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ALUNA/O: Thaís gomes Lira

QUESTÕES SOBRE A TEORIA DO IMAGINÁRIO

1. Por que Durand opta pelo termo imaginário e não por simbolismo?

Porque o imaginário antecede o simbolismo. Assim o símbolo é a


representação e a expressão do imaginário, dando sentido e materializando
a ideia. O imaginário, por sua vez, trata-se da “essência do espírito”,sendo o
ato de esperança diante do medo da morte, que é natural ao humano. Os
símbolos decorrem da imaginação e não de forma independente

2. As representações simbólicas se dão numa relação entre gestos do corpo


e as elaborações simbólicas. Nessa passagem dos gestos do corpo para
essas significações, Durand elabora o percurso dessas elaborações, ao
longo de 4 estágios (shème, arquétipo, símbolo e mito). Conceitue, cada
um destes estágios.

O imaginário decorre e é possibilitado pelos reflexos dos gestos, seja de


posição (ereto), deglutinação ou copulação.

A partir do gesto, chega-se ao Schéme, movimento inconsciente, comum a


todos os humanos, que oferece disparos psíquicos para a imaginação, sendo
anterior a própria imagem. A partir do schéme, o inconsciente pode se tornar
representado, e é disparado por meio das afeições emoções causadas pelos
reflexos.

A partir do gesto de deglutinação, por exemplo, o humano pode entender o


movimento de decida, de internalização e de alimentação. O schéme do
aconchego, da proteção e nutrição que possibilita a visualização do arquétipo
da maternidade/ matriarcado. Assim o arquétipo seria uma representação
dos shémes realizado de forma coletiva a partir da experiência individual. O
arquétipo é o primeiro momento de criação da ideia, ao traduzir a sensação
do shcéme para a idealização da imagem.

Através do arquétipo, primeiro momento de criação da ideia, pode-se traduzir


a sensação do schéme na idealização da imagem, criando o símbolo. Do
arquétipo criam-se vários símbolos de acordo com as experiências de um
coletivo em sua formação cultural. Na cultura Kemética, por exemplo, o
arquétipo da maternidade é representado pelo símbolo da deusa ÍSIS, que
traz a imagem feminina com asas e seios expostos.

Deusa da maternidade e da fertilidade, é considerada a mãe de todos os


faraós e aquela que protege dos inimigos, sendo também responsável pelo
desenvolvimento de toda humanidade. Observa-se aqui a dinâmica entre
símbolos na criação de uma narrativa mítica. O mito é, assim, a composição
do Schéme e dos arquétipos em relato, iniciando a racionalização do
imaginário.
3. Uma cultura pode perceber o universo em duas perspectivas: como cheio de
divisões e oposições, e outra o perceberá como unido e harmonioso. Como
exemplo temos a divisão, no Ocidente, da condição humana em racional em
oposição ao emocional, por outro lado, na filosofia do Taoísmo, no Oriente,
temos a racionalidade e o emocional como complementares e
integrados. Para compreender a sensibilidade de uma cultura é preciso,
antes, compreender o trajeto antropológico que predomina em dada cultura.
O que seria este trajeto antropológico para Durand?

O processo do imaginário acontece de forma individual e coletiva, sendo o processo


de formação das imagens de forma parecida. Cada cultura terá sua própria forma de
relacionar seus sentidos com o meio em que vive. Ou seja, cada contexto estará em
diálogo com as pulsões coletivas fazendo um trajeto antropológico. Assim, há uma
constante troca entre o bio- psíquico, variante psicológicas, biológicas e sociais do
sentir, e o meio cósmico social, que se trata da história, cultura, geografia de um
povo.

O entendimento da relação com a natureza para povos originários se dá, por


exemplo, a partir da interação constante com a natureza de acordo com os
processos imaginários desses povos que possuem sua forma própria de culto a mãe
terra que alimenta, nutre e deve ser cultuada. A natureza, nessas culturas, é sentida
em um contexto de contato de nutrição a partir da natureza, portando é tida como
viva e divina.

Na cultura ocidental e colonizadora, que promove a urbanização e o capitalismo num


contexto de colonialidade, a natureza passa a ser sentida de forma diferente. Ela
passa a ser concebida apenas na perspetiva da exploração, estando a disposição
das necessidades excessivas do homem em desequilíbrio e distante do natural.

Pachamana
4. Para Durand, há 3 grandes gestos que são base na constituição do
imaginário da espécie humana;. Quais são estes 3 gestos ou dominantes
reflexas e o que representam?

Para Durand, há uma simultaneidade entre os gestos e os símbolos. Assim,


os reflexos dominantes seriam os gestos básicos e comuns a todos os seres
humanos:

Primeiramente, o reflexo de posição que se dá na posição ereta desperta do


homo sapiens as imagens de elevação, divisão e luta. Penso aqui na posição
da Yoga chamada de “posição do guerreiro”, que traz essa intenção de
despertar a energia de disposição para a luta.

Em seguida, o reflexo da deglutinação que trata-se do “engolir”, trazer para


dentro num processo de reconhecimento do interno, da interiorização, da
decida e da contemplação no olhar para sia e alimentar-se.

Por fim, o reflexo da copulação, criando a ideia da ciclicidade, da troca, do


ritmo e do diálogo com o outro.

5. Enquanto no regime diurno há uma angústia em relação à escuridão,


verificada por símbolos nictomórficos, o regime noturno louva a noite
como uma simbologia de paz. Pesquise símbolos que se enquadrem à
função da noite no regime diurno e noturno.
Noturno:

Diurno:
6. Os dois regimes da imagem recobrem três estruturas do imaginário.
Conceitue e exmplifique como símbolos cada uma das estrututras.

O falo de exu como estrutura heróica

A cabaça/ ventre como estrutura mística

O ciclo da lua como estrutura sintética

7. O Regime Diurno caracteriza-se pela ascensão, verticalidade e


transcendência, a iluminação como atos se significação do tempo e da
morte, enquanto o regime noturno celebra a intimidade, a imanência, a
morte eufemizada, suavizada. Considere os dois grandes personagens
abaixo, e identifique sua trajetória com um dos regimes.

Moisés

Moisés como essa figura de liderança e heróica capaz de se conectar diretamente com o
divino para salvar o seu povo é uma representação do regime diurno. A figura do patriarca
que detém o poder e deve ser respeitado.

Santa Teresa D”Ávila

Uma santa que se conecta com o divino a partir do enclausuramento e dos votos de
silêncio, pobreza e castidade, assim como o da submissão como “esposa de jesus” é uma
representação do regime noturno. Representa o divino feminino num entendimento de
mundo de escassez e de repressão do feminino.

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