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A Escala de Perceção de

Esforço (RPE), uma orientação


para o treino
Francisca Catarino; Cátia Campos; Rui Dias
36709; 37442; 37414

UC: Planeamento do Treino, Prevenção de Lesões e Retorno à Prática


Docente: Prof. Fábio Nakamura

Universidade da Maia
Mestrado Ciências da Educação Física e Desporto - Especialização em Treino Desportivo
2022/2023
A Escala de Perceção de Esforço (RPE), uma orientação para o treino
Catarino, F.,1 Campos, C.,1 Dias, R.1
1
Universidade da Maia, Maia, Portugal

Resumo: Introdução: O RPE tem-se evidenciado como uma ferramenta bastante


facilitadora de prescrição e monitorização do treino, permitindo fornecer dados momentâneos
aos técnicos do desporto. Métodos: A pesquisa foi realizada selecionando artigos, publicados
a partir de 2016, que constam nas bases de dados científicas como Pubmed, Scientific
Electronic Library Online (SciELO), SPORTDiscus. Foram utilizados operadores booleanos
(AND e OR), cujas palavras-chave selecionadas foram RPE, scale, Borg, sports, perceived
exertion, rate of perceived exertion, validity, intensity, prescription e exercise. Resultados: A
RPE mostrou-se eficaz tanto para homens como para mulheres e em diferentes faixas etárias,
tendo maior eficácia em atletas treinados do que em pessoas com pouca experiência de treino.
A RPE apresenta maior eficácia para o treino resistido do que para o treino aeróbio, o que
pode ter implicações nos desportos coletivos. Discussão: A RPE é uma ferramenta válida e
eficaz na monitorização da intensidade do exercício, tendo uma forte correlação com outros
indicadores fisiológicos. Conclusão: O RPE é uma ferramenta eficaz na monitorização de
atletas treinados, mostrando forte correlação com indicadores de carga interna, mas pode ser
menos eficaz em indivíduos não treinados. A sua aplicação em desportos coletivos deve ter
em conta a individualização do atleta e a precaução de não comparar a classificação dada
entre atletas.

Palavras-chave: RPE, Borg, Perceived Exertion, Scale, Validity; Sports.

