realizado com base em
cirurgiões-dentistas e farmacêuticos;
princípios legais e éticos:

»» a propaganda dos medicamentos de venda livre


»» “os anúncios devem contribuir para que a população (MIP/OTC) é regulada pela RDCANVISA 96/2008 e
possa tomar decisões racionais sobre a utilização de RDC ANVISA 60/2009;
medicamentos que estejam legalmente disponíveis
sem receita. Ainda que se tenha em conta o desejo »» ficam sujeitas à ação de vigilância a propaganda
legítimo dos cidadãos de obter informações de dos produtos e das marcas, por qualquer meio
interesse para a sua saúde, os anúncios não devem de comunicação, a publicidade, a rotulagem e
aproveitar indevidamente a preocupação das etiquetagem;
pessoas a este respeito”. (Critérios Éticos para a
»» os dizeres de rotulagem, das bulas, etiquetas,
Promoção de Medicamentos Organização Mundial
prospectos ou quaisquer modalidades de impressos
de Saúde -1985)
referentes aos produtos serão elaborados de forma
a facilitar o entendimento do consumidor;
No Brasil a publicidade e propaganda de medicamentos
são tratadas na Constituição Brasileira de 1988: »» Somente é permitida a propaganda ou publicidade
de medicamentos regularizados na Anvisa;
“Art. 220, §3º, inciso II: Estabelecer
os meios legais que garantam à pessoa e à »» A propaganda ou publicidade deve ser procedente

família a possibilidade de se defenderem de empresas regularizadas perante o órgão sanitário

de programas ou programações de rádio e competente, quando assim a legislação o exigir,

televisão que contrariem o disposto no art. ainda que a peça publicitária esteja de acordo com

221, bem como da propaganda de produtos, este Regulamento;

práticas e serviços que possam ser nocivos à


»» Todas as alegações presentes na peça publicitária
saúde e ao meio ambiente.
referentes à ação do medicamento, indicações,
posologia, modo de usar, reações adversas, eficácia,
§4º: A propaganda comercial de tabaco, segurança, qualidade e demais características
bebidas alcoólicas , agrotóxicos, medicamentos do medicamento devem ser compatíveis com as
e terapias estará sujeita a restrições legais, informações registradas na ANVISA;
nos termos do inciso II do parágrafo anterior,
e conterá, sempre que necessário, advertência »» Não é permitida a propaganda ou publicidade
sobre os malefícios decorrentes de seu uso.” enganosa, abusiva e/ou indireta.

36
Assuntos Regulatórios

»» Fica vedado utilizar técnicas de comunicação A propaganda de medicamentos além dos dispositivos
que permitam a veiculação de imagem e/ou legais acima descritos, também esta regulamentada pelas
menção de qualquer substância ativa ou marca resoluções da ANVISA:
de medicamentos, de forma não declaradamente
publicitária, de maneira direta ou indireta, em RDC ANVISA Nº 96 de 17 de Dezembro de 2008,
espaços editoriais na televisão; contexto cênico de que dispõe Dispõe sobre a propaganda, publicidade,
telenovelas; espetáculos teatrais; filmes; mensagens informação e outras práticas cujo objetivo seja a divulgação
ou programas radiofônicos; entre outros tipos de ou promoção comercial de medicamentos;
mídia eletrônica ou impressa.
RDC ANVISA nº 60 de 26 de novembro de 2009,que
Importante: Dispõe sobre a produção, dispensação e controle de
amostras grátis de medicamentos e dá outras providências.
Em 2004 a Anvisa através da Portaria n.º 123,de 9
de fevereiro de 2004, cria a gerência de monitoramento 13. AS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO
e fiscalização de propaganda, de publicidade, de PARA MEDICAMENTOS(BPF)
promoção e de informação de produtos sujeitos à
O objetivo principal das Boas Práticas de
vigilância sanitária – GPROP.
Fabricação (BPF) é aperfeiçoar a aplicação das leis
O objetivo é coibir a disseminação de informações de forma a contribuir para que os medicamentos

enganosas e abusivas que possam colocar em disponibilizados aos usuários sejam seguros e
eficazes. Objetiva, também alcançar a qualidade em
risco a saúde da população, além de promover a
todo o processo de fabricação.
conscientização dos cidadãos e dos profissionais de
saúde em relação ao uso racional dos produtos sujeitos
“As BPF são um conjunto de
à vigilância sanitária. normas mínimas para a fabricação
de medicamentos. Esta norma tem
por objetivo enunciar os padrões
vigentes que devem ser observados
pela indústria, para a fabricação
de medicamentos, os quais devem
satisfazer critérios de qualidade
estabelecidos”. (OPAS)

Importante:

As BPF são institucionalizadas internacionalmente,

são de observância obrigatória na fabricação dos

medicamentos descrevendo também os níveis de

responsabilidade governamental, do fabricante, do

distribuidor e do dispensador na sua aplicação.


