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Geralda Rofino Gimo

Relatório de estágio profissional sobre Gestão de Lixo Hospitalar. Caso do Centro de


Saúde de Murrupelane.

Instituto Superior de Transporte, Turismo e Comunicação


Nacala-Porto
Julho, 2023
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Geralda Rofino Gimo

Relatório de estágio profissional sobre Gestão de Lixo Hospitalar. Caso do Centro de


Saúde de Murrupelane.

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Estágio Profissional, Curso de Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Comunitário, 4º Ano, 1º
Semestre, Pos-Laboral.
Docente: Dr. Neovaldo Tomás Moíses

Instituto Superior de Transporte, Turismo e Comunicação


Nacala-Porto, Julho, 2023
ii
Índice

Agradecimentos ................................................................................................................ 4

Resumo ............................................................................................................................. 5

I. Introdução.................................................................................................................. 7

1.1. Justificativa ............................................................................................................ 8

1.2. Apresentação do problema .................................................................................... 8

1.3. Objetivos................................................................................................................ 9

1.4. Metodologia ........................................................................................................... 9

2. Instituição de acolhimento: Centro de Saúde de Murrupelane. ...............................11

2.1. Breve historial e Enquadramento organizacional. ................................................11

2.2. Missão, Visão e Valores do Centro. ..................................................................... 12

a) Missão: .................................................................................................................... 12

b) Visão: ....................................................................................................................... 12

c) Valores: .................................................................................................................... 12

2.3. Legislação e Normas Aplicáveis sobre gestao de resíduos hospitalares. ............ 13

2.4. Actividades desenvolvidas no estágio. ................................................................ 14

2.5. Resultados e discussões ....................................................................................... 16

3. Conclusão e recomendações.................................................................................... 17

3.1. Conlusão .............................................................................................................. 17

3.2. Recomendações ................................................................................................... 18

4. Bibliografia.............................................................................................................. 20

5. Anexos ..................................................................................................................... 21

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Agradecimentos

Esta caminhada é o culminar de uma realização pessoal, que para além de um


considerável esforço pessoal, contou com a contribuição e apoio de muitas pessoas. Quero
agradecer à minha família, em especial os meus pais e irmãos, sem a qual nada disto teria
sido possível, pelo incentivo e apoio recebido em todos os momentos da minha vida, pela
motivação e pela ajuda para transpor todos os obstáculos que cruzaram o meu caminho.

Ao meu orientador, o docente Dr. Neivaldo Tomás Moíses pela sua disponibilidade, pelo
imprescindível auxílio nas ideias orientadoras para a realização deste trabalho e pelo
privilégio que foi trabalhar em conjunto. Aos demais colegas, companheiros do Curso de
Licenciatura, nos bons momentos e solidariedade e conforto nos momentos difíceis. A
todos os profissionais de saúde que colaboram no estudo, enfermeiros e assistentes
operacionais, à administração do Centro de Saúde por ter autorizado a realização deste
trabalho e, pela disponibilidade e informações facultadas.

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Resumo

Hoje em dia, os hospitais são estruturas complexas que promovem a recuperação da saúde
dos pacientes, cuja prestação de serviços e cuidados de saúde requer a utilização intensiva
de diversos recursos: humanos, financeiros, tecnológicos, energéticos e materiais. Esta
situação tem conduzido a um crescimento dos custos com os cuidados de saúde e
consequentemente também a um aumento da produção de resíduos hospitalares (RH).

Os resíduos hospitalares constituem sério problema para os administradores de hospitais,


pois o descarte incorreto destes, ocasiona impactos muitas vezes irreversíveis a saúde
pública e ao meio ambiente. A existência de resíduos provenientes da prestação de
cuidados de saúde a seres humanos constitui um importante problema de saúde pública e
ambiental e determina uma atenção crescente na salvaguarda dos efeitos negativos que
podem afectar as populações. Perante este cenário, torna-se imperioso sermos eco
eficientes, isto é, sermos capazes de gerar mais produtos e serviços, com o menor uso de
recursos e diminuir a produção de resíduos e poluentes. Os RH também têm uma vertente
económica, o seu armazenamento, o transporte e os processos de tratamento constituem
uma elevada fonte de despesa para as instituições de saúde.

O presente relatório de estágio tem como objetivo geral, propor um sistema de gestão de
resíduos hospitalares para o Centro de Saúde de Murrupelane/Nacala-Porto, de modo a
minimizar ou eliminar os riscos inerentes a saúde dos funcionários, pacientes e a
comunidade circunvizinha. Este estudo foi realizado em todos os serviços da Unidade
Sanitária, de modo particular no Banco de Socorros e Sala de Tratamentos e Pensos.

