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Rev. 10, São Paulo, 14(1), 21-29, jan.ljun.

l1993

CARACTERÍSTICAS DAS MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS NO GRUPO


SERRA DO ITABERABA, GUARULHOS-SP
Paulo BELJAVSKIS
Gianna Maria GARDA
Caetano JULIANI
RESUMO

A seqüência metavulcano-sedimentar do Grupo Serra do ltaberaba encerra várias ocor-


rências de ouro, das quais a de Tapera Grande é a melhor conhecida. Os principais tipos de
mineralizações auríferas podem ser agrupados como: a) singenético, stratabound, com o ou-
ro disseminado nas rochas metavulcanoclásticas básicas e intermediárias e nos metaexalitos
(metacherts com sulfetos e turmalinitos) e b) epigenético, associados a veios de quartzo sulfe-
tados, superimposto ao anterior ou geneticamente vinculados às zonas de cizalhamento. O
primeiro tipo é caracterizado pela assembléia pirrotita e pirita com calcopirita subordinada
e pela granulação muito fina do ouro livre, enquanto que no segundo tipo o ouro ocorre asso-
ciado à calcopirita, covelina e calcosina, mas de modo subordinado, pois é mais comum sob
a forma livre.
Análises químicas revelaram que os teores de cobre, chumbo, zinco e prata são mais
elevados nos minérios do tipo epigenético, enquanto no tipo singenético tem-se a presença
de paládio e altos teores de tungstênio. Diferentemente do que comumente ocorre em depósi-
tos similares, o arsênio não foi detectado em teores significativos.

ABSTRACT

The metavolcanic-sedimentary sequence of the Serra do ltaberaba Group are host to se-
veral gold occurrences, the best known being Tapera Grande. There are two main types of
gold mineralization: a syngenetic, stratabound, in which gold is scattered in basic and inter-
mediate metavolcaniclastic rocks and meta-exhalites (metacherts with sulfides and turmalini-
tes), and a hydrothermal, epigenetic one, within quartz veins with sulfides, superimposed to
the former or associated with shear zones. The former is characterized by the assemblage
of pyrrhotite, pyrite and subordinate chalcopyrite as well as by the very fine granulation of
the gold. ln the latter, gold occurs free ar associated with copper sulfides (chalcopyrite, covel-
lite and chalcosine) and with quartzo
Chemical analyses showed higher contents of copper, lead, zinc and silver in the epige-
netic type, while in the syngenetic one are found palladium and high contents of tungsten.
Arsenium is absent, in disagreement with other similar deposits.

1 INTRODUÇÃO zo aurífero do Ribeirão das Lavras e (KNECHT,


1950) destacou a existência de ocorrências em
A mineração do ouro no Estado de São Paulo aluviões e veios de quartzo com pirita e pirita
foi uma importante atividade econômica nos pri- aurífera e afrisita da Fazenda Caxambu, Aroeira
meiros anos do século XVII. NORONHA (1960) Chata, Catas Velhas e Tanque Grande, próximas
descreveu as catas de ouro da área do Ribeirão à de Tapera Grande.
das Lavras, explotadas no período entre 1597 e No início da década de 80, o Instituto de Pes-
1750, e destacou que, por volta de 1714,a produ- quisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)
ção anual de ouro das minas de São Paulo atin- envidou esforços na pesquisa mineral do territó-
gia 2,2 t. Muitas outras ocorrências foram des- rio paulista, com diversos dos trabalhos tendo si-
critas por LEME (1772), ESCHWEGE (1833), do feitos para avaliação de algumas mineraliza-
DERBY (1889), OLIVEIRA (1889), BARBOSA ções de ouro (IPT, 1981a, 1981b, 1982a, 1982b,
(1892) e OLIVEIRA (1892), entre outros. Estes 1984, 1985, 1986), o que possibilitou o desen-
autores destacaram serem as mineralizações es- volvimento de novos modelos metalogenéticos e
sencialmente supergênicas, em aluviões, colu- petrogenéticos para o Grupo São Roque lato sen-
viões, eluviões e saprólitos. KNECHT (1939) fez SUo Estes destacaram uma estreita correlação re-

menção ao ouro aluvionar e aos veios de quart- gional entre as ocorrências de ouro e as áreas on-