Figura 4 - Fonte: www.anvisa.gov.br/propaganda/apresenta_projeto_
monitora.pdf Acesso em 04/2012

37
Assuntos Regulatórios

»» que sejam fornecidos todos os recursos necessários,


13.1. Marcos regulatórios referentes às
incluindo:
BPF no Brasil
»» pessoal qualificado e devidamente treinado;
13.1.1. Marcos Regulatórios: »» instalações e espaço adequados e identifica-
dos;
Portaria SVS/MS nº 16/1995, de 6 de março de »» equipamentos, sistemas computadorizados e
1995: Institui que todos estabelecimentos produtores de serviços adequados;
medicamentos devem cumprir as diretrizes estabelecidas »» materiais, recipientes e rótulos apropriados;
na Resoluções WHO 28.65 e revisão de 1992, bem como o »» procedimentos e instruções aprovados e vi-
roteiro de inspeção harmonizado para o Mercosul; gentes;
»» armazenamento e transporte adequados;
RDC ANVISA nº 134, de 13 de Julho de 2001: Institui a »» instalações, equipamentos e pessoal qualifi-
todos os estabelecimentos fabricantes de medicamentos o cado para controle em processo.
cumprimento das diretrizes estabelecidas no Regulamento
»» as instruções e os procedimentos devam ser escritos
Técnico das Boas Práticas de Fabricação para a Fabricação
em linguagem clara, inequívoca e serem aplicáveis
de Medicamentos, presente nesta Resolução;
de forma específica às instalações utilizadas;

RDC ANVISA nº 210, de 04 de Agosto de 2003: Institui »» os funcionários devam ser treinados para
a todos os estabelecimentos fabricantes de medicamentos desempenharem corretamente os procedimentos;
o cumprimento da diretrizes estabelecidas no Regulamento
»» devam ser feitos registros (manualmente e/ou
Técnico das Boas Práticas de Fabricação para a Fabricação
por meio de instrumentos de registro) durante a
de Medicamentos;
produção para demonstrar que todas as etapas
constantes nos procedimentos e instruções foram
RDC ANVISA nº 17, de 16 de Abril de 2010: seguidas e que a quantidade e a qualidade do
Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de produto obtido estejam em conformidade com o
Medicamentos, em vigor. esperado. Quaisquer desvios significativos devem
ser registrados e investigados;
13.1.2 Principais requisitos das BPF
»» os registros referentes à fabricação e distribuição,
que possibilitam o rastreamento completo de um
São requisitos para implementação BPF, conforme RDC
lote, sejam arquivados de maneira organizada e de
ANVISA 17/10:
fácil acesso;

» » que todos os processos de fabricação devam »» o armazenamento seja adequado e a distribuição dos
ser claramente definidos e sistematicamente produtos minimize qualquer risco à sua qualidade;
revisados em função da experiência adquirida.
»» esteja implantado um sistema capaz de recolher
Além disso, devem ser capazes de fabricar
qualquer lote, após sua comercialização ou
medicamentos dentro dos padrões de
distribuição;
qualidade exigidos, atendendo às respectivas
especificações; »» as reclamações sobre produtos comercializados
devam ser examinadas, registradas e as causas
»» que sejam realizadas as qualificações e validações dos desvios da qualidade, investigadas e
necessárias; documentadas, e ;

38
Assuntos Regulatórios

»» Devem ser tomadas medidas com relação aos »» os estudos de validação são uma parte essencial
produtos com desvio da qualidade e adotadas as das BPF e devem ser conduzidos de acordo com
providências no sentido de prevenir reincidências. protocolos pré-definidos e aprovados;

»» os estudos de validação são uma parte essencial


São ferramentas para implementação da BPF
das BPF e devem ser conduzidos de acordo com
conforme estabelece a normativa:
protocolos pré-definidos e aprovados.