Este relatório realizou-se baseando em dados primários e secundários, que foram


colectados por meio de entrevista aos profissionais de saúde assim como a comunidade
circunvizinha, a quanto do Estágio realizado nesta Unidade Sanitária, e por fim análise e
tratamento dos dados recolhidos neste Centro de Saúde. Durante as observações e análises
dos dados, observou-se que o Centro de Saúde de Murrupelane gera resíduos perigosos e
não perigosos, tal que estes resíduos quando são mal geridos podem apresentar impactos
negativos e ocasionar doenças como HIV/SIDA, tuberculose, hepatite, e outras doenças.
A produção total média diária dos resíduos hospitalares no C.S. Murrupelane gera cerca
25 Kg/dia, esta quantidade é composta por 63% de resíduos comuns, 7% de resíduos
Infeciosos/anatómicos, 30% de resíduos cortante e/ou perfurante. Os resíduos comuns ou

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equiparados a urbanos produz cerca de 15,75 Kg/dia, onde é constituído por componentes
33% papelão, 29 % de papel, 18% de matéria orgânica, 11% de plástico e 9% metal.

De acordo com esses dados levantados neste centro de saúde, Concluiu-se que há um
perigo eminente neste centro de saúde em estudo, devido a má gestão na segregação,
transporte interno, armazenamento temporário, tratamento e deposição final dos resíduos
e consequentemente, aumentando assim o volume dos resíduos desde a produção até a
deposição final.

De uma forma categórica para uma minimização da quantidade diária produzidos, alguns
destes resíduos poderão ser valorizados e outros encaminhados ao aterro sanitário
existente na Unidade Sanítária, desta feita, se o plano de gestão de resíduos hospitalares
proposto neste relatório, for implementado pode contribuir para uma melhoria continua
do sistema de gestão de resíduos hospitalares no centro de saúde Muruprlane.

Palavras-chaves: Resíduos hospitalares, Gestão dos Resíduos no Centro de Saúde de


Murrupelane, Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares.

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1. Introdução

Os hospitais são estruturas complexas que promovem a recuperação da saúde dos


pacientes, cuja prestação de serviços e cuidados de saúde requer a utilização intensiva de
diversos recursos: humanos, financeiros, tecnológicos, energéticos e materiais. Esta
situação tem conduzido a um crescimento dos custos com os cuidados de saúde e
consequentemente também a um aumento da produção de resíduos hospitalares. Além
deste crescimento que provem de maior número de pacientes por dia também pode se
verificar a maior produção de Recursos Humanos (RH), através de especialidades
existentes, os tipos de cuidados de saúde prestados, a quantidade de material reutilizado,
os métodos de gestão existentes, entre outos. Dai que á uma necessidade de se fazer ou
se implementar um sistema de gestão de resíduos.

Os resíduos hospitalares não são mais do que o reflexo do comportamento de quem os


produz, principalmente os profissionais de saúde. As soluções disponíveis para a sua
gestão estão dependentes do comportamento desses profissionais, que são agentes activos
dos projetos de gestão e é deles que depende, em grande medida, o sucesso da
implementação desses projetos. Os profissionais são assim uma parte do problema e a
chave para a solução. Segundo Martins (2006), a Organização Mundial de Saúde (OMS)
tem defendido que os resíduos hospitalares são especiais, e que algumas categorias destes
resíduos estão entre as mais perigosas de todos os resíduos produzidos na comunidade, e
que podem ter consequências graves ao nível da saúde pública e do ambiente.

Apesar de nos últimos anos ter aumentado a preocupação pública com a gestão dos
resíduos hospitalares, e a nível mundial ter sido desenvolvido um esforço significativo
para uma gestão segura, a ausência de uma clara compreensão dos riscos de transmissão
de doenças e o seu impacto para o ambiente, fazem com que existam na maior parte das
vezes, práticas de gestão inadequadas.

A gestão de resíduos é entendida como o conjunto das operações de recolha, transporte,


armazenagem, tratamento, valorização e eliminação dos resíduos, de forma a não
constituir perigo ou causar prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente, sendo
atribuída a responsabilidade dessa gestão aos produtores, designadamente, aos directores
dos Centros de Saúde (TAVARES, 2007). Uma adequada gestão de resíduos hospitalares
depende de uma boa organização e administração, mas também de uma participação ativa
de pessoal bem informado e formado.

