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Apostila Estratégia Interpretação de Texto
Apostila Estratégia Interpretação de Texto
Aula 00
AULA 00
Análise, compreensão e interpretação de textos verbais e não
verbais, literários e não literários.
Informação explícita e inferência.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO......................................................................................2
CRONOGRAMA E OBJETIVO DO CURSO......................................................3
1. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL....................................................................5
2. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO.....................................................8
3. INFERÊNCIAS E INFORMAÇÕES EXPLÍCITAS..........................................12
4. LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL....................................................14
5. COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL.........................................................15
6. TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS..............................................................25
RESUMO..............................................................................................47
QUESTÕES COMENTADAS.......................................................................52
LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA......................................80
GABARITO..........................................................................................100
APRESENTAÇÃO
Isso tudo quer dizer que não podemos mais perder tempo e que eu
estarei aqui para dar o suporte necessário para que cada aluno alcance seu
objetivo!!
Gosto do contato bem direto com meus alunos! Minha função aqui é
ajudá-lo da melhor maneira possível a alcançar o seu objetivo que é ser
aprovado neste concurso. Esteja certo de que farei de tudo para que isso
aconteça, pois o seu sucesso é também o meu!
Para que me conheça, falarei brevemente sobre mim: meu nome é
Rafaela Freitas, sou graduada em Letras pela Universidade Federal de
Juiz de Fora, onde resido, e pós-graduada em Ensino de Língua
Portuguesa, pela mesma instituição (UFJF). Desde que me formei, em 2008,
tenho trabalhado com a preparação dos alunos para os mais diversos
concursos públicos, em cursos presenciais, no que tenho colocado ênfase em
minha carreira, embora também trabalhe com turmas preparatórias para
vestibulares. Sou uma apaixonada pela nossa língua mãe e por ensiná-la!
Tenham a certeza de que o português, já neste curso, não será um problema,
mas sim a solução! Você sabe muito mais dessa língua do que imagina! Confie
em mim e principalmente em seu potencial!
Este curso tem por objetivo trazer para os alunos todo o conteúdo
teórico e auxiliá-los na resolução do maior número de questões possível da
CESGRANRIO, baseado no edital aberto para a Agência Nacional de
Petróleo. Sendo assim, as aulas contarão com várias questões da
CESGRANRIO, comentadas e gabaritadas, bem como de outras bancas com
cobrança semelhante, a fim de que todo conteúdo teórico seja abordado nas
questões atendendo 100% ao que o edital exige.
Os alunos que estão começando a se preparar encontrarão aqui todos os
“macetes” e dicas de que precisam para um estudo objetivo. Os concurseiros
já experientes terão com o curso uma fonte de revisão para se aprimorarem e
se atualizarem bastante na Língua Portuguesa. Todos sairão ganhando!
Para que seja completo e satisfatório, proponho que o curso seja dividido
da seguinte maneira:
CRONOGRAMA
“Evidentemente, tudo pode ser visto nos textos, lá é que todo tipo de
fenômeno acontece.” (ANTUNES, 2007, p. 139)
Ler o mundo através dos mais diversos textos com os quais nos
deparamos em nosso cotidiano é uma tarefa, no mínimo, reveladora!
estabelecer agora uma meta de ler, pelo menos, um livro por mês? Leia o que
você mais gosta! Não importa o gênero. Crie o hábito da leitura e o gosto por
ela. Quando passamos a gostar de algo, compreendemos melhor seu
funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós. Não se
deixe levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença.
O que é um texto?
uma pintura, uma escultura, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, uma
propaganda, um filme, uma novela de televisão também são formas textuais.
