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Você domina os fundamentos da oratória?

Em um mundo em que prevalece cada vez mais a linguagem oral,


saber se expressar bem em público deixou de ser uma habilidade
necessária apenas para professores, políticos, comunicadores e
palestrantes.

Mesmo cientistas e profissionais dedicados à área técnica precisam


recorrer à oratória para disseminar suas ideias, planejar e
executar apresentações de sucesso.

Essa é uma etapa fundamental para conquistarem investimentos,


apoio a pesquisas e se tornarem autoridade em seu setor de
atuação.

O mesmo raciocínio vale para qualquer outro profissional, pois a


oratória está relacionada ao poder de convencimento –
competência desejada para quem trabalha nos mais diversos
departamentos.

Um executivo do departamento comercial precisa desse recurso


para vender um produto, enquanto o CEO da empresa o utiliza
para expor suas ideias, motivar os funcionários e melhorar os
resultados financeiros.

Há quem ainda acredite que a oratória está restrita a pessoas que


já nasceram com algum tipo de dom para comunicação, mas essa
é uma ideia ultrapassada.

Mesmo que seja uma pessoa tímida e pouco adepta aos discursos,
você pode aprender a se expressar em público de forma eloquente
e até inspiradora.

Neste artigo, vamos mostrar como trabalhar a oratória


para desenvolver a habilidade de falar bem para públicos
distintos, despertando sua atenção, respeito e provocando
reflexões.
Leia até o final para conferir ainda sete dicas práticas para se
tornar um orador capaz de conquistar diferentes plateias.

Você também pode navegar pelos tópicos abaixo:

o O que é oratória?
o Origem da oratória
o Para que serve a oratória?
o Importância da oratória
o Tipos de oratória
o Oratória pedagógica
o Oratória religiosa
o Oratória política
o Oratória forense
o Como desenvolver uma boa oratória
o Como falar bem em público
o 7 técnicas de oratória usada por especialistas

Boa leitura!

Uma boa oratória não pode ser um objetivo apenas de pessoas comunicativas; todos
precisam dominar uma boa leitura saber, acentuar as palavras pronunciadas

O que é oratória?
De acordo com o dicionário Michaelis, oratória é a arte e prática
de falar em público; retórica.

Classificar a oratória como arte pode deixar a impressão de que se


trata de um dom, uma habilidade inata que não pode ser
aprendida.

No entanto, vale recordar que existem várias definições para o


conceito de arte, incluindo estudos do famoso filósofo Platão, que
descreve a arte como forma de conhecimento ou atividade
humana racional e utilitária.
Nesse sentido, a arte está sujeita a regras, se opõe ao acaso ou ao
natural – o que engloba a ciência e filosofia e se aproxima do
significado da palavra “técnica”.

Podemos, então, dizer que a oratória corresponde a um conjunto


de técnicas que auxiliam a composição e declamação de discursos
envolventes.

A oratória também é um dos segmentos de expressão da retórica,


campo que emprega a linguagem para persuadir ou transmitir
uma mensagem de forma convincente.

Assim como muitas outras coisas, a oratória tem seu desenvolvimento na Grécia Antiga

Origem da oratória
Há diferentes teorias sobre a origem do estudo sobre os discursos.

Algumas linhas de pensamento afirmam que a oratória nasceu


no Antigo Egito, junto ao poder de persuasão dos faraós.
Porém, os primeiros registros sobre técnicas para falar em público
vêm da Grécia Antiga, o que sugere que a prática da oratória se
iniciou integrada à retórica.

Para explicar melhor, a retórica não se restringe ao discurso


falado. Ela também se aplica à literatura, publicidade e formatos
de arte, como a pintura e a música.

Assim, a oratória se refere à aplicação da retórica em


apresentações, palestras e falas para transmitir mensagens,
argumentar ou simplesmente distrair o público.

Tudo começou no século V antes de Cristo, quando a


retórica ganhou atenção entre os gregos de Atenas e da Sicília.

Na época, cidadãos interessados em melhorar sua argumentação


contratavam sofistas, que eram como professores que ensinavam
a influenciar ouvintes em audiências públicas.

Até então, o estudo da oratória (componente da retórica) tinha


somente o objetivo de convencer o público a concordar com as
ideias daquele que discursava.

Essa perspectiva passou por transformações a partir das teorias


de Sócrates e Aristóteles, que consideravam a retórica
uma importante ferramenta da filosofia.

