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OBSERVAÇÕES INICIAIS

A prova tão aguardada prova do ENAM foi aplicada dia 14/04/2024. Desde a
saída da prova, iniciamos os contatos com nossos alunos em uma sequência frenética de
lives, onde já esmiuçamos todas as nossas críticas e análises sobre como os temas foram
tratados nesta primeira edição do Exame Nacional. No entanto, sabemos que o apoio
esperado é este: a tradicional prova comentada do Mege!
A nossa intenção neste material é auxiliar nossos alunos e seguidores na análise
da elaboração de seus recursos, além de possibilitar, em formato conclusivo, a revisão
de temas cobrados um estudo direcionado em suas próximas provas. A nossa análise é
uma tradição obrigatória para todo concurseiro de magistratura.
O arquivo apresentado trata de versão preliminar elaborada com as finalidades
informadas e concluído por nosso time específico de magistratura, sem maiores
pretensões de aprofundamento ou trabalho editorial neste momento, que é de puro
apoio. A equipe Mege, no curto tempo disponível entre a divulgação do gabarito e a
apresentado deste material, constatou uma informação MUITO valiosa para nossos
alunos (destrinchada questão a questão até para facilitar a localização de cada
correspondência informada):
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Os feedbacks de vocês enchem nosso coração de alegria! Nós seguimos


ansiosos pela lista de aprovações para parabenizá-los um a um. No entanto, ainda
estamos na luta por mais aprovados através das anulações indicadas neste momento!
RESUMO DAS MACRO INFORMAÇÕES DA PROVA

Os nossos professores entendem que 15 (quinze) questões, em especial, estão


envolvidas em maior polêmica a serem apreciadas (2, 15, 16, 24, 30, 34, 51, 52, 61, 63,
69, 71, 76, 77, 78). Portanto, podem ter suas situações alteradas na fase recursal, o que
deixa em aberto a aprovação no ENAM para candidatos que tenham errado as suas
respostas preliminares. Nesta edição, ouvimos centenas de alunos sobre suas sugestões
de recursos, o que tornou esta tarefa uma epopeia! Mas, lemos tudo! Abaixo, realmente,
é o nosso parecer sobre as reais chances do que pode ser discutido com maior
probabilidade de alteração (mas, não deixem de recorrer de outras que também
vislumbrem qualquer inconsistência).
Diante disso, em nosso sentimento, ainda é possível sonhar com a aprovação na
ampla concorrência até mesmo com nota abaixo de 50 (tendo como parâmetro o corte
atual e uma margem de erro razoável sobre a quantidade de anulações).
A sua maior ou menor probabilidade dependerá do aproveitamento das questões
mais polêmicas. Trata-se de mera opinião de parâmetro circunstancial de tudo que
temos de informação neste momento.
Em cotas, deve-se analisar o desempenho nas questões que apontamos com maior
probabilidade de mudança, portanto, notas abaixo de 34 ainda possuem a ter chances.
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Aos alunos da turma do Mege para o ENAM, pedimos que não deixem de reler os
conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. Nós demos o nosso melhor!
Vocês também! A correria foi intensa e só demonstra que, independentemente de
qualquer resultado, vocês são vocacionados e estão no caminho certo!
Como perceberam, o estudo em sprint final sempre é revertido em pontos
decisivos. As turmas de reta final são um sucesso desde nossa primeira edição. O
trabalho de pesquisa faz a diferença! Até mesmo no aulão de véspera conseguimos ser
assertivos e presentar bons pontos ao lado de todos no momento do último estudo.
No entanto, o estudo ganha qualidade quando dedicamos um tempo maior para
assimilação. Neste sentido, não deixem de considerar a matrícula imediata no Clube da
Magistratura. Inclusive, os alunos do clube recebem acesso à turma do ENAM.
Na próxima página, apresentamos a tabela com resumo das principais informações
para consulta.
Nº de MEGE Percentual de antecipações
DISCIPLINA
questões ANTEICPA! na matéria
16 15 94%
Nº de
Identificação das questões passíveis de
CONSTITUCIONAL questões
recursos
anuláveis
3 2, 15 e 16
10 10 100%
Nº de
DIREITO Identificação das questões passíveis de
questões
ADMINISTRATIVO recursos
anuláveis
1 24
6 6 100%
Nº de
Identificação das questões passíveis de
HUMANÍSTICA questões
recursos
anuláveis
1 30
6 5 83%
Nº de
DIREITOS Identificação das questões passíveis de
questões
HUMANOS recursos
anuláveis
1 34
12 12 100% 5
Nº de
DIREITO Identificação das questões passíveis de
questões
PROCESSUAL CIVIL recursos
anuláveis
0 0
12 10 83%
Nº de
Identificação das questões passíveis de
DIREITO CIVIL questões
recursos
anuláveis
2 52, 61
6 6 100%
Nº de
DIREITO Identificação das questões passíveis de
questões
EMPRESARIAL recursos
anuláveis
1 63
12 11 91%
Nº de
Identificação das questões passíveis de
DIREITO PENAL questões
recursos
anuláveis
5 69,71,76,77,78
É importante mencionar que o Clube da Magistratura, em seu conteúdo, seria
suficiente para acertar TODAS AS QUESTÕES DO ENAM (100%) com folga. Com a
atualização constante de nossos materiais, as questões aqui tratadas já entrarão em sua
rota de menção nos nossos próximos materiais. Da mesma forma, a turma ENAM II
seguirá atenta a adaptações necessárias diante do que foi observado, matéria a matéria,
nesta primeira prova. Nós fomos felizes quando mesclamos uma abordagem analítica e
decoreba no estudo para esse primeiro exame. A prova comentada irá expor como tudo
ocorreu.
É válido citar ainda que, neste momento, estamos com inscrições abertas para as
turmas de reta final para o ENAM II e para o Clube da Magistratura 2024.1 (que já 6
oferece acesso à turma focada no Exame Nacional).

Clube da Magistratura 2024

LINK abaixo para turma do ENAM II (pré-lançamento promocional)


ENAM: A confirmação do MEGE como CURSO nº 1 do BRASIL PARA MAGISTRATURA
2.111 aprovações de nossos alunos na carreira (desde 2015) fazem a diferença!

O gráfico abaixo representa o desempenho geral dos candidatos do concurso


atrelados ao curso que apontaram como o escolhido para apoio específico para o
certame. Algo apurado em plataforma que não temos qualquer tipo de vínculo ou
parceira - informação genuína e que nos enche de orgulho há muitos anos!

CAMINHOS POSSÍVEIS APÓS O ENAM E TURMAS INDICADAS

Após a conferência do gabarito oficial, dividimos os candidatos em 5 grupos!


🎯 Grupos 1 e 2 (1. Menos de 30 pontos - candidato do sistema de cotas; 2.
Menos de 40 pontos - candidato da ampla concorrência): focar diretamente na próxima
turma do mege para o ENAM. Em nossa visão, é mais produtivo dedicar energia pelos
próximos meses ao estudo apenas das disciplinas do Exame Nacional. Isso irá aumentar
chances de aprovação e acelerará a sua condição como candidato em concursos. Depois
da aprovação, nós ajudaremos na retomada com as demais matérias.
🎯 Grupos 3 e 4 (3. Mais de 30 e menos de 40 pontos - candidato do sistema de
cotas; 4. Mais de 40 e menos de 56 pontos - candidato da ampla concorrência): Você
não foi aprovado agora, mas com 6 meses pela frente não será difícil auxiliar em sua
evolução para uma condição mais confortável para aprovação. No entanto, em sua
condição, embora o ENAM continue como objetivo principal para os próximos meses, é
importante que também tenha contato com o universo de concursos (e demais
disciplinas e simulados) da sua carreira. Isso auxiliará de forma decisiva a sua retomada
aos editais após aprovação no ENAM. Nós conduziremos as orientações necessárias na
medida certa para dosar o seu foco no Exame Nacional e as informações em outros
conteúdos de forma leve, mas não que não o deixará distante do restante da bagagem
necessária para ser aprovado nas primeiras fases de concursos seguintes.
🎯 Grupo 5 (Aprovados no ENAM - sistema de cotas e ampla concorrência):
Parabéns! Você agora terá um universo de possibilidades a serem aproveitadas e deverá
fazer inscrições em todos os concursos possíveis. O Clube da Magistratura é sua turma
obrigatória! É o curso que irá lhe acompanhar desde as próximas primeiras fases até a
prova oral. Além disso, não deixe de acompanhar as turmas de retas finais lançadas pelo
Mege para cada desafio específico.

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO ENAM, NÃO SE DESESPERE!


O Clube da Magistratura foi pensado para todos os níveis de concurseiro da carreira.

Se você presta concursos de magistratura em outros estados, o Clube da


Magistratura conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do
concurso. Em 2024, viveremos a sua melhor versão da história! Inclusive com módulos
complementares ao de Magistratura Estadual, com divisões específicas para o ENAM,
Magistratura Federal e Magistratura Trabalhista.
Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma
personalizada; e até mesmo com a tão desejada opção de acompanhamento
personalizado.
Vale a pena conferir!

SOBRE COMO RECORRER (SUGESTÃO DE MODELO)


Antes de apresentarmos, é importante destacar que qualquer questão ANULADA
beneficiará a todos (segundo o edital do ENAM). Então, este é um momento de união:
EDITAL DO ENAM

10.5. Se a análise do recurso resultar em anulação de questão ou de quesito


integrante de prova, a pontuação correspondente a essa questão ou quesito será
atribuída a todas as examinandas e a todos os examinandos, independentemente de
terem recorrido. A questão objeto de recurso será anulada caso seja constatado erro
material na indicação da resposta correta no gabarito oficial preliminar ou qualquer
outra inconsistência na sua formulação, atribuindo-se a pontuação da questão a todas
as pessoas examinandas.

10.6. Se houver alteração, por força de impugnações, de gabarito oficial preliminar


de questão integrante de prova, a alteração valerá para todas as pessoas examinandas,
independentemente de terem recorrido. 9
Na live1 sobre questões passíveis de revisão (dia 16/04 em nosso Youtube),
explicamos alguns termos que fazem sentido neste momento:
1. Como interpretar as lacunas do edital;
2. A mentalidade de abordagem recursal ampla;
3. Os candidatos devem apresentar um ataque simultâneo (sem copiar e
colar recursos uns dos outros);
4. Foco em anular (e não em alterar alternativa);
5. Sejam objetivos (facilitem a vida do revisor).

MODELO DE RECURSO (QUESTÃO 16)

Egrégia Banca Examinadora.


O presente candidato vem, respeitosamente, pleitear a anulação da questão de nº 16 do
Exame Nacional da Magistratura, pelas razões que passa a justificar.
A alternativa I da referida questão não expressa o posicionamento do Supremo Tribunal
Federal a respeito do tema, isso porque, embora, de fato, a Corte tenha reconhecido a

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Link da live: https://www.youtube.com/watch?v=4xFXIf7A4Fc
repercussão geral da matéria atinente à possibilidade de execução imediata de pena
aplicada pelo Tribunal do Júri (Tema 1068), a decisão faz referência a penas fixadas acima
de quinze anos, em decorrência de condenação pelo tribunal do júri, conforme destaque
abaixo:
Decisão: “Após o voto-vista do Ministro André Mendonça, que acompanhava
integralmente o eminente Relator, no sentido de conhecer do recurso extraordinário e
dar-lhe provimento, para negar provimento ao recurso ordinário em habeas corpus,
anuindo à tese de julgamento fixada: "A soberania dos veredictos do Tribunal do Júri
autoriza a imediata execução de condenação imposta pelo corpo de jurados,
independentemente do total da pena aplicada"; e do voto do Ministro Edson Fachin, que
divergia do Relator e do Ministro Gilmar Mendes, para o fim de reconhecer como ainda
constitucional a execução imediata prevista em lei infraconstitucional das penas fixadas
acima de quinze anos, em decorrência de condenação pelo tribunal do júri, e no caso
concreto, com fundamento diverso do eminente Relator, dava provimento ao recurso
para determinar a prisão do recorrido, uma vez que na hipótese a pena em concreto foi
quantificada em 26 (vinte e seis) anos e 8 (oito) meses de reclusão, o processo foi
destacado”.
Link para acesso:
“https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incid
ente=5776893&numeroProcesso=1235340&classeProcesso=RE&numeroTema=1068”
Deste modo, a questão padece de vício ao estabelecer uma interpretação ampliativa do
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pensamento da Corte, que desconfigura a real essência do decidido em sede de
repercussão geral, fazendo surgir a necessidade de que o item da questão seja
considerado errado.
Diante da inconsistência do gabarito apresentado pela banca, requer o candidato o
recebimento e deferimento do presente recurso, para o fim de considerada como nula a
questão de nº 16 do mencionado Exame.

Agora é com vocês! Agradecemos o imenso carinho de todos.


Bons estudos.
Arnaldo Bruno Oliveira2
Equipe Mege

2
Insta: @prof.arnaldobruno (fiquem à vontade para o envio de mensagens sobre o Mege).
SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................ 12
DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................ 40
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA .......................................... 53
DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................... 64
DIREITO PROCESSUAL CIVIL........................................................................................... 73
DIREITO CIVIL ................................................................................................................ 83
DIREITO EMPRESARIAL.................................................................................................. 94
DIREITO PENAL............................................................................................................ 103

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DIREITO CONSTITUCIONAL

1. A Constituição do Estado Z conferiu aos reitores das universidades públicas estaduais


o foro por prerrogativa de função, ficando a cargo do Tribunal de Justiça a competência
para processar e julgar originariamente os crimes comuns praticados pelas referidas
autoridades.
Diante do exposto e à luz da ordem constitucional e da jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, é CORRETO afirmar que a referida norma é
(A) constitucional, pois, em razão do princípio federativo, os Estados têm competência
para conferir, desde que previstos na respectiva Constituição estadual, foro por
prerrogativa de função a autoridades que não guardam semelhança com as que o detém
na esfera federal.
(B) constitucional, pois o foro por prerrogativa de função consubstancia uma garantia
constitucional relativa ao exercício da função pública e uma necessidade de proteção de
algumas autoridades para o exercício imparcial e isento de suas atribuições.
(C) constitucional, pois, em razão do princípio federativo, os Estados têm competência
para conferir, mesmo que previstos em legislação infraconstitucional estadual, foro por
prerrogativa de função a autoridades que não guardam semelhança com as que o detém
na esfera federal.
(D) inconstitucional, pois não pode o ente estadual, de forma discricionária, estender o
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foro por prerrogativa de função à cargos diversos daqueles abarcados pelo legislador
federal, sob pena de violação às regras de reprodução automática e obrigatória da
Constituição da República.
(E) inconstitucional, pois o foro por prerrogativa de função é uma garantia prevista para
os servidores públicos ou agentes políticos da Administração Pública Direta, e
universidades fazem parte da Administração Pública indireta, por serem autarquias
públicas.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O tema foi antecipado no material de Mege de julgados selecionados para o ENAM na


turma ponto a ponto.

Para o STF, o legislador constituinte estadual não pode ampliar as hipóteses de foro por
prerrogativa de função para autoridades que não são contempladas na CRFB/88, por
violação à simetria. Veja-se:
“A autonomia dos Estados para dispor sobre autoridades submetidas a foro
privilegiado não é ilimitada, não pode ficar ao arbítrio político do constituinte estadual
e deve seguir, por simetria, o modelo federal” (ADI 5.591/SP, j. 20.3.21 – Informativo
1010).
E, versando exatamente a respeito da hipótese cobrada na questão:
“Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 77 da Constituição do Estado de Roraima.
Criação de novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. Expressões “Reitor da
Universidade Estadual” e “Diretores Presidentes das entidades da Administração
Estadual Indireta”. Violação do princípio da simetria. Regras de reprodução automática.
Modulação de efeitos. Procedência. (...)
A jurisprudência da Suprema Corte impõe o dever de observância pelos estados-
membros do modelo adotado na Carta Magna (princípio da simetria), sob pena de
invalidade da prerrogativa de foro (ADI nº 2.587/GO-MC, Tribunal Pleno, Rel. Min.
Maurício Corrêa, DJ de 6/9/02).
Quanto aos cargos de reitores de universidade estadual e diretores-presidentes de
entidades da administração estadual indireta, a prerrogativa a eles conferida não
deflui, por simetria, da Constituição de 1988, visto que não há previsão de foro
especial para os cargos de reitores de universidades Federais e diretores-presidentes
de entidades da administração federal indireta.
Assim, declara-se a inconstitucionalidade material das expressões “Reitor da
Universidade Estadual” e “Diretores Presidentes das entidades da Administração
Estadual Indireta” previstas no art. 77, inciso X, alíneas a e b, da Constituição do Estado 13
de Roraima, com efeitos ex nunc, com base no art. 27 da Lei nº 9.868/99. 5. Ação julgada
procedente. (ADI 6511, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 14-09-
2022).
_______________________________________________________________________
2. Em relação aos Direitos Fundamentais, analise as assertivas a seguir.
I. Na Constituição brasileira, as matrizes dos direitos fundamentais são vida, liberdade,
igualdade, segurança e propriedade.
II. Direitos fundamentais constituem uma reserva mínima de justiça que as democracias
devem assegurar a todos os seus cidadãos.
III. Quando ocorre uma colisão de direitos fundamentais, a solução do problema não
poderá se dar mediante subsunção, sendo necessário o uso da técnica da ponderação.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O tema foi tratado no ponto 3 de Direito Constitucional da turma ponto a ponto do


ENAM. Onde, inclusive, fizemos um estudo minucioso da produção do ministro Barroso,
citado 25 vezes neste material, que tratou de forma expressa sobre direitos
fundamentais e ponderação de valores. Uma de nossas referências para elaboração
deste conteúdo foi justamente à sua obra “Direito Constitucional Contemporâneo”,
importante para esta questão.

Todas as assertivas são retiradas da obra do ministro Luís Roberto Barroso, “Direito
Constitucional Contemporâneo”.
O ministro do STF destaca em seu livro, por exemplo, que “no direito constitucional
brasileiro, as matrizes dos direitos fundamentais são o direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade”.
A única ressalva, em nossa opinião, passível de recurso, seria a assertiva II, tanto por
utilizar a expressão “a todos” (há direitos fundamentais que são específicos de
determinados grupos) quanto por usar a palavra “cidadãos” (os direitos fundamentais
não são direcionados apenas aos cidadãos, alguns deles destinando-se a todas as
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pessoas – conceito mais amplo e que precisava ser encarado de forma técnica em uma
prova voltada para magistratura, pois o candidato deve sempre considerar eventuais
“pegadinhas” em palavras utilizadas sem seu estrito teor jurídico).
Pela não abordagem técnica do termo, e para ajudar candidatos que erraram a questão
(sem prejuízo dos demais), indicamos que peçam a anulação (e não apenas mudança de
gabarito).
_______________________________________________________________________
3. A Constituição do Estado Alfa disciplinou as regras e os parâmetros de processo
legislativo e previu que a proposta de Emenda à Constituição será discutida e votada em
dois turnos, considerando-se aprovada quando obtiver, em ambos, 2/3 dos votos dos
membros da Assembleia Legislativa.
Diante do exposto, da sistemática constitucional vigente e da jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, é CORRETO afirmar que a referida norma é
(A) constitucional, pois o processo legislativo de reforma constitucional do Estado-
membro integra o poder constituinte derivado decorrente e, por conseguinte, retira sua
força da CFRB/88.
(B) inconstitucional, pois as regras e os parâmetros do processo legislativo federal, como
é o caso do processo de reforma constitucional, não são de reprodução obrigatória nas
Constituições estaduais, mas o processo legislativo para emenda de constituição
estadual só pode ser igual ou mais rígido do que o federal.
(C) inconstitucional por ofensa ao princípio da simetria, ao qual a autonomia dos
Estados-membros se submete, a teor do que prevê o Art. 25 da CFRB/88 e o Art. 11 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
(D) constitucional por observância ao princípio do paralelismo, a teor do que prevê o
Art. 25 da CFRB/88 e o Art. 11 do ADCT, pois o texto da Constituição Federal estabelece
o mesmo quórum.
(E) constitucional, pois as regras e os parâmetros do processo legislativo federal, como
é o caso do processo de reforma constitucional, não são de reprodução obrigatória nas
Constituições estaduais, em razão do poder de auto-organização e autolegislação dos
entes federados.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O tema foi tratado em mais de um material da turma ponto a ponto, onde destacamos
o princípio da simetria e a sua conexão com a análise de constitucionalidade (como neste
caso de observância obrigatória).

Embora o tema dos limites da alteração do processo legislativo pelo poder constituinte 15
derivado seja tormentoso na doutrina, é tranquilo na jurisprudência do STF que, por
força do princípio da simetria (amplamente revisado em nosso estudo), as regras que
disciplinam a reforma constitucional devem se espelhar, no que couber, naquelas que
cuidam da modificação das normas da Constituição Federal. Por isso, não poderá o
Estado-membro criar procedimento mais rígido do que o previsto pela CF/88 para a
emenda de seu texto, como, por exemplo, quórum de 4/5 (ADI 486, j. 3.4.97).
Especificamente sobre o caso trazido na questão, tem-se o seguinte:
“Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 70, § 1º, da Lei Orgânica do Distrito
Federal. Quórum de dois terços dos votos para aprovação de suas emendas. Natureza
jurídica da Lei Orgânica do Distrito Federal equiparável às constituições estaduais. Não
observância do art. 60, § 2º, da CF/88. Norma de reprodução obrigatória pelos estados
e pelo DF. Princípio da simetria. Procedência do pedido. Modulação dos efeitos da
decisão.
1. Conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as normas disciplinadoras do
processo legislativo de reforma constitucional são de observância obrigatória pelos
estados-membros (v.g., ADI nº 486, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em
3/4/97, DJ de 10/11/06; ADI nº 1.722-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno,
julgado em 10/12/97, DJ de 19/9/03; e ADI nº 6.453/RO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 14/2/22, DJe de 18/2/22). (...)
4. Relativamente ao quórum de discussão e de aprovação das emendas constitucionais,
a Constituição Cidadã estabeleceu, em seu art. 60, § 2º, que a proposta de emenda
deverá ser “discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros”.
Portanto, o art. 70, § 1º, da Lei Orgânica do Distrito Federal, ao exigir, para a aprovação
de suas emendas, quórum de dois terços, destoa do arquétipo federal previsto no art.
60, § 2º, da CF, padecendo, pois, de patente inconstitucionalidade.
(...) (ADI 7205, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 17-12-2022)

4. Fabiano constituiu, em favor de terceiros, direitos reais sobre imóveis de sua


propriedade, a saber:
I. hipoteca sobre imóvel em garantia de um empréstimo que contraiu;
II. servidão de passagem a título oneroso em favor de seu vizinho Carlos, para que este
pudesse ter seu acesso facilitado a uma praia;
III. usufruto por liberalidade, em favor de seu filho Mário, de um imóvel para residência
desse filho.
Considerando as hipóteses de incidência do Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de
Bens Imóveis (ITBI) e do Imposto sobre as Transmissões Causa Mortis e Doações
(ITCMD), assinale a afirmativa correta.
(A) Sobre a hipoteca, poderá incidir ITBI; sobre a servidão, não poderá incidir o ITBI; e,
sobre o usufruto, poderá incidir o ITCMD. 16
(B) Sobre a hipoteca, não poderá incidir ITBI; sobre a servidão, poderá incidir o ITBI; e,
sobre o usufruto, poderá incidir o ITCMD.
(C) Sobre a hipoteca, poderá incidir ITCMD; sobre a servidão, poderá incidir o ITBI; e,
sobre o usufruto, não poderá incidir o ITBI.
(D) Sobre a hipoteca, não poderá incidir ITCMD; sobre a servidão, poderá incidir o
ITCMD; e, sobre o usufruto, poderá incidir o ITBI.
(E) Sobre a hipoteca, poderá incidir ITBI; sobre a servidão, poderá incidir o ITBI; e, sobre
o usufruto, poderá incidir o ITBI.

GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Os temas foram tratados na turma ponto a ponto do ENAM. No entanto, essa questão,
de fato, foi uma das mais complexas de análise pela observância do teor de Direito
Tributário em conexão com Direito Civil e dentro de Direito Constitucional. Uma questão
das mais complexas da prova diante de seus detalhes.
(I) Não incide ITBI sobre constituição de direitos reais de garantia - CF - Art. 156, II -
transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem
como cessão de direitos a sua aquisição;

(II) Incide ITIBI - Já que a instituição de servidão de passagem representa direito real (CC,
art. 1.225, III) transmitido a título oneroso sem representar direito de garantia.

(III) A rigor a instituição de usufruto por ato não oneroso é fato gerador do ITCMD.

(A) INCORRETA - Item (I). Não incide ITBI sobre constituição de direitos reais de garantia
- CF - Art. 156, II- II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os
de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; Item II - Incide ITIBI - Já que a
instituição de servidão de passagem representa direito real (CCB, art. 1.225, III)
transmitido a título oneroso sem representar direito de garantia Item III - A rigor a
instituição de usufruto por ato não oneroso é fato gerador do ITCMD.

(B) CORRETA – Item (I). Não incide ITBI sobre constituição de direitos reais de garantia -
CF - Art. 156, II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; Item II - Incide ITIBI - Já que a
instituição de servidão de passagem representa direito real (CCB, art. 1.225, III)
transmitido a título oneroso sem representar direito de garantia. Item III - A rigor a
instituição de usufruto por ato não oneroso é fato gerador do ITCMD.
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(C) INCORRETA - Item (I). Não incide ITBI sobre constituição de direitos reais de garantia
- CF - Art. 156, II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. Item II - Incide ITIBI - Já que a
instituição de servidão de passagem representa direito real (CCB, art. 1.225, III)
transmitido a título oneroso sem representar direito de garantia Item III - A rigor a
instituição de usufruto por ato não oneroso é fato gerador do ITCMD.

(D) CORRETA – Item (I). Não incide ITBI sobre constituição de direitos reais de garantia
- CF - Art. 156, II- II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os
de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; Item II - Incide ITIBI - Já que a
instituição de servidão de passagem representa direito real (CCB, art. 1.225, III)
transmitido a título oneroso sem representar direito de garantia Item III - A rigor a A
instituição de usufruto por ato não oneroso é fato gerador do ITCMD.

(E) INCORRETA – Item (I). Não incide ITBI sobre constituição de direitos reais de garantia
- CF - Art. 156, II- II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os
de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; Item II - Incide ITIBI - Já que a
instituição de servidão de passagem representa direito real (CCB, art. 1.225, III)
transmitido a título oneroso sem representar direito de garantia Item III - A rigor a
instituição de usufruto por ato não oneroso é fato gerador do ITCMD.
_______________________________________________________________________
5. O Tribunal de Contas estadual realizou auditoria para verificar a regularidade da
execução de obras públicas em Município submetido à sua jurisdição. Em decorrência
de achados relacionados a medições a maior em etapas contratuais, a auditoria foi
convertida em tomada de contas, culminando com imputação de débito e aplicação de
multa, decorrentes de dano ao erário, aos agentes públicos municipais responsáveis
pelas irregularidades, observado o devido processo legal.
Considerando a situação hipotética acima, caso não ocorra o adimplemento voluntário
das condenações, a execução do crédito decorrente da imputação de débito e da
aplicação de multa caberá ao
(A) próprio Tribunal de Contas estadual, em ambos os casos.
(B) Município prejudicado, em ambos os casos.
(C) Estado-membro, em cuja estrutura se insere o Tribunal de Contas, em ambos os
casos.
(D) Município prejudicado, relativamente à imputação de débito, e ao Tribunal de
Contas estadual, relativamente à multa.
(E) Município prejudicado, relativamente à imputação de débito, e ao Estado-membro,
em cuja estrutura se encontra o Tribunal de Contas, relativamente à multa.
_______________________________________________________________________ 18
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Na turma ponto a ponto, o tema Tribunal de Contas foi bastante estudado,


especialmente no ponto 4 de Direito Constitucional. O que certamente auxiliou na
resolução da questão.