“qualificação: conjunto de ações realizadas para 14. A REGULAÇÃO DO CONTROLE E


atestar e documentar que quaisquer instalações,
DA GARANTIA DE QUALIDADE DOS
sistemas e equipamentos estão propriamente instalados
e/ou funcionam corretamente e levam aos resultados
MEDICAMENTOS PRODUZIDOS
esperados. A qualificação é frequentemente uma parte da
NO BRASIL
validação, mas as etapas individuais de qualificação não O governo é responsável por estabelecer e aperfeiçoar
constituem, sozinhas, uma validação de processo;” ( RDC os mecanismos destinados a garantir ao consumidor
ANVISA17/10, art.5º, inciso LII) a qualidade dos medicamentos, tendo em conta a
identidade, atividade, pureza, eficácia e inocuidade dos
“validação: ato documentado que atesta que produtos abrangendo as especificações de qualidade e a
qualquer procedimento, processo, equipamento, material, fiscalização da produção.
atividade ou sistema realmente e consistentemente leva
aos resultados esperados;” ( RDC ANVISA17/10, art.5º, Um dos mecanismos se faz através da regulamentação
inciso LXVII) utilizando os instrumentos como as leis e decretos
e resoluções normalizadoras. As bases para exercer
Sobre a validação e qualificação é importante o controle da produção dos medicamentos estão
saber que: estabelecidas na Lei 6360/76 (art. 75 ao 79), no Decreto
79094/77 (art. 130 ao 135).
»» a empresa deve identificar quais os trabalhos
de qualificação e validação são necessários para A RDC Nº 17, de 16 de Abril de 2010, que dispõe sobre
comprovar que todos os aspectos críticos de as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos é o
operação estejam sob controle; regulamento técnico da ANVISA vigente no Brasil.

»» os elementos chave de um programa de qualificação O objetivo principal das Boas Práticas de Fabricação
e validação de uma empresa devem ser claramente (BPF) é alcançar a qualidade em todo o processo de
definidos e documentados em um plano mestre de fabricação, já que a mesma não pode ser verificada
validação; antes da utilização do produto. Deve garantir um
produto que deve ser adequado ao propósito a que se
»» qualquer aspecto da operação, incluindo mudanças
destina, já que está relacionado à saúde das pessoas
significativas nas instalações, local, sistemas
com risco sanitário elevado.
computadorizados, equipamentos ou processos,
que possa afetar a qualidade do produto, direta ou As BPF devem assegurar que todos os produtos
indiretamente, deve ser qualificado e/ou validado; farmacêuticos sejam eficazes, que contenham a
quantidade de princípio ativo declarado, que tenham a
»» os processos de qualificação e validação devem ser
ação terapêutica esperada. Devem garantir, ainda, que
monitorados continuamente;
os mesmos sejam seguros: na dosagem e utilização
»» a responsabilidade pela realização da validação corretas; que tenham o mínimo aceitável de efeitos
deve ser claramente definida; secundários indesejáveis.

39
Assuntos Regulatórios

O sistema de garantia da qualidade apropriado à


14.1. Aspectos Legais
fabricação de medicamentos deve assegurar que:

No Gerenciamento da Qualidade estabelecido


“I - os medicamentos sejam planejados e desenvolvidos
na RDC Nº 17/10( art.Art. 6° ao 12) devem ser
de forma que sejam consideradas as exigências de BPF
observados seguintes requisitos, dentre outros:
e outros requisitos, tais como os de boas práticas de
O gerenciamento da qualidade determina a laboratório (BPL) e boas práticas clínicas (BPC);
implementação da “Política da Qualidade”, ou seja, as
II - as operações de produção e controle sejam
intenções e diretrizes globais relativas à qualidade,
claramente especificadas em documento formalmente
formalmente expressas e autorizadas pela administração
aprovado e as exigências de BPF cumpridas;
superior da empresa.

III - as responsabilidades de gestão sejam claramente


Nos elementos básicos do gerenciamento da
especificadas nas descrições dos cargos;
qualidade devem considerar se:

IV - sejam tomadas providências para a fabricação,


»» infraestrutura apropriada ou “sistema de qualidade”,
distribuição e uso correto de matérias-primas e materiais
englobando instalações, procedimentos, processos
de embalagem;
e recursos organizacionais;

»» ações sistemáticas necessárias para assegurar com V - sejam realizados todos os controles necessários
confiança adequada que um produto (ou serviço) nas matérias- primas, produtos intermediários e produtos
cumpre seus requisitos de qualidade. A totalidade a granel, bem como outros controles em processo,
dessas ações é chamada de “garantia da qualidade”; calibrações e validações;

»» Dentro de uma organização, a garantia da qualidade VI - o produto terminado seja corretamente processado
é utilizada como ferramenta de gerenciamento. e conferido em consonância com os procedimentos
Em situações contratuais, a garantia da qualidade definidos;
também serve para gerar confiança em seus
fornecedores. VII - os medicamentos não sejam comercializados
ou distribuídos antes que os responsáveis tenham se
Os conceitos de garantia da qualidade, BPF e controle
certificado de que cada lote de produção tenha sido
de qualidade estão inter-relacionados e contemplados
produzido e controlado de acordo com os requisitos do
no gerenciamento da qualidade. Eles estão descritos na
registro e quaisquer outras normas relevantes à produção,
RDCANVISA 17/10 de forma que sejam enfatizadas as suas
ao controle e à liberação de medicamentos;
relações e sua importância para a fabricação de medicamentos.

