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Oxigenoterapia e ventilação não

invasiva

Autora
Diana Ferreira Pacheco
Introdução
Caro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) ao estudo da oxigenoterapia e da VNI (ventilação não
invasiva) em neonatologia e pediatria. Ao longo deste curso, conheceremos indicações dessas
práticas para a população neonatal e pediátrica e entenderemos suas particularidades,
abrangendo fisiologia e patologias que diferem o paciente pediátrico do neonatal.

Os bebês e crianças são assistidos, pela equipe multidisciplinar, com atenção e cuidados
especiais que têm como princípio verificar alterações morfofuncionais e suas necessidades
durante processos patológicos. As alterações respiratórias levam nossa população-alvo a fazer
uso tanto da oxigenoterapia quanto da VNI como auxílio para manutenção da vida e terapêutica
de reabilitação.

O cateter de alto fluxo, método muito discutido na atualidade, será aqui apresentado para
enriquecimento e atualização de métodos que nem todos os profissionais conhecem. Apesar de
ter se difundido em todas as populações, ele foi inicialmente usado com êxito em UTIs neonatais
de todo o mundo, promovendo uma visão abrangente de reabilitação.

A VNI utilizada em ambiente domiciliar irá garantir às crianças melhora na qualidade de vida, e
tal método pode estar presente até mesmo durante os cuidados paliativos.

Métodos atuais e convencionais são utilizados por profissionais para que os neonatos e crianças
vivenciem o processo da doença com conforto e sejam reabilitados sempre que possível. É hora
de mergulhar nesse conhecimento e buscar um entendimento amplo que leve às melhores
decisões terapêuticas para nossos pequenos. Vamos lá?
Videoaula - Oxigenoterapia.mp4

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1 Oxigenoterapia

1.1 Introdução

A oxigenoterapia é a oferta de oxigênio com o objetivo de tratar as disfunções do sistema


respiratório, visando à correção de disfunções que alterem a oxigenação do indivíduo.

Historicamente, na década de 1940, dispositivos capazes de fornecer e facilitar a oxigenoterapia


para o tratamento de cianose, apneia (Figura 1) e respiração rápida já existiam como padrão de
atendimento na prática clínica da neonatologia e pediatria. O desenvolvimento e o uso desses
dispositivos de entrega resultaram em importantes benefícios nos cuidados de saúde, com
impactos na redução da mortalidade e no tempo de internação.

Figura 1 – Apneia

Fonte: <sbpt.org.br [https://sbpt.org.br/portal/publico-geral/doencas/apneia-


obstrutiva-do-sono-em-criancas/] >.

Desde a década de 1990, várias diretrizes e protocolos de prática clínica têm recomendado a
oxigenoterapia como um importante componente de tratamento para insuficiência respiratória
aguda grave. Hoje, a administração de oxigênio por inalação contínua desempenha um papel
essencial na sobrevivência de bebês e crianças (WALSH; SMALLWOOD, 2017).

A oxigenoterapia pode ser utilizada em diversos ambientes, assistindo o paciente no ambiente


hospitalar, em emergências e também em domicílio.
O oxigênio é um gás incolor, inodoro e insípido, utilizado pelo corpo para a respiração celular. A
oxigenoterapia tem desempenhado um papel importante na abordagem de doenças respiratórias,
uma vez que é útil no tratamento da hipoxemia e nas infecções do trato respiratório inferior,
sendo considerada uma terapia benigna.

Depois de muitos anos de estudo, a oxigenoterapia passou a ser orientada pela tecnologia –
microamostragem de gases sanguíneos, monitoramento de oxigênio transcutâneo e,
posteriormente, oximetria de pulso –, proporcionando um monitoramento mais preciso de efeitos
fisiológicos e melhor indicação (ROJAS-REYES; RUGELES; CHARRY-ANZOLA, 2014).

Apesar dos resultados de vários estudos mostrarem baixa sensibilidade e especificidade em


identificar a hipoxemia com precisão por meio de sinais ou sintomas clínicos, alguns destes
podem ser reconhecidos com frequência, como dores de cabeça (Figura 2), taquipneia, dispneia,
cansaço ou sonolência, letargia, rebaixamento do nível de consciência, hipoatividade, palidez
(Figura 3) ou cianose (Figura 4) (HAYES JR et al, 2019).

Figura 2 – Dor de cabeça

Fonte: angelacolac/istock.com.
Figura 3 – Palidez

Fonte: <noticias.4medic.com.br [https://noticias.4medic.com.br/wp-


content/uploads/2019/08/Anemia-grave-transfus%C3%B5es-de-sangue-
podem-reduzir-mortes-em-crian%C3%A7as-800x445.jpg] >.
Figura 4 – Cianose central

Fonte: <medifoco.com.br [https://medifoco.com.br/wp-


content/uploads/2012/08/Cianose.jpg] >.

A oxigenoterapia é fundamental na prática clínica e deve ser corretamente ajustada para evitar
efeitos deletérios decorrentes da falta ou excesso de gases. O risco, o custo e os benefícios da
oxigenoterapia devem ser considerados em uma avaliação da necessidade, dosagem, efeitos
fisiológicos, potenciais toxicidades e dispositivos de aplicação com foco no paciente neonatal
(Figura 5) e pediátrico (Figura 6).

Figura 5 – Criança na categoria


neonatal

Fonte: Arindam Ghosh/istock.com.


Figura 6 – Criança na categoria
pediátrica

Fonte: EvgeniyShkolenko/istock.com.

A suplementação de oxigênio é mais importante na presença de hipoxemia. Reverter seus efeitos


prejudiciais e atingir a oxigenação adequada, usando a menor fração do oxigênio administrado, é
o objetivo geral da oxigenoterapia.

Não existem evidências de benefício ao administrar oxigênio em pacientes que tenham níveis
normais de oxigênio arterial ou estejam moderadamente hipoxêmicos (British Thoracic Society,
2008).
O uso de saturometria é muito importante para monitorização das crianças com pneumonia,
tendo em vista que a hipoxemia pode ser um preditor de gravidade em crianças internadas com
essa doença. Leia o artigo e saiba mais a respeito: residenciapediatrica.com.br
[http://residenciapediatrica.com.br/detalhes/175/hipoxemia-como-preditor-de-gravidade-em-
pacientes-internados-com-pneumonia]

Videoaula - Hipoxemia x Hiperoxemia.mp4

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1.2 Hipoxemia x hiperoxemia

Sabe-se que a hipoxemia pode levar à falência de órgãos e à morte; no entanto, há poucas
evidências de que os níveis suprafisiológicos de oxigênio têm algum benefício clínico, e seu uso
inadequado pode ser prejudicial. A hiperoxemia pode causar vasoconstrição coronariana (Figura
7) e, consequentemente, aumento da lesão de reperfusão, infarto e mortalidade no infarto do
miocárdio.
Figura 7 – Vasoconstrição coronariana

Fonte: Christoph Burgstedt/istock.com.

Teoricamente, a hiperoxemia pode ter efeitos semelhantes no sangue cerebral, sendo associada
ao aumento da mortalidade em comparação com pacientes de acidente vascular cerebral (Figura
8) em ar ambiente (British Thoracic Society, 2008). Comumente, relaciona-se a hiperoxemia a um
prognóstico ruim, prolongamento da hospitalização e aumento do custo do atendimento.

Figura 8 – Acidente vascular cerebral

Assim como um coágulo pode causar falta de O2 no cérebro, causando


hipoxemia, o excesso de O2 também causa um infarto por hiperoxemia.
Fonte: sittithat tangwitthayaphum/istock.com.

A hipoxemia é definida como uma diminuição da pressão parcial de oxigênio no sangue, não
indicando, necessariamente, hipóxia tecidual e podendo ser causada por hipoventilação,
distúrbio ventilação-perfusão , shunt arterial, comprometimento da difusão ou redução da fração
inspirada de oxigênio.

Na infecção pulmonar, a inflamação que causa congestão alveolar, secreções do trato


respiratório, fadiga dos músculos respiratórios e redução da resposta do sistema central à
hipóxia contribuem, sinergicamente, para a hipoxemia. A hipoxemia em crianças foi associada ao
aumento do risco de mortalidade e morbidade a longo prazo (WEST, 1999), nesse sentido, a
oxigenoterapia suplementar pode melhorar os resultados de crianças hipoxêmicas.

