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Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.16, n.2, p.132-6, abr./jun.

2009 ISSN 1809-2950

Biorretroalimentação para treinamento do equilíbrio em hemiparéticos por


acidente vascular encefálico: estudo preliminar
Biofeedback for training of standing balance in post-stroke hemiparetic
patients: a preliminary study
Antonio Vinicius Soares1, Ana Cláudia Oliveira de Lima Hochmüller2,
Patrícia da Silva2, Daniela Fronza2, Simone Suzuki Woellner3, Fabrício Noveletto4

Estudo desenvolvido no Nupen RESUMO: Como disfunções do equilíbrio são freqüentes nos pacientes hemiparéticos
– Núcleo de Pesquisas em por acidente vascular encefálico (AVE), o treinamento do equilíbrio é meta
Neuroreabilitação do Curso de fundamental em seu tratamento. O objetivo deste estudo preliminar foi verificar os
Fisioterapia da FGG/ACE – efeitos da biorretroalimentação, por treinamento em plataforma instável
Faculdade Guilherme computadorizada, em seis pacientes hemiparéticos por AVE (três homens e três
Guimbala da Associação mulheres, com idade média de 56,2 anos). Os pacientes foram avaliados, antes e
Catarinense de Ensino, após o tratamento, quanto a mobilidade funcional (pelo teste de levantar e caminhar
Joinville, SC, Brasil cronometrado, TUGT na sigla em inglês), alcance funcional, qualidade de vida
1
Fisioterapeuta Ms.; relacionada à saúde (pelo Perfil de Saúde de Nottingham) e equilíbrio sobre prancha
Pesquisador do Nupen, FGG/ instável. O treinamento foi feito na mesma prancha, em 23 sessões de cerca de 30
ACE minutos cada, durante oito semanas. Os resultados indicam melhora do equilíbrio,
em média, de 119,1% com pés separados e de 79,6% com pés juntos (p<0,001);
2
Graduandas no Curso de melhora média do alcance funcional de 15% (p<0,001); melhora da mobilidade
Fisioterapia da FGG/ACE; de 25,6% (p<0,001); e discreta melhora nos escores da auto-avaliação de qualidade
estagiárias no Nupen de vida. O programa de treinamento resultou pois em melhoras significativas na
3
amostra estudada, sugerindo que a biorretroalimentação do equilíbrio pode ser
Profa. Esp. do Curso de uma ferramenta valiosa na reabilitação de pacientes hemiparéticos em decorrência
Fisioterapia da FGG/ACE de AVE.
4
Prof. Ms. do Curso de Sistemas DESCRITORES: Biorretroalimentação; Equilíbrio musculoesquelético; Paresia
de Informação da FGG/ACE
ABSTRACT: Since balance dysfunction is frequent among poststroke hemiparetic
ENDEREÇO PARA patients, balance training is a fundamental goal in their rehabilitation. The purpose
CORRESPONDÊNCIA of this study was to assess the effects of biofeedback balance training on an unstable
computerized platform in six hemiparetic patients (three men and three women,
A. Vinícius Soares – Nupen/ mean age 56,2 years old). Subjects were assessed, before and after treatment, as to
FGG functional mobility (by the timed up-and-go test, TUGT), functional reach, health-
R. São José 490 Centro related quality of life (by the Nottingham health profile), and as to equilibrium on
89.202-010 Joinville SC the unstable platform. The training on an unstable computerized platform took
e-mail: vinicius.soares@ace.br
place along 23, 30-minute sessions for 8 weeks. Results showed significant
improvement (p<0.001) in standing balance, of 119.1% with feet apart, and of
79.6% with feet together; a 15% increase (p<0.001) in functional reach; a 25.6%
improvement in TUGT (p<0.001); and a slight improvement in self-reported quality
APRESENTAÇÃO of life. The program brought thus significant improvements for the sample studied,
nov. 2008 suggesting that the biofeedback balance training as here proposed may be a valuable
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO tool in the rehabilitation of stroke hemiparetic patients.
maio 2009 KEY WORDS: Biofeedback; Musculoskeletal equilibrium; Paresis

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Soares et al. Biorretroalimentação do equilíbrio no AVE

