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Física I e II Arthur 4

2. Oscilações pulso propagando-se ao longo da corda. À medida que o pulso se


propaga, a corda se deforma e volta a posição inicial, indicando que
existe energia potencial elástica. O pulso equivale, então, a
2.1. Introdução
propagação da energia potencial elástica. Pelo princípio da
propagação da energia, quando o pulso atinge a extremidade da
Até agora estudamos os movimentos, contínuos ou oscilantes
corda esta energia não pode desaparecer, como não há mais corda
de partículas em diferentes trajetórias. Vimos suas causas e as
para o pulso percorrer para frente ele passa a percorrer a corda para
energias envolvidas no processo. Nestes processos, o que existe em
trás. O pulso reflete.
comum é que a partícula efetivamente descreve a trajetória em
A reflexão é característica de qualquer propagação ondulatória
relação a um referencial e é possível definir precisamente a posição
que, por alguma razão, encontra um obstáculo à sua propagação,
desta partícula, associar a ela vetores velocidade, força e aceleração.
sendo que cada tipo de tipo de propagação gera reflexão de forma
Entretanto, nem sempre na natureza os movimentos tem essas
diferente.
características. Quando o ruído e o clarão do relâmpago chegam até
Se extremidade da corda for livre, o pulso incidente reflete com
nós, nenhuma partícula do relâmpago nos atinge, pelo menos não do
a mesma forma do pulso original. Dizemos que a reflexão ocorre sem
ponto de vista da física clássica. O que chega até nós é uma
inversão de fase.
pequena parcela da energia que se propaga sobre a forma de som e
luz. A partir deste momento iremos diferenciar a natureza desses
dois tipos de ondas.

2.2. Ondas mecânicas e eletromagnéticas

A principal característica do movimento ondulatório é a


propagação. Onda é algo que se movimenta pelo espaço, sem que, a
rigor, haja deslocamento de matéria.
Ondas em meios materiais como a água, cordas, ar, molas ou
qualquer meio elástico que permita a sua propagação são ondas
mecânicas. Ondas como a luz, que não precisam de meio para se
propagarem, são ondas eletromagnéticas.

2.3. Formas de propagação, dimensões e frente de


ondas.
Quando a corda tiver extremidade fixa o pulso refletido será
A onda transversal se propaga horizontalmente, cada ponto da invertido em relação ao pulso incidente. Dizemos que o pulso
mola executa movimento oscilatório vertical. A oscilação que gera a refletido e o pulso incidente estão defasados de  rad.
onda, produzida na extremidade da mola, é perpendicular (ou
transversal) à direção em que ela se propaga.

A onda longitudinal se propaga na mesma direção do


movimento de oscilação de qualquer ponto da mola. A oscilação
geradora do movimento ondulatório tem também a mesma direção de
propagação.
2.5. Refração

Suponha duas cordas diferentes estejam ligadas e estendidas


horizontalmente. Existem duas situações possíveis, dependendo da
densidade linear de cada corda.
A densidade linear da corda pode ser determinada pela razão
entre a massa da corda e seu comprimento. Matematicamente:

No SI a unidade de densidade é kg/m.


Para entender as situações, vamos analisar as figuras abaixo.
As ondas acima são chamadas unidimensionais pois é possível
determinar a posição da perturbação, chamada frente de onda,
utilizando apenas um eixo de coordenadas, ou seja, nas ondas
unidimensionais a frente de onda é um ponto.
As ondas na superfície da água são bidimensionais. Para a sua
descrição são necessários dois eixos coordenados – sua frente de
onda é uma curva plana.
As ondas sonoras propagam-se por todo o espaço. São ondas
tridimensionais, ou seja, a sua descrição matemática exige um
sistema de três coordenadas. A frente de onda é uma superfície (no
caso do som, uma superfície esférica).

2.4. Pulso e reflexão

Quando uma pessoa faz um único movimento de vaivém,


vertical, em uma corda estendida horizontalmente, observa-se um
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Quando o pulso passa da corda mais fina para a mais grossa Como a velocidade de propagação da onda é constante,
“parte do pulso” passa para a corda mais grossa – é o pulso refratado concluímos que freqüência e comprimento de onda são sempre
ou transmitido – enquanto outra “parte do pulso”, invertida, se reflete. grandezas inversamente proporcionais. Assim, quando a freqüência
da fonte geradora de uma onda dobra, triplica ou quadruplica, o
comprimento de onda se reduz, respectivamente, à metade, a um
terço ou a um quarto.