A questão, primeiro, exige conhecimento do seguinte dispositivo constitucional que


estudamos em conjunto:
CF, Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:
(...)
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;

Tal competência do TCU, por simetria, também é atribuída aos Tribunais de Contas
estaduais.
Ademais, lembremos que as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito
ou multa terão eficácia de título executivo, no caso, título executivo extrajudicial (CF,
art. 71, § 3º).
A ação de cobrança não poderá ser proposta pela Corte de Contas, mas somente pelo
ente público beneficiário da condenação do Tribunal de Contas, qual seja, o ente
público prejudicado, por intermédio de seus procuradores (RE 510.034-AgR, j. 24.6.08;
AI 765.470-AgR, j. 18.12.12).
Ausente, por conseguinte, a legitimidade ativa do Ministério Público, atuante ou não
junto às cortes de contas, para a referida ação de execução (ARE 823.347 RG, j. 2.10.14).
Por fim, tratando especificamente do caso da questão, o STF fixou a seguinte tese de
repercussão geral:
“O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de
multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão
de danos causados ao erário municipal” (RE 1.003.433/RJ, j. 14.9.21).
_______________________________________________________________________
6. Francisco, servidor público titular do cargo efetivo de médico em Município brasileiro,
submete-se a novo concurso público e é aprovado dentro do número de vagas
oferecidas para o emprego de médico-cirurgião em fundação pública estadual de saúde.
Sabendo-se que há compatibilidade de horários para o exercício das duas funções, sobre
a cumulação, em tal hipótese, assinale a afirmativa CORRETA.
19
(A) É lícita, observando-se que o somatório das remunerações respectivas não poderá
ultrapassar o limite máximo remuneratório aplicável aos Estados-membros.
(B) É lícita, observando-se que o somatório das remunerações respectivas não poderá
ultrapassar o teto remuneratório relativo ao subsídio mensal, em espécie, do Ministro
do Supremo Tribunal Federal.
(C) É lícita, observando-se que o teto remuneratório deve ser considerado em relação à
remuneração de cada um dos vínculos, e não ao somatório do que é recebido.
(D) É ilícita, uma vez que a acumulação de cargos, empregos e funções públicas somente
é autorizada na esfera do mesmo ente federativo, observando-se o limite máximo de
remuneração aplicável ao Chefe do Poder Executivo respectivo.
(E) É ilícita, uma vez que a acumulação de cargos públicos somente é autorizada na esfera
da própria Administração Direta, observando-se o teto remuneratório aplicável ao Chefe
do Poder Executivo respectivo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O julgado relevante para essa questão foi apresentado em nosso material enviado para
a turma ponto a ponto do ENAM focado na revisão de temas selecionados em
repercussão geral (página 9).

Segue print do material do Mege:

Lembremos dos seguintes dispositivos constitucionais também vistos em nosso estudo:


CF, art. 37, XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
20
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro
técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
CF, art. XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e
funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

Portanto, a cumulação, no caso apresentado na questão, é lícita!


Houve, no caso, uma declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução do texto
das expressões “cumulativamente ou não” constantes do artigo 37, XI (com redação
proveniente da EC n. 41/03), e da locução “inclusive quando decorrentes da acumulação
de cargos ou empregos públicos” constante do disposto no artigo 40, § 11 (inserido pela
EC n. 20/98), quando aplicadas à cumulação lícita de cargos e empregos públicos.
_____________________________________________________________________________

7. Após ampla mobilização da sociedade civil organizada, um grupo de vereadores do


Município Alfa, importante capital do país, apresentou projeto de lei, que resultou na
Lei nº X, proibindo a participação de agentes detentores de mandato eletivo no âmbito
do Município, em processos licitatórios organizados por esse ente federativo, bem como
a celebração de contratos administrativos.
A medida, apesar de comemorada por considerável parcela da população, foi
duramente criticada por alguns detentores de mandato eletivo que vinham participando
de licitações e celebrando contratos administrativos com o Município Alfa. Um desses
agentes, ao ser desabilitado em processo licitatório, impetrou mandado de segurança
perante o Juiz de Direito competente, ocasião em que requereu que fosse reconhecido
o seu direito de participar da licitação, em razão da inconstitucionalidade da Lei nº X.
Com relação à decisão do Juiz de Direito, após apreciar o caso, assinale a afirmativa
correta.
(A) O âmbito de incidência da Lei nº X está circunscrito ao território municipal e à
administração pública municipal, indicativo de que se trata de matéria de interesse local,
de competência privativa de Alfa; logo, o diploma normativo é constitucional.
(B) Trata-se de exercício de competência legislativa suplementar; logo, a Lei nº X, não
destoando das demais normas afetas à temática, é constitucional.
(C) Como a Lei nº X dispõe sobre atribuições próprias do Poder Executivo, ela é
inconstitucional em razão do vício de iniciativa.
(D) Compete privativamente à União legislar sobre licitações e contratos
administrativos; logo, a Lei nº X é inconstitucional.
(E) É competência comum de todos os entes federativos legislar sobre a temática; logo, 21
a Lei nº X é constitucional.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O julgado relevante para essa questão foi apresentado em nosso material enviado para
a turma ponto a ponto do ENAM para a revisão de temas selecionados em repercussão
geral (página 9).

Novamente, exige-se, de início, conhecimento dos seguintes dispositivos


constitucionais:
CF, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos
do art. 173, § 1°, III;
Art. 30. Compete aos Municípios:
(...)
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Veja-se que a competência privativa da União se restringe a editar “normas gerais” de
licitação e contratos administrativos, não impedindo que os demais entes federativos
suplementam essa competência, desde que não contrariem as normas nacionais
editadas pela União.
Segue trecho de material do Mege com o julgado decisivo:

_______________________________________________________________________
8. A respeito da cláusula constitucional do devido processo legal em âmbito judicial e 22
administrativo, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de
função de um dos denunciados.
(B) É inconstitucional, por violação à garantia da ampla defesa e do devido processo
legal, sanção aplicada em processo administrativo disciplinar no qual não tenha havido
defesa técnica por advogado.
(C) É constitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de
ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário,
compatibilizando-se com a garantia do devido processo legal e do acesso à Justiça.
(D) É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
(E) Nos processos perante os Tribunais de Contas asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando a decisão puder resultar em impacto na esfera jurídica de terceiros,
excetuada a apreciação das contas de governo, por serem objeto de parecer prévio
destituído de natureza decisória.

GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Os temas foram devidamente tratados em diversos materiais do Mege. Especialmente


em nosso material de súmulas organizadas para os alunos.

A questão exige conhecimento de súmulas vinculantes e súmula de jurisprudência


dominante do STF.
(A) INCORRETA. Súmula 704-STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa
e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu
ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
(B) INCORRETA. Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
(C) INCORRETA. Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.
(D) CORRETA. Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.
(E) INCORRETA Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da
União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar 23
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.

_______________________________________________________________________
9. Em razão das acentuadas divergências existentes entre os integrantes do Tribunal de
Justiça do Estado Alfa, transcorreu in albis o prazo para o encaminhamento da proposta
orçamentária anual dessa estrutura de poder, referente ao exercício financeiro
seguinte. A proposta somente veio a ser aprovada uma semana depois. Esse estado de
coisas suscitou debates, considerando a teleologia das normas constitucionais que
asseguram a autonomia do Poder Judiciário, em relação às consequências desse atraso
na perspectiva do ciclo orçamentário.
Em situação dessa natureza, à luz da sistemática constitucional, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) As dotações afetas a esta estrutura de poder, constantes da lei orçamentária em
vigor, devem ser consideradas como proposta do Poder Judiciário.
(B) Os termos da proposta aprovada com atraso, considerando a necessidade de
assegurar a autonomia financeira do Poder Judiciário, devem ser necessariamente
considerados.
(C) Os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados conforme os limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, serão utilizados pelo órgão
competente, para fins de consolidação.
(D) O Presidente do Tribunal de Justiça, até o início da apreciação do projeto de lei
orçamentária anual pela comissão competente, poderá encaminhar a proposta ao Poder
Legislativo.
(E) O Poder Executivo considerará, para fins de consolidação do projeto de lei
orçamentária anual, as dotações afetas a essa estrutura de poder, constantes da lei
orçamentária em vigor, devidamente atualizadas pelo índice oficial de inflação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O tema foi devidamente tratado no material que contemplou os pontos 12 e 13 do


ENAM, quando especificamos uma abordagem explicativa sobre a autonomia
administrativa e financeira do Poder Judiciário. O artigo 99 era decisivo para uma melhor
apreciação da resposta e revisamos juntos no circuito.

A questão exige conhecimento da literalidade do art. 99 da CF, que trata da autonomia


orçamentária do Poder Judiciário: 24
CF, Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
administrativa e financeira.
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias
dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros
tribunais interessados, compete:
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos
respectivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios,
aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos
respectivos tribunais.
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as
respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na
forma do § 1º deste artigo.
_______________________________________________________________________
10. O Município Alfa instituiu taxa municipal de combate a incêndio, de modo a auxiliar
no custeio das atividades da Defesa Civil municipal. Contudo, o Estado Beta, em que
estava situado o Município Alfa, também cobrava uma taxa estadual de combate a
incêndio, voltada a custear as atividades de seu Corpo de Bombeiros Militar.
Sobre essa situação de cobrança, à luz da jurisprudência dominante do STF sobre o tema,
assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Configura uma bitributação, razão pela qual somente o Município Alfa poderia fazer
a cobrança dessa taxa.
(B) Configura um bis in idem tributário, razão pela qual somente o Estado Beta poderia
fazer a cobrança dessa taxa.
(C) Viola a predominância do interesse local, razão pela qual somente o Município Alfa
poderia fazer a cobrança dessa taxa.
(D) Viola a atribuição do Corpo de Bombeiros Militar estadual, razão pela qual somente
o Estado Beta poderia fazer a cobrança dessa taxa.
(E) Viola a especificidade e a divisibilidade do serviço público, pressupostos necessários
à cobrança de taxas, razão pela qual nenhum dos dois entes poderia fazer a cobrança
dessa taxa.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E 25
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não há que se falar em bitributação, já que na forma do Tema RG 16 A


segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo da
atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a
viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para
tal fim. Desse modo, nem o Município, nem o Estado podem instituir tal taxa, já que não
representa serviço de competência do Município, nem o Estado, por não representar
serviço público específico e divisível.

(B) INCORRETA. Também não há bitributação, pois também na forma do Tema RG 16 o


Estado não pode instituir tal taxa, por não representar serviço público específico e
divisível.

(C) INCORRETA. A alternativa está errada pois ao julgar o Tema RG 16 o STF decidiu
que “A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no
campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial,
tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação
de taxa para tal fim”. Desse modo, nem o Município, nem o Estado podem instituir tal
taxa, já que não representa serviço de competência do Município, logo foro de sua
esfera de predominância local.
(D) INCORRETA. Na forma do Tema RG 16 não podem os Estados instituírem tal taxa,
já que não representa serviço público específico e divisível.

(E) CORRETA. Alternativa reflete o contexto do decidido pelo STF no Tema RG 16: “A
segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo
da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem
como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação de
taxa para tal fim. Desse modo, nem o Município, nem o Estado podem instituir tal taxa,
já que não representa serviço de competência do Município, nem o Estado, por não
representar serviço público específico e divisível.

_______________________________________________________________________
11. Acerca da proteção contra a dispensa imotivada ou despedida arbitrária, nos termos
da CRFB/88, da jurisprudência sumulada do TST e da legislação em vigor, assinale a
afirmativa CORRETA.
(A) A garantia de emprego assegurada ao empregado eleito para cargo de direção de
comissões internas de prevenção de acidentes, representante dos empregados, está
restrita ao membro titular.
(B) A CRFB/88 veda a despedida arbitrária da empregada gestante desde a confirmação
da gravidez até cinco meses após o parto, bem como a do empregado eleito para o cargo
de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro da
candidatura até um ano após o final do mandato. 26
(C) A garantia contra a despedida arbitrária da empregada gestante é personalíssima,
não admitindo extensão do direito a quem detiver a guarda da criança em caso de
falecimento da genitora.
(D) A previsão constitucional relacionada à despedida arbitrária está restrita às
hipóteses de empregada gestante e de empregados eleitos pelos empregados e
indicados pelos empregadores para o cargo de direção de comissão interna de
prevenção de acidentes.
(E) Não terá garantia no emprego contra a despedida arbitrária o empregado eleito
como representante dos empregados em empresas com mais de 200 empregados, com
a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores,
por depender de regulamentação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O tema foi devidamente estudado na turma ponto a ponto, com acesso fácil à revisão
via nosso circuito legislativo.
A vedação de dispensa arbitrária ou sem justa causa e a estabilidade provisória garantida
a empregada gestante, bem como ao membro da Comissão Interna de Prevenção de
acidentes encontra fundamento na disposição presente no artigo 7º, inciso I, da
Constituição Federal e no artigo 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se


refere o art. 7º, I, da Constituição:
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro
vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei
nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões
internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua
candidatura até um ano após o final de seu mandato;
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
_______________________________________________________________________
12. Em Recurso Extraordinário julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apreciou- 27
se a constitucionalidade do Art. 1.641 do Código Civil, que prevê a obrigatoriedade do
regime de separação de bens no casamento de pessoa maior de 70 (setenta) anos. Ao
decidir a questão, o STF interpretou, conforme a CRFB/88, o dispositivo e fixou a
seguinte tese de julgamento:
Nos casamentos e uniões estáveis envolvendo pessoa maior de 70 anos, o regime de
separação de bens previsto no Art. 1641, inciso II, do Código Civil, pode ser afastado por
expressa manifestação da vontade das partes, mediante escritura pública.
Em relação ao tema, analise as assertivas a seguir.
I. O princípio da igualdade restringe a utilização do fator idade para desequiparar
pessoas, salvo se demonstrado que se trata de fundamento razoável para realização de
um fim legítimo.
II. O princípio da dignidade humana inclui, em seu conteúdo, o valor intrínseco de toda
pessoa e a autonomia para realizar suas próprias escolhas existenciais.
III. O regime de separação de bens do Art. 1.641, inciso II, do Código Civil, aplica-se tanto
ao casamento quanto à união estável, mas somente o casamento forma entidade
familiar.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O julgado foi cravado por nossa equipe como de importante revisão para a prova do
ENAM.

Segue trecho de nosso material.

28

Mais uma questão que exige conhecimento não aprofundado de um determinado


julgado do STF, conforme segue abaixo para melhor leitura:
“(...) Separação obrigatória de bens nos casamentos e uniões estáveis com pessoa maior
de setenta anos. Interpretação conforme a Constituição. (...)
5. O dispositivo aqui questionado, se interpretado de maneira absoluta, como norma
cogente, viola o princípio da dignidade da pessoa humana e o da igualdade.
6. O princípio da dignidade humana é violado em duas de suas vertentes:
(i) da autonomia individual, porque impede que pessoas capazes para praticar atos da
vida civil façam suas escolhas existenciais livremente; e
(ii) do valor intrínseco de toda pessoa, por tratar idosos como instrumentos para a
satisfação do interesse patrimonial dos herdeiros.
7. O princípio da igualdade, por sua vez, é violado por utilizar a idade como elemento
de desequiparação entre as pessoas, o que é vedado pelo art. 3º, IV, da Constituição,
salvo se demonstrado que se trata de fundamento razoável para realização de um fim
legítimo. Não é isso o que ocorre na hipótese, pois as pessoas idosas, enquanto
conservarem sua capacidade mental, têm o direito de fazer escolhas acerca da sua vida
e da disposição de seus bens.
8. É possível, todavia, dar interpretação conforme a Constituição ao art. 1.641, II, do
Código Civil, atribuindo-lhe o sentido de norma dispositiva, que deve prevalecer à falta
de convenção das partes em sentido diverso, mas que pode ser afastada por vontade
dos nubentes, dos cônjuges ou dos companheiros. Ou seja: trata-se de regime legal
facultativo e não cogente.
9. A possibilidade de escolha do regime de bens deve ser estendida às uniões estáveis.
Isso porque o Supremo Tribunal Federal entende que “[n]ão é legítimo desequiparar,
para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo
casamento e a formada por união estável”
(RE 878.694, sob minha relatoria, j. em 10.05.2017). (...)” (ARE 1309642, Relator(a): LUÍS
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 01-02-2024)
O erro no item III está em afirmar que a união estável não é considerada entidade
familiar.
_____________________________________________________________________________

13. No capítulo dos Direitos Sociais, a CRFB/88, em seu Art. 7º, elenca os direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais.
Dos direitos previstos, indique aquele que até o presente momento não foi
regulamentado e, assim, não pode ser exercido pelos trabalhadores brasileiros.
(A) Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço.
(B) Adicional de remuneração para as atividades penosas.
(C) Proibição de trabalho noturno a menores de dezoito anos.
29
(D) Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador.
(E) Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O tema foi estudado na turma ponto a ponto para o ENAM.

O adicional de penosidade é um direito trabalhista previsto na Constituição Federal


brasileira de 1988, no artigo 7º, inciso XXIII. Ele se refere à compensação financeira
devida ao trabalhador que desempenha suas atividades em condições consideradas
penosas, ou seja, em ambientes ou situações que representam riscos à sua saúde,
segurança ou integridade física.
No entanto, apesar de estar previsto na Constituição, o adicional de penosidade ainda
não foi regulamentado por uma legislação específica. Isso significa que não há uma
definição clara dos critérios e procedimentos para a concessão desse adicional, nem
mesmo a determinação de quais condições de trabalho se enquadram como penosas.
Portanto, a ausência de regulamentação do adicional de penosidade representa uma
lacuna na legislação trabalhista brasileira, que ainda aguarda uma definição mais precisa
sobre esse direito garantido pela Constituição.
_____________________________________________________________________________

14. João da Silva vai à agência bancária obter o levantamento de conta de FGTS de
terceiro, usando documento falso. Desconfiado da veracidade do documento, o gerente
da agência pede a João que retorne em algumas horas, quando o dinheiro já estará
disponível em sua conta. João retorna no horário combinado e, no momento em que
efetua o saque, é preso por policiais militares acionados pelo gerente da agência após
proceder à checagem da autenticidade do referido documento e confirmar sua
falsidade.
Considerando essa narrativa, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) A prisão em flagrante é ilegal, pois se trata de flagrante provocado.
(B) A prisão em flagrante é legal, pois se trata de ação controlada.
(C) A prisão em flagrante é legal, pois se trata de flagrante diferido.
(D) A prisão em flagrante é legal, pois se trata de flagrante preparado.
(E) A prisão em flagrante é legal, pois se trata de flagrante esperado.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
30
COMENTÁRIOS

Assunto estudado no ponto que tratou sobre aspectos processuais penais em Direito
Constitucional - na turma ENAM ponto a ponto, a partir da página 9.

Entre outros trechos do nosso material sobre o tema, destacamos este da página 12:

Desconfiado da Pede a João que retorne João retorna no horário


veracidade do documento em algumas horas combinado
O gerente da agência não O gerente verifica que Os policiais estão
tem certeza, então João praticou crime e esperando João chegar na
prossegue com a aciona os policiais. agência no horário
verificação. combinado.
Lembre-se: o crime de uso João então realiza
de documento falso se novamente o
consuma com a simples procedimento e saca o
utilização do documento dinheiro, momento em
comprovadamente falso, que é preso em flagrante.
dada a sua natureza de
delito formal (STJ).

Com base nas informações fornecidas pelo examinador, percebe-se que se trata
de um flagrante esperado, conceito desenvolvido pela doutrina jurídica para justificar a
atuação policial que realiza uma tocaia e efetua a prisão assim que o primeiro ato
executório do crime é praticado.

Para ajudar em sua revisão, seguem as espécies de prisão em flagrante:

Flagrante próprio ou Ocorre quando a prisão é efetuada no momento em que a


perfeito ou real ou infração penal está sendo executada ou quando acabou de
verdadeiro ou sê-la;
propriamente dito (art.
302, i e ii)

Flagrante impróprio ou Ocorre quando o agente é preso em face de perseguição 31


imperfeito ou irreal ou ininterrupta iniciada logo após a infração penal;
quase flagrante (art.
Obs: entende-se que o executor da prisão está em
302, iii)
perseguição do suspeito, quando, tendo-o avistado, for
perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha
perdido de vista; ou sabendo, por indícios ou informações
fidedignas, que o suspeito tenha passado, há pouco tempo,
em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no
seu encalço (art. 290, § 1º).

Flagrante presumido ou Ocorre quando o agente é preso logo depois de cometer o


ficto ou assimilado (art. delito, com instrumentos, armas, objetos e papéis que
302, iv): façam presumir ser ele o autor da infração penal. Neste
caso, não é necessário que haja perseguição.

Flagrante esperado É uma criação doutrinária, que justifica a atuação da polícia


que realiza tocaia e efetua a prisão assim que o primeiro ato
executório é praticado. Uma vez iniciada a atividade
criminosa, e realizada a prisão, estaremos diante, em regra,
de verdadeiro flagrante próprio;

Flagrante preparado ou Segundo o STF, o Estado não pode estimular a prática de um


provocado ou crime de delito com o objetivo de realizar a prisão em flagrante, pois
ensaio ou delito os fins não justificam os meios, e, segundo a súmula 145,
putativo por obra do não só a prisão é ilegal, mas estaremos diante de verdadeiro
agente provocador crime impossível, pois no momento da consumação a
prisão fatalmente ocorrerá. Tal entendimento também é
corroborado pelo STJ (STJ em teses, edição 120):
“1) não há crime, quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação”.
A exceção se dá em relação ao flagrante preparado de crime
permanente, cuja prisão será válida.

Flagrante postergado Ele é idealizado para que se promova a captura em


ou diferido ou flagrante no momento mais estratégico. Está previsto na lei
retardado ou ação de organizações criminosas (basta a comunicação ao juiz),
controlada. bem como na lei de drogas (necessária autorização judicial).

Flagrante forjado É aquele armado para incriminar pessoa inocente. Trata-se


de modalidade ilícita de flagrante, em que o único infrator
é o agente forjador, que pratica o crime de denunciação
caluniosa (art. 339, CP), e, sendo agente público, também
abuso de autoridade (art. 30 da lei nº 13.869 de 2019).
_____________________________________________________________________________

15. A respeito da garantia constitucional da inadmissibilidade das provas obtidas por


meios ilícitos no processo, analise as afirmativas a seguir.
32
I. São lícitas as sucessivas renovações de interceptação telefônica, desde que verificados
os requisitos do Art. 2º da Lei nº 9.296/1996 e demonstrada a necessidade da medida
diante de elementos concretos e da complexidade da investigação. As decisões judiciais
que autorizam a interceptação e suas prorrogações devem ser devidamente motivadas,
com justificativa legítima, ainda que sucinta, a embasar a continuidade das
investigações.
II. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o juiz que conhecer do
conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou o acórdão.
III. As provas derivadas das ilícitas não serão admitidas no processo, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade, quando puderem ser obtidas por fonte
independente ou quando forem produzidas comprovadamente de boa-fé.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) I e III, apenas.
(E) II e III, apenas.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO! O assunto foi estudado no material de aspectos


processuais penais em Direito Constitucional na turma ENAM ponto a ponto, a partir da
página 5.

(I) CORRETO.

33

O entendimento foi firmado no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 625263, com


repercussão geral (Tema 661).
Por unanimidade, a Corte aprovou a seguinte tese de repercussão geral, sugerida pelo
ministro Alexandre de Moraes:
“São lícitas as sucessivas renovações de interceptação telefônica desde que, verificados
os requisitos do artigo 2º da Lei 9.296/1996 e demonstrada a necessidade da medida
diante de elementos concretos e a complexidade da investigação, a decisão judicial
inicial e as prorrogações sejam devidamente motivadas, com justificativa legítima, ainda
que sucinta, a embasar a continuidade das investigações. São ilegais as motivações
padronizadas ou reproduções de modelos genéricos sem relação com o caso concreto”.

Tema estudado no material de julgados selecionados em Repercussão Geral da turma


ENAM ponto a ponto, página 46.
(II) INCORRETO. O § 5º do art. 157 do CPP, inserido pela Lei nº 13.964/2019, previu que:
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá
proferir a sentença ou acórdão.
Ocorre que o STF declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo. Para a Corte, a
norma em questão viola os princípios da legalidade, do juiz natural e da razoabilidade,
já que ausentes elementos claros e objetivos para a seleção do juiz sentenciante, o que
permitiria eventual manipulação da escolha do órgão julgador. STF. Plenário. ADI
6.298/DF, ADI 6.299/DF, ADI 6.300/DF e ADI 6.305/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em
24/08/2023 (Info 1106).

(III) CORRETO.
Tente o recurso!
A exceção da boa-fé (Good-faith exception) até hoje não encontra regulamentação
expressa no ordenamento brasileiro (aparece em dois dispositivos do Anteprojeto do
novo CPP). 34
Todavia, há precedente no STJ, um deles recente, admitindo a referida exceção.
Vejamos:
STJ: "(...) Ao cumprirem o mandado judicial de busca e apreensão, os Policiais dirigiram-
se ao endereço com as características gerais indicadas no documento. Todavia, no local,
descobriu-se tratar de casa geminada compartilhada entre Paciente, Sua mãe e seu
irmão. E, não obstante a prova acostada a este feito demonstrar que no prédio havia três
portas frontais distintas, o Impetrante deixou de refutar na inicial a informação dos
Agentes que cumpriram a diligência de que portas traseiras das unidades de habitação
comunicavam-se. Em outras palavras, se por um lado fotos externas do imóvel foram
inseridas na petição inicial, por outro a Defesa deixou de anexar na peça imagens
internas ou croquis da construção que permitissem concluir que se tratam de endereços
de fato distintos - ônus que lhe competia. Assim, no caso pressupõe-se que no imóvel -
independentemente de haver compartimentação que distinga os locais de residência do
Paciente, sua mãe e seu irmão - há cômodos internos que se comunicam contiguamente.
(...) (...) A Defesa, ao não juntar aos autos imagens internas da construção que
confirmassem inequivocamente ser óbvia a constatação de que no local havia três
habitações de fato independentes, não logrou êxito em comprovar sua alegação de que
os Policiais realizaram diligência em endereço diverso do declinado no mandado judicial
de busca e apreensão. E razoável admitir que os Agentes, durante o cumprimento do
mandado de busca e apreensão, e buscando dar a devida efetividade à diligência, não
poderiam presumir que se tratavam efetivamente de moradias autônomas.
Precedente da Suprema Corte dos Estados Unidos, no ponto, citado no voto-vista do
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ: United States v. Leon, 468 U.S. 897 (1984), em que
foi admitida a exceção da boa-fé em razão de a atuação policial ter-se dado em
conformidade com o senso comum de razoabilidade, e sob a confiança na legalidade
dessa atuação. Deliberou-se, na oportunidade, que a exclusionary rule teria lugar
somente na hipótese de má conduta policial, com a finalida manifesta de violar a
Constituição". (STJ, 6ª Turma, HC 633.441-PE, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 23.11.2021, DJe
07.02.2022).