Para identificar a necessidade de oxigênio de um paciente, valores laboratoriais podem ser


avaliados. A hipoxemia é frequentemente diagnosticada por uma pressão arterial parcial de
oxigênio (PaO2) menor do que o normal, considerada 80 mmHg. O oxigênio suplementar é
indicado quando a PaO2 ≤ 60 mmHg. O fornecimento de oxigênio é determinado pela
concentração de hemoglobina no sangue; sua saturação de oxigênio (SpO2); taxa de circulação
sanguínea; e eficiência com que o oxigênio é descarregado da hemoglobina para os tecidos.
Como uma PaO2 de 60 e 80 mmHg corresponde a um valor de SpO2 de aproximadamente 90 e
95%, respectivamente, no paciente com pH, PCO2 e temperatura normais, a oximetria de pulso é
frequentemente usada para identificar a hipoxemia (AMERICAN THORACIC SOCIETY; EUROPEAN
RESPIRATORY SOCIETY, 2002).

O nosso organismo tende a se adaptar a mecanismos estressantes aos quais é apresentado.


Você sabia que o organismo dos recém-nascidos se adapta à hipoxemia, mas não à hiperoxemia?
Leia o texto e saiba mais: www.physiocursossp.com.br
[https://www.physiocursossp.com.br/post/2016/12/20/oxigenoterapia-em-pediatria-
physiocursos]
Videoaula - Trocas gasosas.mp4

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1.3 Fisiologia e patologias

O fornecimento de oxigênio é frequentemente expresso na seguinte equação: DO2 = CO [(Hb x


SaO2 x 1,34) x (PaO2 x 0,0031)], em que DO2 é a taxa de fornecimento de oxigênio, Hb é a
concentração de hemoglobina, e SaO2 é o percentual de saturação de hemoglobina com
oxigênio. O 1,34 representa a capacidade de transporte de oxigênio da hemoglobina (Figura 9). A
PaO2 é a PO2 no sangue arterial. O 0,0031 é o coeficiente de solubilidade do oxigênio no sangue.
CO é o débito cardíaco. Portanto, a PaO2 é baseada em uma quantidade relativamente
insignificante dissolvida no sangue. Em um paciente anêmico ou hipovolêmico com hemoglobina
anormal e afinidade aumentada por oxigênio ou com baixo CO, o fornecimento de oxigênio pode
ser inadequado mesmo na presença de PaO2 normal, o que denominamos como hipóxia.
Figura 9 – Oxigênio da hemoglobina

Fonte: ttsz/istock.com.

Crianças com doenças pulmonares podem apresentar baixos níveis de oxigênio, e algumas
precisam usar oxigênio suplementar para atingir um nível mais saudável. Crianças com doenças
pulmonares como displasia broncopulmonar (DBP), fibrose cística (FC) (Figura 10), distúrbios
respiratórios do sono, asma grave, bronquiectasia, doença pulmonar intersticial, distúrbios da
parede torácica, doença neuromuscular, hipoventilação da obesidade ou hipertensão pulmonar
podem precisar de oxigenoterapia. Esses pacientes são grupos vulneráveis também para o uso
inadequado de oxigênio, quando em risco de insuficiência respiratória tipo 2, que pode resultar
em hipercapnia com risco de vida, acidose respiratória, disfunção orgânica, coma e morte (KANE;
DECALMER; O’DRISCOLL, 2013).
Figura 10 – Fibrose cística

Fonte: <www.mayoclinic.org [https://www.mayoclinic.org/-/media/kcms/gbs/patient-


consumer/images/2016/08/10/14/57/mcdc7_pulmonaryfibrosis-8col.jpg] >.

Segundo Hayes Jr. (2019), a definição de hipoxemia referente à faixa etária infantil nortearia a
indicação de oxigenoterapia para crianças menores de um ano de idade. Nesse sentido, a
hipoxemia é definida como gastar 5% ou mais do tempo de registro com saturação de oxigênio
medida pela oximetria de pulso (SpO2) (Figura 11) menor ou igual a 90%, ou, se as medições
forem feitas intermitentemente, obter três medições de SpO2 menores ou iguais a 90%. Em
crianças com um ano de idade ou mais, a hipoxemia foi definida como passar 5% ou mais do
tempo com SpO2 menor ou igual a 93%, ou, se as medidas forem feitas intermitentemente, obter
três medidas independentes de SpO2 menores ou iguais a 93%.

Figura 11 – Oximetria de pulso

Fonte: Atiwat Studio/istock.com.

A definição de hipoxemia em bebês e crianças não é estática, com saturações normais de oxi-
hemoglobina variando com base na idade, estado de sono e altitude. Episódios de dessaturação
são comuns no início da vida, mas frequência, profundidade e duração dos eventos diminuem
com a idade. Conforme Hayes Jr. (2019), a hipoxemia é “crônica” quando está presente por mais
de duas semanas. O autor ressalta, ainda, a importância de mais estudos no desenvolvimento
das melhores práticas para o desmame e descontinuação da oxigenoterapia.
Videoaula - Indicações e contraindicações.mp4

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1.4 Indicações e contraindicações

A oxigenoterapia é indicada quando há uma baixa concentração anormal de oxigênio no sangue


arterial (hipoxemia), com o objetivo de fornecer oxigênio adicional e evitar a hipóxia tecidual. O
oxigênio é necessário para o metabolismo adequado dos carboidratos e para a produção de
trifosfatos de adenosina (ATP). Quando os níveis de oxigênio não atendem aos requisitos da
função corporal, ocorre hipóxia tecidual, o que pode levar à lesão cerebral, assim como a uma
série de problemas indesejáveis, como vasodilatação localizada, vasoconstrição pulmonar,
acidose metabólica, necrose tecidual e comprometimento da produção de surfactante .

Embora existam poucas contraindicações para a oxigenoterapia, ela pode causar shunt
pulmonar em pacientes com doença cardíaca congênita. Em neonatos prematuros, SpO2 mais
baixo pode ser direcionado para reduzir os efeitos tóxicos da oxigenoterapia, como retinopatia da
prematuridade ou broncopulmonar e displasia.

A hipoxemia é uma condição com risco de vida que ocorre, frequentemente, em crianças com
pneumonia, condições neonatais comuns, trauma ou emergências perioperatórias. Pode ser
tratada facilmente com oxigênio.

A saturação arterial de oxigênio (nível de oxigênio no sangue) é conhecida como SaO2 ou SpO2.
Sua faixa normal ao nível do mar é de 94–100%. Nesse sentido, crianças que vivem em grandes
altitudes estão acostumadas a viver com menor saturação de oxigênio. Em altitudes elevadas, no
entanto, a pneumonia grave pode progredir mais rapidamente para hipoxemia grave. Na primeira
hora após o parto, os recém-nascidos apresentam saturação de oxigênio abaixo do normal. Pode
levar uma hora ou mais para a saturação de oxigênio atingir ≥ 90%.

As fontes mais comuns de oxigênio são cilindros, concentradores e dutos hospitalares. Os


diferentes métodos de entrega podem ser divididos em: métodos não invasivos – por meio de
uma máscara facial, capacete ou tenda, ou pronga nasal, requerem alto fluxo de oxigênio; ou
semi-invasivos – inserção de cateteres nas vias aéreas superiores. Os métodos semi-invasivos
requerem um baixo fluxo de oxigênio. Os cateteres nasais e nasofaríngeos têm efeito benéfico na
função pulmonar, pois produzem uma pressão expiratória final positiva (Peep) de 1 até 5 cmH2O
para melhorar a oxigenação. A produção de Peep também pode ser eficaz no manejo da apneia
associada à prematuridade ou bronquiolite.

Em lactentes com peso de até 10 kg, fluxos de oxigênio de 0,5 L/min, 1L/min e 2 L/min resultam
em valores de FiO2 em torno de 35%, 45% e 55%, respectivamente. A produção de Peep com
pronga nasal é imprevisível, uma vez que a obtenção da Peep depende do diâmetro do pino
distal, do fluxo de oxigênio e do peso corporal. 1 L/min de oxigênio pode produzir uma Peep de,
aproximadamente, 5 cmH2O em bebês prematuros, mas não há produção significativa de Peep
com o mesmo fluxo em bebês com peso de até 10 kg (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,
2016).

Vários estudos e diretrizes descreveram diferentes taxas de fluxo segundo a idade e o peso dos
pacientes, e as concentrações dependem dos métodos usados. Ainda são necessários estudos
que avaliem a eficácia da oxigenoterapia em crianças com diferentes riscos basais, bem como
estudos que visem identificar o método de fornecimento de oxigênio mais eficaz e seguro.

