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A LITERATURA LATINO-AMERICANA E OS CONTOS

FANTÁSTICOS DE HORÁCIO QUIROGA: EXPLORANDO


POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO
Autor: Patrícia Ochner Horn1
Tutor externo: Matheus Ribeiro Menezes2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso FLC 10019 LED – Estágio Curricular Supervisionado
03/04/2024

RESUMO

Este artigo científico trata sobre a evolução da literatura latino-americana, desde os


tempos pré-colombianos até a idade contemporânea, frisando a influência cultural e os
movimentos literários que os povos da América Latina vivenciaram ao longo do
processo de colonização. Anteriormente à chegada dos europeus, as civilizações da
região já possuíam suas próprias formas de expressões literárias, com os mitos e a
poesia. Com o processo de colonização, houve uma aculturação e, assim, a literatura
passou a ser influenciada pelas crônicas de viagens e os relatos descritos pelos
exploradores e seus escrivães. Ao longo dos séculos, a literatura latino-americana
vivenciou os diversos movimentos, tais como: o barroco, o colonialismo, o Realismo, o
Naturalismo e o Modernismo, refletindo as transformações pelas quais passava a
região, sejam elas políticas ou sociais. No decorrer dessa pesquisa, destacamos a
contribuição de Sor Juana Inés de la Cruz, Machado de Assis, Gabriel Garcia
Marques, mas deteve-se, especificamente, no escritor Horacio Quiroga. Detendo-se nos
temas “comuns” aos contos fantásticos, como a loucura, a violência e a força da
natureza, e de que forma o seu uso nas aulas de língua portuguesa pode ser um
instrumento de reflexão e pensamento crítico.

Palavras-chave: Horácio Quiroga. Conto fantástico. Literatura latino-americana.

1 INTRODUÇÃO

O intuito deste trabalho é pensar na forma como a literatura latino Americana e


os contos fantásticos de Horacio Quiroga (1878–1937) possibilitam uma extrapolação
dos conceitos imaginários e sobrenaturais, oferecendo, especificamente, aos discentes
uma experiência que mescla elementos da realidade com conceitos inexplicáveis.

1 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Letras Português; E-mail:


5950699@uniasselvi.com.br
2 Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Letras Português – Polo Aracaju (Atalaia); E-
mail: 100123018@uniasselvi.com.br
Permitindo uma exploração, no contexto educacional, analítica das obras desse escritor
uruguaio e como é possível enriquecer o processo de ensino-aprendizagem ao estimular
a imaginação e a reflexão crítica dos alunos.

Trata-se de entender as bordas que os contos fantásticos encontram na literatura


de Quiroga, através dos contos “Travesseiro de Plumas” e “Galinha Degolada”.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Mesmo antes da chegada dos colonizadores, as civilizações latino-americanas já


haviam desenvolvido suas próprias histórias, sua própria cultura, suas maneiras de viver
e de pensar. Esses povos já possuíam variadas formas de expressão literária que através
dos mitos, das lendas, das poesias, produzidas por seus povos, sendo eles indígenas,
maias, astecas e incas, propagavam a cultura presente nesses espaços. “Este primeiro
contato entre os europeus e as populações nativas foi marcada pelo estranhamento”
(Fronteiras do Pensamento, 20—), porque “para os europeus, ver homens e mulheres
nus era tão diferente quanto para o indígena ver aquela gente usando roupas, barba e
montando animais desconhecidos, já que na América não havia cavalos” (Fronteiras do
Pensamento, 20—).

Marcada por influências culturais, sociais, políticas e históricas, o surgimento da


literatura latino-americana passou, e passa, por diversas fases e movimentos, que
refletem as transformações da identidade e da sociedade latina.