TEXTO I
Descuidar do lixo é sujeira
TEXTO II
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
O esquema a seguir irá ajudá-lo a ter uma visão melhor do que foi
explanado até aqui sobre texto literário e não literário.
cruzamento gritando PARE! VAI FECHAR! PODE IR! Imagine a loucura! Mesmo
se não fosse uma pessoa, mas uma gravação, suponha a altura que teria que
ser para que as pessoas dentro dos carros ou andando pudessem ouvir,
competindo com todo o barulho natural da rua! A melhor opção foi o recurso
visual das cores, a linguagem não verbal no lugar da verbal.
O que é para você algo incoerente? Imagine uma pessoa que se diz contra
o uso de bebidas alcoólicas, mas é vista bebendo todas em um bar? Atitude
incoerente não é? Agora imagine quem diz gostar muito de animais e é visto
batendo em um cachorro... incoerente!! Podemos levar esse raciocínio para o
estudo da linguagem, um texto incoerente é aquele que não faz sentido, que
perdeu o nexo por algum problema interno de remissão, uso dos conectivos ou
até mesmo semântico.
A coesão diz respeito ao modo como ligamos os elementos textuais numa
sequência; a coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito aos
conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos elementos
textuais.
É fácil perceber que um texto não é coerente, isso ocorre quando ele não
faz sentido! Ou quando começa falando sobre um assunto ou aspecto e muda
completamente sem aviso prévio. Já a falta de coesão nem sempre é percebida
pelo falante, pode ser um problema de regência ou de concordância, por
exemplo.
Vejam:
Os menino chegou, vamo começar!
Circuito Fechado
Menino venha pra dentro, olhe o sereno! Vá lavar essa mão. Já escovou
os dentes? Tome a bênção a seu pai. Já pra cama!
Onde é que aprendeu isso, menino? Coisa mais feia. Tome modos. Hoje
você fica sem sobremesa. Onde é que você estava? Agora chega, menino,
tenha santa paciência.
assim que eu lhe dou umas palmadas. Pensa que a gente tem dinheiro para
jogar fora? Tome juízo, menino.
Ganhou agora mesmo e já acabou de quebrar. Que é que você vai querer
no dia de seus anos? Agora não, que eu tenho o que fazer. Não fique triste
não, depois mamãe dá outro. Você teve saudades de mim? Vou contar só mais
uma, que está na hora de dormir. Agora dorme, filhinho. Dê um beijo aqui -
Papai do Céu lhe abençoe. Este menino, meu Deus...
Menino, de Fernando Sabino.
A REMISSÃO
É impossível quantificar os gêneros textuais! Por que isso acontece? Pela sua
natureza, pois depende do objetivo pelo qual eles foram criados, para satisfazer a
determinadas necessidades de comunicação. Assim sendo, podem aparecer ou
desaparecer de acordo com a época ou as necessidades dos que temos. Por isso,
podemos afirmar que gênero textual é uma questão de uso.
Conto maravilhoso;
Conto de fadas;
Fábula;
Lenda;
Romance;
Conto;
Piada
e outros.
Relato de viagem;
Diário;
Autobiografia;
Curriculum vitae;
Relato
Notícia;
Biografia;
Relato histórico
e outros.
Texto de opinião;
Carta de leitor;
Carta de solicitação;
Argumentativo Editorial;
Ensaio;
Resenhas críticas
e outros.
Texto expositivo;
Expositivo Seminário;
Conferência;
Palestra;
Entrevista de especialista;
Texto explicativo;
Relatório científico
e outros.
Receita;
Instruções de uso;
Instrucional Regulamento;
Textos prescritivos
e outros.
Vimos que cada gênero possui sua característica. Ok! Mas é importante
destacar que não existe um texto que seja, por exemplo, exclusivamente
argumentativo. Ao afirmar que a carta de leitor é argumentativa, as
características dominantes são levadas em consideração. A bula de um
remédio é dominantemente instrucional, mas tem uma parte dela que é
expositiva. Para facilitar a aprendizagem, entenda que o gênero textual é a
parte concreta, prática, enquanto a tipologia textual integra um campo mais
teórico, mais formal.