Nos séculos seguintes, a oratória recebeu um sentido mais amplo,


sendo referenciada como a prática de falar em público e servindo a
diversos propósitos.
Falar em público e conseguir cativar as pessoas são fins da oratória

Para que serve a oratória?


De forma resumida, a oratória dá suporte para quem deseja
falar bem em público.

Segundo o filósofo e educador escocês George Campbell, a retórica


(incluindo a oratória) serve a quatro objetivos principais:

o Instigar a imaginação
o Favorecer a compreensão
o Despertar paixão
o Influenciar a determinação.

Vamos tomar como exemplo um aluno que tem dificuldades para


entender e aplicar conceitos de Física.

Se ele tiver um professor que se prende apenas às fórmulas,


dificilmente vai conseguir aprender essa matéria.

Por outro lado, se o professor explicar de onde as fórmulas vêm e


porque devem ser aplicadas a certo contexto, pode atrair a
atenção e despertar a curiosidade do aluno, dando suporte para
que ele supere as dificuldades.

Dominar os fundamentos da oratória ajuda nesse processo, pois


dá base para que o educador formule apresentações claras,
simples e interessantes para suas aulas.

A arte de falar em público também contribui para a conquista de


patrocínios, vagas de trabalho, melhoria do relacionamento
interpessoal e integração de equipes, através da propagação de
ideais políticos, religiosos e sociais.

Ao longa da história, grandes oradores mostraram como o discurso


pode ser empregado para mobilizar o público em prol de
diferentes objetivos, desde os mais nobres até os mais obscuros.

O ativista e pastor Martin Luther King Jr. é um exemplo de


liderança que usou a oratória para disseminar uma mensagem de
igualdade de direitos nos Estados Unidos.

Ele ganhou fama mundial por apresentações como o discurso “I


Have a Dream”, sendo premiado com o Nobel da Paz em, 1964 por
sua larga contribuição no combate ao racismo sem recorrer à
violência.

Já o ditador nazista Adolf Hitler é conhecido por cativar sua


audiência com ideias preconceituosas a respeito de judeus,
negros e homossexuais, também por meio de discursos.

Suas apresentações e atitudes resultaram em atrocidades e na


morte de milhões de soldados e civis durante o Holocausto e
a Segunda Guerra Mundial.
É inegável a importância da oratória no desenvolvimento de uma carreira profissional

Importância da oratória
Embora não esteja presente na grade curricular da maioria das
escolas e faculdades brasileiras, a oratória é reconhecida por
entidades internacionais, como a Universidade de Cambridge.

Referência mundial em diversas áreas do saber, a instituição


inglesa oferta cursos rápidos para ajudar pesquisadores
a estruturar suas apresentações em público e realizar discursos
interessantes.

Afinal, sem uma divulgação eficiente, mesmo grandes pesquisas


podem ser deixadas de lado ou até interrompidas por falta de
investimento.

Além disso, pesquisadores capazes de se expressar bem abrem as


portas para oportunidades promissoras de trabalho.

O mesmo raciocínio vale para profissionais de outros setores, que,


uma hora, vão precisar falar em público para engajar suas
equipes, conquistar novas parcerias, anunciar mudanças em um
departamento ou simplesmente defender sua opinião em
uma entrevista de emprego.

Daí a importância da oratória.

Sem esse recurso, conteúdos relevantes podem se tornar


monótonos, funcionários e parceiros podem se sentir
desestimulados e excelentes profissionais podem perder uma vaga
para colegas que se comunicam melhor.

Observe que dominar a arte da oratória agrega benefícios para


profissionais de todos os setores e em todos os momentos da
carreira.

Há diversos tipos de oratória, que podem ser usados em campos completamente


diferentes

Tipos de oratória
Como explicamos acima, Aristóteles foi um dos filósofos que se
dedicou ao estudo da retórica e da oratória.

Para ele, existem três gêneros do discurso ou tipos de oratória:


o Judiciária – realizada no tribunal, tem como meta defender
ou acusar um suspeito de crime
o Deliberativa – originada na Assembleia ou Senado,
aconselha o público a escolher o que se considera a atitude
mais conveniente
o Epidíctica – se vale da censura ou elogio de exemplos
(pessoas ou situações) para que o público reflita e tire lições
para tomar decisões assertivas no presente.

