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Entendendo o poema:

01 – Os modernistas dos anos 1920 frequentemente tinham atitudes de ironia, deboche e crítica em relação à cultura oficial.
a) Aponte no poema um exemplo de ironia ou deboche.
A própria crítica a poetas do passado, identificados como “sapos”; a provável referência ao pai de Olavo Bilac, herói na Guerra do
Paraguai; o emprego de expressões como “parnasiano aguado”.

b) Que movimento literário, visto como representante da cultura oficial, é satirizado? Comprove sua resposta com elementos do
texto.
O Parnasianismo, que tinha uma concepção formalista de arte. A referência ao movimento se encontra na expressão “parnasiano
aguado” e nos versos “—A grande arte é como / Lavor de Joalheiro”, que lembram o poema “A profissão de fé”, de Olavo Bilac.

c) A fala do sapo-tanoeiro, delimitada pelas aspas, veicula o princípio básico do movimento literário satirizado. Qual é esse
princípio?
O princípio da perfeição formal.

02 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:


· Cético: cheio de dúvida.
Cognatos: termos que têm o radical em comum, como, por exemplo, pedra e pedreiro.
Frumento: o melhor trigo.
Joio: planta que nasce entre o trigo e prejudica seu desenvolvimento.
Perau: barranco, abismo.
Transido: penetrado, repassado de frio, dor ou medo.

03 – Explique a oposição feita entre poesia e artes poéticas na 7ª estrofe.


Considerando que são os sapos que estão falando, poesia corresponde à “verdadeira poesia”, na concepção parnasiana, ou
seja, perfeita formalmente; em oposição a ela, as “artes poéticas”, vistas com desprezo, correspondem à poesia de orientação
modernista.

04 – Faça uma pesquisa, no dicionário ou com o professor de biologia, sobre os quatro tipos de sapo mencionados no poema:
Sapo-boi; sapo-tanoeiro (ou ferreiro), sapo-cururu e sapo-pipa. Depois responda:
a) De que modo o poeta sugere o som característico dos sapos?
Empregando expressões e versos bastante ritmados, que têm uma função onomatopeia no texto, “— ‘Não foi’ / -- ‘Foi’ / -- ‘Não
foi!’”.

b) Na hierarquia dos sapos, pelo critério da raridade, qual dos sapos mencionados é o mais simples e comum em nosso país?
O sapo-cururu.

c) Nesse poema, os sapos são metáforas de tendências estéticas da literatura brasileira. Considerando-se a condição precária
(“Sem glória, sem fé”) do sapo-cururu, o que ele pode representar no cenário cultural brasileiro?
Pode representar o nascer de uma nova poesia ou arte brasileira: simples, cotidiana e à margem da “grita” acadêmica.

05 – Que recurso sonoro o poeta utiliza na primeira estrofe para imitar a marcha saltitante dos sapos?
O poeta utiliza a aliteração: papos, pulos, sapos.

06 – Em meio à algazarra dos medíocres, quem simboliza a solidão do artista superior?


O sapo-cururu.

07 – Em que versos o poeta resume a sua denúncia do equívoco parnasiano de que a boa métrica e a rima constituiriam a
excelência da forma e da poesia?
Em “Reduzi sem danos / A formas a forma”.

08 – Qual dos sapos caracteriza a vaidade excessiva de alguns parnasianos?


O sapo-pipa.

09 – Sabendo-se que os três primeiros sapos simbolizam os poetas parnasianos, quem estaria sendo simbolizado pelo sapo-
cururu?

Os poetas modernistas
O texto inicia-se com uma referência do poeta à vaidade dos parnasianos quando cita a palavra “enfunando” que tem
o mesmo sentido de “encher-se”, “inflar-se”, no entanto, neste texto o significado mais cabível seria o “enfunar-se” de
orgulho, de vaidade.
Ao longo do poema, o eu-lírico constrói a crítica ao parnasiano e a sua estética,
” Diz: – Meu cancioneiro
É bem martelado. “
E ironiza o modo perfeito de se fazer arte.
“Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.”
No trecho acima o poeta faz um zombaria com o primor que os parnasianos têm em compor rimas, inclusive, em
rimar termos cognatos, ou seja, termos que possuem a mesma classe gramatical já que para o parnasiano rimar
termos cognatos não é sinônimo de sofisticação, pois as rimas não são consideradas ricas.

Além de ressaltar a estética parnasiana de forma sarcástica,


“Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.”
Manuel Bandeira também faz uma alusão irônica aos poemas que valorizam a descrição dos objetos e da escultura
clássica.
“Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,

Tudo quanto é vário,


Canta no martelo”.

Exemplos de poesia parnasianas que mantêm esta valorização dos objetos clássicos são “Profissão de fé”, de Olavo
Bilac e “Vaso Grego”, de Alberto Oliveira. Seguem alguns trechos:
(…)
“Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.”
(“Profissão de fé“)
(…)
“Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de os deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.”
(…)
(“Vaso Grego”)
Além do conteúdo temático, o poeta faz algumas construções estruturais que dão sentido ao tema. Uma destas
construções é o uso de aliterações em “p” e “b” e as assonâncias em “u” e “a” que remetem o som do pulo dos sapos,
assim como, o jogo de palavras em ” Não foi! – Foi! – Não foi!” que faz analogia ao coaxar dos sapos.
Entretanto, o poeta moderno não utiliza a forma como meio de compor o tema, mas também, como forma de compor
a ironia temática presente no texto. Por exemplo, a composição de todos os versos com a mesma métrica (cinco
sílabas) faz parte da proposta parnasiana. No entanto, o poema é criado em redondilhas menores, isto é, a forma mais
simples de se compor as sílabas poéticas, o que para os parnasianos é inaceitável, já que eles louvavam a sofisticação
e não a simplicidade.
Outro aspecto estrutural que zomba dos aspectos requintados da escola parnasiana é uso das quadras ou quartetos,
formas consideradas populares, contrastando, desse modo, com as formas sofisticadas, tais como, o soneto que é
muito prezado no parnasianismo.
Esta popularidade da quadra se torna mais evidente na última estrofe cujos últimos versos fazem alusão a uma cantiga
popular brasileira.
“ Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…”
Logo, o poema “Os sapos” faz uma crítica contundente ao parnasianismo de modo irônico e sarcástico, valendo-se
do tema e da própria forma poética na construção poética

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