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O presente relatório de estágio tem como objetivo geral propor um sistema de gestão de
resíduos hospitalares para Centro de Saúde de Murrupelane. Assim se verificará diversos
processos/etapas de gestão de RB apresentados um plano-tipo de gestão de RB para esse
CS desde a produção ate a deposição final.

1.1.Justificativa

Os resíduos hospitalares constituem um problema grave quando não são tratados de uma
forma adequada. Como é o caso da má gestão destes resíduos hospitalares como resíduos
cortantes e/ou perfurante, infeciosos, anatómicos, e outros, pode proporcionar a
transmissão de doenças para as pessoas expostas a esses resíduos como os funcionários
de limpeza sem equipamento de proteção individual completo, assim como contaminação
do solo e dos lençóis freáticos, dentre outros. Por outro lado, com a incineração não
controlada de resíduos, pode libertar gases tóxicos no meio ambiente os quais podem
poluir as áreas circunvizinhas e causar assim riscos a saúde populacional. Pós com a
implementação deste sistema de gestão de resíduos para o centro de saúde xipamanine,
poderá minimizar os riscos de saúde dos profissionais deste centro e comunidade
circunvizinha, e reduzir assim a quantidade e volume destes resíduos deste a produção
até a deposição final.

1.2.Apresentação do problema

Para Teixeira (2001), Koche (1997) e Severino (2007), “Problema – é a descrição da


situação que está a causar interesse pela pesquisa, como por exemplo: uma ausência, uma
dificuldade, uma contradição”. Por outra, a formulação do problema constitui o ponto de
partida de toda a pesquisa ou o motor do processo investigatório. (RUDIO apud CASTRO
(2005, p.69). O problema da pesquisa é o que dá razão à pesquisa.

O Centro de Saúde de Murrupelane não tem um plano severo de gestão de resíduos


hospitalares por isso que tem produzido grande volume de resíduos sólidos no decurso
das actividades, dentre os quais destacam-se: fraldas, seringas, agulhas, sondas, lâminas,
medicamentos, restos humanos, material de desinfeção de ferimentos, papel, papelão,
entre outros produtos descartáveis. Em alguns locais de produção de resíduos não há
recipientes suficientes para a sua deposição; e a segregação não é feita de forma rigorosa
e isso tem proporcionado grande quantidade dos resíduos produzidos; alguns não estão
rotulados, o que dificulta a distinção no momento de recolha.

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Para além disso, durante a incineração dos resíduos perigosos os gases libertados em
forma de uma pulma se propagam afectando assim as populações circunvizinhas
causando deste modo doenças para as comunidades como é o caso de problemas
respiratórios e infeções pulmonares. Por isso que se propôs um sistema de gestão de
resíduos hospitalares para o Centro de Saúde de Murrupelane de modo a minimizar ou
eliminar os impactos negativos, constituindo assim um centro saudável em gestão dos
resíduos hospitalar.

1.3.Objetivos

Por meio dos objectivos, indicam-se a pretensão com o desenvolvimento da pesquisa e


quais os resultados que se buscam alcançar. “A especificação do objectivo de uma
pesquisa responde às questões para que? E para quem?” (Lakatos & Marconi, 2003, p.
102). Desta feitas, o presente relatório tem como objetivo geral, desenvolver um sistema
de gestão de resíduos hospitalares para o Centro de Saúde de Murrupelane. Para a
concretização do objetivo geral, estabeleceu-se os seguintes objetivos específicos:

• Descrever a situação actual de gestão de resíduos no Centro de Saúde de


Murrupelane;
• Descrever os impactos da má gestão dos resíduos hospitalares no Centor de Saúde
de Murrupelane
• Determinar a quantidade e a captação diária dos resíduos sólidos produzidos;
• Propor um sistema de gestão de Resíduos hospitalar, para o Centro de Saúde de
Murrupelane;
• Propor medidas de monitorização do sistema de gestão de resíduos.
1.4.Metodologia

A metodologia utilizada durante o estágio profissional foi a análise documental e a


observação. Todos os dados presentes neste relatório, nomeadamente os relactos, foram
recolhidos através da técnica de observação e os horários e a caraterização do Centro
foram obtidos através da análise de documentos facultados pelos profissionais de saúde
existentes onde realizei o estágio.

