Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MANUAL DO ALUNO -ELETIVA CH HITÓRIA DO BRASIL ATREVÉS DA MÚSICA
MANUAL DO ALUNO -ELETIVA CH HITÓRIA DO BRASIL ATREVÉS DA MÚSICA
INTRODUÇÃO
Sejam bem-vindos(as) a ELETIVA DE CIÊNCIAS HUMANAS: A
HISTÓRIA DO BRASIL ATRAVÉS DA MÚSICA, estudaremos durante o
primeiro semestre este assunto que nos trará não somente um conhecimento
histórico, mas também abrirá portas para servir de inspiração em repertórios
culturais usados em redações. Durante nossas aulas buscaremos compreender
significados de letras musicais, além dos principais motivos que os levaram os compositores a escrever
estas canções, sempre de forma bem criativa e dinâmica, contando sempre com a participação e interação
de cada um de vocês.
A música é uma das principais formas de expressão e pode ter muitas finalidades. Entre elas,
explicar nas entrelinhas momentos históricos, criticar injustiças sociais e driblar a censura, são algumas
possibilidades. Fica evidente que a música é uma forma importante de conectar o aluno ao que é ensinado.
Utilizar essa ferramenta em sala de aula pode ter diferentes efeitos. Um dos mais importantes é o debate
que pode ser gerado entre os alunos.
Nesse sentido, é importante você conhecer canções com temas relevantes, pois além de enriquecer
seu repertório, poderá se deparar com as letras no Enem e outros vestibulares pelo Brasil.
O objetivo central de utilizar a música nas aulas, além de deixá-las menos monótonas, é gerar uma
reflexão e um debate em classe sobre o assunto abordado. As músicas podem ser utilizadas na abordagem
de assuntos diversos, sejam eles de História Geral, sejam de História do Brasil. Uma das grandes
facilidades do ensino de História são as diferentes ferramentas que o professor pode utilizar em sala.
Uma dessas ferramentas é a música.
Assim, pretende-se ao estudar essa ELETIVA, contendo música como fonte histórica, que
possamos perceber o momento histórico através da música, e a análise como um todo, e que a percebamos
como uma forma de expressão de ideias populares, reconhecendo ainda sua influência na vida social, política
e econômica do país.
Pretende-se ainda nesta disciplina, trabalhar a música abordando a questão de parte da História
do Brasil desde a chegada dos europeus, a “MPB na ditadura militar 1968 - 1985” chegando até os dias
atuais, tema a ser aplicado no “1º Ano (turma E)” do Ensino Médio.
Diante da rica quantidade de músicas que existem apesar de não estarem organizadas em acervos
como ocorre com os documentos históricos, e mesmo com a falta de estudos mais contundentes paralelos
entre o passado e presente a partir da música, entende-se a importância que é conhecer a história e saber
extrair dela conhecimentos para construção da identidade.
A música tem facilidade de romper com o óbvio, levantando novas questões, problemáticas e
abordando temas até então pouco debatidos em sala de aula. “A música é um elemento capaz de informar,
expor ou explicitar as ações humanas, sua história, existências, angústias e necessidades”.
01-Você conhece alguma música que fale sobre algum período da História do Brasil?
Será possível desvendar os assuntos de cada música somente através de seu título? Discuta com seus
colegas os possíveis assuntos abordados pelas músicas.
03- Qual seria o principal motivo destas músicas terem sido criadas? Você acha que era uma forma de
reivindicar, de expressar alguma insatisfação?
04- Você acha que era fácil falar sobre estes assuntos nestes períodos?
“A história do Brasil é cheia de brechas e lacunas ainda não preenchidas” (Schimidt), mas que
segundo Moraes, a música popular brasileira pode desvendar. As transformações teóricas, nas concepções
de material documental e a renovação na prática do historiador, determinando a inclusão de novas
linguagens pela história. Expressando assim, a importância que pode ter, a utilização da música popular
brasileira como fonte documental para divulgar a História de setores da sociedade pouco lembrados pela
historiografia. A História da Música na escola se confunde com a História do Brasil, pois a mesma começa
desde a chegada dos portugueses, que já encontraram manifestações musicais de cunho religioso, e ou
festivo e vários tipos de instrumentos de percussão. Eles chegaram no Brasil com a sua música ocidental
herdada dos Gregos, a qual apontava a música como uma poderosa força educacional. Os jesuítas utilizaram
a música como instrumento de catequização e ensino, eles se deram conta da grande utilidade do uso da
música com os pagãos das terras colonizadas, justamente para a atraí-los. A música foi utilizada como
objeto de sedução e convencimento aos povos indígenas; elemento em comum das duas culturas; música
com textos religiosos traduzidos em tupi; praticada e ensinada, principalmente, para as crianças indígenas.
A utilização do canto e de instrumentos pelos jesuítas junto a esses povos foi o aspecto mais rico
e influente da sua atuação musical no Brasil colonial. A influência da atuação jesuítica no período colonial
provavelmente pode ser ainda hoje percebida no uso das rabecas e gaitas na música popular e folclórica
no Norte e Nordeste do Brasil .Vários documentos descrevem eventos realizados com música nos colégios
e seminários e, em quase sua totalidade, esses documentos mencionam a participação de externos à
Companhia de Jesus, como religiosos de outras ordens (sobretudo mercedários e carmelitas), músicos
contratados, seminaristas e estudantes dos colégios”
Vejamos agora como foi descrito o “descobrimento” do Brasil em letras paragrafadas pelos
compositores abaixo:
DESCOBRIMENTO DO BRASIL Após navegar vários dias O diário de viagem, ele mesmo
Afastando-se da costa escreveu,
É lindo recordar Evitando as calmarias O autor da carta histórica
A nossa história com seus trechos Finalmente, no dia 22 de abril Que o mundo inteiro conheceu
importantes, Pedro Álvares Cabral, descobriu
Assim como o Descobrimento Nossa Pátria Idolatrada Quanta beleza se encerra
Do nosso torrão gigante Dando o nome de Ilha de Vera Nesta linda terra de encantos mil,
Cruz, [?] [?] [?]
