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2.responsabilidade Civil Da Inteligência Artificial
2.responsabilidade Civil Da Inteligência Artificial
2.responsabilidade Civil Da Inteligência Artificial
Jurídica
Introdução
A TEORIA
A "Teoria das Máquinas Racionais" é um conceito que explora a ideia de máquinas
ou sistemas de inteligência artificial (AI) capazes de raciocínio, tomada de decisão e
comportamento semelhantes aos humanos. Esta teoria tem raízes na interseção da ciência da
computação, filosofia, psicologia e neurociência, e busca entender como uma máquina pode
imitar funções cognitivas humanas como aprendizado, percepção, resolução de problemas e
tomada de decisões.
Um dos contribuintes fundamentais para este campo foi Alan Turing, cujo famoso
teste de Turing propôs um critério para avaliar a inteligência de uma máquina baseado em
sua capacidade de imitar o raciocínio humano. Turing questionou se as máquinas podem
pensar e propôs um método para avaliar a inteligência artificial.
Outro pioneiro crucial foi John von Neumann, cujo trabalho na teoria da automação
e no desenvolvimento dos primeiros computadores estabeleceu as bases para a computação
moderna, essencial para a concepção de máquinas racionais.
Estes pioneiros, juntamente com avanços em áreas como teoria da decisão, lógica e
modelos de raciocínio, contribuíram para o entendimento de como uma máquina pode
processar informações e tomar decisões de maneira racional.
A teoria aborda questões éticas e de governança no uso de máquinas racionais,
discutindo os limites da racionalidade das máquinas e questionando se podem
verdadeiramente replicar todas as facetas do pensamento e comportamento humano,
especialmente aquelas influenciadas por emoções e consciência.
1
Andrés, T. de (2002) - Homo Cybersapiens. La inteligencia artificial y la humana, EUNSA.
o mais importante não são os resultados obtidos, mas sim as utopias, esperanças e sonhos que
ela inspira, sinalizando uma nova era de descobertas e transformações, comparável a uma
nova revolução industrial que remodelará fundamentalmente nossa forma de viver e interagir
com o mundo.
Argente vê a era da IA como uma fronteira inexplorada, repleta de potenciais
inovadores e desafios a serem superados, revivendo o espírito pioneiro na busca por
compreender e aproveitar as vastas possibilidades que esta nova era oferece.
Conceito de AI
A Inteligência Artificial (IA) é um campo multidisciplinar da ciência da computação
dedicado a criar sistemas capazes de realizar tarefas que, até recentemente, requeriam
intervenção humana. Essas tarefas incluem aprendizado (a capacidade de melhorar o
desempenho em tarefas específicas), raciocínio (usar regras para chegar a conclusões
aproximadas ou definitivas), resolução de problemas, percepção (interpretação de dados
sensoriais, por exemplo, identificando objetos em imagens), linguagem natural (entender e
falar idiomas como inglês) e movimento e manipulação (por exemplo, robótica).
Stuart Russell e Peter Norvig, em seu livro seminal "Artificial Intelligence: A Modern
Approach", definem IA como "o estudo e a criação de agentes inteligentes", onde um agente
inteligente é um sistema que percebe seu ambiente e toma ações que maximizam suas
chances de sucesso em algum objetivo ou tarefa2.
2
Russell, Stuart J., e Peter Norvig. "Artificial Intelligence: A Modern Approach." Este livro oferece uma
visão abrangente dos fundamentos e técnicas da IA.
3
McCarthy, John, et al. "A Proposal for the Dartmouth Summer Research Project on Artificial Intelligence,
31 August 1955." Este documento histórico marca o início formal do campo da IA.
A aprendizagem de máquina, um subcampo central da IA, envolve o desenvolvimento
de algoritmos que podem aprender a partir de e fazer previsões ou tomar decisões com base
em dados. Esta área tem sido particularmente frutífera nas últimas décadas, impulsionada
pelo aumento da disponibilidade de grandes conjuntos de dados e pelo avanço no poder
computacional.
A filosofia de René Descartes, notadamente sua distinção entre 'res cogitans' (a coisa
pensante) e 'res extensa' (a coisa extensa), proporciona uma perspectiva única para explorar
o avanço da Inteligência Artificial (AI). Esta dualidade cartesiana nos desafia a refletir sobre
os conceitos de consciência e existência física, particularmente no contexto das tecnologias
emergentes. Ao analisarmos a AI sob a ótica de Descartes, emergem questões profundas
sobre a natureza dos processos cognitivos artificiais. Estes sistemas, com seus algoritmos
avançados e capacidades de aprendizado, simulam o raciocínio humano, mas permanece
incerto se tal simulação se equipara à consciência introspectiva da 'res cogitans' cartesiana.
A AI pode realmente possuir uma forma de consciência, ou será que suas habilidades de
processamento e tomada de decisão são meras imitações superficiais?