O cateter distal deve ser bem encaixado – bebês prematuros: 1 mm; bebês com peso de até 10
kg: 2 mm. As prongas devem ser fixadas com um pedaço de fita nas bochechas, perto do nariz.
Deve-se ter cuidado ao manter as narinas sem muco para evitar bloqueio. A vazão máxima, sem
umidificação, é de 1 L/min em neonatos, 2 L/min em bebês, 4 L/min em pré-escolares e 6 L/min
em escolares. Taxas de fluxo mais altas sem umidificação efetiva podem causar ressecamento da
mucosa nasal, com sangramento associado e obstrução das vias aéreas.
Videoaula - Interfaces não-invasivas e semi-invasivas.mp4

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1.5 Interfaces não invasivas e semi-invasivas

Máscara facial (Figura 12): uma máscara de plástico, conectada a uma fonte de oxigênio, que é
posicionada sobre o nariz e a boca do paciente, com perfurações laterais que permitem a entrada
de ar ambiente quando colocada sobre o rosto do bebê. Com esse método, a distribuição de
concentração de oxigênio varia de acordo com a taxa de fluxo respiratório do bebê e com o fluxo
de oxigênio no sistema. A máscara interfere na alimentação, pois deve ser removida para que o
paciente faça suas refeições. Muitos bebês recusam-se a manter a máscara.

Figura 12 – Máscara facial

Fonte: Sasiistock/istock.com.

Tenda ou capacete (Figura 13): uma caixa de acrílico ou tenda colocada em torno da cabeça do
bebê. Necessita de altas taxas de fluxo – mais de 5 L/min – para evitar a respiração do dióxido
de carbono. É o único método que permite que a fração inspirada de oxigênio (FiO2) seja medida
com precisão. A mobilidade e a alimentação do bebê são limitadas. Não há risco aumentado de
distensão gástrica ou obstrução das vias aéreas
Figura 13 – Capacete de oxigênio

Fonte: <utiinfantil.com.br
[http://utiinfantil.com.br/upload/conte
udo/w/86_210_CONT.jpg] >.

A escolha de uma interface está relacionada ao conforto e à adaptação anatômica que se


enquadre ao neonato ou criança. Você sabia que a pronga nasal pode causar necrose de septo
quando mal adaptada? Leia o artigo e entenda como ocorre essa lesão: www.scielo.br
[https://www.scielo.br/pdf/rlae/v22n5/pt_0104-1169-rlae-22-05-00826.pdf]

Assista também a um vídeo que explica como evitar tal lesão: www.youtube.com
[https://www.youtube.com/watch?v=rlN4OpeBJxw]

Prongas nasais (Figura 14): consistem em dois pinos macios que são projetados para ficar
apenas dentro das narinas, partindo do tubo de fornecimento de oxigênio. A FiO2 varia com o
fluxo inspiratório do paciente, o fluxo de gás da cânula, a relação entre o pino e o diâmetro nasal
e o peso corporal do paciente. Isso significa que não é fácil determinar a FiO2 que atinge as vias
aéreas do paciente. Podem ser bloqueadas com secreções.
Figura 14 – Pronga nasal

Fonte: <www.arca.fiocruz.br
[https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/
icict/30248/2/aulacuidadoscomcpapna
sal-181005185336.pdf] >.

Cateter nasofaríngeo (Figura 15): tubos macios com vários orifícios distais inseridos no nariz a
uma profundidade igual à distância do lado da narina até a frente da orelha. É usado em baixas
taxas de fluxo. Os umidificadores são necessários para evitar o ressecamento das secreções
faríngeas. Pode ser bloqueado por muco, o que pode causar obstrução das vias aéreas.

Figura 15 – Cateter nasofaríngeo

Fonte: <www2.ebserh.gov.br
[http://www2.ebserh.gov.br/documents/147715/0/POP+19+Oxigenoterapia+hos
pitalar+aprovado.pdf/ccd04e6e-2aa9-4f59-a8a3-ac7b3eb14f30] >.

Cânula nasal (Figura 16): um tubo fino e flexível que passa pelo nariz e termina com sua ponta na
cavidade nasal, a uma profundidade igual à distância do lado da narina até a margem interna da
sobrancelha. Apresenta as mesmas desvantagens do cateter nasofaríngeo.
Figura 16 – Cânula nasal

Fonte: GOLFX/istock.com.

Se a pronga nasal for usada no fluxo máximo – 4 L/min para bebês, atingindo até 8 L/min –, e a
criança ainda estiver hipoxêmica, deve-se considerar a pressão positiva contínua nas vias aéreas
(CPAP) ou mesmo a ventilação mecânica invasiva, em unidade de terapia intensiva.
Recapitulando a Unidade 1
Nesta unidade, tivemos a oportunidade de entender as patologias que ocorrem em neonatologia
e pediatria, além de conhecermos o conceito de oxigenoterapia e as interfaces que podem ser
utilizadas em pacientes neonatos e pediátricos.

Foi possível observar que, diante dos mecanismos fisiológicos de troca em neonatologia e
pediatria, podemos encontrar doenças particulares de prematuridade, bem como a necessidade
de amadurecimento pulmonar nos casos de crianças pré-termo, e que essas condições influem
de forma considerável na conduta do fisioterapeuta, pois afeta diretamente o tipo de suporte de
oxigênio utilizado, que necessita de pressão (CPAP) e, em casos de aumento de gravidade, do
suporte de VM.

Algumas patologias foram explanadas de forma superficial, para que se entendesse a


importância das relações de troca e também da necessidade de oferecer o melhor suporte ao
paciente. Esse conhecimento assiste o profissional na hora de traçar sua conduta da forma mais
efetiva diante da diferença clínica entre o paciente pediátrico e neonatal.
Exercícios de fixação
Diante de uma criança com hipoxemia em um pronto-socorro, com sinais de insuficiência
respiratória e cianose de extremidades, podemos instalar oxigênio e aguardar a gasometria para
verificar a melhor interface e fluxo de oxigênio.

Verdadeiro Falso

A oxigenoterapia em pediatria pode ser ofertada apenas em ambientes hospitalares, não sendo
possível na internação domiciliar.

Verdadeiro Falso

Leia a afirmativa a seguir e preencha as lacunas:


No pronto-socorro de um hospital, uma bebê apresenta cianose de extremidades e SpO2 de 86 %,
recebendo diagnóstico de pneumonia e asma.
Conduta para esse bebê:

É importante que o bebê seja Selecione... , ofertado oxigênio segundo sua idade e peso por
meio de Selecione... ou Selecione... .
Videoaula - Cateter nasal de alto fluxo.mp4

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2 Oxigenoterapia de alto fluxo

2.1 Método de alto fluxo

Nesta unidade, vamos tratar da oxigenoterapia em cateter de alto fluxo, explicando seus
princípios e benefícios para o paciente neonatal e pediátrico. Atualmente, é um recurso
empregado em UTIs e prontos-socorros neonatais e pediátricos.

Um método relativamente novo empregado nas UTIs neonatais, bem como na pediatria e
também para adultos, trata-se da oxigenoterapia de alto fluxo realizada por meio de cânula nasal
específica. A fonte de gás pode ser uma mistura de ar/oxigênio – que pode ser fornecida por
concentradores, misturadores ou um gerador de fluxo. O método requer umidificação de água
aquecida, eficaz para evitar o ressecamento da mucosa nasal, que pode causar sangramento e
obstrução nasal (DUKE, 2014).

Este método permite um fluxo de até 60 L/m com umidificação, ao passo que métodos
tradicionais não promovem essa oferta de oxigênio. Ainda está em estudo e é usado de forma
relativamente recente, porém, está gradualmente ganhando espaço dentro dos hospitais. Além
do fluxo mais alto, é um método em que o oxigênio é aquecido e umidificado – informação
relevante, pois, reflete sobre o alto fluxo que pode ser ofertado ao paciente.

O método foi popularizado, inicialmente, como uma tática de suporte pós-extubação em RNPT,
atuando no baixo índice de falha de extubação. Seu uso ganhou espaço nas UTIs para adultos e
prontos-socorros do país, e seus benefícios foram claros, no entanto, o CPAP também
apresentava resultado positivo durante a intubação. Os resultados encontrados com análise dos
dois métodos são similares, mas a CNAF (cânula nasal de alto fluxo) tem melhor aceitação e
adaptação. Esses resultados são observados tanto na redução do número de internações quanto
em UTIs, na diminuição de índices de intubação orotraqueal (IOT).