No dia nove de março, no ano de Depois Terra de Santa Cruz Recordamos mais um trecho de
1500 glória
Deixaram o cais do Tejo em Trazia Cabral em sua frota Da História do Brasil [2x]
Portugal Homens de conhecimento,
Treze caravelas Entre eles destacamos Pero Vaz compositores: GERALDO SOARES DE
Comandadas por Pedro Álvares de Caminha, CARVALHO, WALTER GOMES
Cabral Que foi um grande talento MOREIRA
SE LIGA NO ASSUNTO
O “Correio Braziliense” publicou um artigo do jornalista Leonardo Cavalcanti nos dias 25, 26 de
abril de 2010, investigando acontecimentos ocorridos na Ditadura Militar, relacionados à censura e a MPB.
Essa publicação contou com testemunhos orais de pessoas que ficaram marcadas pela ditadura, sobretudo
músicos que entraram para a história, esses relatos podem também servir como complementos para a
música, até mesmo para que compreendamos o contexto histórico em que a música foi composta e
produzida.
As formas que eram usadas para driblar a ditadura foram relatas por algumas pessoas
entrevistadas e um dos advogados mais procurado por músicos, João Carlos Muller.
Segundo Muller, aconselhava os compositores a comporem seis músicas, e nas primeiras usarem
palavras duras contra a ditadura, assim quando a censura analisasse, vetaria logo as primeiras e seriam
mais brandos com as seguintes, dessa forma, entre sete músicas, cinco eram vetadas. No entanto, ninguém
sabe, até hoje, quais eram os critérios utilizados para a censura de músicas.
Façamos a análise da seguinte música de Ivan Lins e Ronaldo de Souza, do ano de 1973.
Deixa eu dizer Afinal me dói no peito
Cláudya Uma dor que não é pouca
Tem dó!
Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta
vida
Preciso demais desabafar!
Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta
vida
Preciso demais desabafar!
Suportei meu sofrimento
De face mostrada e riso inteiro
Se hoje canto meu lamento
Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta Coração cantou primeiro
vida E você não tem direito
Preciso demais desabafar! De calar a minha boca
Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta Afinal me dói no peito
vida Uma dor que não é pouca
Preciso demais desabafar! Tem dó!
Suportei meu sofrimento Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta
De face mostrada e riso inteiro vida
Se hoje canto meu lamento Preciso demais desabafar!
Coração cantou primeiro Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta
E você não tem direito vida
De calar a minha boca Preciso demais desabafar!
Fonte: Musixmatch
Compositores: Ivan Lins / Ronaldo Pires Monteiro De
Souza
DE OLHO NAS QUESTÕES
Considerando o fato de ter sido o período da Ditadura Militar o momento que a MPB se impôs no
panorama histórico, em que a música como forma de protesto ganhou popularidade, é imprescindível falar
da importância que teve não só a música popular, mas também a Bossa Nova, para que a música aparecesse
no cenário político e dando possibilidade de ser trabalhada como documento histórico na reconstrução da
história em sala de aula.
As mudanças ocorridas na sociedade podem ser observadas a partir do período da “Bossa Nova”
iniciada na década de 30, sendo reconhecida na década de 50, tendo forte influência do jazz norte
americano, uma junção do samba com o jazz, dando origem ao primeiro movimento urbano egresso das
faculdades, associado ao crescimento urbano, que surgiu na euforia do crescimento econômico gerado pela
Segunda Guerra Mundial; Músicos jovens de classe média que buscavam fugir do estilo operístico que
predominava no Brasil, que buscavam influenciar o mundo com a cultura brasileira e internacionalizar a
música. Sua principal característica era o canto falado ao invés da valorização da grande voz.
A partir dessas mudanças, já se torna possível perceber as mudanças na mentalidade do país, e
sobretudo, na busca pela identidade nacional. A Música Popular Brasileira apresenta em seu
desenvolvimento o embate entre “O capitalismo” e o “Socialismo” no cenário mundial e o duro regime
ditatorial interno. Uma mistura de ritmos que pretende representar a sociedade brasileira entre 1968 a
1975.
O que nos leva a entender que o homem é quem produz a história,
com seu comportamento, sua ação, seu vestígio de existência. E fazendo
uso dessa afirmação de Frebvre, analisando a música popular cenário
político notou que o controle da produção artística marcou o Estado
Novo (Regime dirigido por Getulio Vargas entre 1937 a 1945) onde era
comum o uso de estratégias para convencer os artistas a cooperar com
a propaganda oficial. Já no período dos militares (1964 – 1985), a repressão
se deu num confronto muitas vezes direto e de forma violenta, devido às
ideias contidas na música e sobretudo o reconhecimento das autoridades no
que diz respeito à capacidade da música de despertar para a realidade
e considerando que naquele contexto era vista como ameaça, hoje se pretende que aquelas músicas sejam
utilizadas como forma de contribuir na construção do conhecimento histórico. (Cavalcanti, 2010).
Em 1964 com o golpe militar, muitos professores foram perseguidos por sua posição ideológica, e
o decreto lei 477 limitava o direito de expressão dos professores e alunos. O período mais rígido da
ditadura militar decide abafar a voz de qualquer pessoa que aparentasse ser uma afronta ao governo, e a
forma de censura era muitas vezes feita através da força e atingindo o ápice da agressividade após a
instalação do AI5, em 1968.
O movimento estudantil posto na ilegalidade desde o governo de Castelo Branco (1964 a 1967),
continuava sendo alvo de inúmeras medidas arbitrárias e violentas, como a invasão de universidades, que
mais de uma vez resultou em prisões e ferimentos graves. As lideranças estudantis mesmo perseguidas,
ameaçadas e muitas vezes presas, conseguiam canalizar as insatisfações especificas do setor. A morte de
estudantes universitários repercutiu grandemente, inclusive no seio da classe média; novas violências e
prisões fizeram com que esses protestos se alastrassem pelo país.
O Jornal “A última hora” assim anunciava acerca dos acontecimentos:
Os ministros Gama e Silva, justiça, anunciou as horas de ontem o Ato Institucional nº5, baixado pelo
presidente da república, assinada por todo o ministério após reunião do conselho de segurança Nacional.