Observação: A Suprema Corte dos EUA admitiu a exceção da boa-fé, pela primeira vez,
no ano de 1984, no caso United States v. Leon, afastando a aplicação das regras de
exclusão da prova. Leon foi preso com base no depoimento de um informante da
polícia que declarou que o investigado era um grande traficante de drogas. A polícia
obteve um mandado judicial de busca e apreensão, ingressou na residência do
investigado e encontrou grande quantidade de droga.
Posteriormente, a defesa alegou, no tribunal, que no momento da busca, não
havia probable cause para a expedição do mandado de busca e apreensão, o que foi
admitido pelo juiz.
Diante de tal decisão, requereu-se a exclusão da prova consistente na droga
apreendida. A Suprema Corte dos EUA considerou, contudo, que a aplicação
da exclusionary rule somente tem lugar quando a violação da 4.ª Emenda, que protege
o cidadão de buscas arbitrárias, ocorre de forma deliberada, o que não era o caso, pois 35
quando a polícia realizou a busca, confiava na legalidade do mandado. Acrescentou,
ainda, que a finalidade das regras de exclusão probatória é impedir o mau
comportamento policial, mas não o comportamento do policial que age de acordo
com um senso comum de razoabilidade.
O posicionamento por trás de tal teoria é que a finalidade das exclusionaries rules não
é proteger cidadãos, para que seus direitos individuais não sejam violados, mas
dissuadir os agentes policiais de cometerem violações a tais direitos.

Para revisar...
Prova ilícita A primeira parte do § 1º do art. 157 do CPP prevê a inadmissibilidade
por derivação da prova ilícita por derivação e consagra a teoria dos frutos da árvore
envenenada, segundo a qual a prova ilícita produzida tem o condão
de contaminar todas as provas dela decorrentes.
Fonte A regra que determina a exclusão da prova ilícita por derivação
independente (exclusionary rule), todavia, não é absoluta, na medida em que a
ilicitude remota só contaminará a prova derivada quando houver
inequívoca relação de causalidade entre ela e a ação ilegal (art. 157,
§ 1º, do CPP), ou seja, quando se puder concluir que a ação ilícita
originária foi “conditio sine qua non” do alcance da prova secundária.
Por essa razão, não será impregnada pela ilicitude a evidência obtida
por meio de fonte independente.
O CPP, adotando o critério da prova separada, considera fonte
independente:

Independent source exception Inevitable discovery exception

o elemento autônomo de aquela que por si só, seguindo os


informação que, embora trâmites típicos e de praxe, próprios
derivado da prova ilícita, não
da investigação ou instrução
teve a ação maculada como criminal, seria capaz de conduzir ao
causa determinante (art. 157,fato objeto da prova (art. 157, § 2º,
§ 1º, parte final, do CPP). É a
do CPP). A lei atribui validade à
independent source exception prova derivada da ação ilícita
do direito norte-americano. quando, embora existindo nexo
Em tais casos, apenas causal entre ambas, trata-se de
aparentemente as provas hipótese de descoberta inevitável 36
secundárias derivam da ação (inevitable discovery exception do
ilícita, pois, na verdade, foram
direito norte-americano). Essa
alcançadas em decorrência de exceção deve ser acolhida quando
meios lícitos. evidenciado que a rotina da
Obs: exige que a prova investigação levaria à obtenção legal
controvertida seja realmente da prova que, circunstancialmente,
foi alcançada por meios ilícitos.
obtida de forma legal.
Obs: exige apenas que haja fundada
convicção de que a prova,
conquanto obtida ilegalmente, seria
inevitavelmente descoberta por
meios lícitos.
_____________________________________________________________________________

16. A respeito do princípio da presunção de inocência, analise as afirmativas a seguir.


I. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da matéria atinente à
possibilidade de execução imediata de pena aplicada pelo Tribunal do Júri, ainda que a
sentença condenatória proferida não tenha transitado em julgado.
II. Segundo assentado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a presunção de
inocência impõe que a decretação de prisão cautelar se baseie em elementos concretos
extraídos dos autos, não sendo possível a vedação de liberdade provisória ex lege.
III. Tendo em vista que os recursos especial e extraordinário não possuem efeito
suspensivo, a pena imposta em acórdãos proferidos por tribunais de 2º grau pode ser
executada imediatamente, desde que efetuada a detração da prisão cautelar
anteriormente imposta.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) II e III, apenas.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado na turma ponto a ponto para o ENAM.

(I) CORRETO. De fato, o STF reconheceu a repercussão geral. Mas, precisamos de uma
37
reflexão para este item.

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO (Peçam pela ANULAÇÃO).


A alternativa I da referida questão não expressa o posicionamento do Supremo Tribunal
Federal a respeito do tema, isso porque, embora, de fato, a Corte tenha reconhecido a
repercussão geral da matéria atinente à possibilidade de execução imediata de pena
aplicada pelo Tribunal do Júri (Tema 1068), a decisão faz referência a penas fixadas
acima de quinze anos, em decorrência de condenação pelo tribunal do júri (o que não
pode ser entendido como regra), conforme destaque abaixo:
Decisão: Após o voto-vista do Ministro André Mendonça, que acompanhava
integralmente o eminente Relator, no sentido de conhecer do recurso extraordinário e
dar-lhe provimento, para negar provimento ao recurso ordinário em habeas corpus,
anuindo à tese de julgamento fixada:
"A soberania dos veredictos do Tribunal do Júri autoriza a imediata execução de
condenação imposta pelo corpo de jurados, independentemente do total da pena
aplicada"; e do voto do Ministro Edson Fachin, que divergia do Relator e do Ministro
Gilmar Mendes, para o fim de reconhecer como ainda constitucional a execução
imediata prevista em lei infraconstitucional das penas fixadas acima de quinze anos,
em decorrência de condenação pelo tribunal do júri, e no caso concreto, com
fundamento diverso do eminente Relator, dava provimento ao recurso para determinar
a prisão do recorrido, uma vez que na hipótese a pena em concreto foi quantificada em
26 (vinte e seis) anos e 8 (oito) meses de reclusão, o processo foi destacado.
https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incide
nte=5776893&numeroProcesso=1235340&classeProcesso=RE&numeroTema=1068
Deste modo, a questão padece de vício ao estabelecer uma interpretação ampliativa
do pensamento da Corte, que desconfigura a real essência do decidido em sede de
repercussão geral, fazendo surgir a necessidade de que o item da questão seja
considerado errado.
Diante da inconsistência do gabarito apresentado pela banca, o candidato deve requerer
recebimento e deferimento do presente recurso, para o fim de ser considerada como
nula a questão de nº 16 do mencionado Exame Nacional da Magistratura (no final deste
38
material, apresentaremos um modelo de recurso como sugestão).
(II) CORRETO. Nesse sentido, o STF:
Inconstitucionalidade da vedação em abstrato à concessão de liberdade provisória
Habeas corpus. 2. Paciente preso em flagrante por infração ao art. 33, caput, c/c 40, III,
da Lei 11.343/2006. 3. Liberdade provisória. Vedação expressa (Lei 11.343/2006, art. 44).
4. Constrição cautelar mantida somente com base na proibição legal. 5. Necessidade de
análise dos requisitos do art. 312 do CPP. Fundamentação inidônea. 6. Ordem concedida,
parcialmente, nos termos da liminar anteriormente deferida. [HC 104.339, rel. min.
Gilmar Mendes, P, j. 10-5-2012, DJE 239 de 6-12-2012.] V - Insusceptibilidade de
liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18.
Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão ex
lege, em face dos princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade de
fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade judiciária competente.
(III) INCORRETO. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das Ações Declaratórias
de Constitucionalidade nº 43, 44 e 54, modificou o entendimento até então vigente,
para firmar orientação no sentido de que a prisão, para fins de cumprimento de pena,
somente é permitida após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória,
salvo se presentes os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal, quando,
então, poderá ser decretada a prisão preventiva.
Explica-se:
De fato, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, firmou no julgamento do HC nº
126.292/SP, em 17/02/2016, que deve haver o cumprimento imediato da pena após a
condenação em segundo grau de jurisdição.
O relator do caso, ministro Teori Zavascki, ressaltou em seu voto que, ‘a execução da
pena na pendência de recursos de natureza extraordinária não compromete o núcleo
essencial do pressuposto da não-culpabilidade, na medida em que o acusado foi tratado
como inocente no curso de todo o processo ordinário criminal, observados os direitos e
as garantias a ele inerentes, bem como respeitadas as regras probatórias e o modelo
acusatório atual. Não é incompatível com a garantia constitucional autorizar, a partir
daí, ainda que cabíveis ou pendentes de julgamento de recursos extraordinários, a
produção dos efeitos próprios da responsabilização criminal reconhecida pelas
instâncias ordinárias’ (HC 126292, Relator Min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgado
em 17/02/2016, DJe-100 DIVULG 16-05-2016 PUBLIC 17-05-2016).
Ficou assentado, portanto, que, por serem os recursos especial e extraordinário
desprovidos de efeito suspensivo, nada obsta o início da execução provisória da pena
após haver confirmação da sentença penal condenatória em segundo grau, sem que isso
importe em malferimento ao princípio da não culpabilidade.
Não obstante, ao apreciar o mérito das Ações Declaratórias de Constitucionalidade nº
43, 44 e 54, cujo julgamento foi concluído na sessão do dia 07/11/2019, o Plenário do
Supremo Tribunal Federal, por maioria, superou sua jurisprudência, e ‘decidiu que é
constitucional a regra do artigo 283 do Código de Processo Penal que prevê o
esgotamento de todas as possibilidades de recurso (trânsito em julgado da 39
condenação) para o início do cumprimento da pena’.
Ficou registrado no julgamento que ‘a decisão não veda a prisão antes do esgotamento
dos recursos, mas estabelece a necessidade de que a situação do réu seja
individualizada, com a demonstração da existência dos requisitos para a prisão
preventiva previstos no artigo 312 do CPP – para a garantia da ordem pública e
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal’.
Com efeito, ‘para a corrente vencedora, o artigo 283 do Código de Processo Penal
(CPP), segundo o qual ‘ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência
de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”, está de acordo com
o princípio da presunção de inocência, garantia prevista no artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal’
_____________________________________________________________________________
DIREITO ADMINISTRATIVO

17. Objetivando estabelecer a segurança nas relações jurídicas, ao retirar a possibilidade


de situações financeiras perdurarem por tempo indeterminado, o Decreto Lei nº
20.910/1932 estabeleceu regras sobre prazos prescricionais quanto a direito ou ação
contra a Fazenda federal, estadual ou municipal.
Sobre as regras mencionadas nessa legislação, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) A citação inicial interrompe a prescrição, mesmo quando, por qualquer motivo, o
processo tenha sido anulado.
(B) O direito à reclamação administrativa que não tiver prazo fixado em disposição de
lei especial prescreve em três anos, a contar do conhecimento do ato ou fato apontado
pelo particular prejudicado.
(C) A prescrição interrompida recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato
interruptivo, mas não poderá ficar reduzida aquém de cinco anos, mesmo que o ato
interruptivo se dê durante a primeira metade do prazo.
(D) A prescrição somente poderá ser interrompida duas vezes, quando se trata de ação
objetivando reparação material; já quando a pretensão versar sobre reparação moral,
ela será interrompida sempre, segundo os regramentos da legislação civil.
(E) Não corre a prescrição durante a demora do procedimento que está voltado a analisar 40
ou estudar a pretensão deduzida no âmbito administrativo, salvo se esta versar sobre
reparação material, quando o prazo prescricional retomará o seu curso após o primeiro
ano, sem a decisão administrativa. 4
_____________________________________________________________________________

GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material enviado sobre os pontos 18, 19 e 20 de Direito


Administrativo na turma ENAM, página 75. A súmula foi abordada no material de estudo
sumulado do STF, página 15.

Súmula 383 STF - A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois
anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos,
embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.

Prescrição quinquenal em favor da Fazenda Pública

I. - Prescrição quinquenal em favor da Fazenda Pública. Decreto 20.910, de 1932, artigos


1º e 4º. A prescrição somente pode ser interrompida uma vez, recomeçando a correr
pela metade do prazo, da data do ato que a interrompeu. D.L. 4.597, de 1942, artigo 3º.
A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a
partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular
do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
_____________________________________________________________________________

18. Caio adquire específico imóvel, para fins empresariais, situado no meio da Rua Júlio
Cesar, no Município WXZ. A referida rua possui um grande movimento, o que
potencializa os atos mercantis que passou a realizar em seu imóvel, por meio da
sociedade empresária que criou. Passados três anos, sua atividade empresarial está
obtendo um alto ganho financeiro. Neste momento, a Administração Pública Municipal,
diante da necessidade de realizar uma obra emergencial, procede à ocupação
temporária da área, fechando a entrada e a saída dos transeuntes, salvo os residentes.
Essa situação perdura por oito meses e acarreta o estado de inviabilidade financeira para
o estabelecimento empresarial de Caio.
Sobre essa situação, assinale a opção que melhor reflete o direito que a empresa criada
por Caio teria em face do Poder Público municipal, segundo as regras brasileiras.
(A) A sociedade empresária apenas terá direito a ser indenizada se o tempo de realização
da obra tiver ficado acima da média temporal para obras como a realizada, ciente de ser
uma responsabilidade de natureza subjetiva.
(B) A sociedade empresária apenas terá direito a ser ressarcida se comprovar que o
Município foi levado a realizar as obras por conta de uma situação emergencial cuja
causa tenha ligação direta com uma conduta do próprio Município. 41
(C) O direito da sociedade empresária se restringir-se-á ao não pagamento de eventuais
tributos municipais incidentes, pois a edilidade teria dado causa ao esvaziamento de sua
atividade, não podendo cobrar tributos diante dessa situação.
(D) A sociedade empresária teria direito a ser ressarcida pelo atingimento econômico de
suas atividades, de forma objetiva, pois a conduta do Município teve direta relação com
a inviabilidade de bem prestar suas atividades empresariais.
(E) A sociedade empresária não terá direito a ser ressarcida pelo atingimento econômico
de suas atividades, pois a situação ocorrida está dentro de um risco negocial, sendo
previsível que o poder público possa ser levado à realização de obras que venham a
interferir na circulação de vias públicas.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material sobre os pontos 18, 19 e 20 de Direito Administrativo


na turma ENAM, página 64.
A responsabilidade civil do Estado é uma questão complexa e relevante no direito
administrativo, que se fundamenta no princípio da legalidade e no dever do Estado de
reparar danos causados a particulares, seja por ações ilícitas ou lícitas.
Quando se trata de atos ilícitos, a responsabilidade civil do Estado decorre de
comportamentos contrários à lei que causem prejuízos aos cidadãos. Esses atos, por sua
natureza, violam diretamente os direitos dos indivíduos, e o Estado deve indenizar as
vítimas por tais infrações, conforme estabelece a regra geral do ordenamento jurídico.
Por outro lado, a responsabilidade do Estado por atos lícitos é menos intuitiva, mas
igualmente essencial. Embora um ato seja legal e esteja em conformidade com as
normas vigentes, ele ainda pode causar danos que exigem compensação. Isso ocorre
porque, em certas circunstâncias, ações estatais legítimas podem resultar em prejuízos
anormais e extraordinários para os cidadãos. Esses danos, embora resultantes de atos
lícitos, não devem ser suportados de forma desproporcional por indivíduos ou grupos
específicos.
A teoria da repartição dos encargos sociais sustenta que, quando o Estado realiza uma
intervenção que, embora legal, acarreta prejuízos específicos para um particular ou um
grupo, esses danos devem ser compensados. A justificativa para tal responsabilização
baseia-se no princípio da isonomia, segundo o qual os ônus decorrentes de ações
estatais, necessárias ao interesse público, não devem recair de maneira desigual sobre
os cidadãos.
Especificamente em relação aos danos oriundos de ocupações temporárias, a regra é
que não há indenização a menos que ocorra algum prejuízo ao particular. Nesse 42
contexto, se um dano é verificado, a indenização é devida e deve ser efetuada ao final
da ocupação. Este é um exemplo prático de como o Estado deve gerir suas intervenções,
assegurando que, mesmo em ações temporárias e legítimas, os direitos dos indivíduos
sejam protegidos e quaisquer prejuízos injustamente causados sejam devidamente
reparados.
_____________________________________________________________________________

19. Há uma década, foi editada lei que pretende resguardar as várias administrações
contra atos que possam ser qualificados como “de corrupção”. Trata-se da Lei nº 12.846,
de agosto de 2013, que objetiva proteger tanto administrações públicas nacionais
quanto estrangeiras em face de atos praticados por pessoas jurídicas que atentem
contra os seus respectivos patrimônios, ou que comprometam princípios, entre outras
situações.
Sobre a legislação mencionada, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Sempre que a pessoa jurídica for responsabilizada, os seus dirigentes ou
administradores o serão de forma objetiva.
(B) A responsabilização da pessoa jurídica exclui a responsabilidade individual de seus
dirigentes ou administradores.
(C) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos
administrativo e civil, pelos atos previstos na mencionada lei.
(D) A pessoa jurídica apenas poderá ser responsabilizada se houver a responsabilização
individual de seus dirigentes ou administradores.
(E) Caso haja fusão ou incorporação da empresa, a responsabilidade da sucessora
continuará ampla e gerará a responsabilidade direta dos seus dirigentes ou
administradores objetivamente.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O tema foi estudado na turma e o artigo destacado para revisão, inclusive os conceitos
necessários também foram retratados no conteúdo enviado sobre direito penal
econômico.

O Artigo 1º da Lei Anticorrupção estabelece que a legislação rege a responsabilização


objetiva, tanto no âmbito administrativo quanto civil, de pessoas jurídicas envolvidas
em atos lesivos à administração pública, seja ela brasileira ou estrangeira.
O curioso é que o conhecimento aqui exigido também foi objeto de questionamento na
prova de humanística.
_____________________________________________________________________________

20. Um determinado Município instituiu empresa pública, em regime não concorrencial,


43
mediante autorização legislativa, para exercer poder de polícia de trânsito, inclusive
quanto à aplicação de multas.
De acordo com a jurisprudência do STF a respeito do poder de polícia administrativa,
assinale a afirmativa CORRETA.
(A) A lei autorizadora é compatível com a ordem constitucional vigente, embora não seja
possível a extensão dos privilégios da Fazenda Pública à empresa pública criada, tal
como a concessão de imunidade tributária recíproca.
(B) A lei autorizadora não é compatível com a ordem constitucional vigente, pois há
absoluta incompatibilidade entre o regime celetista existente nas estatais prestadoras
de serviço público em regime de monopólio e o exercício de atividade de polícia
administrativa pelos seus empregados.
(C) A lei autorizadora é compatível com a ordem constitucional vigente, com exceção da
possibilidade de aplicação de sanção, que não pode ser delegada à empresa pública que
atua em regime de Direito Privado.
(D) A lei autorizadora é compatível com a ordem constitucional vigente, que admite a
delegação do poder de polícia administrativa a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública indireta e prestadoras de serviço público, em
regime não concorrencial.
(E) A lei autorizadora não é compatível com a ordem constitucional vigente, uma vez
que as estatais prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado não podem
fazer uso do atributo da coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, mesmo
que atuem em regime não concorrencial.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O julgado foi estudado no material de temas selecionados em Repercussão Geral


enviado para a turma do ENAM, página 30.

Segue trecho de material:

Trata-se de entendimento firmado pelo STF no julgamento do RE nº 633782, segundo o


44
qual é constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas
de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social
majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação
própria do Estado e em regime não concorrencial.
_____________________________________________________________________________

21. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso


Extraordinário RE 684612, com repercussão geral (Tema 698), fixou parâmetros para
nortear decisões judiciais.
A respeito do recente posicionamento do STF em repercussão geral sobre os parâmetros
do controle jurisdicional de políticas públicas voltadas à realização de direitos
fundamentais, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) A decisão judicial, como regra, deverá determinar medidas claras, objetivas e
pontuais a serem realizadas pelo gestor público para a implementação dos direitos
fundamentais.
(B) A decisão judicial, prioritariamente, deve se limitar a apontar as finalidades a serem
alcançadas e determinar que a Administração Pública apresente um plano ou os meios
adequados para alcançar tal resultado.
(C) A intervenção do Poder Judiciário em políticas públicas voltadas à realização de
direitos fundamentais, mesmo em caso de deficiência grave ou ausência do serviço,
viola o princípio da separação dos poderes.
(D) A atuação judicial deve ser pautada por critérios de razoabilidade e eficiência e deve
desenvolver e apresentar o plano concreto a ser cumprido pela administração para
alcançar o resultado.
(E) A decisão judicial não deve trazer qualquer tipo de determinação ao gestor público,
sob pena de interferir na discricionariedade administrativa na tomada de decisão sobre
as políticas públicas a serem implementadas.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O Julgado foi devidamente estudado no material de Repercussão Geral da turma do


ENAM, página 28.

Segue trecho do material que seria decisivo para o acerto da questão, já enviado na dose
certa para sua pontuação (verifique o item 2 da decisão abaixo e compara com a letra
B):

45

_____________________________________________________________________________

22. Em 2020, Fernando foi condenado com trânsito em julgado por ato de improbidade
administrativa que causou prejuízo ao erário, por ter culposamente permitido que a
sociedade empresária Beta utilizasse bens e valores integrantes do acervo patrimonial
do Município Alfa, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie, na época em que Fernando exercia o cargo de Secretário Municipal
de Administração. Atualmente, em sede de cumprimento de sentença, o Ministério
Público está pleiteando o pagamento de multa civil a que Fernando fora condenado na
ação de improbidade. A defesa de Fernando, no entanto, alegou na execução que,
diante da reforma da Lei de Improbidade Administrativa pela Lei nº 14.230/21, a multa
não mais é devida.
Diante da situação fática e jurídica narrada, alinhado ao entendimento do Supremo
Tribunal Federal sobre o tema, o magistrado deve
(A) acatar a tese defensiva e extinguir a execução, diante da aplicação do princípio da
retroatividade da lei mais benéfica para o réu em matéria de direito sancionador, haja
vista que a Lei nº 14.230/2021 revogou todas as hipóteses de atos de improbidade
administrativa culposos.
(B) acatar a tese defensiva e extinguir a execução, diante da aplicação dos princípios da
isonomia e da segurança jurídica, pois a Lei nº 14.230/2021 revogou expressamente o
tipo de ato de improbidade administrativa praticado por Fernando, aplicando-se, por
analogia in bonam partem, o instituto da abolitio criminis.
(C) acatar a tese defensiva e extinguir a execução, haja vista que a Lei nº 14.230/2021,
por possuir conteúdo de direito material em tema de direito sancionador, aplica-se
retroativamente a todos os processos de conhecimento e de execução em curso que
tenham por objeto responsabilização por ato de improbidade administrativa.
(D) rejeitar a tese defensiva e prosseguir a execução, pois a revogação da modalidade
culposa do ato de improbidade administrativa, promovida pela Lei nº 14.230/2021, é
irretroativa, de modo que os seus efeitos não têm incidência em relação à eficácia da
coisa julgada, nem durante o processo de execução das penas e seus incidentes.
(E) rejeitar a tese defensiva e prosseguir a execução, pois não houve revogação do tipo
e do elemento subjetivo da culpa no ato de improbidade administrativa praticado por
Fernando, pois os dispositivos da Lei nº 14.230/2021 são objeto de interpretação 46
conforme a Constituição, para manter a culpa na configuração dos atos ímprobos que
causem prejuízo ao erário.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O julgado foi estudado no material de Repercussão Geral enviado para a turma do


ENAM, página 29. O assunto também foi revisado na 13ª Remessa do Circuito Legislativo
de Direito Administrativo, página 04.

Segue trecho do material:


De acordo com o STF, a norma benéfica da Lei 14.230/2021 revogação da modalidade
culposa do ato de improbidade administrativa, é irretroativa, em virtude do artigo 5º,
inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da
coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus
incidentes;
A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência do texto anterior, porém sem condenação transitada em
julgado, em virtude da revogação expressa do tipo culposo, devendo o juízo competente
analisar eventual dolo por parte do agente.
_____________________________________________________________________________

23. O Supremo Tribunal Federal julgou, em 2022, a Ação Direta de Inconstitucionalidade


2946, proposta em relação ao Art. 27 da Lei nº 8987/1995, in verbis:
Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem
prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.
§ 1o Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput deste artigo, o pretendente
deverá:
I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade
jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.”
Discutia-se se este artigo é compatível com o Art. 175 da Constituição Federal, a seguir. 47
“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o
caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
No voto do relator, que obteve a adesão da maioria do STF, lê-se o seguinte:
É a proposta mais vantajosa que, prima facie, vincula a Administração. Mantidos seus
termos, não se pode afirmar que a modificação do particular contratado implica,
automática e necessariamente, burla à regra da obrigatoriedade de licitação ou ofensa
aos princípios constitucionais correlatos, mormente nos casos de concessão, dada a
natureza incompleta e dinâmica desses contratos e a necessidade de se zelar pela
continuidade da prestação adequada dos serviços públicos.
Assinale a opção que traduz a ideia expressa pelo Tribunal no trecho destacado.
(A) Contratos de concessão têm natureza incompleta, dinâmica, especial,
personalíssima e contínua.
(B) A transferência de concessão é viável se houver continuidade da prestação adequada
dos serviços públicos, mas deve ser feita sempre por meio de licitação.
(C) Na concessão, o principal para a Administração Pública é a manutenção das
condições contratuais obtidas na licitação e a continuidade adequada dos serviços, e
não o interesse da concessionária vencedora.
(D) A competência do poder concedente para anuir com a transferência da concessão
está sujeita a caducidade, salvo se os termos da proposta mais vantajosa na licitação
não tiverem sido mantidos.
(E) Em virtude do princípio da continuidade dos serviços públicos, a Administração
Pública deve necessariamente rescindir a concessão se a concessionária não tiver
condições de manter a prestação adequada.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O foi Julgado foi estudado no material de Repercussão Geral da turma do ENAM, página
05.
48

Segue trecho do material:

De acordo com o STF, mesmo com essa transferência, a base objetiva do contrato
continuará intacta. Permanecem o mesmo objeto contratual, as mesmas obrigações
contratuais e a mesma equação econômico-financeira. O que ocorre é apenas a sua
modificação subjetiva, seja pela substituição do contratado, seja em razão da sua
reorganização empresarial.
_____________________________________________________________________________
24. Carlos, servidor público efetivo federal, no exercício das funções, praticou ato de
insubordinação grave em serviço, que foi categoricamente comprovado no curso de
regular processo administrativo disciplinar (PAD), que ensejou a imposição de pena de
demissão ao servidor. Inconformado, Carlos ajuíza ação judicial, pleiteando a reforma
da decisão administrativa, a fim de que lhe seja aplicada penalidade disciplinar menos
gravosa, haja vista que comprovou nunca ter sido anteriormente sancionado, nem
mesmo respondido a PAD, além de que constam em sua folha de assentamento
funcional dois elogios.
Com base na Lei nº 8.112/90 e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o
magistrado deve julgar a pretensão de Carlos
(A) procedente, porque, diante dos bons antecedentes e da ausência de reincidência, o
Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União prevê que a penalidade disciplinar
cabível para o caso em tela é a advertência, que será aplicada pela Administração Pública
por escrito e de forma reservada e, em razão disso, Fernando deve ser imediatamente
reintegrado ao cargo.
(B) improcedente, haja vista que, apesar de o controle jurisdicional do PAD não se
restringir ao exame da regularidade do procedimento e da legalidade do ato, sendo
possível, em regra, incursão no mérito administrativo, por se tratar de direito
administrativo sancionador, Fernando praticou ato de insubordinação grave em serviço
que deve ser punido com demissão ou suspensão, conforme discricionariedade do
administrador.
(C) procedente, uma vez que, na aplicação das penalidades, devem ser consideradas a
49
natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço
público, as circunstâncias atenuantes e os antecedentes funcionais, de maneira que a
sanção de demissão deve ser substituída pela suspensão por 90 (noventa) dias, após o
que será o servidor reintegrado.
(D) improcedente, haja vista que, não obstante a autoridade administrativa possuir
discricionariedade para aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando
caracterizadas as hipóteses legais dessa sanção de demissão mas houver atenuantes
objetivas e subjetivas, o Poder Judiciário não pode se imiscuir no mérito administrativo,
pois sua análise se restringe aos aspectos de legalidade do PAD, à luz dos princípios do
contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal.
(E) improcedente, pois a autoridade administrativa que impôs a sanção disciplinar agiu
corretamente, uma vez que não dispõe de discricionariedade para aplicar ao servidor
pena diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses legais dessa sanção.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: E
COMENTÁRIOS

A súmula foi abordada no material do STJ, página 12. O assunto foi ainda reforçado na
12ª Remessa do Circuito Legislativo de Direito Administrativo na turma ENAM ponto a
ponto, página 93.

