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NESTA

EDIÇ ÃO

Redação
Isadora Oliveira
Julio Fernandes de Jesus
Luiz Scola
Yuri Franco

Seleção e Revisão
Yuri Rafael Franco

Editoria e Design
Jennifer Santos
Revista Fisio em Evidência Janeiro | 2024

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Revista Fisio em Evidência Janeiro | 2024

VISÃO GERAL

A meniscectomia parcial artroscópica


A meniscectomia parcial
é um dos procedimentos ortopédicos mais
artroscópica é um dos
realizados na prática clínica. Para atletas procedimentos ortopédicos
e indivíduos de meia-idade fisicamente ativos mais realizados
com histórico de lesão meniscal, o retorno na prática clínica.
ao esporte é um importante resultado e poucos
estudos investigaram o retorno ao esporte após
determinado procedimento cirúrgico.
Investigar a proporção
Desta forma, o artigo que discutiremos de pacientes que retornaram aos níveis
pré-lesão de seu esporte, a extensão
hoje, tem como objetivo investigar a proporção de sua participação e desempenho
de pacientes que retornaram aos níveis pré-lesão esportivo, aproximadamente 5 anos
de seu esporte, a extensão de sua participação após a meniscectomia parcial.
e desempenho esportivo, aproximadamente
5 anos após a meniscectomia parcial. Além disso,
foram analisadas as diferenças de trajetórias
de resultados relatadas pelo paciente desde
Foram analisadas as diferenças
antes da cirurgia até aproximadamente 5 anos de trajetórias de resultados relatadas
após a cirurgia entre aqueles que retornaram pelo paciente desde antes da cirurgia até
aos níveis pré-lesão de seu esporte e aqueles aproximadamente 5 anos após a cirurgia
que não o fizeram. entre aqueles que retornaram aos níveis
pré-lesão de seu esporte e aqueles que
não o fizeram.

METODOLOGIA
288 pacientes de um centro na Dinamarca foram questionados sobre retorno ao esporte
e razões para não retorno em aproximadamente 5 anos (intervalo entre 4-6 anos) após
o procedimento cirúrgico, usando questões específicas sobre desempenho esportivo, em formato
online. Pacientes que encontravam-se envolvidos em seu esporte no nível pré-lesão durante
o período de acompanhamento foram classificados como “RTS” (ou “retornou ao esporte”)
e também como está engajado em seu esporte: (1) plena participação e desempenho, (2) desempenho
reduzido, ou (3) ambos reduzidos - participação e desempenho. A função auto referida do joelho
acometido foi avaliada usando o questionário Knee Osteoarthritis Outcome Score (KOOS).

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288
pacientes

288 pacientes de um Uso de questões Pacientes que encontravam-se envolvidos em


centro na Dinamarca específicas sobre seu esporte no nível pré-lesão durante o período
foram questionados desempenho de acompanhamento foram classificados como
sobre retorno ao esportivo, em formato “RTS” (ou “retornou ao esporte”) e também
esporte e razões para online como está engajado em seu esporte
não retorno

(1) plena participação e desempenho, A função auto referida do joelho


(2) desempenho reduzido, ou (3) ambos acometido foi avaliada usando
reduzidos - participação e desempenho o questionário Knee Osteoarthritis
Outcome Score (KOOS).

RESULTADOS

Foram incluídos 288 pacientes (média ± DP idade, 49 ± 12 anos; 44% mulheres). Destes,
172 pacientes foram classificados como “retornaram ao esporte”, mas apenas 42% relataram
participação plena e desempenho. Problemas persistentes com o joelho operado foram relatados
por 60% dos pacientes como o principal motivo da redução da participação ou desempenho e por
70% dos pacientes como a principal razão para não retornar aos níveis pré-lesão de seu esporte.
Pacientes que retornaram ao esporte, em média, melhoraram em 10,1 pontos no questionários
KOOS, quando comparadas com as pontuações de linha de base para 5 anos do que os pacientes
que não retornaram.