São as seguintes as principais decisões contidas no documento, cujo objetivo anunciado é salvar a
revolução de março de 64:
1- São mantidas as constituições: Federal e Estaduais;
2- Através de ato complementar, o presidente da república tem o poder de decretar o recesso do
congresso, que só voltara a funcionar quando convocado novamente pelo poder executivo;
3- O presidente poderá decretar a intervenção em estados e municípios;
4- Fica restabelecido o poder presidencial de cassar mandados e direitos políticos, de demitir, remover
ou aposentar funcionários públicos, autárquicos ou de empresas mistas;
5- O presidente poderá decretar estado de sitio e de determinar confisco de bens;
6- Estão suspensas garantias de habeas corpus para delitos políticos.
Segundo o jornal, Última Hora; em meio aos rumores que seria decretado o recesso do congresso e editado
um “Ato Adicional” e de que o Marechal Costa e Silva se reuniria no palácio das Laranjeiras, com chefes
militares e o conselho de segurança nacional para examinar a situação de crise em todo país. Já se anunciava
as 21m20h, que as tropas do I Exército haviam entrado em regime de prontidão rigorosa em toda sua área,
que abrangia além da Guanabara, Brasília e os estados de Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Para
coibir manifestações na rua, que já estavam programadas por setores estudantis, em regozijo pela decisão
da câmara, segundo apuraram os setores de informação do governo. (13/12/1968)
A aprovação do Ato Institucional nº5 (AI5), foi o mais duro golpe na democracia dando poderes
absolutos a junta militar. Essa lei entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, foi lida a noite em cadeia
nacional de rádio e televisão.
O período governado pelo presidente, general Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974), escolhido
por uma junta militar, substituindo Costa e Silva, foi considerado o mais duro e repressivo, denominado
como “Anos de Chumbo”. Momento em que a repressão atinge seu auge: revistas, jornais, livros, peças de
teatros, filmes, músicas e outras formas de expressão artísticas têm sua exposição proibida pela censura.
O DOI – CODI (Destacamento de Operação de Defesa Interna e ao Centro de Operação de Defesa
Interna), atuando como centro de investigação e repressão militar.
ODOI – CODIs, ou órgãos semelhantes. Agiam impunemente. Tinham a sua própria lei. E não respeitavam
as do país, nem mesmo os prazos processuais estabelecidos pela própria Legislação de Segurança Nacional.
As pessoas eram interrogadas encapuzadas. Seus interrogatórios usavam codinomes ou apelidos e não se
identificavam aos presos. Dificilmente haverá pessoas que tenham passado por eles sem terem sido
torturadas.
Esse período marcou um declínio nas manifestações estudantis, com a desarticulação das entidades
e, perseguição das lideranças que eram assim empurradas para a oposição clandestina. As mais singelas
tentativas de retomar lutas reivindicatórias as faculdades eram reprimidas. O movimento estudantil, só
começaria a agir depois de 1974, ocorrendo em 1976 às primeiras manifestações de rua que serviriam para
reanimar a participação estudantil rumo à reconstrução da UNE (União Nacional de Estudantes).
Se por um lado o país estava nos considerados Anos de Chumbo, por outro, devido ao crescimento
econômico, no período de 69 a 73, fica marcada a “Época do Milagre Econômico”. O PIB brasileiro estava
crescendo a uma taxa de quase 12% ao ano, a inflação orçava os 18%. Os investimentos exteriores geraram
milhões de empregos, enquanto houve avanço e estruturou uma base de infraestrutura. Grandes obras
foram executadas, como a Rodovia Transatlântica e a Ponte do Rio Niterói, e grandes incentivos ao
consumismo. E buscando implantar essa imagem de prosperidade, as repressões aos órgãos de imprensas
acabam por impedir a denúncia das arbitrariedades que se espalhavam pelo país, utilizando os meios de
comunicações para instituir uma visão positiva sobre o governo militar. As palavras de ordem eram “Brasil,
ame-o ou deixe-o”, elas integravam o discurso político da época que defendiam o ufanismo brasileiro.
Houve uma intensa produção musical no período da ditadura militar, que pode nos fornecer uma
visão mais abrangente dos acontecimentos, sob a ótica do compositor e mesmo considerando sua produção
como produto comercial, percebe-se que a música teve um papel de destaque na ditadura entre estudantes
de classe média, pois mesmo com a censura, era bem divulgada e embalava movimento. A utilização da
mesma no ensino de História visa uma verdadeira construção de identidade, trazendo a luz à realidade
obscura do passado do Brasil contido nas músicas.
música: CÁLICE Pai, afasta de mim esse cálice De muito gorda a porca já não
Pai, afasta de mim esse cálice anda
Pai, afasta de mim esse cálice De muito usada a faca já não
corta
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado Como é difícil, pai, abrir a porta
Se na calada da noite eu me Essa palavra presa na garganta
dano Esse pileque homérico no
Pai, afasta de mim esse cálice Quero lançar um grito mundo
Pai, afasta de mim esse cálice desumano De que adianta ter boa vontade
Que é uma maneira de ser Mesmo calado o peito, resta a
Pai, afasta de mim esse cálice escutado cuca
Esse silêncio todo me Dos bêbados do centro da
De vinho tinto de sangue atordoa cidade
Pai, afasta de mim esse cálice Atordoado eu permaneço
Pai, afasta de mim esse cálice atento Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice Na arquibancada pra a Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue qualquer momento Pai, afasta de mim esse cálice
Ver emergir o monstro da De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga lagoa Talvez o mundo não seja
Tragar a dor, engolir a labuta pequeno
Mesmo calada a boca, resta o Pai, afasta de mim esse Nem seja a vida um fato
peito cálice consumado
Silêncio na cidade não se escuta Pai, afasta de mim esse Quero inventar o meu próprio
De que me vale ser filho da santa cálice pecado
Melhor seria ser filho da outra Pai, afasta de mim esse Quero morrer do meu próprio
cálice veneno
Outra realidade menos morta Quero perder de vez tua
cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Tanta mentira, tanta força bruta De vinho tinto de sangue
Quero cheirar fumaça de óleo
dieselMe embriagar até que
alguém me esqueça
02 – “De vinho tinto de sangue” na bíblia, esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é:
a) O vinho ofertado nas liturgias cristãs.
b) O sangue de Jesus.
c) O sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.
d) O sangue dos políticos envolvidos nas mortes.
e) A sena de violência entre os mortos e feridos.