TIPO ARGUMENTATIVO
Editorial
Artigo de opinião
A charge
Esta charge faz uma crítica tanto à desigualdade social quanto à crise na
família. Observe o plano não verbal e veja como as pessoas estão vestidas,
onde estão, os cartazes na parede. A figura da mãe está sendo comparada à
do Papai Noel e Coelhinho da Páscoa como seres que não existem!
veio tirar o nosso ouro (parte amarela da bandeira) e os rios (parte azul) estão
acabando. Isso é sinônimo de progresso? Tal situação é atual, recente ou vem
de longa data? É sobre isso que o chargista nos leva a refletir.
O leitor pode até achar, em um primeiro contato, que a charge é apenas
um texto engraçado e inocente, mas não é bem assim! Basta uma leitura mais
cuidadosa para perceber que estamos diante de um gênero textual riquíssimo,
que critica personalidades, política, sociedade, entre outros temas relevantes.
Seu principal objetivo é estabelecer uma opinião crítica e, através dos
elementos visuais e verbais, persuadir o leitor, influenciando-o
ideologicamente.
TIPO NARRATIVO
- Personagens
- Tempo
- Espaço
- Narrador
a) Narrador observador:
b) Narrador onisciente:
c) Narrador personagem:
- Enredo
- Discurso
- Linguagem e estilo
É a vestimenta com que o autor reveste seu discurso, nas falas, nas
descrições, nas narrações, nos diálogos, nas dissertações ou nos monólogos.
TIPO DESCRIÇÃO
Características da descrição:
Clarinete (fragmento)
Descrição x Narração:
O autor parou a sua narrativa para nos dar de presente essa descrição
mais minuciosa do personagem. Como no exemplo dado, Machado nos chama
a conhecer traços psicológicos descritos por ele sobre a baronesa.
A descrição também costuma aparecer em textos narrativos jornalísticos,
como em notícias.
TIPOS DE LINGUAGEM:
Exemplo:
INFERÊNCIA:
01. A fala da mulher permite inferir que, ao treinar o cão, ela pretendeu
(A) reproduzir as ordens do marido.
(B) mostrar-se preocupada com o marido.
(C) contestar a autoridade do marido.
(D) tornar-se superior ao marido.
(E) manter-se submissa ao marido.
COESÃO E COERÊNCIA
Vimos ainda que todo texto precisa ser coerente para ser compreendido e
que, para isso, alguns elementos podem contrubuir pra que o sentido não se
perca. O que lemos precisa fazer sentido, utilizamos de algumas estratégias
para que isso ocorra.
Percebam que a frase não está clara, pois, se houve uma enxurrada, é
claro que a rua está suja. A conjunção “contudo” não está adequada ao
contexto. O ideal seria o seguinte: a exurrada passou e a rua ficou suja,
por exemplo, ou a exurrada passou, por isso a rua ficou suja.
Corterei seu cabelo hoje, mais tarde. >> remissão perfeita. O pronome
“seu” refere-se ao interlocutor e concorda no masculino com “cabelo”.
Não faria sentido a formação: cortarei sua cabelo hoje, mais tarde,
certo?
Fiz essa lista: açucar, café, leite, pão... (essa: remissão catafóca,
antecede algo que ainda será falado, no caso, os elementos da lista).
Açucar, café, leite, pão... esta é a lista. (esta: remissão anafórica,
retoma algo que já foi falado, no caso, os elementos da lista).
Vimos ainda que até outras classes gramaticais, quando bem articuladas,
podem ser importantes elementos para garantir a coerência de um texto:
Abolição da Escravatura
Exemplos:
TIPOLOGIA TEXTUAL
EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
TEXTO I
Um pouco distraído
Texto II
BAPTISTA, A.; LEE, R.; DIAS, S. Ando meio desligado. Intérprete: Os Mutantes. In:
MUTANTES. A divina comédia ou Ando meio desligado. Rio de Janeiro: Polydor/Polyfar.
p1970. 1 disco sonoro, Lado 1, faixa 1 (3 min 2s).