288
pacientes
42% 60%
pacientes
pacientes

288 pacientes 172 pacientes 42% dos pacientes Problemas persistentes com o joelho
(média ± DP idade, foram classificados relataram operado foram relatados por 60% dos
49 ± 12 anos; como “retornaram participação plena pacientes como o principal motivo da
44% mulheres). ao esporte” e desempenho redução da participação ou desempenho

70%
pacientes

70% dos pacientes como


a principal razão para não
retornar aos níveis pré-
lesão de seu esporte

Questionários Knee injury


and Osteoarthritis Outcome
Score for Patellofemoral
Pain and Osteoarthritis
(KOOS-PF)
Pacientes que retornaram ao esporte,
em média, melhoraram em 10,1 pontos
no questionários KOOS, quando
comparadas com as pontuações de linha
de base para 5 anos do que os pacientes
que não retornaram.

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PONTOS FORTES E LIMITAÇÕES

O estudo é um dentre os diversos estudos que buscam fornecer mais informações sobre
retorno ao esporte após um procedimento cirúrgico. Pontos fortes como o número de pacientes
acompanhados e o tipo de cirurgia abordada devem ser enfatizados, porém algumas limitações
também podem ser discutidas, como por exemplo, devido ao design retrospectivo e à adição
de perguntas sobre retorno ao esporte ao questionário de acompanhamento de 5 anos, existe
o risco de viés de memória, além dos dados terem sido relatados pelo paciente; assim não podemos
ter certeza se a participação e desempenho esportivo correspondem à medidas objetivas, por
exemplo, de testes funcionais. Além disso, vale ressaltar que devido ao perfil da amostra do estudo,
os resultados podem não ser generalizáveis para adolescentes ou adultos jovens populações
de esportes de alto rendimento.

› Número de pacientes acompanhados › Risco de viés de memória


› Tipo de cirurgia abordada › Dados terem sido relatados pelo paciente
› Perfil da amostra do estudo, os resultados podem não
ser generalizáveis para adolescentes ou adultos jovens
populações de esportes de alto rendimento

FIC A A DIC A

PARA LER
Exercícios domiciliares X Supervisionados pós meniscectomia

A incidência anual de lesões meniscais é de, aproximadamente,


66 a 70 para cada 100.000
pessoas.

Apesar das evidências atuais não demonstrarem superioridade


do tratamento cirúrgico em
relação ao tratamento conservados para lesões de menisco
degenerativas, as meniscectomias
continuam sendo uma das cirurgias mais realizadas no mundo.

Os resultados dessa revisão foram diferentes do esperado por você?

Lembrando que nada substitui a leitura do artigo completo.


DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2021.11582.

Material selecionado e produzido pelos queridos @luizscola e @iooliveira.

Para mais mais conteúdos como esse acesse o nosso Instagram


@fisioemortopedia

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VISÃO GERAL

Dor lombar é uma condição clínica utilizar a corrente interferencial previamente


que gera um certo grau de limitação aos seus aos exercícios de Pilates e o resultado final foi que
portadores. Atualmente, as terapias ativas são não existe diferença em utilizar uma corrente
as terapias mais indicadas para essa população ativa ou placebo, ao final das 6 semanas.
com resultados comprovados em diversos
estudos. Uma das modalidades que vem Porém, um questionamento surgiu após
mostrando resultados é o método Pilates, com um editorial da profa. Sluka, que fala sobre
valores similares de efeito em comparação com a importância de se avaliar as correntes
as demais formas de terapias ativas. analgésicas dentro do que ela se propõe, ou seja
avaliações imediatas após sua aplicação, tendo
Uma das principais barreiras de se evoluir em vista seus efeitos serem mais adequados
com exercícios para esse tipo de paciente nesse tempo de avaliação.
é o medo de piorar seus sintomas. Dessa O artigo que discutiremos hoje é uma análise
forma, os autores desse estudo pensaram secundária de um ensaio clínico randomizado
em seu estudo principal (Franco KM, Franco e controlado por placebo. O objetivo dessa
YD, Oliveira NB et al. Is interferential current análise secundária é saber se os pacientes que
before Pilates exercises more effective than utilizaram a corrente ativa têm uma velocidade
Placebo in patients with chronic nonspecific low de melhora mais rápida do que os pacientes que
back pain?: a randomized controlled trial. Arch. receberam placebo.
Phys. Med. Rehabil. 98(2), 320–328 (2017)) em

Dor lombar é uma As terapias ativas são Método Pilates


condição clínica que as terapias mais indicadas para É uma das modalidades que vem
gera um certo grau essa população com resultados mostrando resultados com valores
de limitação aos seus comprovados em similares de efeito em comparação com
portadores. diversos estudos. as demais formas de terapias ativas.

