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na cura de doenças
...... O processo de industrialização de nossa sociedade, levando ao estímulo massacrante ao consumo para
escoar a produção e privilegiando os produtos manufacturados, artificialmente produzidos, sobre os naturais, para
melhorar os balanços financeiros das empresas, arrastou a Medicina consigo, incorporando os mesmos princípios na
lide diária de preservar a saúde e tratar os doentes. Com isso, está sendo incutido em nossas mentes, pela cultura
predominante, um falso sentimento de segurança que advém da alta tecnologia utilizada pela Medicina. Exames
sofisticados, intervenções cirúrgicas em ambientes de alta tecnologia e medicamentos sintéticos produzidos dentro dos
mais modernos processos bioquímicos podem garantir diagnósticos precoces e tratamentos eficazes. Mas, apesar de
todo esse desenvolvimento propalado com tanto ufanismo, a realidade é que nossos principais “matadores”, as doenças
cardiovasculares e o câncer têm crescido assustadoramente. O enfarte agudo do miocárdio, uma das maiores causas de
morte no mundo, por exemplo, mata 30% daqueles que sofrem um ataque dessa doença no mesmo local no qual
ocorre, antes que a pessoa sequer tenha condições de ser socorrida, de nada resolvendo equipamentos que custam
milhões de dólares instalados em hospitais, para salvar-lhes a vida. Outra elevada percentagem morre ou sofre
sequelas graves do mesmo problema ainda dentro do Hospital, por mais complexa que seja a tecnologia utilizada. Os
países que concentram riquezas passaram a gastar biliões de dólares anualmente para manter esse sistema tecnológico
de assistência médica o que torna seu acesso impossível universalmente, em países como o Brasil.
Nesse panorama, elevado custo focado na tecnologia x doença e frustração na incidência de doenças que
causam morte e incapacitação, a OMS (Organização Mundial da Saúde) tem previsto para o final dessa década, no Brasil,
uma epidemia daquilo que foi denominado síndrome metabólica (hipertensão arterial, colesterol elevado, diabete
mellitus e obesidade) com consequências graves no aumento das doenças cardiovasculares e morte. Essa síndrome é
essencialmente causada pelo estilo de vida – dieta inadequada, sedentarismo, atitude mental negativa (raiva, ansiedade,
Os valores opostos a isso, alimentação saudável, exercícios físicos e estado mental positivo sempre foram
defendidos e promovidos pelos ensinamentos do Yoga como factores fundamentais da harmonia interna e externa e
menosprezados por boa parte da sociedade fortemente influenciada pela “aculturação” da propaganda enganosa que
diz que você pode comer qualquer coisa e tomar aquele “remediozinho” milagroso que vai resolver todos os seus
problemas ou, não é necessário trabalhar sobre sua natureza psicológica e espiritual, seus desejos não satisfeitos ou a
busca desenfreada de satisfaze-los, basta tomar aquele anti depressivo de “última geração” e você será feliz. Implícito
na expressão “última geração” está o conceito comercial de substituir periodicamente uma droga por outra nova para
manter a esperança das pessoas e aumentar a facturação das empresas. De passagem é importante dizer que não há
Medicina Ayurvédica
A Medicina Ayurvédica, o sistema de cura e prevenção das doenças mais antigo do mundo, baseado nos Vedas
da Índia, que já tive a oportunidade de apresentar aos leitores da Sexto Sentido anteriormente, tem desenvolvido, por
séculos, um profundo conhecimento desses factores citados como promotores de saúde (alimentação, exercícios e
estado mental) e, por isso, muitos médicos, cientistas e educadores, tanto no oriente como no ocidente, têm visto
Vamos tratar da visão ayurvédica da alimentação em três artigos: nesse primeiro, escrevendo sobre os
fundamentos da Ayurveda; no segundo, sobre os conceitos gerais da alimentação de acordo com os doshas e por que
não basta ser vegetariano para ter uma alimentação saudável e, no terceiro, dicas gerais de antídotos dos alimentos,
O Ayurveda parte do princípio védico, baseado na filosofia Sankhya, cujo ensinamento fundamental é da
existência do princípio único, ou seja, tudo na natureza é formado por uma única substância (Prakritti) que se
manifesta em cinco estados diferentes. Esses estados foram chamados de elementos (Buthas) que são terra, água, fogo,
ar e éter ou akasha. Este princípio tem implicações universais, mas, especificamente para o trabalho da Ayurveda,
quando o elemento terra e água se unem formam a energia chamada kapha. Quando água e fogo se unem formam a
energia chamada pitta e, ar e éter, a energia chamada vata. Da mesma maneira que no momento da fecundação se
forma nosso mapa genético que é determinante em nossas vidas, no conceito da Ayurveda também se forma, nesse
mesmo momento, nosso mapa energético constituído pela junção dessas energias vata, pitta e kapha. Esse mapa
energético forma um verdadeiro molde no qual toda a nossa estrutura física, energética, emocional, intelectual e
espiritual se desenvolve ao longo de toda a nossa vida. Apesar de ser constituído pelas três energias, cada ser humano
tem uma proporção única de vata, pitta e kapha, compondo, então, sete tipos humanos diferentes, 3 formados pelo
predomínio de uma energia, 3 formados pelo predomínio de 2 energias e 1 formado pelo mesmo nível das três
Tendência à obesidade
As doenças mais comuns no tipo Kapha são a obesidade, a diabetes mellitus, o colesterol elevado, os
Constituição mediana
As doenças mais comuns no Pitta são a hipertensão arterial, gastrites, sangramentos, enxaquecas e erupções
na pele.