03 – Relacione os versos com seus respectivos sentidos atribuídos na música de Chico Buarque.
(A) Como beber dessa bebida amarga. (B) Tragar a dor.
(C) Engolir a labuta. (D) Mesmo calada a boca resta o peito.
(E) Esse silêncio todo me atordoa
(F) Atordoado, eu permaneço atento
(G) Outra realidade menos morta.
Relacione
( ) aguentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro.
( ) mesmo sobre tortura o “Eu lírico” permanece em estado de alerta como se estivesse esperando
um espetáculo que estaria por vir.
( ) mesmo tendo a liberdade cerceada, resta o desejo escondido e inviolável dentro do peito.
( ) remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma
desumana.
( ) o “Eu lírico” remete anseia por uma realidade na qual os homens não tivessem sua individualidade
e seus direitos anulados.
( ) tal verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silêncio das
vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.
( ) Aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.
04 – “Silêncio na cidade não se escuta”. A palavra silêncio está implicitamente relacionada à:
a) censura
b) a falta de pessoas pelas cidades devido ao Estado de sítio decretado pelo governo.
c) as mortes ocorridas durante esse período.
d) a ignorância dos ditadores em relação ao cidadão comum.
e) todas as respostas estão corretas.
05 – Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas
descrenças naquele regime político e rebaixa a figura da “pátria mãe” a condição de puta. O
verso que remete a essa afirmativa seria:
a) De que me vale ser filho da santa.
b) De muito gorda a porca já não anda.
c) Quero inventar meu próprio pecado.
d) Atordoado, eu permaneço atento.
e) Melhor seria ser filho da outra.
06 – O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram
obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta. A frase que melhor expressa
esta ideia é:
a) Atordoado eu permaneço atento;
b) Quero lançar um grito desumano;
c) Essa palavra presa na garganta;
d) Esse pileque homérico do mundo;
e) Tanta mentira tanta força bruta.
08 – Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma
das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto. Essa ideia está
implícita nos seguintes versos:
a) Esse silêncio todo me atordoa.
b) Essa palavra presa na garganta.
c) Silêncio na cidade não se escuta.
d) Quero lançar um grito desumano, que é uma maneira de ser escutado.
e) Outra realidade menos morta.
09 – O porco é o símbolo da gula, e está entre os sete pecados capitais, retomando a temática
da religiosidade o “Eu lírico” afirma: “De muito gorda a porca já não anda”. Além da simbologia
religiosa a frase acima também faz referência a:
a) a inoperância dos governantes frente ao regime.
b) ao sistema ditador, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava.
c) as atitudes cruéis dos ditadores que não tinham piedade de seus desafetos.
d) as intensas prisões ocorridas.
e) todas as alternativas estão corretas.
10 – “De muito usada a faca já não corta”. A afirmativa acima traz implícita a seguinte conclusão
a respeito daquele momento político:
a) inoperância e desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão.
b) apelo que sejam diminuídas as dificuldades.
c) que o instrumento mais usado para assassinar os “delinquentes” era uma faca.
d) o instrumento usado para punir os prisioneiros políticos não funcionava como antes.
e) Nenhuma alternativa está correta.
12- A música Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, foi composta no ano de 1973, no período
da Ditadura Militar brasileira. Desde o título, a música apresenta uma série de questões relativas
ao período pelo qual o Brasil estava passando. No que diz respeito aos fatos retratados na letra
da música, pode-se afirmar que:
a) os autores falam abertamente sobre o que está acontecendo, sem uma preocupação com a censura
vigente na época, pois eram músicos reconhecidos e estavam livres de tal aparato.
b) os autores falam abertamente do que está acontecendo naquele momento, mesmo sabendo que po-
derão sofrer consequências como censura e apreensão.
c) os autores falam de coisas singelas e ingênuas, a fim de burlar a censura vigente e aplacar a fúria
dos censores.
d) os autores falam sobre a trajetória de Cristo, a fim de convencer os censores, muitos deles católicos
fervorosos, de sua postura imparcial frente ao momento histórico.
e) os autores, com o intuito de burlar a censura, criam uma letra em que nada é o que parece ser, pois
há referências indiretas e veladas ao que está acontecendo no país naquele momento.
Em primeiro momento, a letra da música parece uma crítica a igreja católica, faz menção de trechos
da bíblia em que Jesus cita palavras semelhantes, sabendo que está para ser traído e sabendo que precisa
passar por aflições sem abrir sua boca e reclamar, então clama ao Pai, dizendo que se for possível, afaste
o cálice, que simboliza todo o tormento e dor que o espera (Lucas 22 – 42). Mas a intenção desse cálice é
criticar a censura, é uma crítica ao “cale-se” imposto em forma de censura.
A análise desta música, faz compreender o clima da cidade, o sentimento das pessoas que
protestavam, e a visão de que melhor seria viver fora da lei, contra o regime militar do que se submeter a
uma lei injusta e uma realidade falsa, com propagandas que transmitiam a ideia de um “milagre econômico”.
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...
Essa parte da música é bem clara com relação ao sentimento de impotência diante da ação do
sistema ditador, considerando que o próprio Chico Buarque foi retirado da cama as 07h00min da manhã.
Nesse trecho é necessário, buscar entender o propósito do monstro da lagoa, um ser mitológico, que vive
imerso em águas escuras, aterrorizando o imaginário do ser humano.
Essa música é um documento perfeito a trabalhar em sala de aula, a forma como ela descreve o
sistema ditatorial, a corrupção e a ineficiência que segundo o compositor, impedia o sistema de funcionar.
Sobretudo, relacionado aos censores, e os critérios que utilizavam para cortar e censurar as obras, muitas
vezes obscuros.
