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RESUMÃO AULA 7 DANIELLE

Análise Institucional de Georges Lapassade

Análise institucional
• Busca uma compreensão política das relações estabelecidas nas
instituições;
• Tem como objetivo fundamental a revelação da dimensão institucional
que geralmente permanece oculta;
• A dimensão exerce influência determinante sobre o que ocorre nos
grupos e na vida cotidiana das pessoas;
• Revela como são produzidas ideologias e como a burocracia afeta as
relações estabelecidas;

A análise institucional e o Estado


• “Há uma dimensão oculta, não analisada e, portanto, determinante,
nos grupos: a dimensão institucional.”
• A análise institucional visa revelar essa dimensão, destacando a
presença do Estado no fazer diário dos grupos e das organizações
através das instituições mediadoras (educação, sexualidade, família,
partidos, Igreja etc.);

As vias de análise: palavra x ação


• “Vias” de análise, ou seja, as técnicas usadas pela Análise Institucional?
A SOCIOANALISE
• A intervenção dos analistas nos grupos apresenta-se como fixada na
palavra, visando inclusive a libertação da palavra social através da
SOCIOANALISE;
• Se o analista é o catalisador da mudança, a ideia subjacente é que a
análise seja, em última instância, uma ação em que o grupo atua sobre
si mesmo, especialmente na ausência do analista;
• Isso destaca a busca pela autogestão e pela continuação da
transformação institucional após a intervenção.
Atuação do Psicólogo:
• O profissional se compromete em questionar e desafiar as estruturas
institucionais, as normas e os processos que podem perpetuar
desigualdades e problemas sociais, desempenhando o papel de um
cientista social em constante revolução;
• O analista “provoca” as relações de poder rígidas e hierarquizadas,
procurando romper o ciclo burocrático;
• O papel do analista institucional é o de "detonador" da análise, ou seja,
ele estimula a reflexão sobre as práticas institucionais;
• Ele não está lá para impor soluções ou prescrições, mas para
incentivar a análise crítica das relações de poder e das dinâmicas
presentes na instituição;
• É crucial que o analista institucional não crie vínculos de dependência
com os membros da instituição que está analisando;
• Deve oferecer uma perspectiva imparcial e crítica.

Níveis de realidade social


1. O grupo
2. A organização
3. A instituição
1. O grupo
• Nível mais próximo da vida cotidiana;
• Consiste em grupos sociais, como famílias, classes ou equipes de
trabalho em escritórios;
• O objetivo principal dos grupos é manter a ordem, organizar atividades
de aprendizado e produção;
• Os grupos têm suas próprias rotinas, formas de relacionamento e de
trabalho;
• Ainda existe a influência da instituição, ou seja, das regras e valores da
sociedade mais ampla;
EX: O papel de um professor que representa o Estado na relação com
os alunos, incorporando as normas e valores educacionais da
sociedade.

2. A organização
• Estruturas mais formais e físicas, como empresas, escolas, hospitais,
onde as atividades cotidianas são organizadas de acordo com
regulamentos;
• É o local no qual se concretiza a burocracia, e as regras são
estabelecidas para guiar o funcionamento da instituição;
• É o espaço físico onde as atividades ocorrem, e ela serve como uma
ligação entre a sociedade civil e o Estado

3. A instituição (Estado)
• Nível mais abstrato e amplo da organização social;
• Representa o conjunto de leis, normas, regulamentos e valores que
regem a conduta social em uma sociedade;
• A influência do Estado é muito significativa, uma vez que este é o
principal órgão responsável por estabelecer e fazer cumprir essas leis e
regulamentos que afetam a vida das organizações e grupos.