Contudo, essa classificação foi questionada por pensadores


como Cícero e Quintiliano, especialmente porque a maioria dos
discursos não se encaixa em apenas um gênero.

Mas o estudo de Aristóteles inspirou classificações modernas, que


consideram a finalidade e público-alvo.

Confira, abaixo, os quatro principais tipos de oratória estudados


em cursos atuais:

Oratória pedagógica
Tem como premissa o compartilhamento de
conhecimentos através de apresentações simples e didáticas.

Por isso, é a modalidade mais utilizada em salas de aula,


apresentações interativas, workshops, seminários e palestras.

Oratória religiosa
Empregado principalmente na difusão de valores morais e
conselhos sobre conduta, esse tipo de oratória costuma adotar um
tom brando e discurso reflexivo.

Oratória política
Gênero popular entre estadistas, vendedores e lideranças, a
oratória política combina vivacidade, persuasão e entusiasmo, a
fim de convencer os ouvintes sobre os benefícios de determinada
atitude.
Oratória forense
Semelhante à oratória judiciária de Aristóteles, se vale
de raciocínio lógico, provas, argumentação e demonstrações para
defender um ponto de vista.

A prática é a amiga da perfeição; comece treinando em um microfone ou no espelho

Como desenvolver uma boa oratória


Em artigo sobre o tema, o economista e especialista em Liderança
e Gestão Estratégica, Eduardo Mendes, afirma que existem dois
passos essenciais para aprimorar a oratória: conhecer as técnicas
disponíveis e treinar.

A primeira pode ser desenvolvida a partir da leitura, palestras e


cursos a respeito da oratória.

Por meio desse conhecimento, o interessado terá contato com


diferentes estratégias para melhorar sua capacidade de
comunicação, despertando o interesse de vários tipos de público –
seja ele formado por uma pessoa ou uma multidão.
Estruturar o discurso em alternativas, por exemplo, pode ser útil na
apresentação de diferentes pacotes de serviço a clientes em
potencial, delimitando as opções para facilitar a escolha da mais
adequada.

Já o treinamento serve para complementar os conhecimentos


sobre as modalidades e estrutura dos discursos, oferecendo
uma perspectiva prática.

Se você for uma pessoa tímida ou inexperiente no palco,


experimente começar falando para o espelho e, quando perceber
que assimilou bem o conteúdo, fale para uma plateia pequena,
formada por amigos ou familiares.

Peça e ouça os feedbacks dessas pessoas e os incorpore à sua


apresentação, até que seu discurso se torne claro, atraente e
adaptado à audiência que você pretende atingir.

Falar bem em público é um diferencial sensacional; um gestor precisa dominar essa arte

Como falar bem em público


Treinamento também é um dos fatores mais importantes para
falar bem em público.

Afinal, ao desenvolver a habilidade da oratória, você estará


preparado para se apresentar diante do público de maneira
eloquente, conquistando sua atenção.

E o primeiro passo para uma palestra de sucesso é dominar o


conteúdo abordado, o que pede leitura e estudo sobre o tema.

Essa preparação diminui as chances de erro, torna o discurso


mais consistente e agrega informações sobre as principais
dúvidas que podem surgir entre os seus ouvintes, permitindo que
você selecione as respostas.

Além disso, elaborar a apresentação com antecedência ajuda a


diminuir a ansiedade e contornar o medo de expor suas ideias
para um grupo de pessoas.

O medo é um mecanismo de proteção espontâneo, que surge


diante de situações consideradas perigosas, sejam elas reais ou
imaginárias.

Assim, no contexto de uma palestra, é natural ter medo de errar, se


confundir ou se perder durante a explanação.

Mas esse medo não tem base racional, pois as situações podem
não acontecer.

Então, o segredo de falar bem em público é diminuir a


autocobrança e se concentrar apenas no que está sob o seu
controle, como a escolha do conteúdo, ferramentas que vão dar
suporte e preparo usando técnicas de oratória.

Se você ainda não conhece essas estratégias, fique tranquilo.

Vamos mostrar algumas a seguir.


Conhecer seu público é um dos pontos vitais para ser um bom orador

7 técnicas de oratória usadas por


especialistas
Agora que você já conhece mecanismos para superar o medo das
apresentações em público, vale utilizar técnicas para aperfeiçoar a
oratória.

