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Aluno: Lucas Reis Machado

Aula: Linguagem Simbólica – Mitologias Africana 03/12/2023


Professor: Luan Felipe Novak Noboa
Turma: 5906 Pós-graduação Psicologia Analítica Clínica: abordagem Junguiana

Descrição da Atividade: Tendo como base o Enûma Eliš, observe a formação do


mundo a partir do sacrifício de Tiámat e correlacione com o silenciamento do feminino.

O mito de Enûma Eliš, que tem origens na mitologia babilônica, descreve a criação do
universo a partir do confronto entre as divindades primordiais, representadas por Apsu
e Tiâmat. A narrativa culmina na ascensão de Marduk como deus supremo após derrotar
Tiâmat. Uma leitura simbólica desse mito pode ser relacionada com a teoria de Carl
Gustav Jung sobre o inconsciente coletivo e, especificamente, com o silenciamento do
feminino.
Em Enûma Eliš, Apsu e Tiâmat personificam forças primordiais que representam o
masculino e o feminino, respectivamente. Apsu, o masculino, é inicialmente subjugado
pela agitação e desordem representadas por seus filhos, os deuses. Ele simboliza uma
força masculina castradora e controladora, refletindo uma dinâmica patriarcal que busca
conter e estruturar o caos.
Por outro lado, Tiâmat personifica o feminino, sendo representada como uma serpente
caótica e primordial. Seu sacrifício nas mãos de Marduk, que se torna o deus supremo,
reflete a supressão do feminino em favor do masculino ordenador. Jung argumentaria
que essa dinâmica mitológica espelha um fenômeno psicológico mais amplo, no qual a
sociedade e a psique individual reprimem aspectos femininos, considerados caóticos e
incontroláveis.
O silenciamento do feminino, conforme abordado por Jung, refere-se à negação e à
marginalização dos aspectos femininos do inconsciente coletivo. Essa repressão é
observada em mitos, contos de fadas e, por extensão, na vida cotidiana. A derrota de
Tiâmat e a ascensão de Marduk podem ser interpretadas como uma manifestação
simbólica desse processo, onde o princípio feminino é subjugado em prol da ordem e
do controle masculinos.
A teoria junguiana destaca a importância da integração dos opostos, incluindo os
elementos masculinos e femininos dentro de cada indivíduo e na sociedade como um
todo. O mito de Enûma Eliš, ao refletir o silenciamento do feminino, ressalta a
necessidade de reconhecer e equilibrar as energias masculinas e femininas para
alcançar uma psique e uma sociedade mais harmoniosas.
Em última análise, a narrativa mitológica babilônica pode ser vista como um convite para
contemplar as consequências do desequilíbrio entre os princípios masculinos e
femininos, destacando a importância de abraçar e integrar ambos para alcançar uma
plenitude psicológica e social mais significativa.

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