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AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES NA

CIDADE DA MATOLA.CASO DE ESTUDO: HOSPITAL


PROVÍNCIAL DA MATOLA

EVALUATION OF HOSPITAL WASTE MANAGEMENT IN THE CITY OF MATOLA


- CASE STUDY: MATOLA PROVINCIAL HOSPITAL

ERNESTO JONASSE J. MARIME

Licenciado em Engenharia Ambiental e Gestão de Desastres/Universidade Técnica de


Moçambique, Moçambique, Maputo. Contacto: 845454885, email:
ernestomarrime27@gmail.com

ROSALINA INÁNCIO FUMO

Mestrada em...................... e Docente Universitária. Moçambique, Maputo. Contacto:


843305609, email: rosalinafumo@yahoo.com.br

Maputo, 2023
RESUMO

A gestão inadequada de Resíduos Hospitalares (RH) expõe profissionais de saúde, pacientes, a comunidade e
ao meio ambiente a significativos riscos. Os resíduos hospitalares são resíduos provenientes de todos os
estabelecimentos prestadores de serviços de saúde tais como: hospitais, clinicas, centros de saúde,
laboratórios e outros. A presente pesquisa têm como objectivo geral avaliar a gestão de RH na Cidade da
Matola caso particular Hospital Provincial da Matola (HPM). O método empregado para atingir os objectivos
especificos, foi abordagem quantitativa, qualitativa discretiva e exploratória, para tal foi realizado de forma
específica a identificação de tipos de residuos produzidos no HPM, a determinação das quantidades de
resíduos gerados e a avaliação das práticas de gestão de acordo com a legislação vigente a nível nacional. A
sua realização permitiu concluir que o HPM gera diversas categorias de resíduos nomeadamente: os resíduos
comuns, infecciosos, perfuro-cortantes, químicos, radioactivos e biológicos. A quantificação de RH gerados
no HPM, revelou uma taxa de geração de 216.6 Kg/dia e de 1083Kg/semanal. De referir que, do total gerado
semanalmente cerca de 600Kg são os resíduos não perigosos e cerca de 483Kg são perigosos. Quanto as
práticas de gestão de RH no HPM conclui-se que são deficientes, carecendo assim de maior fiscalização,
apesar ter sido constatados algumas práticas exigidas pela legislação vigente em Moçambique.
Palavras-Chaves: Resíduos Hospitalares. Gestão De Resíduos Hospitalares. Hospital Provincial Da Matola.
ABSTRACT

Inadequate management of Hospital Waste (HW) exposes health professionals, patients, the community and
the environment to significant risks. Hospital waste is waste from all establishments that provide health
services, such as hospitals, clinics, health centres, laboratories and others. The general aim of this research is
to assess the management of HR in the city of Matola, in particular the Matola Provincial Hospital (HPM).
The method used to achieve the specific objectives was a quantitative, discrete qualitative and exploratory
approach. To this end, the types of waste produced at HPM were specifically identified, the quantities of
waste generated were determined and management practices were assessed in accordance with current
legislation at national level. It was concluded that the HPM generates several categories of waste, namely:
common, infectious, sharps, chemical, radioactive and biological waste. The quantification of HR generated
at the HPM revealed a generation rate of 216.6kg/day and 1083kg/week. It should be noted that of the total
generated each week, around 600kg is non-hazardous waste and around 483kg is hazardous. As for the HR
management practices at HPM, it can be concluded that they are deficient, thus requiring greater supervision,
despite the fact that some of the practices required by the legislation in force in Mozambique have been
observed.
Key words: Hospital Waste. Hospital Waste Management. Matola Provincial Hospital.
RÉSUMÉ