Talvez o mundo não seja pequeno (cálice)
Nem seja a vida um fato consumado (cálice)
Quero inventar o meu próprio pecado (cálice)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! cálice)
Quero perder de vez tua cabeça (cálice)
Minha cabeça perder teu juízo (cálice)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (cálice)
Me embriagar até que alguém me esqueça (cálice)
Essa parte da música é forte, pois é quando expressa o desejo de despertar da limitação imposta,
e em reposta se diz “cale-se” ou cálice. E outra parte ainda dando ênfase a Bíblia, quando faz uso do fato
consumado, ou do pecado. A música expressa que a vida não é um fato consumado, que a situação pode ser
mudada. Defende ainda a ideia de ter liberdade de tomar suas próprias decisões, pagar por seus erros
cometidos, seguir sua noção de certo e errado e se libertar das ideias impostas pela ditadura e em reposta
ouve um “cale-se”. O final ainda é marcante, fazendo analogia à tática de tortura usada pela ditadura com
a finalidade de calar.
A censura não conseguiu silenciar a revolta de Chico Buarque. Mas abafaram por completo os
protestos de compositores como o uruguaio Taiguara Chalar da Silva (1945 – 1996), que entrou nos anos
70 com fome de política, o que causou consequências desastrosas. Foi perseguido pela censura, teve mais
de 60 músicas vetadas e, sem dinheiro, endividado abandonou o país só retornando em 76 e teve um álbum
proibido, assim deixou o país e só retornou no fim do regime militar. (26/04/2010).
Em 1973, a música descreveu uma trajetória que, durante todo o período do regime militar, não
poupava ninguém: ameaçava ídolos da MPB. No entanto, os compositores relembram dos acontecimentos,
das ameaças e das perseguições que sofreram pouco lembradas pelos livros didáticos.
Em 1972, a música “Apesar de você”, significou um grito em meio à ditadura, considerada por alguns
críticos como um hino contra a ditadura militar, com letras direcionadas ao Presidente Médice e que
criticam o AI5. Importante essa análise.
“Apesar de você”
Amanhã vai ser outro dia Falando de lado e olhando pro chão.
Amanhã vai ser outro dia Viu?
Amanhã vai ser outro dia Você que inventou esse Estado
Hoje você é quem manda Inventou d e inventar
Falou tá falado Toda escuridão
Não tem discussão, não. Você que inventou o pecado
A minha gente hoje anda Esqueceu-se de inventar o perdão.
Esse trecho é claro, ao abordar a questão da falta de liberdade de expressão, sobre a introdução
do AI5 na lei, e como a lei era posta em prática sem que houvesse direito a habeas corpus
Aqui o compositor parece acreditar que a justiça vai ser feita, e que os crimes políticos, as práticas
seriam julgadas e condenadas. Importante que nesta parte, busque documentos e informações sobre o que
sucedeu com o presidente Médice, e com todos os presidentes envolvidos na ditadura militar do Brasil.
A música ainda afirma que o momento de mudança vai chegar, e que as coisas vão acontecer sem que
o presidente possa controlar e que o tempo está próximo.
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
(Coro3) Impunemente?
Apesar de você Como vai abafar
Amanhã há de ser outro dia. Nosso coro a cantar,
Você vai ter que ver Na sua frente.
A manhã renascer Apesar de você
E esbanjar poesia.
A liberdade da imprensa, dos artistas, dos compositores expressando sua opinião e discursando
abertamente.
(Coro4) Você vai se dar mal, etc e tal,
Apesar de você La, laiá, la laiá, la laiá…….
Amanhã há de ser outro dia.
De acordo com o Correio Braziliense, essa música foi lançada em LP compacto chegando a vender
100 mil cópias, mas teve os restantes dos discos apreendidos pela censura por sua clara alusão a ditadura
militar brasileira e ao presidente Médice.
1 - A primeira estrofe faz um retrato do Brasil sob a ditadura. Para driblar a censura, a linguagem
da canção deveria recorrer à conotação. Quais são as queixas contra ao regime anunciadas nessa
estrofe?
3- O título da música, Apesar de você, sugere, com meias palavras, o mesmo que a frase:
a ) A despeito do povo, a democracia voltará ao país
b) Ainda que venha a sofrer, o povo prefere a liberdade política à ditadura
c) Embora o governo tente impedir, a liberdade voltará a se instalar no país.
d) O povo se mantém alegre, mesmo sob o regime militar.
Já fui censurado pelo presidente Collor, meses antes dele ser expulso do poder,
“ devido aos escândalos de corrupção no seu mandato. Meu disco saiu com a mesma
versão censurada por ele e ele nada pôde fazer. Não cheguei a receber nenhuma
ameaça direta de políticos... ”
— Gabriel fala sobre a música "Tô Feliz (Matei o Presidente)" e a reação de Collor [16]
Gabriel O Pensador descreve em versos duras críticas fazendo paralelo entre a ditadura e dos dias atuais.
Vejamos:
Pois já não posso mais nem sair em paz
Os fdp confundem artistas com marginais
Abalando
Mas eu não sou um marginal
Gabriel O Pensador Isso é um grande erro
Gabriel o Pensador o homem que eles amam odiar
Sou apenas um artista como todo brasileiro
Agora voltou para Hm Hm tentar falar
E o meu erro foi dizer o que não devia
Isso é se ninguém quiser me censurar me calar
Acreditei que existia o quê: Democracia...
(Manera rapaz
Então eu disse simplesmente o que o povo sente
Da última vez eles te tiraram do ar)
Mas fui covardemente censurado pelo "Minha
Não eu não consegui acreditar nisso
gente"
Mas não vâmo esquecer e nem permanecer omissos
E a vontade que me dá não me venha perguntar
num caso que diz respeito ao direito de um cidadão
Eu vou falar
De carregar no peito a sua liberdade de expressão
A vontade que me dá é de matar
Liberdade de expressão aqui? Ha
É uma loucura ninguém cura esse país se num
Não existe
acabarmos com a censura que me lembra a ditadura
Eu fiz "Hoje eu tô feliz" e fiquei triste
militar "Agora que lembramos um passado recente
"Cale-se!"Cuidado"Como é dificil acordar calado" Vamos falar do presente"
Eles não censuram só o artista (E daqui pra frente?)