A intubação é um método invasivo, desconfortável e que pode trazer diversas complicações ao


paciente pediátrico e neonatal. O bebê precisa de sedação e corre riscos de pneumonia e
broncopatias diversas, como a displasia broncopulmonar, que leva à necessidade de utilizar
oxigênio domiciliar por período prolongado (Figura 17).
Figura 17 – Neonatal em intubação orotraqueal

Fonte: <encrypted-tbn0.gstatic.com [https://encrypted-


tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTjmDYQyqH7YIrPwPrgwiKkfmuJAtc-
sSp_dw&usqp=CAU] >.

O uso do alto fluxo é realizado pela equipe multidisciplinar, no entanto, nem todos os profissionais
conhecem os dispositivos. Visite a página sugerida e entendo como um dispositivo específico
pode ser montado e utilizado: www.draeger.com [https://www.draeger.com/pt-
br_br/Hospital/High-Flow-Oxygen-Therapy]

2.2 Benefício da utilização da CNAF

Embora o número de evidências científicas seja ainda pequeno, estudos apontam benefícios no
fato de a CNAF (Figura 18) reduzir a resistência inspiratória e promover a ausência de espaço
morto nasofaríngeo, o que reforça a preferência da equipe multiprofissional pelo método.

Figura 18 – Exemplo de CNAF em


prematuro

Fonte: <pubmed.ncbi.nlm.nih.gov
[https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3101
4448/] >.
Em um estudo retrospectivo de Morosini et al. (2018), 650 crianças fizeram uso de CNAF e
obtiveram redução da necessidade de VMI, reduzindo o tempo médio de internação em UTI. O
baixo nível de pressão positiva enviado à via aérea é uma vantagem notada, levando o RN a não
apresentar grandes riscos, como nos desmames de métodos com tal pressão (SLAIN et al.,
2017). De acordo com o aumento de peso, observamos menores Peep, requeridas para uma
melhor ventilação. As crianças menores de 1.000 g são as que mais demandam aumento de
pressões.

A terapia com CNAF produz Peep significativa, com grande variabilidade em taxas de fluxo mais
altas. As pressões mais altas foram observadas em bebês com peso < 1.000 g. Fluxo, peso e
posição da boca determinam as pressões geradas.

2 L/kg/min para os primeiros 10 kg:

Ex.: criança com 6 kg = 12 L/min; 8 kg = 6 L/min; 10 kg = 20 L/min.

0,5 L/kg/min para cada quilograma acima disso: uma criança de 16 kg receberá 20+3 = 23 L/min.

30 kg = 20+10 = 30 L/min.

40 kg = 20+15 = 35 L/min.

60 kg = 20+25 = 45 L/min.

O alto fluxo deve ser usado com cautela em crianças mais velhas com asma que apresentam
aprisionamento de ar, podendo aumentar o risco de pneumotórax.

2.3 Indicações

Em casos de IRA, o uso da CNAF trouxe redução das taxas de intubação, bem como melhora de
90% dos sintomas, como uso de musculatura acessória (Figura 19) e redução da frequência
respiratória. Esses resultados são observados com apenas dez minutos de uso, garantindo uma
estabilização mais rápida do quadro da criança, com segurança e eficácia.
Figura 19 – Músculos acessórios

Fonte: <anatomiafacil.com.br [http://anatomiafacil.com.br/wp-content/uploads/2016/06/muscresp4.png]


>.

Para as crianças com bronquiolite, é recomendado o uso de CNAF, em razão da melhora de SpO2,
frequência respiratória e frequência cardíaca (BRESSAN, 2013). A melhora do quadro geral está
relacionada à capacidade de melhora do quadro metabólico, reduzindo a PaCO2, bem como
melhorando o aparelho mucociliar.

Na pediatria, observamos melhora dos quadros de síndrome da apneia obstrutiva (ASO) com o
uso da CNAF após a substituição do CPAP, diante da não adaptação das crianças ao uso de
CPAP diariamente. Os resultados dessa substituição são benéficos para as crianças diante da
diminuição da frequência respiratória e da melhora do trabalho respiratório.

A CNAF também é utilizada em crianças com laringite aguda (Figura 20), pós-extubação, para
evitar falhas de extubação provocadas nesse evento. Em virtude do fato de a CNAF promover
pressão ao final da expiração variável e melhorar o quadro de desconforto respiratório, com
redução da PaCO2, ele é indicado para as crianças que já obtiveram falha de extubação
anteriormente.
Figura 20 – Laringite

Fonte: Dmytro Bosnak/istock.com.

Atualmente, fazer uso da CNAF em pacientes asmáticos em agudização tem sido atrativo mesmo
com o risco de aprisionamento de ar. A redução do uso de broncodilatadores é um dos benefícios
de seu uso, evitando aumento da frequência cardíaca em resposta à medicação.

2.4 Contraindicações

O uso da CNAF foi estabelecido com cautela nas unidades de atendimento, em razão de ser uma
novidade com inúmeros benefícios. No entanto, contraindicações foram estabelecidas diante das
características do método e da necessidade das crianças com a doença em curso. Apesar de
existir consenso sobre as contraindicações não serem absolutas, existem, na literatura,
situações em que a CNAF foi contraindicada em grande número de crianças.

Nos casos de doenças que necessitem de Peep maior que 5 mmHg, como nas atelectasias
(Figura 21) e no edema agudo de pulmão (Figura 22), a CNAF foi contraindicada e a VMI ou VMNI
adotadas como resgate. A instabilidade hemodinâmica também leva a CNAF a ser
contraindicada, bem como em apneias, pneumonias com hipoxemia moderada/grave e
pneumotórax.
Figura 21 – Atelectasias

Fonte: <static.tuasaude.com
[https://static.tuasaude.com/media/article/we/lm/atelectasia_27402_l.jpg] >.

O uso de CNAF para atelectasia é indicado, principalmente, em casos pós-extubação. Leia o relato
sugerido e entenda como neonatos no pós-cirúrgico podem ser beneficiados com o uso da CNAF:
www.scielo.br [https://www.scielo.br/pdf/rbti/v26n3/0103-507X-rbti-26-03-0317.pdf]
Figura 22 – EAP (edema agudo de pulmão)

Fonte: Daria Bayandina/istock.com.

Em casos de obstrução anatômica ou por trauma, as narinas não poderão receber a interface
adequada para a ventilação de alto fluxo, exigindo outra abordagem para manutenção do
sistema respiratório. Em um número pequeno de casos, observa-se a intolerância da criança ao
método, o que gera ansiedade, dor e piora do quadro respiratório.

Leia o artigo Efeitos do uso de cateter nasal de alto fluxo na intubação e na reintubação de
pacientes críticos: revisão sistemática, metanálise e análise de sequência de ensaios. Disponível
em: www.scielo.br [http://www.scielo.br/pdf/rbti/v30n4/0103-507X-rbti-30-04-0487.pdf]
Vídeo Práticas Profissionais - Oxigenoterapia de Alto Fluxo Nasal
na Insuficiência Respiratória Aguda.mp4

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Vídeo Práticas Profissionais - Montagem Cânula Nasal de Alto


Fluxo - CNAF.mp4

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Recapitulando a Unidade 2
O uso da CNAF pela equipe multidisciplinar ocorre com base em novas evidências e uma
literatura ainda escassa, mas que apresenta resultados benéficos para recém-nascidos e
crianças.

Suas indicações e contraindicações apresentam-se de maneira relativa e não absoluta, e vários


hospitais dispõem de protocolos de fluxo próprio que permitem ao profissional observar
resultados como diminuição no tempo de internação e redução do risco de IOT.

O método é atual e, apesar de ser primariamente usado em recém-nascidos, é utilizado também


em crianças e adultos, desempenhando papel importante durante a pandemia de Covid-19
(Figura 23), em 2020 e 2021, com lugar garantido em hospitais de campanha e UTIs do mundo
todo.

Figura 23 – Vírus da covid-19

Fonte: Maksim Tkachenko/istock.com.

A CNAF está em fase de enriquecimento de evidências, assim, apesar de poucos estudos, muitos
pesquisadores usam o método em suas pesquisas para melhor direcionar equipes
multidisciplinares. Em breve, aguardamos maiores evidências para uma consolidação do método
com clareza, porém, enquanto isso, utilizamos a CNAF com segurança para melhora do quadro
respiratório e aumento da perspectiva de vida do recém-nascido.
Exercícios de fixação
O CNAF pode ser utilizado em casos de hipóxia, visando melhorar o quadro respiratório da
criança e ajudar na reversão da queda da SpO2.

Verdadeiro Falso

Preencha as lacunas:

A CNAF é um recurso indicado em casos de Selecione... , vantajoso pois oferta


Selecione... e um alto fluxo de oxigênio, podendo chegar a Selecione... litros/minutos.