Com o novo conhecimento astronômico e náutico, com a cobiça de reis e


mercadores por especiarias e bens exóticos, como o sopro caprichoso dos
ventos e com uma invejável capacidade de interpretar a história com
imaginação heróica, produziram-se as rotas e os relatos com que se formou a
América (Fronteiras do Pensamento, 20—).
Com a expansão marítima espanhola e portuguesa para as terras latino-
americanas, as expressões artísticas, em especial a literatura, começaram a sofrer uma
aculturação e passaram a sofrer influências da cultura do colonizador. Por meio das
crônicas de viagens de Cristóvão Colombo, com seus diários de viagens, de Américo
Vespúcio, que “traziam (em suas cartas) revelações surpreendentes sobre os nativos e
sua cultura” (Fronteiras do Pensamento, 20—) e Pero Vaz de Caminha, que “descrevia
os indígenas através de suas próprias impressões” (Fronteiras do Pensamento, 20—)
uma literatura miscigenada começou a figurar no continente recém-descoberto. “As
cartas dos primeiros exploradores, repletas de fascínios e imaginação, contém os
condimentos básicos com que se desenvolve nossa literatura” (Fronteiras do
Pensamento, 20—). A nova literatura que surgia, a partir do olhar do colonizador,
procurando descrever a história, a cultura local, costumes, dialetos e paisagens dos
povos que habitavam as terras latino-americanas.

Antes da chegada dos colonizadores, as civilizações pré-colombianas na


América Latina já possuíam táticas de desenvolvimento. Um exemplo disso são a
civilização maia “que construíram cidades onde hoje é a Guatemala, Honduras, El
Salvador e México” (Fronteiras do Pensamento, 20—)Mesmo não possuindo um
alfabeto propriamente dito, eles possuíam outras formas de comunicação, caracterizada
pela representação visual (Fronteiras do Pensamento, 20—).

Através dos movimentos artísticos Barrocos e Colonialismo, a América Latina


fez-se marcada pela união de elementos da cultura indígena, africana e europeia,
surgindo então uma literatura rica e complexa, fortemente aculturada, “marcada por
contrastes e violências” (Fronteiras do Pensamento, 20—). Desse movimento,
destacam-se autores como: “Sor Juana Inés de la Cruz, Juan de Espinosa Medrano e
Juan Ruiz de Alarcón” (Fronteiras do Pensamento, 20—).

Já no final do século XIX e início do século XX, o realismo, o naturalismo e o


modernismo passam a influenciar a literatura latino-americana, buscando retratar a
realidade política e social que, na época, a população latino-americana vivenciava. No
Brasil, pudemos observar os escritos de Machado de Assis e, no Peru, o escritor Manuel
González Prada, que exploram as temáticas escravocrata, urbana e corrupta da época.
(Fronteiras do Pensamento, 20—).

No Brasil, pudemos observar os escritos de Machado de Assis, “até hoje


consagrado como divisor de águas e letras” (Fronteiras do Pensamento, 20—). Autores
como o mexicano Gabriel García Márquez e o peruano, Mario Vargas Llosa ganharam
destaque internacional ao explorar a realidade dos povos latino-americanos de forma
inovadora e original, transformando as décadas de 1960 e 1970 em períodos de grandes
efervescências criativas, conhecido como o Boom latino-americano. (Fronteiras do
Pensamento, 20—).
Nas últimas décadas, na literatura latino-americana novas vozes surgiram por
meio das literaturas feministas, afro-latino-americana e LGBTQIA +, buscando
aumentar a representatividade e a diversidade literária.

Segundo Camargo (2015, p. 8), Horácio Silveira Quiroga Fortaleza, mais


conhecido como Horácio Quiroga, nasceu em:

Salto, Uruguai, no ano de 1878; filho de uma uruguaia e um cônsul argentino,


seu principal conto foi Los arrecifes de coral, e Quiroga foi tratado pelos
críticos como um autor rio-platense, tendo em vista seu nascimento e
posterior mudança para a região argentina do Rio da Prata.
O local de seu nascimento muito contribuiu para a forma de escrita do autor, já
que a vida que levava tornou-se tema constante dos seus contos, sendo chamado
frequentemente de regionalista e indigenista (Camargo, 2005, p. 8).