VIII - sejam fornecidas instruções e tomadas


Conforme a norma a “Garantia da qualidade” é
as providências necessárias para garantir que os
um conceito muito amplo e deve cobrir todos os
medicamentos sejam armazenados pelo fabricante,
aspectos que influenciam individual ou coletivamente
a qualidade de um produto. Abrange a totalidade das distribuídos e subseqüentemente manuseados, de forma
providências adotadas com o objetivo de garantir que que a qualidade seja mantida por todo o prazo de validade;
os medicamentos estejam dentro dos padrões de
qualidade exigidos, para que possam ser utilizados IX - haja um procedimento de auto-inspeção
para os fins propostos. A Garantia da Qualidade e/ ou auditoria interna de qualidade que avalie
incorpora as BPF e outros fatores, incluindo o projeto e
regularmente a efetividade e aplicabilidade do
o desenvolvimento de um produto.
sistema de garantia da qualidade;

40
Assuntos Regulatórios

X - os desvios sejam relatados, investigados e distribuição, armazenamento e venda, e os veículos


registrados; destinados ao transporte dos produtos. A avaliação será
realizada com base no risco sanitário desses produtos.
XI - haja um sistema de controle de mudanças; e
As vistorias da Vigilância Sanitária são realizadas com
XII - sejam conduzidas avaliações regulares da
os seguintes objetivos:
qualidade de medicamentos, com objetivo de verificar
a consistência do processo e assegurar sua melhoria
»» Concessão de AFE;
contínua.”(RDC ANVISA 17/10 art. 11)
»» Rotina / periódica;
»» Certificação;
O fabricante é responsável pela qualidade dos
»» Investigação.
medicamentos por ele fabricados, assegurando que sejam
adequados aos fins a que se destinam, cumpram com os
requisitos estabelecidos em seu registro e não coloquem
15.1 Níveis de Competência
os pacientes em risco por apresentarem segurança,
A competência Federal
qualidade ou eficácia inadequada.

A ação fiscalizadora é da competência será do órgão


O cumprimento deste objetivo é de responsabilidade da
federal de saúde nos seguintes casos:
administração superior da empresa e exige a participação
e o compromisso dos funcionários em todos os níveis
»» quando o produto estiver em trânsito de uma para
da organização, das indústrias, fornecedores e dos
outra unidade federativa, em estrada, via fluvial,
distribuidores. Para que o objetivo seja atingido de forma
lacustre, marítima ou aérea, sob controle de órgãos
confiável, deve haver um sistema da Garantia da Qualidade
federais;
totalmente estruturado e corretamente implementado,
»» quando se tratar de produto importado ou
que incorpore as BPF.
exportado;
»» quando se tratar de colheitas de amostras para
O sistema da Garantia da Qualidade deve estar
análise de controle prévia e fiscal;
totalmente documentado e ter sua efetividade
monitorada. Todas as partes do sistema de Garantia
A competência Estadual
da Qualidade devem contar com pessoal competente
e habilitado, além de possuir espaço, equipamentos e
»» quando se tratar de produto industrializado ou
instalações suficientes e adequadas.
entregue ao consumo na área de jurisdição
respectiva;
15. A FISCALIZAÇÃO DA CADEIA DE »» quanto aos estabelecimentos, instalações e
PRODUTOS FARMACÊUTICOS equipamentos industriais ou de comércio;
»» quanto aos transportes nas estradas e vias fluviais
As atividades de fiscalização e a monitorização da ou lacustres, de sua área jurisdicional;
produção de medicamentos, o seu transporte, a distribuição »» quando se tratar de colheita de amostras para
e a dispensação são de competência do governo federal. análise fiscal.
Essas prerrogativas são compartilhadas pelos estados e
municípios dentro da capacidade operacional dessas esferas A municipalização da Vigilância Sanitária, como uma
do governo. Esta ação de vigilância sanitária abrangerá etapa do processo da descentralização das ações de saúde
todo e qualquer produto inclusive os dispensados de previsto pela Lei 8080/1990, representa a concretização da
registro, os correlatos, os estabelecimentos de fabricação, municipalização da saúde, e constitui subsidio importante

41
Assuntos Regulatórios

para o planejamento, gerenciamento e qualidade dos ou processo natural. No campo da Vigilância Sanitária, os
serviços de assistência médica, para garantia da saúde fatores de risco são entendidos como os componentes
ambiental e ocupacional e para o controle de qualidade críticos dos acontecimentos, fatos, ou coisas que colocam
dos produtos e serviços de saúde e da vida da população, ou possam vir a colocar em risco a saúde dos indivíduos e
em conformidade com a realidade regional. Esse aspecto da coletividade.
do processo é favorável.
Estes fatores de risco geram aumento da demanda nos
Contudo o processo municipalização da Vigilância
serviços de atendimento a saúde, podendo gerar mortes,
Sanitária enfrenta dificuldades que são comuns para
sofrimento, baixa produtividade e prejuízos econômicos.
muitos municípios brasileiros , tais como:

»» Falta de infraestrutura física e de recursos humanos O estado tem por dever a proteção e a promoção da

qualificados para desenvolver as ações; saúde, compete a ele a função de impedir e regular as

»» As ações atendem as demandas pontuais, a demanda atividades de particulares que possam significar riscos

supera a capacidade de concretizar as ações; para a saúde publica. O poder público deve zelar

»» A maioria das ações de média complexidade é pelos interesses coletivos, ainda que isso implique na

realizada pelo Estado; restrição de direito e liberdades individuais. Essa atribuição

»» Interferência políticas nas ações pelos gestores do estado se realiza através da Vigilância Sanitária que

municipais. tem poder de regulamentação e poder de policia.

Esses problemas interferem na qualidade do serviço “Considera-se poder de polícia a atividade


prestados pelos órgãos reguladores e fiscalizadores afetam da Administração Pública que, limitando ou
a análise dos processos e a liberação das empresas para disciplinando direito, interesse ou liberdade,
o exercício das atividades e/ou para a disponibilização dos regula a prática de ato ou abstenção de fato,
produtos no mercado. em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes,
Importante:
à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes
A competência poderá ser delegada, mediante
de concessão ou autorização do Poder Público, à
convênio, reciprocamente, pela União, pelos Estados
e pelo Distrito Federal, ressalvadas as hipóteses de tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
poderes indelegáveis, expressamente previstas em lei. e aos direitos individuais ou coletivos.” (Lei
5.172/66,art. 78)
A regulamentação, o controle e a fiscalização de
produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública O poder de polícia pode ser definido como a ação
são incumbências da Agência.
que restringe e condiciona as atividades particulares,
individuais em nome da proteção do interesse coletivo. Isso
As ações fiscais são realizadas pela Vigilâncias Sanitárias significa que o Estado pode punir quem desrespeita
das três esferas do governo e tem por finalidade avaliar o as normas estabelecidas pela Vigilância Sanitária
risco sanitário dos produtos com base no instrumentos em nome da proteção da saúde da população.
legais, no caso da industria farmacêutica um deles é a
RDCANVISA 17/10. Os profissionais das equipes de Vigilância Sanitária
e Epidemiológica investidos das suas funções
O conceito de risco diz respeito à probabilidade de fiscalizadoras serão competentes para fazer cumprir
acontecer um efeito adverso por um agente (químico, as leis e regulamentos sanitários, expedindo termos,
físico,biológico, ou outro), processo industrial, tecnologia autos de infração e de imposição de penalidades,

42
Assuntos Regulatórios

referentes à prevenção e controle de tudo quanto indicações e/ou ações terapêuticas, anestésicos
possa comprometer a saúde. ou auxiliares de diagnóstico, ou capazes de criar
dependência física ou psíquica.” (Resolução CFF
Em todo processo fiscalizatório correspondente a 539/10,art. 3º)
uma auditoria de certificação de boas práticas, inspeção
de rotina, apuração de denúncia, onde for constatado Nenhuma autoridade sanitária poderá exercer as
o descumprimento de preceito legal a autoridade atribuições do seu cargo sem exibir a credencial de
sanitária procederá à lavratura do auto de imposição de identificação fiscal, devidamente autenticada, fornecida
penalidade, sob pena de responsabilidade administrativa. pela autoridade competente.

As penalidades serão aplicadas pelas autoridades A relação das Autoridades sanitárias nas três esferas do
sanitárias competentes do Ministério da Saúde, dos Estados, governo deve ser publicada semestralmente pelas autoridades
do Distrito Federal e dos Territórios, conforme as atribuições competentes, para fins de divulgação e conhecimento pelos
que lhes sejam conferidas pelas legislações respectivas ou interessados, ou em menor prazo, a critério da autoridade
por delegação de competência através de convênios. sanitária competente e por ocasião de exclusão e inclusão
dos membros da equipe de vigilância sanitária.
As autoridades sanitárias, observados os preceitos
constitucionais, terão livre acesso a todos os locais sujeitos 15.2. Instrumentos de Fiscalização
à legislação sanitária, a qualquer dia e hora, sendo as
empresas, por seus dirigentes ou prepostos, obrigadas a Aparato legal:
prestar os esclarecimentos necessários referentes
ao desempenho de suas atribuições legais e a exibir, »» Lei 6360/76 e Decreto 79094/77
quando exigido, quaisquer documentos que digam »» Lei 6437 /77
respeito ao fiel cumprimento das normas legais. »» RDC ANVISA 17/10
»» RDC ANVISA 47/11
Nas inspeções realizadas nas empresas onde são
desenvolvidas atividades privativas do âmbito farmacêutico A Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977:
é necessário que o farmacêutico componha o grupo
técnico multiprofissional de vigilância sanitária, conforme Descreve as infrações à legislação sanitária federal e
o estabelecido na norma do CFF: estabelece as respectivas sanções e penalidades.