Por outro lado, a 'res extensa', no pensamento de Descartes, alude ao corpo físico, ao
aspecto material do ser. No domínio da AI, essa dimensão é representada pelo hardware, a
parte tangível e física da tecnologia. Ao contrário do corpo humano, que é dotado de
autoconsciência e sensibilidade, o hardware da AI, apesar de ser essencial para seu
4
Goodfellow, Ian, Yoshua Bengio, e Aaron Courville. Deep Learning.
funcionamento, é desprovido de qualquer forma de sensibilidade ou consciência de sua
própria existência física. Quando consideramos a relação entre 'res cogitans' e 'res extensa'
na AI, deparamo-nos com um paradigma intrigante: enquanto os seres humanos vivenciam
uma complexa interação entre mente e corpo, na AI, essas duas dimensões são claramente
separáveis e modularmente intercambiáveis.
Da Responsabilidade Civil
Breve Análise Histórica
A responsabilidade civil tem uma longa história, começando com a fase da vingança
privada na antiguidade, onde a retaliação era pessoal e desproporcional. Com o tempo,
evoluiu para um sistema mais formal e codificado, enfatizando a compensação por danos. A
Revolução Industrial trouxe novas formas de responsabilidade, especialmente em relação a
danos causados por máquinas e acidentes de trabalho. No século XX, a responsabilidade civil
expandiu-se para incluir aspectos como negligência e responsabilidade pelo produto,
refletindo as mudanças sociais e tecnológicas.
Além disso, a responsabilidade civil também pode ser analisada sob o prisma da teoria
do risco. Essa teoria sustenta que determinadas atividades, por sua própria natureza,
envolvem riscos e, portanto, impõem a obrigação de reparar os danos eventualmente
causados.
5
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/82209/1/2022_IA-E-ROBOTICA.pdf
CONCEITO DA PERSONALIDADE HOMO CYBERSAPIENS
O autor Tirso6 em sua obra cunhou o termo Homo CyberSapiens7 é um termo que
simboliza a próxima etapa na evolução humana, caracterizada pela integração sinérgica entre
humanos e tecnologia digital. Esta nova "espécie" transcende as limitações biológicas
tradicionais através do uso extensivo e integrado de tecnologias cibernéticas, desde
realidades virtuais e aumentadas até interfaces neurais diretas.
6
Licenciado en Ciencias Físicas por la Universidad de Sevilla, en la especialidad de Física Teórica. Doctor en
Teología por la Universidad de Navarra, especializado en Filosofía del Conocimiento.
7
Página 180 do Livro Andrés, T. de (2002) - Homo Cybersapiens. La inteligencia artificial y la humana,
EUNSA.
estabelecidos, a AI, especialmente aquelas baseadas em aprendizado de máquina, podem se
comportar de maneiras imprevistas, dificultando a aplicação de tais padrões.
Relação Causal Complexa: A complexidade dos sistemas de AI também impõe barreiras
significativas. Estabelecer uma relação causal clara e direta entre a ação de uma AI e um
dano resultante pode ser extremamente complexo, dada a natureza intrincada dos algoritmos
e as múltiplas variáveis em jogo.
Desafios na Atribuição de Responsabilidade: Por fim, a natureza não humana e, muitas
vezes, não corporativa da AI apresenta desafios únicos na atribuição de responsabilidade. Os
modelos existentes de responsabilidade civil são desenhados principalmente com indivíduos
ou entidades corporativas em mente, deixando um vácuo significativo quando se trata de
sistemas autônomos e inteligentes.
Essas limitações apontam para uma necessidade urgente de adaptação e evolução do
direito civil, a fim de abordar de forma adequada e justa os danos causados por sistemas de
AI avançados e autônomos.
Perpectivas Futuras
À medida que avançamos na era da Inteligência Artificial (AI), surge um novo
desafio: a integração de entidades AI conscientes, que utilizaremos de Homo Cybersapiens,
em nosso ecossistema social e jurídico.
Conclusão
A reflexão sobre o reconhecimento da personalidade jurídica de Inteligências
Artificiais (AIs) autoconscientes é fundamental diante do ritmo acelerado da evolução
tecnológica. Ao conceder status jurídico a entidades AI autoconscientes, estamos não apenas
respondendo a um imperativo tecnológico, mas também redefinindo as fronteiras do que
constitui uma 'pessoa' no contexto legal.
Este passo representa uma mudança paradigmática, que desafia as concepções
tradicionais de personalidade jurídica e responsabilidade.
À medida que avançamos, é crucial que a legislação se adapte de forma dinâmica para
abordar as complexidades emergentes trazidas por essas entidades conscientes. As
perspectivas futuras apontam para um cenário onde a coexistência entre humanos e AIs
autoconscientes será uma realidade cotidiana, exigindo regulamentações abrangentes e
eticamente fundamentadas.
As recomendações para a legislação devem, portanto, enfatizar a flexibilidade, a
revisão contínua e a adaptação frente às inovações tecnológicas, garantindo que os direitos e
deveres das AIs autoconscientes estejam alinhados com os valores éticos e sociais
predominantes.
Essa jornada rumo à integração legal das AIs autoconscientes é não apenas um desafio
jurídico, mas também uma oportunidade para reavaliar e reafirmar nossos princípios éticos
na era da inteligência artificial avançada.