Une gestion inadéquate des déchets hospitaliers (DHS) expose les professionnels de la santé, les patients, la
communauté et l'environnement à des risques importants. Les déchets hospitaliers sont des déchets provenant
de tous les établissements qui fournissent des services de santé, tels que les hôpitaux, les cliniques, les centres
de santé, les laboratoires et autres. L'objectif général de cette recherche est d'évaluer la gestion des ressources
humaines dans la ville de Matola, en particulier à l'hôpital provincial de Matola (HPM). La méthode utilisée
pour atteindre les objectifs spécifiques a été une approche quantitative, qualitative discrète et exploratoire. À
cette fin, les types de déchets produits à l'HPM ont été spécifiquement identifiés, les quantités de déchets
générés ont été déterminées et les pratiques de gestion ont été évaluées conformément à la législation en
vigueur au niveau national. Il a été conclu que l'HPM génère plusieurs catégories de déchets, à savoir : les
déchets banals, infectieux, tranchants, chimiques, radioactifs et biologiques. La quantification des RH générés
à l'HPM a révélé un taux de génération de 216,6 kg/jour et 1083 kg/semaine. Il convient de noter que sur le
total généré chaque semaine, environ 600 kg sont des déchets non dangereux et environ 483 kg sont des
déchets dangereux. Quant aux pratiques de gestion des ressources humaines à l'HPM, on peut conclure
qu'elles sont déficientes, nécessitant ainsi une plus grande supervision, malgré le fait que certaines des
pratiques requises par la législation en vigueur au Mozambique ont été observées.
Mots-clés: Déchets hospitaliers. Gestion des déchets hospitaliers. Hôpital provincial de Matola.

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INTRODUÇÃO

Actualmente a sociedade, nos mais diversificados segmentos, passou a se preocupar com o


volume de resíduos gerados. Essa preocupação se intensifica quando trata-se de resíduos
hospitalares (RH), pelo grau de contaminação e perigosidade que podem representar
(FARIA, 2010, p. 2). Segundo BARBOSA (2014, p. 2), os resíduos hospitalares (RH) são
aqueles afectivamente ou potencialmente contaminados, provenientes dos vários serviços
médicos cujas características podem determinar perigo à saúde publica ou ao meio
ambiente quando impropriamente: segregados, acondicionados, identificados, armazenados,
tratados, transportados e destinados.

O presente trabalho de pesquisa visa avaliar a gestão dos resíduos hospitalares na Cidade da
Matola no Hospital Provincial da Matola, tendo em conta que é de extrema importância,
não necessariamente pelas quantidades geradas, mas pelo potencial de risco que apresentam
e por requerer das autoridades competentes, providencias no sentido de minimizar os
problemas na sua gestão.

DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

Os serviços de saúde prestam servicos imprescindíveis ao ser humano, mas certas práticas
podem resultar em produtos, entre os quais os resíduos hospitalares (VIEIRA, 2013. P. 1).
A existência de resíduos provenientes das actividades das UPCS apresenta um problema
ambiental e de saúde pública.

Neste sentido, o Hospital Provincial da Matola (HPM) observa-se uma gestão de resíduos
hospitalares deficientes. Este facto agrava-se pela falta de indicadores das quantidades
geradas, pela complexidade de manuseio, pela ausência da percepção dos profissionais de
saúde sobre os riscos envolvidos na gestão inadequada dos resíduos.

PERGUNTA DE PESQUISA

Quais são os tipos de Residuos gerados no Hospital Provincial da Matola, qual é quantidade
e como é feita a gestão (minimização, segregação, acondicionamento, identificação,

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transporte, armazenamento, recolha, e disposição final) de resíduos hospitalares no Hospital
Provincial da Matola?

JUSTIFICATIVA

A escolha de “Avaliação da Gestão de Resíduos Hospitalares na Cidade da Matola. Caso de


Estudo: Hospital Provincial da Matola” como tema de pesquisa visa em primeira instância
cumprir com os requisitos exigidos pela Universidade Técnica de Moçambique para
obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia Ambiental e Gestão de Desastres, em
segundo, resulta da curiosidade do autor para o entendimento de como os processos
adoptados no HPM em diferentes actividades geradoras de resíduos podem contribuir para
reduzir impactos ou danos ambientais e a saúde publica originados pelos resíduos
hospitalares.

No que diz respeito à relevância individual, como estudante do curso de Engenharia


Ambiental e Gestão de Desastres, é importante, pois deseja-se ver o problema solucionado
e de certa forma encontrarmos uma maneira de ultrapassarmos esta situação.

OBJECTIVOS

Objectivo geral
Avaliar a gestão de resíduos hospitalares no Hospital Provincial da Matola.