“A fiscalização profissional sanitária e técnica “As infrações sanitárias serão punidas, alternativa ou
de empresas, estabelecimentos, setores, cumulativamente, com as penalidades de:
fórmulas, produtos, processos e métodos
farmacêuticos ou de natureza farmacêutica é I - advertência;
de responsabilidade privativa do farmacêutico, II - multa;
devendo-se manter supervisão direta, não
III - apreensão de produto;
se permitindo delegação.” (Resolução CFF
IV - inutilização de produto;
539/10,art. 2º)
V - interdição de produto;
VI - suspensão de vendas e/ou fabricação de produto;
“É privativa do farmacêutico a fiscalização
profissional, técnica e sanitária no tocante a: VII - cancelamento de registro de produto;
c) estabelecimentos industriais farmacêuticos VIII - interdição parcial ou total do estabelecimento;
em que se fabriquem produtos que tenham IX - proibição de propaganda;

43
Assuntos Regulatórios

X - cancelamento de autorização para funcionamento II - graves aquelas em que for verificada uma
de empresa; circunstância agravante;
XI - cancelamento do alvará de licenciamento de III - gravíssimas aquelas em que seja verificada a
estabelecimento.” (art. 2º da Lei 6437/77 ) existência de duas ou mais circunstâncias agravantes.”
(art. 3º da Lei 6437/77)
Para exemplificar os casos de aplicação das penalidades
acima segue levantamento realizado na ANVISA órgão
A inobservância da legislação sanitária no processo de
competente do Ministério da Saúde.
fabricação de medicamentos pode acarretar sanções para
Segundo os dados disponíveis na ANVISA demonstrados empresa, independentemente daquelas de natureza civil e
na figura 5 foram identificados 57 casos de recolhimento penal, destacando-se as seguintes:
de medicamentos conforme o tipo de procedimento.
“São infrações sanitárias:

I- construir, instalar ou fazer funcionar, em qualquer


parte do território nacional laboratórios de produção de
medicamentos, drogas, insumos, cosméticos, produtos
de higiene, dietéticos, correlatos, ou quaisquer outros
estabelecimentos que fabriquem alimentos, aditivos para
alimentos, bebidas, embalagens, saneantes e demais
produtos que interessem à saúde pública, sem registro,
licença e autorizações do órgão sanitário competente ou
Figura 5 - Fonte: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_
contrariando as normas legais pertinentes:
bioetica/article/viewPDFInterstitial/589/595

Segundo os dados disponíveis na ANVISA, considerando Pena - advertência, interdição, cancelamento de


o período de 21/3 a 31/10/2005, foram identificados 57 autorização e de licença, e/ou multa.
casos de recolhimento de medicamentos, dos quais seis
aconteceram por cancelamento de registro (10,5%), 22 por IV - extrair, produzir, fabricar, transformar, preparar,
manipular, purificar, fracionar, embalar ou reembalar,
iniciativa dos fabricantes (38,6%) e 29 por determinação
importar, exportar, armazenar, expedir, transportar, comprar,
da agência reguladora (50,9%), conforme a Figura 5.
vender, ceder ou usar alimentos, produtos alimentícios,
Dentre os 29 determinados pela ANVISA, foi possível medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos, produtos
identificar 20 casos que poderiam ter acontecido por dietéticos, de higiene, cosméticos, correlatos, embalagens,
iniciativa dos fabricantes, uma vez que os mesmos tinham saneantes, utensílios e aparelhos que interessem à saúde
conhecimento prévio do desvio na época da realização pública ou individual, sem registro, licença, ou autorizações
do estudo. Os seis casos de cancelamento de registro, do órgão sanitário competente ou contrariando o disposto
na legislação sanitária pertinente:
determinados pela ANVISA após inspeções e investigações,
ocorreram por problemas relacionados à segurança e Pena - advertência, apreensão e inutilização, interdição,
eficácia dos medicamentos. cancelamento do registro, e/ou multa.
Com relação às infrações sanitárias podemos
V - fazer propaganda de produtos sob vigilância
destacar na Lei 6437/77, no Art. 10:
sanitária, alimentos e outros, contrariando a
“As infrações sanitárias classificam-se em: legislação sanitária:

I - leves aquelas em que o infrator seja beneficiado por Pena - advertência, proibição de propaganda, suspensão
circunstância atenuante; de venda e/ou multa.