Medo de piorar seus sintomas Um questionamento


É uma das principais barreiras de se A importância de se avaliar as correntes analgésicas dentro
evoluir com exercícios para esse tipo do que ela se propõe, ou seja avaliações imediatas após
de paciente sua aplicação, tendo em vista seus efeitos serem mais
adequados nesse tempo de avaliação.

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METODOLOGIA

Trata-se de uma análise secundária de um ensaio clínico com paciente com dor lombar crônica
que foram submetidos há um protocolo de tratamento de seis semanas, onde as duas primeira
eram somente de eletroterapia e as demais era associação da eletroterapia (ativa ou placebo) com
exercícios do método Pilates. A análise final desse estudo mostrou que não existe diferença entre
os grupos ao final das seis semanas. Porém, a análise secundária verificou a quantidade de sessões
necessárias para aliviar a dor em 30%, 50% e 100% na intensidade da dor.

Para isso, foi adotado o seguinte protocolo de coleta de dados. A intensidade da dor foi
avaliada a cada sessão pelos terapeutas que realizavam o tratamento com o método Pilates.
A intensidade da dor foi avaliada pela escala numérica da dor, variando de 0 a 10 pontos. O terapeuta
perguntava ao paciente a intensidade da dor antes e depois da corrente interferencial (ativa
ou placebo) e após os exercícios.

06
semanas

Paciente com dor Duração: seis semanas Não existe diferença


lombar crônica Onde as duas primeira eram somente A análise final desse estudo
foram submetidos de eletroterapia e as demais era mostrou que não existe
há um protocolo associação da eletroterapia (ativa diferença entre os grupos
de tratamento ou placebo) com exercícios ao final das seis semanas.
do método Pilates

Sessões necessárias Protocolo de coleta de dados


A análise secundária verificou A intensidade da dor foi avaliada a cada
a quantidade de sessões necessárias sessão pelos terapeutas que realizavam
para aliviar a dor em 30%, 50% e 100% o tratamento com o método Pilates
na intensidade da dor.

Intensidade da dor
Avaliada pela escala numérica da dor, variando
de 0 a 10 pontos. O terapeuta perguntava
ao paciente a intensidade da dor antes e depois
da corrente interferencial (ativa ou placebo) e após
os exercícios.

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RESULTADOS

Diferente do estudo principal, a corrente


ativa mostrou que tem resultado na velocidade Corrente ativa
de melhora dos pacientes com dor lombar. A corrente ativa mostrou que tem
Para uma melhora de 30% dos sintomas de resultado na velocidade de melhora
dos pacientes com dor lombar.
dor (melhora clinicamente significante) quem
utilizou a corrente ativa, teve a melhora uma
sessão mais rápida. Para redução de 50% dos +30%

sintomas dolorosos (redução substancial) o


grupo que utilizou a corrente ativa mostrou
uma melhora duas sessões mais rápidas do Melhora de 30% dos sintomas de dor
que o grupo placebo e para redução de 100% (melhora clinicamente significante)
quem utilizou a corrente ativa, teve
dos sintomas dolorosos (redução completa) os a melhora uma sessão mais rápida.
pacientes do grupo ativo atingiram esse limiar
três sessões mais rápido.
-50%

Redução de 50%
dos sintomas dolorosos
(redução substancial) o grupo que
utilizou a corrente ativa mostrou uma
melhora duas sessões mais rápidas
do que o grupo placebo

-100%

Redução de 100%
dos sintomas dolorosos
(redução completa) os pacientes
do grupo ativo atingiram esse limiar
três sessões mais rápido.