Quivy & Campenhoudt (2003, p.155) afirmam que:

“A observação engloba o conjunto das operações através das quais o modelo de análise
(constituído por hipóteses e por conceitos) é submetido ao teste dos factos e confrontado

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com dados observáveis. Ao longo desta fase são reunidas numerosas informações. A
observação é, portanto, uma etapa intermédia entre a construção dos conceitos e das
hipóteses, por um lado, e o exame dos dados utilizados para as testar, por outro”.

Neste trabalho, a técnica de observação utilizada para a recolha de dados foi a observação
do tipo participante em que, para os mesmos autores, “o próprio investigador procede
directamente à recolha das informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados. Os
sujeitos observados não intervêm na produção da informação procurada. Esta é
manifestada e recolhida directamente neles pelo observador. ” (p.164).

Trata-se de uma técnica naturalista, direta, semi-participante e declarada. Naturalista pois,


durante o estudo encontrei-me no meio natural e a informação que recolhi foi realizada
em tempo real e no local da sua ocorrência. Uma observação direta, pois estive presente
no momento em que estive a observar e fi-lo numa Unidade Sanitária em tempo real. É
considerada também uma observação semi-participante pois em alguns momentos estive
apenas a observar, sendo somente espectadora, enquanto noutros participei nas
actividades do Centro de Saúde, ajudando aos profissionais na elaboração das mesmas.
Por fim, pode classificar-se também de declarada, pois a Direcção do Centro de Saúde de
Murrupelane tinha conhecimento da minha presença dentro da Unidade Sanitária. É
importante para a realização deste Relatório de Estágio Profissional, fundamentar com
bibliografia atual em termos de conteúdos.

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2. Instituição de acolhimento: Centro de Saúde de Murrupelane.
2.1.Breve historial e Enquadramento organizacional.

O Centro de Saúde de Murrupelane localiza-se a 11 Km da cidade de Nacala-Porto. O


nome Murrupelane surge pelo facto de que no tempo de Guerra dos 16 anos, populações
dos distritos circunvizinhos de Nacala-Porto (Mossuril, Nacala-a-Velha, Monapo e
Memba), na tentativa de fuga como mecanismo de defesa contra os ataques nas suas
comunidades, descansavam de tanto andar naquele lugar. Por se repetir várias vezes
aquele acto, naquele lugar passou a ser chamado Murrupelane (em macua), o que significa
lugar de descanso.

O Centro de Saúde foi inaugurado por Sua Excia o Presidente da República, Joaquim
Alberto Chissano, em 18 de Outubro de 2002. Foi a partir daí que passou a ser
reconhecida como Unidade Sanitária, com apenas seis (6) funcionários afectos, destes um
(1) agente de serviço e cinco (5) técnicos incluindo a Directora do Centro que respondia
pelo nome de Ermelinda António. Nesse período o Centro prestava somente serviços de
consulta externa.

Passados seis (6) anos, em 2007, entrou um novo Director, que respondia pelo nome de
Sualehe Mário e alguns serviços saúde foram acrescentados como é o caso de contrução
e abertura de uma maternidade, carecendo o incremento de mais funcionários, sendo que
foram afectos a Unidade Sanitária mais três (3) técnicos e um (1) agente de serviço,
totalizando dez (10) funcionários. Em 2013, foi colocado um novo Director de nome
Nelson Sardinha, que trabalhou até o ano de 2019.

Desde o ano de 2020 o Centro de Súde de Murrupelane até então, conta com o
funcionamentos de todos serviços de saúde como serviços de urgências (maternidade e
banco de socorro), consultas externas e pediatria, serviços de nutrição e imunização,
farmácia e um bloco administrativo, entre ourtos, de acordo com o tipo de Unidade
Sanitária e a zona em que foi implantada (Rural), conta ainda com um total de trinta (30)
funcionários incluindo Parceiros de cooperação em saúde, colaboradores de saúde
comunitária. Existe um responsável de PCI, senhor Juvêncio Stiven, desempenhando a
função de Chefe de Enfermagem e vela pela Gestão dos Resíduos Hospitalares (lixo) e
material médico.

De referir que o Centro de Murrupelane funciona em dois turnos para alguns funcionários,
horário único das 07:00 h às 15:30 minutos para uns e horário de urgências 24h para

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outros, atendendo uma média de cem (100) pacientes por dia e presta serviços para um
universo de doze (12) comunidades/bairros, incluindo bairros dos distritos circunvizinhos
(Nacala-a-Velha e Mossuril).

2.2.Missão, Visão e Valores do Centro.