Objectivos específicos
a) Identificar os tipos de resíduos produzidos no Hospital Provincial da Matola;

b) Quantificar os resíduos hospitalares produzidos no Hospital Provincial da Matola;

c) Avaliar as práticas de gestão de RH no Hospital Provincial da Matola de acordo


com legislação Moçambicana.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Conceitos básicos

A Organização Mundial da Saúde (OMS), define os RH associados à denominação “lixo


hospitalar” ou “lixo biomédico” como sendo os resíduos provenientes dos estabelecimentos
prestadores de assistência médica, laboratórios ou veterinárias, possuindo potencial risco,
em função da presença de materiais biológicos capazes de causar infecção, produtos
químicos perigosos, necessitando de cuidados específicos (BARROS, 2012).

De acordo com o Art.1º de Resolução CONAMA nº 358/2005, considera-se Resíduos


hospitalares todos aqueles gerados por: serviços relacionados com o atendimento à saúde
humana ou animal; laboratórios analíticos de produto para saúde, necrotérios, funerárias;
serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;
estabelecimentos de ensaio e pesquisas na área de saúde; distribuidores de produtos
farmacêuticos; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de tatuagem, entre outros
similares (CONAMA, 2005, p. 614).

Na mesma linha de pensamento SANTOS et al., (2011), define os RH como sendo os


resíduos resultantes de actividades medicas desenvolvidas em unidades de prestação de
cuidados de saúde, em actividades medico-legais em ensino, de prestação, diagnostico,
tratamento, reabilitação e investigação, em farmácias e em quaisquer outros que envolvem
procedimentos invasivos, tais como, piercing e tatuagens.

Classificação de Residuos Hospitalares

Os resíduos hospitalares são classificados em seis (6) categorias respectivamente: resíduo


comum, resíduos infecciosos, resíduos anatómicos, resíduos perfurantes, resíduos químicos
e resíduos radioactivos (MISAU, 2014, p. 4).

 Residuo Comum: é similar ao produzido nas habitações, não representa perigo


directo, por não apresentar risco biológico, químico, radiológico a saúde;

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 Infeccioso: são resíduos produzidos durante a prestação de cuidados de saúde e
representam um potencial risco à suade do homem e ao meio ambiente por possuir
microorganismos patogénicos;
 Anatómico: Este tipo de resíduo inclui entre outras, pecas ou fragmentos de
tecidos, resultantes de amputações e outas cirurgia, autopsias ou partos;
 Perfurantes: Objectos ou dispositivos usados e descartados possuindo
extremidades, gumes, pontas ou protuberâncias rígidas que podem picar ou cortar;
 Químicos: Resíduos que apresentam risco potencial a suade humana e ambiental
devido a presença de componentes químicos;
 Radioactivos: Todo e qualquer resíduo sólido, líquido ou anatómico contaminado
com isótopos de qualquer natureza.

Gestão dos Resíduos Hospitalares

A gestão dos resíduos hospitalares (GRH) confere um conjunto de processos de gestão, na


qual são implantadas através de normas e leis que estabelecem um encaminhamento seguro
destes resíduos e uma diminuição em sua geração, visando à protecção aos trabalhadores, à
população e o meio ambiente (SILVA et al., 2010).

Para PACHECO (2012, p. 29), a gestão dos RH é definida como um conjunto de


procedimentos de gestão, planeados e implementados a partir de bases científicas e
técnicas, normativas e legais, com o objectivo de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro.

Plano de Gestão dos Resíduos Hospitalares

O plano de Gestão de Resíduos Hospitalares (PGRH) é um documento elaborado pelas


instituições hospitalares visando cumprir com as determinações legais, que apontam e
descrevem as acções relativas ao maneio de resíduos hospitalares, contemplando os
aspectos referentes a geração, segregação, acondicionamento, recolha, armazenamento,
transporte, tratamento e disposição final, bem como a protecção à saúde publica e
ambiental (PIMENTEL, 2006, p. 46).

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De acordo com BARBOSA (2014, p. 2), o PGRH deve ser formulado de acordo com as
características particulares de cada estabelecimento e com a regulamentação e as normas
vigentes, devendo contemplar as alternativas e a gestão viável, os recursos disponíveis e o
pessoal necessário e responsável pela sua implementação.

Etapas da Gestão dos Resíduos Hospitalares

As etapas de GRH consistem em um conjunto de procedimentos técnicos amparados em


aparatos legais, que visa minimizar a geração de resíduos, trata-los e encaminha-los de
forma segura ao destino e deste modo prevenir e controlar riscos ocupacionais, à saúde
pública e ao meio ambiente (SOUZA, 2011, p. 48-49). As etapas geralmente empregadas
na gestão de resíduos hospitalares estão representadas, em forma de fluxograma resumido
abaixo na figura nº 1.

