Você está na página 1de 3

–P

INVENTÁRIO E TESTAMENTO: ASPECTOS LEGAIS, JURISPRUDENCIAIS E


DOUTRINÁRIOS
Luiz Alberto Ramos Barbosa1

Pesquisa apresentada para curso de Direito,


da Universidade Veiga de Almeida. Núcleo
de Pratica Jurídica. 2024.1

Universidade Veiga de Almeida - UVA 2024.1


1Luiz Alberto Ramos Barbosa – Graduando de Direito- Universidade Veiga de Almeida- luizramosdir@gmail.com
Disciplina: Núcleo de Pratica Jurídica
Professora: Joyce Lira
Campus: Tijuca

Introdução

O inventário e o testamento são institutos do direito sucessório regulamentados pelo


Código Civil de 2002 e pelo Código de Processo Civil de 2015. Ao longo dos anos, têm sido
objeto de intensas discussões doutrinárias e jurisprudenciais, especialmente no que diz respeito
à sua realização extrajudicial e à sua desjudicialização. Nesta pesquisa, serão apresentados
alguns aspectos relevantes sobre o tema, destacando tanto os posicionamentos dos tribunais
quanto as contribuições da doutrina especializada.

Inventário

O inventário é o procedimento pelo qual se faz o levantamento de todos os bens, direitos


e dívidas deixados por uma pessoa falecida, visando à sua partilha entre os herdeiros ou
legatários. Ele pode ser realizado de forma judicial ou extrajudicial, conforme previsto no artigo
610 do Código de Processo Civil. No inventário judicial, o processo é conduzido perante um
juiz, enquanto no inventário extrajudicial, a partilha é realizada por escritura pública, nos casos
em que todos os herdeiros são capazes e concordes.

Testamento

O testamento é o ato pelo qual uma pessoa, de forma unilateral e conforme as


formalidades legais, manifesta sua vontade sobre o destino de seus bens após o seu falecimento.
Ele pode dispor sobre todo o patrimônio (testamento universal) ou apenas parte dele (testamento
particular). Existem diferentes tipos de testamentos, como o testamento público, o cerrado e o
particular. O testamento público é lavrado em cartório, na presença de testemunhas e de um
tabelião, enquanto o testamento cerrado é escrito pelo próprio testador, e o particular é escrito
de próprio punho ou por outra pessoa a seu pedido.

No julgamento do Recurso Especial nº 1.951.456, a Terceira Turma do Superior


Tribunal de Justiça (STJ) proferiu decisão relevante sobre a possibilidade de realização de
inventário extrajudicial, mesmo na presença de testamento. A ministra relatora, Nancy
Andrighi, destacou que, desde que todos os herdeiros sejam capazes e concordes, é admissível
a realização de inventário e partilha por escritura pública, conforme previsto no artigo 610,
parágrafo 1º, do Código de Processo Civil.
Disciplina: Núcleo de Pratica Jurídica
Professora: Joyce Lira
Campus: Tijuca

Essa interpretação da jurisprudência do STJ vai ao encontro do entendimento


doutrinário de Flávio Tartuce, renomado jurista brasileiro especializado em direito das
sucessões. Em sua obra "Direito das Sucessões", Tartuce ressalta que, conforme o Enunciado
16 do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), "mesmo quando houver testamento,
sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de
interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial" (TARTUCE, Flávio. Direito das
Sucessões, 7ª ed., p. 210).

Diante do exposto, verifica-se uma tendência tanto na jurisprudência quanto na doutrina


em favor da desjudicialização do inventário e do testamento, especialmente nos casos em que
há plena concordância entre os herdeiros e não há conflitos de interesses. Essa abordagem visa
promover uma maior celeridade e eficiência na administração dos bens deixados pelo falecido,
contribuindo para uma melhor aplicação dos princípios da autonomia da vontade e da segurança
jurídica.

Referências

 BRASIL. Código Civil de 2002.

 BRASIL. Código de Processo Civil de 2015.

 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.951.456. Relatora:


Ministra Nancy Andrighi. Julgado em [data].

 TARTUCE, Flávio. Direito das Sucessões. 7. ed. São Paulo: Método, 2022

Você também pode gostar