Partindo do pressuposto de que o Centro de Saúde de Murrupelane, insere-se para cumprir


aspectos definidos a nível central do Ministério da Saúde, intende-se que a sua missão,
visão e valores, não fogem aos pricipios do ministério tutelar, que segundo o site
https://mef.gov.mz/index.php/publicacoes/politicas/planos-estrategicos/planos-
estrategicos-sectoriais/ministerio-da-saude-misau, aponta como missão, visão e valores:

a) Missão:

A missão do Ministério da Saúde de Moçambique é garantir o acesso equitativo a serviços


de saúde de qualidade, promover a prevenção de doenças e a promoção da saúde, e
melhorar a resposta do sistema de saúde às necessidades da população, com ênfase na
proteção dos direitos e bem-estar dos cidadãos.

b) Visão:

A visão do Ministério da Saúde de Moçambique é alcançar uma população saudável e


bem cuidada, onde todas as pessoas tenham acesso a serviços de saúde de qualidade,
equitativos e sustentáveis, através de uma abordagem integrada e centrada no cidadão.

c) Valores:

Os valores fundamentais do Ministério da Saúde de Moçambique incluem:

• Equidade: Garantir que todos os cidadãos tenham acesso igualitário aos serviços
de saúde, independentemente de sua origem étnica, socioeconômica, geográfica
ou qualquer outra forma de discriminação;
• Qualidade: Fornecer serviços de saúde que atendam aos mais altos padrões de
qualidade, com base em evidências científicas e melhores práticas, visando o bem-
estar e a segurança dos pacientes;
• Integridade: Agir com transparência, ética e responsabilidade na gestão dos
recursos públicos, promovendo a confiança e a credibilidade do sistema de saúde;
• Participação comunitária: Incentivar a participação ativa e envolvimento das
comunidades no planejamento, implementação e monitoramento das ações de

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saúde, reconhecendo sua importância como parceiros essenciais para a melhoria
da saúde;
• Colaboração: Promover parcerias e colaboração com outros setores, organizações
da sociedade civil, instituições acadêmicas, organismos internacionais e outras
entidades relevantes para fortalecer o sistema de saúde e alcançar melhores
resultados em saúde.
2.3.Legislação e Normas Aplicáveis sobre gestao de resíduos hospitalares.

Durante o estágio, foi fundamental compreender as legislações e normas específicas para


a gestão de resíduos hospitalares.

Segundo Portaria nº 90/2019, de 31 de dezembro - Regulamento sobre o Controlo da


Qualidade Ambiental dos Estabelecimentos de Saúde, apresenta que em Moçambique
como também no Centro de Saúde de Murrupelane, a gestão de resíduos hospitalares é
regida por diferentes legislações e normas. Abaixo estão algumas das principais
referências aplicáveis à gestão de resíduos hospitalares no país em geral e na Unidade
sanitária de Murrupelane em particular:

a) Lei nº 20/2014, de 18 de agosto - Lei do Ambiente: Esta lei estabelece o


enquadramento geral para a proteção do ambiente em Moçambique. Ela aborda a
gestão adequada de resíduos, incluindo os resíduos hospitalares.

b) Decreto nº 20/2018, de 13 de junho - Regulamento de Gestão de Resíduos


Hospitalares: Este decreto define os requisitos específicos para a gestão de
resíduos hospitalares em Moçambique. Ele aborda a classificação, segregação,
armazenamento, transporte e disposição final dos resíduos gerados por
estabelecimentos de saúde.

c) Portaria nº 90/2019, de 31 de dezembro - Regulamento sobre o Controlo da


Qualidade Ambiental dos Estabelecimentos de Saúde: Esta portaria estabelece os
padrões e critérios para o controlo da qualidade ambiental dos estabelecimentos
de saúde, incluindo a gestão adequada dos resíduos hospitalares.

d) Normas Técnicas Moçambicanas (NTM) 19: Esta norma, intitulada "Gestão de


Resíduos Sólidos Hospitalares", define as diretrizes técnicas para a gestão correta
dos resíduos hospitalares em Moçambique. Ela abrange a segregação,
acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final desses resíduos.

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Além dessas referências legais, é importante mencionar que Moçambique também segue
diretrizes e recomendações internacionais para a gestão de resíduos hospitalares, como as
estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros organismos relevantes.
É fundamental que as instituições de saúde em Moçambique estejam cientes dessas
legislações e normas aplicáveis e as implementem de forma adequada para garantir a
gestão segura e ambientalmente responsável dos resíduos hospitalares.

2.4.Actividades desenvolvidas no estágio.