Figura 1. Etapas de Gestão dos Resíduos Hospitalares

Fonte: CONAMA, (2005) & ANVISA, (2006).

a) Minimização
Segundo COSTA (2009), a minimização dos resíduos hospitalares significa redução na
geração de resíduos perigosos, antes das fases de tratamento, armazenamento ou
disposição, incluindo qualquer redução de resíduos na fonte geradora, e inclui a diminuição
do volume total e a redução da toxidade do resíduo;
b) Segregação ou Separação

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Consiste na separação dos resíduos no momento e no local de sua geração, de acordo com
as propriedades físicas, químicas, biológicas, e seu estado físico e os riscos envolvidos
(ANVISA, 2006);
c) Acondicionamento
Segundo CARVALHO (2010, p. 20), acondicionar trata-se de embalar os resíduos já
segregados em sacos ou recipientes que evitem vazamento, perfurações e ruptura;

Figura 2. Tipo de sacos ideais para o Acondicionamento dos RH

Fonte: INREBO, (2015).

Onde: 1 e 2 são recipientes ideias para acondicionamento dos resíduos comuns, infecciosos
e 3 são recipientes ideias para resíduos infecciosos e perfuro-cortantes (INREBO, 2015).

d) Identificação

Consiste no reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos ou recipientes. Este


procedimento deve ser realizado utilizando símbolos que informam o tipo de resíduo, além
disso, é necessário descrição do símbolo do resíduo acondicionado;

Figura 3. Identificação dos tipos de Resíduos

7
Fonte: ANVISA, (2006).

e) Colecta e Transporte Interno


As operações de colecta podem ser divididas em: colecta interna, que consiste no
recolhimento do lixo das lixeiras ou locais de geração, no fechamento do saco e no
transporte até a sala de resíduos; colecta externa que consiste na colecta do estabelecimento
gerador até ao local de tratamento ou disposição final. De acordo com SOUZA (2011, p.
51), o transporte interno é o processo que consiste em transladar os RH dos pontos de
geração até o local determinado para o armazenamento temporários, ou seja, na sua
transferência dos resíduos do ponto de geração até ao local destinado para o seu
armazenamento temporário ou armazenamento externo.

f) Armazenamento Temporário

É o local com função de armazenar temporariamente os RH que vão dos diversos sectores
da unidade, visando facilitar a colecta com uma área mínima e 2 m2 e contentores
específicos para armazenamento dos resíduos (CARVALHO, 2010, p. 22).

g) Tratamento

Segundo BaARBOSA (2014, p. 5), o tratamento dos resíduos são quaisquer processos
manuais, mecânicos, físicos, químicos e biológicos que alteram as características dos
resíduos de forma a reduzir o seu volume, periculosidade e facilitar a sua movimentação ou
eliminação.

h) Armazenamento externo

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Consiste na contenção temporário de resíduos em uma área específica, denominada
“Abrigo de Resíduos”, durante o aguardo da colecta externa, para a destinação visando ao
tratamento ou a disposição final (MACEDO, 2019, p. 37).

i) Colecta e Transporte Externo

A colecta externa consiste na retirada dos RH do abrigo de resíduos (armazenamento


externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, usando-se técnicas que garantam a
preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos funcionários, da
população e do meio ambiente (ANVISA, 2006).

j) Disposição final: É a disposição dos resíduos no solo ou em ambiente preparados para


recebê-los, sendo exigido um licenciamento ambiental. Os meios utilizados para dispor
os RH são aterros sanitários, aterros controlados, lixeiras e valas (SANTOS et al.,2011).

METODOLOGIA

Figura 4: Esquema do Fluxograma Aplicado na Pesquisa

Metodologia

Revisão Bibliográfica Trabalho de Campo

Observação
Consultas Directa
Levantamento Determinação
Bibliográficas
através da das Questionário
de CMaterial Visita aos
Internet Quantidades
Físico Sectores do
HPM

Análise e Discussão dos


Resultados

Redacção do Trabalho

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Fonte: Adaptado pelo Autor, (2022).