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de afioram seqüências melavu1cano-sedimenlares depois a estrada principal que liga Guarulhos a


denominadas por JULIANI et ai. de Grupo Ser- Nazaré Paulisla até o bairro de Capelinha, de on-
ra do llaberaba, cujas formações Morro da Pe- de partem várias vias secundárias (FIGURA 1).
dra Prela, Nhanguçu e Pirucaia foram descrilas Em termos geotectônicos, a área localiza-se
por JULIANI (1993). Em conseqüência desses no Bloco Guarulhos (CAMPOS NETO & BA-
trabalhos, ocorreram mudanças significativas nos SEI, 1983), limilado pelas falhas de Jundiuvira
conceitos sobre a melalogenia e a petrologia do (a norte), do Rio Jaguari (a sul), do Mandaqui
Grupo São Roque, tendo sido nOlada uma estreila (a oeste) e de Sertãozinho (a leste).
correlação entre as ocorrências de ouro e as áreas
Dentre as rochas ígneas melamorfizadas do
onde afloram seqüências metavulcano-
Grupo Serra do llaberaba predominam ampla-
sedimenlares do Grupo Serra do llaberaba, as-
mente rochas básicas de composição tholeiítica,
sim denominado por JULIANI et aI. (1986) e des-
do tipo MORB, disposlas na base da seqüência,
crito - segundo suas formações Morro da Pe-
as quais se associam rochas vu1canoc1ásticas e,
dra Prela, Nhanguçu e Pirucaia - por JULIANI
(1993). subordinadamente, rochas de composição inter-
mediária. Os meias sedimentos estão representa-
A ocorrência de ouro Tapera Grande foi ma-
dos essencialmente por unidades pelíticas com
peada geologicamente e prospeclada em nível de
algumas gradações laterais para melapsamitos pu-
semidelalhe e delalhe, permitindo a individuali-
ros ou impuros. Em menor volume afioram ro-
zação de diversos corpos de rochas mineraliza-
chas cá1cio-silicáticas, melassedimentos grafito-
das em ouro e a delimilação preliminar de colú-
vios auríferos (IPT, 1988; BELJAVSKIS, 1988). sos e ferruginosos e formações ferríferas, dentre
outros litotipos. Esta seqüência foi denominada
2 ARCABOUÇO GEOLÓGICO de Formação Morro da Pedra Preta por JULIA-
A área aqui enfocada situa-se a nordeste da NI (1993), exceto os quartzitos, que foram deno-
Cidade de São Paulo, sendo que o principal aces- minados de Formação Pirucaia.
so faz-se através da Rodovia Presidente Dutra Unidades espessas de metapelitos manga-
(BR-116) até o Bairro de Cumbica, seguindo-se nesífero-ferruginosos com lentes de rochas

o 4km
! I

C2J[IJJ~D.~.~~0
I 2 3 4 5 6 7 8 9 10

FIGURA 1 - Localização da área estudada e dos pontos amostrados. 1. Sedimentos da Bacia de São Paulo
e correlatos (Terciário); 2. Grupo São Roque (Proterozóico Superior). Grupo Serra do llaberaba (Proterozóico
Médio a Inferior); 3. Formação Pirucaia/Formação Nhanguçu: melapelitos manganesíferos, rochas carbo-
náticas e melapelitos peraluminosos. Formação Morro da Pedra Preta; 4. metapelitos; 5. formações ferríferas;
6. rochas metavulcânicas e metavulcanoclásticas; 7. metabasitos. Granitóides: 8 e 9. Rochas gnáissico-
migmatíticas: 10.