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Assuntos Regulatórios

X - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das XX - utilizar, na preparação de hormônios, órgãos


autoridades sanitárias competentes no exercício de de animais doentes, estafados ou emagrecidos ou que
suas funções: apresentem sinais de decomposição no momento de
serem manipulados:
Pena - advertência, interdição, cancelamento de licença
e autorização, e/ou multa. Pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição,
cancelamento do registro, da autorização e da licença, e/
XV - rotular alimentos e produtos alimentícios ou bebidas, ou multa.
bem como medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos,
produtos dietéticos, de higiene, cosméticos, perfumes, XXVIII - fraudar, falsificar ou adulterar alimentos,
correlatos, saneantes, de correção estética e quaisquer inclusive bebidas, medicamentos, drogas, insumos
outros, contrariando as normas legais e regulamentares: farmacêuticos, correlatos, cosméticos, produtos de
higiene, dietéticos, saneantes e quaisquer outros que
Pena - advertência, inutilização, interdição, e/ou multa. interessem à saúde pública:

XVI - Alterar o processo de fabricação dos produtos Pena - advertência, apreensão, inutilização e/

sujeitos a controle sanitário, modificar os seus componentes ou interdição do produto, suspensão de venda e/ou

básicos, nome, e demais elementos objeto do registro, sem fabricação do produto, cancelamento do registro do

a necessária autorização do órgão sanitário competente: produto, interdição parcial ou total do estabelecimento,
cancelamento de autorização para funcionamento da
Pena - advertência, interdição, cancelamento do empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do
registro, da licença e autorização, e/ou multa. estabelecimento.

XXIX - transgredir outras normas legais e regulamentares


XVII - reaproveitar vasilhames de saneantes, seus
destinadas à proteção da saúde:
congêneres e de outros produtos capazes de serem
nocivos à saúde, no envasilhamento de alimentos, bebidas,
Pena - advertência, apreensão, inutilização e/
refrigerantes, produtos dietéticos, medicamentos, drogas,
ou interdição do produto; suspensão de venda e/ou
produtos de higiene, cosméticos e perfumes:
fabricação do produto, cancelamento do registro do
produto; interdição parcial ou total do estabelecimento,
Pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição,
cancelamento de autorização para funcionamento da
cancelamento do registro, e/ou multa.
empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do
estabelecimento, proibição de propaganda.
XVIII - expor à venda ou entregar ao consumo produtos
de interesse à saúde cujo prazo de validade tenha expirado,
XXXI - descumprir atos emanados das autoridades
ou apor-lhes novas datas, após expirado o prazo:
sanitárias competentes visando à aplicação da legislação
pertinente:
Pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição,
cancelamento do registro, da licença e da autorização, e/
Pena - advertência, apreensão, inutilização e/ou
ou multa.
interdição do produto, suspensão de venda e/ou de
fabricação do produto, cancelamento do registro do
XIX - industrializar produtos de interesse sanitário sem a produto, interdição parcial ou total do estabelecimento;
assistência de responsável técnico, legalmente habilitado: cancelamento de autorização para funcionamento da

Pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do

cancelamento do registro, e/ou multa. estabelecimento, proibição de propaganda.

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Assuntos Regulatórios

Parágrafo único. Independem de licença para Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica,


funcionamento os estabelecimentos integrantes da Componente Especializado da Assistência Farmacêutica,
Administração Pública ou por ela instituídos, ficando além de determinados medicamentos de uso hospitalar.
sujeitos, porém, às exigências pertinentes às instalações,
aos equipamentos e à aparelhagem adequados e à De acordo com a coordenadora estadual de assistência
assistência e responsabilidade técnicas.” farmacêutica, Ângela Cristina Cunha Castro Lopes, da
Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul
Exemplo de Propaganda irregular de medicamentos: (SES), a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais traz
um novo conceito de medicamentos essenciais. “Baseados
Divulgar os produtos sob vigilância sanitária, alimentos na Rename, Estados e municípios constroem sua própria
e outros, contrariando a legislação sanitária. relação de medicamentos de acordo com as necessidades
dos serviços de saúde que são disponibilizados aos usuários
Propaganda irregular de medicamentos tarjados do Sistema Único de Saúde em cada município”, explica.
incluindo os controlados pela Portaria SVS/MS 344/98,
postada no blog: Rename
http://lagoanovadestaque.blogspot.com. Na lista, constam os nomes dos princípios ativos
br/2012_04_01_archive.html dos medicamentos, baseados na Denominação Comum
Brasileira (DCB) – denominação do fármaco ou princípio
“Ministério da Saúde publica relação de remédios farmacologicamente ativo aprovado pelo órgão federal
disponibilizados pelo SUS” responsável pela vigilância sanitária. Estes medicamentos
possuem um ou mais princípios ativos, registrados na
A lista possui medicamentos necessários ao ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que
tratamento de doenças prioritárias na saúde pública apresentam menor custo nas etapas de armazenamento,
distribuição, controle e tratamento. Além disso, todas as
fórmulas apresentam valor terapêutico comprovado, com
base em evidências clínicas.