Súmula 650 do STJ – A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para


aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caraterizadas as hipóteses
previstas no artigo 132 da Lei 8.112/1990.

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO!


A questão é passível de recurso para que se peça anulação, pois houve erro material
grave por parte da banca examinadora, uma vez que o enunciado apresenta um
personagem identificado com Carlos, enquanto as alternativas citam um outro
protagonista, Fernando. O que certamente gerou confusão, perda de tempo e
insegurança sobre um vício que não deveria ocorrer em uma prova tão relevante. O que
demonstra uma falta de revisão simples sobre o conteúdo criado para submissão aos
candidatos.
_____________________________________________________________________________

25. O Município Alfa instaurou processo administrativo visando à contratação que tem
50
por objeto a coleta, o processamento e a comercialização de resíduos sólidos urbanos
recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo. No curso do
processo, restou identificada a Cooperativa Delta, formada exclusivamente de pessoas
físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais
recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas,
ambientais e de saúde pública. Assim, a municipalidade está em vias de efetivar a
contratação direta da Cooperativa Delta, sem prévio processo licitatório, mediante
dispensa de licitação.
A sociedade empresária Beta, que atua no ramo de resíduos sólidos e possui um aterro
sanitário legalizado, inclusive com a devida licença ambiental, pretende ser contratada
para o mesmo objeto antes descrito e ajuizou ação judicial pleiteando, em sede de tutela
de urgência inibitória, a proibição de contratação do serviço pretendido pelo Município
Alfa sem prévia licitação.
Conclusos os autos, o magistrado, atento à Lei nº 14.133/21, deve
(A) deferir a liminar, pois a natureza do serviço a ser contratado pelo Município Alfa
exige prévia licitação, cuja modalidade será determinada pelo valor estimado da
contratação.
(B) deferir a liminar, pois a natureza do serviço a ser contratado pelo Município Alfa
exige prévia licitação, na modalidade pregão, que é obrigatória para aquisição de
serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior
desconto.
(C) deferir a liminar, pois a natureza do serviço a ser contratado pelo Município Alfa
exige prévia licitação, na modalidade diálogo competitivo, em que a Administração
Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios
objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às
suas necessidades.
(D) indeferir a liminar, pois, não obstante a contratação pretendida pelo Município Alfa
não ser possível mediante dispensa de licitação, é cabível, na hipótese, a contratação
direta mediante inexigibilidade de licitação, bastando que a municipalidade convalide
os atos administrativos já praticados.
(E) indeferir a liminar, pois a contratação pretendida pelo Município Alfa é possível
mediante dispensa de licitação, por expressa previsão legal, desde que seja instruída
com os documentos indicados na legislação de regência.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente abordado na questão 19 do 676º Simulado Mege (ENAM II).

Trata-se do art. 75, IV, j, da Lei nº 14.133/21, segundo o qual é dispensável a licitação 51
para coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, realizados por
associações ou cooperativas formadas exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda
reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de
equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
_____________________________________________________________________________

26. Na capital do Estado Alfa, profissionais da área de saúde realizaram manifestação


pública por melhores condições de trabalho e salariais. Criminosos se infiltraram no
meio da passeata, para subtrair pertencentes dos manifestantes, em especial aparelhos
celulares, ocasião em que a Polícia Militar chegou ao local para reprimir os delitos.
Durante a atuação da polícia, Pedro, jornalista que cobria o evento, apesar de não ter
descumprido ostensiva e clara advertência quanto ao acesso a áreas definidas como de
grave risco a sua integridade física, acabou sendo lesionado por ter sido atingido pelo
cassetete arremessado por um policial militar, em situação de evidente tumulto entre
policiais e manifestantes.
Diante do documentado dano material que sofreu por ter seu braço quebrado, Pedro
ajuizou ação indenizatória em face do Estado Alfa. Após o regular curso processual, o
feito foi concluso para sentença e o magistrado, observando a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, deve julgar a pretensão indenizatória de Pedro
(A) procedente, diante da responsabilidade civil objetiva do Estado, não incidindo a
excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima.
(B) procedente em parte, diante da responsabilidade civil subjetiva do Estado, incidindo
a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima apenas para fins de
compensação no valor da indenização.
(C) improcedente, uma vez que, apesar da responsabilidade civil subjetiva do Estado,
não ficou demonstrado abuso ou excesso na conduta policial.
(D) improcedente, uma vez que, apesar da responsabilidade civil objetiva do Estado,
incide a excludente da responsabilidade do caso fortuito ou força maior.
(E) improcedente, uma vez que, apesar da responsabilidade civil objetiva do Estado,
incide a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva de terceiro.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O julgado foi estudado no material de Repercussão Geral da turma do ENAM, página 30.
Além disso, o assunto estudado foi estudado no material sobre os pontos 18, 19 e 20 de
Direito Administrativo da turma ENAM, página 67.

Segue trecho do material com o julddo decisivo: 52

“É objetiva a responsabilidade civil do estado em relação ao profissional de imprensa


ferido por agentes policiais durante a cobertura jornalística em manifestações em que
haja tumulto ou conflito entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente de
responsabilidade da culpa exclusiva da vítima nas hipóteses em que o profissional de
imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas em
que haja grave risco a sua integridade física”. (STF – RE 120949 – J. 10.06.2021)
_______________________________________________________________________
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

27. A juíza Joana, que acabou de se tornar vitalícia, foi convidada por veículo de
imprensa para dar uma entrevista sobre determinado caso. Preocupada com as cautelas
que deve adotar, Joana verificou que, de acordo com o Código de Ética da Magistratura
Nacional, editado pelo Conselho Nacional de Justiça, deve
(A) abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de seu julgamento, mas pode
fazê-lo em relação ao processo que será julgado por outro magistrado.
(B) abster-se de emitir juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou
acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício
do magistério.
(C) observar que, caso se manifeste sobre processo pendente de seu julgamento, não
poderá fazer juízo de valor sobre fatos ainda não decididos e deverá automaticamente
se declarar suspeita para prosseguir no feito após a entrevista.
(D) observar os sigilos legais decretados em processos judiciais, somente podendo dar
entrevista porque já adquiriu a vitaliciedade, que, no primeiro grau, é adquirida após
dois anos de exercício.
(E) observar os sigilos legais decretados em processos judiciais, mas não lhe é exigido
que evite comportamentos que impliquem a busca injustificada e desmesurada por
reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de qualquer
53
natureza.
_____________________________________________________________________________

GABARITO: B
COMENTÁRIOS

QUESTÃO DADA PELO MEGE! Nós antecipamos até o nome da magistrada, JOANA. Que
felicidade! Um presente da nossa equipe para todos! O tema foi tratado em amplo
material sobre tudo que precisava ser estudado sobre a relação do magistrado com os
meios de comunicação, em questão quase que idêntica no 668º Simulado Mege, no
Vade Mege e, ainda, no aulão de véspera com o professor Arnaldo Bruno. Nós,
realmente, insistimos MUITO para que nenhum de nossos alunos errasse sobre o tema.
QUESÃO DO 668º SIMULADO MEGE (ENAM I)

GABARITO OFICIAL DO ENAM


(B) abster-se de emitir juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou
acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício
do magistério.
GABARITO COMENTADO DO 668º SIMULADO MEGE (ENAM I)
Compare a resposta com este trecho do material enviado para a turma

54
SLIDE DO TEMA TRATADO NO AULÃO

As demais alternativas, basicamente, são compreendidas com a leitura da letra B como


correta. Vale ressaltar, que não há objeção quanto ao magistrado conceder entrevistas.
No entanto, os juízes devem tomar cuidado com condutas que possam sugerir
autopromoções (assuntos muito tratados ao longo da turma ponto a ponto, por ser uma
bandeira constante do CNJ em suas análises administrativas – as nossas pesquisas
indicavam que este tema não tinha como deixar de ser abordado).

- Valeu, Joana!
_____________________________________________________________________________

28. O Estado Alfa publicou lei estadual, de iniciativa do Judiciário estadual, instituindo o
novo Código de Organização Judiciária daquele Estado, que contém dispositivo que
disciplina os critérios de desempate em caso de promoção de juízes por antiguidade. A
norma prevê que verificado empate, na apuração da antiguidade, dar-se-á a
precedência ao magistrado mais antigo na carreira. Permanecendo o impasse,
promover-se-á aquele que tiver maior tempo de serviço público, ou, sucessivamente, o
mais idoso.
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a citada norma é
(A) inconstitucional, porque, não obstante o Estado tenha competência para legislar
sobre o tema, desde que observada a iniciativa de lei ao Judiciário, a norma conflita com
a Lei Orgânica da Magistratura Nacional que dispõe que, havendo empate na
antiguidade, terá precedência o Juiz com maior produtividade.
(B) constitucional, porque são cabíveis, como medida de desempate entre os
concorrentes à promoção por antiguidade, condições estranhas à função jurisdicional,
desde que no âmbito do serviço público, mediante a utilização do critério de tempo de
serviço público que favoreça o magistrado com trajetória profissional exercida no setor 55
público.
(C) inconstitucional, porque, não obstante o Estado tenha competência para legislar
sobre o tema, desde que observada a iniciativa de lei ao Judiciário, a norma conflita
materialmente com a Constituição da República que prevê que, na Justiça dos Estados,
apurar-se-á na entrância a antiguidade e, havendo empate na antiguidade, terá
precedência o Juiz mais antigo na carreira, ou, sucessivamente, o mais idoso.
(D) constitucional, porque os Tribunais possuem autogoverno e competência para editar
seus regimentos internos, podendo complementar a Lei Orgânica da Magistratura
Nacional no que tange à alteração da organização e da divisão judiciárias.
(E) inconstitucional, por violar a reserva de lei complementar e a iniciativa da Suprema
Corte para disciplinar matéria concernente ao Estatuto da Magistratura, veiculando
conteúdo que exorbitou indevidamente do regramento estabelecido pela LOMAN.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

QUESTÃO DADA PELO MEGE! A ADI 6772 foi devidamente revisada em nosso conteúdo
selecionado entre as decisões em repercussão geral para leitura final voltada para o
ENAM.
Segue o teor da ADI 6772, que explica a base necessária para acertar a questão:
Por unanimidade, o STF decidiu que é inconstitucional adotar o tempo de serviço
público como critério de desempate para a promoção de magistrados no Estado de
Alagoas. A análise da matéria ocorreu no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 6772, na sessão finalizada em 23/9.
Na ação, o procurador-geral da República, Augusto Aras, questionava a validade de
dispositivo do Código de Organização Judiciária do Estado de Alagoas (Lei estadual
6.564/2005). Entre outros argumentos, Aras sustentava que esse critério diverge do
previsto na Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman).
Vinculação das leis estaduais
O ministro Edson Fachin, relator da ADI, votou pela procedência do pedido. Ele observou
que, em várias ocasiões, o STF invalidou leis estaduais que disciplinavam temas contidos
no Estatuto da Magistratura, uma vez que essas matérias são reservadas à lei
complementar e, atualmente, são disciplinadas pela Loman. O relator também destacou
o entendimento da Corte de que as disposições da Loman devem ser seguidas por todos
os legisladores estaduais - e o tempo de serviço público não está entre os critérios nela
estabelecidos.
Fachin assinalou, ainda, que o Supremo já declarou inconstitucional a adoção do critério
de maior tempo de serviço público para a apuração de antiguidade e invalidou a fixação
de parâmetros temporais diversos da Loman como critérios de desempate para a
promoção. 56
CF/98
É válida a leitura do artigo 93 da Constituição Federal, que prevê a criação de lei
complementar, de iniciativa do STF, para dispor sobre o Estatuto da Magistratura. Além
disso, o dispositivo questionado seria incompatível com o artigo 102 da Lei
Complementar 35/1979, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), que prevê a
eleição por antiguidade para a direção dos tribunais.
_____________________________________________________________________________

29. Com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas universais


construídos após intensa consulta pública mundial, a Agenda 2030 da Organização das
Nações Unidas possui propósitos ambiciosos e transformadores, com grande foco nas
pessoas mais vulneráveis. Um compromisso internacional de tal porte exige a atuação
de todos os Poderes da República Federativa do Brasil e a participação do Supremo
Tribunal Federal (STF) é fundamental para a efetivação de medidas para este desafio
mundial tendo em vista a possibilidade de se empreender no âmbito da Corte políticas e
ações concretas. Como primeiras iniciativas, todos os processos de controle de
constitucionalidade e com repercussão geral reconhecida indicados pelo Presidente para
a pauta de julgamento estão classificados com o respectivo objetivo de desenvolvimento
sustentável. Da mesma forma, o periódico de informativo de jurisprudência do STF já
conta com essa marcação, permitindo a correlação clara e direta sobre o julgamento e
os ODS. Avançou também neste momento para os processos julgados, com acórdãos
publicados no ano de 2020. Neste amplo projeto de aproximação do STF com a Agenda
2030, estão programadas para as próximas etapas a identificação de processos de
controle concentrado e com repercussão geral reconhecida ainda em tramitação,
mesmo sem indicação de julgamento próximo.
(Disponível em https://portal.stf.jus.br/hotsites/agenda-2030/)
Entre os ODS, o Objetivo 16 visa a promover sociedades pacíficas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis, mediante o
cumprimento de algumas metas.
As opções a seguir apresentam, corretamente, algumas dessas metas, à exceção de
uma. Assinale-a.
(A) Até 2030, fornecer identidade legal para todos, incluindo o registro de nascimento.
(B) Reduzir substancialmente a corrupção e o suborno em todas as suas formas.
(C) Garantir a tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa e representativa em
todos os níveis.
(D) Até 2030, zerar os fluxos financeiros e os de armas ilegais, reforçar a recuperação e
a devolução de recursos roubados e combater as formas de crime organizado ligadas a
crimes hediondos.
(E) Fortalecer as instituições nacionais relevantes, inclusive por meio da cooperação
internacional, para a construção de capacidades em todos os níveis, em particular nos
países em desenvolvimento, para a prevenção da violência e o combate ao terrorismo e 57
ao crime.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O tema foi amplamente estudado em nossa turma! A Agenda 2030 foi um assunto
abordado em materiais, Vade Mege e revisão de véspera.

A prova pedia a alternativa incorreta, a única que não contemplava o texto exato da
agenda 2030 era a letra D. Uma pegadinha que não media a vocação de ninguém,
convenhamos. Uma questão simples para um assunto tão valioso e que, realmente,
merecia ser exigido com um viés mais analítico.
Segundo a Agenda 2030, o que se pretende é reduzir (diferente de zerar)
significativamente os fluxos financeiros e de armas ilegais, reforçar a recuperação e
devolução de recursos roubados e combater todas as formas de crime organizado (não
apenas ligadas a crimes hediondos).
Trecho de nosso material sobre o tópico (o que não significa que estaria fácil de ser
lembrado, foi um detalhe para conferência):
SLIDE inicial de nossa revisão de véspera:

_____________________________________________________________________________

30. Os Princípios de Conduta Judicial de Bangalore foram elaborados pelo Grupo de


Integridade Judicial, constituído sob os auspícios das Nações Unidas. Sua elaboração
teve início no ano de 2000, em Viena (Áustria), os princípios foram formulados em abril
de 2001, em Bangalore (Índia) e oficialmente aprovados em novembro de 2002, em Haia 58
(Holanda). Os Princípios de Conduta Judicial de Bangalore é um projeto de Código
Judicial em âmbito global, elaborado com base em outros códigos e estatutos, nacionais,
regionais e internacionais, sobre o tema, dentre eles a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, da ONU. (...) Os Princípios de Bangalore subsidiaram a elaboração do Código
Ibero-Americano de Ética Judicial, promovido pela Cúpula Judicial Ibero-Americana, para
ser instrumento norteador de condutas no âmbito dos países Ibero-Americanos,
traduzido e editado pelo Centro de Estudos Judiciários.
https://www.unodc.org/documents/lpobrazil/Topics_corruption/Publicacoes/2008_Co
mentarios_aos_Principios_de_Bangalore.pdf)
De acordo com os mencionados Princípios de Bangalore, o Juiz que acabou de ingressar
na magistratura deve observar que
(A) a motivação em matéria de Direito deve limitar-se a invocar as normas aplicáveis,
especialmente nas resoluções sobre o fundo dos assuntos, não devendo ostentar uma
intensidade máxima.
(B) a vinculação ocorre apenas pelo texto das normas jurídicas vigentes, e não pelas
razões nas quais se fundamentam, em atendimento ao princípio da legalidade.
(C) a independência judicial implica que, sob o ponto de vista ético, o Juiz não deve
participar, de qualquer modo, de atividade política partidária.
(D) a obrigação da formação continuada dos juízes restringe-se às matérias
especificamente jurídicas, para evitar subjetivismo em relação a outros ramos do
conhecimento.
(E) o segredo profissional tem como fundamento salvaguardar a confiança no Judiciário
e não especificamente os direitos das partes e das pessoas próximas perante o uso
indevido de informações obtidas pelo Juiz no desempenho das suas funções.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O tema foi amplamente estudado em nossa turma! Os Princípios de Conduta Judicial


de Bangalore foram estudados no material de Humanística (página 58 do ponto 4) da
turma ponto a ponto, em questão do simulado 686 (ENAM V, questão 29) e 687 (ENAM
VI, questão 32) e no aulão de véspera pelo professor Arnaldo Bruno.

59

Inicialmente, vamos analisar as alternativas tidas como equivocadas:


(A) INCORRETA. A motivação em matéria de Direito não se limita a invocar as normas
aplicáveis, dever ter uma visão ampla e não apenas restrito ao conteúdo estrito de lei,
sem a devida importância da análise de princípios e jurisprudência, por exemplo.

(B) INCORRETA. Pela mesma lógica da primeira alternativa, o juiz não se restringe
unicamente ao texto das normas jurídicas.

(D) INCORRETA. A formação continuada do magistrado não se reduz apenas ao aspecto


jurídica. Um exemplo disso são os próprios cursos da ENFAM.

(E) INCORRETA. Pois o segredo profissional também deve salvaguardar a confiança no


os direitos das partes e das pessoas próximas perante o uso indevido de informações
obtidas pelo Juiz no desempenho das suas funções.

Agora, vamos a alternativa C (tida como verdadeira):


(C) CORRETA (mas merece uma reflexão quanto a expressão “de qualquer modo”): a
independência judicial implica que, sob o ponto de vista ético, o Juiz não deve participar,
de qualquer modo, de atividade política partidária. Isso em análise superficial é
incontestável! No entanto, quando evoluímos o debate no âmbito internacional é
possível entender que a forma absoluta como o tema é aqui apresentado, é passível de
considerações.

Resolução nº 305/2019 do CNJ

Das Vedações

Art. 4º Constituem condutas vedadas aos magistrados nas redes sociais:

II – emitir opinião que demonstre atuação em atividade político-partidária ou


manifestar-se em apoio ou crítica públicos a candidato, lideranças políticas ou partidos
políticos (art. 95, parágrafo único, inciso III, da Constituição Federal; art. 7º do Código de
Ética da Magistratura Nacional);

§ 1º Para os fins do inciso II deste artigo, a vedação de atividade político-partidária não


abrange manifestações, públicas ou privadas, sobre projetos e programas de governo,
processos legislativos ou outras questões de interesse público, de interesse do Poder
Judiciário ou da carreira da magistratura, desde que respeitada a dignidade do Poder
Judiciário. 60
Sobre o tema, citamos ainda uma abordagem doutrinária interessante na obra
“Commentary on the Bangalore Principles of Judicial Conduct (CDU 343.16:174)”.
Portanto, a expressão “de qualquer modo” soa um tanto totalitária no contexto apresentado e
pode ser objeto de recurso, diante da possibilidade do candidato ter feito ponderações conforme
aqui apresentadas.
_____________________________________________________________________________

31. O termo compliance pode ser entendido como “estar em conformidade” e vem
ganhando crescente importância na implementação de estruturas, processos e
mecanismos tanto no setor privado como no setor público. Para minimizar os riscos de
corrupção, o compliance foi ganhando espaço no setor público, especialmente com a
entrada em vigor da Lei Anticorrupção (Lei nº 12.864/2013).
Sobre o tema, analise as afirmativas a seguir.
I. Por meio da responsabilidade subjetiva, as empresas podem ser punidas por atos de
corrupção, independentemente de culpa, bastando a comprovação de que tais atos
tenham sido praticados em seu interesse ou benefício.
II. A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de
seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou
partícipe do ato ilícito.
III. A Lei Anticorrupção não abrange todas as esferas da Administração Pública
(municipal, estadual e federal), tendo incidência direta apenas no âmbito federal.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II, apenas.
61
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O tema foi estudado em nossa turma no material de Direito Penal Econômico e também
no aulão de véspera, onde citamos a lei de anticorrupção, que também foi tema de
estudo no VADE MEGE e, nesta prova, ainda foi exigida em Direito Administrativo.

(I) INCORRETO. O erro está na identificação da responsabilidade subjetiva, ao invés de


OBJETIVA.
(II) CORRETO. O item II não merece reparos. É o único correto.
(III) INCORRETO. O erro está na palavra “não”, pois a lei anticorrupção abrange todas as
esferas da administração pública (municipal, estadual e federal), assim como seus
respectivos órgão e entidades. Portanto, cada caso deve ser investigado de acordo com
sua abrangência.

32. No plano internacional, as duas principais normas a respeito do trabalho do


adolescente são as Convenções da Organização Internacional do Trabalho nº 138, de
1973, sobre a idade mínima de admissão ao emprego, e nº 182, de 1999, sobre as piores
formas de trabalho infantil. No plano nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente
de 1990, do Art. 60 ao 69, prevê o direito à profissionalização e à proteção no trabalho
infantil.
Baseado nas normas internacionais e internas de proteção à criança e ao adolescente,
além da CRFB/88, analise as afirmativas a seguir.
I. A CRFB/88 proíbe o trabalho noturno, perigoso e insalubre a menores de 18 anos e de
qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir de 14
anos.
II. A Convenção 182 estipula que o trabalho nas atividades consideradas como piores
formas de trabalho é proibido antes dos 16 anos de idade.
III. É permitida qualquer atividade laboral realizada por adolescentes menores de 14
anos que se mostre imprescindível à sobrevivência e ao sustento do próprio trabalhador
infantil e de sua família.
62
IV. A doutrina da proteção integral da criança e do adolescente tem, como um de seus
desdobramentos, a doutrina da situação irregular, ambas albergadas pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA).
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) IV, apenas.
© I e IV, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I e II, apenas.

GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O tema foi bem estudado em nossa turma ponto a ponto para o ENAM no tocante aos
itens I, III e IV. O item II, com a convenção 182, não foi objeto de estudo por não ter sido
citado de forma mais clara no próprio edital do ENAM, o que merece uma reflexão ao
final deste comentário de questão.
(I) CORRETO. O Item I está correto de acordo com o texto constitucional.
CF/88, XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a
partir de quatorze anos;
(II) INCORRETO. O Item II está em desacordo com a Convenção 182 que identifica como
criança toda pessoa menor de 18 anos.
Artigo 2º
Para os efeitos desta Convenção, o termo criança designa a toda
pessoa menor de 18 anos.
(III) INCORRETO. O Item III é amplamente condenável, uma vez que a sua conclusão
conduza a percepção de que o menor de 14 anos poderia ser submetido a qualquer tipo
de atividade (prostituição, por exemplo), desde que isso justificasse ser ao sustento do
próprio trabalhador infantil e de sua família. O que denota uma ausência completa de
proteção às crianças e adolescentes.
(IV) INCORRETO. O Item IV está incorreto. A Doutrina da Situação Irregular, advinda dos
Códigos de Menores, é substituída pela Doutrina da Proteção Integral instituída pelo
ECA, visando que crianças e adolescentes deixassem de ser objetos de intervenção para
serem compreendidas como sujeitos de direitos e garantindo igualdade de direitos a
todas as crianças. Ao romper definitivamente com a doutrina da situação irregular, até
então admitida pelo Código de Menores (L. 6.697, de 10.10.1979), e estabelecer como
63
diretriz básica e única no atendimento de crianças e adolescentes a doutrina de
proteção integral, o legislador pátrio agiu de forma coerente com o texto constitucional
de 1988 e documentos internacionais aprovados com amplo consenso da comunidade
das nações.
Por fim, fica nossa reflexão sobre a possibilidade de anulação desta questão, o que
explicaremos melhor na live sobre a análise de recursos.
O edital trata dos seguintes tópicos em Humanística no item 6 da matéria:
“Relações entre direito estrangeiro e a ordem jurídica interna. A Declaração Universal
dos Direitos do Homem (ONU). Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos da ONU,
da OEA e da OIT.”
A banca poderia ter citado de forma expressa as convenções que poderiam ser objeto
de questões (como feito em outras passagens do edital) diante da imensidade de
possibilidades nessa abordagem tão genérica.
_____________________________________________________________________________
DIREITOS HUMANOS

33. Acerca da Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Declaração


Americana de Direitos e Deveres do Homem, assinale a afirmativa correta.
(A) A Carta da OEA foi editada durante a 9ª Conferência Interamericana realizada em
Bogotá, em 1948. Em razão da sua finalidade precípua de constituir formalmente a
Organização dos Estados Americanos, o referido documento internacional não continha
disposições relacionadas aos Direitos Humanos. Com vistas à abordagem desta temática
específica, foi posteriormente editada a Declaração Americana de Direitos e Deveres do
Homem.
(B) A Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem é também conhecida
como Pacto de São José da Costa Rica, por ter sido adotada durante a Conferência
Especializada interamericana sobre Direitos Humanos realizada naquela cidade, em
1969.
(C) De acordo com a posição majoritária, a Declaração Americana de Direitos e Deveres
do Homem possui força vinculante. Contudo, vincula apenas aqueles Estados que a
ratificaram expressamente, não abrangendo todos os países que ratificaram a Carta da
OEA.
(D) A Carta da OEA abordou o tema dos Direitos Humanos de forma mais genérica. Já a
Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem é considerada uma 64
interpretação autêntica dos dispositivos genéricos de proteção dos Direitos Humanos
da Carta.
(E) A Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem foi inspirada na Declaração
Universal dos Direitos Humanos, editada poucos meses antes pela Organização das
Nações Unidas.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Assunto abordado na mega revisão do ENAM.


Assunto abordado no ponto 2 de Direitos Humanos, nas páginas 6 a 14, na turma
ENAM ponto a ponto.
“Além desses dispositivos da Carta, os Estados-membros da OEA estão vinculados ao
cumprimento dos direitos mencionados na Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem, que é considerada interpretação autêntica dos dispositivos
genéricos de proteção de direitos humanos da Carta da OEA, conforme decidiu a Corte
Interamericana de Direitos Humanos (Parecer Consultivo sobre interpretação da
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem – art. 64 da Convenção, 1989,
§ 45).”
Ramos, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos - 11ª edição 2024 (Portuguese
Edition) (p. 647). Saraiva Jur. Edição do Kindle.
_____________________________________________________________________________

34. Casos envolvendo o delito de desaparecimento forçado são uma constante na


jurisprudência contenciosa da Corte Interamericana de Direitos Humanos, desde a
primeira sentença que proferiu no caso Velásquez Rodriguez vs. Honduras, em 1987. O
Tribunal reconhece que se trata de violação múltipla aos direitos previstos na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
A respeito do tema, analise as afirmativas a seguir.
I. Segundo o entendimento da Corte IDH, o crime de desaparecimento forçado é um
crime permanente que se prolonga no tempo até que o Estado comprove que o
desaparecido já morreu.
II. A proibição do desaparecimento forçado possui status de ius cogens.
III. A Corte IDH reconhece o direito autônomo dos familiares a conhecer a verdade, que
compreende não apenas as obrigações estatais derivadas dos artigos 8 e 25 da
Convenção, mas também o direito de acesso à informação prescrito no Art. 13.1.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas. 65
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO. O tema foi indicado para estudo pelo Mege na turma
do ENAM!
Sugerimos a alteração do gabarito para a alternativa “E”. O tema objeto da questão foi
abordado de forma pormenorizada em nosso material no Ponto 3 de Direitos Humanos,
nas páginas 24 a 26, na turma ENAM ponto a ponto.