Videoaula - VMNI.mp4

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3 Ventilação mecânica não invasiva com pressão positiva

3.1 Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP)

A OMS recomenda o fornecimento de oxigênio de baixo fluxo por cânula nasal em pacientes
pediátricos com saturação de oxigênio < 90%. Porém, mesmo com a oferta de suplementação de
oxigênio, algumas crianças ainda precisam de suporte respiratório adicional, como ventilação
mecânica não invasiva por meio da pressão positiva contínua nas vias aéreas, em virtude da
falha em manter a saturação de oxigênio e dificuldade respiratória grave.

Nesse sentido, foi relatado que o CPAP em crianças após o período neonatal é eficaz no manejo
do desconforto respiratório agudo por pneumonia (Figura 24), sepse, malária (Figura 25), anemia
grave e síndrome do choque da dengue (DUKE, 2014). Além disso, diminui a atelectasia (Figura
26) e a fadiga respiratória e melhora a oxigenação (WANG; HE; ZHENG-XIU, 2020).

Figura 24 – Pneumonia

Fonte: <amazonaws.com [https://camim-site.s3.sa-east-


1.amazonaws.com/wp-content/uploads/2019/11/12115536/pneumonia-image-
600x381.png] >.
Figura 25 – Malária

Fonte: Avatar_023/istock.com.
Figura 26 – Atelectasia

Fonte: <www.ecured.cu
[https://www.ecured.cu/images/d/db/AtelectasiaPulmonar.jpg] >.

O CPAP consiste no fornecimento de pressão moderada para manter as vias aéreas abertas.
Fornece Peep, com uma quantidade variável de oxigênio, às vias aéreas de um paciente com
respiração espontânea, para manter o volume pulmonar durante a expiração. Nos últimos anos, o
número de métodos de CPAP aumentou, mas dois mecanismos de CPAP que são promissores e
de baixo custo serão descritos em particular: (i) CPAP conduzido por concentradores de oxigênio
ou geradores de fluxo e (ii) terapia de oxigênio com cânula nasal de alto fluxo.

Em unidades de terapia intensiva, é tradicionalmente administrado por ventiladores mecânicos


(Figura 27). Praticamente todos os ventiladores mecânicos têm um modo CPAP. Com o
ventilador, o CPAP é gerado pela expiração contra uma válvula mecânica unidirecional no ramo
expiratório do circuito do ventilador. Associam-se ao mau manuseio desses aparelhos altas
taxas de mortalidade por causa de complicações, incluindo complicações da anestesia,
subsedação e supersedação, pneumonia associada ao ventilador, extubação acidental, trauma
nos pulmões por altas pressões ou grandes volumes correntes e lesão pulmonar por exposição a
oxigênio excessivo.
Figura 27 – Ventilador mecânico

Fonte: Bibiz1/istock.com.
Ajustes do ventilador:

Montagem: é feita pela equipe de enfermagem ou de fisioterapia respiratória. Verifique, em


especial, as conexões do circuito respiratório, a conexão à rede elétrica e às redes de ar
comprimido e de oxigênio.

Testar o ventilador: conecta-se o circuito a um balão de testes – “pulmão artificial” – ou a uma


luva estéril, selando bem o escape de ar para verificar o disparo, a inspiração, a ciclagem e a
expiração.

Conectar o ventilador ao paciente: o paciente deverá ser ventilado com dispositivo do tipo bolsa-
valva e oxigênio a 100%. Realizar uma aspiração da via aérea com técnica estéril. Desconectar a
bolsa-valva e conectar o circuito do ventilador à cânula traqueal do paciente.

Examinar o paciente: verificar o nível de conforto do paciente, o grau de expansão torácica, a


coloração das mucosas e dos leitos ungueais, a presença de escape de ar ao redor da cânula
traqueal, a sincronia entre o ventilador e o paciente e ausculta cardíaca. Certifique-se de haver
murmúrio vesicular bilateral.

Ajustar os alarmes: os modelos mais modernos de ventilador são equipados com alarmes que
detectam mudanças nas pressões das vias aéreas, no volume inspirado ou expirado, na
frequência respiratória, na complacência pulmonar, entre outras. Esses alarmes devem estar
sempre ligados e regulados de acordo com limites de tolerância pré-definidos pela equipe
médica.

Monitorização: o paciente em ventilação mecânica deve estar com monitor cardíaco,


pulsoxímetro e monitorização não invasiva da pressão arterial.

Ajustes adicionais: os parâmetros da ventilação devem ser ajustados constantemente para se


adequar às necessidades do paciente, de acordo com o exame clínico, monitorização e análise da
radiografia de tórax e da gasometria arterial.

Saiba mais em: www.revistas.usp.br


[https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/download/47595/51335]
3.2 Métodos e interfaces

O CPAP (Figura 28 e Figura 29) requer uma fonte de fluxo de ar contínuo – geralmente um
compressor de ar – e, com frequência, um misturador de oxigênio conectado a uma fonte de
oxigênio. Um sistema CPAP também demanda um monitoramento rigoroso.

Figura 28 – Exemplo de CPAP nasal pediátrico

Fonte: <www.cpapmed.com.br [https://www.cpapmed.com.br/produto/197-


mascara-nasal-infantil-pixi-resmed] >.
Figura 29 – Exemplo de CPAP neonatal

Fonte: <interfisio.com.br [https://interfisio.com.br/a-utilizacao-do-cpap-


nasal-no-neonato/] >.

Com um maior uso de modalidades de tratamento não invasivas em pacientes pediátricos, os


fabricantes estão aumentando suas seleções de interfaces. As limitações associadas à
aplicação e uso bem-sucedidos de CPAP e/ou VNI podem ser atribuídas às interfaces do
paciente, aos dispositivos de aplicação e à tecnologia disponível.

As interfaces incluem prongas nasais, máscaras nasais, máscaras oronasais, máscaras faciais
totais e prongas nasais estendidas ou tubos nasais posicionados nas vias aéreas. As principais
interfaces de paciente usadas em bebês pequenos são prongas nasais e máscaras nasais.
Os indicadores clínicos de volume corrente adequado, durante a VNI, incluem avaliações da
elevação do tórax, sons respiratórios, formas não invasivas de monitoramento de O2 e CO2 e nível
de consciência. Em última análise, a avaliação adequada da ventilação pode exigir análise de
gases sanguíneos

3.2.1 Monitorização

É preciso monitorizar pressão, volumes, FiO2, SpO2 e PCO2. No entanto, é difícil obter acurácia
na entrega de volume durante a VNI, sendo os vazamentos do sistema o maior fator de
interferência. O volume corrente fornecido é um reflexo direto da diferença entre as pressões
inspiratórias e expiratórias (Ipap e Epap), mas outros indicadores clínicos devem ser usados no
manejo da VNI. Esse problema é menos preocupante para pacientes que recebem apenas terapia
com CPAP.

Fluxo de gás contínuo para o circuito: a taxa de fluxo de gás necessária para gerar CPAP é
geralmente de 5–10 L/min, mesmo sem oxigênio adicional, mas muitos neonatos precisam de
oxigênio suplementar. Portanto, o sistema requer um misturador de oxigênio, que conecta uma
fonte de oxigênio – cilindro ou concentrador – ao fluxo de ar contínuo, para aumentar a FiO2.

Interface nasal que conecta as vias aéreas do bebê ao circuito: as prongas nasais curtas são,
geralmente, mais usadas para CPAP nasal. Devem ser ajustadas para minimizar o vazamento de
ar e reduzir o trauma nasal.
Recapitulando a Unidade 3
Não há dúvida de que a oxigenoterapia é importante e salvou muitas vidas. A suplementação de
oxigênio deve ser considerada da mesma forma que outros medicamentos e bem titulada, para
evitar dosagem excessiva ou inadequada. A má indicação pode prolongar a hospitalização e
aumentar o custo do atendimento.

Deve-se garantir que a fração de oxigênio e o débito cardíaco sejam adequados ao avaliar a
eficácia da oxigenoterapia. A seleção do dispositivo é tão importante em pediatria que devem ser
consideradas duas variáveis: o tamanho de nossos pacientes e a adaptação da interface

A oxigenoterapia tem vários efeitos fisiológicos e toxicidades que, se negligenciadas, podem


levar a comprometimentos, como má perfusão, doença cardíaca congênita, retinopatia da
prematuridade e/ou lesão cerebral.
Exercícios de fixação
A máscara facial pediátrica pode ser usada em crianças com doenças neuromusculares para
retardar o uso de VM, bem como em casos de prematuridade extrema.