PONTOS FORTES E LIMITAÇÕES

Um dos pontos fortes deste estudo


Pontos fortes está na forma de avaliar o efeito das correntes
Forma de avaliar o efeito das correntes
analgésicas sendo feito no imediato a aplicação
analgésicas sendo feito no imediato a aplicação
como se preconiza os estudos editoriais sobre como se preconiza os estudos editoriais sobre
a atualização das correntes analgésicas. a atualização das correntes analgésicas.

O ponto de limitação desse estudo


está na estatística utilizada, que é uma análise
de sobrevivência. Essa estatística é utilizada
Estatística utilizada, que é uma análise para desfechos de morte, na maioria dos casos,
de sobrevivência ou seja, se o paciente atingiu o objetivo que nesse
Se o paciente atingiu o objetivo que nesse estudo estudo foi a melhora em 30%, 50% ou 100% ele
foi a melhora em 30%, 50% ou 100% ele era era censurado e não retomava a estatística caso
censurado e não retomava a estatística caso seu
seu caso voltasse a piorar, uma condição comum
caso voltasse a piorar
de se ver em paciente com dor lombar.

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VISÃO GERAL
A tendinopatia patelar é uma condição
musculoesquelética de tendência a cronicidade Tendinopatia patelar
Uma condição musculoesquelética de tendência
e que, consequentemente, gera disfunções
a cronicidade e que, consequentemente, gera
e queixas prolongadas nos sujeitos que disfunções e queixas prolongadas nos sujeitos
a apresentam. Além disso, possui taxas que a apresentam
elevadas de prevalência; principalmente em
indivíduos praticantes de esportes (profissionais
e amadores), sendo que estes, queixam-se
de forma rotineira de dor na região anterior
do joelho (ápice a patela) ao realizar mudanças Prevalência
bruscas de direção e/ou aterrissagens. Possui taxas elevadas de prevalência;
principalmente em indivíduos praticantes
de esportes (profissionais e amadores)
Os processos de reabilitação, alta
fisioterapêutica e prevenção desta condição são
extremamente desafiadores – principalmente
quando se lida com atletas de alto rendimento –
e geralmente, necessitam da associação de uma Sintomas
gama de abordagens para se obter resultados Queixam-se de forma rotineira de dor na região
positivos e controlar os sintomas. Desta forma anterior do joelho (ápice a patela) ao realizar
mudanças bruscas de direção e/ou aterrissagens.
e para tornar os resultados mais promissores,
é necessário acompanhar as pesquisas sobre
a temática e escolher de forma precisa
as melhores e mais atuais estratégias disponíveis.
Reabilitação
Sendo assim, o objetivo deste estudo Geralmente necessitam da associação de uma
foi identificar com a utilização de uma enquete gama de abordagens para se obter resultados
on-line se os fisioterapeutas brasileiros estão positivos e controlar os sintomas. É necessário
utilizando (e com qual frequência) as mais acompanhar as pesquisas sobre a temática
e escolher de forma precisa as melhores e mais
eficazes estratégias e abordagens direcionadas atuais estratégias disponíveis.
para o manejo clínico da tendinopatia patelar.

Objetivo
Identificar com a utilização de uma enquete
on-line se os fisioterapeutas brasileiros estão
utilizando (e com qual frequência) as mais
eficazes estratégias e abordagens direcionadas
para o manejo clínico da tendinopatia patelar.

METODOLOGIA
Foram convidados a participar deste estudo 444 fisioterapeutas brasileiros, associados
ou não na Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE) e que tinham experiência prévia
com o tratamento de indivíduos com tendinopatia patelar, para participar deste estudo (enquete)
transversal. Para estes convidados, foram enviados os formulários explicativos e também o termo de
consentimento de utilização das respostas. Os fisioterapeutas que aceitaram participar da pesquisa
(121) receberam então o formulário/enquete que continha perguntas sobre o manejo clínico
e as escolhas de abordagens para o tratamento, alta e prevenção da tendinopatia patelar.

