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Fichas de trabalho por domínio

Ficha 26 · Entrevista

Lê o texto e responde ao questionário. Se necessário, consulta o vocabulário


apresentado.

Entrevista a Afonso Cruz


Olhando para as mãos de Afonso Cruz – para
os grandes anéis prateados que lhe enfeitam
os dedos – podemos fazer três viagens. A
primeira, em terras de tuaregues1. A segunda, à
5 Síria. Da terceira, Afonso já não se lembra.
Costuma trazer anéis dos países por onde
passa por serem objetos fáceis de transportar.
Guarda a memória das viagens nas mãos
com que escreve, ilustra, toca guitarra. […]

10 É um faz-tudo: escritor, ilustrador, músico,


cineasta. Isto é uma tentativa de chegar
a toda a gente, seja de que maneira for?
Não, não é uma tentativa porque nunca planeei a maior parte das coisas que fiz ou que faço.
Quando era criança queria fazer banda desenhada e eu nunca fiz banda desenhada na vida.
15 Ainda. Não quer dizer que não venha a fazer, tenho muita vontade de um dia experimentar.
Mas nunca pensei em fazer nada destas coisas, não era uma ambição de criança. […]

Alguma vez tinha pensado que podia ser escritor?


Nunca pensei em ser escritor. Mas creio que o grande combustível, a grande matéria-prima
para depois escrever, foi gostar muito de ler, ter lido bastante durante toda a minha vida e
20 ter tido um contacto frequente com os livros. Leio diariamente desde que me lembro de ser
gente. E hoje sinto-me quase incapaz de escrever se não ler.

Ler faz parte da rotina de escrita?


Normalmente, antes de começar a escrever, passo umas horas a ler. Depois paro e, mais à
noite, quando os meus filhos estão a dormir e tenho mais silêncio, posso concentrar-me
25 totalmente no que estou a fazer, e então escrevo. Mas essa nutrição diária de leitura é para
mim essencial para depois conseguir escrever. E até ter ideias. […]

Lê o que escreve no mesmo dia ou só no dia seguinte?


Leio sempre o que escrevo, releio, releio e releio. É um trabalho exaustivo e diário. E até
quando tenho de interromper um livro para fazer uma crónica, uma ilustração, o que for, de
30 repente saio de dentro desse livro e demoro tempo a voltar, já não tenho as coisas tão frescas
na memória. Quando regresso, tenho de ler, reler e voltar a entrar na história, imbuir-me
das2 personagens, voltar a ensopar-me nas suas ideias.

Qual seria o auge3 da sua carreira enquanto escritor?


Espero nunca chegar lá. Acho que a nossa vida deve ser tomada como um desafio, tentamos
35 fazer melhor e ser mais competentes, mais capazes. […] E é isso que me motiva a fazer.

in http://www.revistaestante.fnac.pt/grande-entrevista-afonso-cruz/ (consult. 2017-01-06)

1. tuaregues: povo que habita a zona central do deserto do Sara, em África; 2. imbuir-me das:
entrar nas; 3. auge: ponto mais alto.

VIAG6 © Porto Editora


Fichas de trabalho NEE

1. A introdução da entrevista centra-se nas mãos de Afonso Cruz.


1.1. Porque terá sido dado destaque às suas mãos? Apresenta duas razões que
justifiquem a tua resposta.

2. Ordena os assuntos seguintes de acordo com a sequência de ideias na entrevista.


a. A revisão dos textos escritos.
b. As aspirações profissionais de Afonso Cruz em criança.
c. Os objetivos do entrevistado enquanto escritor.
d. Os hábitos de leitura de Afonso Cruz.
e. A rotina de escrita do entrevistado.
f. A forma como Afonso Cruz concilia a escrita de livros com outras atividades.

3. Explica a importância da leitura, no passado e no presente, para a atividade de


Afonso Cruz enquanto escritor.

4. Apesar de só escrever à noite, podemos dizer que o trabalho de escritor também


ocupa Afonso Cruz durante o dia.
4.1. Comprova que a afirmação é verdadeira de acordo com o texto.

5. Por que razão Afonso Cruz não pretende atingir o ponto máximo da sua carreira
como escritor?

231 VIAG6 © Porto Editora

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