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Variabilidade da Frequência Cardíaca como biomarcador da carga interna e gestão do

programa de treinamento esportivo, utilizando o sistema HRV4Life®

Autor: Silvio Aguiar

Para garantir a adaptação e o respectivo desenvolvimento saudável do potencial esportivo do


atleta, independente da modalidade, faz-se necessário gerenciar o equilíbrio entre a carga de
treinamento e o período de recuperação. Ou seja, ao aplicar incremento progressivo da carga,
seguido do adequado período de recuperação, promovemos a constante melhora fisiológica,
elevando de forma sustentável o patamar de desempenho do atleta.

A questão é: como gerenciar de forma eficaz a relação carga/período de recuperação?

Como preconizou Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, só podemos


gerenciar, planejar, organizar, ajustar, aquilo que conseguimos medir. Seguindo essa
premissa, precisamos parametrizar tanto a carga, quanto a recuperação.

Observando os cinco princípios do treinamento esportivo elencados por Tubino (1984): o da


individualidade biológica, da adaptação, da sobrecarga, da continuidade e o princípio da
interdependência volume-intensidade, destaca-se a importância do monitoramento
individualizado e sistemático de cada atleta.

Conforme Silva, Pauli & Gobatto (2006), para conseguirmos a expressão do potencial físico-
mental-emocional do atleta nos principais momentos competitivos, além de elaborarmos um
plano de treinamento físico, técnico e tático, faz-se necessário incluir na periodização um
programa de treinamento psicológico adequado.

Dessa forma, fica claro que não basta gerenciar a carga de estresse físico para promover as
desejadas adaptações fisiológicas; precisamos monitorar o efeito global dos estressores que
incide concomitantemente sobre o organismo do atleta, como por exemplo, as relações
interpessoais e afetivas, alimentação, qualidade do sono, o estilo de vida, etc. Isso exige um
programa de treinamento psicofisiológico que inclua indicadores representativos do efeito
conjunto de todos os estímulos sobre o organismo do atleta.

Para tanto, necessitamos de um biomarcador, preferencialmente não invasivo, de fácil coleta e


de baixo custo operacional, que nos informe diariamente os níveis de estresse psicofisiológico
de cada atleta. Essa é lacuna que a Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) veio
preencher.

Utilizando os parâmetros da VFC, conseguimos mensurar o impacto global dos estressores


agudos e crônicos na fisiologia do atleta e observar como o organismo dele está reagindo à
carga vivenciada. Com essas informações, conseguimos aplicar as mudanças necessárias no
programa de treinamento, garantindo a melhora progressiva e saudável do desempenho.

Nos últimos anos, as pesquisas científicas no âmbito do treinamento esportivo, elegeram o


RMSSD (sigla em inglês de Root Mean Square of Successive Differences) como sendo o
parâmetro mais significativo para o trabalho com a VFC. (SHAFFER, GINSBERG, 2017)

No mesmo período, os avanços tecnológicos tornaram mais acessível a utilização da VFC, com
o desenvolvimento de aplicativos para telefones móveis inteligentes que permitem a coleta do
tempo entre batimentos sucessivos, utilizando cintas cardíacas de baixo custo e/ou a própria
câmera do celular como fotopletismógrafo.
Adotando um protocolo padronizado para a coleta dos batimentos cardíacos ao acordar,
garantimos dados confiáveis e livre de fatores externos. Com esse procedimento, o RMSSD
calculado, indexa a atividade do sistema nervoso autônomo parassimpático (SNAP),
representando a capacidade de adaptação e recuperação orgânica ao conjunto dos estressores
vivenciados, bem como a prontidão do atleta para enfrentar os desafios do dia que se inicia.
(SHAFFER, GINSBERG, 2017)

A análise pontual e longitudinal do RMSSD, representa o aspecto mais importante e útil do


processo. Enquanto a análise das oscilações agudas desse parâmetro, refletem o impacto da
carga de estresse do período anterior à medição, auxiliando na gestão da recuperação, a
análise das tendências de médio e longo prazo reflete a adaptação do organismo, auxiliando
na implementação de ajustes no plano de treinamento.

Com baixo custo operacional, ao apresentar diariamente o RMSSD em conjunto com o Índice
de Estresse e a Frequência Cardíaca Média, o sistema HRV4Life, composto de um App (Android
e iOS) e um dashboard para análise e acompanhamento, se torna uma ferramenta completa e
indispensável na gestão do programa de treinamento esportivo.

Referências:

Shaffer, F., & Ginsberg, J. P. (2017). An Overview of Heart Rate Variability Metrics and Norms.
Frontiers in public health, 5, 258. https://doi.org/10.3389/fpubh.2017.00258

Silva, A., Pauli, J., Gobatto, C. (2006). Fisiologia aplicada ao rendimento esportivo: bases
científicas do treinamento de alta performance. Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 95 -
abril de 2006

Tubino, M. (1984). Metodologia científica do treinamento desportivo. 3ª edição. São Paulo:


Ibrasa, 1984.

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