INTRODUÇÃO Num indivíduo que tenha sofrido um


AVE, as reações posturais automáticas
de 56,2±13,0 anos e tempo médio de
lesão de 25,7±25,6 meses, sendo cinco
O tratamento e a reintegração dos não funcionam no hemicorpo afetado, isquêmicos e um hemorrágico, todos
adultos com lesão cerebral resultante de o que o impede de usar uma variedade destros; quatro tinham lesão hemisférica
um acidente vascular encefálico (AVE) de padrões normais de postura e movi- esquerda e dois à direita. Todos os pacien-
é uma tarefa importante e desafiadora, mento, essenciais para a realização de tes deambulavam e não utilizavam dis-
não apenas devido à complexidade das atividades da vida diária e de atividades positivo algum de auxilio à marcha. O
funções perdidas, mas também porque funcionais tais como transferências, ro- critério de inclusão no estudo foi
o AVE constitui a causa mais freqüente lar, sentar, manter a posição em pé, an- hemiparesia por AVE; critérios de exclu-
de incapacidade física e mental1. A defi- dar4. O retreinamento da locomoção e são incluíram afasia sensorial, deficit vi-
nição de AVE pela Organização Mundial controle postural são componentes es- sual e/ou auditivo e deficit cognitivo. Os
de Saúde é “um sinal clínico de rápido senciais na reabilitação dos pacientes pacientes foram avaliados quanto ao
desenvolvimento de perturbação focal acometidos por AVE6. Ryerson et al.7 equilíbrio, mobilidade funcional e qua-
da função cerebral, de suposta origem mostraram que pacientes com hemipa- lidade de vida, antes e após o programa
vascular e com mais de 24 horas de du- resia por AVE exibem disfunção no con- de treinamento.
ração”. Essa definição não abrange pois trole de tronco e no equilíbrio pelo
as crises isquêmicas transitórias, em que deficit proprioceptivo. Avaliação e treinamento
os sinais de lesão cerebral duram até 24 Para a reabilitação de pacientes
horas2. hemiparéticos por AVE, os estudos consul-
do equilíbrio
tados recorrem à biorretroalimentação no O equilíbrio foi avaliado e treinado
A hemiparesia é o quadro clínico mais
treinamento do equilíbrio8-13, a maioria uti- com o paciente em pé sobre uma pran-
comum resultante do AVE. Na hemiparesia
lizando plataforma de força para essa fi- cha instável que registra e mostra o ní-
o deficit do controle postural é um dos
nalidade8-12. Mas os resultados ainda são vel de oscilação corporal. O protótipo
comprometimentos mais importantes,
controversos. Esta pesquisa visou verifi- foi desenvolvido no Laboratório de
com repercussões muitas vezes graves na car os efeitos terapêuticos da biorre- Instrumentação do Cefid – Centro de
funcionalidade dos pacientes acometi- troalimentação no treinamento do equi- Ciências da Saúde e do Esporte da Uni-
dos3,4. O controle postural envolve o con- líbrio em um grupo de pacientes versidade do Estado de Santa Catarina.
trole da posição do corpo no espaço para hemiparéticos por AVE utilizando um Trata-se de uma prancha de equilíbrio
estabilidade e orientação. A orientação sistema para avaliação e treinamento do fundida em resina e fibra de vidro que,
postural é definida como a capacidade equilíbrio que inclui uma plataforma na superfície inferior (convexa), apresen-
de manter uma relação adequada entre “instável”, o que difere substancialmente ta cinco anéis concêntricos de sensores,
os segmentos do corpo e entre o corpo dos estudos consultados. divididos e isolados em oito partes,
e o ambiente para uma determinada ta-
totalizando 40 sensores de contato dis-
refa. Envolve também a estabilidade
postos radialmente em um diâmetro de
postural ou equilíbrio4. METODOLOGIA 76,00±0,01 mm. A prancha mede 50 cm
Segundo Shumway-Cook e Woollacott , 4 por 40 cm, com altura de 2,5 cm. Os
O projeto de pesquisa foi aprovado
na maioria das tarefas funcionais mante- sensores são conectados por um cabo
pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
mos a orientação vertical do corpo. No chato (flat cable) e porta paralela a um
Hospital Municipal São José, de Joinville,
processo de estabelecer a orientação ver- PC onde os dados são coletados e ar-
SC. Os pacientes convidados a partici-
tical, utilizamos referências sensoriais mazenados. O programa específico
par receberam explicação de todos os
múltiplas, incluindo a gravidade (siste- (software) também foi desenvolvido pela
procedimentos envolvidos, bem como
ma vestibular), a superfície de apoio, equipe do Laboratório de Instrumenta-
dos possíveis riscos e benefícios, tendo
propriocepção (sistema somatossen- ção do Cefid8 (Figura 1).
assinado o termo de consentimento li-
sorial) e a relação do nosso corpo com vre e esclarecido. A base inferior que sustenta a pran-
os objetos no ambiente (sistema visual). cha tem uma placa metálica (alumínio)
O corpo humano luta constantemente Este estudo quasi-experimental teve
de 30 X 30 cm, alimentada eletricamente
contra a gravidade para manter-se na delineamento do tipo séries de tempo14,
(5 V) por um gerador de tensão. O con-
posição ortostática; mesmo durante a tendo sido aplicados três pré-testes, em
tato da superfície convexa da prancha
posição estática, são necessárias peque- dias alternados, anteriores à fase de trei-
na placa metálica forma um circuito de
nas ações musculares para manter o namento, e três pós-testes, também em
varredura. Ao subir na prancha, o pacien-
três dias alternados.
equilíbrio. Estratégias motoras posturais te está sobre uma superfície instável; as
são as organizações de movimentos ade- A pesquisa envolveu seis pacientes oscilações do movimento da prancha
quados para controlar a posição do corpo com hemiparesia por AVE atendidos no são então captadas pelos sensores na
no espaço levando o indivíduo a desen- ambulatório de Fisioterapia Neurológica parte inferior da prancha15. Os sinais
volver estratégias de equilíbrio antes (convencional) da Faculdade Guilherme captados pelos sensores são utilizados
mesmo da ocorrência de um evento que Guimbala em Joinville, SC. Eram três ho- pelo programa para avaliar o equilíbrio
possa perturbá-lo5. mens e três mulheres, com idade média de tronco na posição em pé: os sensores