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cálcio-silicáticas e de xistos finos, ricos em por- lizados têm comprimentos aflorantes superiores
firoblastos de andaluzita, compõem a Formação a uma centena de metros e espessura máxima de
Nhanguçu. Toda a seqüência metavulcano-sedi- 50m. Os teores de ouro variam de décimos de
mentar está capeada por metassedimentos alóc- ppm a mais de 13 ppm (BELJAVSKIS et aI.,
tones do Grupo São Roque. 1992).
Corpos de rochas graníticas e granodioríti- Os maiores teores de ouro são encontrados
cas de dimensões variadas estão introduzidos nes- nas rochas de composição intermediária e nos
te conjunto de rochas metamórficas, além de cor- metaexalitos. O ouro é muito fino, não identifi-
pos menores de granodioritos e tonalitos muito cado opticamente, e está associado, caracteristi-
deformados e catac1asados, que podem represen- camente, à pirrotita e à pirita e, subordinadamen-
tar restos do embasamento do Grupo Serra do te, calcopirita (ForoS 1 e 2, amostra SRT-01,
ltaberaba. 29,4m). Os sulfetos às vezes alcançam mais de
10% do volume da rocha e tendem a concentrar-
As rochas do Grupo Serra do ltaberaba fo-
ram complexamente deformadas e polimetamor- se em lâminas ou bandas paralelas à SO/S2' A
fizadas, predominantemente nas fácies anfiboli- scheelita é um mineral acessório freqüente nas
rochas metaintermediárias mineralizadas, nas
to médio e dos xistos verdes. Ao Grupo é
atribuída idade proterozóica média a inferior. quais os teores de tungstênio situam-se entre 80
e 2.000ppm.
3 MINERALIZAÇÕES DE OURO Análises químicas qualitativas preliminares
(EDS) realizadas em pirita e pirrotita nas amos-
São dois os tipos principais de mineraliza- tras de testemunhos de sondagem SRf-01 não de-
ções de ouro no Grupo Serra do Itaberaba: tectaram ouro (FIGURA 2), mas há, sistemati-
camente, uma estreita correlação entre a presença
a) Tipo singenético de ouro e os teores mais elevados de enxofre nas
rochas, indicando uma associação com as fases
Este tipo é observado em horizontes estrati-
minerais sulfetadas. Amostras de algumas das ro-
gráficos bem definidos, com os corpos minera-
lizados encaixados concordantemente na interface chas analisadas por Fire Assay revelaram teores
de ouro e prata variando de 0,07 ppm a 13,0ppm
dos corpos de metavu1cânicas-metavulcanoc1ás- e de 1,0 a 1,9 ppm, respectivamente (BELJAVS-
ticas básicas (e subordinadamente metainterme-
KIS, 1988), indicando que o ouro está associado
diárias) com metapelitos, ou entre corpos de me- às zonas ricas em sulfetos, provavelmente como
tabasitos. Nestes níveis estratigráficos ocorrem o ouro nativo, ou está em outras fases minerais
também lentes de rochas cálcio-silicáticas, tur- silicáticas ou carbonáticas.
malinitos, metacherts, metapelitos grafitosos e/ou Ensaios realizados de caracterização tecno-
ferruginosos, às vezes com grande quantidade de lógica do minério em amostras do tipo bulk sam-
sulfetos, e formações ferríferas. pie de rochas metaintermediárias parcialmente in-
• Em Tapera Grande este nível tem extensão temperizadas, com teor médio de cabeça de
superior a 7km e as rochas com indícios de mi- 0,50ppm, mostraram que 68,4 % do ouro encon-
neralizações constituem corpos descontínuos de tra-se em granulação menor que 74 micra (-200
rochas metaintermediárias ígneas e/ou vulcano-
elásticas, e metavulcanoc1ásticas básicas com lei-
tos de metachert, turmalinitos ou de metapelitos
grafitosos, todas com sulfetos disseminados ir-
regularmente, ou concentrados em lâminas ou
bandas. Caracteristicamente ocorrem, associados
a estas mineralizações, anfibolitos com granada
e cordierita-granada-cummingtonita anfibolitos,
identificados por JULIANI et ai. (1992) e JU-
LIANI (1993) como produtos metamórficos de
protolitos gerados por intensas alterações
hidrotermais-metassomáticas de basaltos e rochas
vulcanoc1ásticas, em fundo oceânico. Os corpos
destas rochas, em parte, representam os condu-
tos por onde foram descarregados os fluidos hi-
drotermais no assoalho oceânico. Geralmente os
Faro I - Hornblenda xisto mineralizado (amostra
minérios têm veios de quartzo, provavelmente SRT-I,29,4 m). Os agregados de ilmenita (il) acham-
pré-metamórficos, pois estão intensamente de- se envoltos por leicoxênio (Ix). A pirrotita (po)
formados e não atravessam os metapelitos super- encontra-se associada à calcopirita (cpx). Luz refleti-
postos. Os corpos maiores dos litotipos minera- da, polarizadores descruzados.