Tendência à preocupação
As doenças mais comuns no Vata são os problemas psicológicos como ansiedade excessiva, as doenças do
Nos outros tipos humanos que possuem o predomínio de duas dessas três energias: Vata-Pitta, Vata-Kapha e
Pitta-Kapha há uma mescla de qualidades ou o predomínio de cada uma de acordo com factores internos e externos.
Nenhum tipo humano é melhor que o outro. Não é a meta da Ayurveda manter kapha, pitta e vata
nos mesmos níveis. Saúde é você estar com os três doshas nos níveis originais nos quais você nasceu. Quando as
“quantidades” de vata, pitta e kapha estão no seu nível original, o que é diferente para cada pessoa, há “ um estado de
bem-estar físico, mental e social completo e não meramente a ausência de doenças ”, ou seja, realiza-se o conceito de
Porém, os factores internos e externos como clima, alimentação, hábitos, a história de vida, relações pessoais,
angustia, ansiedade, medos, raivas e tantos outros factores vão produzindo acumulação de um ou outro dosha,
provocando desequilíbrios que acabam se manifestando como doença, seja física – de uma gripe simples a um câncer
grave - seja psicológica – de uma ansiedade simples a uma psicose grave – seja social, manifestada por uma
1. Define o dosha ou os doshas que estão em desequilíbrio naquele momento, pelo fato
desse desequilíbrio ter carácter dinâmico, mudar constantemente. Juntamente, se definem os factores que
estão provocando esse desequilíbrio, a fim de corrigi-los. Esse diagnóstico é chamado Vikritti Pariksha.
2. Define qual é a tipologia original da pessoa. Essa não muda ao longo de toda a vida física.
Ayurveda Chikitsa . Portanto, muitas vezes, a Ayurveda faz um trabalho precocemente preventivo, porque
pode haver um lapso de tempo no qual existe o desequilíbrio energético, sem que ele ainda tenha se
É importante ressaltar que o médico ou o terapeuta ayurvédico tem uma série de recursos bem definidos para
o diagnóstico tipológico e dos desequilíbrios, onde as características dos doshas descritas anteriormente servem
DIETA (AHARA)
As relações entre alimentação e saúde, alimentação e doença são muito enfatizadas pela Ayurveda. Os
alimentos também possuem proporções das energias de vata, pitta e kapha. O princípio da alimentação é propiciar
aqueles alimentos que reduzam o dosha em excesso e incrementem o dosha em deficiência. Uma boa dieta é a
combinação correcta dos alimentos que suprem os elementos vitais para o bem-estar; os géneros alimentícios são
combinados em adequadas proporções para cumprir adequadamente as funções da estrutura corporal, promover a
vitalidade geral e a nutrição da mente. A boa nutrição depende da capacidade de digestão e utilização apropriada dos
alimentos. A presença ou ausência de doenças, a qualidade do sono e o estado mental do indivíduo afectam esta
capacidade. Nos próximos números da Sexto Sentido enfatizaremos os principais aspectos da alimentação.
ERVAS MEDICINAIS:
indicadas do ponto de vista químico, similar à nossa fitoterapia ocidental, mas principalmente do ponto de vista
energético. Muitas ervas têm sido estudadas por séculos, analisando os efeitos de incrementar, reduzir ou regular os
doshas e os processos metabólicos, à luz dos conceitos de sabor (rasa), potência (virya) e efeito pós-digestivo (vipak).
Muitos métodos de preparação e de aplicação das ervas na Ayurveda são muito específicos dessa ciência, como os
bhashmas (preparado com cinzas de metais e ervas) e a decocção de cristais e metais juntamente com as ervas para
incrementar seu efeito terapêutico. Nesse sentido, a astrologia védica (Jyotish) vem como ciência complementar,
auxiliando os tratamentos ayurvédicos. As massagens abhyanga com óleos e ervas, os enemas (basti), as aplicações
nasais (nasya) e outros são métodos que servem também para administrar as ervas terapêuticas, além da via oral.