Verdadeiro Falso

Preencha as lacunas:

Diante de um recém-nascido pré-termo com quadro de desconforto respiratório, podemos


oferecer Selecione... para repouso da musculatura respiratória e Selecione... da troca
gasosa, nesse caso, a melhor interface é a Selecione... , que vai permitir a
pressurização das vias aéreas com mais conforto para o bebê.

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4 Ventilação não invasiva para a qualidade de vida da criança

4.1 Qualidade de vida da criança

O uso de ventilação mecânica prolongada em crianças tem crescido muito para fins de melhora
da qualidade de vida. A alta hospitalar (Figura 30) é um momento muito desejado para os pais e
crianças, e desde o momento da internação a equipe multidisciplinar trabalha para que esse
objetivo seja alcançado. Algumas crianças recebem alta hospitalar com indicação de uso de VNI
domiciliar (Figura 31), o que assusta muitos pais pela preocupação com a fragilidade de sua
criança, bem como com o manejo do equipamento que fará parte do cotidiano da família. No
entanto, o uso de VNI oferece condições para que a criança se adapte ao lar e conviva com
familiares longe do ambiente hospitalar.

Figura 30 – Alta hospitalar

Fonte: <www.saude.ce.gov.br [https://www.saude.ce.gov.br/wp-


content/uploads/sites/9/2020/06/HGCC_Alta_Pr%C3%A9maturo-2.png] >.
Figura 31 – VNI domiciliar

Fonte: <drsergioleite.com.br [http://drsergioleite.com.br/ventilacao-nao-


invasiva-doencas-neuromusculares/] >.

É interessante conhecer relatos de familiares sobre o cuidado dos pequenos em casa, no


tratamento de várias patologias: scielo.conicyt.cl
[https://scielo.conicyt.cl/pdf/cienf/v23n1/0717-9553-cienf-23-01-00045.pdf]

A indicação de VNI é realizada pelo médico com o consentimento da família do paciente, que
deve preparar a residência no que diz respeito aos aspectos ambientais, tais como fornecimento
adequado de água e eletricidade. Também é recomendado que o local esteja livre do risco de
queda para a criança e que haja luz de emergência.

Diante da nova realidade para a qual a criança será apresentada, familiares e equipe
multidisciplinar devem estar preparados. Logo, os treinamentos são iniciados ainda no período
hospitalar, para que a criança seja bem assistida. Conhecer os cuidados básicos de higiene,
conforto, sinais vitais e aspectos que demonstram a mudança de quadro do paciente, com piora
e possível reinternação, serão papéis não só da equipe, mas também dos pais, outros familiares
e pessoas responsáveis pela criança.

A qualidade de vida da criança em atendimento domiciliar será garantida pelo cuidador, cuja
atenção se relaciona ao manejo da ventilação mecânica não invasiva no domicílio, entre outros
aspectos.
Alguns cuidados domiciliares são:

Aspiração das vias aéreas e do traqueóstomo: quando e como realizar – técnica de aspiração e
material utilizado.

Cuidados com a traqueostomia: limpeza do estoma, curativo no local, técnica para recolocação
do traqueóstomo em caso de deslocamento acidental, substituição por obstrução ou ruptura da
cânula – utilizando cânula orotraqueal no estoma.

Cuidados com a máscara de ventilação não invasiva: posicionamento correto na face,


identificação de lesões de pele, limpeza da máscara.

Uso do balão autoinflável (Ambu): manuseio no auxílio à tosse e eliminação de secreções,


utilização nas intercorrências – queda de saturação e defeito no ventilador mecânico.

Noções sobre o funcionamento do ventilador mecânico: cuidados com circuito e filtros,


compreensão da tela de configuração – parâmetros e alarmes –, utilização da bateria e como
proceder nos casos em que o equipamento apresentar defeito.

Oxigênio: necessidade de uso, cuidados com o cilindro e montagem do sistema para


fornecimento do oxigênio.

4.2 Qualidade de vida segundo os pais e crianças ou adolescentes

O estudo da qualidade de vida na pediatria pode ser realizado como ocorre com os adultos. Um
dos fatores que se torna uma barreira para resultados fidedignos, porém, é que grande parte dos
questionários aplicados são respondidos pelos pais das crianças, no entanto, as respostas das
crianças podem ser tendenciosas. Mesmo diante disso, estudos são realizados para conhecer
como se dá a qualidade de vida na população pediátrica em uso de VNI domiciliar.

De fato, crianças em uso de VNI domiciliar apresentam redução da qualidade de vida se


comparadas a crianças que não usam VNI. Entretanto, de acordo com os diagnósticos das
crianças, podemos observar uma melhora ou piora das condições de qualidade de vida. Estudos
apontam que o uso da VNI pode melhorar a qualidade de vida das crianças mesmo que o
diagnóstico seja de doenças crônicas agudizadas, malformações e doenças metabólicas
hereditárias.

Quando as doenças respiratórias crônicas são assistidas em domicilio pela VNI, há uma melhora
na qualidade de vida das crianças (Figura 32) por causa do aumento de sobrevida e da
adaptação às atividades de vida diária por parte da criança e de sua família, obtendo-se, assim,
uma inserção mais facilitada da criança em ambientes externos, tais como escolas, creches,
passeios e visitas ambulatoriais.

Figura 32 – Criança com VNI

Fonte: <www.cpaps.com.br
[https://www.cpaps.com.br/media/catal
og/product/cache/1/image/0dc2d03fe2
17f8c83829496872af24a0/m/a/mascara
-nasal-infantil-profile-lite-philips-
respironics-02.jpg] >.

Segundo a visão dos pais, a melhora da qualidade de vida da criança está associada ao aumento
do tempo de ventilação não invasiva domiciliar, mas aspectos sociais e físicos são também
observados como fatores que contribuem para isso. Esses dois últimos aspectos, contudo,
apenas são considerados positivos quando as crianças são as responsáveis por responder aos
questionários de qualidade de vida. No âmbito escolar, em contraposição, as crianças, assim
como seus pais, levantam mais pontos negativos em relação à qualidade de vida que
experimentam, sugerindo que o ambiente escolar e o convívio com um número maior de pessoas
não traz benefícios para as crianças.

O uso da VNI na desospitalização de crianças com doenças


4.3 crônicas
A ventilação mecânica é conhecida por estar presente em UTIs e levar o paciente com
insuficiência respiratória aguda a ter êxito em seu tratamento, recebendo alta da unidade. No
entanto, esses conhecimentos também levaram a ventilação às casas de pacientes crônicos, que
passaram mais de 21 dias em uso de VM e, por motivos variados, não conseguiram um
desmame adequado. Esse tipo de falha pode ocorrer, por exemplo, por causa de doenças
neuromusculares, lesões raquimedulares e fraquezas da musculatura respiratória.

Não é difícil encontrar, em uma UTI pediátrica (Figura 33), crianças que serão encaminhadas para
casa com uso de VNI domiciliar, apresentando quadros estáveis para que esse processo ocorra.

Figura 33 – UTI pediátrica

Fonte: <www.cidadecancaofm.com.br
[http://www.cidadecancaofm.com.br/vi
da--saude-amplia-servico-de-uti] >.

O processo de desospitalização oferece, para a família, a chance de conviver com a criança em


sua casa, contando com o apoio da equipe multidisciplinar (Figura 34), o que resulta em aumento
da qualidade de vida desses pacientes. O tempo elevado de hospitalização e o risco de infecções
são aspectos levantados pela equipe multidisciplinar ao considerar a criança elegível para
receber alta com uso de VNI domiciliar.

Figura 34 – Equipe multidisciplinar

Fonte: Halfpoint/istock.com.

Pacientes com doenças como distrofia muscular de Duchenne apresentam fraqueza dos
músculos respiratórios na adolescência, tornando possível que sejam assistidos em casa, visto
que tal doença apresenta fraqueza muscular global progressiva como consequência (Figura 35).
Figura 35 – Distrofia muscular de Duchenne

Fraqueza muscular global progressiva na distrofia muscular de Duchenne.


Fonte: <professor.pucgoias.edu.br
[http://professor.pucgoias.edu.br/sitedocente/admin/arquivosUpload/17272/m
aterial/AH1DISTROFIA%20MUSCULAR.pdf] >.

A descoberta de tal doença leva a família e o adolescente a se fragilizarem diante da nova


situação, contudo, a chance de receber um auxílio ventilatório e ainda poder estar em casa traz
conforto, aumentando a qualidade de vida do paciente. Pais relatam que, ao verem seus filhos
assistidos em domicílio, percebem a satisfação do adolescente e uma aparência de melhora do
seu quadro geral. Mudanças como essas são explicadas pelo fato de o adolescente ser
desospitalizado, contando com uma estabilização geral do seu quadro e com o trabalho
psicossocial da equipe multidisciplinar e família.