Eles censuram o povão Não vamos nos intimidar
Pior do que acordar calado é acordar sem o pão Chega de ser prego
"Paiê cadê o pão?" Foi censurado "Paiê cadê o É melhor ser o martelo rapá
leite?" Foi censurado "Paiê o quê que é carne Mas também não pense que o Brasil já foi pra
hein?" frente pois como sempre ele está no mesmo lugar
Essa é a censura na panela de um descamisado E sempre estará
"Paiê cadê o ovo?" Foi censurado "Paiê cadê o Se a gente não se julga inteligente o suficiente pra
arroz?" Foi censurado porra "Pai tem feijão?" - mudar
Não Seria melhor se suicidar
Toma essa água suja com farinha e num reclama Mas na verdade esse momento é de nascimento
pra num ser processado (É a hora H) Não vamos nos alienar
E a diversão era um futebol inocente Olhe pro seu lado e veja como o povo está
"Quero perder de vez sua cabeça" "A arte é de viver da fé
(Então eu vi um pessoal numa pelada diferente Só não se sabe fé em quê"
Jogando futebol com a cabeça do Presidente) E que fé será se não for a fé em nós mesmos
"Cale-se" O povo unido outra vez foi vencido (Isso aí Pensador)
Pediu pra ouvir meu rap mas não foi atendido "Get up Stand up" Você não veio ao mundo á toa
"Ué mas não existe mais censura no Brasil" E se veio fazer algo faça alguma coisa boa
Amigo vai nessa que tu tá é fudido O que tá errado (tudo)
E foi só uma cabeça que caiu Deve ser mudado
Nem demos a primeira então não vâmo sair de cima Abalando as estruturas com o Pensador
ouviu? (Tô ligado!)
Vem! A gente abala quando quer Eu tô falando de uma reformulação
A gente abala se quiser Que começa na cabeça e vai passando pelo coração
Porque o Pensador veio falar do que passou Se voçê tem cabeça e coração
Eu te digo Não seja um vegetal
Não se lembre do passado e o teu futuro será Seja um cidadão
escuro É "geração cara pintada"?
Não se esqueça o que passamos há tantos anos Não. Jovens em geral
Procure a luz Caras pretas, coroas, pessoas, malucos e caretas
Mete o dedo na ferida vive a vida (Entrem nessa união)
Limpa o pus Não seja um imbecil meu irmão
E conduz o pensamento para o tempo que quiser Põe a mão na cabeça
Fique atento não se esqueça a gente abala quando Pára pra pensar
quer Nós Temos o poder de abalar...
Neste trecho, o compositor critica a atualidade fazendo um paralelo com o tempo da ditadura, sobre
a falta de liberdade de expressão e a forma como eram tratados os artistas no regime militar, sendo
vistos como marginais.
Então eu disse simplesmente o que o povo sente
Mas fui covardemente censurado pelo "Minha gente"
E a vontade que me dá não me venha perguntar
Eu vou falar
A vontade que me dá é de matar
É uma loucura ninguém cura esse país se num acabarmos com a censura
Que me lembra a ditadura militar
"Cale-se! "Cuidado" Como é difícil acordar calado"
Nesta parte da música, seria interessante trabalhar a questão dos debates sobre censura e seus
mecanismos na atualidade. De que tipo de censura o compositor está falando e a forma como esta é
percebida pelo povo. E buscando confirmar e comparar utiliza um trecho da música “cálice”, símbolo da luta
contra a ditadura militar.
Eles não censuram só o artista
Eles censuram o povão
Pior do que acordar calado é acordar sem o pão
"Paiê cadê o pão?" Foi censurado "Paiê cadê o leite?" Foi censurado "Paiê o
Quê que é carne hein?"
Essa é a censura na panela de um descamisado
"Paiê cadê o ovo?" Foi censurado "Paiê cadê o arroz?" Foi censurado porra
"Pai tem feijão?" – Não
Aqui, o compositor afirma que a ditadura não se limitava aos artistas, mas a todo o povo brasileiro,
que mesmo estando vivendo “o milagre econômico” não faziam parte do tal milagre. Fazendo ainda uma
alusão ao seu momento histórico. Assim, uma abordagem que investigue o momento histórico em que a
música foi divulgada se faz importante para que o aluno perceba a importância da música como documento
e expressão social.
Toma essa água suja com farinha e num reclama pra num ser processado
E a diversão era um futebol inocente
"Quero perder de vez sua cabeça"
(Então eu vi um pessoal numa pelada diferente
jogando futebol com a cabeça do Presidente)
"Cale-se" O povo unido outra vez foi vencido
Pediu pra ouvir meu rap mas não foi atendido
"Ué mas não existe mais censura no Brasil"
Amigo vai nessa que tu tá é fudido
E foi só uma cabeça que caiu
Nem demos a primeira então não vâmo sair de cima ouviu?
Neste trecho da música, mais uma vez surgem versos da música “cálice”, onde expressa a vontade
de ter sua liberdade de pensar. Critica a questão da utilização da política “pão e circo”. E da forma como
a voz do povo foi calada com a violência.
Esta parte é clara, o povo é capaz de mudar a história. O que se completa com o trecho seguinte.
Porque o Pensador veio falar do que passou
Eu te digo
Não se lembre do passado e o teu futuro será escuro
Não se esqueça o que passamos há tantos anos
Procure a luz
Mete o dedo na ferida vive a vida
Limpa o pus
E conduz o pensamento para o tempo que quiser
Fique atento não se esqueça a gente abala quando quer
Abordando a questão da capacidade que o indivíduo tem de construir a história, o pensador convida
a esquecer o passado, mas não esquecer tirando da memória, mas fazendo a diferença, tendo consciência
do seu papel na sociedade como agente transformador e não permitir que o passado volte a fazer parte do
presente.
"Agora que lembramos um passado recente Nesta parte acontece uma critica ao momento
Vamos falar do presente" histórico do Brasil e a mentalidade do povo,
(E daqui pra frente?) despertando para o momento de nascer para a
Não vamos nos intimidar realidade, se impor, participar deixando de ser
Chega de ser prego alienado.