2.7. Princípio da Superposição – Interferência

Suponha dois pulsos sejam produzidos numa mesma corda


com sentidos de propagação contrários. Observe a figura abaixo.

Quando o pulso passa da corda mais grossa para a mais fina,


“parte do pulso” passa para a corda mais fina – é o pulso refratado ou
transmitido – enquanto outra “parte do pulso” se reflete, sem inversão
de faze.
Em ambos os casos, a energia do pulso se distribui: parte é
refratada ou transmitida para a outra corda e parte é refletida para a
corda onde se propaga o pulso incidente, com ou sem inversão de
fase. Isto é uma característica da refração nos movimentos Durante o cruzamento, a ordenada de cada ponto é a soma
ondulatórios. Sempre que a onda passa de um meio para outro, parte algébrica das ordenadas de cada onda nesse instante. Essa
da energia é transmitida e parte é refletida. afirmação denomina-se Princípio da Superposição. Após o
cruzamento, cada pulso continua com suas próprias características,
2.6. Ondas periódicas como se nada houvesse acontecido.
Em outras palavras, o Princípio da Superposição garante que
Se uma fonte gera um pulso em uma mola, propaga-se na mola ondas, ao contrário de partículas, não alterem suas características
um pulso. Se a fonte gerar n pulsos num determinado intervalo de quando interagem.
tempo, vão se propagar na corda n pulsos no mesmo intervalo de Quando as ordenadas de cada ponto somam-se
tempo. Portanto a freqüência da fonte e, conseqüentemente, o seu algebricamente, ocorre o fenômeno da interferência. O pulso
período, são iguais à freqüência e ao período da onda. resultante pode ter sua amplitude aumentada ou reduzida. No
primeiro caso, ocorre a interferência construtiva, no segundo a
interferência destrutiva.

Supondo que a fonte execute um MHS, valem aqui as mesmas


expressões e unidades de freqüência (f) e período (T) já conhecidos
no MHS.

Localizando a origem das ordenas na posição de repouso da


mola, a amplitude A é o módulo das ordenadas (y) ou elongações
máximas de qualquer ponto da onda em relação à origem. Essa
Interferência Construtiva
definição é exatamente a mesma do MHS:
Na figura acima, os pares de pontos (P 1,P3) e (P2,P4) estão na
mesma fase, pois tem a mesma ordenada y e velocidades de mesmo
sentido (descendo ou subindo). A distância entre eles é o
comprimento de onda (). A definição de comprimento de onda é a
menor distância entre dois pontos na mesma fase.
A velocidade de propagação da onda em um meio pode ser
determinada diretamente da expressão de velocidade escalar média.
No intervalo de tempo de um período T um pulso da onda percorre
uma distância igual ao comprimento de onda . Portanto, a
velocidade escalar média de propagação da onda é:

Interferência Destrutiva
Se a fonte é harmônica simples (realiza MHS) o período e a A interferência pode ser entendida como conseqüência do
freqüência são constantes. A velocidade de propagação de uma Princípio da Superposição e este, por sua vez, como conseqüência
onda em uma corda pode ser determinada por: do Princípio da Conservação da Energia. A forma dos pulsos é a
manifestação visível da energia potencial elástica que se propaga
pela corda.
Como ondas são sucessões de pulsos, o que vale para pulsos
vale para ondas. O princípio da Superposição e a interferência são
onde T é a tração na corda e  a sua densidade linear.
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características tipicamente ondulatórias, válidas para qualquer tipo de
ondas, mecânicas ou eletromagnéticas. Ao menos no mundo
macroscópico, podemos garantir que as partículas não se
“atravessam” e portanto não produzem interferência.

Onde n é um número inteiro (n=1,2,3,....), L é a distância entre


as extremidades fixas da corda, T é o módulo da tração na corda e 
sua densidade linear.
Quando n=1, a freqüência f1 é chamada de freqüência
fundamental e corresponde à configuração de onda estacionária de
um só ventre. A relação entre a freqüência natural (fn) de ordem n e a
fundamental (f1)é dada por:

Construtivas e Destrutivas
2.9. Ondas Bidimensionais – Princípio de Huygens
2.8. Ondas Estacionárias e ressonância
As ondas bidimensionais têm todas as características
Suponha que, na mesma corda, em vez de dois pulsos, ondulatórias das ondas unidimensionais. Têm, no entanto,
propaguem-se dois trens de ondas em sentidos opostos. Neste caso, propriedades e características mais genéricas e servem de apoio ao
não é possível observar o que ocorre antes e depois do cruzamento, estudo das ondas tridimensionais.
pois só existe cruzamento. O único efeito visível é o resultado da O Princípio de Huygens é o instrumento de análise e
interferência entre esses trens de ondas, que recebe o nome de compreensão das ondas bi e tridimensionais. Ele define como se
Onda estacionária. comportam estas ondas durante sua propagação.
“Cada ponto de uma frente de onda pode ser
considerado uma nova fonte de ondas secundárias que
se propagam em todas as direções. Em cada instante, a
curva ou superfície que envolve a fronteira dessas ondas
secundárias é a nova frente de onda”.
O Princípio de Huygens é uma idealização geométrica, pois
A onda estacionária aparece devido a ressonância. Um sistema essas fontes secundárias não têm existência real. Veja a figura
oscilante entra em ressonância com uma fonte excitadora externa abaixo.
quando a freqüência da fonte é igual à freqüência natural do sistema
oscilante.
Uma corda estica por uma tração T possui um conjunto de
freqüências naturais (fn) cujos valores variam a medida que a tração
T varia. Cada vez que um dos valores de fn for igual a um múltiplo
inteiro da freqüência f0 da fonte excitadora, ocorre ressonância.
Todas essas configurações de ressonância são ondas
estacionárias e as freqüências naturais fn em que elas aparecem são
conhecidas como freqüências de ressonância.
Podemos determinar as freqüências naturais de vibração de
uma corda através de uma equação. Observamos que nas
extremidades fixas da corda temos nós, pontos onde a corda não
vibra. Isso nos leva a concluir que, para haver ressonância, o
comprimento da corda deve ser igual ou múltiplo da metade co
comprimento de onda das ondas que geram a configuração.
Observando a figura abaixo, chegamos às seguintes relações
entre o número de ventres (n), o comprimento da corda (L) e o
comprimento de onda (). 2.10. Reflexão de Ondas

As ondas bidimensionais, assim como as ondas


unidimensionais em cordas, se refletem ao atingir qualquer
obstáculo, ou se refratam quando mudam de meio de propagação. A
reflexão e a refração em ondas bidimensionais tem algumas
características específicas.

   
2 2 2 2
L
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As frente de ondas planas, separadas pelo comprimento de
onda , ao atingirem o antepara plano, se refletem e dão origem a
novas frentes de onda, separadas pelo mesmo comprimento de onda
. O raio incidente i é perpendicular às frentes de ondas incidentes e
o raio refletido i’ é perpendicular às frentes de ondas refletidas. Os
ângulos  e ’ entre a normal e os raio incidente e refletido são
iguais. Essa afirmação é conhecida como Lei da Reflexão. 2.13. Interferência em duas dimensões

2.11. Refração Da mesma forma que as elongações das ondas em cordas


podem ser somadas algebricamente de acordo com o Princípio da
A figura a seguir mostra a refração de ondas planas. A refração Superposição, as amplitudes de ondas bidimensionais que
ocorre sempre que a onda atravessa a superfície de separação de atravessam a mesma região do espaço também se somam
meios em que a velocidade de propagação da onda é diferente. algebricamente. Essa soma dá origem ao fenômeno da interferência.
A figura abaixo mostra uma configuração típica de interferência.
Nessa figura, duas ondas bidimensionais circulares, de mesma
freqüência, são geradas nos pontos A e B. As linhas tracejadas
representam vales e as linhas cheias cristas da onda. Desta forma é
possível observar as Interferências Construtivas, representadas por
bolas pretas, onde acorre o encontro entre dois vales ou duas cristas;
e as Interferências Destrutivas, representadas por bolas não
preenchidas, onde ocorre o encontro entre vales e cristas.

Embora a velocidade de propagação varie sempre que a onda


passa de um meio para outro, o desvio na direção da trajetória só
ocorre quando a incidência é oblíqua. Se a onda incide normalmente
à superfície de separação dos meios, a direção de propagação não
sofre desvio, embora ocorra variação de velocidade.
Ë possível determinar o desvio matematicamente através da
variação dos ângulos de incidência e refração com o auxílio da Lei da
Refração.

2.12. Difração

Pode-se dizer que a difração é a tendência da onda a contornar


obstáculos.
O fenômeno da difração pode ser explicado a partir do Princípio
de Huygens. Para isso, observe as figuras abaixo. Como cada frente
de onda é responsável pela geração de novas ondas, podemos
explicar a capacidade da onda de contornar obstáculos.

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