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ro de respostas positivas implica maior
comprometimento da qualidade de vida
relacionada à saúde, na percepção do
paciente.
A análise dos dados foi feita por estatís-
tica descritiva (média, desvio padrão e di-
ferenças percentuais). Para testar as diferen-
ças entre os valores de pré e pós-testes dos
instrumentos de medida foi utilizado o
teste t de Student (p<0,001), exceto para
o Perfil de Saúde de Notthingham, no
qual se procedeu apenas à comparação
entre os valores de pré e pós-teste, cal-
culando as diferenças percentuais.

RESULTADOS
Os resultados obtidos são apresenta-
dos segundo o parâmetro avaliado.
Figura 1 Sistema de biorretroalimentação do equilíbrio (setas: tela do software e
face inferior da prancha) Avaliação do equilíbrio: foi analisado
com base no nível médio de ativação dos
estão dispostos em cinco níveis, varian- retroalimentação visual, a distância entre sensores da prancha. Os valores médios
do de um – nível central (maior estabili- os olhos e o monitor foi de 70 cm, com de ativação dos sensores na prancha de
dade) a cinco – nível mais periférico olhar na horizontal. O programa ocor- equilíbrio com os pés juntos nos pré-tes-
(menor estabilidade); assim, maiores reu numa freqüência de três vezes por tes foi de 2,03±0,53 e, nos pós-testes,
valores de oscilação indicam maior ins- semana, durante oito semanas, totalizan- de 1,13±0,12, indicando melhora de
tabilidade. O programa tem ainda um do 23 sessões. 79,6% (p<0,001) na estabilidade média
sistema para cadastro de dados dos sujei- do grupo. Nos testes com os pés separa-
tos (registrando informações como dados
pessoais, altura, massa e dominância). Um
Avaliação da mobilidade dos, a média nos pré-testes foi de
2,52±0,52 e, nos pós-testes, de 1,15±0,14,
sistema de retroalimentação visual tam- funcional e qualidade de vida apontando uma melhora do equilíbrio com
bém é disponibilizado ao examinador e os pés separados de 119,1% (p< 0,001).
ao sujeito examinado, para visualização A mobilidade funcional foi avaliada As Figuras 2 e 3 apresentam a compara-
do desempenho durante a execução do pelo TLCC – teste de levantar e cami- ção entre os valores de pré e pós-testes
teste. Essa característica do sistema de- nhar cronometrado (em inglês TUGT, de cada sujeito com os pés juntos e se-
senvolvido permite tanto avaliar o equi- timed up-and-go test)17, que considera parados, respectivamente.
líbrio como efetuar o treinamento dessa as habilidades de passar de sentado para
função15. em pé, caminhar, girar o corpo em mo- Mobilidade funcional: o tempo médio
vimento e passar de em pé para senta- do grupo no TLCC nos pré-testes foi
Os testes, antes e após o treinamen- 11,3±2,7 s e, nos pós-testes, de 9,0±2,6 s.
do. Quanto menor o tempo de realiza-
to, consistiram em: 1 – manter-se em pé O decréscimo médio do tempo de exe-
ção, melhor o desempenho. E ainda, pelo
na prancha com os pés juntos e os bra- cução foi de 2,3 s (25,6%, p< 0,001). No