Comentário: um ser inanimado é aquele que não tem vida, que não é
capaz de praticar uma ação. No terceiro parágrafo, o autor afirma que os
objetos que desaparecem são inanimados. Se o isqueiro é um ser inanimado,
ele não pode praticar a ação de olhar... Logo, o trecho “a olhar-me
desapontado” contradiz a informação do autor. Sendo assim, o gabarito é a
alternativa C. As demais alternativas não contradizem a afirmação do autor,
pois não descrevem ações de seres inanimados.
GABARITO: C
que o tio estava em sua própria casa, quando cochilou e, ao acordar, chamou
a mulher para ir embora! Fica clara, então, a sua distração ao não perceber
que estava em casa, após breve cochilo.
GABARITO: B
Diante do futuro
de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha
liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu
pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo,
dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder
não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho,
mais espero.”
* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês. (PRADO, Antonio Arnoni
(org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 164)
Questão de gosto
A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando
alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de
conversa, inútil discutir”.
A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível.
“Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de
gosto.
GABARITO: C
Pobres palavras
Comentário:
(A) o aspecto sonoro das palavras não permite que se façam suposições
acerca de seu sentido. – Aos contrário, foi assim que ele passou anos
sem saber exatamente o que era inexorável, mas imaginando.
(B) o dicionário é um armazém de decepções, tal como lhe pareceu no
caso do termo inexorável. – Não, o autor não afirmou que o dicionário é
um armazém de decepções, a frustação pode acontecer, mas não é
regra.
(C) palavras como inconsútil apenas confirmam, no dicionário, a
significação que já era previsível. – Não, a palavra inconsútil, para o autor,
não era previsível.
(D) o dicionário pode frustrar a quem atribuía a uma palavra a
grandiosidade que o sentido não confirma. – ok!
(E) palavras como acabrunhado podem atrair um leitor pela mesma razão
que ocorre com inexorável. – o texto não trouxe essa afirmação.
GABARITO: D
a) “Aí ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a
fazer os serviços de limpeza.” (l15-17)
b) “A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração
estava na música da sua terra” (l 19-21)
c) “E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por
causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca
gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a
amar o pianista que não amara.” (l 36-41)
d) “Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala,
num lugar onde todos a viam — acho que fazia de propósito, por maldade —,
desabotoava a blusa até o estômago, enfiava a mão dentro dela e puxava para
fora um seio lindo, liso, branco” (l 47-52)
e) “carrega a pasta e come ‘mata-fome...’” (l 83-84)
EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
b) “crucificada”.
c) “dolorida”
d) “triste”.
e) “forte”.
TEXTO I
Um pouco distraído
Até agora estou vencendo: quando eles se escondem, saio de casa sem
chaves e bato na porta ao voltar; compro outro maço de cigarros na esquina,
uma nova caneta, mais um par de óculos escuros; e não telefono para
ninguém até que minha caderneta resolva aparecer. É uma guerra sem
tréguas, mas hei de sair vitorioso. [...]
Alarmado, confidenciei a um amigo este e outros pequenos lapsos que me
têm ocorrido, mas ele me consolou de pronto, contando as distrações de um
tio seu, perto do qual não passo de um mero principiante.
Trata-se de um desses que põem o guarda-chuva na cama e se
dependuram no cabide, como manda a anedota. Já saiu à rua com o chapéu da
esposa na cabeça. Já cumprimentou o trocador do ônibus quando este lhe
estendeu a mão para cobrar a passagem. Já deu parabéns à viúva na hora do
velório do marido. Certa noite, recebendo em sua casa uma visita de
cerimônia, despertou de um rápido cochilo e se ergueu logo, dizendo para sua
mulher: “Vamos, meu bem, que já está ficando tarde.” [...]