Quantificação de resíduos produzidos

Foi efectuada apenas para os seguintes tipos ou categorias de resíduos: Infecciosos,


perfuro-cortantes e comuns com recurso de uma balança analítica com a capacidade
máxima de 150 kg. Após a pesagem os dados obtidos foram submetidos a cálculos para a
determinação das quantidades diárias (kg/dia) através da seguinte fórmula:

Media Altimétrica (x)¿


∑n Equação (1)
n

Onde: ∑ n é o somatório de todas categorias de resíduos em (Kg) e n é o numero de


eventos em (dias).

taxade geracao por cada categoria(Kg/ semana)


Taxa de geração %¿ x 100% Equação
media arttimetrica( Kg /semana)
(2)

RESULTADOS

Tipos de Resíduos Produzidos no Hospital Provincial da Matola.


O hospital Provincial da Matola gera resíduos, comuns, infecciosos, perfuro cortantes,
radioactivos, biológicos e químicos. Sendo que as categoria de resíduos biológicos,
quimicos e Radioactivos não foram observadas devido as praticas adoptadas pela unidade
sanitária, que consiste em depositar e embalar os resíduos após sua geração.
Determinação das Quantidades dos Tipos de Resíduos Gerados no HPM
Tabela 1: Taxa de Geração Semanal, Diária e percentual diário de resíduos no HPM
Tipos de Resíduos Taxas de geração de resíduos
Taxa de geração Média diária
(kg/semana) (kg/dia) % de geração diária
Comum 600 120 55%
Infeccioso 333 66.6 31%
Perfuro cortantes 150 30 14%
Total 1083 216.6 100%

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Fonte: Autor ,(2023).
O Hospital Provincial da Matola têm uma taxa de geração, ou seja, média diária de 216.6 Kg/dia e semanal de
1083Kg/semana.

Gráfico 1: Percentagem de resíduos gerados diariamente no HPM

Gráfico Percentual de Geração Diária de


Residuos
14%

31% 56%

Comum Infeccioso Perfuro Cortantes

Fonte: Autor, (2023).


Os resultados expressos no gráfico a cima chamam a atenção para os índices dos resíduos
comuns (55%) que apresentam valores que podem ser optimizados com a segregação na
origem bem como a implementação do princípio dos “3R” (reduzir, reutilizar e reciclar) e
dentre os recicláveis encontram-se os resíduos domésticos: papel, plástico e matéria
orgânica. Em relação a percentagem (31%) dos resíduos infecciosos é importante pautar
pela segregação na origem e utilização de matérias menos perigosos indo em conformidade
com - WHO (2005), que sustenta a possibilidade de substituir materiais ou produtos
químicos que apresentam riscos por outros menos tóxicos ou perigosos nos hospitais. De
referir que a percentagem dos resíduos perfuro-cortantes (14%) merece também uma
atenção apesar de não apresentar índices elevados no que concerne as quantidades, ou seja,
por se tratar de resíduos potencialmente perigosos, minimizar a suas quantidades é crucial
para a redução dos custos de tratamento e disposição, bem como a diminuição dos riscos
que estes apresentam a saúde pública e ao meio ambiente.

Avaliação das Práticas de Gestão de RH no Hospital Provincial da Matola

 Segregação: a segregação de resíduos realizados no HPM é deficiente e


caracterizada por resíduos misturados, o que gera um aumento no volume, risco de
contaminação com os RH e tornando moroso o processo de tratamento.

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 Acondicionamento: constatou-se que esta etapa acontece no local de origem ou
próximo a ele em recipientes devidamente identificados com a categoria dos
resíduos, são acondicionados em baldes plásticos com tampa revestidas no seu
interior por sacos plásticos de cor preta, branco e amarelo.

 Identificação: no hospital avaliado constatou-se que os recipientes e os locais onde


eram colocados os RH possuíam indicações visíveis sobre o tipo de resíduo.

 Transporte interno: o transporte interno dos resíduos é realizado por agentes de


serviços de limpeza, geralmente duas para cada turno e departamento com recurso a
carinhas de mão usando-se o fluxo adequado de modo a evitar o transbordo e
consequentemente originar infecções.