Introdução
O exercício físico tem se revelado fundamental para a promoção da qualidade de vida,
devido às suas múltiplas contribuições para o bem-estar biopsicossocial, para além de ser um
fator de prevenção contra patologias e ainda promove a integração social. Atualmente, quando
se prescreve treino individualizado para praticantes de nível elementar ou do nível da alta
competição, é muito frequente utilizar a Escala de Perceção de Esforço (RPE - Rate of
Perceived Exertion). Borg foi o primeiro autor a desenvolver uma escala de perceção,
chamada de “Escala de Borg” ou RPE. Esta escala tem se tornado internacionalmente popular
para avaliar e monitorizar a intensidade do treino ou exercício. Borg idealizou-a para
aumentar linearmente com a intensidade do exercício (Borg, 1990). É um método de
avaliação bastante vantajosa, uma vez que permite ao atleta fornecer dados imediatos aos
respetivos profissionais do exercício, permitindo tomar decisões como alterar cargas e
perceber o estado de prontidão do atleta (Paul et al., 2021).
O objetivo geral desta revisão da literatura é avaliar a eficácia e a validade das escalas
de perceção de esforço (RPE) no treino, percebendo a sua relação com os critérios fisiológicos
e analisar a influência de diferentes fatores nos resultados.
Em particular, o objetivo é perceber se as variáveis como a idade, sexo, nível de
treino, tipo de treino relativo às escalas de RPE. Em particular, procura-se entender como
essas variáveis afetam a validade das escalas de RPE no treino. Com base nesta revisão,
espera-se estabelecer a validade das escalas de RPE no treino e fornecer recomendações para
sua utilização prática.
O American College of Sports Medicine (ACSM) sugere que a e RPE pode ser
utilizada para melhorar a precisão da monitorização da frequência cardíaca (FC). É bastante
conhecido que em indivíduos saudáveis, existe uma forte relação entre RPE e a FC durante o
exercício, sendo que 1 ponto no RPE corresponde aproximadamente a 10bpm (Scherr et al.,
2013). (Rodríguez et al., 2016) mostrou que existe uma forte correlação entre a perceção de
esforço e a FC e ainda o consumo máximo de oxigénio durante o exercício, demonstrando
ainda que a perceção de esforço é válida em crianças. Neste estudo, o autor apresentou dados
de como o sexo, idade e tipo de treino não afetaram a validade da perceção de esforço. Da
mesma forma, revelou que escalas adaptadas para crianças mostrara melhores efeitos do que
os comuns. O RPE pode ser uma ferramenta altamente vantajosa relativamente ao
aquecimento. (Czelusniak et al., 2021) explica que o aquecimento interfere com o RPE, pois
aumenta a predisposição do atleta para a prática desportiva em altos níveis. Deste modo
Com esta pesquisa, acreditamos que as escalas de perceção de esforço são uma
ferramenta válida e viável para avaliar o esforço percebido e prescrição do treino, nas
diferentes áreas de atuação.
Esta revisão da literatura está dividida em seis partes fundamentais. Inicia com a
introdução, onde é contextualizado o tema e apresentado objetivo da revisão com uma breve
revisão da literatura. Segue-se dos métodos, onde é descrito detalhadamente como foi
realizada a pesquisa, ou seja, são apresentadas as fontes e termos de pesquisa e os critérios de
inclusão e exclusão. Nos resultados, são apresentados alguns dados de pesquisas realizadas
por outros autores relacionando com o tema em discussão. Na discussão, utilizando como
base os resultados, apresenta alguma revisão da literatura, interpretação dos resultados e
respetiva análise, apresentando ainda possíveis implicações para a prática. Na conclusão,
sintetiza-se as principais inferências e recomendações de futuras pesquisas. Finaliza-se com as
referências, listando todas as fontes científicas utilizadas na elaboração da revisão, de acordo
com as normas APA 7ª Edição.

Métodos
Para conduzir a revisão da literatura sobre este assunto, foram utilizadas bases de
dados científicas como Pubmed, Scientific Electronic Library Online (SciELO),
SPORTDiscus. Foram utilizados operadores booleanos (AND e OR) para aprimorar a
precisão da pesquisa. As palavras-chave escolhidas para pesquisa objetiva do tópico foram:
RPE, scale, Borg, sports, perceived exertion, rate of perceived exertion, validity, intensity,
prescription e exercise. A pesquisa foi realizada no dia 12 de janeiro de 2023 e foram
selecionadas para revisão as publicações efetuadas a partir do ano de 2016, excetuando a
pesquisa feita sobre a história da escala de Borg, artigo de 1990. Para esta revisão, os critérios
de inclusão eram artigos que investigavam o uso de RPE no treino, estudos realizados com
praticantes de desporto, estudos que abordavam a validade de RPE no treino e estudos em
inglês, português, francês ou espanhol. Já os critérios de exclusão passavam por uso de outras
escalas que não RPE e não fossem cientificamente validadas e estudos cuja amostra apresenta
participantes com patologias concomitantes.

Resultados
Nos diferentes estudos analisados a RPE foi avaliada comparativamente com a
frequência cardíaca, o nível de lactato no sangue, intensidade do exercício, eletromiografia e
pressão arterial. Na sua maioria estes apresentam uma correlação elevada entre os diferentes
indicadores de carga interna. Quanto às possíveis diferenças entre géneros e idades a literatura
analisada é homogénea e não são reportadas diferenças significativas que influenciam a
validade de RPE, no entanto para a utilização desta ferramenta apresenta maior eficácia em
atletas treinados do que em pessoas com pouca experiência de treino.
(Paul et al., 2021)
Numa outra revisão sistemática com meta-análise Lea et al. Sports Medicine - Open
(2022) 8:2 foi analisada a validade da RPE e mostrou-se muito eficaz com um coeficiente de validade
de r=0.88. No entanto a RPE parece ter uma maior eficácia para o treino resistido do que para o treino
aeróbio, o que pode ter algumas implicações nos desportos coletivos.