A partir dos sites L&PM Editores, Enciclopédia Humanidades e Portal da


Literatura, Horácio Quiroga passou sua infância vivendo em meio a natureza exuberante
do Uruguai e da Argentina e, por isso, sua escrita é moldada pela beleza selvagem que
deixou diversas marcas em sua alma.

Quiroga, tendo trabalhado como juiz de paz, jornalista e professor, teve seu
maior reconhecimento atuando como escritor de contos, que refletia não apenas suas
lutas internas, mas sua busca por significado no mundo sombrio a qual habitava,
procurando explorar a psique humana, confrontando o leitor com aspectos irreais e
complexos da condição humana.

Devido às suas paixões e emoções intensas, escrever, para Quiroga, era seu jeito
de dar sentido ao caos do mundo e de expressar as complexidades de sua própria
existência.

Perdeu o pai, quando criança, e posteriormente, seu padrasto suicidou-se. Em


sua juventude, matou o melhor amigo por acidente, depois, adveio o
falecimento de sua primeira esposa, que ingeriu veneno, e por fim, o próprio
Quiroga teve câncer de próstata e, diante da frustração, também recorreu ao
veneno (Bortoluzzi; Arendt, 2012, p.193).
A complexidade observada na vida de Horácio Quiroga é perceptível nos seus
contos. A loucura e o desequilíbrio mental são temas recorrentes que refletem os
aspectos sombrios da condição humana, as influências dos ambientes selvagens e
implacáveis que muitas das suas histórias são ambientadas. Ao explorar esse tema de
maneira profunda e perturbada, ele oferece ao leitor visões realistas dos efeitos
devastadores que a mente humana pode sofrer pelo isolamento, da solidão e do
desconhecido.

No conto “O Almofadão de penas” (2010, p. 62), uma mulher é atormentada por


uma misteriosa doença que a leva à beira da loucura, enquanto seu marido assiste sem
saber da causa da sua deterioração física e mental. Percebe-se que as personagens são
levadas ao limite de sua sanidade mental por circunstâncias extremas, não hesitando em
explorar os efeitos violentos e da morte da psique humana.

A mesma abordagem é percebida no conto “A galinha degolada” (2010, p. 47).


A narrativa inicia com uma descrição de várias tragédias de uma família, que sofre com
a exigência e o domínio de um pai em relação à esposa e aos filhos. No conto, a família
de quatro filhos, todos nascidos com alguma deficiência física ou mental, causa grande
angústia aos pais. Certo dia, uma galinha é encontrada degolada no quintal,
desencadeando uma série de eventos perturbadores. A narradora dos acontecimentos é a
empregada da casa, chamada Justina. Ela relata como o pai reage com violência à
notícia, que culpa os filhos pelo ocorrido e num ato de desespero, o pai resolve deixar
seus filhos sob os cuidados da empregada, enquanto ele e a mãe saem para um passeio.
Ao retornarem, descobrem que seus filhos estão mortos, envenenados pela empregada
como um ato de vingança pelo tratamento cruel que recebiam. Com a tragédia, os pais
ficam paralisados, sem saber como reagir diante da situação.

Em resumo, os contos de Quiroga, a loucura e o desequilíbrio mental são


mostrados como consequências inevitáveis do confronto com aspectos, pensamentos e
atitudes mais sombrios da existência humana. Por isso, muitas vezes são considerados,
além de contos fantásticos, como contos de horror.