teste de alcance funcional18: o paciente
ços soltos ao longo do tronco, de olhos teste de alcance funcional, a distância
é posicionado em pé a cerca de 5 cm
abertos, durante 30 segundos; e 2 – o média do grupo nos pré-testes foi de
de uma parede onde se marcará a me-
mesmo, durante o mesmo tempo, porém 27,4±7,8 cm e, nos pós-testes, foi de
dição; solicita-se que realize a flexão
com os pés separados. 31,5±5,3 cm. Houve em média um au-
anterior do tronco ao máximo, com
mento de 4,1 cm (15%, p<0,001). Em-
O programa de reabilitação consistiu flexão do ombro, cotovelo e dedos em
bora esse aumento seja significativo
no treinamento do equilíbrio por meio extensão. Mede-se então a distância em
quando se comparam os valores de pré e
da prancha de equilíbrio instrumentada, centímetros entre o início e o final do al-
pós-testes, estes ainda são inferiores aos
com base nos achados dos pré-testes. O cance do membro superior. Para a faixa
esperados na mesma faixa etária saudá-
tempo aproximado de cada sessão foi etária avaliada nesta pesquisa, que foi de
vel4.
de 30 minutos, consistindo em quatro 56,2±13 anos, é esperado um alcance de
séries de cinco minutos, duas com os 37,8±5,6 cm por homens e 35,1±5,6 cm Qualidade de vida relacionada à saúde:
pés juntos e duas com os pés separados por mulheres4. Para avaliar a qualidade quatro pacientes obtiveram melhora em
(com distância entre os calcanhares de de vida, foi aplicado o Perfil de Saúde seus resultados comparando-se o pré-teste
10 cm e antepés livres), com dois minutos de Notthingham16, que consiste em um e pós-teste do Perfil de Saúde de
de repouso sentado entre as séries. Para a conjunto de 38 questões onde o núme- Nottingham. Os resultados de uma pa-

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3 taforma de força obteve vantagens em


2,6
Pré-testes Pós-testes 2,4
relação aos ajustes antecipatórios do
2,5 2,3 equilíbrio. Yavuzer et al.12 avaliaram os
2,1 efeitos do treinamento do equilíbrio na
Nível de ativação dos sensores

2
marcha de pacientes hemiparéticos após
1,6 AVE, usando parâmetros cinéticos e
1,3
cinemáticos, e encontraram vantagens
1,5 1,2
1,2 1,2
1,1 do uso da técnica quando comparada à
1 fisioterapia convencional. Mudie et al.13,
1 em um estudo piloto controlado e ran-
domizado, investigaram a influência do
0,5 treinamento de duas semanas (dez ses-
sões) na simetria de distribuição de peso;
0
os 40 pacientes foram divididos em 4
0
grupos (tarefa específica de alcance,
1 2 3 4 5 6
Pacientes Bobath, biorretroalimentação por plata-
forma de força e controle). O treinamen-
Figura 2 Oscilação na prancha de equilíbrio com pés juntos, antes e após o
to com retroalimentação visual produziu
tratamento (valores médios do nível de ativação dos sensores)
melhoras significativas e duradouras até
3,5 12 semanas após o término do tratamen-
3,2
Pré-testes Pós-testes to, mostrando um efeito de retenção.
3 2,8 No presente estudo, a melhora do
2,7
2,5 equilíbrio foi observada por instrumen-
Nível de ativação dos sensores