Ao longo do tempo nosso organismo vai acumulando toxinas adquiridas por meio daquilo que nós
comemos, respiramos e pensamos. Nossos alimentos estão cheios de agrotóxicos e metais pesados, o ar poluído e os
pensamentos e emoções cheios de ansiedade, medo, raiva, angústia e tantas outras emoções negativas. Por outro lado,
nossa máquina metabólica, que transforma alimentos em energia e nutrientes se “desregula” quando os doshas estão
em desequilíbrio. Tal como acontece com o motor de um carro que, quando se desregula, consome muita gasolina,
produz pouca força mecânica e muita fumaça pelo tubo de escape, assim, também, nossa máquina metabólica quando
desregulada faz uma má transformação dos alimentos em nutrientes e energia. A pessoa, mesmo se alimentando, se
sente desnutrida e cansada e os restos de alimentos não ou mal digeridos vão para os intestinos onde passam por um
processo de fermentação e putrefacção devido à presença de bactérias e a alta temperatura. Não existem
“conservantes”no intestino para impedir esse processo. Da fermentação e putrefacção são formadas substâncias
químicas altamente tóxicas como o indol, escatol e outras. Essas substâncias, as toxinas exógenas, que vêm com os
alimentos e as endógenas, produzidas por esse processo descrito, são absorvidas nos intestinos e circulam pelo
do organismo. Na visão da Ayurveda essa acumulação de toxinas ( Ama) associado ao desequilíbrio dos doshas é a
causa primária de todas as doenças ou seu factor agravante e nenhum processo de tratamento alopático, homeopático,
ayurvédico, acupunctura, etc. terão seu efeito benéfico máximo como o organismo cheio de toxinas.
ayurvédicos que, geralmente, se iniciam com dieta, ervas medicinais e panchakarma. Essa palavra significa os cinco
O panchakarma é precedido do processo conhecido como purva karma que visa mobilizar as toxinas e
direcioná-las antes que elas possam ser eliminadas pelo panchakarma. Purva karma inclui o processo de “oleação
interna (snehana) e externa (abhyanga, shirodhara, etc.) e o processo de vapor aquecido medicado (swedana)”.
Por serem técnicas de mobilização profunda das toxinas devem ser executadas sob a supervisão de médicos
ayurvédicos ou directamente por eles. Nossa experiência pessoal, tendo já tratado centenas de pessoas no Brasil e
tendo acompanhado vários tratamentos na Índia, tem sido de grande entusiasmo devido à eficácia desses processos e
YOGA E MEDITAÇÃO
O Yoga, a grande ciência da auto-realização, tem sido utilizado dentro da Ayurveda como método terapêutico
físico, energético, psicológico e espiritual. Tem a mesma origem védica e, para nós tem sido extraordinariamente
gratificante associar Yogaterapia como um dos elementos da Ayurveda e ensinar aos nossos alunos dos Cursos de
Formação e do Avançado de Professores de Yoga como ver seus alunos e adaptar sua aula de Yoga à luz dos conceitos
ayurvédicos. A International Association Yogaterapy, instituição com representantes em todas as partes do mundo,
reunindo pesquisadores no uso terapêutico do Yoga, considerando o importante papel da Ayurveda associado ao Yoga,
se transformou na International Association Yogaterapy and Ayurveda , em assembléia realizada no Rio de Janeiro, em
Outubro/2002, onde fui eleito Presidente e a central em nosso centro de tratamentos e de estudos da Ayurveda e do
Yoga, no Suddha Sabha, em Uberlândia. A secretaria-geral está em Buenos Aires, Argentina e a direcção científica em
incrementar as tendências harmónicas da tipologia original de cada pessoa. A meditação constitui, isoladamente, o
lobos e dos dois hemisférios o que se detecta por EEG como a mesma actividade cerebral e a
endorfinas altamente curativas, ou seja, o sistema nervoso central se transforma numa indústria
pelo aprofundamento dos estados de consciência obtido durante a meditação. A falta desse
A adaptação de nossa rotina diária à influência dos ciclos de vata, pitta e kapha durante as 24 horas
do dia, acrescentando os métodos preventivos da Ayurveda ao nosso dia a dia é extremamente importante para a
prevenção de doenças, mantendo nosso corpo livre de toxinas, quando associado a alimentação apropriada. Levantar
bem cedo, fazer a higiene ayurvédica, ásanas, meditação, procurar almoçar com o sol a pino, sendo essa a nossa
principal refeição do dia, fazer automassagem antes do banho da tarde, jantar mais leve, dormir até as 22:30 horas,
OUTROS MÉTODOS:
A Ayurveda ainda utiliza outros métodos de tratamento associados como a cromoterapia, as pedras
preciosas e semipreciosas, as práticas espirituais como os Yagnas e os Pujas, que trazem benéficas influências
espirituais e afastam influências negativas. Alguns textos antigos consideram essas influências grandes factores
causadores de doenças. É realizada a análise da residência e do local de trabalho como factores que participam do
processo da doença e o Vastushastra nos dá o conhecimento védico da arquitectura e da disposição desses locais para
*Artigo editado na Revista Sexto Sentido n°37 pelo Dr. José Ruguê Ribeiro Junior
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