 Armazenamento temporário externo: não há no HPM um espaço propício para o


armazenamento temporário externo dos resíduos especificamente os infecciosos,
são depositados na mesma área onde encontra-se duas incineradoras não funcionais,
com a vedação em precárias condições. Neste mesmo sector encontra-se um
contentor metálico para armazenamento do lixo comum, indo em conformidade
com a (MISAU, 2003).
 Tratamento: constatou-se que no HPM não é feito o tratamento de residuos , pós
esta unidade sanitária é possui duas incineradoras e uma trituradora instalada tudo
não funcional.
 Transporte externo: o transporte externo dos resíduos comuns no HPM é realizado
de forma correcta pelo Conselho Municipal da Cidade da Matola. Enquanto a
própria unidade sanitária encarrega-se pelo transporte dos resíduos infecciosos,
perfuro cortantes, nao sendo ideal pós o o camião não apresenta capacidade de
conter o fluxo durante o transporte para o destino final.

Figura 5: Entidades responsáveis pelo transporte de resíduos (A) HPM e (B) o Conselho
Municipal da Cidade da Matola.

12
A

Fonte: Autor, (2023).


 Disposição Final: os resíduos hospitalares, era feita em dois locais, para os resíduos
comuns na lixeira de Malhampsene e os resíduos infecciosos encaminhados para o
aterro em Moamba onde posteriormente são incinerados.

Figura 6: Queima de residuos infecciosos a Céu Aberto em Moamba.

Fonte: Autor, (2023).


CONCLUSÃO
Constatou-se que o Hospital Provincial da Matola gera diversas categorias de resíduos
nomeadamente: os resíduos comuns, infecciosos, perfuro cortantes, químicos, radioactivos
e por últimos os biológicos. Salientar que os resíduos químicos, radioactivos e anatómicos
foram de difícil contacto devido a periculosidade e técnicas de tratamento adoptadas pela
unidade sanitária para estas três categorias de resíduos, que consiste em dar o seu destino
final logo após a sua geração. A caracterização quantitativa dos resíduos hospitalares
gerados no Hospital Provincial da Matola, revelou uma taxa de geração de 216.6 Kg/dia e
de 1083Kg/semanal. De referir que, do total gerado semanalmente cerca de 600Kg são os
resíduos não perigosos e cerca de 483Kg são perigosos. Sendo que para estes dois últimos
ressalta-se a importância de minimização e da segregação na fonte para redução de riscos
de contaminação dos profissionais de saúde e ao meio ambiente.

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Quanto as práticas de gestão de resíduos hospitalares no HPM conclui-se que não estão
sendo feitas de forma adequada, carecendo assim de maior fiscalização. Apesar que tenham
sido constatados algumas praticas exigidas pela legislação vigente em Moçambique (no
Boletim da República nº 8/2003 sobre a gestão dos resíduos biomédicos de 18 de Fevereiro
de 2003), ainda existem deficiências que precisam ser resolvidas como aprimoramento da
segregação que é a etapa fundamental para o êxito das demais etapas de gestão de resíduos
hospitalares, a manutenção de equipamentos de tratamentos de RH, sendo estes que
minimizam a quantidade de resíduos depositados em aterros sanitários, a alocação de
recipientes para o acondicionamento de resíduos e a construção de um local propicio para
armazenamento temporário externo.

Recomendações

Após a realização do presente estudo recomenda-se: Ao Hospital Provincial da Matola

 Investir em equipamentos para a melhor gestão dos RH;

 Criar um local identificado, adequado e preparado para o descarte final de resíduos


hospitalares, Dar formação contínua e periódica dos técnicos envolvidos na gestão
de resíduos hospitalares;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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serviço de saúde, Brasil, 2006.
BARBOSA, J.; SANTOS, F.; CORREA, R. & FONSECA, A. A Saúde nos Pequenos
Negócios: Gestão dos Resíduos nos Laboratórios de Análises Clínicas em Aracaju (Se).
Universidade de Brasília, Brasil, 2014.
BARROS, R . T. V. Elementos de Gestão dos Resíduos Sólidos. Belo Horizonte, Brasil,
2012.
CONAMA. Resolução nº 358, de 25 de Abril. Dispõe sobre o Tratamento e a Disposição
final dos Resíduos dos Serviços de Saúde e dá outras Providências, 2005. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35805.pdf>. Acesso em 09 Fev. 2022,
9:20:15.

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Costa. W. M. (2009). A Importância da Gestão dos Resíduos Hospitalares e Seus Aspectos
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INREBO, J. P. Análise da Gestão dos Resíduos de Serviços de Saúde na Cidade de
Maputo, caso de estudo: Hospital Geral de Mavalane. 2015. Trabalho de conclusão de
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MISAU. Estratégia Nacional para Gestão do Lixo Hospitalar. Prevenção e Controle de
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