2,5 2,2
tação biomecânica e pelo teste de al-
cance funcional. Dados semelhantes
foram obtidos por Niam et al.19 ao estu-
2 1,7 dar o equilíbrio e o comprometimento
1,3
físico após AVE, verificando ótima cor-
1,5 1,3
1,2 relação entre dados da plataforma de
1,1
1 1 força e escalas clínicas de equilíbrio.
1
Como demonstrado por Garland et
al.20 por eletromiografia dos isquiotibiais,
0,5
a maioria dos pacientes hemiparéticos
apresentam estratégias de ajustes
0 antecipatórios no lado afetado diante de
1 2 3 4 5 6 perturbações, porém alguns utilizam
Pacientes
essas ativações no lado não-parético. Nes-
Figura 3 Oscilação na prancha de equilíbrio com pés separados, antes e após o te estudo o comportamento dos pacientes
tratamento (valores médios do nível de ativação dos sensores) sobre a prancha não foi estudado quanto
às estratégias utilizadas, apenas a manei-
ciente apresentaram-se inalterados, pois treinamento na amostra estudada. Estu- ra como mantinham orientados seus cen-
já apresentava pontuação máxima. Hou- dos utilizando biorretroalimentação por tros de gravidade enquanto observavam
ve discreta piora nos resultados obtidos por plataforma de força encontraram melho- sua oscilação no monitor. As informa-
outra paciente. A média do grupo no pré- ra na simetria da distribuição de peso, ções quanto à cinemática e atividade
teste foi de 18,3% de comprometimento mas não incrementaram as reações de eletromiográfica dos padrões de movi-
da qualidade de vida, reduzindo-se para equilíbrio, quando comparados à utiliza- mento utilizados nas estratégias para
13% no pós-teste. ção de terapia convencional8,9. Walker et manter o equilíbrio nesses pacientes po-
al.10 também não observaram vantagens dem ser pesquisadas de forma combi-
no uso da técnica em pacientes agudos. nada em futuros estudos, para elucidar
DISCUSSÃO Heller et al.11 compararam a fisioterapia como essas variáveis interagem.
convencional com um programa de trei-
Conforme várias pesquisas, fica bas- namento em plataforma de força em 26
tante claro o deficit de equilíbrio em
pacientes hemiparéticos por AVE3,4,7,8,10.
pacientes hemiparéticos divididos ran-
domicamente em dois grupos, tendo
CONCLUSÃO
Dentre as técnicas para o treinamento avaliado a marcha por cinemetria e o Os resultados deste estudo preliminar
dessa função, ainda não existe consenso equilíbrio por estabilometria em plata- sugerem potenciais benefícios da
sobre os benefícios da biorretroalimen- forma de força. Embora ambos os gru- biorretro-alimentação do equilíbrio para
tação; mas os resultados aqui obtidos pos tenham apresentado melhora na pacientes hemiparéticos por AVE. Os si-
mostram um evidente benefício desse marcha e no equilíbrio, o grupo da pla- nais de melhora no quadro clínico dos

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pacientes deveram-se ao treinamento, da qualidade de vida, como verificado ção de pacientes, podendo também repre-
repercutindo diretamente na melhora do pelo Perfil de Saúde de Nottingham. A sentar uma alternativa para encorajar
equilíbrio, como também observado pe- biorretroalimentação do equilíbrio mos- terapeutas no atendimento dos pacientes
los testes TLCC e de alcance funcional. trou ser uma ferramenta potencialmente crônicos, onde tradicionalmente o prog-
Tais alterações melhoraram a percepção valiosa para o treinamento dessa popula- nóstico de reabilitação é reservado.

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