Contou-me ainda o sobrinho do monstro que sair com um sapato diferente
em cada pé, tomar ônibus errado, esquecer dinheiro em casa, são coisas que
ele faz quase todos os dias. Já lhe aconteceu tanto se esquecer de almoçar
como almoçar duas vezes. Outro dia arranjou para o sobrinho um emprego
num escritório de advocacia, para que fosse praticando, enquanto estudante.
— Você sabe — me conta o sobrinho: — O que eu estudo é medicina...
Não, eu não sabia: para dizer a verdade, só agora o estava identificando.
Mas não passei recibo — faz parte da minha nova estratégia, para não acabar
como o tio dele: dar o dito por não dito, não falar mais no assunto, acender
um cigarro. É o que farei agora. Isto é, se achar o cigarro.
SABINO, F. Deixa o Alfredo Falar. Rio de Janeiro: Record, 1976.
Texto II
BAPTISTA, A.; LEE, R.; DIAS, S. Ando meio desligado. Intérprete: Os Mutantes. In:
MUTANTES. A divina comédia ou Ando meio desligado. Rio de Janeiro: Polydor/Polyfar.
p1970. 1 disco sonoro, Lado 1, faixa 1 (3 min 2s).
aconteceu isso lá. Aqui, em um país tão próximo, tão cheio de mistura,
acontece (isso)”, lamentou o jogador em entrevista após a partida.
Hostilizado, Tinga foi além. O meio-campista declarou que preferia não ter
conquistado nenhum título em sua carreira se pudesse viver sem o
preconceito. “Eu queria, se pudesse, não ganhar nada e ganhar esse título
contra o preconceito. Trocava todos os meus títulos pela igualdade em todas
as áreas”.
O episódio despertou a solidariedade até do presidente do arquirrival
Atlético-MG. “Racismo na Libertadores? Me tiraram o prazer da derrota do
Cruzeiro. Lamentável!”, postou o dirigente Alexandre Kalil no Twitter.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/tinga-do-cruzeiro-e-alvo-de-
racismo-na-libertadores>. Acesso em: 25 fev. 2014.
Diante do futuro
Questão de gosto
A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando
alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de
conversa, inútil discutir”.
A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível.
“Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de
gosto.
Levada a sério, radicalizada, a “questão de gosto” dispensa razões e
argumentos, estanca o discurso crítico, desiste da reflexão, afirmando
despoticamente a instância definitiva da mais rasa subjetividade. Gosto disso,
e pronto, estamos conversados.
Ao interlocutor, para sempre desarmado, resta engolir em seco o gosto
próprio, impedido de argumentar. Afinal, gosto não se discute. Mas se tudo é
questão de gosto, a vida vale a morte, o silêncio vale a palavra, a ausência
vale a presença − tudo se relativiza ao infinito. Num mundo sem valores a
definir, em que tudo dependa do gosto, não há lugar para uma razão ética,
uma definição de princípios, uma preocupação moral, um empenho numa
análise estética. O autoritarismo do gosto, tomado em sentido absoluto, apaga
as diferenças reais e proclama a servidão ao capricho. Mas há quem goste das
(E) III.
para emitir suas opiniões, devem permanecer à margem das sanções dos
tribunais.
(C) A única consequência admissível da publicação de um livro é a reação
do público leitor, a quem cabe o juízo definitivo.
(D) Afora alguma razão de Estado, não se deve incriminar um autor pela
divulgação de suas ideias.
(E) O Estado só deve ser invocado para julgar um livro quando isso
constituir manifesta exigência do público.
Pobres palavras
(PELLEGRINI, Domingos. Lições de gramática para quem gosta de literatura. São Paulo:
Panda Books, 2007, p. 40-41)
1. D 11. E
2. E 12. B
3. B 13. B
4. A 14. D
5. A 15. A
6. C 16. C
7. C 17. E
8. C 18. C
9. B 19. D
10. D 20. D
Rafaela Freitas