A relação possui medicamentos necessários ao


tratamento e controle das enfermidades prioritárias em
saúde pública nos diversos níveis de atenção à saúde.

O material acima só poderia ser disponibilizado para os


profissionais da área da saúde, coforme o regulamentado
no Art. 58 da Lei 6360/76 e no Art. 27 e 29 da RDC ANVISA
nº 96/06:

Por MS
Art. 58 - A propaganda, sob qualquer forma de

O Ministério da Saúde publicou uma portaria que divulgação e meio de comunicação, dos produtos sob o

estabelece o elenco de medicamentos e insumos da regime desta Lei somente poderá ser promovida após

Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). autorização do Ministério da Saúde, conforme se dispuser
em regulamento.
A lista contempla os medicamentos e insumos
disponibilizados no SUS (Sistema Único de Saúde) por § 1 - Quando se tratar de droga, medicamento ou
meio do Componente Básico da Assistência Farmacêutica, qualquer outro produto com a exigência de venda sujeita

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Assuntos Regulatórios

a prescrição médica ou odontológica, a propaganda ficará (POPs) que deverão ser utilizados pelos órgãos de
restrita a publicações que se destinem exclusivamente vigilância sanitária na condução das fiscalizações destes
à distribuição a médicos, cirurgiões-dentistas e estabelecimentos.
farmacêuticos;
Estão definidos os padrões nacionais para
Art. 27 A propaganda ou publicidade de medicamentos procedimentos, programas, documentos, compreendendo
de venda sob prescrição deve cumprir os requisitos gerais, as atividades de elaboração de relatório de inspeção,
sem prejuízo do que, particularmente, se estabeleça treinamento, acompanhamento de ações corretivas,
para determinados tipos de medicamentos, e fica restrita comunicação, entre outras.
aos meios de comunicação destinados exclusivamente
aos profissionais de saúde habilitados a prescrever ou Todos os POPs ficarão disponíveis no Portal da ANVISA,
dispensar tais produtos; no endereço www.anvisa.gov.br.

Art. 29 A propaganda ou publicidade de medicamentos A inspeção das indústrias de medicamentos é realizada


de venda sob prescrição veiculada na internet deve ser de forma descentralizada pelos órgãos de vigilância
acessível, exclusivamente, aos profissionais habilitados sanitária em estados e municípios. A uniformização de
a prescrever ou dispensar medicamentos, por meio procedimentos e documentos vai facilitar o gerenciamento
de sistema de cadastramento eletrônico, devendo ser dos dados e assegurar que a ANVISA exerça a efetiva de
apresentado um termo de responsabilidade informando coordenação do sistema.
sobre a restrição legal do acesso.
A norma, também criou o Cadastro Nacional de
Parágrafo único. As bulas dos medicamentos de venda Inspetores Sanitários (Canais), um banco de dados nacional
sob prescrição médica veiculadas na internet, sem acesso que irá permitir a troca de informações sobre certificação
restrito, devem ser atualizadas, reproduzir fielmente em Boas Práticas de Fabricação entre as Vigilâncias locais
as aprovadas pela ANVISA e não podem apresentar e a ANVISA.
designações, símbolos, figuras, desenhos, imagens,
slogans e quaisquer argumentos de cunho publicitário em Por meio do sistema, será possível enviar e compartilhar,
relação aos medicamentos. por via eletrônica, documentos de interesse dos inspetores,
atribuindo celeridade ao fluxo de informações no Sistema
As penas para as infrações cometidas estão descrita no Nacional de Vigilância Sanitária e aperfeiçoamento do
Art. 10, inciso V da Lei 6437/77: processo de fiscalização.

V - fazer propaganda de produtos sob vigilância


sanitária, alimentos e outros, contrariando a legislação
sanitária:

Pena - advertência, proibição de propaganda, suspensão


de venda e/ou multa.

A RDC ANVISA n° 47, de 19 de setembro de 2011

A inspeção em indústria farmacêutica foi


uniformizada no país. A RDC ANVISA no 47/2011 estabelece
Procedimentos Operacionais Padronizados

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Assuntos Regulatórios

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Assuntos Regulatórios

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