Para Camargo (2015, p. 16):

Horror é o nome mais usual dado aos textos ficcionais que, de algum modo,
estão relacionados ao medo físico ou psicológico, mas, este pode ser
abordado como fenômeno social, psicológico, político, dentre outros, pois
não tem uma definição fixa.
Por meio do seu viés fantástico, as abordagens educacionais dos contos
fantásticos de Horácio Quiroga podem acontecer de várias formas e de maneiras
abrangentes, dependendo dos objetivos pedagógicos e do público-alvo a qual se destina.
Os contos de Quiroga propõem uma oportunidade de análise literária,
explorando elementos do enredo, das personagens, dos cenários, do estilo de escrita e
dos temas apresentados.
Por meio dos temas abordados por Quiroga, que incluem violência, morte,
loucura, natureza, psique humana, os discentes e docentes podem explorar esses temas
de maneira crítica, relacionando-os com suas próprias experiências e com questões
contemporâneas, tais como: saúde mental, conservação ambiental e violência.

Além disso, é possível analisar os contextos históricos e culturais do período a


qual a obra é escrita, contextualizando a obra dentro deste cenário, ou comparando-as
com outras obras, de outros escritores, presentes no mesmo período histórico ou dentro
do mesmo gênero literário.

Por conseguirem desafiar os limites da realidade, levando os leitores a explorar


mundos imaginários e conceitos irreais, os contos de Quiroga estimulam a imaginação,
incentivam a reflexão e, por isso, o pensamento crítico.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

A metodologia utilizada neste artigo acadêmico é uma combinação de análise


histórico literária, educacional e científico já que “consiste em estudar um fenômeno da
maneira mais racional possível, de modo a evitar enganos, sempre buscando evidências
e provas para as ideias, conclusões e afirmações” (Botelho, 2013, p. 82) e explora a
influência da literatura latino-americana, especificamente os contos fantásticos de
Horácio Quiroga, na formação cultural e educacional.
Ao contextualizar a presença da literatura latino-americana, antes da chegada
dos colonizadores, destaca-se sua diversidade e formas de expressão, tais como: mitos,
lendas e poesias; que auxiliam no estabelecimento da importância cultural e histórica
das narrativas e movimentos literários, como o Barroco, o Modernismo e o Boom
Latino-Americano, fornecendo um contexto amplo para o entendimento da literatura da
região.
O processo de estágio, em que a pesquisadora participou na Escola de Educação
Básica Julius Karsten, se realizou nas turmas de 1º e 2º ano do ensino médio.

A Professora a qual auxiliou todo o andamento do estágio e da regência chama-


se Consuelo Barbosa Reek. Ela é uma mulher natural do Paraná, tendo se mudado para
Jaraguá do Sul quando ainda era pequena. Sua formação acadêmica é Letras – Língua
Portuguesa e já trabalhou em escolas municipais e estaduais dentro de Santa Catarina.
A professora Consuelo atua na EEB Julius Karsten desde o início do ano,
contratada para substituição de outro professor de Letras — Língua Portuguesa.
Atualmente, a professora trabalha 40 horas, atendendo alunos dos 1ᵒˢ e 2ᵒˢ anos nos
períodos matutinos e vespertinos.

Durante as aulas, observou-se que a professora utilizou todas as ferramentas


midiáticas disponíveis: tablets, internet, computadores, projetores e celulares. Por ser
atuante, seu relacionamento com os discentes se mostrou amigável, sendo perceptível o
respeito que os alunos lhe endereçam.

O planejamento das aulas é realizado semanalmente, com base nos conteúdos


programáticos adequados ao ano de ensino, à faixa etária e aos documentos
mandatórios.

Antes de iniciar as atividades, a Professora falou que a aula seria uma aula de
interpretação, porém eles teriam que interpretar a música “Dias Melhores”, da banda
Jota Quest. A música foi projetada, por meio de um projetor, para os alunos, que
puderam apreciá-la três vezes. Quando a música tocou pela última vez, a professora
então ficou na frente da turma e, com o auxílio do seu celular particular, começou a
declamar a música.