Como qualquer outra habilidade, a arte de discursar pode e deve


ser exercitada, se possível, diariamente, a fim de gerar
familiaridade e tornar o discurso cada vez mais espontâneo.

Veja mais insights:

1. Prepare sua apresentação


Embora existam bons improvisadores, anotar e estruturar o
discurso ainda é uma das formas mais eficientes de transmitir
qualquer mensagem.
Claro que a ideia não é ler um texto para a plateia, mas sim guiar a
palestra com fluidez e de maneira lógica, facilitando sua
compreensão.

Por isso, não escreva longos slides; procure inserir palavras-


chave e imagens que orientem sua fala e atraiam a curiosidade da
audiência.

2. Escolha a linguagem mais adequada


Aqui, é fundamental conhecer o universo em que sua audiência
está inserida, visando adaptar sua mensagem a ele.

Uma palestra sobre o funcionamento da bolsa de valores para


economistas deve ser diferente de uma conversa com estudantes
do Ensino Médio, concorda?

Então, pergunte e pesquise sobre sua audiência antes de preparar


a apresentação, escolhendo entre linguagem formal ou informal,
uso de termos técnicos, recursos visuais, etc.

3. Aposte na objetividade
Quem nunca teve sono ou vontade de sair durante uma palestra
longa e confusa?

Isso acontece quando o expositor se esquece da objetividade na


hora de expressar suas ideias, deixando de lado a clareza e até
perdendo a segurança quanto ao seu ponto de vista.

Tenha em mente que o público é composto por pessoas com


diferentes níveis de conhecimento a respeito do tema da sua fala, e
que todas devem ser cativadas.

Para aprimorar seu poder de síntese e argumentação, Milton Costa


Junior, coordenador de cursos sobre apresentações
públicas, sugere o desenvolvimento do hábito de leitura e
escrita.
4. Faça pausas estratégicas
Ao final de um tópico ou questão polêmica, é importante realizar
breves pausas para que o público assimile o conteúdo e você se
recorde dos próximos passos.

Uma ideia é marcar as paradas com a mudança de um slide para o


outro, uma pergunta retórica ou até uma música.

Como explica Milton Costa Junior, as pausas colaboram para a


manutenção da linha de pensamento, evitando confusões e o
temido “branco” durante a apresentação.

5. Foque na narrativa
A técnica de contar histórias serve bem aos mais variados temas,
públicos e objetivos.

Afinal, todos gostam de ouvir narrativas envolventes, que chamem


a atenção para novas soluções em sua carreira e na vida pessoal.

Use seu próprio exemplo, de personalidades ou colegas para


inspirar a plateia e provocar empatia nos seus ouvintes.

Para alcançar narrativas envolventes, leia nosso artigo


sobre storytelling.

6. Alinhe gestos, entonação e mensagem


Apesar de a mensagem ser o elemento central da sua
apresentação, lembre-se de que ela precisa ser passada de um
jeito coerente.

Isso significa que os seus movimentos, expressão facial e tom de


voz devem estar alinhados para transmitir a mesma ideia.

Caso contrário, a plateia pode pensar que você não acredita


naquilo que está falando, o que compromete a credibilidade do
seu discurso e do conteúdo abordado.
7. Eleja referências
Desenvolver a oratória fica mais fácil se você acompanhar
palestrantes, apresentadores e comunicadores que contam
com sua admiração.

Ao longo deste texto, citamos algumas personalidades que


deixaram sua marca na história através de discursos expressivos e
cativantes.

Acompanhando a trajetória desses e outros indivíduos, você vai


assimilar, aos poucos, estratégias que eles utilizam para aprimorar
seu discurso.

Só tome cuidado para não imitar nenhum deles, porque isso


diminui a espontaneidade da sua fala e a confiança da audiência.

Se preferir, você pode buscar modelos e ampliar seus


conhecimentos em cursos de oratória.

Conclusão
Neste artigo, apresentamos um guia completo para desenvolver e
aprimorar a oratória, com conceitos, histórico e técnicas
sugeridas por especialistas.

Seja qual for sua área de atuação, aperfeiçoar essa competência


aumentará suas chances de promoção, sucesso profissional e
conquista das melhores vagas de trabalho.

Para isso, é importante treinar o discurso e desenvolver


habilidades que darão suporte para falar em público,
como inteligência emocional e comportamento empreendedor.

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