Nos casos em que os pacientes apresentam, inicialmente, quadros com insuficiência respiratória
aguda, obtemos indicação de VNI de maneira não eletiva, diferentemente dos pacientes com
distrofia muscular de Duchenne, que recebem indicação eletiva em virtude da progressão da
doença. Indicações não eletivas são feitas, por exemplo, para crianças que sejam vítimas de
traumas raquimedulares e amiotrofia espinhal do tipo I (Figura 36), que ocorre em lactentes.

Figura 36 – Amiotrofia espinhal do tipo I

Fonte: <iname.org.br [https://iname.org.br/wp-content/uploads/2019/11/Tipo-


0-de-AME.png] >.

Essas crianças são assistidas em ambiente hospitalar e, muitas vezes, necessitam de intubação
orotraqueal. Por apresentarem fraqueza muscular, porém, nem sempre conseguem responder ao
desmame ventilatório proposto. A evolução para cuidado domiciliar, então, ocorrerá, e essa
criança irá para casa fazendo uso de VNI, com a garantia de assistência ventilatória adequada e
de conforto. Após a alta hospitalar, ainda, a família deve iniciar o plano de cuidados já discutido
com a equipe multidisciplinar. Nesse sentido, tendo a ajuda dos familiares, caso a criança tenha
idade e cognição suficientes para compreender a situação, a equipe multidisciplinar estará em
contato e monitorizará o estado geral do paciente todos os dias, podendo haver uma
reinternação caso o atendimento domiciliar reduza a qualidade de vida dessa criança.

O air stacking éuma manobra importante para promover a melhor expansão pulmonar, prevenir
contraturas da parede torácica e restrição pulmonar. Durante sua realização, são insuflados
volumes de ar consecutivamente, por meio de unidade ventilatória manual ou ventilador, que são
retidos pelo paciente por meio do fechamento da glote.

O air stacking deve ser iniciado quando a capacidade vital decresce para valores em torno de 70%
do previsto. Quando não é possível essa avaliação, deve-se iniciá-lo na presença de respiração
paradoxal, deformidade torácica ou quando a tosse é fraca e ineficaz. Nas intercrises, são feitas
de duas a três sessões ao dia, 10 a 15 vezes em cada uma, com o auxílio de um cuidador. Na
presença de infecções ou quando houver retenção de secreções, são realizadas quantas sessões
foram necessárias, com assistência à tosse. Habitualmente, crianças a partir de um ou dois anos
já conseguem realizar as manobras. Saiba mais em: rmmg.org
[http://rmmg.org/artigo/detalhes/1253]

4.4 Monitoramento e avaliação da criança em uso de VNI domiciliar

Durante o período de internação, a criança é monitorada 24 horas por dia pela equipe
multidisciplinar, que toma nota de cada sinal vital (Tabela 1), verifica aspectos de avaliação física
diária e realiza exames complementares sempre que necessário. Essa é uma rotina dentro das
unidades hospitalares que garante dados suficientes para uma tomada de decisão assertiva
perante o quadro diário da criança internada.

Tabela 1 – Sinais vitais de acordo com a idade

Sinais Vitais

Pulso, frequência respiratória e pressão arterial sistólica de acordo com a idade


Sinais Vitais

Frequência cardíaca Frequência respiratória Pressão arterial sistólica

(bat/min) (insp/min) (mmHg)

Adulto (> 18 anos) 60 a 100 12 a 20 100 a 140

Adolescente (12 a 18 60 a 100 12 a 16 90 a 110

anos)

Criança (5 a 12 70 a 120 18 a 30 80 a 110

anos)

Pré-escolar (4 a 5 80 a 140 22 a 34 80 a 100

anos)

Criança (1 a 3 anos) 90 a 150 24 a 40 80 a 100

Lactente (1 mês a 1 100 a 160 30 a 60 70 a 95

ano)

Recém-nascido (< 1 120 a 180 40 a 60 50 a 70

mês)

Fonte: <propedeuticageral.blogspot.com [https://propedeuticageral.blogspot.com/p/sinais-vitais-e-medidas-


antropometricas.html] >.

Em conjunto com a alta hospitalar e com a assistência domiciliar que será prestada à criança,
serão oferecidos também o monitoramento e a avaliação da criança desospitalizada com
necessidade de assistência ventilatória. Os dados levantados devem mostrar, com clareza, aos
familiares e paciente que existe um plano de cuidados diante da realidade apresentada
diariamente. Essa monitorização garante que os materiais necessários estejam disponíveis para
os familiares e equipe, como, por exemplo, quando há necessidade de aspiração de vias aéreas
superiores (Figura 37). Além disso, a dinâmica do tratamento também será guiada de acordo
com essa monitorização.
Figura 37 – Aspiração de vias aéreas
superiores

Fonte: <ytimg.com
[https://i.ytimg.com/vi/QHKWonUtvYk/
hqdefault.jpg] >.

A monitorização e avaliação são realizadas de forma que qualquer alteração de quadro geral gere
mudanças na conduta terapêutica para a criança. Dependendo da equipe, a criança pode receber
visita médica uma vez por semana, e da enfermagem de três vezes por semana até diariamente.
Os familiares são orientados a coletar dados (Figura 38), que serão passados para os
profissionais nos dias em que não realizarem as visitas. Além disso, mesmo nos dias das visitas,
após a análise do profissional de saúde, é necessário avaliar se o estado identificado é
momentâneo, e isso se dará com a comparação dos dados já coletados pelo cuidador. Essas
informações são recolhidas em formulários ofertados à família pela equipe multidisciplinar
responsável pela criança, quer seja um serviço privado ou público. Após a apresentação do
formulário, a família é treinada para que os dados sejam coletados adequadamente.

Figura 38 – Coleta de dados

Fonte: <www.freepik.com [https://www.freepik.com/free-vector/parents-kid-


visiting-
pediatrician_11235783.htm#page=1&query=family%20medicine&position=4] >.

A monitorização e a avaliação da criança sob cuidados domiciliares aumentam a qualidade de


vida do paciente e dão segurança à família de que, se o quadro geral apresentar mudanças
negativas, a criança será encaminhada para uma reinternação.

4.5 VNI nos cuidados paliativos

Os cuidados paliativos são discutidos, atualmente, diante das necessidades e da qualidade de


vida apresentadas pelo paciente. Os princípios dos cuidados paliativos estão diretamente
ligados à qualidade de vida e buscam manter a integridade do paciente, respeitando sua vontade.
Nos casos da pediatria, a discussão toma um rumo mais rígido, diante do fato de serem os
familiares que têm de optar pelos cuidados paliativos, tornando o componente afetivo uma
barreira para direcionar o tratamento da criança para esse tipo de cuidado.

Os princípios do cuidado paliativo são:

1. Não acelerar a morte nem prolongar a vida.


2. Promover alívio da dor e de outros sintomas.
3. Valorizar a vida e crer na morte como parte do processo natural.
4. Ofertar suporte psicossocial e espiritual.
5. Promover suporte à família durante o processo da doença e do luto (Figura 39).
6. Oferecer suporte para manter o paciente ativo o máximo possível.

Figura 39 – Suporte à família

Fonte: CarmenMurillo/istock.com.

Esses princípios são adaptados quando tratamos de uma criança ou adolescente, mas sempre
pensando na integridade do paciente, respeitando os familiares e oferecendo informações claras
e decisões baseadas no quadro diário.

A mudança terapêutica para cuidados paliativos (Figura 40) transforma aspectos da ventilação
mecânica que, anteriormente, tinham caráter curativo em um novo momento, em que a dor e o
sofrimento devem ser evitados, garantindo qualidade de vida durante o curso da doença.
Figura 40 – Cuidados paliativos

Fonte: Antonio_Diaz/istock.com.

O uso da VNI é positivo nos cuidados paliativos no que diz respeito à vontade dos familiares que
sua criança não seja intubada e, assim, ocorra uma futilidade terapêutica, prolongando o curso
da morte. Nesses casos, o uso de VNI segue até o final da vida, no entanto, a qualquer momento,
os familiares podem optar por intubação e uso da ventilação mecânica invasiva, visando
melhorar um quadro de insuficiência respiratória.

A escolha de permanecer em casa ou no hospital, nesses casos, é influenciada pela família e


acatada pela equipe, para que o curso natural da doença ocorra da forma mais amena possível,
resultando em melhora da qualidade de vida. A VNI em cuidados paliativos domiciliares é uma
realidade assistida pela equipe multidisciplinar, amenizando sofrimentos respiratórios.