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grande quantidade de veios de quartzo cisalha-


dos em intensidades muito variadas, indicando
a ocorrência de diversos episódios genéticos du-
rante os eventos cataclásticos. Os corpos podem
alcançar poucas dezenas de metros de espessu-
ra, mas, nos locais com teores de ouro mais ele-
vados, variam de 0,5 a 1,5m de espessura.
O ouro, contrariamente ao do tipo anterior,
apresenta-se quase sempre sob a forma livre, tem
granulação relativamente mais grossa e ocupa es-
paços intergranulares metachert cristalizado, jun-
tamente com a calcopirita e covelina (Faro 3,
amostra IQ-Ol). Covelina e calcopirita (Faro 4,
Faro 2 - Hornblenda xisto mineralizado (amostra amostra IQ-Ol) estão quase sempre associadas e,
SRT-l, 29,4 m). Associação calcopirita (cpx) - pir- geralmente, preenchem microfraturas e/ou espa-
rotita (po). Luz refletida, polarizadores descruzados.
ços intergranulares de metachert e a presença de
216 CNT 4K FS: A
4840 EV 20 EV/CHAM calcosina, pirita e calcopirita (Faro 5, amostra
5
IQ-Ol) é típica nestes minérios.
F.
A análise por EDS do grão de ouro repre-
sentado na Faro 3 indicou baixo teor de prata
SRT-OI (FIGURA 3), sugerindo que as remobilizações
ocorridas durante os eventos deformacionais e hi-
drotermais foram responsáveis pelo ouro livre re-
lativamente mais puro que os do tipo singenéti-
co e a análise dos sul fetos das associações
representadas nas FaroS 4 e 5 não mostrou a
presença de ouro, tal qual observada no tipo sin-
1.1
genético (FIGURA 4) ..
205 CNT 8K FS, A
4400 EV 20 EVI CHAN

SRT -01

F.

(a)
FIGURA 2 - Resultadosde análises por EDS de cal-
copirita (a) e pirita 6b) da amostra SRT-Ol.Observar
a ausência de raias correspondentes ao elemento Au
nestes sulfetos.

mesh), o que pode dificultar a identificação óp-


tica do mineral, caso ocorra também na forma
nativa em rochas não alteradas.

b) Tipo epigenético
Associa-se a formações ferríferas cisalhadas,
encaixadas em rochas metavulcanoclásticas bá-
sicas e metapelitos. As formações ferríferas são
Faro 3 - Detalhe de grão de ouro associado a
da fácies óxido (com especularita), têm leitos su- calcosina (cs), em veiode quartzo (amostra IQ-Ol).
bordinados da fácies silicato, e/ou metatufos bá- Luz refletida, polarizadores cruzados (Altura das
sicos e estão caracteristicamente seccionadas por letras: 1/40 mm).

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Foro 4 - Associação coveJina (cv) - calcopirita Foro 5 - Associação pirita (py), calcosina(cs) e cal-
(cpy), em amostra de metachert (lQ-Ol). Luz refleti- copirita, em amostra de metachert (IQ-Ol). Luz refle-
da, polarizadores descruzados (Altura das letras: tida, polarizadores descruzados (Altura das letras:
1/20mm). 1/1oomm).

TABELA 1 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DAS MINERALIZAÇÕES DE OURO DO


GRUPO SERRA DO ITABERABA (BELJAVSKIS ET AL., 1992)
Mo,
0,05
0,11
25,6(3)
Sb
As,
- -EPIGENÉTICO
1,8
11,2
W
0,06
Au-Ag-Pb-Zn-Cu
MINERALIZAÇÃO
TIPO As,0,06
Sb,- -Mo,
Pb,Zn
Au-Ag-W-Cu
ESTILO 11,0(1)
0,6 Bi

(I) Rochas metaintermediárias


(2) Metachens com sulfetos e/ou turmalina e óxidos de ferro
(3) Valor máximo obtido em uma amostra