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As respostas sobre as abordagens foram 444


aglutinadas – para uma melhor interpretação
e análise dos dados – em 4 grupos:
Participantes
Foram convidados a participar deste estudo
› Fototerapia e recursos eletrotérmicos 444 fisioterapeutas brasileiros, que tinham
› Exercícios de fortalecimento experiência prévia com o tratamento de
indivíduos com tendinopatia patelar
› Exercícios de alongamento
› Outros(as)

Após o recebimento e agrupamento


adequado das respostas contidas nos Formulários explicativos
Foram enviados os formulários explicativos
questionários, foram realizadas buscas por revisões
e também o termo de consentimento
sistemáticas de literatura que contemplassem de utilização das respostas.
a condição (tendinopatia patelar) e o grupo
de intervenções (abordagens utilizadas e que
estivessem dentro destes 4 grupos determinados
previamente) em uma base de dados (PubMed/
Medline) com o intuito de identificar a eficácia 121 foram aceitos
Receberam então o formulário/enquete que
das intervenções citadas pelos participantes continha perguntas sobre o manejo clínico
e também o seu grau de recomendação. e as escolhas de abordagens para o tratamento,
alta e prevenção da tendinopatia patelar.
As graduações variaram de: A = indicativo
de forte qualidade de evidência; B = moderada
qualidade de evidência; C = evidências fracas;
D = evidências conflitantes; E = evidência teórica/ As respostas
base e F = opinião de especialista.

Fototerapia Exercícios
e recursos de alongamento
eletrotérmicos

Exercícios Outros(as)
de fortalecimento

Recebimento e agrupamento adequado


PubMed/Medline - das respostas contidas nos questionários
base de dados Realizadas buscas por revisões sistemáticas
de literatura que contemplassem a condição
(tendinopatia patelar) e o grupo de intervenções

A = indicativo de forte C = evidências E = evidência


qualidade de evidência fracas teórica/base

Graduações B = moderada qualidade D = evidências F = opinião


de evidência conflitantes de especialista

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RESULTADOS

As abordagens mais citadas pelos fisioterapeutas que


preencheram os questionários foram:

Tratamento:
› Atividades de estabilização para os membros inferiores
(sensório-motor/proprioceptivo) – 81,8%
› Educação – 80,2%
› Liberação miofascial – 78,5%
Critérios de alta fisioterapêutica:
› Dor & função & testes funcionais – 44,6%
Prevenção:
› Fortalecimento excêntrico do quadríceps – 75,2%
› Educação – 61,2%
› Atividades de estabilização para os membros inferiores
e tronco (sensório-motor/proprioceptivo) & alongamento
dos isquiotibiais – 59,5%

Estes resultados indicam inconsistências entre


as abordagens escolhidas pelos fisioterapeutas para o manejo
prático da tendinopatia patelar e o que as pesquisas atuais
apresentam como as mais eficazes diretrizes para o tratamento
desta condição, uma vez que grande parte das abordagens
escolhidas para tratamento, liberação (alta) da fisioterapia
e prevenção foram graduadas entre C e F – ou seja – tratavam-
se de abordagens baseadas em pesquisas que variaram
de evidências fracas à opiniões de especialistas; com exceção
das atividades relacionadas com o fortalecimento excêntrico
do quadríceps – que recebeu a graduação A (evidência
de forte qualidade).

Preencheram os questionários

Tratamento Critérios de alta fisioterapêutica

81,8% 80,2% 78,5% 44,6%


Atividades de Educação Liberação Dor & função &
estabilização para miofascial testes funcionais
MMII

Resultados indicam inconsistências


Prevenção Entre as abordagens escolhidas pelos
fisioterapeutas para o manejo prático
75,2% 61,2% 59,5% da tendinopatia patelar e o que
Fortalecimento Educação Atividades as pesquisas atuais apresentam como
excêntrico do de estabilização as mais eficazes diretrizes para
quadríceps paraMMII e tronco o tratamento desta condição