No decurso do estágio, observei que a gestão dos resíduos hospitalares no Centro de


Saúde de Murrupelane é da responsabilidade da Comissão de Controlo de Infeção (CCI),
na pessoa do senhor Juvêncio Stiven, em estreita colaboração com o Serviço de
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (SSHST) a cargo da Direcção do Centro,
relactivamente aos resíduos hospitalares, os responsáveis por estes serviços procederam
à elaboração de alguns documentos, nomeadamente o Plano de Gestão de Resíduos
(CSM, 2023) e o Procedimento de Resíduos Hospitalares (CSM, 2023), com os seguintes
objetivos:

• proporcionar informação adequada aos profissionais de saúde sobre resíduos


hospitalares;
• estabelecer as políticas e planeamento da gestão de resíduos no Centro de Saúde
de Murrupelane;
• alertar para a perigosidade dos resíduos nas vertentes ética e de saúde pública;
• procurar sensibilizar os profissionais de saúde para o desenvolvimento de novas
atitudes perante a redução, triagem e reciclagem de resíduos hospitalares;
• minimizar os impactes adversos resultantes dos resíduos produzidos;
• reduzir o risco de infecção através de uma correcta triagem e de um correto
acondicionamento dos resíduos.

Aprendi na observação, que em ambos os documentos é feita referenciação à classificação


dos resíduos hospitalares, bem como quais os resíduos passíveis de serem
reciclados/valorizados e quais os cuidados e procedimentos que os profissionais devem
adoptar para realizar uma correcta triagem e acondicionamento do lixo. O plano de gestão
de resíduos realça a importância de uma correcta triagem como forma de reduzir o risco
para a saúde (dos doentes e utentes, visitantes, profissionais de saúde, funcionários dos

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serviços de apoio e a população circunvizinha) e para o ambiente e também como forma
de redução da exposição aos factores de risco e redução dos acidentes de trabalho.

No C. S. Murrupelane, serve-se como base de sustentação os documentos de gestão de


resíduos (conjunto de operações de recolha, transporte, armazenagem, tratamento,
valorização e eliminação de resíduos) elaborados na base da legislação do Ministério da
Saúde sobre a gestão do lixo hospitalar, sendo que deve iniciar nos locais de produção de
resíduos (nos serviços), onde se espera que os profissionais envolvidos efectuem uma
correcta identificação e deposição dos resíduos em contentores apropriados, de acordo
com as características e a classificação dos resíduos conforme as normas acima descritas.

Constatei ainda dos mesmos documentos elaborados para o funcionamento da gestão do


lixo no Centro, uma classificação correcta dos resíduos hospitalares. Eles são divididos
em diferentes grupos, incluindo resíduos comuns, resíduos infectantes, resíduos
químicos, resíduos radioactivos e resíduos perfurocortantes. Cada tipo de resíduo requer
procedimentos específicos de descarte e tratamento.

Durante o estágio, acompanhei de perto o processo de gerenciamento de resíduos


hospitalares. Notei que na maioria dos serviços existe uma má colecta do lixo para os
recipientes específicos, a segregação por tipo de resíduo e a rotulagem dos recipientes é
desordenada, o que leva o armazenamento temporário inseguro e o transporte para o
destino final muito fraco, a pesar das normas e procedimentos traçados para o
cumprimento de todos os profissionais.

Na etapa de tratamento e destinação final dos resíduos hospitalares do Centro de Saúde


de Murrupelane também foi abordada no estágio. A instituição não possui parcerias com
empresas especializadas no tratamento de resíduos, como a incineração de resíduos
infectantes, a esterilização de resíduos perfurocortantes e a destinação correcta dos
resíduos químicos, aspecto que não coloca na sua totalidade o cumprimento das normas
de segurança e o registo adequado de todas as etapas do processo. Outra questão que falta
naquela Unidade Sanitária por ser levada a cabo na gestão do lixo hospitalar, está
relacionada com o local pelo qual o lixo é incinerado (menor, no relento e próximo da
Unidade Sanitária e a Comunidade).

Além das actividades práticas, no estágio também não pude observar práticas que
proporcionavam a oportunidade de implementação de programas educacionais e de
conscientização voltados para os profissionais de saúde e a população. Essas acções

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visam promover uma cultura de gestão adequada de resíduos hospitalares, incentivando
a segregação correcta desde a origem e destacando a importância desse processo para a
saúde pública e o meio ambiente.