Após a declamação, ela indagou aos alunos o que eles haviam entendido, o que a
letra da música queria dizer. Com algumas participações, a professora então perguntou
qual era o melhor momento para a gente viver as nossas vidas, relatou os distúrbios que
podem ser ativados ao pensarmos demais no futuro ou ao lamentar demais o passado.
Houve alguns debates e exposição de opiniões sobre esse tema na turma. Alguns
frisaram o perigo de se focar no agora e esquecer que o depois sempre vem, outros
lembraram da importância de pensarmos sobre o passado e do cuidado que a gente tem
que ter ao não refazer atitudes negativas.

Depois dessa primeira aula, a Professora falou à estagiária que esses momentos
de discussões são de suma importância para conhecer a turma, mensurar qual o grau de
entendimento e compreensão que os alunos já apresentam, servindo também como uma
ferramenta avaliativa, já que observamos as habilidades de argumentação, de
interpretação, reelaboração, criação de hipótese e muitos alunos elencaram suas próprias
vivências como forma de embasar a opinião que expunham.
Em todos os momentos do debate, a Professora se dirigiu aos alunos de forma
respeitosa, acolhendo seus pontos de vista, questionando e estimulando a participação
de cada um, não obrigando quem não se mostrava interessado a participar, mas
oferecendo o momento para tal fim.

Durante a pesquisa de campo, percebeu-se que a Professora adaptou o seu


linguajar entre linguagem formal e informal e respeitou as capacidades dos alunos e
estimulando a continuar, sugerindo questionando a continuar expondo sua opinião.

As turmas que se tornaram objeto de pesquisa deste trabalho foram os 1ᵒˢ e 2ᵒˢ
anos do ensino médio. A média por turma é de 35 alunos por sala e o espaço onde eles
estudam é adequado à quantidade de estudantes, já que esse número obedece a uma
metragem estabelecida pela S.E.D. Nas salas observadas há computador para uso do
professor, caixas de som. Em ambas as turmas há alunos com necessidades especiais e
sua inclusão obedece às legislações estaduais e federais vigentes, havendo como suporte
segundo professor nas turmas.

Os planejamentos, as propostas, as avaliações e suas respectivas recuperações


obedecem às orientações prescritas no Projeto Político Pedagógico da instituição de
ensino. Como há uma disparidade financeira e cultural muito grande entre os alunos,
infere-se que isso se reflete na qualidade, na posse e na variedade de materiais.

Durante as observações executadas para fundamentar a teoria aqui descrita,


constatou-se que literaturas, leituras e interpretações apareciam, frequentemente,
durante as ações e propostas desenvolvidas em sala pela Professora, por isso, ao ser
proposto pela pesquisadora do presente artigo científico uma aula de interpretação de
texto com base nos contos de terror de Horacio Quiroga, a Professora Consuelo se
mostrou satisfeita para a sua execução.

Como no ano anterior, o projeto de estágio foi desenvolvido com as turmas de 9º


ano, a pesquisadora pediu se poderia realizar a regência com duas turmas que ela já
conhecia do ano anterior, a professora autorizou e assim foi feito.

Para um melhor entendimento do relato descrito abaixo, nomearei a


pesquisadora como professora-pesquisadora e a professora da unidade escolar de
professora-regente.
Durante as primeiras aulas de regência, com a turma 1º02 e 1º03, distribuiu-se o
conto “O travesseiro de Pena”, de Horacio Quiroga, mas antes, a Professora-
pesquisadora contextualizou quem era o escritor do conto e como havia sido a sua vida.
Como ambas as turmas, 1º02 e 1º03, possuía duas aulas seguidas de língua portuguesa,
pudemos explorar amplamente a interpretação realizada pelos alunos e realizar quatro
aulas de regência em língua portuguesa.

Após a leitura individual do conto, questionaram-se os alunos sobre o que


sentiram ao ler o conto, levantamos alguns trechos marcantes e que despertou algum
tipo de sentimento nos alunos. Depois de alguns apontamentos levantados, pediu-se que
os alunos se dividissem em grupos para refletirem sobre questionamento elaborado pela
professora pesquisadora.