Há um problema no tocante ao item I (o qual entendemos como correto, diferente do


que consta no gabarito).
Segundo o entendimento da Corte IDH, “o crime de desaparecimento forçado é um
crime permanente que se prolonga no tempo até que o Estado comprove o desparecido
já morreu, considerando que os atos que constituem o desparecimento forçado têm
caráter permanente e que suas consequências acarretam uma pluriofensividade aos
direitos das pessoas reconhecidas na Convenção Interamericana, enquanto não se
conheça o paradeiro da vítima ou se encontrem seus restos, motivo pelo qual os Estados
têm o dever correlato de investigar e, eventualmente, punir os responsáveis, conforme
as obrigações decorrentes da Convenção Americana (Cf. Caso Gomes Lund e Outros vs.
Brasil, 2010, p. 41)”.
Além disso, a Jurisprudência da Corte IDH sobre desaparecimento forçado também
defende esta posição. A esse respeito, este Tribunal desenvolveu em sua jurisprudência
o caráter pluriofensivo do desaparecimento forçado, bem como seu caráter permanente
ou contínuo, em que o desaparecimento e sua execução começam com a privação de
liberdade da pessoa e a consequente falta de informação sobre o seu destino e
permanece até que seja conhecido o paradeiro da pessoa desaparecida ou que os seus
restos mortais sejam encontrados para que a sua identidade seja determinada com
segurança. Enquanto durar o desaparecimento, os Estados têm o dever correlato de
investigá-lo e, eventualmente, punir os responsáveis, de acordo com as obrigações
derivadas da Convenção Americana e, em particular, da Convenção Interamericana
sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas (Corte IDH. Caso Comunidad Campesina de
Santa Bárbara Vs. Perú. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas.
Sentencia de 1 de septiembre de 2015. Tradução livre.)
Segundo o entendimento da Corte IDH, o crime de desaparecimento forçado é um crime
permanente que se prolonga no tempo até que o Estado comprove que o desaparecido
já morreu.
Com esta análise, ganharia força a letra E. No entanto, sugerimos que recorram pela
66
anulação da questão e contemplem a falta de mais detalhes no item para sua análise
madura sobre ser correto ou incorreto.

Segue apenas trecho do que o material do Mege trouxe sobre “Velásquez Rodriguez
vs. Honduras” (nós indicamos a sua leitura para o ENAM e entregamos mais um presente
que a maioria dos candidatos, não alunos do Mege, não recebeu):

Trata-se do primeiro caso contencioso julgado pela Corte Interamericana:


Velásquez Rodríguez vs. Honduras.
Os fatos objeto da acusação
Relacionam-se com o desaparecimento forçado de Manfredo Velásquez por
parte das Forças Armadas hondurenhas. Manfredo Velásquez, estudante da
Universidade Nacional Autônoma de Honduras, “foi detido de forma violenta e sem a
apresentação de ordem judicial de captura, por elementos da Direção Nacional de
Investigação e do G-2 (Inteligência) das Forças Armadas de Honduras”.
A detenção ocorreu em Tegucigalpa, 12 de setembro de 1981, à tarde. Os
denunciantes declararam que várias testemunhas oculares manifestaram que o jovem
fora levado junto com outros detidos para as celas da II Estação da Força de Segurança
Pública, localizadas no Bairro El Manchén de Tegucigalpa, onde foi submetido a duros
interrogatórios, sob cruéis torturas, acusado de supostos delitos políticos.
Acrescenta a denúncia que, em 17 de setembro de 1981, foi transferido para o
I Batalhão de Infantaria, onde prosseguiram os interrogatórios e que, apesar disto, todas
as corporações policiais e de segurança negaram a sua detenção.
A Corte condenou o Estado e inverteu em seu desfavor o ônus da prova no caso
de desaparecimentos. Fixaram-se indenizações por danos materiais e morais aos
familiares das vítimas e também se determinaram investigações e punições criminais aos
responsáveis.
O Caso Velásquez Rodríguez, julgado pela Corte Interamericana de Direitos
Humanos em 1988, tem relevância histórica porque o tribunal estabeleceu que os
Estados têm o dever de prevenir, investigar e punir violações de direitos humanos
enunciados na Convenção Americana de Direitos Humanos.
Guarde para o ENAM os fatos relacionados ao caso, pois as bancas costumam
apresentar a situação e exigir das candidatas e candidatos o conhecimento quanto às
partes envolvidas.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos julgou fundamentando que:
O desaparecimento forçado de seres humanos é uma violação
múltipla e contínua de muitos direitos constantes da Convenção,
que os Estados-partes são obrigados a respeitar e garantir. Esta
obrigação implica dever dos Estados-partes de organizar um
aparato governamental, no qual o poder público é exercido, capaz
de juridicamente assegurar o livre e pleno exercício dos direitos
humanos. Como consequência desta obrigação, os Estados devem
67
prevenir, investigar e punir qualquer violação de direitos
enunciados na Convenção e, além disso, se possível, devem buscar
a restauração de direito violado, prevendo uma compensação em
virtude dos danos resultantes da violação.
(...) A falha de ação do aparato estatal, que está claramente
provada, reflete a falha de Honduras em satisfazer as obrigações
assumidas em face do art. 1º (1) da Convenção, que obriga a
garantir a Manfredo Velasquez o livre e pleno exercício de seus
direitos humanos.

_____________________________________________________________________________

35. O caso Valência Campos e outros vs. Bolívia, apreciado pela Corte Interamericana de
Direitos Humanos em 2022, suscitou a análise acerca das garantias que devem ser
asseguradas no curso de operações policiais de busca e apreensão em domicílios no
período noturno. A Corte IDH declarou a responsabilidade do Estado boliviano à luz da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (“Convenção”) pela violação de uma
série de direitos das vítimas que, à época dos fatos, foram alvo de uma operação policial
que tinha por objetivo identificar e deter os supostos autores de um roubo de grande
repercussão na Bolívia.
Sobre as contribuições dessa sentença à jurisprudência interamericana, assinale a
afirmativa CORRETA.
(A) A Corte se absteve de declarar violações aos direitos econômicos, sociais, culturais e
ambientais (DESCA), por entender que o caso envolveu apenas violações relativas aos
direitos às garantias judiciais, à liberdade pessoal e à intimidade, isto é, Direitos de
natureza civil.
(B) O entendimento da Corte IDH sobre a limitação de operações de invasão domiciliar
durante a noite tem por fundamento o direito à vida privada, previsto no Art. 11 da
Convenção e as obrigações estatais de proteção da família, decorrentes do Art. 17 da
Convenção.
(C) A Corte IDH concluiu que as operações de invasão domiciliar noturnas somente
podem ser consideradas compatíveis com a Convenção Americana em situações de
consentimento, flagrância ou de comprovada periculosidade do alvo da operação.
(D) O caso Valência Campos vs. Bolívia reflete uma tendência recente da Corte IDH de
restringir o conceito de “vítima”, compreendendo como tais apenas os indivíduos que
foram diretamente atingidos pelos atos praticados por agentes do Estado, no caso, as
pessoas que eram alvos das invasões domiciliares noturnas.
(E) A Corte IDH concluiu que o Estado não violou o direito à presunção de inocência ao
exibir as vítimas aos meios de imprensa, tendo em consideração que o caso teve grande
repercussão midiática e que o Estado não poderia prevenir tal exposição.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B 68
COMENTÁRIOS

“A Corte IDH entendeu que houve violação do direito à liberdade pessoal, à vida privada,
ao domicílio, à proteção da família, do direito à propriedade, da integridade pessoal, da
vida, da saúde, da proteção judicial, da honra, da dignidade, do dever de investigar atos
de tortura, dos direitos das crianças e dos adolescentes, bem como do direito das
mulheres de viver livres de violência e do dever de investigar e punir a violência contra
a mulher.”
Ramos, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos - 11ª edição 2024, p. 954 (Saraiva
Jur).
_____________________________________________________________________________

36. Em relação ao controle de convencionalidade, assinale a afirmativa CORRETA.


(A) De acordo com a teoria do duplo controle, as normas jurídicas devem guardar
compatibilidade não apenas com a respectiva Constituição nacional, mas também com
as disposições internacionais acolhidas pelo respectivo Estado-parte. Assim, para ser
considerada hígida, a norma deve passar tanto pelo controle de constitucionalidade
quanto pelo controle de convencionalidade.
(B) Enquanto o controle judicial de constitucionalidade é exercido de modo exclusivo
pelo Poder Judiciário nacional, o controle judicial de convencionalidade é exercido de
modo exclusivo pelos órgãos internacionais competentes, de acordo com o que
preconiza o tratado ou a convenção internacional especificamente.
(C) De acordo com a classificação doutrinária comumente empregada, o controle judicial
de convencionalidade realizado no plano internacional, pode ocorrer pela via
concentrada ou pela via difusa. Já o controle judicial de convencionalidade realizado no
plano interno somente pode ocorrer pela via concentrada, isto é, pelo órgão de cúpula
do Poder Judiciário nacional.
(D) De acordo com a teoria do duplo controle, impõe-se ao órgão internacional com
competência para a realização do controle de convencionalidade que promove,
igualmente, o controle de constitucionalidade das normas jurídicas analisadas, aferindo
a sua compatibilidade em face da Carta Constitucional do respectivo Estado-parte.
(E) Diversamente do que se verifica em relação ao controle de constitucionalidade,
comumente atribuído pelas cartas constitucionais a todos os poderes (Legislativo,
Executivo e Judiciário), no plano nacional, o controle de convencionalidade somente é
imputado ao Poder Judiciário.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O estudo do controle de convencionalidade foi devidamente feito no ponto 3 de Direitos


69
Humanos, das páginas 36 a 42, na turma ENAM ponto a ponto. Além disso, criamos uma
questão importante para revisão do assunto no 668º Simulado MEGE (ENAM I) e ainda
podem colocar videoaula na conta! Rs.

Segue trecho do material do ponto 3 de Direitos Humanos (decisivo para o acerto da


questão):

Segue questão do 668º Simulado Mege que também destacava o assunto (retiramos o
seu texto introdutório por ser extenso e desnecessário para a compreensão neste
momento):
70
Ninguém poderá dizer que não insistimos MUITO para dar esse presente na prova!

37. A competência consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos constitui


um dos mecanismos por meio dos quais o Tribunal exerce sua função de interpretação
da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, ao lado do exercício de suas
competências contenciosa e cautelar.
Sobre as Opiniões Consultivas emitidas pela Corte IDH, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) As Opiniões Consultivas só podem ser solicitadas por Estados que reconhecem a
competência da Corte IDH nos termos do Art. 64 da Convenção e pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.
(B) Na Opinião Consultiva nº 1 de 1982, denominada Otros tratados, objecto de la
función consultiva de la Corte, a Corte IDH reconheceu que sua competência consultiva
compreende qualquer tratado internacional aplicável aos Estados do sistema
interamericano, desde que o instrumento possua caráter multilateral.
(C) As Opiniões Consultivas não podem versar sobre disposições normativas concretas
de um determinado Estado, apenas sobre as situações hipotéticas e sobre a
interpretação de tratados internacionais em relação aos quais é competente.
(D) Caso encontre disposições incompatíveis com a Convenção no exame das matérias
submetidas em sede de solicitação de opinião consultiva, a Corte poderá ordenar ao
Estado que adote as medidas necessárias para adequá-las ao corpus iuris
interamericano.
(E) As Opiniões Consultivas da Corte IDH podem ser consideradas modalidade de
exercício preventivo do controle de convencionalidade e são fontes standards que
devem ser observados pelos Estados.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no conteúdo de Direitos Humanos da turma ponto a ponto.

As Opiniões Consultivas da Corte IDH são consideradas, pela doutrina majoritária, como
sendo modalidade de exercício preventivo do controle de convencionalidade. Tal
situação se dá pela análise ampla sobre os temas questionados à Corte IDH, 71
independentemente de haver um caso concreto proposto. Inclusive, na maior parte dos
casos em que se propõe consulta sobre uma situação de caso já proposto, entende-se
por bem não dar prosseguimento ao procedimento consultivo.
_____________________________________________________________________________

38. Os Direitos Humanos assumiram, na atualidade, uma posição de centralidade no


ordenamento jurídico, razão pela qual os conteúdos desses direitos agem como
importante vetor interpretativo.
Acerca das características e especificidades dos Direitos Humanos, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) A universalidade dos Direitos Humanos acompanhou a evolução e o processo de
internacionalização desses direitos. No entanto, apesar de sua relevância histórica, não
consta expressamente de tratados e declarações internacionais, sendo fruto de um
processo interpretativo.
(B) A abertura limitada dos Direitos Humanos possui relação com sua amplitude
semântica; por isso, no processo legislativo admite-se a expansão do rol desses direitos
somente no plano internacional, vedada inovação no âmbito interno.
(C) A impossibilidade de o próprio titular de direitos renunciar à proteção e permitir que
eles sejam violados é chamada pela doutrina de imprescritibilidade dos Direitos
Humanos.
(D) O Art. 5º, § 2º, da CRFF/88, in verbis: “Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte”, é um exemplo de universalidade dos Direitos Humanos.
(E) A relevância da transnacionalidade, como característica dos Direitos Humanos,
possui especial aplicabilidade atualmente, dado o grande fluxo de refugiados.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no conteúdo de Direitos Humanos da turma do ENAM, a partir


da página 25 do conteúdo de Teoria Geral dos Direitos Humanos.

A única alternativa que demonstra a correta correspondência de uma característica de


Direitos Humanos é a letra “E”.

Segue trecho de nosso material que seria decisivo para sua resposta:

72

Veja abaixo, de forma sintetizadas, características relevantes para sua compreensão:


1. Universalidade: devem ser atribuídos a todos os seres humanos. A universalidade
possui vínculo indissociável com o processo de internacionalização dos direitos
humanos;
2. Inerência: pertencimento desses direitos a todos os membros da espécie humana;
3. Transnacionalidade: dever internacional de proteção aos indivíduos;
4. Essencialidade: valores indispensáveis e que todos devem protegê-los;
5. Superioridade: indica que os direitos humanos são superiores a demais normas;
6. Reciprocidade: Deveres e direitos de todos, além dos Estados.
7. Indivisibilidade/Unidade: possuem a mesma proteção jurídica, pois todos são
essenciais;
8. Interdependência: as normas dependem uma das outras para funcionarem;
9. Abertura dos direitos humanos/Aperfeiçoamento/Não Tipicidade/Historicidade:
consiste na possibilidade de expansão do rol;
10. Imprescritibilidade: Implica o reconhecimento de que os direitos humanos não se
perdem pela passagem do tempo;
11. Inalienabilidade: Não se pode atribuir dimensão pecuniária aos direitos humanos.
12. Indisponibilidade/Irrenunciabilidade: impossibilidade de abrir mão de sua condição
humana;
13. Proibição do retrocesso / Efeito cliquet / Princípio do não retorno da concretização;
14. Limitabilidade/Relatividade: A defesa e promoção dos direitos humanos são
implementados dentro das condições de cada país.
_______________________________________________________________________

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

39. Determinado credor, munido de nota promissória representativa de obrigação


pecuniária certa, líquida e vencida há pouco tempo, sem que tivesse sido paga, ajuizou
ação de conhecimento, pleiteando a condenação do devedor a pagar o débito, com os
consectários da mora.
Tomando contato com a postulação, o magistrado deverá
(A) julgar liminarmente improcedente o pedido do autor. 73
(B) indeferir de plano a petição inicial, haja vista a falta de interesse de agir.
(C) converter de ofício o procedimento para o da execução por quantia certa.
(D) proceder ao juízo positivo de admissibilidade da demanda, ordenando a citação do
réu para apresentar resposta.
(E) assinar prazo para que o autor emende a petição inicial, adequando-a à pretensão
de execução por quantia certa.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Assunto estudado no material dos pontos 16 a 19 de Direito Processual Civil na turma


ENAM ponto a ponto, páginas 15 a 17.

A questão envolve a simples aplicação do art. 785 do CPC: A existência de título


executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a
fim de obter título executivo judicial.
_____________________________________________________________________________

40. Determinada pessoa jurídica estrangeira intentou demanda em que pleiteava a


condenação da parte ré a lhe pagar uma obrigação derivada de contrato por ambas
celebrado. Além do pedido principal, a autora requereu lhe fosse deferido o benefício
da gratuidade de justiça, afirmando que não dispunha de condições econômicas que lhe
permitissem arcar com as despesas do processo.
Ao tomar contato com a petição inicial, o juiz determinou a intimação do advogado da
demandante para que anexasse documentos comprobatórios da alegada
hipossuficiência econômica, o que não foi atendido. Na sequência, o magistrado
indeferiu o requerimento da gratuidade de justiça e determinou a intimação da autora,
uma vez mais na pessoa de seu advogado, para que, no prazo de quinze dias, recolhesse
os valores apurados a título de custas processuais e taxa judiciária. Contudo, a postura
inerte do causídico persistiu, o que levou o juiz a determinar o cancelamento da
distribuição.
Sobre esse quadro, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) O juiz acertou ao determinar o cancelamento da distribuição, sendo a sua decisão
impugnável por recurso de apelação.
(B) O juiz acertou ao determinar o cancelamento da distribuição, sendo a sua decisão
impugnável por recurso de agravo de instrumento.
(C) O juiz errou ao assinar o prazo de quinze dias para o recolhimento das custas
processuais e taxa judiciária, já que o prazo legal para tanto é de cinco dias.
74
(D) O juiz errou ao determinar a comprovação da alegada hipossuficiência econômica da
autora, já que não assiste às pessoas jurídicas estrangeiras o direito à gratuidade de
justiça.
(E) O juiz errou ao determinar a intimação do advogado da autora para que
providenciasse o recolhimento das custas processuais e taxa judiciária, já que o
destinatário desse ato intimatório deve ser a própria parte.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material sobre os pontos 22 e 23 de Direito Processual Civil


na turma ENAM, páginas 65 a 69.

A questão envolve a simples aplicação do art. 290 do CPC: será cancelada a distribuição
do feito se a parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das
custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias.
_____________________________________________________________________________

41. Karina formulou requerimento de tutela cautelar antecedente em face de Rafael,


pleiteando o sequestro de dois automóveis que estão sob a posse desse último, com o
intuito de preservar a efetividade da futura ação de rescisão do negócio jurídico. Rafael
não contestou o pedido.
O juízo deferiu a tutela em 20/05/2023. O sequestro do primeiro automóvel, por sua
vez, foi realizado em 30/05/2023. O sequestro do segundo automóvel, a seu turno, foi
efetivado em 20/09/2023. Karina formulou o pedido principal em 25/09/2023.
Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) No momento da formulação do pedido principal, já havia sido ultrapassado o prazo
previsto no Código de Processo Civil, de modo que a tutela cautelar deverá perder sua
eficácia e o processo ser extinto sem exame do mérito.
(B) Karina não pode aditar a causa de pedir no momento da formulação do pedido
principal.
(C) A formulação do pedido principal prescinde do adiantamento de novas custas
processuais.
(D) O prazo para formulação do pedido principal tem início na data de concessão da
tutela cautelar.
(E) A ausência de contestação do pedido não induz à presunção de veracidade dos fatos
alegados pela autora.
75
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material dos pontos 10 a 12 de Direito Processual Civil na


turma ENAM, página 20.

A questão envolve a simples aplicação do art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido
principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será
apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não
dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
_____________________________________________________________________________

42. Pedro é autor de ação ordinária em face da sociedade Carros Bonitos Ltda. em
trâmite na 1ª Vara Cível da Comarca de Ponto Chique – MG, pugnando pela condenação
desta última a efetuar a troca de veículo adquirido em sua unidade, o qual fora
alegadamente vendido com vício oculto, bem como a lhe pagar indenização por danos
materiais e morais.
No curso da fase instrutória, Pedro identificou que os sócios da Carros Bonitos Ltda.
estavam praticando atos ilícitos em detrimento do patrimônio social, motivo pelo que
requereu a instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
Sobre o caso acima, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) O requerimento deve ser indeferido, pois a instauração do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica é cabível apenas no cumprimento de
sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
(B) Admitido o incidente pelo juiz, não haverá suspensão do processo, que poderá
prosseguir de forma simultânea.
(C) O incidente será resolvido por decisão interlocutória, impugnável por meio de
recurso de apelação.
(D) O pedido de Pedro não impediria que o juiz, de ofício, instaurasse o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica.
(E) Instaurado o incidente, o sócio será citado para manifestar-se e requerer as provas
cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS
76
O assunto foi estudado no material dos pontos 5 e 6 de Direito Processual Civil na turma
ENAM, páginas 34 a 37.

A questão envolve a simples aplicação do art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a


pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de
15 (quinze) dias.
_____________________________________________________________________________

43. Menor absolutamente incapaz, devidamente representado por sua genitora,


intentou ação pelo procedimento comum em face da operadora de plano de saúde
contratada por sua família, tendo pleiteado a condenação da ré a lhe custear um
medicamento de uso permanente cuja cobertura lhe fora negada. Na petição inicial, foi
requerida, também, a concessão de tutela provisória, consubstanciada na edição de
ordem judicial para que a demandada imediatamente custeasse o valor do
medicamento prescrito para o autor.
Apreciando a peça exordial, o magistrado procedeu ao juízo positivo de admissibilidade
da demanda, ordenando a citação da parte ré, embora tivesse ressalvado que o
requerimento da tutela provisória somente seria examinado após a vinda da
contestação.
Regularmente citada, a ré ofertou a sua peça contestatória, a que se seguiu a intimação
do órgão do Ministério Público, que se pronunciou no sentido de que fosse deferida a
tutela provisória vindicada na petição inicial.
Não obstante, o juiz da causa, entendendo que o feito já se encontrava completamente
instruído, proferiu de imediato sentença de mérito em que julgava procedente o pleito
autoral.
Tomando ciência da sentença, constatou o órgão ministerial que nenhum de seus
tópicos continha a menção à concessão da tutela provisória, razão pela qual
protocolizou, sete dias úteis depois de sua intimação pessoal, o recurso de embargos de
declaração, requerendo a apreciação e o deferimento da medida em favor do
demandante, ponto em relação ao qual alegou ter ficado caracterizada a omissão do
órgão julgador no ato sentencial.
É CORRETO afirmar, sobre esse quadro, que os embargos de declaração manejados pelo
órgão do Ministério Público
(A) não merecem ser conhecidos, haja vista a sua intempestividade.
(B) não merecem ser conhecidos, haja vista a sua ilegitimidade recursal.
(C) não merecem ser conhecidos, haja vista a falta de interesse recursal.
(D) merecem ser conhecidos, porém desprovidos, já que não ficou configurado o vício
da omissão.
(E) merecem ser conhecidos e providos, para o fim de se apreciar e deferir o
requerimento de tutela provisória.
_______________________________________________________________________ 77
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado nos pontos 13 a 15 de Direito Processual Civil da turma do ENAM,
páginas 45 a 51.

A questão envolve a aplicação do art. 180 do CPC:


O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá
início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º. Além disso,
destacar o cabimento dos ED`s para hipóteses de omissão da decisão (o que se deu no
caso concreto).
_____________________________________________________________________________

44. Gerson, residente na Comarca do Rio de Janeiro-RJ, ajuizou ação reivindicatória em


face de Denise, residente na Comarca de Maricá-RJ. Segundo narrado na petição inicial,
Denise vem ocupando irregularmente um imóvel de propriedade de Gerson, localizado
na Comarca de Saquarema-RJ, há cerca de dois anos. A demanda foi distribuída à 1ª Vara
Cível da Comarca de Maricá.
Ao realizar a admissibilidade da petição inicial, caberá ao juiz
(A) determinar a citação de Denise, por se tratar de juízo competente para apreciar a
causa.
(B) declinar a competência em favor de um dos Juízos da Comarca de Saquarema, que é
o juízo competente para apreciar a pretensão reivindicatória de Gerson.
(C) determinar a citação de Denise e, caso não haja manifestação em sede de
contestação, haverá a prorrogação da competência do Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca
de Maricá, por se tratar de incompetência relativa.
(D) suscitar conflito negativo de competência, remetendo os autos ao Tribunal de Justiça
para que defina qual é a Comarca competente, uma vez que o domicílio da ré não é o
mesmo no qual o imóvel está situado.
(E) declinar a competência em favor de um dos Juízos Cíveis da Comarca do Rio de
Janeiro-RJ, que é o juízo competente para apreciar a pretensão reivindicatória de
Gerson.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material dos pontos 3 e 4 de Direito Processual Civil na turma
ENAM, na página 9.

A questão envolve, primeiramente, a aplicação do art. 47 do CPC: 78


Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação
da coisa. O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o
litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
Como consequência do equívoco na escolha do foro, aplica-se, também, o art. 64, § 1º,
do CPC: a incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de
jurisdição e deve ser declarada de ofício.
_____________________________________________________________________________

45. Aristóteles é citado em ação movida por Sócrates. O objetivo da ação é a demolição
parcial de imóvel urbano, constando do registro imobiliário que Aristóteles é o
proprietário do bem. No dia seguinte à citação, Aristóteles vende o imóvel a Heráclito
(ambos sabiam que a ação estava para ser proposta). Em seguida, Aristóteles comunica
o negócio ao juízo em que corre a ação, juntando cópia da escritura, na qual o
comprador assume os riscos da aquisição e o ônus de contestar as ações que existissem.
Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Caso não ocorra o ingresso voluntário de Heráclito, o juiz deve intimar o autor para,
sob pena de extinção, integrar o comprador ao polo passivo, de modo a possibilitar a
ampla defesa.
(B) Heráclito pode imediatamente assumir o polo passivo, em sucessão ao réu originário,
mesmo contra a vontade do autor, pois os pressupostos necessários (concordância do
réu e legítimo interesse) estão demonstrados.
(C) Sócrates pode, não obstante a escritura, recusar o ingresso de Heráclito como
sucessor do réu originário, e, ainda assim, a eventual sentença de procedência será
oponível a este.
(D) O litisconsórcio será facultativo, mas, por força dos limites subjetivos da coisa
julgada, se não houver o ingresso do comprador, a eventual sentença não será oponível
a este.
(E) A posição do comprador será a de assistente simples, e ainda que o autor concorde,
o juiz não pode deferir a sucessão de réu, depois da citação, pois isso está fora das
taxativas hipóteses legais.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado nos pontos 5 e 6 de Direito Processual Civil da turma do ENAM,
página 9.