A instituição
• Após a definição dos três níveis do sistema social, Lapassade redefine o
conceito de instituição;
• Estabelece o conceito como um conjunto de TUDO o que foi

estabelecido, regulamentado ou instituído em uma sociedade. (leis,

tradições, TUDO)
• Abrange aspectos jurídicos e políticos, governamentais e estruturas de
poder;
• Presente nas interações cotidianas entre indivíduos podendo influenciar
o comportamento das pessoas de maneira não consciente.
• Fundamental na organização e regulação da vida em sociedade.
Instituinte e instituído
• Instituinte: é o movimento de criação, é a capacidade de inventar novas
formas de relação. Movimento da instituição que possibilita a mudança.
• Instituído: é o que está estabelecido, é o caráter de fixidez e
cristalização das formas de relação. Resiste às mudanças.
• No processo de institucionalização, o instituinte acaba instituído;

Estado, repressão e ideologia


Estado
• Considerado a instituição primordial na sociedade;
• Responsável por criar e aplicar leis;
• Possui o monopólio do uso legítimo da força, usando-a quando
necessário para manter a ordem e a conformidade com as leis;
• Exerce autoridade sobre todas as instituições e indivíduos dentro de seu
território.
Repressão
• Refere-se a ação física e a prática repetitiva de imposição de regras e
restrições que podem alienar os sujeitos envolvidos;
• A repressão pode ser exercida pelo Estado ou por outras instituições
que seguem suas regras e regulamentos.
EX: Todas as emissoras de rádio, televisão e jornais são controladas
pelo Estado ou por grupos alinhados ao governo.
Garantindo que apenas mensagens aprovadas pelo governo sejam
divulgadas, criando uma narrativa única e muitas vezes distorcida.
Ideologia
• Surge do desconhecimento provocado pela repressão;
A falta de acesso à informação completa e objetiva, juntamente com a
imposição de narrativas e valores específicos leva a formação de
ideologias;
• Muitas vezes serve aos interesses daqueles que detêm o poder,
mantendo o controle da repressão do Estado.
EX: Um país no qual o governo promove uma narrativa histórica que
destaca apenas os aspectos positivos de seu passado e minimiza ou
ignora eventos controversos ou negativos. Os livros didáticos são

escritos de acordo com essa narrativa ideológica, e retratam a nação


como infalível e virtuosa, omitindo informações que possam questionar
essa visão.
Burocracia e poder
• É um certo tipo de poder que atravessa toda a vida social, desde as
relações de produção até o lazer;
• Qualquer organização que dependa de regras e procedimentos rígidos
pode manifestar características burocráticas.
• Um aspecto fundamental é a divisão de funções entre aqueles que
formulam políticas, tomam decisões (a alta administração) e aqueles que
executam tarefas (a base operacional);
• Existindo sempre aquele que pensa e aquele que executa;
• Essa separação visa à eficiência e ao controle, mas pode criar uma
desconexão entre os níveis da organização;
• É uma questão política, porque influencia quem detém poder e como
esse poder é exercido;
• As relações burocráticas geralmente envolvem uma disparidade
significativa de poder entre aqueles que definem o que deve ser feito e
aqueles que executam essas tarefas;

Características da burocracia tradicional


• Em lugares onde as estruturas burocráticas são mais rígidas, as
características da burocracia tradicional se tornam evidentes e
dominantes;
• A burocracia não é uma doença ou disfunção, mas sim uma forma
determinada de estruturação das relações de poder.
• A burocracia implica uma alienação das pessoas nos papeis e dos
papeis no aparelho.
• Os papeis são sempre previstos e distribuídos de maneira impessoal e
tem sentido apenas em função da organização foram definidos.
• As decisões são sempre tomadas por instâncias anônimas,
desconhecidas.
• As comunicações se dão apenas em um sentido: de cima para baixo.
• A estrutura de poder em dois andares alimenta-se na ideologia do saber
e apoia-se numa pedagogia diretiva: os que sabem (cúpula) e os que
ignoram (base).
• Através da perpetuação da desigualdade, desenvolve-se o conformismo,
preserva-se a falta de iniciativa e ratifica-se a separação nos dois níveis
da organização burocrática.
• A burocracia não é um meio para que um fim seja atendido, ela é um fim
em si mesma.
• A burocracia supõe a resistência a mudança, uma rigidez ideológica.
• A burocracia é a fonte do comportamento desviante e dos grupos
fragmentados ou informais.
• Na burocracia tradicional, há o movimento dos que se servem da
organização para configurar uma “carreira” que brota da função ou papel
ocupado através de concessões e contornos para obter uma boa
posição.
• A burocracia é, portanto, o ritual de iniciação no universo institucional.

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