É melhor ser o martelo rapá Olhe pro seu lado e veja como o povo está
Mas também não pense que o Brasil já foi pra "A arte é de viver da fé”
frente pois como sempre ele “Só não se sabe fé em quê”
está no mesmo lugar E que fé será se não for à fé em nós mesmos
E sempre estará (Isso aí Pensador)
Se a gente não se julga inteligente o suficiente "Get up Stand up" Você não veio ao mundo á toa
pra mudar E se veio fazer algo faça alguma coisa boa
Seria melhor se suicidar O que tá errado (tudo)
Mas na verdade esse momento é de nascimento Deve ser mudado
(É a hora H) Não vamos nos alienar Abalando as estruturas com o Pensador
(Tô ligado!)
Utiliza mais uma música, de 1986, do grupo “Paralamas do Sucesso”, chamados “Alagados” música
que critica o capitalismo, o trecho “A arte é de viver da fé, só não se sabe fé em que”, para descrever o
povo em sua fé na política.
Eu tô falando de uma reformulação
Que começa na cabeça e vai passando pelo coração
Se você tem cabeça e coração
Não seja um vegetal
Seja um cidadão
A busca por reforma na mentalidade do cidadão brasileiro, que se pretende que inicie na razão
acima dos sentimentos. Agir, criticar, lutar, mudar, transformar e não vegetar.
É "geração cara pintada"?
Não. Jovens em geral
Caras pretas, coroas, pessoas, malucos e caretas
(Entrem nessa união)
Não seja um imbecil meu irmão
Põe a mão na cabeça
Pára pra pensar
Nós Temos o poder de abalar...
Essa parte completa a música ao se referir ao movimento estudantil dos caras pintadas ocorrido
em 1992 que foram as ruas para protestar e exigir a saída do presidente Fernando Affonso Collor de
Mello. Mas ao se direcionar a geração cara pintada, está se generalizando, estendendo o convite a toda a
sociedade de exercer o poder de mudar, de mover a história.
Até Quando? Até quando vai ser saco de pancada?
Gabriel O Pensador
Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!
A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Não adianta olhar pro céu Chamou de traficante!
Com muita fé e pouca luta A justiça
Levanta aí que você tem muito protesto pra Prendeu o pé-rapado
fazer Soltou o deputado
E muita greve, você pode, você deve, pode crer E absolveu os PMs de Vigário!
Não adianta olhar pro chão Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Virar a cara pra não ver Até quando vai ficar sem fazer nada?
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Jesus Até quando vai ser saco de pancada?
Sofreu não quer dizer que você tenha que
sofrer! A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco
Até quando você vai ficar usando rédea? Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro
Rindo da própria tragédia saco
Até quando você vai ficar usando rédea? A programação existe pra manter você na
Pobre, rico ou classe média frente
Até quando você vai levar cascudo mudo? Na frente da TV, que é pra te entreter
Muda, muda essa postura Que é pra você não ver que o programado é
Até quando você vai ficando mudo? você!
Muda que o medo é um modo de fazer censura Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho,
quero trabalhar
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!) O cara me pede o diploma, não tenho diploma,
Até quando vai ficar sem fazer nada? não pude estudar
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
RIO - O cantor Gabriel O Pensador não ficou surpreso ao saber que sua música "Até quando?", de
2001, foi utilizada numa questão da prova de Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2013.
O enunciado veio com o trecho inicial da canção e, depois, pediu ao candidato para responder que qualidade
as escolhas linguísticas do autor conferem ao texto. Havia cinco opções de resposta. Na opinião do artista,
que está em Montevideo, onde fez seu primeiro show no Uruguai, só errou quem escolheu a letra "A".
- Acho bom que usem minhas letras em provas escolares, e isso acontece há muito tempo. Sempre recebo
pedidos de autorização para reprodução em livros didáticos. Gosto que as letras sirvam de material para
aulas, desde interpretação até filosofia, sociologia e outras. Acho bom que provas de alcance como a do
Enem discutam temas atuais - escreveu Gabriel por e-mail ao GLOBO.
DE OLHO NA QUESTÃO
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
Gabriel O Pensador lançou em 2021 a música Patriota Comunista fazendo uma leitura da trágica
situação em que o Brasil enfrenta a política. A polarização trazida no título reflete o ódio na polarização
na política brasileira e critica a trágica administração da crise do governo em 2021 e demais políticos.
Confira o clipe que é uma boa reflexão para todos. (Ver vídeo clip)
A música cita Maradona, Paulo Gustavo, Moraes Moreira, Aldir Blanc, o menino Henry, e até o seu
pai, o médico Miguel Contino.
Enquanto retrata no trap a banalização da morte, Gabriel O Pensador aparece no vídeo dentro de
um caixão sendo enforcado e sufocado por mãos que seguram a bandeira do Brasil e, em seguida, as imagens
mostram políticos brindando sobre as lápides e ostentando dinheiro.
“Patriota Comunista” é descrita pelo rapper como um chamado. Em um comunicado à imprensa, ele
explicou:
“As pessoas se impressionam como músicas que compus a partir de 1992 continuam com mensagens atuais.
‘FDP’, ‘Pega Ladrão’, ‘Até Quando’, ‘Nunca Serão’, ‘Chega’, entre outras, compostas em décadas diferentes,
podem ser cantadas hoje e, se continuarmos assim, daqui a dez anos pode ser ainda pior. Opressão, censura,
descaso com a vida e o meio ambiente, racismo, preconceito e discriminação em geral são males que sempre
combati nas minhas composições. Infelizmente, são tão recorrentes que absurdos chegam a ser aceitos
como algo normal.
Muitos pediram para eu fazer ‘Matei o Presidente 3’. Mas o meu desabafo vai além. É uma crítica que inclui
a reflexão sobre atitudes e ‘posicionamentos’ de (des)governantes e (des)governados. Onde a nossa
compaixão virou egoísmo, onde nossa solidariedade virou ódio, onde a gente está se perdendo?”
1- Reflita sobre a letra da música e discuta com seus colegas o que você acha sobre ela: CONCORDA?
DISCORDA? POR QUÊ?
2- Destaque quais são os principais problemas que o Brasil enfrenta nos dias atuais: Crie uma tabela
seguindo os principais assuntos a seguir : cenário POLÍTICO, SOCIAL, RELIGIOSO, ECONÔMICO.