A questão envolve a aplicação do art. 109 do CPC:


A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não
altera a legitimidade das partes. O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em
juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. O 79
adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do
alienante ou cedente. Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes
originárias ao adquirente ou cessionário.
_____________________________________________________________________________

46. No que concerne à ação de mandado de segurança, assinale a afirmativa CORRETA.


(A) Proferindo o juiz sentença de procedência do pedido, estará ela sujeita ao reexame
necessário pelo órgão de segunda instância.
(B) A decisão de indeferimento da medida liminar é impugnável pelo recurso de agravo
de instrumento, não o sendo, contudo, a que a defere.
(C) O juiz poderá, caso repute necessário para a completa instrução do feito, determinar
a colheita do depoimento pessoal da autoridade impetrada.
(D) O impetrante dispõe do prazo de cento e vinte dias para ajuizar a demanda, contados
a partir da edição, pela autoridade impetrada, do ato impugnado.
(E) Concedida a segurança, para o fim de assegurar ao impetrante o recebimento de
vantagens pecuniárias, não lhe será lícito deduzir pretensão de execução por quantia
certa em sede de cumprimento de sentença.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O assunto foi abordado na 6ª Remessa do Circuito Legislativo, a página 36.


Apenas a título de opinião, a resposta correta é a letra A, com base na aplicação do art.
14, § 1º, da lei do Mandado de Segurança: concedida a segurança, a sentença estará
sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.
_____________________________________________________________________________

47. André intentou ação popular, pleiteando a declaração de nulidade de contrato


celebrado entre a Administração Pública e a sociedade empresária X. De acordo com a
petição inicial, o contrato impugnado, além de lesivo ao patrimônio público, foi fruto de
desvio de finalidade, consubstanciado no propósito de favorecer a empresa contratada.
A peça exordial foi distribuída no dia 27 de fevereiro de 2024 a um juízo dotado de
competência para matéria fazendária de uma determinada comarca. Após o juízo
positivo de admissibilidade da ação, as citações dos litisconsortes passivos ocorreram
nos dias 25 e 28 de março de 2024.
Ignorando a iniciativa de André, Bruno também ajuizou ação popular para ver declarado
nulo o mesmo contrato, estribando-se, para tanto, no argumento de que a avença
padecia de vícios de forma e de incompetência do agente estatal que a firmara. A
petição inicial foi distribuída a um outro juízo fazendário da mesma comarca, o que se
deu no dia 05 de março de 2024, efetivando-se as citações, após o juízo positivo de
admissibilidade da demanda, nos dias 18 e 21 de março de 2024.
80
Nesse cenário, é CORRETO afirmar que
(A) está configurada a conexão entre as ações populares, devendo os respectivos feitos
ser reunidos para processamento e julgamento simultâneos pelo juízo ao qual foi
distribuída a petição inicial de André.
(B) está configurada a conexão entre as ações populares, devendo os respectivos feitos
ser reunidos para processamento e julgamento simultâneos pelo juízo ao qual foi
distribuída a petição inicial de Bruno.
(C) está configurada a continência entre as ações populares, devendo os respectivos
feitos ser reunidos para processamento e julgamento simultâneos pelo juízo ao qual foi
distribuída a petição inicial de André.
(D) está configurada a continência entre as ações populares, devendo os respectivos
feitos ser reunidos para processamento e julgamento simultâneos pelo juízo ao qual foi
distribuída a petição inicial de Bruno.
(E) não está configurada a conexão nem a continência entre as ações populares, devendo
os respectivos feitos tramitar separadamente perante os juízos aos quais foi distribuída
cada petição inicial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado na aula de conexão e continência da turma do ENAM e revisado


na 5ª Remessa do Circuito Legislativo, a partir da página 5. Além de ter sido esmiuçado
em conteúdo de ebook que reuniu os pontos 3 e 4 de Processo Civil, a partir da página
17.

Afora eventuais aspectos específicos atinentes à ação popular, a resposta correta é a


letra A, com base na aplicação dos arts. 58 e 59 do CPC: A reunião das ações propostas
em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. O
registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

_____________________________________________________________________________

48. Depois de ter sido excluída de procedimento de licitação, a sociedade empresária A


ajuizou demanda pelo procedimento comum, a fim de ver anulado o ato administrativo
que a havia eliminado do certame, e bem assim aquele que adjudicara o seu objeto à
sociedade empresária B. Na petição inicial, fez-se constar no polo passivo, apenas, o
ente público responsável pela organização e condução do procedimento licitatório.
Tomando contato com a peça exordial, deverá o juiz
(A) incluir de ofício no polo passivo a sociedade empresária B, haja vista a configuração
do litisconsórcio passivo necessário, e proceder ao juízo positivo de admissibilidade da 81
demanda, ordenando a citação dos réus.
(B) determinar de ofício a intimação da autora para que, em prazo a lhe ser assinado,
emende a inicial para incluir no polo passivo a sociedade empresária B e requerer a sua
citação, haja vista a configuração do litisconsórcio passivo necessário.
(C) incluir de ofício no polo passivo a sociedade empresária B, haja vista a configuração
do litisconsórcio passivo facultativo, e proceder ao juízo positivo de admissibilidade da
demanda, ordenando a citação dos réus.
(D) determinar de ofício a intimação da autora para que, em prazo a lhe ser assinado,
emende a inicial para incluir no polo passivo a sociedade empresária B e requerer a sua
citação, haja vista a configuração do litisconsórcio passivo facultativo.
(E) proceder ao juízo positivo de admissibilidade da ação, só lhe sendo lícito determinar
que a autora inclua no polo passivo a sociedade empresária B se o ente público suscitar
a questão, haja vista a configuração do litisconsórcio passivo facultativo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS
O assunto foi estudado no material dos pontos 5 e 6 de Direito Processual Civil na turma
do ENAM, páginas 20 a 25.

A questão envolve a simples aplicação do art. 115, p.ú., do CPC: nos casos de
litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de
todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção
do processo.
_____________________________________________________________________________

49. No que se refere à disciplina legal dos honorários advocatícios, é CORRETO afirmar
que
(A) é possível a sua compensação nas hipóteses de sucumbência parcial.
(B) é vedada a percepção de honorários sucumbenciais por advogados públicos.
(C) os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo, nas hipóteses de
perda superveniente do interesse de agir.
(D) não serão devidos honorários sucumbenciais quando a parte vitoriosa no processo
for advogado atuando em causa própria.
(E) não será lícito ao advogado valer-se de ação autônoma para cobrar o respectivo
valor, transitando em julgado decisão que tenha sido omissa quanto ao direito aos
honorários.
_______________________________________________________________________
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material dos pontos 22 e 23 de Direito Processual Civil da


turma do ENAM, páginas 58 a 65.

A questão envolve a aplicação do art. 85, § 10: nos casos de perda do objeto, os
honorários serão devidos por quem deu causa ao processo.
_____________________________________________________________________________

50. A ação monitória é uma espécie de procedimento especial destinado àquele que,
com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, desejar obter título
executivo judicial, com vistas a obter o cumprimento da obrigação perante o devedor.
Sobre a ação monitória, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Não é admissível a ação monitória em face da Fazenda Pública.
(B) A ação monitória pode ter como objeto o cumprimento do direito de exigir o
adimplemento de obrigação de fazer.
(C) A citação por edital não é admitida em sede de ação monitória.
(D) Sendo evidente o direito do autor de receber um crédito, o juiz deferirá a expedição
de mandado de pagamento, concedendo ao réu o prazo de três dias para o
cumprimento.
(E) Cabe agravo de instrumento contra o pronunciamento jurisdicional que acolhe ou
rejeita os embargos monitórios.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material dos pontos 16 a 19 de Direito Processual Civil da


turma do ENAM, páginas 91 a 96.

A questão envolve a aplicação do art. 700, III, do CPC: a ação monitória pode ser proposta
por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter
direito de exigir do devedor capaz o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
_______________________________________________________________________

DIREITO CIVIL 83
51. Acerca das preferências creditórias do Código Civil, o Superior Tribunal de Justiça
vem exercendo, por sua jurisprudência, uma releitura acerca da posição de
determinados créditos em concurso de credores.
Nesse sentido, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) O crédito hipotecário prefere àquele decorrente do IPTU e este, ao condominial.
(B) O crédito decorrente do IPTU prefere ao crédito hipotecário e este, ao condominial.
(C) O crédito hipotecário prefere ao crédito de IPTU e este, ao condominial.
(D) O crédito condominial prefere ao crédito de IPTU e este, ao hipotecário.
(E) O crédito decorrente do IPTU prefere ao crédito condominial e este, ao hipotecário.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

A súmula foi revisada no material do STJ da turma do ENAM, página 29.


Conforme entendimento consolidado do STJ o crédito fazendário do IPTU tem
preferência, e de acordo com a S. 478 do STJ, na execução de crédito relativo a cotas
condominiais, este tem preferência sobre o hipotecário.
É possível que se analise a questão como passível de anulação em virtude das
alternativas A e C trazerem a mesma ideia (no entanto, não acreditamos tanto na
procedência desse argumento bastante sugerido por candidatos. De toda forma,
recorram!):
A) O crédito hipotecário prefere àquele decorrente do IPTU e este, ao condominial.
C) O crédito hipotecário prefere ao crédito de IPTU e este, ao condominial.
_____________________________________________________________________________

52. Mário, depois de receber diagnóstico de enfermidade que poderia comprometer seu
discernimento, convidou seus irmãos, João e Rita, para auxiliá-lo na tomada de decisões
que envolvessem negócios jurídicos de certo valor. Depois de reduzirem a termo
particular a disciplina do apoio, Mário pediu ajuda a seus irmãos acerca da locação do
imóvel de sua titularidade. Rita aconselhou que fosse contratada a locação, à qual João
se opôs, por considerar o aluguel baixo. Mário acolheu o conselho de Rita e decidiu
realizar a contratação.
De forma a precaver o prejuízo do irmão, João propôs uma medida judicial para obstar
a locação e requereu que fosse fixado um valor mínimo para a locação.
Acerca do pleito de João, é CORRETO afirmar que o juízo deve 84
(A) respeitar a decisão da maioria e não acolher o pleito.
(B) acolher o pedido ante a ausência de unanimidade dos apoiadores.
(C) acolher o pedido, pois a decisão apoiada depende de homologação judicial.
(D) não conhecer do pedido, pois a tomada de decisão apoiada requer forma pública.
(E) não acolher o pleito, visto que não houve autorização judicial para a tomada de
decisão apoiada.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O tema da tomada de decisão apoiada foi estudado em nossa turma para o ENAM.

Questão com redação muito confusa e mal formulada. Em um primeiro momento,


poderíamos concluir que a letra C estaria correta, no entanto, consideramos a Letra E
mais adequada, tendo em vista que o enunciado não traz qualquer informação sobre a
anterior formalização em juízo dessa tomada de decisão apoiada.
Dessa forma, concordamos com o gabarito oficial que considerada correta a letra E, uma
vez que, muito embora tenham reduzido a termo particular a disciplina da tomada de
decisão apoiada, não foi formulado pedido de apreciação perante o poder judiciário, nos
termos do art. 1783, A parágrafo 1 e 3.

Dessa forma, tecnicamente não há um processo de tomada de decisão apoiada


formalmente instaurado. O juiz não pode acolher o pedido de um “apoiador que não foi
regularmente constituído”.

A questão apresenta redação inconsistente, de modo que é possível concluir que as


alternativas C e E estão corretas, tendo em vista que o enunciado não traz qualquer
informação sobre a anterior formalização em juízo dessa tomada de decisão apoiada.

Deste modo, em respeito ao que dispõe a Resolução Nº 75 de 2009, do Conselho


Nacional de Justiça, questões com mais de uma resposta, devem ser reputadas erradas,
ensejando sua anulação (com ponto atribuído para todos).

Art. 39. Reputar-se-ão erradas as questões que contenham mais de uma resposta e as
rasuradas, ainda que inteligíveis.

_____________________________________________________________________________

53. Felipe, brasileiro nato, casado, estudante, 16 anos de idade; Renata, brasileira nata,
solteira, servidora pública efetiva, 17 anos de idade; e Valter, brasileiro naturalizado,
viúvo, aposentado, 83 anos de idade, resolveram constituir uma associação.
85
Entre os três, a capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil encontra-se
em
(A) Valter, apenas.
(B) Felipe e Valter, apenas.
(C) Renata e Valter, apenas.
(D) Felipe e Renata, apenas.
(E) Felipe, Renata e Valter.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no ponto 2 de Direito Civil na turma do ENAM, a partir da página
14.

Felipe foi emancipado pelo casamento, Art. 5, parágrafo único II do CC. Renata incide no
caso de emancipação legal pelo cargo público, Art. 5, parágrafo único III do CC. Sendo
ambos plenamente capazes pela emancipação. E Valter é plenamente capaz. A idade
avançada não lhe retira a capacidade.
_____________________________________________________________________________

54. Soraia, depois de um ano e sete meses de estudos e pesquisas, perdeu sua
dissertação de mestrado praticamente pronta, em razão de um grave problema em seu
computador. Desesperada com a aproximação do prazo final para a apresentação do
trabalho que lhe daria o título de Mestre em Economia, divulgou em uma rede social
que pagaria a quantia de R$1.000,00 (mil reais) a quem conseguisse desenvolver um
programa apto a restaurar o arquivo nos sete dias subsequentes.
Os técnicos começaram a trabalhar, empreendendo grandes esforços de tempo e
técnica. Gustavo obteve a solução primeiro, no quinto dia após a promessa,
comunicando Soraia do fato. No entanto, Marcelo e Caio conseguiram solucionar o
problema, respectivamente, no sexto e no sétimo dia, e, por isso, também procuraram
Soraia para receber a quantia, por estarem dentro do prazo por ela estipulado.
Sobre a situação hipotética narrada, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Gustavo, Marcelo e Caio devem dividir a quantia prometida, pois todos os três
executaram a tarefa no prazo fixado pela promitente.
(B) Gustavo deve receber a quantia prometida, pois foi quem primeiro executou a tarefa.
(C) Por ser negócio jurídico unilateral, Soraia deve indicar quem deve receber a quantia,
dado que Gustavo, Marcelo e Caio executaram a tarefa no prazo por ela estipulado. 86
(D) Soraia deve pagar R$1.000,00 (mil reais) a cada um dos três.
(E) Gustavo deverá receber metade da quantia, por ter executado a tarefa primeiro, e
Marcelo e Cláudio devem dividir a outra metade, por terem executado a tarefa depois,
mas ainda dentro do prazo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material dos pontos 7 e 9 de Direito Civil da turma do ENAM,
a partir da página 49.

Assim como, foi abordado na 8ª Remessa do Circuito Legislativo de Direito Civil, página
66.

Questão cobrando pura e simplesmente a letra da lei no tema de promessa de


recompensa:
Art. 857. Se o ato contemplado na promessa for praticado
por mais de um indivíduo, terá direito à recompensa o que
primeiro o executou.
_____________________________________________________________________________

55. Acerca dos modos de aquisição de bens imóveis, analise as afirmativas a seguir.
I. O negócio jurídico de alienação do bem não possui eficácia real, portanto não transfere
a propriedade do imóvel. Nada obstante, o negócio é existente, válido e eficaz pelo
simples acordo de vontade, produzindo, assim, eficácia obrigacional, a vincular as partes
ao ajustado.
II. A transferência da coisa imóvel somente ocorre com o seu registro no Registro de
Imóveis competente, cuja validade prescinde do negócio jurídico celebrado. Assim, no
Direito brasileiro, o registro firma presunção iuris et de iure da propriedade.
III. A usucapião configura aquisição originária típica, pela qual a propriedade é adquirida
sem o concurso do proprietário anterior, embora o adquirente por usucapião suceda
juridicamente ao proprietário, adquirindo dele a propriedade em aquisição dita indireta.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III. 87
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Os temas foram revisados em passagens diversas do material referente aos pontos 11 a


15 da turma do ENAM. Somente “usucapião”, por exemplo, é abordado 75 vezes de
forma destrinchada em seu conteúdo.

É válido citar apenas um, entre os vários trechos, que auxiliaram na condução dos temas
aqui exigidos. Segue para sua revisão (página 22 do material mencionado):
Apenas o item I está correto: O negócio jurídico de alienação (ex: Contrato de compra e
venda e doação) não possui eficácia real, não transfere a propriedade do imóvel, o que
transfere a propriedade é o registro da escritura. Mas o negócio é existente, válido e
eficaz, tem a capacidade de produzir efeitos obrigacionais e vincular as partes.
Os itens II e II estão errados: O bem imóvel pode ser transferido pelo registro, mas
também por sucessão hereditária, além disso o registro gera apenas presunção relativa
de propriedade conforme o artigo 1245, § 2º do CC. Se o título que origina for invalido 88
ou ineficaz o registro será desconstituído. E a usucapião é forma de aquisição originária
da propriedade e não forma de aquisição indireta.
_____________________________________________________________________________

56. Artur adquiriu o lote 5, da quadra 3, do loteamento Jardim Esperança. Logo depois
de construir sua casa, Artur recebeu uma notificação de Raquel, proprietária do lote 6
(vizinho), reivindicando o imóvel em que foi feita a construção. Surpreso, Artur
descobriu que, por um equívoco escusável de localização, terminou por, de fato,
construir no lote vizinho.
Como o investimento realizado na construção era três vezes superior ao valor de cada
lote envolvido, Artur propôs a aquisição do lote 6, o que foi rejeitado por Raquel que
pediu, como indenização da construção, 1/3 do valor gasto.
Ante a ausência de acordo e de forma a não perder o investimento realizado, Artur
(A) fará jus à aquisição do lote 6 pelo valor de aquisição pago por Raquel.
(B) deverá devolver o imóvel e receber a indenização fixada judicialmente.
(C) perderá o que construiu em proveito de Raquel.
(D) fará jus à aquisição do lote 6, devendo a indenização ser fixada judicialmente.
(E) deverá devolver o imóvel e receber metade do valor gasto na construção.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS
Estamos diante de um caso de acessão invertida: Art. 1255, parágrafo único do CC.
Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele
que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante
pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
_____________________________________________________________________________

57. Considerando as disposições do Estatuto da Pessoa Idosa e do Estatuto da Criança e


do Adolescente, analise as assertivas a seguir.
I. Em todo atendimento de saúde, os maiores de 80 anos terão preferência especial
sobre as demais pessoas idosas, exceto em caso de emergência.
II. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e
imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
restrição, observado o segredo de Justiça.
III. É vedada a adoção por procuração, ressalvadas situações especiais em nome do
melhor interesse da criança.
Está CORRETO apenas o que se afirma em
(A) I.
89
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no ponto 16 a 20 de Direito Civil da turma do ENAM, a partir da


página 47, em se tratando da pessoa idosa; e a partir da página 76, ao tratar de filiação.
Assim como, foi abordado na 12ª Remessa do Circuito Legislativo de Direito Civil, página
81. Sem mencionar a própria importância do Vade Mege neste caso.

Questão que cobrou pura e simplesmente letra de lei. A I e II estão corretas pois seguem
os dispositivos legais:
Art. 15 § 7º Lei 10741/03 - Em todo atendimento de saúde, os
maiores de 80 (oitenta) anos terão preferência especial sobre as
demais pessoas idosas, exceto em caso de emergência.
Art. 27 do ECA - O reconhecimento do estado de filiação é direito
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
restrição, observado o segredo de Justiça.
A assertiva III está errada pois é vedada a adoção por procuração sem quaisquer
ressalvas. De acordo com o artigo 39 do ECA.
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo
o disposto nesta Lei.
§ 2º É vedada a adoção por procuração.
_____________________________________________________________________________

58. Cecília, 30 anos, e Edgar, 35 anos, celebraram pacto antenupcial para adotar o
regime da participação final nos aquestos. No entanto, antes mesmo da chegada do mês
da celebração do casamento, houve uma briga entre o casal, que decidiu romper por
diferenças irreconciliáveis.
Nesse caso, o pacto antenupcial deve ser considerado
(A) nulo.
(B) ineficaz.
(C) anulável.
(D) revogado.
90
(E) Inexistente.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi abordado no material de civil enviado para turma do ENAM sobre os
pontos 16 a 20.

Pura e simplesmente letra da lei.


Art. 1.653 do CC - É nulo o pacto antenupcial se não for feito por
escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
_____________________________________________________________________________

59. Jorge e Ana são locadores de um apartamento e Carlos, o locatário. No contrato, foi
estipulado que o prazo para eventual pretensão de cobrança do valor do aluguel seria
de cinco anos. Carlos e Ana, seis meses antes do término da locação, iniciaram
relacionamento afetivo. Terminada a locação, Carlos deixou o imóvel, contraiu
matrimônio com Ana sob o regime da separação total de bens e passou a morar com ela
em outro endereço.
Carlos entregou as chaves do apartamento para Jorge, mas deixou de pagar o último
mês de aluguel. De forma a não criar embaraços familiares, Jorge e Ana não cobraram o
débito de Carlos. Passados seis anos do casamento, o casal se divorciou e Jorge pretende
reaver o valor devido por Carlos.
Sobre a pretensão de Jorge, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Encontra-se prescrita, pois o prazo de três anos, além de não poder ser alterado, já
se esgotou.
(B) É exigível, uma vez que o prazo decadencial de cinco anos ainda não expirou.
(C) não é mais exigível, pois o prazo de cinco anos previsto no contrato já se esgotou.
(D) Decaiu, pois o prazo de cinco anos previsto no contrato já se esgotou.
(E) Permanece exigível, pois o casamento de Ana é motivo de suspensão da prescrição.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O assunto foi abordado no material de civil enviado para turma do ENAM sobre os
pontos 4 a 6, a partir da página 43.
91
No caso em tela o prazo prescricional para cobrar o aluguel será de 3 anos de acordo
com o art. 206, parágrafo 3, I do CC.
Os prazos não podem ser alterados pelas partes, art. 192 do CC.
Em relação a ANA, como já era casada com CARLOS, em face dela não corre a prescrição,
conforme artigo 197 do CC, porém em face de Jorge a prescrição correu normalmente,
e já está prescrito. Art. 201 do CC.
_____________________________________________________________________________

60. A Farmácia A Ltda. e a Drogaria B Ltda. mantêm, entre si, conta corrente oriunda da
venda de medicamentos de uma para a outra. Quando o cliente não encontra um
remédio em uma, a outra fornece e vice-versa. Pactuam que, no último dia útil de cada
mês, o saldo devedor deve ser quitado em espécie, sob pena de juros de mora de 0,5%
no primeiro mês de atraso e de 1% nos meses subsequentes. Acordaram, por fim, que
cada saldo devedor não pago seria independente em relação a eventuais outros.
Nos últimos dois meses, a Drogaria B. Ltda. teve problemas de caixa e não conseguiu
quitar os dois débitos que se acumularam. No entanto, mesmo após o vencimento da
segunda dívida, conseguiu entregar certo valor à Farmácia A Ltda., cujo montante foi
suficiente para um dos débitos e, parcialmente, para o outro.
Ante a ausência de oposição da Farmácia A Ltda., é correto dizer que o valor entregue
(A) quitou o débito mais antigo.
(B) nada quitou, ante a ausência de recibo.
(C) quitou o débito mais oneroso.
(D) quitou ambos os débitos.
(E) nada quitou, pois o valor não foi integral.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material do ponto 4 a 6 de Direito Civil da turma do ENAM, a


partir da página 81.

Caso de imputação ao pagamento. Considerando que nem o devedor nem o credor


indicaram qual débito seria adimplido, considera-se adimplido o débito mais antigo. É
importante a leitura dos artigos 352 a 355.
Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas
forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
Segue trecho do material decisivo para questão: 92

_____________________________________________________________________________

61. A ARKT S.A. celebrou contrato com a CLNG Ltda., com prazo de vigência de cinco
anos, pelo qual a segunda prestaria serviços de limpeza e conservação do edifício em
que funciona a sede da primeira. O contrato previa particularmente a obrigação de que
as vidraças externas fossem limpas ao menos uma vez por semana e continha cláusula
que previa a possibilidade de resolução em caso de descumprimento dessa obrigação.
Ocorre que, no início do terceiro ano, a CLNG deixou de fazer a limpeza das vidraças por
três semanas consecutivas, alegando que a sociedade que lhe aluga os andaimes
necessários à atividade externa interrompeu os serviços, de modo que, enquanto não
conseguisse outra fornecedora, estava impedida de cumprir com sua obrigação.
Diante do exposto, se a ARKT quiser pôr fim ao contrato,
(A) deverá ajuizar ação judicial de rescisão do contrato, para desconstituir o negócio
jurídico firmado entre as partes, sem efeitos retroativos.
(B) não poderá fazê-lo, visto que a exigibilidade da obrigação de limpar as vidraças
externas está suspensa por força maior, que causa impossibilidade temporária.
(C) bastará notificar extrajudicialmente a CLNG de sua decisão, fundada na cláusula
resolutiva expressa do contrato que inclui o inadimplemento da obrigação de limpar as
vidraças externas.
(D) deverá ajuizar ação judicial declaratória, que reconhecerá a extinção automática do
negócio desde a primeira semana de não cumprimento, em razão da condição resolutiva
expressa constante do contrato.
(E) não precisará adotar qualquer providência, pois o contrato foi extinto de pleno
direito quando a CLNG descumpriu a obrigação de que as vidraças fossem limpas ao
menos uma vez por semana, ante a previsão contratual nesse sentido.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS 93

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!


A alternativa “E” parece mais condizente que a letra A. Peçam anulação da questão (e
não alteração de gabarito)!
O assunto também foi estudado no ponto 7 a de Direito Civil na turma do ENAM, a partir
da página 23. A questão 46 do 686º Simulado Mege (ENAM V) também tratou dessa
abordagem. A 8ª Remessa do Circuito Legislativo de Direito Civil serviu para revisão,
página 13.

A cláusula resolutiva expressa opera-se de pleno direito (art. 474 do CC), diante no
inadimplemento da empresa de limpeza, considera-se extinto o contrato, sem qualquer
necessidade de interpelação judicial ou extrajudicial. Estamos diante de uma mora ex
re, em que não é necessário notificar o devedor para constituí-lo em mora (Art. 397 do
CC).
Ademais, problemas com fornecedores não podem ser considerados casos fortuitos ou
de força maior na medida que não são fatos imprevisíveis ou inevitáveis.
Dessa forma, a alternativa E estaria correta. O enunciado da questão traz o comando:
“Se a ARKT quiser pôr fim ao contrato...”
Para pôr fim ao contrato, não há necessidade de tomar nenhuma medida. A resolução
opera-se de pleno Direito. Ainda que na prática a empresa de limpeza deva ser
informada que não há mais necessidade de continuar com suas atividades, o contrato já
está extinto pelo inadimplemento. Nós gostaríamos de defender a letra A, mas ela exclui
por consequência lógica o nosso apontamento pela letra E.
_____________________________________________________________________________

62. Frederico e Guilherme são proprietários de terrenos vizinhos em uma região rural
no interior de Goiás. Entre seus terrenos, há algumas frondosas pitangueiras.
Sobre essas árvores e seus frutos, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Se Guilherme plantar em seu próprio terreno usando sementes furtadas de
Frederico, perderá, em benefício deste, a parte do imóvel em que as árvores
florescerem.
(B) Se os frutos da árvore cujo tronco está no terreno de propriedade de Frederico
caírem no solo do terreno de Guilherme, Frederico poderá ingressar no imóvel para
recolhê-los.
(C) Caso Frederico plante uma pitangueira na parte do terreno que pertence a
Guilherme, perderá a árvore em proveito deste, sem direito a ressarcimento, ainda que
tenha agido de boa-fé.
(D) Caso a árvore cujo tronco estiver precisamente na linha divisória se enraizar por
ambos os terrenos, presume-se que a planta se tornará objeto de condomínio entre
Frederico e Guilherme.
(E) Se os ramos da árvore, cujo tronco está situado no terreno de Frederico,
atravessarem o plano vertical divisório e entrarem no terreno de Guilherme, este
94
precisará de prévia autorização judicial para cortá-los.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

A questão que cobra o condomínio necessário estabelecido por força de lei sobre as
árvores limítrofes.

Art. 1.282 do CC. A árvore, cujo tronco estiver na linha


divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos
prédios confinantes.