(Lea et al., 2022)


Discussão
O objetivo desta revisão de literatura foi perceber a qualidade da informação da RPE
para o treino. Deste modo foi percetível que existe uma forte correlação entre a RPE a
frequência cardíaca, o nível de lactato no sangue, intensidade do exercício, eletromiografia e
pressão arterial. Por isso pode-se dizer que a RPE pode ser utilizada como uma ferramenta
válida e eficaz na monitorização de atletas na ausência de outras ou até mesmo em conjunto
pois esta permite uma monitorização em tempo real sem interferir com o exercício.

Conclusão
O RPE é um método muito usado para fornecer a sensação do indivíduo sobre o
esforço que está a realizar durante o exercício, este originalmente surge numa escala de 6 a
20, contudo para as pessoas tornava se um bocado complicado descrever o seu estado segundo
a classificação, passando a existir a escala de 0 a 10. Percebemos segundo a literatura, que
esta estratégia de monitorização é mais eficaz em atletas treinados do que em indivíduos não
treinados, porque a sua adaptação e familiarização à classificação e como se sentem se torna
mais confuso no início. Além disso percebemos que as diferenças de idade e de género são
homogéneas, não pondo em risco a validade do uso do RPE.
Em relação aos resultados segundo os estudos, existe uma correlação elevada em
relação a indicadores de carga interna do atleta, como frequência cardíaca, o nível de lactato
no sangue, intensidade do exercício, eletromiografia e a pressão arterial.
Outro aspeto a ter em atenção, é a aplicação do RPE em desportos coletivos, pois este
demonstra ser mais eficaz em treino resistido do que em treino aeróbio.
Em relação às aplicações futuras, esta estratégia de monitorização, a equipa técnica
deve ter em atenção a individualização do atleta, principalmente em desportos coletivos torna
se difícil adaptar os exercícios conforme todos os atletas e em relação à classificação realizada
pelos os atletas, esta deve ser transmitida apenas aos treinadores e não em conjunto com os
colegas, porque o que pode acontecer é que um classifica e os restantes atletas podem
classificar se conforme os outros e isso é incorreto, pois cada um sente o seu esforço de forma
diferente.

REFERÊNCIAS
Borg, G. (1990). Psychophysical scaling with applications in physical work and the

perception of exertion. Scandinavian Journal of Work, Environment & Health, 16, 55–

58. https://doi.org/10.5271/sjweh.1815

de Carvalho e Silva, G. I., Brandão, L. H. A., dos Santos Silva, D., de Jesus Alves, M. D.,

Aidar, F. J., de Sousa Fernandes, M. S., Sampaio, R. A. C., Knechtle, B., & de Souza,
R. F. (2022). Acute Neuromuscular, Physiological and Performance Responses After

Strength Training in Runners: A Systematic Review and Meta-Analysis. Sports

Medicine - Open, 8(1), 105. https://doi.org/10.1186/s40798-022-00497-w

Lea, J. W. D., O’Driscoll, J. M., Hulbert, S., Scales, J., & Wiles, J. D. (2022). Convergent

Validity of Ratings of Perceived Exertion During Resistance Exercise in Healthy

Participants: A Systematic Review and Meta-Analysis. Sports Medicine - Open, 8(1),

2. https://doi.org/10.1186/s40798-021-00386-8

Paul, D., Read, P., Farooq, A., & Jones, L. (2021). Factors Influencing the Association

Between Coach and Athlete Rating of Exertion: A Systematic Review and Meta-

analysis. Sports Medicine - Open, 7(1), 1. https://doi.org/10.1186/s40798-020-00287-2

Rodríguez, I., Zambrano, L., & Manterola, C. (2016). Criterion-related validity of perceived

exertion scales in healthy children: A systematic review and meta-analysis. Archivos

Argentinos de Pediatria, 114(2), 120–128. https://doi.org/10.5546/aap.2016.eng.120

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