Analisar músicas, além de ser um trabalho interessante e exigir pesquisa por parte do professor
que precisa ter certo domínio do conteúdo, é um trabalho prazeroso que envolve não só o aluno, mas também
o professor e todo o ambiente do aluno, pois a partir do momento em que a música passa a fazer parte do
documento histórico, o aluno, vai buscar compreender a realidade incutida, observando o tempo em que foi
lançada, a forma como foi recepcionada e todo o processo que a envolve. Tornando assim a sala de aula, um
ambiente de pesquisa envolvendo outras disciplinas com a finalidade de tornar o conhecimento amplo,
contribuir para a compreensão dos alunos e indicar caminhos para a construção do conhecimento histórico
e formação da identidade do aluno como cidadão histórico.
PRODUTO FINAL DA ELETIVA
- PRODUÇÃO DE PODCAST
O que é podcast?
Podcast é a junção de Pod – “Personal On Demand” com broadcast (radiodifusão), atribuída ao ex-
VJ Adam Curry.
Trata-se de uma espécie de rádio digital que pode conter apenas mídia de áudio, ou áudio e vídeo.
Mas, de maneira geral, o principal objetivo dessa ferramenta é ser ouvido. Hoje, com a popularização do
podcast, alguns canais inserem a imagem como um backstage ao vivo, ou gravado, dos episódios.
O vídeo, portanto, não é fundamental para a compreensão do conteúdo, e sim apenas com um “plus”
Isso, claro, é uma das maiores vantagens do podcast. Afinal, o ouvinte pode ter acesso ao conteúdo mesmo
ao realizar atividades paralelas, como caminhadas, tarefas domésticas, etc.
O acesso a podcasts também é outro ponto muito favorável para a popularização da ferramenta. Afinal,
hoje, existem inúmeras plataformas que acomodam esse tipo de mídia, com acesso gratuito ou planos de
assinatura. Tais como:
• Spotify;
• Google Podcasts;
• Apple Podcasts;
• Deezer;
• WeCast.
A principal diferença entre eles, na maioria dos cenários, é a possibilidade de ouvir o podcast on e
offline. Para os pagantes, basta que façam o download do ou dos episódios de interesse e, assim, podem
ouvi-lo onde e quando quiserem, mesmo sem acesso à internet.
Bom, agora que você já conhece um pouco mais sobre essa ferramenta, vamos construir o nosso podcast?
Você pode escolher grandes plataformas de streaming, montar uma espécie de rádio local, ou carregar o
seu áudio nas ferramentas do Google e armazenar os episódios no Drive, para que os alunos possam ouvir
sempre que quiserem!
Hoje existe uma infinidade de tecnologias voltadas para educação, e uma das mais completas é o G
Suite.
O G Suite for Education é um pacote de ferramentas que a Google desenvolveu com o objetivo de
oferecer às instituições de ensino uma série de facilidades tecnológicas.
A plataforma possui ferramentas de gestão, comunicação, criação e colaboração. Todas com o objetivo
de tornar mais fácil a rotina de alunos, professores e gestores pedagógicos.
Algumas das ferramentas que fazem parte do G Suite for Education:
• Gmail;
• Drive;
• Criação (Documentos, Planilhas, Apresentações, Formulários, Sites, My Maps);
• Meet;
• Chat;
• Jamboard;
• Agenda;
• Grupos;
• E, claro, o Classroom.
Como nossos Pais, de Belchior: essa música foi produzida por Belchior em 1976 e imortalizada em uma
versão de Elis Regina no mesmo ano. A música tem como pano de fundo uma crítica à ditadura militar.
Brasil, de Cazuza: essa música produzida por Cazuza e lançada em seu álbum “Ideologia de 1988” tece uma
forte crítica aos políticos brasileiros. Foi produzida no contexto da redemocratização do Brasil e critica
os políticos e as desigualdades existentes na sociedade brasileira.
Um Comunista, de Caetano Veloso, e Mil Faces de um Homem Leal, dos Racionais MC: ambas as músicas
tratam de Carlos Marighella, guerrilheiro que atuou na luta contra a ditadura militar. Essas músicas servem
como ponto de partida para promover um debate sobre essa figura histórica, vista como herói por uns e
como criminoso por outros.
O bêbado e a Equilibrista
Gravada em meio à Ditadura Militar, a música O Bêbado e a Equilibrista ressalta especificamente as
dificuldades enfrentadas por artistas da época em termos de liberdade de expressão.
Sem poder criticar o que se passava no país, as opressões , ameaças e diversos outros problemas aos quais
a sociedade estava submetida, cantores e compositores se expressavam de forma velada.
Interpretada por Elis Regina, a música revela as incertezas que rondavam o período. O Bêbado faz
referência aos próprios artistas e a Equilibrista seria a esperança de que o regime acabaria e a democracia
retornasse.
Pra você
Ao retornar de seu exílio, em 1978, Chico Buarque gravou a música Apesar de Você, uma das mais famosas
de seu repertório. A música foi escrita durante a Ditadura Militar e faz referência aos “Anos de Chumbo”
do governo Médici.
Apesar da repressão que rondava o período a canção chega a ser otimista em relação á uma mudança de
toda aquela situação.
Zé Ninguém
Lançada em 1991, Zé Ninguém do grupo Biquini Cavadão, faz uma série de críticas ao contexto do período.
A música foi produzida ao longo do processo de impeachment de Fernando Collor.
A canção é sobre os benefícios desfrutados por uma pequena parcela da população, como grandes
empresários e políticos. Além disso, faz críticas a corrupção no país e ao setor judiciário.
Diário de um Detento
A música Diário de um detento dos Racionais MCs faz parte do álbum Sobrevivendo ao Inferno, cobrado
na lista de obras obrigatórias da Unicamp.
A letra foi inspirada em anotações de ex-detento Jocenir sobrevivente do massacre do Carandiru e conta
tanto o dia a dia do cárcere quanto do massacre em si, fazendo críticas a postura da política e do governo
da época. Posteriormente Jocenir lançou um livro de mesmo nome.