_____________________________________________________________________________

DIREITO EMPRESARIAL

63. Suponha-se que Habermas e Dworkin tenham constituído, no Brasil, regularmente,


uma sociedade limitada voltada para a venda dos livros jurídicos por eles escritos. Cada
um dos sócios ficou com 50% das quotas da sociedade. Investiram nela R$1.000.000,00
(um milhão de reais), valor total do capital social da sociedade. O negócio fluiu muito
bem. O faturamento anual, depois de três anos do início das atividades empresariais,
alcançou R$8.000.000,00 (oito milhões de reais), com lucro líquido de R$2.000.000,00
(dois milhões de reais) naquele ano. Nela são vendidos tanto os livros escritos por
Habermas quanto aqueles escritos por Dworkin. No quarto ano de existência da
sociedade, Dworkin, que era sócio administrador, veio a falecer.
Sobre a continuidade da sociedade, analise as afirmativas a seguir.
I. O falecimento de Dworkin acarreta, obrigatoriamente, a dissolução total da sociedade,
com a liquidação de seus ativos, haja vista o caráter personalíssimo das atividades
exercidas pela empresa.
II. O falecimento de Dworkin acarreta, obrigatoriamente, a dissolução parcial da
sociedade, com o pagamento dos haveres devidos ao espólio do falecido, podendo o
sócio remanescente explorar atividade econômica individualmente, por prazo
indeterminado.
III. O falecimento de Dworkin não necessariamente importará na dissolução total da
sociedade, seja porque a participação na sociedade é atribuída, por sucessão causa
mortis, a um herdeiro ou legatário, seja porque o sócio remanescente pode explorar a
atividade econômica individualmente, de forma temporária, até que se aperfeiçoe a
sucessão.
Está CORRETO o que se afirma em 95
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I e III, apenas.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!


O assunto foi estudado no material dos pontos 3, 4 e 5 de Direito Empresarial da turma
do ENAM, página 13. O tema também foi revisado nas aulas enviadas para a turma no
tocante à revisão da matéria com foco na FGV.
(I) INCORRETA. O falecimento de Dworkin acarreta, obrigatoriamente, a dissolução total
da sociedade, com a liquidação de seus ativos, haja vista o caráter personalíssimo das
atividades exercidas pela empresa
COMENTÁRIO: É possível que falecimento de um dos sócios pode ser considerado
motivo para a dissolução total da sociedade? Sim! Mas não é a única solução a ser dada.
Portanto, o erro da alternativa se encontra na expressão “obrigatoriamente”.
(II) INCORRETA. O falecimento de Dworkin acarreta, obrigatoriamente, a dissolução
parcial da sociedade, com o pagamento dos haveres devidos ao espólio do falecido,
podendo o sócio remanescente explorar atividade econômica individualmente, por
prazo indeterminado.
COMENTÁRIO: É possível que falecimento de um dos sócios pode ser considerado
motivo para a dissolução parcial da sociedade? Sim! Mas não é a única solução a ser
dada. Portanto, o erro da alternativa se encontra na expressão “obrigatoriamente”.
(III) CORRETO, ENTRETANTO ESTÁ ERRADO POIS ESTÁ DESATUALIZADO. O falecimento
de Dworkin não necessariamente importará na dissolução total da sociedade, seja
porque a participação na sociedade é atribuída, por sucessão causa mortis, a um
herdeiro ou legatário, seja porque o sócio remanescente pode explorar a atividade
econômica individualmente, de forma temporária, até que se aperfeiçoe a sucessão.
COMENTÁRIO: O examinador entendeu essa pergunta como correta, porém, ela está
desatualizada e, por isso, deveria ser entendida como falsa atualmente.
Com efeito essa questão trabalha o art. 1028, do Código Civil. 96
Porém, o erro do item I está no fato de considerar que “o sócio remanescente pode
explorar a atividade econômica individualmente, de forma temporária”.
Acontece, porém, que isso fazia sentido quando estavam em vigor o art. 1033, IV e
parágrafo único, do Código Civil que, entretanto, foram revogados pela Lei de Liberdade
Econômica que positivou a sociedade limitada unipessoal. Atualmente, com o
falecimento de um sócio, em uma sociedade com dois sócios, a sociedade poderá
continuar, em modo unipessoal, com o sócio único de modo que o sócio único não
exerceria a empresa individualmente (não seria empresário individual), mas sim em
modo societário.
_____________________________________________________________________________

64. Helena, em 5 de março de 2024, completou 16 anos e foi emancipada. Agora, almeja
ter sua própria fonte de renda, ingressando no ramo de venda de eletrônicos.
Nesse cenário, acerca da capacidade de Helena para exercer a atividade empresária,
assinale a afirmativa correta.
(A) Helena poderá exercer a atividade empresária, pois está em pleno gozo da
capacidade civil.
(B) Helena não poderá exercer atividade empresária, porque sua idade não permite o
exercício de administração da empresa.
(C) Helena não poderá exercer atividade empresária, considerando que é menor de
idade e não está em pleno gozo da capacidade civil.
(D) Helena poderá exercer a atividade empresária, desde que autorizada de forma
específica pelos seus responsáveis legais.
(E) Helena não poderá exercer atividade empresária de forma independente, mas
poderá exercê-la, desde que devidamente assistida por seus representantes legais.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O tema foi estudado no ponto 2 de Direito Civil da turma do ENAM, página 17.
O assunto foi abordado na 7ª Remessa do Circuito Legislativo de Direito Civil da turma
do ENAM, página 124. O tema também foi revisado nas aulas de imersão em direito
empresarial de nossa turma.

A questão falava que Helena tinha 16 anos, mas era emancipada. Logo, na forma do art.
5º, do Código Civil, ela estaria em pleno gozo da capacidade civil. Dessa forma, poderá
exercer a atividade empresária, assumindo, inclusive, a administração da empresa.
_____________________________________________________________________________

65. A Lei Complementar nº 123/2006 instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e


da Empresa de Pequeno Porte. No bojo do tratamento simplificado, favorecido e
97
diferenciado para as micro e pequenas empresas, está o acesso à Justiça.
Sobre o princípio do acesso à Justiça, analise as afirmativas a seguir.
I. É facultado ao empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte fazer-
se substituir ou representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam
dos fatos, ainda que eles não possuam vínculo trabalhista ou societário.
II. As microempresas e empresas de pequeno porte são admitidas a propor ação perante
o Juizado Especial Cível, assim como as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários
de direito de pessoas jurídicas, e podem ser partes, como autores, no Juizado Especial
Federal Cível.
III. O Poder Judiciário, especialmente por meio do Conselho Nacional de Justiça, e o
Ministério da Justiça implementarão medidas para disseminar o tratamento
diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte em suas
respectivas áreas de competência.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E

COMENTÁRIOS

O tema foi revisado nas aulas de imersão em Direito Empresarial para FGV, postada na
turma do ENAM. O artigo 6º da Lei nº 10.259/01 foi apresentado para revisão no Vade
Mege, página 184.

(I) CORRETO. Art. 54, Lei Complementar nº 123/06:


Do Acesso à Justiça do Trabalho
Art. 54. É facultado ao empregador de microempresa ou de
empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou representar
perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos
fatos, ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário.
(II) CORRETO. Art. 74, Lei Complementar nº 123/06:
98
“Art. 74. Aplica-se às microempresas e às empresas de pequeno
porte de que trata esta Lei Complementar o disposto no § 1º do
art. 8º da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e no inciso I
do caput do art. 6º da Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, as
quais, assim como as pessoas físicas capazes, passam a ser
admitidas como proponentes de ação perante o Juizado Especial,
excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas”.
Art. 6º, I, Lei nº 10.259/01:
“Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei no 9.317, de
5 de dezembro de 1996”.
Frise-se, por oportuno que a Lei nº 9.317/96 foi revogada pela Lei Complementar nº
123/06.
_____________________________________________________________________________

66. Um dos elementos do contrato de sociedade, à luz do Art. 981, caput, do Código
Civil, é a partilha dos resultados entre os sócios provenientes do exercício da atividade
econômica daquela sociedade. Tal partilha abrange, necessariamente, lucros e perdas.
Sobre a participação dos sócios nos lucros, analise as afirmativas a seguir.
I. A cláusula contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros não torna nulo
o contrato, apenas a estipulação.
II. O contrato social pode estipular que o sócio participará dos lucros em proporção
diversa das respectivas quotas no capital.
III. Admitindo o tipo societário, cuja contribuição consista em serviços, o sócio
participará dos lucros na proporção igual à que for estipulada a favor do sócio de menor
participação no capital.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B

COMENTÁRIOS 99
O assunto foi estudado no material dos pontos 3, 4, e 5 de Direito Empresarial da turma
do ENAM, a partir da página 21. O tema também foi revisado nas aulas da matéria em
imersão de Direito Empresarial.

(I) CORRETO.
Art. 1008, CC – “É nula a estipulação contratual que exclua
qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas”.
(II) CORRETO. De um ponto de vista doutrinário, não se pode esquecer que numa
sociedade contratual vige o princípio do pacta sunt servanda, ou seja, aquilo que é
pactuado deve ser cumprido. Além disso, o art. 1007, do Código Civil: “Salvo estipulação
em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas
quotas...”
(III) INCORRETO.
Art. 1007, CC – “Salvo estipulação em contrário, o sócio participa
dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas,
mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente
participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas”.
_____________________________________________________________________________

67. Foi decretada a falência do grupo econômico XPTO e o Administrador Judicial


nomeado, exercendo seu múnus, ajuizou incidente de desconsideração da
personalidade jurídica após identificar inconsistências na contabilidade das falidas.
A respeito da desconsideração da personalidade jurídica, assinale a afirmativa correta.
(A) A mera existência de grupo econômico enseja a desconsideração da personalidade
jurídica.
(B) A mera identificação de inconsistências na contabilidade das falidas enseja a
desconsideração da personalidade jurídica.
(C) A desconsideração da personalidade jurídica é cabível quando não forem localizados
ativos para pagamento dos credores.
(D) A falência da empresa caracteriza, por si só, exercício abusivo e ilícito da atividade
empresarial e dá ensejo à desconsideração da personalidade jurídica.
(E) A desconsideração da personalidade jurídica poderá ser decretada caso fique
caracterizada a ausência de separação de fato entre o patrimônio das sociedades e o de
seus sócios.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
100
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material dos pontos 3, 4, e 5 de Direito Empresarial da turma


do ENAM, página 24. O tema também foi revisado na 7ª Remessa do Circuito Legislativo
de Direito Civil, página 135; e nas videoaulas de Direito Empresarial.

(A) INCORRETA. “A mera existência de grupo econômico NÃO AUTORIZA a


desconsideração da personalidade jurídica”. (art. 50, §4º, CC)
(B) INCORRETA. Não existe possibilidade jurídica desconsideração da personalidade
jurídica na hipótese mencionada na alternativa.
(C) INCORRETA. O argumento apresentado não é suficiente para desconsideração da
personalidade jurídica no Direito Empresarial.
(D) INCORRETA. “A falência da empresa NÃO CARACTERIZA, por si só, exercício abusivo
e ilícito da atividade empresarial e dá ensejo à desconsideração da personalidade
jurídica”.
Art. 109, Lei nº 11.101/05: “O estabelecimento será lacrado
sempre que houver risco para a execução da etapa de
arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou
dos interesses dos credores”. Assim, se não houver o risco
apresentado, o exercício da empresa poderá continuar
licitamente, mesmo após a falência.
(E) CORRETA.
Art. 50, §2º, CC: “Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares
de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso. Entende-se por confusão
patrimonial a ausência de separação de fato entre os
patrimônios, (...)”.
_____________________________________________________________________________

68. Uma sociedade empresária de telefonia sofreu ataque cibernético que levou ao
vazamento dos dados pessoais de todos os seus usuários. Posteriormente, diversos
usuários acionaram o Judiciário, requerendo a condenação da sociedade empresária e
o pagamento de danos morais, com base na alegação de que estavam sendo
importunados com ligações de empresas de telemarketing após o vazamento dos seus
dados.
De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto ao tema, analise
as afirmativas a seguir.
I. O vazamento de dados pessoais não tem o condão, por si só, de gerar dano moral
indenizável, sendo necessária prova efetiva do dano ocorrido.
101
II. O vazamento de dados pessoais gera para o prejudicado direito à indenização, uma
vez que o dano moral, em tais casos, é presumido, podendo a empresa de telefonia fazer
prova de que não houve prejuízo ao titular dos dados expostos.
III. O vazamento de qualquer tipo de dado sem autorização do usuário configura violação
dos direitos à intimidade e à privacidade e enseja a condenação ao pagamento de danos
morais.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS
O assunto foi abordado na imersão FGV de direito empresarial da turma ENAM ponto a
ponto do ENAM. O julgado foi revisado no material de INFORMATIVOS nº 762 a 799 do
STJ, página 19.

(I) CORRETO. A alternativa foi retirada da Ementa do AREsp 2130619, do STJ, transcrita
na parte que interessa ao final.
(II) INCORRETO. A alternativa foi retirada, em sentido contrário, da Ementa do AREsp
2130619, do STJ, transcrita na parte que interessa ao final.
(III) INCORRETO. Apenas diante do vazamento de dados sensíveis é que pode ensejar
danos morais nos termos da da Ementa do AREsp 2130619, do STJ, transcrita na parte
que interessa ao final.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. VAZAMENTO 102


DE DADOS PESSOAIS. DADOS COMUNS E SENSÍVEIS. DANO MORAL PRESUMIDO.
IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO DANO.
I - Trata-se, na origem, de ação de indenização ajuizada por particular contra
concessionária de energia elétrica pleiteando indenização por danos morais decorrentes
do vazamento e acesso, por terceiros, de dados pessoais.
(...)
IV - O art. 5º, II, da LGPD, dispõe de forma expressa quais dados podem ser considerados
sensíveis e, devido a essa condição, exigir tratamento diferenciado, previsto em artigos
específicos. Os dados de natureza comum, pessoais mas não íntimos, passíveis apenas
de identificação da pessoa natural não podem ser classificados como sensíveis.
V - O vazamento de dados pessoais, a despeito de se tratar de falha indesejável no
tratamento de dados de pessoa natural por pessoa jurídica, não tem o condão, por si só,
de gerar dano moral indenizável. Ou seja, o dano moral não é presumido, sendo
necessário que o titular dos dados comprove eventual dano decorrente da exposição
dessas informações.
VI - Agravo conhecido e recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
provido.
(AREsp n. 2.130.619/SP, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em
7/3/2023, DJe de 10/3/2023.)
_____________________________________________________________________________
DIREITO PENAL

69. Alfredo é intolerante em relação aos integrantes de uma determinada religião.


Decidido a gerar medo generalizado nos fiéis, Alfredo dirigiu-se ao principal templo
daquela instituição religiosa em seu Município e, durante um culto lotado, Alfredo
colocou um artefato explosivo de grande impacto na porta de entrada. O artefato,
porém, não explodiu.
Assinale a opção que indica, com base na hipótese narrada, o crime praticado por
Alfredo.
(A) Terrorismo.
(B) Genocídio.
(C) Perigo para a vida ou a saúde de outrem.
(D) Explosão.
(E) Injúria qualificada por preconceito religioso.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS 103
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO (ANULAÇÃO)! Por ausência de previsão do conteúdo
no edital do ENAM.

Trata-se de crime de terrorismo tipificado no art. 2º, § 1º inciso I da Lei nº 13.260/16.

Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais


indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de
xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e
religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror
social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a
paz pública ou a incolumidade pública.
§ 1º São atos de terrorismo:
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer
consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos
biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de
causar danos ou promover destruição em massa;

Ocorre que a Lei nº 13.260/16 não está prevista no conteúdo programático constante
do Anexo II do Edital do ENAM. Senão vejamos:

3.6 A prova versará sobre o conteúdo programático constante do Anexo II deste Edital.

(....)
VIII. DIREITO PENAL 1. Introdução ao Direito Penal. Conceito, características, finalidade
e princípios gerais do Direito penal. (Des)criminalização e (des)penalização. Direito penal
e política criminal. Direito penal e criminologia. Direito penal e outros ramos do Direito.
2. A Constituição Penal. Princípios de Direito penal constitucional. Princípios
constitucionais influentes em matéria penal. Normas penais constitucionalizadas.
Mandamentos de penalização. 3. A Norma Penal. Características, fontes, interpretação,
vigência e aplicação. Lei penal no tempo e no espaço; do tempo e do lugar do crime.
Limites da aplicação da lei penal em relação às pessoas. 4. Teoria Geral do Crime.
Conceito, objeto, sujeitos, conduta. Crimes de dano e de perigo. Crimes materiais,
formais e de mera conduta. 5. Tipicidade Objetiva. Ação, resultado e relação de
causalidade. Teoria da imputação objetiva. Da relevância penal da omissão. 6. Tipicidade
subjetiva. Crime doloso e crime culposo. Erro sobre elementos do tipo. Crime agravado
pelo resultado e crime preterdoloso. 7. Iter Criminis. Consumação e tentativa. Crime
impossível. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior.
8. Antijuridicidade. Legítima defesa e do excesso. Estado de necessidade. Estrito
cumprimento do dever legal. Exercício regular de direito. 9. Culpabilidade.
Fundamentos; conceito; elementos e conteúdo. Culpabilidade e pena. Causas de
exclusão da culpabilidade. Erro de proibição. Descriminantes putativas. 10.
Imputabilidade penal. Inimputáveis e semi-imputáveis. Menoridade penal. Emoção e
paixão. Embriaguez. 11. Concurso de agentes. Autoria e da participação. Teoria do
domínio do fato. 12. Das penas. Teoria da pena. Cominação e aplicação das penas e dos
substitutivos penais. Concurso de crimes e crime continuado. Concurso aparente de
normas. Erro na execução e Resultado diverso do pretendido. 13. Dos efeitos da
condenação. Do confisco alargado de bens. 14. Da reabilitação. 15. Das medidas de
104
segurança. 16. Da ação penal. Tipos de ação penal. Titularidade e legitimidade.
Arquivamento do inquérito. 17. Da extinção da punibilidade. 18. Direito penal
econômico. Bem jurídico supraindividual. Responsabilidade penal das pessoas jurídicas.
19. A aplicação da Lei Penal Militar. Código Penal Militar (art. 9º). 20. Tratados e
convenções em matéria criminal. A Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico de
Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas. A Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional. A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção.
21. Dos crimes em espécie. Dos crimes previstos na parte especial do Código Penal: dos
crimes contra a pessoa; dos crimes contra o patrimônio; dos crimes contra a organização
do trabalho; dos crimes contra a dignidade sexual; dos crimes contra a fé pública; dos
crimes contra a administração pública e administração da justiça. Crimes previstos nas
Leis ns. 7.716/89, 12.288/2010 e 13.869/ 2019.

Pelo exposto, entende-se que a questão deva ser anulada.

_____________________________________________________________________________

70. Em uma ação penal por crime ocorrido em 04/03/2023, o réu, ao ser interrogado,
confessa espontaneamente, perante o juiz, a prática do delito que lhe é imputado.
Na folha de antecedentes criminais do acusado, constam as seguintes anotações,
devidamente esclarecidas por certidões cartorárias:
I. condenação transitada em julgado em 08/06/2016 por crime anterior, praticado em
06/02/2014, com pena de reclusão extinta em 15/03/2022, diante do término do
livramento condicional, cujo período de prova se iniciara em 14/08/2017;
II. condenação transitada em julgado em 02/09/2022 por contravenção penal anterior,
praticada em 07/01/2022, com pena de prisão simples cumprida em 03/03/2023; e
III. ação penal em curso, por crime posterior, praticado em 05/03/2024.
À luz das informações apresentadas, conclusos os autos ao juiz para sentença, no dia de
hoje, na segunda fase da dosimetria da pena, a pena deverá ser
(A) atenuada, incidindo a atenuante da confissão espontânea, sendo o réu primário.
(B) atenuada, preponderando a atenuante da confissão espontânea sobre a agravante
da reincidência.
(C) mantida, compensando-se integralmente a atenuante da confissão espontânea com
a agravante da reincidência.
(D) agravada, compensando-se proporcionalmente a agravante da reincidência com a
atenuante da confissão espontânea.
(E) agravada, preponderando a agravante da reincidência, sem qualquer compensação
em relação à atenuante da confissão espontânea.
_______________________________________________________________________
105
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O foi assunto amplamente abordado no material dos pontos 11 a 15 de Direito Penal na


turma do ENAM, páginas 45 a 65. O artigo foi selecionado para última revisão no Vade
Mege em penal, página 323.

O artigo 63 do Código Penal estabelece que a reincidência ocorre quando o agente


comete um novo crime após a sentença condenatória ter transitado em julgado, seja
ela proferida no país ou no estrangeiro. Nesse contexto, afirma-se que a teoria adotada
pelo Código Penal é a da Reincidência Ficta ou Presumida, que considera suficiente a
prática de um novo crime após a sentença penal condenatória com trânsito em julgado,
mesmo que o réu não tenha cumprido a pena do crime anterior.

Além disso, é importante destacar que a reincidência não persiste indefinidamente; ao


contrário, está sujeita a um período limitado de avaliação, denominado período
depurador, conforme estabelece o art. 64, I do Código Penal. Vejamos:

Art. 64 - Para efeito de reincidência:


I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento
condicional, se não ocorrer revogação;

Inicialmente, ao analisarmos a questão, é importante que o aluno tenha em mente que


a ação penal a ser considerada como parâmetro é a referente ao crime ocorrido em
04/03/23. Dessa forma, vamos examinar cada inciso narrado na questão.

INCISO (I). Polêmica. Divergência doutrinária.

CRIME PARÂMETRO X OCORRIDO EM 04/03/23

Crime Y praticado em 06/02/14

Sentença condenatória crime Y 08/06/16

Início do período de prova 14/08/17

Extinção da pena do crime Y 15/03/22

OBS: Leva-se em conta a sentença condenatória para fins de verificação da


reincidência.
106
Todavia, em regra, os efeitos deletérios da reincidência perduram pelo prazo máximo de
5 anos, CONTADOS DA DATA DO CUMPRIMENTO OU DA EXTINÇÃO DA PENA.

Extinção da pena do crime Y → 15/03/22

Crime parâmetro X → ocorrido em 04/03/23

Entre 15/03/22 e 04/03/23 não se passou o período depurador de 5 anos.

Ocorre que há jurisprudência no sentido de que se conta o período de 5 anos da data


da concessão do livramento, desde que o benefício não tenha sido revogado. Vejamos:

Considera-se o período de livramento condicional não revogado para apuração do


prazo depurador da reincidência. “3. Na hipótese, embora tenha sido o Paciente
condenado anteriormente pela prática de outro delito, em relação à respectiva sanção,
obteve livramento condicional em 20 de setembro de 1990, restando extinta a pena em
30 de outubro de 1991, sem que o benefício tivesse sido revogado. Desse modo, tendo
transcorrido mais de 5 (cinco) anos entre a concessão do livramento condicional e a
prática do novo crime, datado de 03 de maio de 1996, não resta caracterizada a
reincidência.” HC 106.060/SP, Relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em
13/4/2010, DJe de 3/5/2010.

Portanto, para o STJ, o réu pode ser considerado PRIMÁRIO.

Para parte da doutrina, pode ser considerado REINCIDENTE.


INCISO (II). Com relação a essa contravenção, o réu é primário.

Crime ocorrido em 04/03/23

Contravenção praticada em 07/01/22

Transitou em 02/09/22

Extinção da pena 03/03/23

Contravenção anterior + crime posterior = maus antecedentes

SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA NOVA INFRAÇÃO PENAL CONSEQUÊNCIA
DEFINITIVA

Crime (Brasil ou Crime Reincidência (art. 63, CP)


estrangeiro)

Crime (Brasil ou Contravenção Penal Reincidência (art. 7, LCP)


estrangeiro)

Contravenção Penal Contravenção Penal Reincidência (art. 7, LCP) 107


(Brasil)

Contravenção Penal Crime Maus antecedentes


(Brasil)

Contravenção Penal Contravenção Penal Maus antecedentes


(estrangeiro) (Brasil)

INCISO (III). Não há reincidência considerando o crime parâmetro.

Crime parâmetro ocorrido em 04/03/23 Crime posterior, praticado em 05/03/24.

O art. 64 do Código Penal abrange apenas a condenação por crime anterior como fator
gerador de reincidência.

Assim, não consideramos, para fins de reincidência, o crime praticado no dia 05/03/24,
pois é posterior ao crime cometido no dia 04/03/23 (cuja ação penal é questionada na
questão).
Quanto a atenuante da confissão espontânea, dispõe o CP:

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (...) d)


confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria
do crime;

Caso o acusado fosse considerado reincidente, seria possível, na segunda fase do cálculo
da pena, compensar a agravante da reincidência com a atenuante da confissão
espontânea, por serem igualmente preponderantes. Nesse sentido, o STJ:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. NOTÓRIO DISSÍDIO


JURISPRUDENCIAL. MITIGAÇÃO DOS REQUISITOS FORMAIS DE ADMISSIBILIDADE.
ROUBO. CÁLCULO DA PENA. COMPENSAÇÃO DA REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA
CONFISSÃO ESPONTÂNEA.

1. Quando se trata de notório dissídio jurisprudencial, a jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça diz que devem ser mitigados os requisitos formais de admissibilidade
concernentes aos embargos de divergência. Precedentes.

2. É possível, na segunda fase do cálculo da pena, a compensação da agravante da


reincidência com a atenuante da confissão espontânea, por serem igualmente
preponderantes, de acordo com o art. 67 do Código Penal.

3. Embargos de divergência acolhidos para restabelecer, no ponto, o acórdão proferido


pelo Tribunal local. 108

_____________________________________________________________________________

71. Pierre, cidadão estrangeiro, praticou o delito de estupro em face da brasileira


Marina, maior e capaz. O crime foi praticado em Estado estrangeiro, onde há
incriminação da conduta, tal como ocorre no Brasil. Passado algum tempo, como o autor
do fato e a vítima retornaram ao Brasil, o Ministério Público ajuizou ação penal pública
incondicionada em face de Pierre, como incurso nas penas do delito de estupro.
Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Há o preenchimento das condições de aplicação da lei penal brasileira ao fato
ocorrido no exterior; porém, a ação penal depende de representação da vítima.
(B) Há o preenchimento integral das condições de aplicação da lei penal brasileira ao
fato ocorrido no exterior, sendo viável a responsabilização do autor do fato.
(C) Não há o preenchimento das condições de aplicação da lei penal brasileira, pois
ausente requisição do Ministro da Justiça.
(D) Não há o preenchimento das condições de aplicação da lei penal brasileira, pois o
autor do fato é estrangeiro, e a nacionalidade da vítima é indiferente à
extraterritorialidade da lei penal brasileira.
(E) A aplicação da lei penal brasileira ao fato independe de qualquer condição, por se
tratar de crime praticado mediante violência.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO (ANULAÇÃO)!


O assunto foi estudado no material dos pontos 1, 2 e 3 de Direito Penal da turma do
ENAM, nas páginas 62 a 65.

109
Trata-se de extraterritorialidade hipercondicionada, assim chamada devido a
necessidade de preenchimento de requisitos adicionais além dos já estabelecidos para
a extraterritorialidade condicionada (requisição do Ministro da Justiça e não foi pedida
ou foi negada a extradição).

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no


estrangeiro:
(...)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende
do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
(...)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Não houve requisição do Ministro da Justiça e, portanto, ausente condição de


procedibilidade da ação penal.

Essa é a justificativa de raciocínio da letra C.

No entanto, queremos apontar uma possibilidade recursal. Apresentem para a banca


a seguinte estrutura de raciocínio:

O crime do caso narrado na alternativa (estupro) é um caso de violência sexual contra a


mulher, que o Brasil se comprometeu a combater em vários tradados, por exemplo:
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra Mulher,
Convenção de Belém do Pará, e a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra Mulher.