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PONTOS FORTES E LIMITAÇÕES

O presente estudo tentou direcionar o questionário para fisioterapeutas que tivessem


experiências prévias com o manejo clínico da tendinopatia patelar, porém não foram quantificados
e analisados o tempo e a forma com que essas experiências práticas foram conquistadas. Foram
convidados diferentes perfis de fisioterapeutas para preencher o questionário – é possível que alguns
lidem com atletas de alto rendimento, outros atletas amadores e ainda alguns que não trabalhem
com praticantes de atividade física – e sem dúvida, isso pode promover uma heterogeneidade grande
dos tipos de experiências práticas e consequentemente das escolhas envolvidas com o manejo
clínico da tendinopatia patelar (ex.: um caso de tendinopatia patelar apresentado por um atleta
de alto rendimento em competição é clinicamente manejado de forma diferente de um indivíduo
que não pratica esportes ou até mesmo o pratica, porém sem vínculos oficiais ou obrigatoriedades
com resultados). Por fim, o questionário foi “auto preenchido” pelos fisioterapeutas participantes,
sendo que não houve seções de retirada de dúvidas; característica esta que pode ter corroborado
para imprecisões na coleta e análise dos dados.

Tempo vs. experiência Foram convidados diferentes perfis de fisioterapeutas


Não foram quantificados para preencher o questionário
e analisados o tempo e a forma Isso pode promover uma heterogeneidade grande dos tipos
com que essas experiências de experiências práticas e consequentemente das escolhas envolvidas
práticas foram conquistadas com o manejo clínico da tendinopatia patelar

O questionário foi autopreenchido


O questionário foi “auto preenchido” pelos fisioterapeutas
participantes, sendo que não houve seções de retirada
de dúvidas; característica esta que pode ter corroborado para
imprecisões na coleta e análise dos dados.

FIC A A DIC A

PARA LER
Revista Fisio em Evidência, Edição de Junho | 2023

A Edição de junho da revista @revistafisioemevidencia está disponível


gratuitamente através do link na Bio.

A Fisio em Ortopedia trouxe aquele time para produzir mais uma edição
sensacional para você e quem marcou presença foi: @iooliveira,
@yurifranco , @luizscola e @jf_fisio .

Uma seleção dos principais artigos da área da musculoesquelética!


Tudo traduzido e resumido.

Para mais mais conteúdos como esse acesse o nosso Instagram


@fisioemortopedia

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COMO ESTE ESTUDO


ME AJUDOU?
Embora simples, este estudo foi muito bem conduzido e de forma direta e indireta
auxilia – primeiramente a afastar escolhas de abordagens sem eficácia e suportadas por
evidências duvidosas – e também a selecionar as melhores e mais eficazes (até aqui
publicadas) estratégias para o tratamento, liberação (alta) e prevenção da tendinopatia
patelar – lembrando que esta condição é de manejo complexo e em geral com resultados
frustrantes para as partes envolvidas.

RECOMENDAÇÕES

› Tratamento: exercícios de fortalecimento do quadríceps (preferencialmente,


excêntricos – ex.: agachamento no declive) associados a outras atividades que corroborem
com redução da demanda específica do mecanismo extensor – ex.: exercícios para
musculatura glútea e tríceps surais e também estratégias de educação dos pacientes –
visando aumento da aderência ao programa de reabilitação;
› Critérios de alta: evidentemente que os níveis de dor são relevantes, porém
é muito importante utilizar o questionário Victorian Institute of Sport Assessment
- Patella (VISA-P) para avaliar (pré-tratamento) e liberar (pós-tratamento) para
atividades esportivas. Sendo que este instrumento é sensível o suficiente para detectar
as características de dor e função dos sujeitos com tendinopatia patelar, está facilmente
disponível e é validado para o português brasileiro;
› Prevenção: é importantíssimo implementar de forma específica estratégias
e atividades que visam a manutenção e o condicionamento da força excêntrica
do quadríceps femoral – principalmente o agachamento no declive – para a prevenção
da tendinopatia patelar, além disso e novamente; programas de educação que visam
o aumento da aderência são bem-vindos nesta etapa do manejo clínico.