A TABELA 1 resume as principais caracte- quartzo que cortam formação ferrífera). Entre-
rísticas químicas das mineralizações de ouro do tanto, os teores de cobre em amostras de meta-
Grupo Serra do Itaberaba, segundo BELJAVS- vulcânicas e metabásicas da região de Tapera
KIS et ai, (1992), Grande (IT-08, IT-16 e de testemunhos da son-
dagem SRT-Ol) são mais elevados que os dos
4 ANÁLISES QUÍMICAS veios de quartzo dos dois tipos, devido à própria
composição mineralógica.
Na TABELA 2 são apresentados os teores Comportamento análogo ao do cobre pode
de alguns dos elementos analisados das amostras ser verificado para o zinco (FIGURA 5b), exce-
representativas dos dois tipos de mineralizações. to para a amostra IT-14.
A localização das amostras no mapa geológico Os teores de chumbo (FIGURA 5c) são re-
pode ser vista na FIGURA 1 e alguns diagramas lativamente mais elevados nas amostras do tipo
de variações destes elementos são ilustrados na epigenético, variando entre 8 e 27 ppm, enquan-
FIGURA 5. to no tipo singenético estão entre 1 e 3 ppm.
Em amostras de veios de quartzo associa- Os teores de molibdênio (FIGURA 5d) são
dos aos dois tipos de mineralizações, pode-se ob- baixos e têm comportamentos erráticos nas amos-
servar que os teores de cobre (FIGURA 5a) pa- tras de ambos os tipos de mineralização, O arsê-
ra o tipo singenético (IT-Ol, IT-13 e IT-14) são nio está praticamente ausente, concordando com
relativamente menores do que os do tipo epige- as observações de BELJAVSKIS (1988) e IPT
nético (amostras IQ, provenientes de veios de (1985), ao realizarem estudos geoquímicos em

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98 CNT 2K FS: A
414 CNT 8K FS: A 4800 EV 20 EV/CHAN
5040 EV 20 EV/CHAN

Au 5

10-01 Ia-O'

SI

Si

Mo
o2,0012
l.d.
38
133
131
149
143
155
l.d.
1,00 Zn
108
10
13,1
6,7
1,00
1,00
25,6 0,1
1,8
Au
W
15A
Pd*
O,I
n.a.
130
120
Pb
6132
4109
l.d.
310
15190
150
23
l.d.
27
40
l.d.
l20
.d.
2,4
1,2
0,114,0
0,7
0,0
Ag
7,3
0,6
0,3
1,0
O,I 8321,0
n.a.
5695
94
l.d.
l.d.
60
2526
28,0 17
13 14 U
126745s8213I
Cu
29
38
51
220
313
148
376
130
97
MVC:
MB:
302
158
QV: MTV:
metabasito
metavulcanoclástica
tU metatufo/metavulcanoclástica
quartzo
D de veio
BIF: cia MC:
formação
mesma
FIGURA Aem
de metachert
apresentados
no ferrífera
FIGURA
área
raias
atungstênio
ppm,
presença
saprólito
calcopirita da (BELJAYSKIS,
4rochas
dos
na 5f representa
-correspondentes
foram
de Resultado
scheelita.
mineralizadas
também
TABELA
tufos
amostra e de 1988).
Teores osem
1.análise
ao teores
elemento
encontrados por
vulcanoclásticas
IQ-Ol. Foi detectado
Observar deausên-
aEDS
expressivos
ouro,
no ouro
Au.
solodee
tendo
nesta
palá-
BELA
RT-03,
ça 22.000
estemunhos
em
ão
de até
(Foro
para ea3).
realizadas
teores
apresentarFIGU-
das
relati-
Ob-
maio-
va- TRAS DOS TIPOS SINGENÉTICO E EPIGENÉTICO
IT-OI
IQ-Ol (QY)
(MC+QY)
AMOSTRA TABELA 2 - TEORES EM PPM DE ALGUNS ELEMENTOS ANALISADOS EM AMOS-
'V+O***
00 O ~ 200
400
100
3 OSão300 2 (1)
Epi 00 x+
Rev. IG, P-dulo,
O 14(1), 21-29, jan.ljun.l1993 Fig.5d
Sin (2e3)

I ,

Epi (1)
o O 'V Sin(2e3)

Mo (ppm)

3 OO 'V
* "
10
530
25
20
15
OO x200
500
400
100
200
OO300
O O150O
50
Epi
100
'V I+
20
30
(1)
10 OEpi
3 (1) OO 000 Sin(2e3)
3W (ppm)
Fig.5e
Fig.5f Epi (1)
Sin (2e3) Au (ppm)

Epi (1)

FIGURA 5 - Representação gráfica dos teores de alguns elementos analisados (TABELA 2), para amostras
representativas dos tipos de mineralização aurífera epigenético (1) e singenético (2 e 3).
* = quartzo de veio; x = metavulcanoclásticas; + = metabasitos; = formação ferrífera; o = metacherts;
= metachert + quartzo de veio; = amostras do testemunho de sondagem SRT-Ol.