Perguntas disparadoras de reflexão em grupo:

(Fonte: Arquivo particular)

Planejando um novo direcionamento com base no conto de Horácio Quiroga,


propôs-se que os alunos desenvolvessem seus próprios contos de terror, adicionando os
pontos que caracterizam o caráter fantástico dos contos, explorando nas criações os
seres mitológicos, o mistério, a atmosfera, as personagens e os diálogos.

Outras quatro regências desenvolvidas foram com as turmas 1º01 e 2º02.

Na turma 1º01, a regência foi similar à desenvolvida nas turmas do 1º02 e 1º03,
com a diferença do conto apreciado. Na turma 1º01, o conto trabalhado foi “A Galinha
Degolada”, onde realizamos a leitura individual, após discussão e reflexão em grupo a
partir de perguntas disparadoras elaboradas pela professora-pesquisadora.

Perguntas disparadoras de reflexão em grupo:

(Fonte: Arquivo particular)

Após refletirmos sobre as perguntas disparadoras, foi proposta a elaboração de


um conto, explorando as temáticas “comuns” nos contos fantásticos e uma sugestão à
Professora-regente uma futura socialização dos contos criados pelos alunos dos 1ᵒˢ anos
que foram os objetos dessa pesquisa.

Na turma do 2°02, a Professora-pesquisadora propôs um desafio ao ofertar os


dois contos explorados pelos 1ᵒˢ anos, bem como as perguntas disparadoras e as
reflexões pertinentes a cada obra, sendo elas “O Travesseiro de Penas” e “A Galinha
Degolada”, para ser apreciadas em grupos.

Em um segundo momento, a partir das leituras feitas, desenvolvemos uma


escrita em grupo de um conto fantástico. A proposta foi que ao final de 1 minuto, o
conto deveria ser repassado para ser escrito ao colega do lado, indo assim até o findar de
15 minutos, porém a turma demonstrou muito interesse pela proposta oferecida, assim, a
ação levou o tempo de 25 minutos, já que após esse tempo, os alunos cansaram de
realizarem a escrita e houve a dispersão do assunto proposto.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)

Por meio da observação e na regência realizadas para a estruturação desta


pesquisa, percebeu-se a relevância da metodologia a ser utilizada, onde uma abordagem
interdisciplinar, com uma análise diversa, elencando aspectos históricos, culturais e
literários, possibilita uma maior identificação dos alunos com os textos trabalhados.

Durante a pesquisa, notou-se uma compreensão aprofundada da influência da


literatura latino-americana, em especial dos contos de Horácio Quiroga, na formação
cultural da América Latina e, por meio da aproximação e apresentação, da formação
leitora dos alunos do ensino médio.

Ao longo das observações e escrita desta pesquisa, observou-se o engajamento


da Professora Consuelo Barbosa Reek, que usou várias ferramentas de mídias
disponíveis para tornar as aulas mais dinâmicas e interativas, além do envolvimento
amigável com os alunos que forneceu um ambiente propício para o debate, reflexão,
aprimoramento e formação leitora dos discentes.

Por meio da regência realizada pela Professora-pesquisadora, constatou-se o


interesse dos alunos pelos contos apresentados do escritor Horácio Quiroga, bem como
a capacidade de reflexão e criação no processo de autoria dos seus próprios contos de
terror. Mediante a proposta apresentada aos alunos, promoveu-se não só a compreensão
da obra estudada, mas também estimulou-se a imaginação e a expressão criativa dos
alunos durante as aulas de língua portuguesa.

As vivências aqui descritas, exibiu a importância da integração entre teoria e


prática no ensino de língua portuguesa, no processo de interpretação e expressão
criativa. Uma experiência significativa de aprendizado que possibilitou uma formação
cultural e educacional.

REFERÊNCIAS
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Travesseiro de Pena” . Revista USP, [S. l.], n. 75, p. 140–147, 2007. DOI:
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SOUZA, Jaqueline. Conto de terror e gramática contextualizada. 2023. Disponível
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ANEXO I
Registro de Frequência

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