Leia o artigo Benefícios da ventilação mecânica não invasiva (VNI) em cuidados paliativos,
disponível em: www.bahiana.edu.br
[http://www7.bahiana.edu.br/jspui/bitstream/bahiana/472/1/Juliana%20Leal.pdf]
Recapitulando a Unidade 4
A VNI atua como fator importante na qualidade de vida das crianças com necessidade de
suporte ventilatório, sendo uma forma de inserir a criança em um contexto familiar e social, de
maneira geral, na desospitalização.

A assistência ventilatória a crianças com doenças crônicas cresce a cada dia, e o uso da VNI traz
conforto e melhora a qualidade de vida desses pacientes. A indicação da VNI pode ser eletiva, em
casos de doenças crônicas progressivas, ou não eletiva, em casos de doenças agudas ou
crônicas agudizadas. Nas duas formas de indicação, a VNI mostra-se eficaz e torna possível
afastar a criança de um ambiente com risco de infecções, liberando leitos de cuidados
intensivos, que são escassos na pediatria.

A monitorização e a avaliação das crianças no atendimento domiciliar garantem melhor


terapêutica e fornecem dados atuais do estado geral da criança, o que também favorece o
aumento da qualidade de vida.

A morte, encarada como processo natural, tem a VNI como aliada durante os cuidados paliativos
prestados à criança. Como podemos ver, em suma, o uso da VNI em ambiente domiciliar é
tratado como um fator de aumento da qualidade de vida da criança assistida por uma equipe
multidisciplinar e seus familiares.
Exercícios de fixação
A criança pode fazer uso de oxigênio domiciliar, com suporte do fisioterapeuta, visando ao
desmame e ao processo de reabilitação.

Verdadeiro Falso

Quando uma criança recebe alta após internação prolongada, em alguns casos, precisa de
suporte de oxigênio ou ventilatório em casa. Diante disso, preencha as lacunas:

O suporte de oxigênio Selecione... é realizado por meio de cilindro ou


Selecione... , e precisamos manter o cuidado com a umidificação da via aérea do bebê
e tentar otimizar o Selecione... . Em alguns casos, a criança vai necessitar de VNI,
durante o Selecione... , e para terapia Selecione... , em parte do dia.
Considerações finais
Adquirir novos conhecimentos faz parte da vida diária do profissional de saúde, pensando na
atualização adequada para o tratamento de nossos pacientes. Após compreender o uso da
oxigenoterapia e da VNI, é hora de colocar seus novos conhecimentos em prática. Atuar em
unidades neonatais e pediátricas é cuidar do bem mais precioso de alguém, e a felicidade da
criança e de seus familiares durante a alta está associada às escolhas terapêuticas feitas por
você, profissional de saúde, que tem conhecimento específico para optar pelo melhor para o seu
paciente.

As terapêuticas utilizadas no decorrer do processo patológico visam ao tratamento ou a


cuidados paliativos, caso em que se oferta conforto e alívio das dores, tornando o processo de
morte o mais natural possível.

A oxigenoterapia e a VNI fazem parte do cotidiano dos profissionais de saúde e podem ser
administradas por diferentes especialidades, logo, é hora de utilizar esses conhecimentos na sua
vida profissional e levar saúde e bem-estar por onde você passar.
Exercícios de fixação - respostas
Diante de uma criança com hipoxemia em um pronto-socorro, com sinais de insuficiência
respiratória e cianose de extremidades, podemos instalar oxigênio e aguardar a gasometria para
verificar a melhor interface e fluxo de oxigênio.

Verdadeiro Falso

A oxigenoterapia em pediatria pode ser ofertada apenas em ambientes hospitalares, não sendo
possível na internação domiciliar.

Verdadeiro Falso

Leia a afirmativa a seguir e preencha as lacunas:


No pronto-socorro de um hospital, uma bebê apresenta cianose de extremidades e SpO2 de 86 %,
recebendo diagnóstico de pneumonia e asma.
Conduta para esse bebê:

É importante que o bebê seja monitorizado , ofertado oxigênio segundo sua idade e peso por
meio de cateter nasal ou máscara facial .

O CNAF pode ser utilizado em casos de hipóxia, visando melhorar o quadro respiratório da
criança e ajudar na reversão da queda da SpO2.

Verdadeiro Falso
Preencha as lacunas:

A CNAF é um recurso indicado em casos de hipóxia , vantajoso pois oferta


umidificação e um alto fluxo de oxigênio, podendo chegar a 60 litros/minutos.

A máscara facial pediátrica pode ser usada em crianças com doenças neuromusculares para
retardar o uso de VM, bem como em casos de prematuridade extrema.

Verdadeiro Falso

Preencha as lacunas:

Diante de um recém-nascido pré-termo com quadro de desconforto respiratório, podemos


oferecer VNI (CPAP) para repouso da musculatura respiratória e otimização da troca
gasosa, nesse caso, a melhor interface é a pronga , que vai permitir a
pressurização das vias aéreas com mais conforto para o bebê.

A criança pode fazer uso de oxigênio domiciliar, com suporte do fisioterapeuta, visando ao
desmame e ao processo de reabilitação.

Verdadeiro Falso

Quando uma criança recebe alta após internação prolongada, em alguns casos, precisa de
suporte de oxigênio ou ventilatório em casa. Diante disso, preencha as lacunas:
O suporte de oxigênio domiciliar é realizado por meio de cilindro ou
concentrador , e precisamos manter o cuidado com a umidificação da via aérea do bebê
e tentar otimizar o desmame . Em alguns casos, a criança vai necessitar de VNI,
durante o sono , e para terapia respiratória , em parte do dia.
Autoria
Diana Ferreira Pacheco
Autora
Graduação em Fisioterapia, pela Universidade de Ribeirão Preto (2002). Especialista em
Fisioterapia em Oncologia (Unyleya) e em Cuidados Paliativos e Terapia de Dor (PUC Minas).
Especialista em Terapia Manual, pela Escola de Terapia Manual e Postural de Londrina, MBA.
Mestre em Ciências Médicas, pela Universidade de Brasília (2005). Doutoranda em Educação,
pela FUNIBER – Fundação Universitária Iberoamericana.

Currículo lattes: lattes.cnpq.br [http://lattes.cnpq.br/9934056618951419]


Glossário
Distúrbio ventilação-perfusão

Distúrbio V/Q, distúrbio do controle ventilatório, desequilíbrio do controle da troca gasosa. Fonte:
xlung.net [https://xlung.net/manual-de-vm/insuficiencia-respiratoria-aguda]

Extubação

É um procedimento de retirada do tubo orotraqueal, retirada da ventilação mecânica. Fonte:


www.amib.org.br [https://www.amib.org.br/noticia/nid/retirada-da-ventilacao-mecanica-
invasiva/]

Fração inspirada de oxigênio (FiO2)

Porcentagem de oxigênio inspirado. Em ar ambiente, ao nível do mar, temos uma FiO2 de 21%.
Deve-se ajustar a FiO2 com base na gasometria arterial e na oximetria de pulso, de modo a
utilizar a menor FiO2 que mantenha a SaO2 entre 92-95% e a PaO2 entre 65-80 mmHg. Fonte:
www.amib.org.br
[https://www.amib.org.br/fileadmin/user_upload/amib/2018/junho/15/Diretrizes_Brasileiras_de_
Ventilacao_Mecanica_2013_AMIB_SBPT_Arquivo_Eletronico_Oficial.pdf]

Hipoxemia

Diminuição da pressão parcial de oxigênio no sangue (PaO2 < 60 mmHg; SpO2 < 90%). Fonte:
American Thoracic Society e European Respiratory Society (2002).

Mortalidade

O número ou quantidade de seres que morrem em certa época, idade ou de determinada doença.
Fonte: www.dicio.com.br [https://www.dicio.com.br/mortalidade/]

Shunt

É o termo utilizado para descrever o sangue que entra no leito arterial sistêmico sem passar
pelas áreas ventiladas do pulmão, levando à redução da pressão arterial parcial de oxigênio
(PaO2). Fonte: sppt.org.br [https://sppt.org.br/serie-1-metodos-diagnosticos-em-pneumologia-
avaliacao-de-shunt-por-trocas-gasosas/]

Surfactante

O surfactante é produzido no pneumócito II, sendo constituído por lipídeos e proteínas e liberado
para a luz alveolar, organizando a mielina tubular. Fonte: www.scielo.br
[https://www.scielo.br/pdf/jped/v78s2/v78n8a12.pdf]
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