Dito isso, o art. 7º, CP, dispõe que “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro [...] II – os crimes [...] que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir”.

Então, aplica-se a lei penal brasileira, sendo possível responsabilizar o autor do fato. Em
segundo lugar, está correto o Ministério Público ao propor ação penal pública
incondicionada em desfavor do autor, pois, segundo o art. 225, CP, essa é a modalidade
correta de ação nos crimes de estupro após a entrada em vigor da Lei 13.718/18. 110
Aponte estas eventuais divergências e peçam a anulação da questão em prol de todos.

_____________________________________________________________________________

72. Em 2024, Guilherme, Américo, Lucas, Rogério e Vladimir praticaram um crime. De


acordo com as informações de antecedentes criminais fornecidas a seguir, assinale a
opção que indica qual deles é tecnicamente primário (não reincidente).
(A) Guilherme, enquanto policial militar, foi definitivamente condenado por corrupção
passiva prevista no Código Penal Militar e terminou de cumprir a pena no ano de 2023.
(B) Américo, na condição de ocupante de cargo político, praticou crime de peculato,
tendo sido definitivamente condenado em 2023, sendo que ainda não terminou de
cumprir as penas restritivas de direito que lhe foram impostas.
(C) Lucas foi definitivamente condenado em 2015, tendo sua pena sido extinta em 2020,
pela concessão de indulto pleno. Em 2022, Lucas obteve sua reabilitação.
(D) Rogério foi definitivamente condenado em 2023, mas, após o trânsito em julgado de
sua condenação, o Juiz reconheceu a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, na
modalidade retroativa.
(E) Vladimir foi definitivamente condenado na Espanha, por tráfico de drogas, a uma
pena de 6 anos de reclusão, fato ocorrido em 2017 e transitado em julgado em 2018;
porém, ainda não cumpriu a pena porque logrou se evadir para o Brasil.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Uma das questões em que mais auxiliamos no tratamento dentro de nossos simulados!
Abaixo será possível verificar o quanto treinamos esta abordagem na turma. O assunto
foi muito bem estudado no ponto 17 de Direito Penal da turma do ENAM.

(A) INCORRETA. Guilherme praticou crime militar IMPRÓPRIO (Corrupção passiva


também está prevista no CP como crime comum).

Art. 64 - Para efeito de reincidência:


(...)
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

O assunto foi abordado na questão 73 do 687º Simulado Mege ENAM VI. Além disso, o
artigo foi selecionado para última leitura no Vade Mege, Parte II, página 323.

(B) INCORRETA. Américo é reincidente (condenação em 2023, novo crime em 2024). Não
confundir crime político com cargo político. 111
O assunto abordado na questão 73 do 687º Simulado Mege ENAM VI.

(C) INCORRETA. Segundo o STJ, o indulto extingue os efeitos primários da condenação


(pretensão executória, ou seja, extingue a pena em si), MAS NÃO ATINGE OS EFEITOS
SECUNDÁRIOS, penais (ex: reincidência) ou extrapenais (indenização civil) (Súmula 631-
STJ). Assim, temos que:

ANISTIA GRAÇA INDULTO

Efeitos primários da condenação


PENA SOME PENA SOME PENA SOME
(ex: a pena privativa de liberdade)

Efeitos secundários penais


NÃO É CONTINUA CONTINUA
(ex: reincidência, o sujeito REINCIDENTE REINCIDENTE REINCIDENTE
continuará com a ‘‘ficha suja’’?)

Efeitos secundários extrapenais


CONTINUAM CONTINUAM CONTINUAM
(ex: indenização civil, perda do cargo
etc.)
O assunto abordado na questão 72 do 676º Simulado Mege ENAM II.

(D) CORRETA. Para saber se a extinção da punibilidade do crime anterior afasta a


reincidência, dois fatores devem ser analisados: o momento em que ocorreu a causa
extintiva da punibilidade e a espécie de causa de extinção da punibilidade. Se a causa de
extinção da punibilidade ocorreu antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória, o crime anterior não subsiste para fins de reincidência. Essa conclusão é
evidente, até mesmo porque, nesse caso, não existe condenação definitiva. É o que se
dá, por exemplo, com a prescrição da pretensão punitiva (PPP).

No caso concreto, o juiz reconheceu a ocorrência da PPP, motivo pelo qual Rogério não
é reincidente.

(E) INCORRETA. A reincidência também se verifica em crimes praticados no exterior.

_____________________________________________________________________________

73. Caio, para excitar sua libido, tem relações sexuais com sua namorada na presença
de uma vizinha, de 13 anos de idade, a quem havia pago a importância de R$100,00 para
que ela assistisse ao ato.
Diante do caso narrado, Caio deverá responder pelo crime de
(A) assédio sexual.
(B) corrupção de menores. 112
(C) estupro de vulnerável.
(D) satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente.
(E) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração de criança ou
adolescente ou de vulnerável.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O assunto foi abordado na 9ª remessa do Circuito Legislativo de Direito Penal, página 8.

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou


adolescente

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14


(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou
outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos

ATENÇÃO! Não há de se falar em estupro de vulnerável.


O art. 217-A do CP prevê a prática de ato libidinoso, que segundo a doutrina é o 'ato
lascivo, voluptuoso, que objetiva prazer sexual'. Não é necessário o toque ou
manipulação das áreas íntimas da vítima, mas é fundamental que haja algum tipo de
contato com a intenção de obter satisfação sexual.

_____________________________________________________________________________

74. Alberto, mágico profissional, em uma relojoaria, pede ao vendedor para ver um
relógio suíço, de elevado valor. O vendedor atende a seu pedido, e Alberto coloca o
relógio em seu pulso, sob o pretexto de querer ver se o acessório fica bem em seu braço.
Ato contínuo, ele distrai o vendedor, tirando-lhe a atenção, momento em que, valendo-
se da ligeireza de seus movimentos, retira rapidamente o relógio do pulso, substituindo-
o por uma cópia idêntica, que traz em seu bolso, e a entrega ao vendedor, que nada
percebe. Alberto, então, agradece a atenção, pergunta quanto custa o relógio e, depois
de afirmar que vai pensar um pouco mais, deixa a loja, levando consigo a peça.
Diante do caso narrado, Alberto deverá responder por
(A) estelionato.
(B) furto simples.
(C) furto qualificado.
(D) apropriação indébita simples.
(E) apropriação indébita qualificada. 113
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado em Direito Penal na 7ª Remessa do Circuito Legislativo, páginas


102 a 108 e os crimes de furto e roubo foram sugeridos como revisão, via circuito
legislativo, inclusive, na análise final do TOP 5 ENAM.

‘‘Ele distrai o vendedor, momento em que, valendo-se da ligeireza de seus movimentos,


retira rapidamente o relógio do pulso, substituindo-o por uma cópia idêntica, que traz
em seu bolso, e a entrega ao vendedor, que nada percebe.’’

No furto, a fraude é utilizada para burlar a vigilância da vítima, para lhe tirar a atenção.
No estelionato, a fraude objetiva obter consentimento da vítima, iludi-la para que
entregue voluntariamente o bem.

No caso em análise, enquanto a posse do relógio estava sob vigilância, Alberto empregou
artimanhas para substituí-lo por uma cópia idêntica e, posteriormente, subtraí-lo, sem
despertar suspeitas por parte do vendedor.

_____________________________________________________________________________
75. Elmo, preso em flagrante por crime de descaminho, ao ser apresentado à autoridade
policial para a lavratura do auto de prisão em flagrante, identifica-se como sendo seu
irmão gêmeo, com o escopo de ocultar suas extensas anotações criminais.
Diante do caso narrado, assinale a opção que corresponde ao fato.
(A) Fato atípico.
(B) Fato típico, porém lícito.
(C) Crime de falsa identidade.
(D) Crime de fraude processual.
(E) Crime de falsidade ideológica.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Súmula estudada no material de sumulas do STJ na turma ENAM ponto a ponto,


página 43.

Para resolver a questão, era suficiente ter conhecimento da Súmula 522 do STJ, que aduz:
114
Súmula 522 do STJ - A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial
é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

_____________________________________________________________________________

76. Ricardo, com a intenção de ter um carro, apresentou-se como manobrista na frente
de um restaurante e, assim, logrou iludir Carolina, que lhe entregou as chaves de seu
veículo, pensando que este seria estacionado em segurança. Em seguida, Ricardo se
apossou do veículo de Carolina.
Assinale a opção que indica, corretamente, o crime praticado por Ricardo.
(A) Estelionato.
(B) Apropriação indébita.
(C) Furto mediante fraude.
(D) Furto mediante abuso de confiança.
(E) Apropriação de coisa havida por erro.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!

Embora o gabarito preliminar aponte a assertiva “A” como correta, há divergência


doutrinária e jurisprudencial no caso concreto narrado na questão. De acordo com o
posicionamento do STJ, a assertiva “C” pode ser considerada correta. Portanto,
concluímos que a questão deva ser anulada. O assunto foi muito bem estudado em
Direito Penal na 7ª Remessa do Circuito Legislativo, página 113, e o tema também foi
sugerido para revisão no TOP 5 ENAM.

Qual a diferença entre furto mediante fraude e estelionato?

No furto mediante fraude, o agente emprega a fraude para diminuir a vigilância da


vítima, subtraindo-lhe o bem. O bem é retirado da vítima sem que ela perceba. Ex.:
sujeito vai até a residência da vítima fingindo ser da companhia de tv a cabo. Uma vez
dentro da casa, pede para tomar água. Enquanto a vítima sai para buscar, o agente
subtrai objetos de valor da sala.

No estelionato, o agente coloca a vítima em erro, de modo que ela espontaneamente


lhe entrega o bem. Ex.: sujeito afirma que tem o bilhete premiado da loteria, mas precisa
viajar e não pode ir ao banco. A vítima espontaneamente dá dinheiro ao agente para
ficar com o bilhete, que é falso.

STJ: “Embora esteja presente tanto no crime de estelionato, quanto no de furto


qualificado, a fraude atua de maneira diversa em cada qual. No primeiro caso
[estelionato], é utilizada para induzir a vítima ao erro, de modo que ela própria entrega
115
seu patrimônio ao agente. A seu turno, no furto, a fraude visa burlar a vigilância da
vítima, que, em razão dela, não percebe que a coisa lhe está sendo subtraída” (CC
86.862/GO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 3ª Seção, j. 08/08/2007).

E se a vítima entrega o bem espontaneamente ao agente, mas esperando recebê-lo de


volta, tal como o narrado na questão? O sujeito finge ser manobrista de estacionamento.
Vítima deixa o carro e sai. Evidentemente, a vítima não está se desfazendo do carro, mas
tão somente confiando a sua detenção a outrem por breve período.

Há duas correntes:

a) O crime é de estelionato, conforme explicado acima. Não há qualquer peculiaridade.


O agente induziu a vítima em erro e ela lhe entregou o bem.

b) Se a vítima entrega o bem esperando recebê-lo de volta, o crime é de furto mediante


fraude. Nesse sentido:

STJ: “Embora identificadas pela marca comum da fraude, o estelionato e o furto


qualificado mediante fraude diferem um do outro porque neste o engodo visa a
diminuir a vigilância que a vítima exerce sobre seu patrimônio, que não acredita perdê-
lo, ainda que o entregue ao agente; naquele, a vítima, ludibriada, desfaz-se do bem”
(REsp 1173194, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª T., j. 26/10/2010, v.u.).

_____________________________________________________________________________
77. Sobre a extinção da punibilidade pela prescrição, analise as afirmativas a seguir.
I. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.
II. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz
da execução penal, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública e do
Código Tributário Nacional no que concerne aos prazos e às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
III. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplicar-se-á a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3, regulando-se a prescrição pela
pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
IV. O prazo para a prescrição da pretensão executória somente começa a correr no dia
em que a sentença condenatória transita em julgado para ambas as partes, exceto para
os processos com trânsito em julgado para a acusação ocorridos até 11/11/2020, em
que a prescrição ainda não tenha sido analisada.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, II e III, apenas.
(B) I, II e IV, apenas. 116
(C) I, III e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!


Os fundamentos a seguir apresentados demonstram que apenas o item III está
incorreto. O assunto foi estudado na questão 73 do 676º Simulado Mege ENAM II e
amplamente abordado no ponto 17 de Direito Penal na turma ENAM ponto a ponto.

Os fundamentos abaixo apresentados demonstram que todas as assertivas estão


corretas. Senão vejamos:

(I) CORRETA. Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado


pelo máximo da pena cominada.

Súmula estudada no material do STJ da turma do ENAM, página 43.


(II) INCORRETA. Vejamos o que dispõe o CP:

Art. 51 do CP - Transitada em julgado a sentença condenatória,


a multa será executada perante o juiz da execução penal e será
considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à
dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Analisando bem a assertiva, percebemos a seguinte afirmação:

‘‘Aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública e do Código Tributário


Nacional no que concerne AOS PRAZOS e às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição’’

Todavia, O STJ estabelece que os prazos prescricionais continuam sendo regulados pelo
CP. Vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENA DE MULTA. PRESCRIÇÃO. ART. 114,


II, DO CÓDIGO PENAL - CP. MESMO PRAZO PREVISTO PARA A PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1.⁠ ⁠Segundo o entendimento desta Corte, "a nova redação do art. 51 do Código Penal não
retirou o caráter penal da multa. Assim, embora se apliquem as causas suspensivas da
prescrição previstas na Lei n. 6.830/80 e as causas interruptivas disciplinadas no art. 174
do Código Tributário Nacional, O PRAZO PRESCRICIONAL CONTINUA SENDO REGIDO
117
pelo art. 114, inciso II, Código Penal" (HC 394.591/AM, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 27/9/2017).

Ora, de fato, são aplicáveis às causas interruptivas e suspensivas da prescrição de acordo


com o CTN, mas OS PRAZOS PRESCRICIONAIS CONTINUAM SENDO REGIDOS pelo art.
114, inciso II, Código Penal.

Artigo selecionado para última leitura no Vade Mege ENAM – Parte II, página 322.

(III) CORRETA. A assertiva narra crime continuado, previsto no art. 71 do CP:

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Ademais, dispõe a súmula 497 do STF que “em caso de continuidade delitiva, a
prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo
decorrente da continuação.’’

Súmula estudada no material do STF, página 45.


(IV) CORRETA. O prazo para a prescrição da execução da pena concretamente aplicada
somente começa a correr do dia em que a sentença condenatória transita em julgado
para ambas as partes, momento em que nasce para o Estado a pretensão executória da
pena, conforme interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal ao princípio da
presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal) nas ADC 43, 44 e
54.
Assim, é incompatível com a atual ordem constitucional a aplicação meramente literal
do art. 112, I, do Código Penal. Por isso, é necessário interpretá-lo sistemicamente, com
a fixação do trânsito em julgado para ambas as partes (acusação e defesa) como marco
inicial da prescrição da pretensão executória estatal pela pena concretamente aplicada
em sentença condenatória. O Estado não pode determinar a execução da pena contra
condenado com base em título executivo não definitivo, dada a prevalência do princípio
da não culpabilidade ou da presunção de inocência. Assim, a constituição definitiva do
título judicial condenatório é condição de exercício da pretensão executória do Estado.
A prescrição da pretensão executória pressupõe a inércia do titular do direito de punir.
Portanto, a única interpretação do inciso I do art. 112 do Código Penal compatível com
esse entendimento é a que elimina do dispositivo a locução “para a acusação” e define
como termo inicial o trânsito em julgado para ambas as partes, visto que é nesse
momento que surge o título penal passível de ser executado pelo Estado.
Ademais, a aplicação da literalidade do dispositivo impugnado, além de contrária à
ordem jurídico-normativa, apenas fomenta a interposição de recursos com fins
meramente procrastinatórios, frustrando a efetividade da jurisdição penal.
Diante disso, o STF declarou a não recepção pela Constituição Federal da locução “para
a acusação”, contida art. 112, inciso I (primeira parte) , do Código Penal, conferindo-lhe
118
interpretação conforme a Constituição no sentido de que a prescrição começa a correr
do dia em que transita em julgado a sentença condenatória para ambas as partes.
Modulação dos efeitos. Esse entendimento se aplica aos casos em que:
i) a pena não foi declarada extinta pela prescrição; e ii) cujo trânsito em julgado para
a acusação tenha ocorrido após 12/11/2020. STF. Plenário. ARE 848.107/DF, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 01/7/2023 (Repercussão Geral – Tema 788) (Info 1101).

O tema foi estudado no material de Repercussão Geral da turma do ENAM, página 42.

_____________________________________________________________________________

78. João foi acusado de corrupção ativa em transação internacional porque deu, em
outro país, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro para a prática de ato de
ofício relacionado a transação comercial internacional.
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa incorreta.
(A) João praticou crime de corrupção ativa em transação internacional, porque o delito,
ao contrário do que ocorre na corrupção prevista no Art. 333 do CP, abrange a conduta
de dar ou pagar a vantagem indevida, não se limitando ao mero oferecimento ou à mera
promessa do benefício.
(B) A caracterização da corrupção ativa internacional não prescinde da descrição de um
ato de ofício, porque tal elemento está previsto expressamente no tipo penal que
descreve o crime específico.
(C) É possível a aplicação da lei penal nacional ao caso, mesmo que o crime tenha sido
praticado fora do território nacional, desde que cumpridos os requisitos do Art. 7º, §2º,
do CP.
(D) A pena será aumentada da terça parte se João ocupa cargo em comissão ou de
função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público do país
estrangeiro.
(E) A prescrição da pretensão punitiva começa a correr na data da entrega da vantagem,
ainda que seja constatada a oferta ou a promessa do mesmo benefício em momento
anterior.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO! As letras “A” e “E” também apresentam polêmicas,


o que deve gerar anulação.
Crimes contra a Administração Pública foi um tema sugerido para revisão no TOP 5
ENAM e o e o tema foi revisado na 9ª Remessa de Direito Penal do Circuito Legislativo.
119
(A) CORRETA (No entanto, entendemos como também incorreta).

CORRUPÇÃO ATIVA CORRUPÇÃO ATIVA EM TRANSAÇÃO


COMERCIAL INTERNACIONAL

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar,
indevida a funcionário público, para direta ou indiretamente, vantagem
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar indevida a funcionário público estrangeiro,
ato de ofício: ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício
relacionado à transação comercial
internacional.

A expressão “pagar” traz um vício em relação ao conceito da tipificação corrupção ativa


em transação internacional.

(B) CORRETA. Se o ato pretendido pelo sujeito passivo não se adequar ao rol daqueles
que integram a atribuição do funcionário público estrangeiro corrompido, a conduta não
se amolda ao descrito nesse tipo penal. Não basta, portanto, que se trate de funcionário
público estrangeiro: é indispensável que tenha atribuição para praticar ato relativo a
transação comercial internacional, isto é, que se trate de funcionário competente para a
prática do ato pretendido pelo corruptor.

Em outros termos, é indispensável que se trate de “ato de ofício”, isto é, próprio da


atribuição do suposto funcionário público estrangeiro corrompido, além de ser
devidamente descrito na denúncia, com prova nos autos processuais, sendo, portanto,
afastada a mera abstração, isto é, que não se identifique, com todas as suas
elementares típicos a prática efetiva de ato de oficio pelo funcionário público
estrangeiro.

Ademais, a conduta típica, alternativamente prevista, consiste em prometer (obrigar-se


a dar, comprometer-se a dar vantagem), oferecer (apresentar, colocar à disposição) ou
dar (transferir a propriedade) vantagem indevida (de qualquer natureza: material ou
moral) a funcionário público, para determiná-lo a praticar (realizar), omitir (deixar de
praticar) ou retardar (atrasar) ato de ofício (incluído na esfera de competência do
funcionário). A oferta ou promessa ou doação, ainda que feitas indiretamente, admitem
vários meios de execução. Será indireta a prática de qualquer das condutas quando o
agente se valer de interposta pessoa ou de dissimulação para con-seguir seu intento.

É necessário que o corrompido seja funcionário público estrangeiro, sob pena de não
tipificar essa modalidade do crime de corrupção, independentemente de o corrompido
encontrar-se ou não em território nacional.

(C) CORRETA. A lei brasileira pode ser aplicada a crimes cometidos no estrangeiro. 120
CP, Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:

EXTRATERRITORIALIDADE
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
INCONDICIONADA

Se o agente praticar os crimes abaixo,


Para os crimes abaixo a aplicação da lei
ele é punido segundo a lei brasileira,
brasileira depende da reunião de algumas
não importa se for absolvido ou
condições.
condenado no exterior.

a) contra a vida ou a liberdade do


II - os crimes:
Presidente da República;
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se
b) contra o patrimônio ou a fé
obrigou a reprimir;
pública da
U/DF/E/Território/M/Empresa b) PRATICADOS por brasileiro;
pública/Sociedade de economia
mista/Autarquia ou fundação c) praticados em aeronaves ou embarcações
instituída pelo Poder Público; brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e
c) contra a administração pública, aí não sejam julgados.
por quem está a seu serviço;
d) genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil;

e) genocídio, quando o agente for


brasileiro ou domiciliado no Brasil;

A APLICAÇÃO DA LEI BRASILEIRA DEPENDE


DA REUNIÃO DE ALGUMAS CONDIÇÕES:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em


que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles


pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no


estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no


estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei 121
mais favorável

A lei brasileira aplica-se também ao crime


cometido por estrangeiro contra brasileiro
fora do Brasil, se, reunidas as condições
previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a


extradição

b) houve requisição do Ministro da Justiça

Assunto estudado no ponto 3 de Direito Penal na turma do ENAM.

(D) INCORRETA. A aplicação da causa de aumento de pena é restrita aos delitos do


Capítulo I do Código Penal, que tipifica os crimes cometidos por funcionários públicos
contra a administração em geral. Portanto, essa disposição não se estende ao crime
definido no artigo 337-B, inserido no Capítulo II-A do mesmo código.

(E) CORRETA (No entanto, entendemos como também incorreta).

A alternativa não é clara sobre a prática de vários atos, sendo assim, se interpretado que
houve uma promessa ou oferta anterior e, posteriormente, o cumprimento desta, a
consumação ocorrerá no momento da promessa ou oferta, sendo o pagamento mero
exaurimento, de modo que o prazo prescricional se iniciará com a consumação, ante o
caráter formal dos verbos “oferecer” e “prometer”.

A alternativa E também está incorreta, uma vez que, ainda que se entenda que no verbo
DAR o crime seja material, o enunciado da letra E fala que se CONSTATADA oferta
anterior (ou seja, não apenas deu, mas ofereceu) ainda assim a prescrição apenas
contaria da entrega da vantagem. Sucede que, no verbo oferecer, o crime é FORMAL, de
modo que se consuma no oferecimento e, a partir disso, já corre a prescrição.

Vale dizer, de início, nos termos do art. 111, I, do CP, que “A prescrição, antes de transitar
em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou;”
No caso em análise, o crime de corrupção ativa em transação internacional, nas
modalidades “oferecer” e “prometer”, tratando-se de crime formal, se consumou no
instante em que o funcionário público estrangeiro tomou conhecimento da oferta ou da
promessa da vantagem.

79. Sobre o crime de corrupção passiva, analise as afirmativas a seguir.


I. Quem trabalha com carteira assinada em uma sociedade empresária privada
conveniada para execução de serviços típicos de administração pública responde por
corrupção passiva caso receba vantagens indevidas para a prática de atos relacionado
às suas funções. 122
II. O médico não concursado, que presta serviços pelo SUS, responde por corrupção
passiva se receber vantagens indevidas para acelerar o atendimento de um paciente.
III. A relação da conduta com um ato de ofício é elemento do tipo na corrupção ativa,
mas não da corrupção passiva em seu tipo fundamental.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado na 9ª Remessa de Direito Penal do Circuito Legislativo na turma


do ENAM, nas páginas 27 a 29. Crimes contra a Administração Pública foi um tema
sugerido para revisão no TOP 5 ENAM e o e o tema foi revisado na 9ª Remessa de Direito
Penal do Circuito Legislativo.

(I) CORRETO.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos


penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.

Nesse sentido, o STF:

Ementa: HABEAS CORPUS. CRIME DE CONCUSSÃO. EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO PARA


REALIZAÇÃO DE CIRURGIA DE URGÊNCIA. CONCEITO PENAL DE FUNCIONÁRIO
PÚBLICO. MÉDICO CREDENCIADO PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. TELEOLOGIA DO
CAPUT DO ART. 327 DO CÓDIGO PENAL. ORDEM DENEGADA. 1. A saúde é
constitucionalmente definida como atividade mistamente pública e privada. Se prestada
pelo setor público, seu regime jurídico é igualmente público; se prestada pela iniciativa
privada, é atividade privada, porém sob o timbre da relevância pública. 2. O hospital
privado que, mediante convênio, se credencia para exercer atividade de relevância
pública, recebendo, em contrapartida, remuneração dos cofres públicos, passa a 123
desempenhar o múnus público. O mesmo acontecendo com o profissional da medicina
que, diretamente, se obriga com o SUS. 3. O médico particular, em atendimento pelo
SUS, equipara-se, para fins penais, a funcionário público. Isso por efeito da regra que
se lê no caput do art. 327 do Código Penal. 4. Recurso ordinário a que se nega
provimento. (RHC 90523, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em
19/04/2011, DJe-201 DIVULG 18-10-2011 PUBLIC 19-10-2011 EMENT VOL-02610-01 PP-
00024 RT v. 101, n. 917, 2012, p. 572-583)

(II) CORRETO. Funcionário público por equiparação.

Art. 327 - § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce


cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.

(III) CORRETO.

Corrupção ativa Corrupção passiva

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou
indevida a funcionário público, para para outrem, direta ou indiretamente,
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ainda que fora da função ou antes de
ato de ofício: assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:

_____________________________________________________________________________

80. Bernardo, cidadão português, tripulante de um navio da marinha mercante


brasileira, que partira de Santos e navega pelo Oceano Atlântico, em alto-mar, com
destino ao porto de Roterdã, na Holanda, agride um outro tripulante, de nacionalidade
peruana, desferindo-lhe socos, que o ferem levemente.
Diante do caso narrado, assinale a alternativa CORRETA.
(A) não se aplica a Bernardo a legislação penal brasileira, pois o crime ocorreu no
estrangeiro.
(B) aplica-se a Bernardo a legislação penal brasileira, pois o local onde ocorreu o crime
é considerado território nacional por extensão.
(C) pode ser aplicada a Bernardo a legislação penal brasileira, pois, embora o crime
tenha ocorrido no estrangeiro, trata-se de hipótese de extraterritorialidade
condicionada da lei penal brasileira, à luz do princípio da defesa.
(D) aplica-se a Bernardo a legislação penal brasileira, pois, embora o crime tenha 124
ocorrido no estrangeiro, trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada da
lei penal brasileira, à luz do princípio da representação.
(E) pode ser aplicada a Bernardo a legislação penal brasileira, pois, embora o crime tenha
ocorrido no estrangeiro, trata-se de hipótese de extraterritorialidade condicionada da lei
penal brasileira, à luz do princípio da representação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi estudado no material do ponto 3 de Direito Penal da turma do ENAM, na


página 62.

TERRITÓRIO BRASILEIRO OU EXTENSÃO E EQUIPARAÇÃO

EMBARCAÇÕES E LOCAL QUAL LEI SERÁ


AERONAVES APLICADA?

Brasileiras:
- públicas ou Onde quer que se Será aplicada a lei
encontrem brasileira
- a serviço do governo
brasileiro

Brasileiras: Será aplicada a lei


Em alto-mar ou no espaço
brasileira
aéreo correspondente
mercantes ou particulares

Estrangeiras privadas Será aplicada a lei


em território brasileiro
brasileira

_____________________________________________________________________________

125

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