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dio em duas amostras do furo de sondagem metapelitos, e corpos menores e menos enrique-
SRT-Ol, com teores variando entre 14 e 28 ppb cidos intercalados nas rochas metavulcânicas/vul-
provavelmente contido ou associado ao ouro, o canoclásticas, o que poderia ter propiciado a li-
que deverá ser confirmado em futuras análises xiviação repetida destes leitos estratigraficamente
químicas do mineral. inferiores em células hidrotermais, com aumen-
to da concentração do ouro nas rochas mais tar-
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS dias, depositadas após praticamente cessadas as
atividades vulcânicas básicas.
Os litotipos que compõem a seqüência
As grandes zonas de cisalhamento que en-
vulcano-sedimentar do Grupo Serra do Itabera-
caixam a Faixa das Supracustais São Roque/Ser-
ba, notadamente alguns da Formação Morro da ra do Itaberaba constituem metaloctetos adicio-
Pedra Preta, apresentam abundantes indícios de nais, vinculados à evolução crustal da região, que
mineralizações primárias de ouro. A quantidade favoreceram a formação de depósitos de ouro epi-
e as dimensões dos corpos mineralizados e sua
genético no local, especialmente quando afeta-
disposição em determinados horizontes estrati- ram as rochas básicas, vulcanoclásticas, for-
gráficos, bem definidos, e a existência de gran-
mações ferríferas e exalitos previamente enrique-
des zonas de cisa1hamento sugerem grande po-
cidos pelos processos singenéticos e/ou epigené-
tencial para a ocorrência de depósitos de ouro ticos hidrotermais ocorridos durante os eventos
na região.
metaInórficos regionais.
Este nítido controle estratigráfico e a pre-
Os resultados aqui apresentados, ainda que
sença de granada anfibolitos e cordierita-granada-
preliminares, evidenciam a semelhança das mi-
cummingtonita anfibolitos dispostos no topo de
neralizações com as que ocorrem em outras se-
antigos derrames e a ausência de evidências de
qüências vulcano-sedimentares, tais como Big
alterações hidrotermais-metassomáticas nos me-
Bell (Austrália) Chown et ai. (1982) e Nando e
tape1itos superpostos sugerem que o início das
Pinkun (Zimbabwe) Nutt (1982) que encerram
mineralizações de ouro ocorreram em eventos
importantes jazimentos de ouro, sugerindo, as-
sindeposicionais, em ambiente de fundo oceâni-
sim, a possibilidade da existência de significati-
co, predominantemente durante a intrusão de pe-
vos depósitos de ouro nesses terrenos no Estado
quenos corpos de andesitos e dacitos, especial- de São Paulo.
mente em zonas brechadas, nos condutos das
intrusões, assim como nas rochas vulcanoclásti- 6 AGRADECIMENTOS
cas associadas e nos precipitados químicos, co-
mo as formações ferríferas proximais e exalitos Os autores agradecem ao Prof. Df. Evaristo
silicosos e ricos em boro e em sedimentos pelí- Ribeiro Filho por incentivar esta publicação, aos
ticos grafitosos sulfetados. técnicos Angélica e Sandro do Laboratório de
O evento mineralizante inicial pode ser, even- Microssonda Eletrônica do Instituto de Geociên-
tualmente, comparado a um processo mu1tiestá- cias da USP pela preparação das amostras e pe-
gio de FYFE & KERRICH (1984), pois há con- lo acompanhamento das análises minerais por
centração de corpos mais enriquecidos em ouro EDS e ao revisor pelas inúmeras contribuições
na interface entre as metavulcânicas básicas e os que aprimoraram em muito o texto original.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Endereço dos autores:


- Paulo Beljavskis - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A - IPT - Cidade Universitária Ar-
mando Salles Oliveira - Butantã - Caixa Postal 7141 - 05508-901 - São Paulo, SP - Brasil.
- Gianna Maria Garda - Instituto Geológico - SMA - Caixa Postal 8772 - 04301-903 - São Paulo, SP - Brasil.
- Caetano Juliani - Instituto de Geociências - Universidade de São Paulo - Caixa Postal 20.899 - 01498-970 - São
Paulo, SP - Brasil.

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