Foi utilizado o questionário


Victorian Institute of Sport
Assessment - Patella (VISA-P)
para avaliar (pré-tratamento)
e liberar (pós-tratamento)
para atividades esportivas

Por: Julio Fernandes de Jesus

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VISÃO GERAL
A telessaúde pode ser definida como o uso O que é telesaúde
da tecnologia em telecomunicações para cuidados Telessaúde pode ser definida como o uso
de saúde à distância. Apesar de não se tratar da tecnologia em telecomunicações para
cuidados de saúde à distância.
de um conceito novo, no passado, a implementação
e viabilidade da telessaúde eram muito desafiadoras,
por exemplo, devido ao valor. Contudo, atualmente,
a maioria da população em países de primeiro mundo tem Acessível na atualidade
acesso a internet e, sendo assim, a telessaúde se tornou Atualmente, a maioria da população
mais acessível. A terapia manual é parte integrante em países de primeiro mundo tem acesso
do tratamento em pacientes que procuram tratamento a internet e, sendo assim, a telessaúde
se tornou mais acessível.
para diversas patologias. Sendo assim, este editorial tem
como objetivo discutir tópicos importantes para que
terapeutas manuais também possam utilizar a telessaúde.
Objetivo
› Como a telessaúde pode ser entregue aos pacientes Discutir tópicos importantes para
Uma parte importante dos serviços que terapeutas manuais também
de telessáude é o contato do paciente com o profissional possam utilizar a telessaúde
de saúde. Este contato pode ser dado de diferentes
formas, como por exemplo (1) em tempo real (onde Entrega aos pacientes
a resposta é imediata) ou (2) assíncrona (onde a resposta
pode ser dada ao paciente em um segundo momento).
Em tempo real

› Efetividade da telessaúde em patologias


musculoesqueléticas Assíncrono
Parece que os pacientes tendem a aceitar bem
as intervenções de telessaúde. Contudo, até
o momento, a qualidade da evidência ainda é baixa
Efetividade no tratamento
para a aplicação desta intervenção devido a alta
heterogeneidade dos estudos incluídos nas principais
revisões sistemáticas. É bem aceito pelo
paciente, mas ainda
não tem evidências
› Principais barreiras e facilitadores para de sua eficácia.
utilização das intervenções em telessaúde
Parece que as principais barreiras para utilização
das intervenções em telessaúde são, por exemplo,
(1) boas conexões de internet, (2) conhecimento Principais barreiras
dos clínicos em relação aos softwares utilizados,
(3) proteção dos dados dos pacientes na internet
e (4) a falta de contato físico do paciente com o terapeuta. Conexões Falta de literatura
de internet sobre o tema
Por outro lado, a principal barreira encontrada
para a utilização da telessaúde é a falta de literatura Proteção dos dados Falta de contato
sobre o tema. A falta de evidências, até o momento, dos pacientes físico do paciente
pode levar profissionais e pacientes a não se engajarem na internet com o terapeuta
na utilização da telessaúde para o tratamento
das diferentes patologias musculoesqueléticas. Conhecimento
sobre os softwares
utilizados

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REFE RÊNCIA S

Participação e desempenho esportivo 5 anos após meniscectomia parcial


artroscópica: coorte retrospectivo de 288 pacientes.
Referência: Giladi JO, Holsgaard-Larsen A, Varnum C, Thorlund JB. Sports
Participation and Performance 5 Years After Arthroscopic Partial Meniscectomy:
A Retrospective Cohort Study of 288 Patients. J Orthop Sports Phys Ther. 2022
Apr;52(4):224-232. doi: 10.2519/jospt.2022.10785.

O uso da corrente inrteferencial antes dos exercícios do método pilates


acelera a melhora dos pacientes com dor lombar crônica?
Referência: Yuri Franco et al. Pain Management 2018; 8(6)
https://doi.org/10.2217/pmt-2018-0034

Intervenções usadas para a reabilitação e prevenção da tendinopatia


patelar em atletas: uma enquete de fisioterapeutas esportivos brasileiros
Referência: Mendonça LD et al. Interventions used for Rehabilitation and
Prevention of Patellar Tendinopathy in athletes: a survey of Brazilian Sports
Physical Therapists. Brazilian Journal of Physical Therapy 2020;24(1):46-53

Você pode ser um terapeuta manual sem usar as mãos?


Referência: Saragiotto BT, Sandal LF, Hartvigsen J. Can you be a manual therapist
without using your hands? Chiropr Man Therap. 2022 Nov 14;30(1):48. doi:
10.1186/s12998-022-00457-x. PMID: 36376968; PMCID: PMC9664669.
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