2.5. Resultados e discussões

Os resultados encontrados em cada sector de produção de resíduos hospitalares eles


apresentam grande preocupação para o Centro de Saúde de Murrupelane, primeiramente
devido a má gestão dos resíduos no que diz respeito a segregação inadequada e a falta de
monitoramentos dos sectores de produção, causando assim a desordem dos resíduos, e
assim proporcionando uma grande quantidade produzida em deferentes sectores,
aumentando deste modo a quantidade de resíduos a ser tratados na incineradora, e
consequentemente maior acumulação de resíduos perigosos nas pequenas caixas e
recipientes de armazenamento temporário e no recinto do Centro.

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3. Conclusão e recomendações
3.1.Conlusão

Durante a realização deste trabalho de estágio profissional constatou-se que o Centro de


Saúde Murrupelane produz quatro tipos de resíduos sólidos a saber: lixo comum, lixo
infecioso, lixo anatómico, lixo de vidro.

Pós em alguns sectores de produção desses resíduos sólidos hospitalares não há


recipientes suficientes para a sua deposição adequada, para além disso, esses que tem,
alguns não estão rotulados, o que dificulta a distinção no momento da recolha e deposição
final. Verifica-se que no sector de tratamentos, os resíduos perigosos incinerados geram
fluxo de gases para o meio ambiente, e com isso, contamina as comunidades
circunvizinhas que habitam naquela área, pós a queima dos resíduos é feita num aterro
com 1 metro de profundidade e sem um chaminé que possa facultar a dispersão dos gases
nocivos distantes do alcance de pessoas, por isso que é necessário a contrução de um
aterro com uma chaminé que a altura desejável de modo a evitar que a pulma venha se
estender para as residências das comunidades.

A produção total diária media dos resíduos hospitalares no Centro de Saúde de


Murrupelane gera cerca 25 Kg/dia de resíduos hospitalares, esta quantidade é composta
por 63% de resíduos comuns, 7% de resíduos Infeciosos/anatómicos, 30% de resíduos
cortante e/ou perfurante. A quantidade média diária dos resíduos comuns com 15,75
Kg/dia, onde é constituído por 33% papelão, 29 % de papel, 18% de matéria orgânica,
11% de plástico e 9% metal. Por isso que se o presente sistema de gestão de resíduos
hospitalares proposto neste relatório, for implementado pode contribuir para um melhoria
do sistema de gestão de resíduos hospitalares naquela Unidade Sanitária.

Não obstante, o estágio na área de gestão de resíduos hospitalares, na Unidade Sanitária


de Murrupelane, foi uma experiência enriquecedora, que proporcionou uma visão
abrangente sobre a importância desse processo e os desafios envolvidos e permitiu a
aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.

Através do cumprimento das normas e regulamentos, foi possível compreender a


importância da gestão adequada dos resíduos gerados no ambiente hospitalar, garantindo
a segurança de todos os envolvidos e contribuindo para a preservação ambiental. Foi
possível compreender a relevância da legislação e normas específicas, bem como a
necessidade de treinamentos e conscientização contínuos. A implementação de boas

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práticas e a busca por melhorias constantes são fundamentais para garantir a saúde pública
e a preservação do meio ambiente.

O estágio proporcionou um aprendizado significativo, que certamente será aplicado em


futuras actividades profissionais na área da saúde e gestão ambiental.

3.2.Recomendações

Esta proposta elaborou-se depois de ser feito uma análise do plano de gestão de resíduo
que atualmente é realizada nesse centro de saúde, este mesmo sistema de gestão deve ser
implementado de modo a minimizar os impactos que os resíduos hospitalares trazem para
o meio ambiente, e garantido assim o bem-estar e segurança de todos os trabalhadores
desta unidade sanitária assim como para a comunidade circunvizinha. E com isso as
etapas que aqui são colocadas para um sistema de gestão de resíduo adequado estão
descritas da seguinte maneira: prevenção e minimização, segregação/triagem,
identificação e acondicionamento, recolha e transporte, armaazenamento e finalmente o
tratamento e destino final.

Segundo a leitura feita de legislações proposta no Ministério de Saúde sobre Normas


Técnicas Moçambicanas (NTM) 19 - “Gestão de Resíduos Sólidos Hospitalares” e as
base na experiência adquirida durante o estágio, algumas recomendações podem ser feitas
para melhorar a gestão de resíduos hospitalares no Centro de Saúde de Murrupelane:

a) Treinamento contínuo: É fundamental promover treinamentos regulares para


todos os profissionais envolvidos no manejo de resíduos hospitalares. Isso
garantirá que todos estejam actualizados sobre as melhores práticas de
segregação, armazenamento e descarte adequado do lixo;

b) Monitoramento e controle: Criação de um grupo multissectorial com formação


em serviço sobre tratamento de resíduos para fazer a monitoria e controlo dos
resíduos desde produção até deposição final. É necessário implementar um
sistema eficiente de monitoramento e controle dos resíduos gerados feitos pelos
responsáveis do sector de lixo e a Direcção do Centro, tomando em consideração
as etapas propostas acima. Isso ajudará a identificar eventuais falhas no processo
e permitirá a adoção de medidas correctivas imediatas.

c) Redução na fonte: Promover a redução na fonte de resíduos é uma estratégia


importante. Incentivar práticas de consumo consciente, como o uso racional de

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materiais descartáveis, pode contribuir para a diminuição da quantidade de
resíduos gerados.

d) Parcerias estratégicas: Estabelecer parcerias com empresas especializadas no


tratamento e destinação final de resíduos hospitalares é essencial. Essas empresas
devem seguir todas as normas e regulamentos aplicáveis, garantindo assim um
manejo adequado dos resíduos gerados.

e) Melhoria na infraestrutura: Verificar se a infraestrutura atual está adequada para


o gerenciamento de resíduos hospitalares. Certificar-se de que existam recipientes
adequados, sinalização clara e fácil acesso aos pontos de colecta, bem como
condições de armazenamento temporário que atendam aos requisitos de segurança
e abertura de ateres para a incineração segura dos resíduos afastados da Unidade
Sanitária e dos bairros circunvizinhos.

Tambem durante a elaboração deste Sistema de Gestão de Resíduos no Centro de Saúde


Murrupelane acima proposto foram encontradas outras situações que necessitam de serem
melhoradas. Pós para sua melhoria recomenda-se:

• Que seja implementado este sistema de gestão de resíduos hospitalares propostos


neste relatório;
• Garantir a aquisição e disponibilidade de mais baldes, sacos plásticos, para uma
boa gestão dos resíduos;
• Para o caso de os estudos futuros avaliar os gases emitidos durante o processo de
inceneração dos resíduos hospitalares.

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4. Bibliografia

António Tavares, C. P. (2007). Plano de Gestão de Residuos Hospitalares em Centro de


Saude. Lisboa;

CASTRO, José M. (2005). Métodos e Técnicas de Pesquisa, Pontifícia Universidade


Católica de Minas Gerais, Instituto de Educação Continuada, Belo Horizonte;

Centro de Saúde de Murrupelane (2023). Plano de Gestão de Resíduos e o Procedimento


de Resíduos Hospitalares. Nacala-Porto. Moçambique;

https://mef.gov.mz/index.php/publicacoes/politicas/planos-estrategicos/planos-
estrategicos-sectoriais/ministerio-da-saude-misau, acesso dia 01 de Julho de 2023;

KOCHE, José Carlos. (1997). Fundamentos de Metodologia Científica: Teoria ciência e


iniciação à pesquisa. 21 ed. Petrópolis: Vozes;

Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. (2003). Fundamentos de Metodologia de


Investigação Científica. (5ª ed.). São Paulo. Atlas;

Normas Técnicas Moçambicanas (NTM) (2019) - “Gestão de Resíduos Sólidos


Hospitalares”. Ministério de Saúde de Moçambique;

Portaria nº 90/2019, de 31 de dezembro - Regulamento sobre o Controlo da Qualidade


Ambiental dos Estabelecimentos de Saúde. Moçambique;

Quivy, R. & Campenhoudt, L. V. (2003). Manual de investigação em ciências sociais.


Lisboa: Gradiva;

SEVERINO, António Joaquim. (2007). Metodologia do Trabalho Científico. 23 ed. São


Paulo: Cortez;

TEIXEIRA, Elizabeth. (2001). As Três Metodologias: Académica, da ciência e da


pesquisa. 5 ed. Belém: UNAMA.

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5. Anexos

Imagen 1. Centro de Saúde de Murrupelane/ Sector da Maternidade. Fonte: Autora (2023)

Imagem 2. Sector de Banco de Socorros- C. S. Murrupelane. Fonte : Autora (2023).

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Imagem 3: Centro de Saúde de Murrupelane – Aterro Sanitário. Fonte: Autora (2023).

Imagem 4. Baldes de recolha de lixo, no sector de Banco de socorro. Fonte : Autora (2023)

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Imagem 5: Caixas inseneráveis no Sector da Maternidade. Fonte: Autora (2023)

Imagem 6. Baldes de depósitos de lixo hospitalar. Fonte: Autora (2023).

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